Get to You
Escrito por Camis | Revisado por Lelen
O carro deslizava pelo asfalto com uma rapidez perigosa, mas não parecia se importar. Na verdade, ele já havia parado de se importar fazia tempo. Para ser mais exato, desde que ela havia ido embora. Não totalmente embora, porque ela permanecia nos pensamentos do rapaz e, principalmente, em seu coração. Ela apenas fora para outro lugar, outro país. apertou o volante com esse pensamento, sentindo a saudade por cada parte do seu corpo, ainda sem perceber a velocidade em que estava. Ele só queria fugir, mas não tinha certeza se era do lugar onde tudo a lembrava ou se era fugir para os braços da garota.
Para angustiar mais o rapaz, ainda garoava, fazendo com que os pingos da chuva deslizassem pelos vidros do carro e por um momento ele imaginou que os pingos fossem lágrimas e se sentiu como seu carro. Talvez até ele estivesse sentindo falta dela. Não havia muito sentido nisso, mas era a verdade. odiava se odiar, mas não havia um jeito de aliviar a sua culpa. Como pudera perder uma garota dessas? Como pudera ficar tanto tempo com ela e nunca perceber que ela era a garota. Aquela garota que faz com que um sorriso involuntário apareça no rosto quando ela ri, aquela garota que sua mãe um dia falou que iria conhecer e que daquele dia em diante, sua vida mudaria, aquela garota que o seu pai falou que ia “te colocar nos trilhos”. Aquela garota que hoje era só uma lembrança.
“- Você tem que me apoiar, é só isso que eu te peço! – pediu, já sem forças pra gritar ou chorar. Por que o não conseguia entender e, principalmente, a apoiar? Não era como se ela estivesse indo embora para sempre. Ela voltaria. Ela voltaria para ele.
- EU NÃO POSSO TE DEIXAR IR! – gritou , não conseguindo mais encarar a garota e virando para a parede. Lutava com todas as suas forças para não chorar, mas já imaginava o final dessa briga. Ele não podia parar de lutar, pois talvez ainda houvesse alguma esperança, alguma salvação.
- Você sabe que isso é importante pra mim! – foi atrás dele, o abraçando sem jeito quando ele encostou a cabeça na parede. Ela sentia os músculos dele tensos, sua respiração descompassada e ela queria poder falar que tudo não passava de uma brincadeira e então ele se viraria a abraçaria. Mas isso não iria acontecer e ambos sabiam. Era uma despedida, por mais que não quisessem. se virou ao sentir o toque da garota e colocou a mão no seu rosto, mantendo-a perto. – Por favor, ...
- Eu não vou conseguir e você sabe disso. – Falou calmamente, passando a palma de sua mão pelo rosto da garota, tentando decorar os seus traços enquanto ela olhava fixamente para seus olhos.
- Você vai, . – Ela disse antes de abraçar ele pela ultima vez. – Você tem que. ’’
E se ele tivesse apoiado ela desde o começo? Teria ele conseguido faze-la desistir? E se ele tivesse falado o quando ela significava para ele ao invés de simplesmente deixa-la ir, será que o convite de casamento no chão do carro existiria? Ou será que seria o nome de ali, junto com o de ? se questionava, mas não conseguia pensar numa resposta plausível. Por que ela havia mandado o convite?
Por que você ainda é o melhor amigo dela, seu animal.
Oh merda, e ela ainda queria que ele fosse o padrinho. Será que não era mais fácil pedir para ele se matar?
havia diminuído a velocidade porque já estava chegando ao lugar desejado, mas ele ainda corria por puro prazer. Gostava de sentir a cidade se tornando apenas borrões, parecia que ele possuía superpoderes. E também o fazia lembrar , que adorava tudo que se movimentava, desde crianças, até Fórmula 1. Ela estava por toda parte sem que ele ao menos percebesse. Ele sabia que ela havia arrumado um namorado por lá e por mais que tivesse ciúmes, aceitava, pois ele acreditava que ela voltaria. Voltaria para ele.
Mas casar?
Quantas vezes quando eles ainda eram adolescentes ela disse que nunca iria se casar? Que casamentos eram coisas para loucos e sem amor à vida? Quantas vezes eles combinaram que iriam ser velhos sozinhos e com vários gatos, mas que rodaram o mundo todo? E agora ela havia encontrado alguém que havia dado outras certezas para ela.
Certezas que nunca havia dado.
Como ele se odiava! Ele só queria bater com o carro em algum poste e assim acabar logo com aquilo, mas nem isso conseguia. Era um inútil mesmo. Mas havia algo pior do que ele: o amor que ele sentia. Sim, porque era amor! Era um amor que ia da raiz dos fios de cabelo até a unha do dedão do pé, fazendo com que cada vez que ela telefonava, mandava sms ou alguma mensagem pela internet ele virasse um adolescente e entendesse por que ainda sonhava com aquilo.
