Foolish

Escrito por Amanda Souza | Revisado por Mariana

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  Hello, hello, baby, you called, I can't hear a thing.
  Ela estava sentada no balcão do bar no qual trabalhava, desta vez como cliente e não dançaria e “amiga” de alguns deles. Era a sua terceira dose de tequila pura, , o namorado, havia ligado para falar que o relacionamento deles estava acabado, e ela sabia que isso iria acontecer desde que ela começara a chegar tarde e com marcas de outro homem, o relacionamento só foi afundando. Ela o amava? Não, era carência com necessidade de achar alguém que lutasse por ela, e bom ele não lutou.
  - Bem me quer, mal me quer. – pegou uma margarida murcha de um vaso que estava na bancada em que os braços estavam apoiados e quando iria descobri seu futuro, um braço circulou sua cintura, uma risada rouca ao pé de seu ouvido, um hálito de hortelã fresco, ela se arrepiou, mas não se virou pra ver que era. Um beijo foi depositado na curva de seu pescoço, e logo se ouviu um barulho, era do banco que estava sendo arrastado para alguém se sentar.
  - Sabe é engraçado isso, uma prostituta querendo que alguém a queira bem. – o homem sentou ao lado dela, e que homem, alto, com os músculos marcados pelo tecido justo do terno, olhos que pareciam penetrar a alma, barba por fazer, e um sorriso largo com uma fileira perfeita de dentes brancos, ela teve certeza que se estivesse em pé cairia.
  - Como... você...? – queria perguntar como ele sabia de seus “programas”, mais o nervosismo não permitia, todos sabia que era dançarina da boate, mas ser “amiga” de alguns clientes era segredo compartilhado com um grupo muito seletivo, e ela nunca tinha visto aquele homem antes. Ele se limitou a dar um sorriso de escárnio, se inclinar no banco que estava para alcançar o pequeno decote da blusa da moça e passar a língua levemente. Ela se arrepiou, mas não o parou.
  - Bom você tem gosto de suor, álcool e lubrificante. – ele respondeu a pergunta que ela se quer não conseguia responder. Ela virou uma dose de tequila, antes de sorrir para ele, não sabia o que fazer ou que falar.
  Just a second, it's my favorite song they're gonna play.
  Se passavam dez minutos desde que o homem misterioso havia chegado e se sentado ao lado dela, não haviam trocado mais nenhuma palavra e apesar de não olhar diretamente pra ele, ela sabia que ele a olhava, sentiu as maças do rosto queimarem. Britney Spears estourando nas caixas de som, ela queria pular, dançar era sua música favorita, se inclinou para o lado encarou o homem ao lado antes de sibilar: “You want a piece of me?”, e rio, gargalhou, a bebida estava fazendo efeito, ele a encarava, acompanhando cada movimento do rosto de seu rosto se aproximou retirou uma mecha do cabelo que caia nos olhos e beijou os cantos dos lábios da garota antes de descer os beijos para o pescoço dela e morder. Sim ele queria um pedaço dela.
  - Você é vidente ou algo do tipo? – perguntou se referindo ao fato dela descobrir sua profissão.
  - Sou matador de aluguel. – respondeu virando sua bebida até então intacta, os olhos da moça saltaram da órbita e logo ela caiu na risada.
  - E eu sou virgem. – zombou com ironia, e dessa vez ele gargalhou e só com o som da risada dele, a mulher se arrepiou. Ele piscou, ela encostou os lábios nos deles um simples selinho, antes de se levantar arrumar a saia e ir rebolando até a pista de dança, o chamando com o dedo.
  - Faz uma lista com o nome de três pessoas que você quer que morram – ele mais uma vez estava com as mãos grandes em volta da cintura fina da moça, sussurrou enquanto se moviam segundo a batida da musica. Ela iria responder quando sentiu o celular na pequena bolsa que estava de lado vibrar, era ligando.
  Stop calling, stop calling, I don't wanna think anymore.
  Assim que pegou o celular em mãos e viu a foto do ex em plano de fundo, bufou. O homem a olhou com as sobrancelhas arqueadas de um jeito terrivelmente sexy.
  - Acho que já sei que será o primeiro. – falou ele. Ela rio concordando, não tinha se convencido da história.
  - Posso saber o nome do anjo da morte? – sussurrou a pergunta no ouvido dele devido à música alta.
  - , e anjo da morte é um apelido novo para mim. – ele piscou, juntando mais o corpo ao dela, que o envolveu com os braços balançando como a música ditava.
