First love

Escrito por Ingrid | Revisado por Mariana

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  ’s POV

  Já parou pra pensar o quanto um "primeiro amor" muda sua vida? É claro que nem sempre duram, muitas das vezes acontece na infância, ou quando chega a puberdade, no colegial, às vezes é com um primo, com um vizinho, amigo da escola... Não existe nenhuma teoria correta sobre o primeiro beijo, o primeiro namorado, o primeiro amor, mas existem milhares de histórias, uma com finais felizes e outras não, a minha começou a um bom tempo atrás;
  Eu tinha 8 anos quando o meu pai faleceu num trágico acidente de carro, era filha única, lembro-me de ter acompanhado o sofrimento da minha mãe tão de perto que na época me pegava pensando em suicídio pra não ver minha mãe sofrendo daquele jeito, mas transformei isso numa força de vontade de fazer aquela dor da minha mãe passar, consegui um bom tempo depois, ela em fim tinha voltado a sorrir, a ver cor na vida, voltou a trabalhar, fez novas amizades mas só quando eu fiz 17 anos que ela se apaixonou por outro homem com uma história parecida, Mark tinha perdido a mulher ha dois anos, tinha uma filha um ano mais nova que eu, minha mãe e ele se casaram, com isso nós tivemos que sair de Manchester e ir morar em Londres, no começo achei que fosse ser difícil, a filha de Mark fazia a linha meio rebelde, estilo rockeira, só usava roupas pretas, assim como eu não tinha amigos, passava seus dias trancada no quarto, no fundo se parecia comigo, outra coisa difícil seria terminar o último ano do colegial numa outra escola, havia estudado por toda a vida na mesma escola, como se adaptar aquilo? Eu tive que aprender, nos primeiros dias da escola eu me sentava no fundo a fim de que ninguém me visse e era realmente o que acontecia, o convívio com estava bom até, nós começamos a dividir o mesmo quarto e nos entendemos bem, ela sempre foi uma garota muito fechada, não falava muito, mas era muito previsível, agora na hora dos intervalos da escola nós sentávamos juntas, analisávamos, rindo, todas as garotas sem personalidade daquela escola, ela tinha vergonha de falar sobre garotos, mas, como eu disse, ela era muito previsível, deixava transparecer o que sentia toda vez que seu olhar cruzava o de ;
   era da minha sala, é lógico que nunca havíamos nos falado, ele sequer devia saber que tinha uma na sala dele, estava sempre rodeado de garotas bonitas, pelo pouco que eu sabia vinha de uma boa familia, era alto, muito bonito, não era de se estranhar que a sentisse algo por ele, mas, de fato, sabia que ele nunca olharia pra ela, mas talvez eu pudesse mudar aquilo, é óbvio também não era bonita o bastante pra fazer parte da turma de amigos de , porém tinha mais facilidades de fazer amizade com as pessoas do que ela e ele parecia legal, pelo menos bem mais legal que , outro garoto da minha turma, o mais lindo, talvez até de toda a escola, tão lindo quanto o , tinha a mesma estatura, era magro, olhos num bem claro, um sorriso lindo, o mais lindo que já vi na vida, ele não parecia real, pelo menos pra mim não era real, era arrogante, ignorante, muito confiante de si, pessoas assim sempre me irritaram, o primeiro contato que tivemos foi quando numa aula de química meu lápis caiu perto da sua carteira, o que se espera de um cavalheiro é que ele pegue não é? Mas não, tinha um ar muito superior as pessoas, olhou pra baixo, riu e voltou a prestar atenção na conversa do seu grupinho, enquanto eu me levantava, abaixava do lado dele pra pegar a droga do lápis, "Ela achou que eu ia pegar pra ela" - ele disse, dei de ombros, não era nada pra mim. NÃO ERA.
  Não disse nada a sobre ter algo em mente em relação a , ela teria me matado se soubesse, então numa aula de história eu sentei atrás da carteira dele, pretendia me aproximar, mas não sabia como, o professor passou um trabalho pra que fosse feito em casa, um trabalho bem complexo pra quem não sabia ou não gostava da matéria, o que não era meu caso, mas ouvi resmungar algo sobre aquilo, era minha oportunidade, esperei que todos estivessem saindo da sala e então o gritei, a expressão dele era algo tipo "A gente se conhece? Nunca te vi aqui na sala".
