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Escrito por Queen B. | Revisado por Mariana
Prólogo
— Então, levou algum tempo, mas... – Jiyong começou a falar, erguendo os olhos do celular e enfiando o aparelho no bolso ao mesmo tempo em que Seunghyun se aproximava, parando ao seu lado em frente a mesa onde Seungri estava sentado, entre Youngbae e Daesung, que estampavam sorrisos contidos no rosto.
— Ouvimos, lemos e vimos tudo que você fez enquanto estávamos fora. – Seunghyun murmurou por Jiyong e Seungri arregalou levemente os olhos, disfarçando em seguida, coçando a nuca e limpando a garganta enquanto esticava o pescoço, como se tentasse ver algo atrás dos amigos de pé do outro lado da mesa de jantar.
— Eu posso explicar, tá legal? – tentou contornar a acusação que nem mesmo chegou a receber, o que fez Youngbae inclinar-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa para esconder a própria risada com as costas de uma das mãos. Seungri olhou para ele, depois para Daesung e então para os outros dois, ainda de pé. – Eu precisava manter o nome do BigBang ativo!
— Falando besteira? – Jiyong retrucou, o tom sério fazendo com que Seungri tivesse o impulso de se encolher, coçando a garganta e desviando o olhar invés disso.
Jiyong soltou uma risadinha quando ele o fez, mas tratou de esconder assim que ele voltou a encará-lo, abrindo a boca para falar novamente, mas não conseguindo: Seu líder foi mais rápido.
— Então, você não tem espaço o suficiente nas nossas músicas. – deu de ombros, como se não fosse nada demais, enquanto falava sem lhe encarar. – Bom saber que você acha isso.
— O quê?! Não, eu não acho isso... – Seungri se interrompeu quando Jiyong desviou o olhar para o seu, arqueando a sobrancelha. – ...hyung. – acrescentou baixinho e dessa vez os outros não conseguiram continuar sérios, todos caindo na risada simultaneamente.
Seungri olhou assustado em volta, primeiro para Youngbae e Daesung, depois para os outros dois, que já se dispersavam de sua frente. Jiyong puxava uma cadeira para sentar e Seunghyun servia os copos de todos com vinho, deixando Seungri por último para poder lhe encarar de maneira séria ao fazê-lo.
— Eu realmente não acho! Estou satisfeito com o espaço que eu tenho nas músicas, é o suficiente! Nossas músicas são incríveis! – ele desandou a falar enquanto segurava sua taça com as duas mãos para que ele lhe servisse e o mais velho riu por isso.
Implicar com Seungri nunca, nem em um milhão de anos, perderia a graça. Além do mais, agora que os cinco estavam finalmente juntos depois do exercito, era bom ver que nem aquilo, aquela experiência que podia ser tão significativa para tantos homens coreanos, fora capaz de mudar o jeito de Seungri. Eles viviam implicando com aquele jeito dele, é claro, mas odiariam um Seungri diferente do que tinham.
Seunghyun, por fim, sentou-se a mesa e os garotos começaram a comer. Apesar de estarem jantando na casa do membro mais velho, fora Youngbae quem cozinhara, mesmo que na verdade nem mesmo gostasse de cozinhar para os outros. Não via problemas em abrir exceções em momentos como aquele, em sua primeira reunião depois de cumprir seu tempo no exercito, especialmente quando, agora que morava com , sua esposa, se tornara ainda mais comum para ele cozinhar para alguém além dele mesmo, já que ela tinha sempre incontáveis desculpas para não fazê-lo e, além disso, incontáveis jeitos de convencê-lo a fazê-lo também.
— Aigoo! Vocês não têm ideia do quão foi difícil fazer isso, carregar o nome do nosso grupo sozinho, lançar um álbum, ajudar os mais novos com suas próprias carreiras, ir a shows de variedades e...
— Você fez um bom trabalho, Seungri. – Taeyang lhe interrompeu quando ele desandou a falar, acenando positivamente com a cabeça quando o mais novo virou para lhe encarar, desconfiado. – Ficamos orgulhosos.
— Você podia não ter dito certas cosias, mas... – Jiyong deu de ombros. – Ficamos orgulhosos.
Seungri olhou de um para o outro e abriu um pequeno sorriso, acenando com gratidão. Seus membros sempre foram seus maiores exemplo e, ainda que Seungri não verbalizasse aquilo, sempre foi muito importante para ele ser alguém que pudesse deixá-los orgulhosos. Estava feliz, genuinamente feliz, de ter conseguido, especialmente quando conseguira fazendo coisas das quais ele próprio se orgulhava também.
Jiyong, Seunghyun, Youngbae e Daesung lhe ensinaram a maior parte do que ele sabia e continuavam a lhe ensinar, afinal. Eram, depois de sua família, as pessoas em quem ele mais confiava.
— Senti saudades. – ele murmurou em seguida, num fio de voz, o olhar voltado para seu prato e talheres a fim, justamente, de evitar o de seus membros. Os outros se entreolharam e, num combinado mudo, jogaram-se todos ao mesmo tempo por cima do mais novo, que gritou, tanto pelo susto quanto pelo desespero de ter tantos corpos pesados caindo por cima do seu.
A cadeira, é claro, não aguentou o peso e foi ao chão, caindo para trás e derrubando todos eles juntos, mas os garotos não ligaram e Seungri continuou a gritar, se debatendo e tentando empurrá-los de cima de si, mas os garotos só saíram por vontade própria quando julgaram que deviam.
Ele rolou os olhos, se pondo de pé para tirar a cadeira do chão.
— Vocês iam quebrar a cadeira do Top hyung. – reclamou, fazendo com que Seunghyun olhasse feio pra ele.
— Se quebrar minha cadeira, você vai pagar. – avisou, apontando em sua direção, e Seungri abriu a boca, chocado, várias vezes para reclamar, mas nada saiu antes que ele apontasse para os outros membros, indignado.
— Mas foram eles! – reclamou, rolando os olhos ao ser ignorado pelos outros, que passaram a conversar entre si enquanto voltavam a se sentar. – Ei, vamos tirar uma foto? – ele sugeriu um instante depois, mudando de assunto e os garotos voltaram a lhe dar atenção. – Nossas fãs iam gostar, a gente sempre posta foto quando janta juntos.
— É verdade. – Youngbae murmurou, apontando na direção do mais novo e Seunghyun assentiu, pegando o celular e estendendo para Daesung, que se pôs de pé para tirar a foto ao mudar para a câmera frontal. Tirou algumas e deu o celular para que Seungri decidisse qual postar, o que ele fez sem demora.
Jiyong olhou de um para o outro em silêncio, de repente não conseguindo parar de pensar no destino que aquela foto teria e em todo o alvoroço que causaria, pensamentos que lhe fizeram sentir um arrepio de nervoso subir pela espinha. Ultimamente, a ansiedade que aquele tipo de pensamento lhe causava era muito mais angustiante do que saudável e ele sabia por quê.
Cada vez mais, desde que se alistara, Jiyong se perdia de G-Dragon, de modo que não sabia mais se ainda era capaz de encontrar aquela parte de si mesmo e aquilo lhe aterrorizava. Mais do que nunca, ele queria poder estar no anonimato e colocar a cabeça no lugar, mas saber que não podia era, honestamente, enlouquecedor, já que não conseguia ser G-Dragon, quem precisava ser.
Se não podia ser quem as fãs esperavam, quem lhe dava segurança, quem ele seria naquele grupo?
Fazer uma turnê como Kwon Jiyong, antes de seu alistamento, fora uma experiência da qual ele jamais esqueceria, ele pudera mostrar aos seus fãs um lado que não estava acostumado a evidenciar tanto como membro do BigBang e, olhando para trás agora, pensando naquele tempo que passara sozinho antes do exercito, longe dos garotos, mas ainda vivendo em sua rotina intensa e depois quando se alistou, completamente sozinho só conseguia pontuar quão assustador aquilo fora.
