Fica Comigo
Escrito por autumn night | Instagram
Revisado por Natashia Kitamura
Prólogo
Los Angeles, 2015
Era uma noite fria de outono em Los Angeles, o clima agradável para uma recepção entre colegas de trabalho. Era véspera do início das gravações de um filme em parceria com outro estúdio e todos estavam muito animados. Desde que se mudou para Los Angeles trabalhar sem parar era o que a fazia mais feliz. Tinha o emprego que sempre sonhou, era assistente de direção e produção de um grande estúdio cinematográfico e quando não estava filmando, trabalhava em alguns seriados de TV, ela também estava começando a dar seus primeiros passos como roteirista. Estava no melhor momento da sua vida profissional.
O salão de festas tinha uma varanda com uma vista maravilhosa da Venice Beach. A cidade cheirava à liberdade. O ambiente no salão de festas era todo revestido de madeira escura com alguns pontos em dourado pelo bar. Ela não conhecia o lugar e seus olhos varreram tudo pegando cada detalhe da decoração elegante. Lá pelas tantas da noite depois de muito champanhe e conversa fiada, Harlow estava pronta para descansar e enfrentar mais um dia normal de trabalho na manhã seguinte. Mas a noite ainda guardava uma surpresa.
Encontrá-lo naquela festa era algo que ela simplesmente jamais poderia imaginar. Lá estava ele, Tom Hiddleston, belo como sempre, tão belo quanto ela se lembrava na última e única vez que o viu tão de perto em uma Comic-Con em San Diego alguns anos antes de ir morar de vez em LA. Parece quase impossível que em 3 anos morando nessa cidade, convivendo diariamente com atores e diretores famosos, ela jamais tenha o visto novamente. É claro ele vivia em Londres, e às vezes passava meses sem sair de lá. Porque justo naquela noite?
Ele conversava animado, seu sotaque e sua risada invadiram o salão, e quando se deu conta, estava o encarando e ele percebeu. Virou o rosto imediatamente e caminhou em direção ao bar onde continuou a observar de longe. O que há comigo? pensou enquanto pedia um drinque ao garçom, não era mais aquela fangirl que idolatrava o ídolo. Muito tempo passou desde que ela surtava por aquele homem.
Ela tinha um autógrafo dele que conseguiu naquela mesma comic con e até uma foto, mas duvidava muito que ele se lembrasse do encontro. Respirou fundo tentando acalmar seus batimentos e esticou o pescoço procurando-o, mas já não conseguia vê-lo em meio às dezenas de cabeças que os separavam. Olhou o relógio e já estava bem tarde, ela precisava ir, tinha que acordar bem cedo e estar no estúdio para uma reunião importante.
***
O dia seguinte poderia ter sido mais um dia comum no trabalho, a sensação estranha da noite passada nem lhe assombrava mais e a gritaria e o corre-corre no estúdio faziam um ótimo trabalho para lhe distrair. As filmagens estavam prestes a começar e ela estava animada.
Ian, seu atual chefe e diretor do filme, entrou na sala de reuniões conversando com um homem e sentiu seu coração parar.
Era ele de novo. Depois que todos fizeram silêncio, o diretor anunciou que em uma decisão de última hora Tom Hiddleston faria uma participação especial no filme e passaria alguns dias gravando com a equipe. Ela sorriu para ele e para seu chefe acompanhando as palmas de todos que vibraram com a notícia.
Seu coração batia forte dentro do peito. Passou espremida pela multidão que o cumprimentava até chegar até eles.
— Ah, aqui está ela. — Ian tocou no seu ombro. — Tom, quero que conheça minha assistente, , ela é um tesouro, meu braço esquerdo e direito. Qualquer coisa que precisar é só falar com ela.
Ian sorriu para ela e ela sorriu de volta tentando parecer calma. Tom ergueu os olhos encontrando os seus e esticou a mão para cumprimentá-la.
— É um prazer. — ele sorriu fechando um pouco os olhos e mostrando os dentes tão brancos e perfeitos.
— O prazer é meu. — ela apertou sua mão e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Repentinamente ficou com vergonha da sua aparência aquele dia. Não costumava se arrumar muito para trabalhar, as gravações e reuniões duravam o dia inteiro, então procurava ir sempre confortável.
Nesse dia ela estava com um jeans velho bem destruído com buracos no joelho, um par de vans preto, também já bem velho, e uma camiseta de mangas compridas cinza, era quase inverno e caía uma fraca chuva naquela manhã quando saiu de casa. Os cabelos curtos estavam soltos e quando se deu conta de que não havia lavado aquele dia rapidamente os prendeu em um rabo de cavalo minúsculo.