  - Ouvi você dizendo que tem dúvidas em história, eu posso te ajudar. Se quiser. - Respirei fundo, pensando no fora que eu iria levar.
  - Ah sim claro, você me ajudaria, ? - respondeu num tom suave, simpatico. E ainda sabia meu nome.
  - Sim, se você fizer um favor pra mim. - Ao mesmo tempo que falei me senti ficando vermelha, sempre fui timida.
  - Hahahaha sabia que tinha algo, pode falar - Ele riu, talvez debochando.
  - Eu tenho uma irmã que estuda aqui há bastante tempo e ela não tem amigos, você poderia, sei lá, conversar com ela? Sem dizer que foi eu que pedi, é claro.
  - E por que eu? Com tantos outros na escola.
  - É porque... - O que eu falaria agora? Ai meu Deus - É porque, ah não sei, sou nova aqui, não falo com ninguém então por isso pedi sua ajuda. Você parece ser legal. E seus amigos não precisam saber, te zoaria por está falando com "garotas não popular" é claro.
  - Vou ver o que posso fazer por ela, ok? E por você. Vai me ajudar mesmo em história?
  - Sim, trago o trabalho respondido amanhã - Sorri.
  - Ok, a gente se fala. - deu as costas e saiu, lógico que lá fora seus amigos perguntariam por que ele demorou.
  Encontrei com a no portão da escola pra irmos pra casa, ela também perguntou porque demorei, falei que estava tirando dúvida com o professor; Respondi todo o trabalho de história quando cheguei em casa, cumpriria com o trato, acreditava eu faria o mesmo. E ele fez, no dia seguinte depois de eu já ter entregue o trabalho na mão dele, na hora do intervalo ele veio até nós duas, não sabia o que fazer quando o viu vindo em nossa direção.
  - Olá, , essa é sua irmã? - Ele chegou, sentando do lado dela e apertando a mão de nós duas.
  - Oi, , é minha irmã sim. o nome dela.
  - Oi - Ela respondeu sem graça.
  - Sabia que sua irmã é muito boa em história, ? Ela me ajudou no trabalho, acho que vou tirar 10.
  - É sim - Ela quase não conseguia falar.
  - A gente se ver por ai meninas, o está me chamando e olha qualquer coisa só me chamar em - Ele piscou - As duas, ok? - Ele sorriu pra nós e saiu, parecia que estava prestes a ter um ataque.
  - O QUE VOCÊ FEZ PRA ELE FALAR COM A GENTE? - Ela falava me sacudindo.
  - Eu ajudei ele com o trabalho de história ué - Falei rindo.
  Mas aquela foi a única vez que falou com a gente, pelo menos durante uns 5 meses, e aquilo tinha a ver com , quando viu conversando com nós duas o chamou e percebi que ambos comentavam sobre nós, faziam piadinha,s é óbvio, sei disso por que os meses se seguiram assim, ignorava minha irmã quando ela passava por ele, passei a ter contato com , não num lado bom é óbvio, a gente sempre descordava com algo em sala de aula, isso sempre gerava discussão entre nós, ele fazia piadinhas quando eu passava, eu o xingava é óbvio, ele fazia o mesmo, que na primeira vez que nos falamos foi tão legal, agora era como o amigo, não conseguia entender porque e eu não nos dávamos bem, isso faria sentido se a gente já tivesse sido amigos, mas, por algum motivo, paramos de se falar, mas não, nunca tínhamos nos visto antes da escola, mas eu não suportava vê-lo, ainda que sentisse uma breve paz quando o via sorrindo. Como entender aquilo?
  Um dia passei por umas garotas e as ouvi dizendo "Essa ai que é apaixonada pelo ? Credo, quem ela acha que é?"; sofria por que por algum motivo depois que falou com a gente ela se apaixonou pra valer por ele, culpa minha. Fui falar com , eu apaixonada? Hahaha óbvio que não. EU ACHAVA QUE NÃO.
  Começou com uma piadinha generalizada sobre o assunto na sala de aula e então eu sai do sério.
  - Apaixonada por você? É isso mesmo que você acha? - Falei em alto bom som, pra que todas ouvissem.
  - E não está? - Ele levantou, ficando de frente pra mim tom desafiador, ele ria, debochando óbvio.