Ele já não sabia quem era, em meio a tantas partes de si buscando espaço para se expressar e não sabia como gostar da bagunça que se sentia, sabia que era daquilo que precisava, mas não sabia como fazer, como encontrar amor o suficiente por si mesmo para que a própria companhia voltasse a ser suficiente.
Ele, enfim, precisava livrar-se das máscaras um pouco e se encontrar, não mais em G-Dragon, mas em Jiyong. No fim das contas, era quem ele era.
Depois de tanto tempo sendo G-Dragon, no entanto, ele não fazia ideia do que faria quando se despedisse daquela parte de si, porém sabia que precisava. Ainda que, talvez, não fosse uma despedida definitiva.
Ele desviou o olhar para seus membros, que vinham caminhando com ele por tanto tempo e já eram, para ele, uma espécie de família também e suspirou. Se despedir de G-Dragon não significava se despedir deles, ou do BigBang. Ia dar um jeito de equilibrar as coisas, precisava.
— Anh... Eu quero falar uma coisa. – Jiyong murmurou, cuidadoso, e as expressões dos outros oscilaram entre preocupação e cautela ao notar a sua mais receosa.
— Vai fazer um discurso, hyung? – Seungri lhe encarou com humor e o mais velho esticou o braço para estapear sua nuca.
— É sério, Seungri. – ele reclamou e Seungri se calou imediatamente, assentindo. Jiyong então suspirou, encarando brevemente as próprias mãos, depois seus membros. Focou em Youngbae, sabendo que ele era a pessoa mais compreensiva e empática naquela sala, além de ser quem sempre, em todos aqueles anos, cuidara de Jiyong e o protegera. Se sentiria mais seguro olhando para ele. – Durante meu tempo no exercito, tive algumas noites complicadas. Crises de ansiedade e choro sem motivo, até que eu entendesse que havia, sim, um motivo. Minha rotina como G-Dragon, como líder do BigBang, como cantor, compositor, produtor, enfim, me mantinha ocupado, ocupado o suficiente para que eu pudesse afastar da mente tudo aquilo que, no fundo, sempre me incomodou, mas eu não tinha mais a mesma rotina no exercito. Não deu para continuar fugindo. – ele parou por um instante, respirando fundo. A parte difícil vinha agora. Seus membros sabiam dos problemas de Jiyong com crises de choro e ansiedade, sabiam da tristeza que ele julgava irracional na maior parte do tempo, ou racional até demais às vezes, mas não sabiam do que ele vinha pensando em fazer ao seu respeito. Jiyong estava, honestamente, com medo do que aconteceria agora, quando soubessem. – Eu acho que, depois do nosso próximo comeback, vou precisar parar por um tempo. Ficar longe da mídia. Eu me perdi, de verdade, de G-Dragon enquanto estava lá, sendo um Jiyong tão vulnerável que, em certo ponto, achei que toda a melancolia e tristeza me devorariam. Eu me sinto sozinho, vocês sabem disso, me sinto muito sozinho e piora mais a cada dia, porque é como se, a cada dia que se passa, eu percebesse que G-Dragon me protegia e Jiyong, cada vez mais, me faz sentir insuficiente e fraco, mas ele é a maior parte de mim, quem sou de verdade. E eu não suporto me sentir assim, beirando o ódio daquilo que representa a maior parte de quem eu sou. – Jiyong respirou fundo, esfregando os dedos das mãos nas palmas, sentindo-as formigarem. Aquilo era típico de seus momentos mais ansiosos. – Eu preciso de um tempo longe de tudo isso, porque me sinto vulnerável e sei que não vai passar, mas quero fazer as pazes com essa vulnerabilidade, que é o que Jiyong representa pra mim.
— Você vai conseguir. – Youngbae murmurou, bastante seguro do que dizia antes de apertar seu ombro em uma das mãos. – Você é incrível demais para não gostar de estar sozinho quando, pra você, estar sozinho significa estar com você. Tem que saber disso e relaxar. Dar tempo ao tempo.
— Youngbae está certo, cara. – Seunghyun murmurou e Jiyong desviou o olhar para o mais velho, que era muito provavelmente quem tivera que suportar mais situações difíceis ali. Seunghyun não falava muito, especialmente em momentos como aquele, mas tudo que falava sempre pesava muito no coração de todos os membros. – Tudo bem você precisar de um tempo, dê isso a si mesmo. Estaremos aqui.
Jiyong jogou o corpo para trás na cadeira diante de suas palavras, sentindo os olhos arderem enquanto seu peito parecia pesar como chumbo.
— E, se quer saber minha opinião, Jiyong é um cara incrível. Você vai gostar de conhecê-lo melhor. – Daesung murmurou, em seu tom usual, doce e simples, muito característico dele.
Só Daesung, afinal, tinha aquele poder: ele fazia qualquer problema parecer menor e mais simples apenas por usar o tom de voz certo.
— Vocês vão ficar desapontados comigo? Se eu fizer essa pausa? – Jiyong perguntou um instante depois e, antes que qualquer um dos outros falasse algo, Seungri o fez:
— Nós amamos você, hyung. Tudo que queremos de você, sempre, é que esteja bem. E tem que fazer o que precisar pra isso.
— Odeio dizer isso, mas ele está certo. – Seunghyun murmurou em seguida e Seungri rolou os olhos enquanto Jiyong ria fraco, limpando o suor do rosto como já se tornara habito sempre que passava, principalmente, por qualquer situação que julgava vergonhosa.
— Eu vou usar esse tempo pra escrever algumas músicas pra gente também. E produzir...
— E, pelo amor de Deus, dormir. E comer. – Youngbae retrucou, erguendo o braço de Jiyong e examinando a finura dele, arrancando uma careta do outro, que empurrou seu rosto para longe.
— Eu engordei! De verdade! – retrucou e Youngbae rolou os olhos, deixando claro que não acreditava, mesmo optando por não responder. De fato, Jiyong já fora mais magro, mas também já fora mais saudável e, no fundo, sabia daquilo.
Não que fosse admitir para Youngbae, mas sabia. Com sorte, faria o que o amigo dissera e cuidaria de si mesmo também, quando desse.
Um
Oito meses depois
A vista dali era linda e nem estava falando do lado de fora, da belíssima ilha de Jeju.
A cafeteria era linda, com enormes flores de pétalas grandes e abertas no teto, além de obras de arte espalhadas por todo o ambiente de modo a torná-lo elegante sem perder o aspecto de aconchego que, no entanto, não era para todos, ao menos não logo de cara. O deslumbrante, quase sempre, intimidava e a regra parecia se aplicar aquele lugar. As pessoas entravam, olhavam em volta e conversavam baixinho, como se estivessem num museu e tudo lá fosse importante demais, histórico demais para baderna. Era o tipo de lugar no qual apenas pessoas muito seguras sentiam o aconchego logo de primeira, como se, só de entrar, já fossem acolhidas pelo ambiente e se sentissem pertencentes a ele.
Não era bem assim para meros mortais, que não eram assim tão seguros. Era preciso um tempo, certa reflexão e admiração de coração aberto por cada parte do ambiente para que, enfim, a sensação de pertencer ao lugar surgisse. Não era algo típico de uma cafeteria, e sim, justamente, de um museu, mas era exatamente o que acontecia ali.
E, pelo que sua prima dissera, aquela era uma das cafeterias de Kwon Jiyong, membro do BigBang, portanto podia apostar que o objetivo era justamente aquele: Algo mais mágico que o simples aconchego inicial, imediato. Uma sensação, enfim, um tanto quanto mais sofisticada, que não vinha tão fácil e nem vinha para todos, mas quando vinha era a própria definição de ter um tesouro caindo em nosso colo.
Mas já fora e voltara naquela sensação tantas vezes desde que chegara ali que começava a se sentir tonta.