  - Então não conte para ninguém, gosto de exclusividade. – mordeu o lóbulo da orelha dele. – Me chamo . Prazer. – sussurrou antes de tomar os lábios dele num beijo arrebatador, correspondido à altura.
  - O prazer é todo meu. - e mais uma vez se beijavam ferozmente, enquanto iam para casa da moça, em dias “normais” ela não convidaria um estranho para sua casa, mas estava na fossa e fez questão de deixar o coração na pista de dança, seguindo seus desejos e tudo que desejava naquele momento era aquele homem.
  - .
  - Brigit.
  - Paul.
  Era o que constava na lista entregue ao “anjo da morte” assim que saiu da casa da pela manhã.
  Eh, eh, eh, eh, eh, eh... I'm busy.
  O telefone tocava, estava jogada no sofá pensando na noite anterior, não estava suficientemente bêbada então se lembrava do que aconteceu, e agradeceu por isso.
era lindo, misterioso e muito bom de cama. Só não entendia porque ele estava ali e porque se aproximou dela, seria verdade que ele era matador de aluguel? O barulho do telefone a começou irrita-la, será que a pessoa não percebia que ela estava ocupada?
  - querida, o ... ele... – uma voz familiar falava entre soluços, era a sua ex sogra.
  - Ele o quê, Dona Mary? – um aperto no coração.
  - Ele morreu na volta da casa de uma amiga. – filha da puta, mal terminou e já estava com outra. – Ele foi encontrado num beco e com a aliança de vocês na boca. – e mais uma vez só se ouvia choro, ela sabia que deveria consolar a senhora que havia perdido o único filho, mas não conseguia nem se mexer.
  Out in the club and I'm sipping that bub.
  Era mais um dia de trabalho, ela estava dançando sensualmente ao som de Lady Gaga, enquanto rebolava aos berros dos homens presentes, até que um deles jogou uma garrafa de champanhe, abriu o objeto, bebeu um pouco o líquido escorria de sua boca, descendo para o vale de seus seios. A imagem era excitante aos olhos dos homens, mas nada importava, seus olhos tinham encontrado os de , e eles transportavam luxuria.
  Assim que saiu do palco, foi pro pequeno quartinho que chamava de camarim e nem se deu o trabalho de se assustar quando viu o anjo na porta, a esperando, na verdade, achava o mistério que o cercava muito excitante.
  - Adoro champanhe, sabia? – ele perguntou enquanto prensava na parede e passava a língua no pescoço de , que estremeceu.
  - Foi você, hoje com o ? – ela se referia à morte do mesmo, estava em conflito interno uma parte dela sentia culpa pela morte do ex- namorado e outra dizia que ele mereceu.
  - Você não acreditou mesmo em mim, tive que provar. – mais um beijo depositado, na curva de seu pescoço. – Aliás, agora devem estar ligando para sua casa.
  Brigit.
  Ele havia matado a madrasta dela como ela pediu? Brigt era meio que a madrasta da Cinderela, depois da morte de seu pai, transformou a vida de uma menina de nove anos num inferno e aos dezoito a expulsou de casa, deixando com poucas opções de trabalho, já que fora proibida de estudar pela mesma. Ela uma prostituta, cumplice de um assassino e a culpada estava devidamente morta.
  - Eles podem ligar quanto quiserem, não terá ninguém em casa. – respondeu antes de se entregar mais uma vez ao homem.
  - Por que eu? – ela perguntou a , estavam enrolados nos lençóis brancos da cama de uns dos quartos da boate, e aquela era uma situação inovadora pra ela, tirando ela nunca havia conversado com um homem depois de fazer sexo com ele, ou ele dormia ou ela ia embora com o dinheiro que havia ganhado.
  - Por que não? Acho que essa sua coisa de ser meiga e absurdamente abusada me atraiu. – ele respondeu se jogando na cama fechando os olhos, as mãos dela ousaram pelo peito do rapaz que contraiu o abdômen, se sentou em cima da barriga do mesmo, os beijos começaram a ser espalhados pela região. Um barulho foi ouvido, com a garota em cima de si se inclinou para alcançar o terno que usara e agora estava pelo chão, pegou o celular no bolso da frente, tudo era assistido por com curiosidade, sentiu um aperto na coxa e de repente percebeu que se perdeu no tempo e já tinha esquecido o aparelho, o questionou com uma sobrancelha arqueada.
  - Esta noite não atenderei nenhuma ligação. – respondeu ele, antes de beija-la com selvageria.
  Cause this is a disaster.
  “- Cafetão foi encontrado morto, hoje pela manhã em seu apartamento sem suas roupas e com um único tiro na cabeça” – o jornal anunciara mostrando em seguida uma foto conhecida pela mulher, o velho, com cara de bonzinho e coração carrasco: Paul.