  - Só se eu fosse louca. - Ouvi um coro de "ihhhhh" que a turma fez.
  - Que bom que não é, porque eu nunca ficaria com uma garota como você. - Eu quis chorar quando ele disse isso, não sabia o porque da raiva dele por mim, mas doia.
  - Lembre-se de tudo que você tá dizendo, eu não costumo dar segundas chances. - Toda a turma riu, inclusive ele, então o professor pediu pra que nos calasse.
  É claro que aquilo tinha soado engraçado, uma "zé ninguém" falando isso pro garoto mais popular da escola? Mas as coisas ficaram pior não só pra mim, as piadinhas atingiam a e logo começaram a falar que ela gostava do , "As irmãs frustradas" ótimo tema pra um livro nosso, então a todos os momentos a gente ouvia piadinhas do tipo "Elas não se enxergam" "Elas são horríveis, eles nunca beijariam ela", passavam por nós duas e nos empurravam, sei que não havia motivo pra tudo aquilo, era bullying, claro, mas não tinha um motivo, nunca tínhamos feito nada, gostava do e eu brigava com o , era só isso, mas eles tinham um certo popularismo na escola, eram como Deuses, todos os amavam, se eles não gostavam de alguém, ninguém gostava. Era ridículo.
   usava mais preto que antes, toda sua roupa era preta, usava sempre um moletom com capuz, com fone e com o tempo eu estava mais parecida ainda com ela, usava minha calça jeans com detalhes rasgados, meu moletom vermelho, aquilo era tão idiota que nem parecia real, mas descobri que as pessoas não precisavam ter um motivo pra odiar as outras. Mas eu me apaixonei, ele era idiota, um moleque, me odiava, era lindo, sorriso lindo, voz suave, olhar encantador, idiota, babaca, estava ficando com Ash, eu via ele beijando-a, sentia inveja, chorava, queria ser ela. Como tudo isso pode ter acontecido em menos de um ano? Era outubro, faltava só mais dois meses pra formatura de fim do ano, as provocações tinham diminuido, mas pouca coisa tinha mudado, a última discussão que me envolvi lá teve a ver com , mas não foi com ele, todos certos de que eu estava gostando dele, Ash colocou na cabeça que eu tinha inveja dela pelo fato de eles ficarem e na frente de toda a turma me humilhou, falou que eu tinha inveja, que nunca ele olharia pra mim, que eu e a não passávamos de duas mal amadas, que todos sentiam nojo de nós duas por que éramos estranhas, eu não disse nada, pedi licença ao professor e sai de sala, fui pra quadra, ninguém ia lá aquela hora, agradeci por minha irmã não ser da minha sala pra não ouvir aquilo, senti alguém vindo por trás de mim, abaixei a cabeça, não queria mais ninguém rindo de mim, ele então sentou do meu lado, não disse nada por uns dois minutos.
  - Desculpa, a Ash exagerou. - Pela primeira vez ele se dirigia a palavra a mim, sem gritar, sem brigar.
  - E daí? Quem se importa? - Resmunguei, de cabeça baixa.
  - Eu... sério, não queria que fosse assim.
  - Como não, ? Desde que entrei aqui você me esnoba, você não me conhece, simplesmente quis me odiar. Fez a escola me odiar.
  - Desculpa, demorei um tempo pra perceber que não tinha motivo pra isso, sou um idiota.
  - Quer saber, ? Eu te odeio agora, e eu tenho motivos, bastante, e eu sinto pena de você, sempre seguro de si, rodeado de amigos, quando você precisar não vai ter nenhum ao seu lado, já eu posso não ter amigos, mas tenho minha irmã, ela enfrentou isso tudo comigo, por que você e o são dois babacas. Só quero um dia entender por que você não gosta de mim, quando você crescer vem até mim. Sou melhor que você, , nunca precisei humilhar alguém pra mostrar as pessoas que eu sou melhor que elas. - Eu chorava, estava de pé ao lado dele agora, desci as escadas do auditório e o deixei ali, entrei na sala e todos olharam pra mim, peguei minha mochila, pedi licença mais uma vez ao professor e sai dali, quando cheguei no pátio vi conversando com , o que significava aquilo? Passei por eles, queria ficar sozinha, pedi na secretaria que me liberassem, fui pra casa, minha mãe e meu padrasto estavam trabalhando, mas não demorou muito pra chegar e entrar feito um furacão no quarto.