Fazia, pelo menos, meia hora que estava atrasada e checou seu relógio de pulso pelo que achou ser a centésima vez, bufando.
Meia hora, uma hora...
Desbloqueou o celular e mandou outra mensagem para sua prima, perguntando onde ela estava. Já havia enviado mais algumas como aquela, na verdade, mas sequer visualizara e tinha certeza que logo acabaria mudando o teor de suas mensagens, incluindo nelas emojis de facas ou simplesmente mandando áudios expressando sua fúria.
Ela sempre fora boa naquela coisa de áudio.
— Aish, , cadê você?! – a garota resmungou, frustrada ao colocar o celular de lado outra vez.
podia apostar que estava com Youngbae, o casal tinha mania de achar que tinha todo o tempo do mundo quando estavam juntos e, embora admirasse do fundo do coração a paz de espírito que os dois alcançavam juntos e o amor que claramente era o culpado daquilo, ás vezes a garota queria simplesmente socar a cara dos dois. Como agora.
Ah, o que não daria para fazer aquilo...
A garota era prima de , esposa de Youngbae e, embora conhecesse ele, não conhecia os outros membros do BigBang, já que não pudera estar no país no dia do casamento dos dois, ocasião em que os outros quatro membros do grupo estavam reunidos e a maior parte da família de ambos também.
— Certo, eu vou embora. – decidiu por fim, se pondo de pé. Quando o fez, no entanto, notou um alvoroço na entrada da cafeteria e franziu o cenho, tentando entender o que acontecia.
levou um instante para absorver o fato de que era Jiyong, astro do kpop, dono da cafeteria e melhor amigo do marido de sua prima quem causava o alvoroço, e, quando ela entendeu, se viu voltando a se sentar, de repente sentindo as pernas bambas.
Quais eram as chances de Kwon Jiyong aparecer ali exatamente no dia em que ela estava lá?
Com um estalo, entendeu o que acontecia e pegou, apressada, o celular de volta na mesa, discando o número de , que, é claro, não atendeu a ligação. A garota grunhiu baixinho, frustrada, e jogou o celular de volta na mesa.
Ia matar se aquilo fosse coisa dela.
Quer dizer, por que o seu relacionamento era praticamente uma fanfic, dessas dignas de fazer tanto sucesso que era só ela estralar os dedos que conseguia uma editora para publicá-la que ela achava que aquilo podia acontecer com todo mundo? Quem ela achava que era, a Fada Madrinha?
A garota olhou, ansiosa, em volta. Quão ridículo seria se ela pulasse a janela do banheiro para se livrar do quão constrangedor aquele momento provavelmente seria?
respirou fundo e rolou os olhos, se levantando e seguindo até o balcão, acreditando que assim poderia passar despercebida por ele mais facilmente, já que tinha certeza que sua semelhança com sua prima seria um artifício difícil de ignorar, por mais que ela quisesse. Elas sempre ouviram, afinal, pessoas dizerem coisas como “vocês são tão parecidas, são irmãs?” por aí.
A garota pediu um chocolate quente ao atendente em sua frente quando chegou sua vez de ser atendida e, enquanto esperava, olhou por sob o ombro na direção das mesas. Jiyong havia se sentado em uma delas com seu manager e os dois conversavam de maneira tranquila enquanto Jiyong, de tempos em tempos, desviava o olhar para o celular.
Para o bem dele, torcia que ele não tivesse nada marcado com ou Youngbae ali.
Ele vestia um sobretudo preto e um boné da mesma cor, virado para trás, parecendo um tanto quanto pequeno nas roupas escuras e de aparência pesada, conclusão que fez morder o lábio e desviar o olhar novamente. Não sabia muito sobre Jiyong, se esforçava para manter as coisas daquele jeito mesmo constantemente tentando colocá-lo em pauta em suas conversas, pessoalmente ou por mensagem, justamente porque era cautelosa demais quando o assunto era aquele tipo de coisa, já que, ainda que fosse curta e grossa na maior parte do tempo com as pessoas de seu ciclo mais próximo, acabava por ser um tanto quanto tímida para lidar com desconhecidos, especialmente desconhecidos por quem podia vir a nutrir algum tipo de sentimento amoroso.
Era como um mecanismo de defesa que ela não pedira para ter, mas tinha e não podia realmente fazer nada a respeito. Ao menos, achava que não.
, claramente, pensava diferente.
De qualquer forma, o chocolate quente da garota ficou pronto e ela fez menção de voltar a mesa, porém no primeiro passo que deu, seu corpo inteiro vibrou de susto, graças a voz masculina soando bem em sua frente ao chamar, bem alto.
— Ei, você!
ergueu o olhar em meio ao pulo e se assustou ao notar que era o homem ao lado de Jiyong que chamava. E chamava por ela.
Lá se foram seus planos e esforços para passar despercebida.
— Eu?!
— Desculpe. – foi Jiyong quem falou diante da resposta em tom um tanto quanto afinado da garota. – Eu não te conheço de algum lugar?
engoliu em seco diante da pergunta, amaldiçoando por ter nascido tão parecida com ela.
— Eu acho que lembraria se conhecesse Kwon Jiyong. – ela devolveu, colocando o cabelo para trás da orelha enquanto alternava o peso do corpo de um pé para o outro.
O cantor sorriu um pouco, passando a manga da roupa, que cobria a maior parte de sua mão, no rosto, atitude que até , que se esforçava para saber o menos possível sobre ele, já conhecia.
— Justo. – ele respondeu. – Qual é o seu nome?
— . – a garota respondeu mais baixo. Aquilo estava mesmo acontecendo?, ela não conseguia parar de se perguntar.
— Acho que já ouvi esse nome antes. – ele murmurou, estreitando os olhos e o homem ao seu lado se levantou, murmurando algo perto do ouvido de Jiyong um instante antes de o fazer.
— Não é um nome coreano. Você deve estar confundindo. – ela devolveu, contendo a vontade de rolar os olhos. Odiava .
— Já estive em muitos lugares. – ele deu de ombros, como se não fosse nada demais e trocou novamente o peso do corpo de lado, fazendo com que ele desviasse o olhar de seu rosto para acompanhar o movimento. – Não quer sentar?
— Não quero me sentar com você. – ela murmurou, rápido demais para pensar no que dizia, corando e engolindo em seco ao se dar conta de como aquilo soara. – Quer dizer...
— Não, tudo bem. – Jiyong lhe interrompeu, mordendo um sorriso. – Você não precisa.
rangeu os dentes, apertando um pouco mais os dedos ao redor do copo que segurava e então seguindo até ele, puxando a cadeira de frente para a sua e se sentando.
— Eu sou prima de . – ela confessou de uma vez, odiando a bagunça que sua necessidade de fugir estava causando ainda mais do que odiava por lhe colocar naquela situação. – Tinha marcado com ela há... – a garota se interrompeu, desviando o olhar para o relógio de pulso e então revirando os olhos. – Algum tempo. – voltou a encarar Jiyong, que sorriu.
precisava admitir: ele tinha um dos sorrisos mais lindos que ela já vira. Era necessário um esforço quase penoso para não sorrir junto.
— Estou esperando Youngbae. – ele confessou e ela riu, sem surpresa.
— Eu meio que já imaginava. – confessou também e foi a vez de Jiyong rir. não conseguiu conter o sorriso dessa vez e mordeu a boca para disfarçar, levando seu copo a boca.
— Por que disse que não me conhecia?
— Eu não conheço. – ela devolveu, colocando o copo de volta na mesa. – Nunca nos vimos antes.
— Mas você sabe quem eu sou e eu sei quem você é.
— Todo mundo sabe quem você é! – insistiu, chocada que ele houvesse dito algo que sequer sugerisse o contrário.
Jiyong riu, balançando a cabeça e desviando o olhar por um instante antes de voltar a encará-la.