Enquanto mexia no cabelo, observou Ian conduzir Tom até a sala dele e foi tirada do seu transe pela voz de um contra regra que dizia que era hora de começar os ensaios com os figurantes. E lá estava ela, aquela mesma sensação que teve ontem quando o viu naquele coquetel. Ela não sabia dizer o que era, não era como se o estivesse conhecendo pela primeira vez, era quase como se ele fosse alguém que ela já conhecia, mas não via há muito tempo. Aquilo estava lhe desconcentrando e fazendo suas mãos suarem. Definitivamente ela não gostava daquela sensação e algo lhe dizia que mais uma vez sua vida iria mudar.
Capítulo 1
Los Angeles, 2015
Em Hollywood o assistente de direção é um profissional que se encontra invisível aos olhos do espectador, mas que define o funcionamento de tudo por trás das câmeras. É nos bastidores que toda a magia acontece.
Ao contrário da maioria das meninas que sonhavam em ser atrizes ao ver lindas cenas de ação ou romance nas telonas, sempre se encantou com os profissionais que faziam tudo aquilo acontecer. Levou tempo, mas conseguiu estudar e trabalhar com o que mais amava.
O som agudo do megafone cortou o ar frio daquela manhã, o ruído alarmou alguns figurantes que estavam por ali. subiu numa cadeira de madeira colocada estrategicamente próxima a ela e fez o seu habitual discurso.
— Sejam bem-vindos! Se estão em busca de sombra e água fresca... estão no lugar errado, meus amigos! — seus colegas de trabalho riram e os novatos se entreolharam desconfiados. — Mas se procuram por trabalho duro e noites mal dormidas, este é o lugar! Meu nome é . Sou a primeira assistente de direção, aos novatos, por favor, se dirijam somente a mim ou aos assistentes de produção aqui ao meu lado. — apontou para Andy e Lucas os dois mais próximos colegas que ela tinha no estúdio, eles eram mais jovens que ela ainda com seus 20 e poucos anos. — Nós temos um cronograma de gravação a seguir rigorosamente, e ele já está devidamente colado em todas as paredes desse lugar. Vamos trabalhar!
Desceu da cadeira após as apresentações e recebeu das mãos de Lucas seu cinto com o rádio, fones de ouvido e um bolso para colocar os scripts. Durante o dia esses acessórios iam se modificando, algumas coisas entram e outras saem e no fim do dia ela parecia um cabide humano coberta por vários itens. O estúdio estava repleto de técnicos, era um filme policial com perseguição e tiros. A equipe de cenários e som estava trabalhando duro.
Abaixou a cabeça para encaixar o megafone no cinto e um pesado par de botas parou diante dela, desviando sua atenção para o chão. Seus olhos foram subindo, ele usava um jeans azul escuro, camiseta branca um pouco colada marcando alguns músculos do abdômen e jaqueta preta de sarja e finalmente um par de olhos azuis, tão azuis que nem pareciam reais, e ele estava muito próximo a ela o que a fez dar um passo para trás e, então, ele sorriu.
— Eu adorei o discurso! — ela corou na hora sentindo o rosto queimar, felizmente a pele escura disfarça bem o tom avermelhado.
— Oh... — sorriu tentando explicar. — Aquilo foi só pra quebrar o gelo.
Fez-se um silêncio por alguns segundos.
— Ehh… Sou uma grande fã do seu trabalho — falou e se arrependeu imediatamente, mas agora iria até o fim. — Acompanho desde sempre e é incrível, será um prazer mesmo trabalhar com você nesse projeto. — ele ficou sério por um momento e depois sorriu novamente.
— Obrigado, estou ansioso para começar a gravar. Adorei o clima entre as pessoas aqui, acho que vou adorar.
A voz dele preenchia cada milímetro do ambiente, era como se todos os outros ali presentes ficassem mudos e só se pudesse ouvir o tom da voz e o sotaque absurdamente charmoso daquele britânico.
Outro silêncio se fez quando ela sorriu de volta, ele parecia tentar ver alguma coisa através dela e isso a deixava extremamente desconfortável. Não gostava da sensação que isso causava. A voz de Ian os assustou ao mesmo tempo, ganhando a atenção para ele.
— , vou levar o Tom até lá fora e depois vou resolver algumas coisas. Cuide de tudo aqui até eu voltar.
— Claro, pode deixar. — respondeu imediatamente.
Ian fez sinal para que Tom o seguisse e ele olhou para ela uma última vez sorrindo e acenou com a mão.
***
Horas mais tarde a quantidade de pessoas havia diminuído e Andy e Lucas já estavam indo embora enquanto ela ainda tentava colocar alguns papéis em ordem e, ao mesmo tempo, comia uma maçã tentando enganar a fome. era extremamente exigente com seu trabalho e gostava que tudo estivesse perfeito, com tanta dedicação sobrava muito pouco tempo para comer.
— Você precisa ter pelo menos uma refeição decente por dia! — Lucas falou do outro lado da sala jogando a mochila nas costas.