  Logo se lembrou de , tinha errado em não acreditar nele, se sentia culpada por ter feito tal lista, não sabia onde havia se metido, mas voltar atrás estava fora de cogitação. O coração apertou, matar Paul causaria problemas ao “anjo da morte”, por mais profissional que fosse, Paul tinha influências, ela previa um desastre.
  - O que você achou da morte do Paul? – uma velha amiga que a apoiou desde que chegou ao ramo a questionou.
  - Ele vivia dizendo que era para não pensar, deixar meu coração na pista de dança e me entregar aos caras, acho que não tenho mais emoções para gastar com ele. – respondeu enquanto ajeitava os cabelos. Paul foi um velho que a incluiu no meio, no começo pareceu solidário, até a forçar coisas que ela não queria fazer e deixando claro que se ela negasse era devidamente castigada.
  My telephone, m-m-my telephone.
  Três dias se passaram desde morte de Paul e do sumiço de e aquilo começava chateá-la, ele era como uma droga, uma vez entregue a ele só se quer mais.
  - , teu telefone está tocando. – gritou enquanto descia do palco, e batia na mão de um cara que ousara passar a mão em sua bunda.
  “- E ai gatinha, liguei pra te informar que seu amiguinho, que se acha o mensageiro da morte, está morto, ele mexeu com a pessoa errada e se eu fosse você não ficaria no caminho de pessoas como o Paul.” – a ligação foi breve, confusa e assustadora, seguida de uma mensagem enviada de um número desconhecido, com um endereço. Com o coração na mão, uma lágrima solitária escorrendo pelo rosto, ela se vestiu rapidamente antes de pegar o carro e seguir para o endereço, nem ela mesma entendia o motivo de seu desespero, era possível amar com apenas uma semana de convivência? Ela sentia algo por ele, algo não identificado, talvez fosse atração já que ele era um homem realmente lindo, mas sentia como se eles fossem feitos da mesma matéria, como ele a entendesse, um enigma que mandaram pra ela, um enigma terrivelmente sexy.
  Ainda chorava quando chegou ao lugar indicado, sabia que poderia morrer ali, mas arriscaria por ele. A única pessoa que lutou por ela, talvez do jeito errado, com meios errados, mas a única pessoa que ela poderia contar sem ser julgada. Caminhou a passos largos até uma arvore grande embaixo podia ver algo grande deitado, um corpo. O coração deu um salto, era um corpo completamente carbonizado, mas com o colar que usara na última noite deles, uma estrela metalizada. O choro só aumentou no meio do nada, chorando como nunca chorara antes, sentiu uma mão circular a sua cintura, um hálito de hortelã arrepiar a nuca.
  - Devo sentir ciúmes desse ai? – a voz rouca perguntou, era ele. Um soluço se virou rapidamente e não acreditou quando o viu ali em pé, lindo, vivo.
  - Mas... mas... você. – não conseguia nem se sequer organizar os pensamentos, então o abraçou para ter certeza que não era fantasia.
  - Lembra quando te falei que era um matador de aluguel? – ela assentiu com o rosto enterrado na curva do pescoço dele, se inebriando de perfume. – Pois todo serviço tem seu preço, logo você terá que me pagar, não vou morrer sem te cobrar isso. – depositou um beijo no topo da cabeça dela, que saiu dos seus braços sem entender.
  - Pagar como? – perguntou confusa, entretanto mais calma.
  - Pode começar fugindo comigo, e depois me amando, como eu já te amo. – encostaram suas testas, um beijo leve foi iniciado e desde que nascera ela sentiu amor por alguém.
  - Com você eu vou até ao inferno. – falou enquanto recuperava o fôlego perdido, estava no carro do rapaz parados em frente uma praia, decidindo o lugar que iriam.
  - Olha que eu posso fazer o inferno ser bem perto. – sem alguma permissão a mão dele entrou na blusa dela, acariciando os seios por cima do tecido do sutiã, ela mordeu o lábio inferior com força, ele iria retirar a blusa que estava dificultando seu trabalho, quando os telefones de ambos tocaram, bufaram cada um pegando seu próprio aparelho os deligando. Em seguindo em rumo para estrada que os levaria para Califórnia.
  Quem os ligasse só ouviriam tal mensagem:
  We're sorry... The number you have reached
  Is not in service at this time
  Please check the number, or try your call again.

FIM



Comentários da autora


  Hey, espero que tenham gostado principalmente que mandou a música pro site, fiz o melhor no contexto da música, então aceito críticas, sugestões (para próximas) e elogios. Muito obrigada a quem leu.
  Xx Beijos.