Estacionou o carro quando conseguiu avistar a praia pela primeira vez, saindo do mesmo logo em seguida e indo rumo à praia. Ainda garoava, mas não passava de algumas gotas solitárias que resolviam cair algumas vezes. Assim que seus sapatos tocaram a areia, ele relaxou pela primeira vez naquele dia. Foi como se ele estivesse voltando no tempo.
“- Se eu fosse embora hoje, o que você faria? – perguntou a adolescente pro garoto que estava mais atento ao videogame do que para ela que assim que ouviu a pergunta deu pause no jogo e se virou para a garota.
- Que pergunta idiota, , até parece que eu iria deixar você ir. – E riu, voltando a se concentrar no jogo.”
“– Você pula, eu te pego antes de cair. – Explicou , olhando para o lado tentando ver se alguém passava pela rua. Estava limpo. – Vamos, ! Alguém vai aparecer!
- Eu não consigo! – respondeu a garota, com a voz fraquejando. Estava com medo. Maldita foi a hora que concordou com nessa loucura.
- Você confia em mim? – perguntou, e como resposta recebeu a garota em seus braços.”
“ – Isso é algo muito gay. – Disse e riu.
- Não é gay, é romântico. – Explicou, voltando a olhar as estrelas.
- Mas não somos um casal, somos só amigos.”
“- Não acredito que você saiu com o James, justo o James! – disse irritado, assim que contou o que havia acontecido na festa.
- Qual é o problema com ele, ? Ele é legal!
- Ele não é a pessoa certa para você!
- E quem seria essa tal pessoa certa?! – ironizou .”
se jogou na areia com as mãos na cabeça, querendo que ele conseguisse arrancar essas memórias da sua vida. Por que ele havia estragado tudo? Justo ele, que sempre achou que tinha razão. Como ele queria poder voltar no tempo...
“- O que aconteceu? Por que você tá chorando? – perguntou, assim que entrou no quarto da garota e a encontrou chorando. Só deu tempo de ela olhar para ele e se jogar em seus braços, procurando algum conforto.
- Você tinha razão sobre o James, ele não presta.”
“- Uma comida?
- Pizza.
- Uma música?
- Get To You, do James Morrison.
- Um sonho?
- Estudar na Califórnia.
- Uma pessoa?
- Você. – então parou, olhando para ela sem saber o que responder, e ela sorriu.”
“- Promete que não vai me esquecer? – perguntou , fazendo a última pergunta antes de deixá-la embarcar para Califórnia.
- Nem que eu quisesse, .”
“– Queria que todos os homens fossem que nem você. – disse, enquanto recebia carinho do amigo no topo da sua cabeça.”
“ – ! – gritou, tentando alertar o garoto que a escada que subia estava quebrada. Tarde demais. Os dois caíram no chão, em cima dela e a escada ao lado dos dois. Por mais que a queda tivesse doído, ambos começaram a gargalhar da situação até que a gargalhada se tornou um riso que se tornou um suspiro. não conseguia não olhar para os lábios da amiga, não conseguia não imaginar como eles deveriam ser macios e bons de serem beijados; era errado! Mas por que parecia tão certo?”
esteve presente em todas as fases de sua vida que ele consegue se lembrar: seus pais eram amigos de infância dos pais dele e assim que descobriram que seriam uma menina e um menino, fizeram de tudo para juntar os dois. Mas sempre fora só amizade. Nem um beijo, nem um comentário malicioso. Nada. Os dois viviam nessa grande bola chamada amizade, até o dia que eles começaram a decidir o que fazer da vida. ia em audições para as mais diversas bandas, atrás de alguma que pudesse dar certo e ele fazer o que realmente ama: a música. Já passava noites e noites estudando para as mais difíceis provas existentes de faculdade, tudo para realizar o seu sonho de conseguir uma bolsa de estudos em uma boa faculdade. Mas então as brigas começaram a surgir com mais frequência e pelos motivos idiotas, fazendo com que algumas coisas fossem escondidas do outro simplesmente para não ter brigas.
E sentimentos também.
sentia algo diferente quando chegava na sua casa, quando ela contava algo e ele só ria depois de alguns minutos, de como ele olhava pra ela daquele jeito que ela se sentia transparente, como se ele fosse capaz de ler os pensamentos dela. Uma vontade doida de agarrá-lo, de sentir o corpo dele junto ao seu, mas aquilo era tão errado!
Eles só precisavam de um tempo e tudo iria ficaria bem. Mas eles deram tempo demais.