— Maçã é saudável. Esteja aqui às sete nem um minuto a mais. — falou sem olhar para ele.
Andy passou por ela, puxando um pouco seu rabo de cavalo.
— Boa noite, .
Ela acenou para eles uma última vez antes que saíssem. Olhou rapidamente pela janela e viu que a lua já estava alta no céu e que todos estavam indo embora. O clima frio era persistente e ela sentia falta do verão, o quente e seco verão californiano. Sentiu o celular vibrar no bolso do seu jeans e atrapalhada com a maçã tentou atender. Era Dakota, uma ex-vizinha e colega. Dakota morou na porta ao lado quando ela se mudou para a cidade e durante alguns meses foram bem próximas, agora se limitavam a almoçar juntas, ou ir ao cinema nos fins de semanas.
Apesar da vida profissional de sucesso que possuía, sua vida social era quase inexistente.
— Oi, Dakota. — falou ainda tentando equilibrar o telefone.
— E então, quer uma carona? — ela disse fazendo uma voz manhosa.
— Ah, obrigada! Mas não. Tenho que ir direto pra casa, amanhã preciso estar aqui bem cedo.
— E quem disse que eu não te levaria para casa?
— Céus, Dakota, conheço bem você. — deu mais uma última mordida na maçã e jogou o que restava na lixeira.
— Eu estou carente... queria companhia. — não respondeu. — Ok, mas nos vemos no fim de semana?
— Sim. Saímos no sábado. — declarou por fim, tentando fazê-la desligar.
— Certo, vou deixar você em paz por hoje. Tchau!
Desligou o celular e o jogou dentro da bolsa, fechou a mochila e a colocou nas costas caminhando em direção à saída. Dakota sempre foi a diversão em pessoa e adorava tomar todas e divertir-se em boas festas regadas a muita bebida, já tem uma bateria social bem mais fraca. Mesmo assim, as duas sempre se deram muito bem mesmo quando Dakota conseguia ser grudenta.
sempre prezou muito pela sua liberdade. Sempre gostou de estar sozinha.
Caminhou até o seu Jeep Compass preto recém adquirido e em 30 minutos estava em casa, um complexo de apartamentos de solteiro bem modesto, mas bem aconchegante. Havia três cômodos, uma pequena sala com um grande sofá cinza e uma TV enorme, uma cozinha que também era sala de jantar com uma mesa de vidro com dois lugares e um fogão raramente usado e a suíte com uma cama King Size bem confortável e seu guarda roupa onde ficava sua bagunça. Tudo bem simples, mas tudo comprado com dinheiro ganho à custa de muito trabalho. tinha muito orgulho de tudo que conquistou e queria mais, muito mais.
Naquela noite, se virou na cama de um lado para o outro por horas sem conseguir tirar a imagem de Tom Hiddleston da sua cabeça. O homem era absurdamente sexy e incomodava o fato de não conseguir se concentrar em nada desde que ele apareceu. Ela não podia negar que estava ansiosa para trabalhar com ele e conhecê-lo melhor, não só o ator, mas também o homem que ele era atrás das câmeras.
***
Na manhã seguinte ela estava mais atrasada do que o habitual. Quando finalmente chegou ao estúdio, ainda um pouco atordoada com o barulho do trânsito, ela correu direto para a sala de reuniões onde Ian daria as instruções gerais para o começo das filmagens.
Colocou a mochila no chão e desabou em uma cadeira próxima a porta, se abaixou para pegar o Ipad na mochila e quando ergueu a cabeça para olhar para Ian que estava em pé na cabeceira da mesa, Tom se sentou sorrateiramente ao meu lado.
— Bom dia, ! — disse sorrindo.
Ela foi surpreendida pela aparência dele. Quem consegue estar tão lindo e radiante aquela hora da manhã? Tom segurava um copo de café com a logo de uma cafeteria famosa e bebericava o líquido fumegante devagar.
— É , por favor. Bom dia!
ligou o iPad e se abaixou novamente para tirar uma barra de cereal da bolsa.
— Só isso? — ele acenou em direção ao seu lanche.
Tom se inclinou tão perto dela que ela conseguiu sentir a respiração dele na sua bochecha. E de repente a sala parecia menor, mais quente.
— Nada de café? — falou com a voz mais baixa.
— Ah, eu não consigo comer direito pela manhã. Geralmente tomo café sim, compro do outro lado da rua, depois que tudo se acalma por aqui.
Novamente o silêncio por alguns instantes.
— E?
— E o quê? — ela disse sem olhar para ele.
Ian os interrompeu começando a falar sobre o filme, o cronograma, os prazos, etc. Tom estava desviando o olhar de mim gradualmente e ainda pude ouvi-lo sussurrar entre dentes.
— Tão misteriosa.
