Forelsket
Escrito por Lysse
Prólogo.
“Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará no pior momento e de modo que cause o maior dano possível."
Charlotte jamais pensou tanto naquela estúpida e irracional frase da lei de Murphy quanto naquelas últimas duas semanas.
Talvez fosse seu ego; enquanto pensava que toda ação tem uma reação, a frase da física soava como um sinal escrito por alguém que deveria entender sobre pessoas também, entretanto, talvez os humanos fossem seres irracionais – seria o bater de uma borboleta que causava os furacões? House não compreendia aquele conceito em física. Enquanto relia o parágrafo de novo, o som do motor não incomodava mais seus ouvidos sensíveis.
Porque a cadeia de eventos que a levou naquele segundo parecia uma piada até duas semanas atrás, os olhos azuis idênticos ao do homem que tinha o título de seu pai parecia analisar cada minúsculo detalhe do trabalho dele.
Princeton-Plainsboro Teaching Hospital parecia um local que seu pai se escondia do mundo – e dela –, enquanto encarava o mar de pessoas indo e saindo com suas vidas, e ao qual suas ações levam a consequências que seriam consideradas desastrosas.
– Bom dia. Em que posso ajudar?
– Eu procuro o Dr. Gregory House – pronunciou em tom suave – Ele está?
A expressão dela parecia preocupada, enquanto fez uma careta. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a pessoa estava ali; seu pai não mudou muito desde a última vez que o viu.
A mala ao seu lado, enquanto os carregadores permaneciam atrás de si, preocupados com o endereço dado pela mocinha.
– Oi, pai.
FORELSKET – a euforia de esta se apaixonado.
CAPÍTULO I – Whelve¹
16 anos antes.
Gregory House encarou o teste – ultrassonografia, teste de sangue e outras parafernalhas que diziam que aquela pessoa estava grávida.
Amélia estava grávida.
Ele quis rir, enquanto seu caso de dois dias encarava com uma expressão metódica, afinal, ambos eram estranhos uns com os outros, e ao qual nenhum dos dois estava pronto para jogar seu relacionamento na lama da paternidade.
Pelo menos, não, Gregory não estava.
Amélia era outros quinhentos, enquanto dentre aqueles que viviam com o mesmo sangue que ela, dividia um pouco de DNA, todos estavam mortos.
Sua mãe, para ser exata, morreu na época que se entregou a carne e dormiu sem proteção nenhuma com Gregory.
A ideia absurda de que algo ficava em Vegas caiu por terra, enquanto a mulher de pouco mais se 25 anos soltou um longo e pesado suspiro.
Era engraçado, enquanto ambos juravam que jamais iriam ficar juntos no final, no dia seguinte, enquanto a barriga de pouco mais de dois meses crescia sem qualquer preocupação.
House tinha o rosto sério – como um meme, talvez fosse o motivo de que ela tinha a personalidade de Gregory, enquanto o médico renomado se referiu a sua cobaia humana como pequeno erro no passado.
– Onde está a sua mãe?
O silêncio se pendurou, ao mesmo tempo em que apenas fechou a expressão, e recordou de como veio parar naquele local.
2 semanas antes.
– Eu estou morrendo.
A caneta parou sobre o dever de trigonometria que o Sr. Jefferson passou naquele dia quente e insuportável naquela minúscula cidade em Cape May, levantou os olhos azuis enquanto encarava os olhos castanhos claros fixos em si como se aquela pessoa falasse do tempo.
– Mais uma crise existencial?
Amélia riu, sua própria filha era mais cética e cínica naquele segundo, enquanto os olhos azuis a observavam com atenção – suas sobrancelhas em tom de ébano unidas, enquanto pequenos traços apareciam quando a mesma movia a boca como ele –, bebeu o chá de Oolang², ao mesmo tempo em que suspirou:
– Câncer, estágio 4. Inoperável.
– Onde está o exame?
Amélia suspirou, enquanto sua filha apenas analisou a foto de seu cérebro com atenção com as íris fixas naquela foto que pessoas provavelmente não entenderam na primeira, mas sempre foi diferente – a mulher poderia culpar o pai dela, enquanto lembrava do presente de 6 anos dela com horror quando ele mostrou um cérebro de porco para sua própria filha, entretanto, apesar da tenra idade, jamais agiu como uma criança com sua curiosidade inata –, os olhos azuis atentos, e ao qual, a massa irregular onde deveria estar o cerebelo.
– É um glioblastoma, você sabe o que isso significa…
Claro que ela sabia, encarou a mãe com atenção, os olhos atentos nela.
– Quando será a cirurgia?
O silêncio se perdurou por poucos segundos, quando a garota entendeu aquele ambiente sem som:
– Você não quer a cirurgia, é isso?
– .