“- Se você pudesse ter um superpoder, qual seria? – perguntou a garota, deitada no chão ao lado de .
- Acho que de ir pro passado. – Eles riram, e a puxou para um abraço que foi retribuído com prazer.”
“– Toma, é o meu presente. Pra você nunca mais esquecer de mim. – colocou na mão dele um chaveiro com uma tartaruga. Não era grande coisa, mas era o seu chaveiro favorito.”
sorriu ao lembrar-se do chaveiro e se mexendo um pouco, conseguiu pegar a chave do seu carro e, junto a ela, lá estava o pequeno objeto. Pegou-o e ficou olhando, lembrando daquele dia. Como ele queria voltar no tempo.
Suspirou.
Colocou a tartaruga bem no centro da sua mão e a fechou, deitando logo em seguida sem se importar que a areia grudaria em seu corpo molhado. Quem ligava que ele estava numa praia, de madrugada e ainda por cima garoando? Não havia ninguém ali, apenas ele e suas memorias.
“- Você já imaginou o quão legal seria se a gente pudesse voltar no tempo? –perguntou , virando-se para o rapaz que dedilhava qualquer coisa no violão.
- Legal? Por favor! Prefiro ir pro futuro.”
“– Se você pudesse parar o tempo em algum momento da sua vida, qual seria?
- Provavelmente agora.
- Por quê?
- Pra eu ficar sempre com você.”
Mas agora tudo isso parecia uma mentira ou talvez como se ele não houvesse vivido tudo aquilo. Ela iria se casar! A sua garota! Ele queria correr pro aeroporto mais próximo, pegar um avião e ir pra Califórnia e dizer tudo o que ele sentia, mas não conseguia. Porque antes dela ser a sua garota, ela era a melhor amiga dele e ele queria o bem dela.
E algumas vezes na vida você tem que abdicar da sua felicidade pelos outros.
Era por isso que ele estava ali, jogado na areia, esperando que algum milagre acontecesse e ele pudesse ter uma chance. Só uma chance. Uma última chance.
Talvez fosse alguém com sorte.
*
acordou meio tonto por não se lembrar de ter caído no sono, estranhou ao sentir falta do cheiro salgado da brisa do mar e, principalmente, por estar num quarto. Tentou lembrar se havia conhecido alguma garota no meio tempo que esteve na praia, mas não conseguia lembrar de nada. Provavelmente ele deveria ter voltado para casa e como estava cansado, não conseguia lembrar do que havia acontecido por ora. Enquanto isso, observou o teto branco, juntando forças para sair das cobertas quentes e encarar a realidade, mas o seu olhar se prendeu num pôster do Bruce enquanto olhava a mobília. Então encarou os armários, a outra parede e num pulo, se levantou. Ele conhecia aquele lugar.
Porque era a casa de sua mãe.
Era o seu antigo quarto.
Então ele se sentiu como se tivesse 16 anos de novo e ficou ainda mais confuso. Como ele havia parado em Bolton? E desde quando sua mãe mantinha o seu antigo quarto? Da última vez que estivera lá, Vicky planejava mudar de quarto, pois o dela era bem menor.
Sentou-se na cama, passando os olhos mais uma vez pelo seu quarto, até que uma voz lhe tirou o foco.
Não era uma voz, mas sim a voz.
- Puta que pariu, , você é tão inútil que não consegue nem dormir quieto. – Bufou, olhando diretamente nos olhos do rapaz. Dizer que quase conheceu Deus mais cedo que o previsto não seria um exagero. A boca dele formou um “o” perfeito e a garota, percebendo que algo estava errado, se sentou ao lado dele, pousando a mão em suas costas nuas. – O que houve?
Mas não houve resposta, porque tinha coisas melhores para fazer. Ou pensar. Ou sentir. Ou tentar achar um sentido em meio a tudo isso. A primeira ação dele foi tocar o rosto da garota, que por reflexo curvou-se para trás, mas foi mais rápido e conseguiu segurá-la. A outra mão que estava livre passeou livremente pelo rosto dela, contornando desde o seu olho até o queixo, mas o seu olhar sempre se mantinha fixo nos olhos dela.
- Você realmente não acordou bem hoje. – sussurrou baixo, incapaz de protestar por aquele carinho tão suave e delicado. nunca fora de mostrar seus sentimentos, mas também nunca foi preciso. Ambos sabiam que podiam contar com o outro, eles sentiam isso. Mas estava confusa, também por ter acordado daquele jeito, mas principalmente pelo jeito que ele a olhava. Nunca havia sido desse jeito, ou pelo menos ela nunca percebera. Ela nunca havia percebido o jeito que ele olhava para os lábios dela como se fossem alguma maravilha do mundo antigo em exposição. Também nunca percebeu o quanto os lábios dele a atraíam, como se fossem tão perfeitos que cabiam a ela a missão de comprovar sua existência. Mas ele era o seu melhor amigo, seu amigo de infância, filho da melhor amiga da sua mãe, haviam crescidos juntos, tinham uma história juntos. Era errado. – , o que você pensa que vai... – E antes que ela pudesse completar a frase, ela provou que sim, aqueles lábios eram reais; já ele teve a certeza que não importa qual havia sido o milagre que o trouxe ali de volta, ele iria fazer valer a pena.