Após os avisos ela se levantou, amarrou todo seu equipamento na cintura e pediu que Tom a acompanhasse até o camarim que seria dele por alguns dias. Abriu a porta dando passagem a ele que entrou segurando a porta para que ela também entrasse.
— Obrigada, mas sou eu que devo fazer isso. — ela sorriu.
— Eu faço questão.
— Bom, me avise se precisar de algo, ensaiamos em... — olhou no relógio por um momento. — 30 minutos. — tentou sair depressa da sala.
— !
Quando começou a trabalhar em Hollywood, ela decidiu que queria ser chamada pelo sobrenome, mas nunca o tinha ouvido tão lindo como ele soava naquele sotaque sexy.
— Posso ir com você quando for comprar café? — disse passando as mãos nos cabelos e sentando na cadeira em frente ao espelho.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos com a boca aberta sem saber o que dizer.
— Eh... Posso trazer café pra você.
— Não, quero ir junto. Caminhar um pouco. Você se importa se eu for?
— Não... Claro que não.
Ele abriu o sorriso largo dele, divertido, meio infantil até, e ela ficou totalmente sem reação, apenas se virou e caminhou em direção à saída.
Ela não sabia o que estava acontecendo, estava totalmente desconcentrada e envergonha como uma garota de escola. Não entendia o porquê daquele interesse dele em caminhar com ela até o outro lado da rua, mas sabia que ficar perto dele estava lhe deixando maluca. Precisava empurrar os pensamentos sobre Tom Hiddleston para o fundo da sua mente para poder conseguir trabalhar.
Capítulo 2
Los Angeles, 2015
Os dois saíram do estúdio sob os olhares curiosos da equipe. Caminharam em silêncio até o café e quando se ofereceu para ficar na fila, Tom recusou e permaneceu ao seu lado.
Após fazer o pedido, se dirigiram para uma mesa próxima à janela com vista para a rua. Tom sentou-se do outro lado da mesa de frente para ela. Ele estava incrivelmente lindo e irritantemente confiante. O silêncio entre eles continuava e Tom não tentou fazer com que ela falasse. Havia um brilho no olhar dele, parecia que ele sabia que a deixava nervosa.
pensou em mexer no celular e fingir uma ligação, mas isso seria rude, então manteve o silêncio. Um sorriso travesso ressaltou ainda mais os olhos dele quando ele se inclinou um pouquinho mais perto dela.
— Então, qual é sua história? Você sempre foi , a assistente de direção?
— Não. Na verdade, me formei em Comunicação antes de tentar o cinema — falou tentando não olhar naquele rosto hipnotizante.
— É isso? Você não vai me dizer nada sobre você? — Ele parecia decepcionado.
— O que você quer saber?
— O de sempre. Desde quando você vive em Los Angeles, planos para o futuro, se você é solteira... Coisas do tipo. — Ele tentou parecer sério, mas era notável sua curiosidade e animação.
— Estou aqui há dois anos, pretendo dirigir um filme um dia, não quero ser a assistente para sempre e estou solteira.
Com um suspiro ele continuou a olhar nos seus olhos.
— Mas e você? Já soube da indicação ao Globo de Ouro. Parabéns.
— Obrigado, mas não vamos falar de mim. Você é mais interessante. Há algo em você que não consigo ver, , eu estou mesmo curioso.
A mulher estava acostumada com flertes, homens e mulheres flertavam com ela o tempo todo. Sendo uma mulher adulta prestes a completar 30 anos, vivendo em Los Angeles e trabalhando na indústria do cinema, o flerte era algo corriqueiro. De fato, ela gostava de flertar, era divertido. Às vezes ela levava a diante e acabava aceitando um convite para sair, e sexo casual não era algo que ela fosse contra.
O problema é que ela sabia que Tom estava tentando flertar com ela. Ela deveria saber lidar com isso, mas nos últimos dias tudo que ela conseguiu fazer foi fingir-se de desentendida e gaguejar na frente dele.
— Curioso com o quê? — falou apoiando os cotovelos na mesa.
A garçonete escolheu esse momento para trazer os pedidos, dando a ela mais algum tempo para se recompor.
Tom se ajeitou na cadeira, começou a mexer na sua bebida e infelizmente não conseguiu deixar de notar as mãos dele. Por Deus, aquelas mãos. Tom Hiddleston era gentil, educado, tinha ombros largos e mãos muito bonitas.
A garçonete colocou uma fatia de bolo de chocolate no meio da mesa, e notou, surpresa, que era um pedaço bem maior do que ela estava acostumada a pedir. E veio com dois garfos.
Ela encarou o bolo sem saber como agir. Podia sentir o olhar dele sobre ela enquanto ele bebia seu café. Notando que ela não o faria, ele tomou a iniciativa.
— Você se importa? — questionou pegando um garfo para si.