  - O me contou , aquela Ash é uma idiota. Não liga pra ela - Sentou do meu lado.
  - O que você estava falando com o ? Ela é um idiota.
  - Ele nunca fez nada contra a gente, , eu sofri e sofro muito por ele, nesse último ano então chorei mais do que havia chorado em toda minha vida, mas conheci o quando eu tinha 6 anos, eu da primeira e ele da segunda série, a gente até brincava juntos no parquinho, o era um amor de pessoa também, não sei por que é assim agora, mas eu gosto do desde então, lógico que eu era uma criança, mas lembro de ter ficado encantada com os sorriso dele quando o vi no balanço, já aconteceu isso com você? - Pensei em todas as vezes que mesmo com raiva sorri vendo o sorriso do - Ele uma vez me deu um selinho - Ela sorriu - mas logo veio a época do ensino médio, ele e o ficaram muito popular e bom, viraram isso, mas o nunca fez piadinha sobre a gente, ficava junto com o , rindo é claro, mas ele é meu primeiro amor, eu esqueceria todo esse bullying que passamos só por um outro selinho dele, é sério.
  - Você é idiota, isso sim. - Resmunguei.
  - Você já se apaixonou?
  - Não, não sei o que está acontecendo comigo.
  - Você ama o , mas não sabe o porque, é isso.
  - Eu o odeio, ok? - Dei as costas pra e fui até o banheiro lavar o rosto.
  No dia seguinte na escola, chamou mais uma vez, diante a mim nos pediu desculpa, perguntou se podíamos ser amigos, o ano estava acabando, as piadinhas já não importavam mais, fiz que sim com a cabeça, não tinha certeza do que queria, deixei os dois e fui pra sala, passando pelos alunos de cabeça baixa e então alguém segurou meu braço, aquele toque causava arrepio, até minha alma gritava.
  - Você está melhor? Melhor que ontem, quero dizer. - Seu tom era suave, diferente ao que eu estava acostumada.
  - Isso não te interessa. - Continuei andando.
  - , eu to tentando me aproximar de você. - Ele entrou na minha frente.
  - Você não quer isso, , nem eu. Licença - Segui até a sala, me sentei no fundo.
  Então nos dias que se seguiram tentou mesmo se aproximar de mim, sentou do meu lado um dia, não dei ideia, falava o básico com , já minha irmã passava uns bons minutos conversando com ele, nada que a fizesse ter esperança de ter algo com ele, ainda o amava mas estava gostando da amizade dele, duas semanas antes do baile de formatura ouvi dizendo que tinha terminado com Ash, ok aquilo não me importava e o baile também não, eu não iria, não tinha companhia, nem vontade de ir, então no último dia de aula dei graças a Deus por ter sido prova de história, acabei rápido e fui pra casa, livre da escola, graças a Deus, o baile seria no fim de semana mas ainda era terça, eu não tinha esperanças de ir, não mesmo mas aquele cartão que eu recebi fez meu coração acelerar, não sei por que passou a possibilidade de vir dele, era idiotice minha eu achava. Na verdade o cartão era pra mim e pra e dizia:
  "Escolham um vestido bonito, passaremos às 20h no sábado. Não aceitamos um não como resposta."
  Não tinha nome no cartão, mas insistiu que eu fosse, então fiz por ela, sabia que havia uma grande possibilidade de eu me decepcionar e me tornar mais uma vez piada, ou que aquilo não passasse de uma brincadeira. Mas como eu disse, insistiu, então as 20h estávamos prontas, cabelos soltos e bem penteados, maquiadas, de salto.
   usava esse vestido, ela sempre foi mais básica, não gostava de nada que chamasse atenção.
  E eu fui com esse.
  É lógico que poucos iriam nos reconhecer, sempre foi vista como a adolescente estranha na escola e em um ano que estudei lá passei a ser vista assim, e por mim eu não teria me arrumado tanto, minha mãe que insistiu e nos fez comprar esses vestidos, quando deu 20h em ponto a campainha tocou, não tinha sinal de nenhum    , nenhum e de nenhum outro garoto, era só um homem de cabelos grisalhos pedindo pra que entrássemos no carro, não era nenhuma limousine, um carro simples e duas adolescentes inseguras, quando descemos do carro já no salão de festas da escola, o tal homem nos deu duas máscaras.