— Mas eu sei quem você é! – ele insistiu e ela lhe encarou como quem dizia “tá, mas e daí?”, afinal, do que importava quem ela era? Ele é que era o astro da música, da moda e sabe-se lá do que mais. Jiyong balançou a cabeça, buscando palavras para se expressar como desejava. – Quis dizer que tinha um motivo pra eu ter reconhecido você.
— Eu sou mais bonita que a . – empinou o nariz, como se não soubesse onde ele estava querendo chegar com aquela conversa.
— É, eu concordo. – Jiyong deu de ombros e ela sorriu fraco, levando novamente o copo a boca para disfarçar. Ele estava fazendo com que ela sorrisse demais para que conseguisse seguir com seu plano de fugir dali o mais rápido possível e matar assim que a visse. – O que você faz? Quer dizer, além de ser prima da , que eu já notei, é trabalho em tempo integral.
— Ah, nem me fale. – ela rolou os olhos, forjando cansaço. – Só Deus sabe o quanto que essa garota me cansa. – suspirou e Jiyong riu, esperando que ela continuasse. sorriu e deu de ombros antes de responder. – Meu trabalho não é grande coisa, Jiyong. Eu ensino literatura para adolescentes em Seul e, às vezes, faço oficinas em outros lugares para incentivar os jovens a lerem mais. Fiz uma aqui essa semana, por isso estou em Jeju hoje.
— Eu nunca diria que o trabalho de um professor não é grande coisa e você também não deveria. – ele devolveu, com simplicidade que achou admirável, não conseguindo conter outro sorriso enquanto o escutava falar. – Mas não é isso que estou perguntando. Quero saber o que você faz que te enlouquece, que te deixa com insônia. Não exatamente o que faz para pagar as contas.
— Eu escrevo. – murmurou, surpreendendo a si mesma por fazê-lo sem sequer pensar. Não que precisasse pensar para responder aquela pergunta: escrever era seu refugio, o que lhe mantinha sã, ainda que lhe tirasse a sanidade também e sempre seria aquilo que ela fazia com mais sinceridade e mais amor, onde colocava mais de sua alma, mas não esperava simplesmente admitir aquilo para Kwon Jiyong tão rápido.
Havia acabado de conhecê-lo.
Ela sempre demorava a falar aquilo, com qualquer um que conhecesse.
— Me mostra alguma coisa. – ele pediu, com aquele olhar de quem se reconhecera na pessoa a sua frente fazendo o estômago de revirar. Seria possível que Jiyong, o G-Dragon do BigBang, houvesse visto nela algo que parecesse, sequer remotamente, com ele mesmo?
— Tira o casaco. – ela pediu, sem realmente pensar sobre o que fazia e o cantor obedeceu, colocando o casaco de lado na cadeira onde seu manager estava sentado antes, voltando em seguida a encarar .
— Pra quê?
— Bonitinho da sua parte perguntar depois de já tê-lo feito. – a garota retrucou e ele riu, observando-a se inclinar em sua direção do outro lado da mesa até que sua mão alcançasse a parte interna de seu antebraço, onde ela apertou levemente com a ponta dos dedos, sentindo o pulsar quente de seu sangue. Desviando o olhar de sua pele para seus olhos, a garota seguiu roçando os dedos nos pelos ralos, quase mínimos, do braço do cantor, até encontrar seu pulso, envolvendo-o entre os dedos.
O ritmo da respiração de Jiyong pareceu mudar de compasso quando ele fechou os olhos, um instante depois, e então puxou todo o ar que conseguiu de uma só vez, os abrindo novamente e derramando sob a visão de seus olhos escuros apontados para os dela como armas.
— Isso é incrível. – ele riu, surpreso, derretendo-a mais do que a garota imaginou ser possível. Acabara de conhecê-lo. Jiyong assentiu, muito mais para si mesmo do que para ela, o jeito que seus olhos brilhavam denunciando que sua mente acelerava, transbordando em pensamentos. achou loucura imaginar que era tudo sobre ela. – É isso que você faz, então. Você escreve pela atenção que se obtêm quando faz o outro sentir algo.
— Eu diria que isso é mais uma consequência. – a garota respondeu, fazendo que não para suas palavras. – Eu escrevo para entender o que sinto, a atenção vem quando faço alguém sentir junto comigo.
Ao ouvi-la, Jiyong abriu mais um sorriso, um ainda mais bonito que todos os outros que vira nascer em seu rosto naquela tarde. Não era pela sinceridade, todos os sorrisos que ele lhe dera pareceram sinceros, era por... Algo mais. pensou de novo no jeito que ele lhe encarara antes, como se sua mente estivesse muito a frente de seu corpo ou sua boca, prendendo-o numa linha de pensamento que ele só era capaz de seguir, entregue.
— Você exige atenção, mas não porque quer. É o que você é, tudo em quem você é pede por atenção mesmo que você não peça. Eu vejo isso agora. – Jiyong murmurou, numa reflexão que, junto com a intensidade de seus olhos escuros, que encaravam como se ela fosse o motivo pelo qual piscavam, fez com que o estômago dela revirasse outra vez e a garota tivesse a impressão que seu sangue fervia, correndo mais rápido em suas veias.
Dois
Três semanas depois.
Jiyong acordou com gente demais em sua casa.
Ele estava acostumado com aquilo, mas ainda assim havia dias que só queria que todo mundo desaparecesse e apertou com força os olhos, mantendo-os fechados como se aquilo pudesse fazer todos sumirem quando ele voltasse a abri-los.
É claro, não funcionou.
Ele sequer teve tempo para testar se funcionaria, na verdade, já que, assim que fechou os olhos novamente, alguém lhe cutucou, sacudindo seus ombros gentilmente e chamando-o baixinho. Não era a primeira vez que o faziam também. Foi, aliás, o primeiro chamado pouco tempo antes que fizera Jiyong despertar para a lembrança de que havia gente demais em sua casa.
— Jiyong, está todo mundo pronto pra você. – a voz era de sua maquiadora e ele bufou ao notar, rolando na cama e resmungando baixinho antes de abrir os olhos, dando de cara com sua maquiadora lhe encarando com pesar. Ele tinha uma boa equipe, todos lhe conheciam bem e sabiam de seu humor sem que ele sequer precisasse dizer algo na maior parte do tempo, o que sempre lhe fazia sentir melhor a respeito de dias cheios nos quais ele deveria ter mais disposição do que realmente tinha. Dias como aquele. – Sinto muito. – ela sussurrou e ele assentiu.
— Eu já vou. – murmurou baixinho, ainda sonolento e a mulher assentiu, lhe estendendo o copo de chocolate quente para o qual ele já estava acostumado a acordar. Jiyong sentou-se na cama e pegou o copo nas mãos, agradecendo a mulher, que se curvou brevemente em sinal de respeito e então saiu do quarto, deixando-o sozinho.
O cantor tomou um gole da bebida e colocou o copo no móvel ao lado da cama, se pondo de pé e acendendo um cigarro enquanto vestia seu roupão e caminhava até a varanda do quarto. Estava um dia nublado, mas Jiyong gostava daquele tempo tanto quanto de qualquer outro. Gostava de como o céu sempre parecia magnífico, bonito em qualquer cor, com quantas nuvens fosse. Realmente gostava.
Ele tragou seu cigarro e desviou o olhar para dentro do quarto novamente, para o copo que deixara lá.
Quanto menos tempo passava sozinho, menos refeições acabava por preparar para si mesmo e nunca saberia dizer se gostava ou não daquilo. Era cômodo acordar e ter alguém lhe estendendo um copo de chocolate quente, exatamente como ele gostava de tomar, mas ás vezes em que ele, de fato, preparara a própria refeição acabavam por se tornar tão, mas tão raras que era impossível não sentir saudades. Mesmo que sempre queimasse alguma coisa, era inegável a calmaria que lhe tomava quando ele se ocupava de observar o fogo atingir o fundo da panela, sempre em ondas constantes.