“- Se eu fosse embora hoje, o que você faria? – perguntou pro garoto, que estava mais atento ao videogame do que para ela que assim que ouviu a pergunta deu pause no jogo e se virou para a garota.
- Você não faria isso. – Riu, voltando a se concentrar no jogo.
- Por que você acha isso? – perguntou ela, em tom de deboche. Não havia gostado da resposta dele.
- Porque eu não deixaria. – Respondeu, tacando o controle do videogame na cama e puxando a garota para um beijo apaixonado.”
“- Você pula, eu te pego antes de cair. – Explicou , olhando para o lado tentando ver se alguém passava pela rua. Estava limpo. – Vamos, ! Alguém vai aparecer!
- Você não vai aguentar o meu peso, eu sou gorda! – respondeu, tentando achar a melhor posição pra acabar com essa loucura.
- , primeiro: você não é gorda, é gostosa. Segundo: dá pra pular logo? - e antes que ele pudesse soltar mais algum comentário, ela caiu em seus braços.”
“– Isso é algo muito gay. – Disse e ela riu.
- Não é gay quando você está sozinho com sua namorada em um lugar abandonado. – Explicou, voltando a olhar as estrelas como quem não quer nada. gargalhou, chegando mais perto da garota e cheirando o seu pescoço. Como ele amava o perfume dela.
- Isso foi uma indireta, mocinha? – perguntou, levantando o rosto e ficando de frente para ela.
- Talvez. – respondeu, antes de puxar o namorado para um beijo.”
“- Uma comida? – perguntou, entrando na brincadeira.
- Pizza.
- Uma música?
- Get To You, do James Morrison.
- Um sonho?
- Ficar com você pra sempre. – primeiro ficou sem reação com a resposta tão direta da garota, que continuava a sorrir como se tivesse falado a coisa mais normal do mundo, mas depois ele sorriu daquele jeito que ele só sorria com ela e eles se beijaram, mais uma vez.”
“- Promete que não vai me esquecer, mesmo com fãs malucas, groupies, e tudo isso mais? – perguntou , fazendo a última pergunta antes de deixa-lo entrar no palco pro primeiro show oficial de sua banda.
- Nem que eu quisesse, .”
“- Se você pudesse ter um superpoder, qual seria? – perguntou a garota, deitada no chão ao lado de .
- Acho que de ser a pessoa mais forte do mundo. – riu.
- Mas por quê? – perguntou confusa, apoiando seu cotovelo no chão para olha-lo melhor.
- Pra eu poder de proteger de qualquer coisa. – Ela sorriu e a puxou para um abraço, depositando logo depois a cabeça no peito dele.”
“– Se você pudesse parar o tempo em algum momento da sua vida, qual seria?
- Provavelmente agora.
- Por quê?
- Pra eu ficar sempre com você.”
O carro deslizava pelo asfalto com uma rapidez perigosa, mas não parecia se importar. Ele precisava chegar a tempo. Quem em sã consciência conseguia se atrasar no próprio casamento?
The End.
Depois de exatamente um ano sem conseguir escrever qualquer tipo de fanfic ou shortfic, eis eu aqui. Sim, eu também achei a história fraca/bobinha e até um pouco confusa, mas até que eu gostei do resultado final (considerando que eu fiquei um ano sem escrever nada, até que dá pro gasto). Por isso eu preciso MUITO que vocês comentem, nem que seja um comentário de uma linha, porque eu tô bem insegura hehe E se você aí, pessoa linda maravilhosa, quiser deixar um comentário dizendo onde eu posso melhorara, eu iria te amar pra sempre!
E como eu acho que ninguém vai entender muito, eu vou explicar: o seu guy voltou no tempo e fez diferente (tanto é que a primeira frase do último parágrafo e do primeiro é as mesmas, assim como alguns flashbacks mudaram de contexto/frase, mas em tese são os mesmos).
Enfim, é isso e obrigada por ter chegado até aqui. Qualquer coisa (se você for alguma pessoa muito envergonhada e não quiser comentar com medo de que eu descubra o seu nome e jogue na macumba) pode dizer o que acharam no meu ask fm: http://ask.fm/vailasermcflyer
É isso. <3