As palavras dele a acordaram e ela fez o mesmo.
— Não, claro que não.
comeu em silêncio, apreciando o delicioso sabor do chocolate por um tempo, até sentir que era observada.
— Você não vai comer? — perguntou.
— Eu estava apreciando a vista.
Ela revirou os olhos.
— Não faça isso.
— Não fazer o quê?
Ela suspirou e continuou a comer.
— Você tem ensaio em 20 minutos, melhor comer mais depressa.
Ela notou que algumas pessoas na cafeteria olhavam disfarçadamente para eles, e algumas crianças apontaram os celulares na sua direção. tentou esconder-se para não aparecer em nenhuma foto.
— Está se escondendo? — ele perguntou sério.
— Não quero aparecer em sites de fofoca.
— Qual problema disso? Todo mundo compra café.
— Não com assistentes. Eu deveria levar o café para você.
— Posso comprar meu próprio café. — Ele parecia quase irritado agora. — Não ligo para paparazzi.
— Não é bom que me vejam com você.
— Qual o problema de eu ser visto com você?
— Do que estávamos falando? — perguntou, afastando o calor que subia pelo seu rosto.
— De você. Disse que está solteira?
— Ah, hum, sim, não tenho tempo para namorar.
— Por quê?
— Na verdade, não vim para cá pensando em achar amor. Queria trabalhar no que gosto, subir na carreira. Qual é a do interrogatório? — Ela sorriu tentando disfarçar seu incômodo com o assunto, ele riu de volta sem responder.
Vários olhares se lançaram sobre eles quando voltaram ao estúdio, mas o dia de gravação seguiu normalmente.
Os dois conversavam o tempo inteiro quando as câmeras estavam desligadas. O jeito simpático e divertido dele fazia baixar a guarda e ela ficava cada vez mais derretida na sua presença. Ela se concentrava e se esforçava para tratá-lo de forma apenas profissional, mas não havia mais como voltar atrás.
Tudo que ela sabia sobre ele era o que havia lido em todo o tempo que foi uma fã. Agora, tão de perto, ele parecia um homem comum, mas não era. Ele era um ator famoso que estava cada vez mais em evidência e era perigoso nutrir qualquer outro tipo de sentimento por ele que não fosse platônico.
Conforme os dias foram se passando, os dois tiveram que lidar com os persistentes rumores no estúdio sobre estarem muito próximos. A indicação dele ao Globo de Ouro fez todos os paparazzi da cidade o perseguirem e chegaram a ser fotografados juntos por um site onde a legenda dizia o seguinte:
"Indicado ao Globo de Ouro, Tom Hiddleston grava participação em filme em Los Angeles e toma café com uma funcionária do estúdio na manhã desta quarta-feira."
— Estou horrível nessa foto, olha só, estou com a boca aberta — falou irritada.
— Isso não é possível. Você é linda — disse o homem a encarando.
Foi a primeira vez que Hiddleston a elogiou diretamente e ela simplesmente devolveu o tablet às mãos do homem e saiu andando. Suas pernas tremiam forte e achou que fosse cair. Não queria que ele mexesse tanto com ela daquele jeito. De jeito nenhum.
Tom era um homem sério. Pelo que se sabia de bastidores, ele teve algumas namoradas, apesar de nada muito duradouro. A reputação de no estúdio era totalmente o contrário, ela nunca fora vista com um homem mais de uma vez, e quanto mais os dois eram vistos juntos, mais as pessoas entendiam que o relacionamento era apenas platônico. Ele continuou a sentar ao lado dela nas reuniões e continuaram a conversar e tomar café falando sobre os mais variados assuntos.
Era manhã do último dia de gravação dele. Tom iria voltar para Londres e só voltaria a Los Angeles um mês depois para a premiação. A mulher não sabia bem como se sentir em relação a isso, mas tentava se convencer que estava tudo bem, sua vida seguiria normalmente. Logo as gravações externas do filme iriam começar e ela estaria muito ocupada para pensar em qualquer coisa que não fosse trabalho.
— É meu último dia aqui. Vou sentir falta de todos. Principalmente de você — ele disse quando ela foi chamá-lo para a gravação.
tentou ser profissional fazendo cara de paisagem.
— Também vou sentir sua falta. — Sorriu.
Tom veio na sua direção e segurou sua mão.
— O que você acha de jantar comigo hoje? — A pergunta a assustou.
— Como um encontro?
— Sim. — O ator acariciou a mão dela.
— Tom, isso não é uma boa ideia. — ficou séria, mas o homem manteve firme o sorriso. Sua resposta foi rápida:
— Por que não?
— Porque não seria correto.
— Você tem namorado?
— Não.
— Então, por que não seria correto? — Ele abriu um sorriso torto. — Eu acho que seria muito correto.