Agora que, de fato, vinha trabalhando menos, com a pausa do BigBang e sua própria pausa principalmente, podia revisitar aquela sensação, mas descobrira que dar a G-Dragon um tempo era mais difícil do que imaginara e, ás vezes, eram necessárias concessões. Voltar a permitir que seu velho amigo lhe servisse de carapuça para que mais dias tranquilos viessem, afinal era aquilo que as pessoas queriam: Uma ilusão de que G-Dragon sempre estaria ali, sendo a maior parte da vida de Jiyong.
O cantor até acreditava que ele estaria mesmo ali, para sempre, mas não que ele seria a maior parte de sua vida. E aquilo não lhe assustava mais tanto quanto meses atrás, quando falara pela primeira vez com seus membros a respeito da possibilidade de precisar de um tempo.
Ainda que a passos lentos, um tanto quanto tortos até, Jiyong se via fazendo um caminho no qual podia andar com mais firmeza, mais tranquilidade, e a sensação era como respirar ar fresco depois de quase morrer afogado.
Revigorante.
Ele passou algum tempo encarando o céu enquanto fumava seu cigarro, apagando-o apenas quando sobrara apenas a bica, e então voltando para dentro do quarto, se alongando e seguindo de volta até sua cama, onde sabia que seu celular estava jogado.
O cantor pescou o aparelho dali e o desbloqueou, seguindo direto até o aplicativo de mensagens, sorrindo ao notar que não só já havia acordado, mas também respondera as mensagens que ele lhe enviara na noite anterior.
A garota fora um presente inesperado, mas tão necessário.
era uma pessoa tão verdadeira, tão bondosa e tão cheia de... Arte. Jiyong nunca realmente imaginara que havia alguém como ela por aí, nem em seus melhores sonhos, e talvez por isso passara quase todas as horas do dia seguinte ao que se conheceram repassando aquela tarde em sua cafeteria na cabeça.
Agora, três semanas depois, os dois chegaram a uma fase em que trocavam mensagens todos os dias, em todo seu tempo livre. Eles recomendavam livros e músicas um para o outro e conversavam sobre tudo que sempre acharam que não podiam conversar com mais ninguém. Na noite anterior, Jiyong ficara acordado até mais tarde e mandara algumas das músicas que estivera ouvindo enquanto trabalhava em customizar suas coisas, como gostava tanto de fazer, para que ela ouvisse quando acordasse. não era exatamente fã de rap, uma das poucas coisas que eles não tinham em comum, mas ela tinha um respeito, no minimo, lindo por toda forma de arte e com o rap não era diferente.
Jiyong mandara algumas músicas do Epik High para ela durante a noite e, ao acordar, ela respondera:
“Você quase pode sentir a melancolia, nossa. São incríveis.” - Recebida às 08h12.
Jiyong concordava com absolutamente tudo naquela pequena frase e sorriu sozinho enquanto lia a mensagem, de novo e de novo. De fato, a melancolia nas músicas que enviara era quase palpável e era justamente aquilo que gostava tanto sobre elas: O fazer sentir era tão intenso que, tendo ou não motivos para sentir o que o eu lírico da música sentia, você sentia. E aquilo era a coisa mais perfeita já alcançada pelo ser humano, na mente de Jiyong.
Algum tempo depois, enviara outra mensagem, com uma foto de si mesma com seu gato, um lindo gato preto de olhos verdes que ela contara ter adotado poucos meses antes e batizado de “Heechul”, tapando a maior parte de seu rosto. Heechul tinha parte da barriga apoiada no topo da cabeça de e o restante jogado por cima de seu rosto, como se ele estivesse prestes a descer dali quando a foto foi tirada, tampando olhos e nariz da garota.
“Ei, Jiyong, quem sou eu?!” - Recebida às 09h38, anexada a foto com Heechul.
Jiyong sorriu, respondendo primeiro a mensagem sobre as músicas, dizendo que ela precisava ouvir todo o álbum e então respondendo a foto: Batman na na na, ele digitara e quase pôde ouvi-la rir ao imaginá-la lendo no ritmo da abertura do desenho animado, balançando a cabeça para os lados e tudo o mais.
Ele sorriu outra vez e balançou a cabeça, deixando o celular de lado na cama outra vez e seguindo em direção ao seu closet, buscando algo para vestir. Sua equipe do lado de fora provavelmente lhe esperava com algum figurino para a sessão de fotos que faria em casa mesmo, junto com uma entrevista, mas ele não quis sair do quarto de pijama mesmo assim. Se fosse só sua equipe, até o faria, mas não se sentia tão a vontade sabendo que a equipe de alguma revista também estava lá fora lhe esperando.
Por fim, Jiyong se vestiu e pescou seu celular, desbloqueando-o outra vez enquanto saía do quarto. Respondeu algumas outras mensagens, de sua mãe e de Taeyang, e então, quando estava prestes a guardar o aparelho de volta no bolso, ele vibrou em sua mão e o garoto checou o que era, sorrindo sem conseguir se conter ao notar que enviara duas novas mensagens.
“Sabia que podia contar com você para adivinhar! Só não digo que ele é o melhor super herói porque tem o Iron Man e bem... Prioridades.” - Recebida às 12h45min
“Ei! Você tinha aquela sessão de fotos hoje, não é? Como foi?” - Recebida às 12h45min
Interessado apenas em implicar com a garota, que aquela altura já lhe contara sobre suas preferências quanto a super heróis, Jiyong respondeu a primeira mensagem dizendo que, na verdade, preferia o Capitão América, o que nem mesmo era verdade. Por mais clichê que aquilo fosse, ele gostava do Super Homem, mas ele não seria um método de implicância tão eficiente, então executou o plano B e mentiu.
Já a segunda mensagem, Jiyong respondeu avisando que a sessão de fotos começaria agora.
Quando chegou a sala de estar, precisou conter uma careta para a quantidade de gente lá, cumprimentando todo mundo e logo sendo arrastado para uma cadeira por sua maquiadora, que começou seu trabalho enquanto lhe informavam onde estava o primeiro figurino, para ele se trocar quando ela acabasse.
Jiyong apenas assentiu, sem conseguir evitar a sensação de desgaste, mesmo que o dia mal houvesse começado ainda e desviou o olhar novamente para o celular, mas ainda não lhe respondera. Ou ninguém mais.
De olhos fechados, o cantor permitiu que sua maquiadora fizesse seu trabalho sem maiores transtornos, distraído com os próprios pensamentos e a ansiedade que era seguida pela vontade constante de checar o celular.
Jiyong ficava satisfeito em poder simplesmente conversar com , seja qual fosse o assunto, porém sabia que aquela ansiedade se devia as sensações que o invadiam por simplesmente se lembrar do poço de intensidade que ela provara ser na única vez em que se viram pessoalmente. Jiyong queria mais daquilo, da intensidade efervescente dela e do quanto aquilo lhe tornava mais corajoso, como uma injeção de adrenalina, mas, por mais contraditório que aquilo soasse, ao mesmo tempo em que ela lhe fazia sentir mais corajoso, lhe fazia sentir inseguro também. Porque, a cada dia que se passava, ele sentia que seu afeto por ela crescia e aquilo já fora um problema outras vezes... Ele só queria que não fosse agora também.
Queria, demais, que ela sentisse aquele mesmo afeto crescente que dominava o peito dele. Queria poder experimentar o toque dela como fizera quando ele perguntou sobre o que ela fazia.
Ele, enfim, ficava satisfeito em tê-la por perto como ela permitisse, mas caramba, queria muito que ela permitisse mais, que quisesse tanto quanto ele explorar a imensidão do que pareciam tão propensos a sentir juntos.
— Terminei. – sua maquiadora avisou, tirando-o de seus devaneios, e ele abriu os olhos, lhe dando um pequeno sorriso antes de se levantar, puxando o cabide com as roupas que deveria vestir e seguindo até o banheiro mais próximo, porém antes que pudesse realmente começar a se vestir, seu celular voltou a apitar e ele o pescou do bolso novamente, desbloqueando para ver as novas mensagens.