– Mãe, por que você não quer? Eles podem ressecar o tumor – soou esdrúxula, ao mesmo tempo em que a mulher colocou o copo sobre a mesa. – Você pode sobreviver, acabamos de saber, mãe, não desista.
– Eu já sabia do diagnóstico faz algum tempo, petite. Eu ja fiz de tudo.
– Do que você esta falando?
– A quimioterapia não ajudaria mesmo que... – murmurou em tom solene, enquanto sussurrou mais para si mesma do que para a filha – Eu irei mandá-la para o seu pai, e esse vai ser o plano.
– Mãe.
– Seja boazinha, .
Avisou em tom sério, e ao qual House se sentiu com as mãos atadas. Como não percebeu que sua mãe estava doente? Amélia sempre exalou saúde por onde passava, era uma mulher de poucas palavras, e passava mais tempo dentro do mato do que em casa.
– Mãe...
– Eu não irei discutir, e isso já está decidido, .
Eram as raras ocasiões que ela desejava se rebelar como agora, ao mesmo tempo em que sentiu aquela raiva em seus ossos ao pensar em tudo que ouviu de sua mãe nos minutos anteriores.
Amélia Delacroix era uma médica excêntrica –, primeiramente, ela praticava medicina oriental e era desmerecida pela maioria dos médicos e colegas de profissão com afinco por palavras como louca e adjetivos que não poderia repetir em sua vida, mesmo que, de acordo com sua mãe, Confúcio estivesse do lado dela durante todo o processo.
sempre achou sua mãe esdrúxula, mas aquela ideia estúpida de desistir a deixava estressada.
Como ela poderia fazer isso com ela?
"Seja boazinha".
Aquelas palavras eram insensatas.
nunca deu muito trabalho, era uma criança esperta e apática para a maioria dos adultos, talvez porque passasse mais tempo lendo livros de medicina do que histórias infantis em sua infância, mas ela ainda era uma criança.
Uma criança sem mãe –, e com um pai que pouco aparecia em seus longos quase 17 anos de vida, torceu os dedos ao pensar nisso, enquanto queria dizer ao pai que ele não precisava se indispor com ela.
Ela conhecia bem demais ele para entender que Gregory House era um solteirão com mais de 40 anos.
Como ele cuidaria de uma adolescente?
Suspirou em desespero por aquele plano horroroso de sua mãe; então, aquele pensamento que pensou enterrar em sua mente surgiu: sua mãe estava morta.
encarou a caixa – o nome Amélia escrito, os olhos se desviaram, enquanto não queria pensar nela, ao mesmo tempo em que suspirou, e segurou suas emoções como sempre fazia.
Como diria a música da Fergie, garotas grandes não choram, e focou seu pensamento no homem de bengala no meio do escritório com uma expressão que ela jamais viu em sua vida.
A primeira vez que se recordava de seu pai, talvez fosse um homem estranho que vinha de vez em quando em sua casa. E, que diferente dos outros pais que possuía apelidos fofos, a chamavam de petite erreur³, talvez fosse fofo quando ela tinha seis anos ou cinco, suspirou ao pensar no passado onde tudo parecia mais tranquilo, entretanto, o caos reinava em sua mente.
Talvez Gregory House tivesse entrado em pane.
Dr. Wilson encarava a garota, assim como metade da equipe de Gregory House – os cabelos escuros como ébano, enquanto os dois pares de olhos azuis observavam a sala com atenção, sua curiosidade sendo saciada a cada segundo, enquanto mais perguntas surgiam em sua mente cheia de linhas de pensamento e caos. Wilson parecia analisar o rosto catatônico de House, como se uma avalanche de emoções escapasse pelos orifícios de seu rosto.
– Ela o chamou de pai?
Wilson não sabia, afinal, apenas algum estagiário que não tinha o que fazer acabou espalhando por todo o hospital que o homem mais detestável do planeta tinha uma filha.
– Ela não se parece em nada com ele.
Wilson discordava em sua mente, enquanto Dr. Chase tentava ver qualquer semelhança entre a adolescente e o homem de mais de 45 anos, entretanto, os dois pares de olhos azuis profundos encararam de volta o grupo que desviaram no mesmo segundo, enquanto um leve arquear de sobrancelhas para Wilson o fez suar frio.
Aquele arrepio na espinha, enquanto House desviou sua atenção para um quadro que estava na parede de seu pai, e ao qual, na sua opinião, era um horror. Porém, sua atenção foi para o então homem que tinha título de seu pai, e que, de acordo com o estado de New Jersey, era seu novo responsável.
Gregory House encarou a carta escrita a mão – em seus últimos momentos, Amélia Delacroix tinha um coração insensível aos problemas de terceiros, e principalmente, os dele.
Gregory,
Se você estiver lendo essa carta, significa que a minha vida já terminou, e você deve tá se perguntando por que eu não te avisei?