O sorriso dele a fez sorrir e perder a linha de raciocínio.
— É complicado. Nós dois estamos trabalhando juntos.
— Minhas gravações acabam no fim da tarde, hoje à noite não seremos mais colegas de trabalho. Onde está a complicação?
— Eu não tenho certeza.
— , vou ser mais direto. Você é linda, divertida, charmosa, gosto de conversar com você e estou te convidando para sair — Tom continuava a falar com naturalidade, como se aquela situação fosse a coisa mais normal do mundo. — Me deixe te levar para jantar. Apenas jantar. Serei o mais perfeito cavalheiro.
ficou em silêncio processando aquilo tudo, sua mente girando, mas ela já tinha sua decisão.
— Vou pensar — falou rapidamente. — Vamos logo gravar, você está quase atrasado.
Nesse momento o ator sorriu e se inclinou, beijando a bochecha da assistente de direção. O corpo dela se acendeu inteiro imediatamente respondendo ao toque dos lábios dele na sua pele.
— Primeiro me responda. — Tom soltou a mão dela e se sentou na cadeira.
— Estamos atrasados, vamos logo…
— Você já pensou?
— Se eu disser que sim, você levanta daí?
— Sim.
— Está bem, vou jantar com você.
— Ótimo! — Ele levantou. — Me manda seu endereço e eu te pego às 19 horas. — Ele saiu do camarim a puxando pela mão.
passou o resto do dia pensando que aquilo era uma péssima ideia. Tom era um homem lindo, simpático e excelente companhia, mas nunca passou pela cabeça da mulher sair com o ator como em um encontro. Todo aquele flerte era apenas o jeito dele, nada de mais estava acontecendo. Ela havia convencido a todos e a si mesma que os dois seriam apenas amigos e que aquilo tudo acabaria quando ele voltasse para Londres. desejava não sentir um aperto no coração sempre que esse pensamento invadia sua mente.
Capítulo 3
Los Angeles, 2015
Naquele fim de tarde, foi embora sem se despedir de Tom, mas ele enviou uma mensagem confirmando que a pegaria em casa às oito. Ela não se lembrava da última vez que ficou nervosa com um encontro, mas isso era porque raramente ia em encontros com pessoas que realmente achava interessante.
Ela nunca foi uma fã histérica de Hiddleston, mas foi viciada em tudo que ele fez no cinema e na TV durante muito tempo. Sair para jantar com ele com certeza era algo que nunca passou pela sua cabeça.
Saiu do banho e conferiu pela milésima vez todas as suas roupas. Sentou na cama e deu uma olhada geral pelo que havia separado. Não podia negar a vontade de agradá-lo vestindo algo que o deixasse impressionado. Queria parecer sexy aquela noite. Sabia que não devia se importar com o que vestiria para o jantar, que aquilo não era um encontro romântico com Tom Hiddleston, mas, no fundo, ela se importava. A mulher via um desejo no olhar do ator que a estimulava, sentia-se bem sabendo que despertava isso nele.
Se olhou no espelho uma última vez e gostou do que viu. Escolheu usar um vestido preto de alças finas, parecia algo simples e básico, mas o caimento do tecido abraçava as curvas do seu corpo de um jeito quase obsceno, mesmo que o comprimento dele fosse até alguns centímetros acima dos joelhos. Sexy e elegante na medida certa.
enrolou as pontas dos cabelos, retocou o esmalte das unhas e passou o batom da mesma cor: um tom escuro de vermelho. Era um pouco demais para um primeiro encontro... primeiro e único, afinal ele iria embora no dia seguinte. Franziu a testa para o espelho.
Deu uma última olhada no espelho, sentindo-se culpada, mas resolveu que devia aproveitar a noite. O vestido era sexy. Por que não mexer um pouco com ele também? O homem vinha fazendo isso com ela há dias com aquele sorriso e toda a atenção que dava para ela.
A campainha tocou a assustando e seu coração rapidamente acelerou. Respirou fundo, pegou a bolsa em cima da cama e foi abrir a porta.
Tom segurava um pequeno buquê de flores alaranjadas, estava de calça social e camisa por dentro. E cheirava tão bem que ficou tonta por alguns segundos. Ele a analisou rapidamente de cima a baixo, depois voltou a olhar para o seu rosto.
— Nossa, você é a criatura mais linda que já vi na minha vida — disse com os olhos brilhando e ela sentiu seu rosto queimar e os joelhos fraquejarem.
— Você também está ótimo.
Tom estendeu a mão e a levou até o táxi, abriu a porta para ela, assim que entraram, ele perguntou:
— Então, aonde vamos?
— Há um restaurante de comida italiana próximo daqui, acho que você vai gostar.
— Sei que vou adorar. — O homem sorriu. O olhar dele para ela era tão intenso que a deixava sem palavras.
— Não olhe assim para mim.