“Olha, eu não vou nem te responder sobre o América, prefiro dizer que: Eu pintei minhas unhas e agora elas estão da cor do pelo de Heechul, será que ele vai, finalmente, me deixar fazer carinho em sua barriga agora que vai reconhecer a cor?” - Recebida às 13h03
Jiyong acabou rindo da pergunta, respondendo antes de ver o que mais ela dissera nas outras mensagens:
“Eu acho que não. Ele já entendeu que quando você toca na barriga dele é uma questão de tempo até que o aperte até seus olhos saltarem.” - Enviada às 13h03
Na outra mensagem, sobre a sessão de fotos, dissera:
“E o que você quer falando comigo, Jiyong? Vai trabalhar que os boletos não vão se pagar sozinhos não!” - Recebida às 13h03
Jiyong sequer pensou muito antes de responder essa:
“Tudo bem, eu vou, mas com uma condição: Sai comigo no sábado?” - Enviada às 13h04
Assim que enviou, Jiyong mordeu o próprio dedão e não conseguiu parar de puxar a pelinha da região ou desviar o olhar da tela do celular até que no topo da conversa surgisse: está digitando...
Que loucura fora aquela, do nada? Quem chama alguém pra sair, assim, do nada? Céus, ele era péssimo naquilo. Péssimo, péssimo, péssimo.
Sim! - Recebida às 13h06
enviara outras mensagens depois dessa, perguntando para onde, que horas, e então mandando vários memes de fotos fofas repletas de corações – uma do próprio Jiyong, inclusive –, mas ele demorou um instante para responder, lendo e relendo a primeira mensagem: Sim!
Ela dissera que sim.
Aquilo não era nem de longe como um pedido de casamento, para sua reação exagerada ser justificável, mas ele não conseguia parar de sorrir. Caramba, aquela garota era tão... Caramba.
Ela dissera que sim!
Três
Quatro dias depois.
não tinha ideia do que significava sair num encontro com Kwon Jiyong até estar de frente para um jatinho particular que, por si só, já era tão incrível que podia muito bem ser o encontro.
Não era.
Os dois voaram de Seul até Incheon contando pequenos detalhes dos dias que se passaram desde seu último – e primeiro – encontro, basicamente as poucas coisas que não falaram por mensagem. Jiyong não quis contar o que fariam em Incheon, mas prometeu que ia gostar e pareceu tão confiante que, mesmo curiosa e nervosa como era típico dela, a garota até conseguiu relaxar no percurso até seu destino.
O céu limpo tornou o voo tranquilo e, antes que o piloto avisasse que deviam se preparar para o pouso, os dois estavam até mesmo no chão, distraídos tentando montar um quebra-cabeça do BigBang que encontraram esquecido ali. Acabaram por descobrir que faltavam peças que completavam partes dos rostos dos membros, deixando Jiyong sem uma das orelhas e Seungri sem o nariz.
e Jiyong correram para os assentos assim que ouviram o aviso do piloto, deixando as peças do quebra-cabeça no chão mesmo, fazendo com que acabassem por deslizar para frente, em direção a cabine do piloto, quando começaram a descer.
De seu banco, Jiyong olhou na direção de e ela ergueu o olhar das peças do quebra-cabeça espalhadas no chão, sorrindo junto com ele quando seus olhares se encontraram.
Estava tão ferrada.
....
sempre fora do tipo que sentia muito, o tempo todo. Era como se ela carregasse dois corações no peito, ao em vez de um só. Ela estava acostumada a se ver derramada, toda sua essência, na água que escorria de seus olhos quando chorava, assim como estava acostumada a captar a atenção de tudo e todos quando estava feliz, simplesmente porque quando estava feliz ela brilhava, tão intensamente que era impossível não olhar e, muito, mas muito difícil, desviar o olhar. Ela já escutara aquilo mais de uma vez e sempre tomou como um elogio, ate entender o por que. Ela era daquele jeito porque sentia demais e aquilo não era bom o tempo todo.
Na teoria, era lindo dar asas as pessoas só por amá-las, ser capaz de, enfim, fazê-las acreditar na melhor versão de si só porque ela acreditava tanto, mas quando elas acabam por voar para longe, céus, como doía. Porque ela não só sofria, não, ela simplesmente se via caindo em vários pedaços, tantos que levava tempo demais para que ela fosse capaz de se sentir inteira de novo.
A garota não conseguia parar de pensar naquilo quando finalmente chegaram ao local no qual Jiyong decidira levá-la em seu primeiro encontro por um único motivo: Jiyong escolhera um lugar muito especifico.
era brasileira, se mudara para a Coréia há pouco mais de seis anos, junto com sua prima, para estudar e trabalhar e acabara por ficar lá mesmo com o fim de seu curso, já que se estabilizara num trabalho do qual gostava e tinha , que além de sua prima, também era sua amiga mais próxima. É claro que, morando num lugar tão diferente de onde crescera, era impossível não sentir saudades, e, para alguém como , saudades podia ser letal, apertando tanto o peito que ficava difícil respirar.
E era justamente o que acontecia naquele momento.
Jiyong levara para uma feirinha de cultura brasileira, repleta de barraquinhas de comida, música e até mesmo memes, enchendo seus olhos de água sem que ela pudesse impedir.
— Meu Deus, eu não acredito! – ela riu, vendo as fotos de alguns dos melhores memes de seu país penduradas como num cordel. – Não acredito!
— Eu não entendo muito bem, mas imagino que seja algo engraçado, não? – Jiyong murmurou, apontando uma das fotos. Era um meme de uma das garotas de “Girls in the House”, explicando que teve “Irene” quando perguntaram de seu corte de cabelo. gargalhou, assentindo.
— Eu te explico. – murmurou, abraçando-o de lado sem realmente pensar na própria atitude enquanto apontava a foto e traduzia o que era dito, explicando também o contexto da webserie que fizera sucesso entre os internautas brasileiros. Jiyong desviou o olhar para o modo como a atitude da garota aproximou seus corpos e sorriu sozinho, passando um braço ao redor dela para abraçá-la também.
— Vocês são um povo estranho. – murmurou por fim, enquanto caminhavam para a próxima barraca, depois de ela ter lhe explicado alguns outros memes expostos ali também. – Mas a comida é boa. – ele murmurou, aceitando o brigadeiro que o senhor, de traços parecidos com os de , lhe estendeu quando ele se aproximou. – Como é o nome disso mesmo?
— Brigadeiro. – riu, observando-o comer, deliciando-se com o doce antes de pegar mais um e estender para ela.
— Já comi isso antes. Uma fã de lá levou pra gente num show que fizemos no México uma vez. – ele murmurou, lembrando-se do acontecido que parecia ter um bilhão de anos agora. A turnê do álbum Made que fizera com os garotos era uma lembrança que ele guardava com todo carinho, apesar dos altos e baixos daquele período e da inegável exaustão a qual ele se expusera. – Nunca lembro o nome. Acho que vai ser mais fácil agora que ouvi você falar.
— Que me ouviu falar? Por quê? – perguntou, confusa e Jiyong sorriu, olhando-a pelo canto do olho.
— As coisas soam mais bonitas quando você fala. É difícil esquecer. – disse simplesmente, pegando-a de surpresa e desviou o olhar, colocando o cabelo para trás da orelha enquanto comia seu doce, sem graça.
— Esse daqui também é gostoso. – ela apontou, pescando um pão de queijo da bandeja na barraca, sorrindo ao notar que ainda estava quentinho e mordendo um pedaço. Precisou conter um suspiro para o sabor tão delicioso, com aquele gosto único de casa, antes de estender o restante do pão de queijo para Jiyong. – Experimenta.
O cantor mordeu um pedaço sem tirar o salgado de sua mão e sorriu enquanto mastigava, assentindo.