  - Pra que isso? - perguntou.
  - É um bale de mascaras, senhoritas, espero que gostem - Ele sorriu.
  - Ta bom, entra você primeiro. - disse.
  - Entra você, eu vim por sua causa. Coloca logo a máscara, prefiro que não nos vejam.
  - E como eles não chegar até a gente?
  - Você acredita mesmo que tem alguém esperando nós duas? Eu duvido, vamos logo. - A puxei pelo braço, entrando no salão.
  Uma decoração impecável, bonita demais pra quem tinha ficado responsável pela arrumação, Ashley Cole e suas amigas, nunca tinha estado numa festa daquela antes, todos estavam irreconhecíveis, não consegui identificar uma pessoa sequer com aquelas máscaras, parei com perto da escada, preferia não sair dali durante toda a noite, ficamos então falando sobre os vestidos das meninas, mas de repente ela parou de responder e quando olhei pro lado não estava mais, lógico tudo aquilo era normal num filme hollywoodiano, mas por que estava acontecendo comigo? E onde estava minha irmã? Então alguém chegou por trás de mim, envolveu os braços sobre meu corpo e suas primeiras palavras foram:
  - Fico feliz por ter aceitado meu convite, quer dançar? - Antes mesmo de eu responder ele me conduziu a pista.
  Tocava "Just the ay you are" do Bruno Mars, (põe pra ouvir) e mexíamos o corpo conforme a batida da música, eu ainda não tinha olhado pro rosto dele, estava de mascaras, mas sei que o reconheceria pelo sorriso, estava com medo de ser ele, com mais medo ainda de não ser.
  - Está com medo de mim? - Ele sussurrou no meu ouvido.
  - Não sei, devia ter? - Sussurrei no dele.
  - Não tem motivos, não mais. - Eu olhei seu rosto, ele sorriu, era ele, era ele, minha interior estava feliz, mas eu não demonstrava emoção alguma.
  - Não sei por que me chamou até aqui, não pretende jogar um balde de tinta em cima de mim não é? E me humilhar mais! Cadê minha irmã? - Eu falava no ouvido dele, por causa da música.
  - Ela está bem, garanto, não fala nada por enquanto. Eu quero dançar com você.
  Ele puxou meu corpo mais pra perto do dele, era tão perturbador sentir a respiração dele perto tão perto de mim, só pra constar eu ainda o odiava tá? Mas ele sussurrava em meu ouvido trechos daquela música:
  "Her lips, her lips (Os lábios dela, os lábios dela)
  I could kiss them all day if she'd let me (Eu poderia beijá-los o dia todo se ela me permitisse)
  Her laugh, her laugh (A risada dela, a risada dela)
  She hates but I think it's so sexy (Ela odeia, mas eu acho tão sexy)"

  [...]

  ’s POV

  Eu estava conversando com a quando senti meu corpo sendo puxado pra trás, achei que estava sendo seqüestrada, mas logo ele sorriu, pelo tom dos seus olhos, mesmo no escuro, eu soube quem era, eu estava certa o tempo todo, era ele, meu dia tinha chegado mesmo depois de passar por tudo aquilo.
  O DJ tinha acabado de pôr pra tocar "Just the way you are" no som, mas a música estava ficando distante a maneira que a gente ia se afastando. Estacionamento?
  Aquilo não me parecia romântico, mas eu estava com ele, que até aquele momento não havia falado uma palavra, ventava bastante e isso fazia meus cabelos voarem, eu estava tímida é claro, não sabia o que iria acontecer, nunca tinha beijado alguém, não sabia como agir.
  - Aqui está bom - Ele sussurrou mais pra ele do que pra mim.
  - Por que me trouxe aqui, ?
  - Ah você já sabe que sou eu? Queria fazer surpresa quando eu tirasse a mascara - Ele sorriu, que sorriso lindo.
  - Você não me respondeu, por que me chamou pro baile? Por que me trouxe pra cá? Minha irmã está sozinha lá.
  - Ela vai ficar bem, eu te trouxe aqui pra te pedir desculpas.
  - Você já me pediu desculpas, e não é necessário pedir desculpas por não corresponder meus sentimentos, é sério.