— Assim como? — questionou ainda sorrindo.
desviou o olhar para a rua para não ter que lidar com aquilo naquele momento.
Quando chegaram ao destino, foram conduzidos à mesa reservada perto da janela da sacada. O garçom reconheceu o ator, mas disfarçou bem a surpresa. O lugar não ficava na parte badalada da cidade e provavelmente não recebia muitas celebridades.
O restaurante não tinha muitos clientes e não demorou para serem atendidos. Fizeram o pedido e Tom pediu uma garrafa de vinho.
— Este lugar é muito agradável — sussurrou, apoiando-se na mesa —, bem menos movimentado do que os restaurantes de Bel Air. Você vem muito aqui?
— Algumas vezes. Sempre que tenho tempo para sair e comer fora, prefiro ir a lugares menos movimentados. A comida é ótima, você vai adorar.
— Você não gosta de sair à noite?
— Depende. Não tenho muitos amigos aqui, e todos eles são caseiros. — Ela não deu mais detalhes e apenas sorriu para ele.
— Você não se abre muito, senhorita .
— Se eu te contar mais, você pode ficar muito interessado em mim — brincou
— Impossível que eu fique ainda mais interessado em você do que já estou agora.
— Muito engraçado.
— Quem está brincando?
Ele a olhou daquele jeito novamente, e não parecia que iria continuar falando. tentou voltar a comer, mas era difícil se concentrar com ele na sua frente. Sentado atrás de um prato de macarronada à bolonhesa, Tom era o retrato de um cavalheiro inglês incrivelmente sexy.
Uma mulher se aproximou da mesa e, educada, pediu um autógrafo e uma foto, ele a atendeu com um sorriso satisfeito. Tom era uma companhia maravilhosa. não podia negar que adorava estar perto dele apenas olhando, ele era lindo por dentro e por fora.
Conversaram o tempo inteiro sobre comida, o filme, sobre futuros projetos do ator e a possibilidade de ganhar o Globo de Ouro. Tom era extremamente charmoso, divertido e dizia todas as coisas certas. Era impossível resistir.
— E agora, o que vamos fazer? — ele perguntou quando a sobremesa já havia sido servida e a garrafa de vinho estava quase vazia.
— Eu trabalho aos domingos em épocas assim. E você vai pegar um avião bem cedo então.
Ele a levou para casa, desceu do táxi, abriu a porta para ela e a conduziu pela escada segurando sua mão até a porta do apartamento. Nunca um homem havia sido tão cavalheiro com ela em toda sua vida.
— Obrigada, Tom. — A mulher sabia que estava com um sorriso ridículo no rosto após tanto cavalheirismo. — Foi ótimo. Me diverti bastante.
— É cedo demais para te convidar para um segundo encontro?
— Tom... Você está voltando para casa. Nos veremos de novo na estreia do filme-
— Eu gosto de você, — ele falou a interrompendo.
A mulher prendeu a respiração involuntariamente.
— Não faça isso comigo.
— Você é linda, é inteligente. Eu me sinto tão vivo perto de você. Quando toco em você, meu corpo toma um choque.
— Por que, Tom? Isso é loucura... — Sorriu nervosa.
— Diga que não sente o mesmo. Diga que não há uma química entre nós desde o primeiro dia.
Ela respirou fundo.
— É claro que sinto, mas isso é normal, você é um homem atraente e ficamos muito próximos, mas trabalhamos juntos, não podemos misturar as coisas.
— Não trabalho mais com você desde essa tarde. — Tom riu tentando fazer graça da situação.
— Quando você entrar naquele avião tudo isso vai passar. Daqui a uma semana você nem se lembrará de mim. Não vamos estragar essa conexão legal que temos.
— Impossível. Penso em você o dia inteiro. Gosto de você.
— Tom…
— Sim, eu gosto. — O homem se aproximou e ela sentiu novamente o perfume embriagante da pele dele. — Eu quero saber se você gosta da ideia de eu gostar de você?
— Eu... — Ela pensou um pouco, mas não conseguia pensar em nada do que falar para ele. Não sabia o que dizer.
E então o silêncio. Ele encarou seus lábios por alguns segundos e antes que ela pudesse pensar se ele ia beijá-la ou não, Tom segurou seu rosto com as duas mãos e a puxou para perto, pressionando os lábios nos dela suavemente. Seus lábios eram macios, quentes, era maravilhoso. Ele se afastou por um momento para conferir a reação da mulher, vendo que ela estava esperando por mais, ele avançou com mais força. Hiddleston a encostou na parede do corredor, as mãos apertando com força seu quadril contra o dela. A língua explorando cada canto da sua boca, brincando por dentro dela, mordiscando o lábio inferior e indo cada vez mais fundo.