— Hm. Muito bom. – comentou, limpando a boca ao terminar. – Muito bom.
— Vocês formam um casal bonito. – o senhor responsável pela barraca murmurou, em português, para , que lhe encarou surpresa.
— Oh! – murmurou, olhando dele para Jiyong, sem saber como responder ao elogio inesperado. – Eu, é... Obrigada.
O senhor riu levemente de seu embaraçado, fazendo um gesto de pouco caso com a mão.
— Peço desculpas se não estão juntos, mas... – ele olhou de um para o outro novamente, abrindo um sorriso ainda maior. – Tenho uma sensação realmente boa sobre vocês dois.
— O que ele disse? – Jiyong perguntou, confuso, enquanto olhava de um para o outro, estendendo o dinheiro para pagar pelos doces ao homem, que agradeceu com um aceno de cabeça.
abriu um pequeno sorriso em sua direção, desconfortável.
— Que tem uma boa sensação sobre você. – ela explicou, deixando de fora que, na verdade, a sensação era sobre os dois e não Jiyong especificamente.
— Ah! – Jiyong exclamou, surpreso e envergonhado enquanto se afastava um pouco de , juntando as palmas das mãos e curvando o corpo para a frente em sinal de agradecimento e respeito ao homem, que sorriu e acenou com a cabeça em sua direção, piscando para em seguida, fazendo a garota rir antes de acenar para ele, chamando Jiyong para seguirem em sua frente.
O detalhe sobre ser como ela, sobre sentir muito o tempo todo, era que, mesmo quando o sentimento ainda estava começando a surgir, criando fagulhas pequenas, ele já causava uma ardência impossível de ignorar no coração e aquele era exatamente o caso ali.
gostava de Jiyong e, cada dia mais, aquele sentimento crescia. Aquilo era assustador para ela, que estava tão acostumada a eficiência de seu mecanismo de defesa, que, no entanto, de repente parecia tão inútil. Não devia existir mecanismo de defesa no mundo páreo para Kwon Jiyong.
— Obrigada. – ela murmurou, por fim, para Jiyong, quando pararam um pouco distante das barracas, sentando-se em uma das mesas, cada um com um copo de caldo de cana em mãos. – Por me trazer aqui. – explicou sob seu olhar e o cantor deu de ombros.
— Achei que fosse gostar. – falou. – Isso foi incentivo o suficiente. Eu gostaria de levar você em todos os lugares que você pode gostar.
sorriu sem reservas, tanto para as palavras quanto para o modo como Jiyong baixou os olhos, claramente envergonhado.
— Você gosta mesmo de mim? – ela perguntou, fazendo com que ele erguesse, surpreso, o olhar para o seu.
— Por que não gostaria? – perguntou, sem entender a linha de pensamento dela e riu fraco, balançando a cabeça.
— Você, obviamente, não tem ideia da própria dimensão.
— Posso dizer o mesmo sobre você. – Jiyong retrucou e os dois se encararam, um de cada lado da mesa, com sorrisos secretos, que diziam muito mais do que achavam ser capazes de colocar em palavras. – Gosto de você porque você tem uma energia parecida com a minha. Gosto da sua intensidade, de como a bagunça que você faz tentando entender o que sente me afeta e do quão bonito é tudo sobre você. – ele falou depois de um instante, sorrindo em seguida e apertando os lábios, como se tentasse se controlar para não dizer algo. abriu um sorriso para a cena. – Entre outras coisas. – ele acabou acrescentando e ela riu fraco, balançando a cabeça.
— Acho que posso dizer que gosto de você exatamente pelas mesmas coisas... Entre outras coisas. – ela finalizou a fala repetindo a dele, apontando o copo em sua direção antes de levar a boca, bebendo o restante do conteúdo.
...
Mesmo tendo colocado seus sentimentos as claras, se expondo só para serem presenteados com as delicias da reciprocidade, o casal não se beijou de imediato e sentia o estômago revirar de ansiedade conforme se aproximavam do jatinho para voltar para casa, como se seu corpo tentasse lhe preparar, sentindo o momento se aproximar de maneira iminente.
Conforme seguiam em direção as escadas para o jatinho, o vento soprava cada vez mais forte, fazendo os cabelos de voarem para todos os lados e Jiyong rir do modo como ela tentava colocá-los em ordem, tirando os fios teimosos que tentavam entrar em sua boca e chicoteavam seu rosto no caminho.
— Tudo bem? – ele fez graça, rindo quando ela lhe olhou feio, prendendo entre as pernas o saco com as lembrancinhas que compraram na feirinha para tentar arrumar o cabelo. Jiyong ignorou e se aproximou da garota, afastando suas mãos do caminho para que ele pudesse colocar os cabelos dela no lugar ele mesmo, tirando a própria touca e colocando-a sob a cabeça dela em seguida. – Isso deve resolver. – sorriu, ajeitando os fios para dentro da touca e ela riu, puxando-a mais para baixo, sob a testa.
Daquela distância, seus corpos quase se tocavam e eles podiam sentir o calor que o outro emanava mesmo com o vento forte, o sorriso já fazia suas bochechas doerem, mas eles não conseguiam não sorrir ainda assim. Jiyong tinha a impressão que ela era a coisa mais bonita que ele já vira, sorrindo para ele, usando sua touca e, bem, a linha de pensamento de não estava muito distante. Jiyong era como um sopro de tudo que era bonito no mundo, tudo que podia vir a mente quando se pensava em amor, pureza e paz.
Céus, ela ia mesmo ter que matar .
— – Jiyong chamou, ainda sorrindo e o modo como seu nome soou em meio ao sorriso, que tornou a voz de Jiyong um tanto quanto mais arrastada, fez tudo em derreter.
— Jiyong – ela respondeu e ele sorriu mais, passando brevemente as costas de uma das mãos no rosto antes de balançar a cabeça, tocando a nuca dela com uma das mãos e inclinando o rosto na direção do seu, fazendo com que a garota sentisse o coração martelar com força, fechando os olhos só quando ele chegou perto o suficiente para fazê-la, finalmente, ceder e se privar da visão do sorriso dele, que só se desfez quando seus lábios se encontraram.
Havia doçura em cada pequeno movimento feito pelos dois durante aquele beijo, havia paixão e havia tanta, tanta esperança. Todas as coisas boas de um primeiro beijo estavam ali, tornando o momento e a noite ainda mais mágica para os dois.
— Você quer voltar pra Seul agora? – ele perguntou um instante, ainda perto demais para que fosse capaz de pensar direito, de, enfim, se prender a qualquer coisa que não a verdade. Tudo que ela queria, agora, era estar com ele.
— Você vai estar lá? – ela quis saber e ele sorriu, puxando-a para si e beijando seus lábios outra vez, com uma gentileza que ela nem sonhava existir.
Ninguém nunca lhe beijara daquele jeito.
— Eu vou estar aonde você quiser que eu esteja. – Jiyong murmurou ao se afastar e ela sorriu, trazendo-o de volta para si ao segurar em sua nuca, mordendo o lábio inferior do cantor.
— Exatamente aqui então. – ela murmurou antes de finalmente voltar a beijá-lo.
Epílogo
Um mês depois
estava sentada na cama com Jiyong deitado entre suas pernas, segurando um caderno com as meninas super poderosas na capa em mãos. O caderno era dela, era um dos lugares em que escrevia seus textos, contos e poemas. Ela não se considerava tão boa com poemas, preferia os contos, com um desenvolvimento maior, mas Jiyong gostava das duas coisas. Ele gostava, mais ainda, de ler as coisas dela em voz alta.
A garota não imaginou que fosse gostar de ouvir, mas acabou descobrindo certa paz naquilo, em ouvir sua voz doce, que por si só já era um acalento ao coração, lendo o que ela escrevera para ser justamente aquilo. Um acalento para o coração.