  - No começo do ano quando sua irmã entrou na escola, ela disse que me ajudaria no trabalho de história se eu fosse falar contigo e então eu pensei que teria uma chance de me aproximar de você de novo, mas agi como se não te conhecesse e ai eu fui idiota, pra não ficar mal diante do meu melhor amigo eu fingi não saber que você existia, suportei ver você e sua irmã sofrendo, me xinguei a cada vez que ouvia alguém falando de vocês e não fazia nada pra defende-las, fui um babaca e tudo isso por causa da auto defesa do .
  - Ham? - Eu estava confusa.
  - Tenho certeza que sua irmã vai te explicar depois. Lembra quando a gente brincava na pracinha? - Ele riu, eu me encolhi, pois fazia frio, então ele me abraçou - Acho que eu tinha 7 anos, falei o dia todo pra minha mãe que tinha te achado legal, mas eu entrei no ensino médio, conheci outras garotas, me relacionei com elas e você já não falava comigo como antes, passava por mim de cabeça baixa...
  - Você sequer se lembrava de mim - Eu o interrompi.
  - Eu nunca me esqueceria da garotinha que se lambuzava toda de sorvete na pracinha, lembra quando você caiu do balanço? - Ele riu - Eu perdi tempo sendo idiota demais,   , achei que uma vida com muito amigos fosse melhor do que uma vida com um amor, mas estava errado, de todos os meus amigos o único que posso confiar é o , eu sei ele é um babaca - Ele disse rindo por eu ter feito uma careta -, mas é meu melhor amigo, ele me encorajou a vir aqui hoje e me declarar pra você.
  - Se declarar? - Eu me soltei do abraço dele, estava confusa.
  - É - ele sorriu, estava corado agora -, a gente se conheceu com 6, 7 anos, tivemos 10 anos pra crescer, amadurecer, aconteceu isso com você da pior forma, perdeu sua mãe, se fechou para o mundo, não fez amigos, só o que posso dizer é que nesse tempo a vida te preparou pra mim, me preparou pra você e eu to pronto agora. Eu já te fiz sofrer bastante - ele abaixou a cabeça -, mas se você deixar teremos a vida inteira pra que eu recompense isso, eu estou, talvez eu tenha sido esse tempo todo apaixonado por você, sou péssimo pra essas coisas, desculpa. - ele me olhou sorrindo, aquilo era fofo.
  - Continua, .
  - Você quer namorar comigo? - Ele estava de joelhos na minha frente, sério aquilo devia ser um filme.
  Pensei em tudo que eu tinha engolido em relação a ele, nas lágrimas, humilhações, pensei no que tinha conversado com uns dias antes, aquilo era tão surreal que se minha resposta fosse não eu juro que poderia ouvir um coro de "ahhhhh" como se minha vida tivesse passando numa tela do cinema e o filme acaba antes das pessoas esperarem, mas eu seria tão burra se eu aceitasse depois de tudo e ao mesmo tempo tão idiota se não aceitasse, esperei 10 anos pra isso, eu tinha que tentar.
  - Sim - Eu sussurrei, me perguntando o que viria a seguir.
   me puxou pra mais perto dele, deu um beijo em minha testa e sussurrou no meu ouvido "Obrigado, eu não vou te decepcionar", meu cabelo caia sobre o rosto, então ele passou umas mechas pra trás da orelha, levantou minha mascara e o mesmo fez com a dele estava cada vez mais perto de mim, quando seus lábios estavam quase tocando o meu, eu abaixei a cabeça.
  - O que houve, ? - Ele olhou fixo em meus olhos, um pouco confuso.
  - Eu nunca beijei antes, . - Senti meu rosto corar, eu já tinha 16 anos, aquilo era um pouco anormal.
  - Eu vou amar ser o primeiro. - Ele sorriu mais uma vez.
  Não abaixei a cabeça dessa vez, também não sei explicar a sensação de quando os lábios do tocaram os meus, quando nossas linguas se encontraram achei estranho, mas estava feliz, ele era o único garoto que em toda minha vida eu tinha sentido algo, por todo esse tempo pela rejeição de eu me bloqueei pra gostar de outros, se eu sofri bullying na escola por supostamente o me odiar imagina no próximo ano as meninas sabendo que eu era namorada dele, eu tinha mais um ano na escola, já ele, e tinham sido o último ano. Por falar nos dois, onde será que eles estavam? Ah, depois ela me contaria, naquele momento eu só queria ficar com .