Primeiro, porque eu sabia que iria tentar de tudo para me salvar, afinal, nós temos , mas eu não poderia pedir para você segurar a minha mão nesse momento.
Afinal, nós nunca chegamos a esse estágio de amar um ao outro na saúde e na doença, e entre outras baboseiras que você já conhece.
Nós tivemos um caso, tivemos e só. Eu nunca esperei que houvesse mais do que isso, seria irracional e idiota.
Eu preparei , da minha maneira, mas convenhamos que ela tem a sua personalidade ruim.
Segundo, precisa de você.
Você sabe que é a única linha sanguínea desse mundo? Meus pais não estão mais entre nós, e eu não tenho parentes que confio para entregar minha filha de 16 anos para estranhos.
tem uma herança, em alguns fundos que fiz, o dinheiro deve se usado para educação dela, Gregory.
Eu sinto muito por não te avisar, mas eu não queria transtornos.
Gregory encarou a carta – parecia chateada pela inconstância da batida de seus dedos. O homem se lembrava daquele hábito detestável de acordo com a mãe da garota da última vez que esteve na cidade há mais de 10 anos. Havia papéis de transferência, assinaturas de guarda e tutela, além do cartão para as possíveis despesas com educação, enquanto Amélia parecia ter previsto qualquer urgência pelos próximos dois anos.
Afinal, sua filha já era uma sênior.
– Sua mãe…
– Ela decidiu tudo sozinha, ela não quis um funeral e mandou eu vir para cá. Eu apenas pude obedecer a ela – murmurou de maneira fria, os olhos atentos a ele – Ela disse que seria uma piada gostosa. Eu não vejo isso.
– Nem eu.
Bufou, ao mesmo tempo em que encarou com atenção, os olhos azuis fixos em si, Gregory se sentiu acuado por meio segundo; como Amélia havia dito diversas vezes, tinha aquele ar sombrio de uma adolescente em uma fase difícil, as unhas perfeitamente limpas e os cabelos devidamente presos, enquanto os fios cor de ébano em contraste a roupa que ela usava.
– Você já chorou?
apertou os dedos, enquanto as primeiras lágrimas desceram por seu rosto – sua mãe sempre agiu como um espírito livre, apesar das amarras que ela tinha de seu passado, Gregory encarou a adolescente – ela sempre agiu como uma adulta, House –, House se sentou ao lado dela, enquanto a mesma se encostou nele.
E chorou pelas próximas horas.
X
– Chase.
House saiu da sala, talvez fosse uma péssima ideia o que Amélia estava pensando – olhares em si, enquanto o homem resmungou baixinho, Amélia adorava aquele tipo de brincadeira, ao mesmo tempo em que amassou a carta em seus bolsos com raiva escapando por seus poros – Wilson tinha um arquear de sobrancelhas, os olhos atentos na garota que estava de costas com um livro aberto.
– Você pode comprar comida para ela, por favor – ele jamais falava por favor, Robert Chase encarou incrédulo – Desfaça essa sua cara de imbecil. Não traga frutos do mar, ela é alérgica.
Murmurou casualmente, House revirou os olhos com olhar ainda surpreso dele, e resmungou mal humorado:
– Eu preciso desenhar para você?
– Não, n-não. É claro que não – murmurou, ao mesmo tempo em que soava nervoso – Sem frutos do mar.
Ele puxou Cameron e Foreman, ao mesmo tempo em que Wilson observava ele.
– Você nunca me disse que tinha uma filha.
– E, aconteceu – murmurou, ao mesmo tempo em que encarou as costas dela – Pelas circunstâncias, ela vai viver comigo.
– E a mãe dela?
– Faleceu – murmurou de maneira fria, enquanto queria praguejar contra a alma de Amélia, se ele acreditasse nessas baboseiras – Você pode me fazer um favor?
– O que você quer?,br>
– Ela precisa de coisas de mulher. Você entende disso, certo?
Wilson encarou ele, enquanto Gregory House tinha um rosto sério que beirava a raiva, entretanto, conteve sua língua quando percebeu que o então médico renomado e de coração frio parecia extremamente irritado.
– Mas é claro, eu posso ajudar… – murmurou em desconforto, ao mesmo tempo em que respirou fundo – House, você tem certeza disso?
– Do quê?
– De viverem juntos – Wilson mencionou, enquanto Gregory fez uma cara azeda – Ela precisa de alguém que cuide dela.
House deu uma risada anasalada, ao mesmo tempo em que percebeu o pequeno monstrinho lendo o livro com avidez.
– Eu ficaria preocupado comigo – comentou em tom sarcástico – não é uma criança normal.
Afinal, ela era uma House também.
¹(v.) enterrar algo profundamente; pra esconder.