— ” 8- Seja forte. Seja forte do jeito que não fui. Enfrente tudo de frente como eu não fiz. Grite sua dor e não se ache fraca por isso. Há alguns dias me falaram aqui dentro – o pessoal aqui é meio filósofo – que ser forte não é esconder a sua dor e tentar vencê-la sozinho. Isso é ser fraco. Afinal, é fácil esconder a dor do mundo. Difícil mesmo é dizer que dói. Difícil mesmo é dizer como se sente e pedir por ajuda. Então, se você chegou até ai e está lendo tudo isso que escrevi com essa minha letra não tão bonita, eu espero que você esteja sendo forte. Espero que tenha desistido de ser fraca e tenha entendido o verdadeiro conceito de forte. Então... Mais uma vez, pra enfatizar; seja forte. E quando for forte, mantenha-se forte. ” – Jiyong leu, arrancando um sorriso tocado da namorada quando ergueu o olhar do caderno para ela.
O que ele lia, naquele momento, era uma lista que encontrara no fundo do caderno, algo que ela escrevera para si mesma há alguns anos e, ele terminara por descobrir, incluíra numa história depois também, mas essa não estava no caderno e sim em seu notebook.
Jiyong ainda não lera muita coisa do que ela tinha no computador simplesmente porque gostava de ler no caderno, gostava de ver a letra dela marcada no caderno como cicatrizes marcadas no corpo, traçando uma história pelo visual tanto quanto pelo que ela expunha em suas palavras.
— O que foi? – ela perguntou, já que ele ainda olhava em sua direção, os olhos escuros denunciando uma intensidade que ela vinha ficando boa em decifrar. Havia algo em sua cabeça, algo sobre o trecho que lera.
— Difícil mesmo é dizer que dói. Difícil mesmo é dizer como se sente e pedir por ajuda. – ele repetiu, sorrindo para o caderno e depois novamente para ela. – Você sabe por que gosto tanto de ler suas coisas? – ele perguntou, vendo-a negar com a cabeça. – Eu me enxergo em tudo que você escreve. E me sinto mais próximo de você quando isso acontece.
— Eu sinto muito que tenha se identificado com isso. – ela falou, deixando que os dedos se infiltrassem entre os fios de cabelo dele, fazendo um cafuné. – Mas eu gosto que te ajude. Eu também me sinto mais próxima a você quando você lê pra mim.
— Lembra que eu disse no nosso primeiro encontro que gostava de você porque tem uma energia parecida com a minha? – Jiyong pergunto, sorrindo quando ela assentiu e colocando o caderno de lado na cama, de modo a virar e ficar de frente para ela, roubando um beijo em sua testa, depois em cada uma de suas bochechas, então na ponta de seu nariz e, por fim, em seus lábios. – Tudo que eu passei e tudo que você passou, no fim das contas, nos trouxe um para o outro. E eu gosto que nossas partes quebradas tenham se encontrado e completado. Você me fez redescobrir o amor por mim mesmo, . Por Kwon Jiyong e não G-Dragon. Há pouco mais de um ano, quando conversei com os meninos pela primeira vez sobre fazer uma pausa na carreira, isso era tudo que eu queria e tudo que eu achava que jamais conseguiria. Eu me sinto bem com a minha própria vulnerabilidade agora porque a vejo em você e isso me fortalece. Se Jiyong é, pelo menos um pouco, como você, então ele não precisa ser um peso pra mim.
— Estou apaixonada por você, Jiyong. – soltou, num sopro que dispensou pensamentos racionais, envolto apenas pelo sentimento que pesou em seu peito, implorando para ser exposto diante das palavras dele. – Quero que você pense nisso toda vez que sequer passar pela sua cabeça que Jiyong é qualquer coisa além da melhor pessoa que eu conheço. Eu, , estou apaixonada por você, Kwon Jiyong. Cada parte de você.
O cantor acabou sorrindo ao ouvir, sentindo o coração mais leve do que há muito tempo não sentira enquanto a beijava com carinho. Jiyong passara tanto tempo de sua vida convivendo com o peso de ser G-Dragon, de ser um astro do k-pop e todas as outras oitocentas coisas que já foi denominado ao longo de sua carreira, que ele se perdera e só agora, na companhia de , entendia que aquilo era normal e que ele era, sim, capaz de se encontrar de novo. De se amar de novo.
E seria eternamente grato por isso.
— É melhor a gente se preparar pra sair agora. Eu duvido que consigo ficar na cama com você sem falar que te amo e ainda está cedo pra isso. – ele falou quando se afastaram, fazendo com que ela risse antes de roubar outro beijo em seus lábios, se levantando da cama sem conseguir ignorar o modo como sua pulsação acelerara diante das palavras dele.
— Vamos. – ela o puxou pela mão em direção ao banheiro, sorrindo ao sentir as mãos dele empurrando a barra de sua blusa para cima, beijando seu pescoço simultaneamente. Tudo em seu toque, seus beijos, era tão bom, lhe fazia sentir tão leve que era como se alguém, finalmente, lhe desse as asas que ela sempre dera aos outros. – Não podemos demorar, ok? já me mandou umas dez mensagens. – ela murmurou, virando de frente para o namorado enquanto entravam no boxe do banheiro e ele assentiu, esticando o braço para ligar o chuveiro.
— Ela já sabe que sou eu? Que você vai apresentá-la a mim hoje? – ele perguntou, sorrindo enquanto a observava de olhos fechados, com o rosto erguido de modo que as gotas de água vindas do chuveiro atingissem em cheio.
— Achei que seria mais divertido deixá-la descobrir na hora. – ela murmurou, o trazendo para perto ao abrir os olhos, abraçando o namorado debaixo do chuveiro. – Você contou a algum dos meninos?
— Se Youngbae soubesse, saberia. – ele falou e ela sorriu, assentindo e apertando seu nariz.
— Eu também te amo. – murmurou em seguida, sem que ele esperasse e Jiyong piscou, surpreso, ao ouvir, levando um instante para finalmente reagir, trazendo a garota para si e beijando-a com o fervor que a declaração pedia, fazendo passar as pernas ao seu redor ao mesmo tempo em que ele impulsionava seu corpo para cima.
No fim das contas, escaparia dela viva. estava feliz demais e ficava satisfeita em se vingar surpreendendo sua prima ao aparecer em sua casa dali a pouco com Jiyong, a fim de apresentá-lo como seu novo namorado.
Claro, depois que terminassem o banho. No momento, o banho era tudo que realmente importava.
FIM
Querida Jozi,
Eu também te amo! HAHAHAHHAA
Feliz natal, amiga! Espero ter alcançado pelo menos um pouquinho do que você queria quando pediu uma fic com Jiyong. Foi mais intenso do que eu imaginava, confesso. Eu não tinha ideia que escrever com ele seria a experiência que foi e preciso te agradecer por isso.
Expus nessa história, mais do que quem eu acho que Jiyong é, mas quem eu acho que você é também. E o amor que eu sinto por vocês dois. Eu quis fazer você se ver pelos meus olhos, mas respeitar a sua visão dele, o que acabou funcionando porque vocês se encaixaram perfeitamente.
Eu tô bem orgulhosa, confesso.
Em algumas partes da história, o livro que eu comentei com vocês que ganhei – outros jeitos de usar a boca – serviu de inspiração também, aliás. Eu fico tão feliz toda vez que tô lendo ele e encontro algo que me lembre de você ou da Mayh, porque é um livro tão, mas tão forte, tão incrível. É bom encontrar vocês em algo que fala de amor, força e cura. Vocês meio que são tudo isso pra mim mesmo.
Mas é bom encontrar vocês, na verdade, em cada coisa que, por acaso, eu encontro no dia a dia. É bom porque eu me sinto mais próxima de vocês. Eu queria muito poder abraçar vocês nesse natal, mas sei, do fundo do coração, que a nossa hora vai chegar. E vai ser o melhor abraço de todos.
Eu amo muito você. E o Jiyong também ama muito você.
Beijos, baby.