  ’s POV

  Quando aquela música acabou eu fiquei estatica, não sabia o que pretendia, queria fugir, ele só queria brincar comigo, eu achava mas ele estava tão lindo, usando um terno, seu cabelo estava bagunçado do jeito que eu amava, mesmo com o jogo de luz roxo, rosa, azul... dava pra ver o lindo tom do de seus olhos, ele segurou na minha mão, aquele toque me arrepiava, então ele sussurrou em meu ouvido "Vamos até ali", passamos por todas as outras pessoas, uns nos olhavam como se fosse possível nos reconhecer com aquela máscara, ou se questionando "Quem era a garota que estava com ?" , ele apertava minha mão com as dele, então chegamos na quadra da escola, subiu uma das escadas do auditório e pediu pra eu fazer o mesmo.
  - O que você quer, ? Eu não estou entendendo nada.
  - Você já se perguntou por que eu brigava tanto com você? - Ele disse num tom amigavel.
  - Já. Acho que você é um babaca.
  - Ano retrasado - Ele se sentou no banco -, entrou uma menina nova na escola, ela se parecia com você, tinha o gênio parecido com o seu, o mesmo tom de pele que você, cor dos olhos, cor de cabelo e sabe o que aconteceu? Eu me apaixonei por ela - Ele sorriu, um sorriso fraco -, ficava correndo atrás dela, no começo ela fugia de mim, depois consegui, ela em fim estava comigo, eu fazia de tudo por ela, mas ela me tratava mal na frente dos outros, no fim do ano, nesse mesmo baile, estávamos juntos e de repente ela sumiu, a procurei por todos os lados e a encontrei aqui, onde estamos agora, ela estava transando com outro, eu entrei em choque, não queria perde-la e diante daquela cena na mesma hora eu pensei em perdoa-la, eu fiquei parado ali, os vendo, quando ela me viu, se vestiu e passou por mim correndo, eu fui atrás dela, paramos no meio do baile, perguntei gritando o por que de ela ter feito isso e ela gritou pra todos ouvirem que tinha cansado de mim, que eu era um babaca, falou coisas horríveis, me humilhou na frente de todos, eu chorei na frente de todos também, mas ainda a queria, só que ela foi embora, eu nunca mais a vi. Passei as férias de verão toda trancado dentro do quarto, isso parece um pouco idiota por que eu sou homem, se não acreditar pergunte ao . Quando as aulas voltaram, muitos riam de mim ainda, então eu me tornei isso, não levava nenhuma garota a sério, me bloqueei pra sentir algo por alguém, fiquei esnobe, mas estava certo de estar curado do trauma que ela deixou em mim e ai você entrou na escola esse ano e como eu disse você é parecida com ela, eu precisava descontar a raiva em alguém, eu fiz isso em você, fui um imbecil. Te fiz mal, te humilhei também, mas no dia em que Ash te disse aquelas coisas na frente da turma eu me senti mal de verdade, me senti como no dia que aquela garota fez isso comigo, por isso fui atrás de você, durante todo o ano eu não consegui olhar nos seus olhos, tinha medo, naquele dia eu fiz isso e entendi que eu te fiz todo esse mal porque eu estava gostando de você, mas tinha medo de que você não me quisesse, fizesse o mesmo que ela, a auto defesa que criei sobre mim, você quebrou, é lógico que nada explica como eu fui idiota, mas se você não me perdoar, eu não irei me perdoar pelo mal que te fiz.
   , esnobado, humilhado, apaixonado, amavel, idiota, imbecil. Quantas faces ele tinha? Era muita coisa pra eu digerir, eu acreditava nele sim, mas eu não conseguia esquecer tudo, tinha a expressão triste agora, diferente do garoto que implicou comigo o ano todo, eu o amava mesmo sem ter motivo pra isso, mas meu coração estava quebrado.
  - E por que você está me contando tudo isso? O ano está acabando, você não vai me ver mais, então não precisava perder tempo me falando tudo isso.
  - , eu não quero deixar de te ver, é por isso que eu estou falando tudo isso. To reconhecendo meu erro. Me desculpa, por favor.
  - Eu não costumo dar segundas chances - Repeti a frase que um dia eu disse em sala de aula e todos riram.
  - Eu devia esperar por isso - Ele sorriu fraco -, você me odeia, ?
  - Eu... nã - gaguejei - se eu falasse que te odeio seria mentira.
  - Vão anunciar o rei e rainha do baile, precisamos voltar pra lá. Mas, depois você vai me responder uma coisa.
  - Que coisa? - Disse confusa.
  - Você quer namorar comigo?
  Antes que eu falasse algo, levantou de onde estava sentado, me puxou pelas mãos e fomos correndo até o saguão principal, o diretor já estava falando, vi abraçada com um garoto, que óbvio era o , ela estava sorrindo, ninguém estava mais de máscara, e a rainha do baile foi nada mais e nada menos que Ashley Cole e o rei? , a luz veio nele, todos nos olharam, fiquei de cabeça baixa, não queria que me vissem. Ele soltou da minha mão e subiu no palco, todos estavam em silêncio naquele momento e então ele pediu pra dizer algo no microfone.
  - É, boa noite - Ele sorriu - eu acho que não mereço essa coroa, mas tem duas garotas incríveis que merecem. Elas sofreram muito esse ano, foram vitimas de uma prática de bullying completamente idiota, isso foi culpa minha, mas elas superaram isso, estão aqui hoje e merecem isso muito mais que eu. - quebrou a coroa ao meio, lembro-me de ter visto isso em um filme, "Meninas malvadas", eu acho - , você merece isso. - Metade daquele pedaço de plástico ele jogou a onde minha irmã estava - Eu fui tão idiota esse ano, fiz uma pessoa sofrer sem saber que eu estava amando-a, mas agora to aqui admitindo e perguntando na frente de todos. E ai, , você aceita namorar comigo?
  Dessa vez um luz me iluminou, todos estavam surpresos com aquilo, Ash bufava de raiva em cima do palco, o rei e a rainha deviam dançar uma música juntos mas dependendo da minha resposta aquilo não aconteceria, ele desceu do palco, veio em minha direção, formando em volta da gente um circulo, ele me puxou pela cintura pra mais perto dele, eu fiz que sim com a cabeça, acariciou meu rosto, limpou a lágrima que estava começando a descer dos meus olhos, de leve seus lábios foram tocando os meus, ele me abraçava forte, eu não queria que ele me soltasse. Todos estavam batendo palmas, não sei o porquê. O DJ colocou "A thousand years - Christina Perri", reparei que além de mim e , e estavam dançando também. Aquilo era um sonho.


  Não, aquilo não era um sonho, naquela noite eles nos levaram em casa, descobri que era muito divertido e que apaixonado era muito carinhoso, não é difícil imaginar que não dormi aquela noite não é? Passei a madrugada em claro com a , ela contando como tinha acontecido com ela e , eu contando como tinha sido comigo e o , quando por fim pegamos no sono naquele dia, minha mãe entrou no quarto dizendo pra gente se arrumar que tinhamos visitas e adivinha? Eram eles dois, conversaram com a minha mãe e o pai da , pediram aos dois permissão pra namorarmos em casa, meu padrasto que me tinha como filha disse que seria difícil entregar as duas filhas a dois marmanjos, mas já que não tinha jeito, esperava que eles nos fizessem felizes. E eles fizeram, no ano seguinte, eu fui pra universidade junto com e , minha irmã ainda estava estudando, mas todos os dias na hora saída buscava ela, foi um ano maravilhoso, nas férias do meio do ano viajamos os quatro juntos pra Disney Word, estava vivendo meu primeiro amor, não sabia se iria durar, mas durou, casei com ele quando eu fiz 23 anos, casou com 25; Agora eu, e temos 28 anos, tem 27, fiz faculdade de psicologia e agora trabalho ajudando pessoas que sofre bullying e distúrbios, fez faculdade de direito e é importante lembrar que bullying pode virar processo, o e o são sócios de um grande estúdio de música, moramos em Londres ainda e estou esperando meu primeiro filho ou filha, não sabemos ainda, quer esperar mais um tempo pra engravidar, não poderíamos estar mais felizes, então agora eu entendo que o amor sempre merece uma chance e que as vezes a única pessoa de curar as cicatrizes do teu coração é quem a fez.

FIM



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