Ela gemeu com os beijos e afundou as unhas nos ombros dele. Puxou para mais perto, encostando no peitoral dele, tão musculoso que nem parecia real. Mas era muito real, não estava sonhando. Tom Hiddleston a estava beijando apaixonadamente no corredor do seu prédio.
O beijo diminuiu de intensidade até que os dois se separaram. Ela abriu os olhos e viu o rosto dele ali pertinho do seu, os olhos azuis ardendo de tesão. Ela sentia o mesmo, estava úmida entre as pernas.
— Tom… — Ela o empurrou de leve. — É melhor você ir. Você precisa dormir bem, é uma viagem longa.
Ele fechou os olhos e respirou fundo.
— Tudo bem… — Ele parecia triste de um jeito que ela nunca havia visto. — Adeus, . — Ele se virou e desceu rápido pelas escadas.
abriu a porta do apartamento, apressada, e a bateu se encostando nela. Respirou fundo e deslizou nela até parar sentada no chão. A culpa a invadiu imediatamente. O que havia feito? Acabara de beijar o homem mais maravilhoso da terra e o mandou embora. O arrependimento tomou conta de cada célula do seu corpo. Levantou do chão tropeçando no salto e jogou a bolsa no sofá da sala, abriu a porta e correu descendo as escadas, mas era tarde demais, ele não estava mais lá.
Entrou novamente no apartamento e se atirou na cama enfiando a cara no travesseiro. "Foi melhor assim" repetiu para si mesma durante o resto daquela longa noite mal dormida.
Capítulo 4
Los Angeles, 2015
acordou antes do despertador, vestiu um moletom e saiu para correr. Deu quatro voltas no quarteirão rezando para que todos aqueles sentimentos confusos que tinha saíssem do seu corpo com o suor.
Voltou para casa com café e outras guloseimas. Nos domingos ela entrava no estúdio mais tarde, então esse sempre era o dia que ela conseguia se alimentar um pouco melhor. Tomou um banho e comeu devagar, estava totalmente distante de tudo ao seu redor.
Ela ainda estava tremendo com as novas sensações que Tom lhe causava. Tinha consciência de que não era mais uma adolescente e já havia se envolvido com muitos homens e mulheres, mas isso era totalmente novo. Foi apenas um beijo de alguns segundos, ou horas. Mas toda vez que parava para pensar sobre isso estranhamente seu corpo tremia e seu coração disparava.
Vestiu um jeans escuro, uma camiseta simples e as botas de cano curto que usava sempre, colocou um casaco comprido e foi para o trabalho. Aos domingos, em época de filmagens, só os diretores e assistentes costumam ir para o estúdio, as gravações externas iriam começar na manhã seguinte, seriam dez dias nas ruas de Los Angeles, e cinco dias em Miami. Ela estava empolgada em ir para Miami antes de Tom aparecer e bagunçar toda sua vida. Agora estava aborrecida por ter que viajar.
— Bom dia chefinha. — Andie a cumprimentou quando entrou na sala, foram as primeiras a chegar. — Aqui está a lista de locações, a papelada das permissões, a lista de figurinos, etc. Você só precisa conferir se está tudo certo e entregar para o chefão aprovar. — Ela colocou uma pilha de papéis na mesa na sua frente.
suspirou.
— Bom dia, Andie. — Falou começando a mexer nos papéis.
— Você está bem? Você parece tão desanimada.
Andie a encarou procurando seus olhos.
— Estou bem... mais ou menos.
soltou os papéis e olhou para sua assistente.
— Pode falar, estamos sozinhas.
Andie sentou-se ao lado dela.
— É que tem um cara.
— Uau... espera um momento. Você disse um cara? Você está assim por um homem? Isso é inédito, você nunca se apega. — ela brincou.
— Esquece. — Falou voltando a mexer nos papéis.
— Ei, me desculpe, foi só uma piadinha. Continue.
— Na verdade, tinha um cara. Ele e eu éramos amigos, mas ele me chamou para sair e tudo ficou confuso.
Falou sem olhar para ela e torcendo para que não ficasse óbvio que estava falando de Tom Hiddleston. Nas últimas semanas todos haviam notado o quanto os dois estavam próximos.
— Vocês saíram?
— Sim.
— Foi bom?
— Sim. — suspirou — Foi fantástico. Perfeito. Ele é... — Ela não conseguia pensar em uma palavra que pudesse descrever Tom. — Foi o melhor primeiro encontro da minha vida.
— Uau! — Andie falou arregalando os olhos. — Vocês ficaram?
— Rolou um beijo, e foi perfeito também. — Falou colocando os cabelos atrás das orelhas e encarando sua assistente.
— Então, e depois do beijo? — ela estava empolgada. — Vocês vão sair de novo?
— Não. Porque depois do beijo eu o mandei embora.
— O quê? Você está brincando? — ela riu — O primeiro homem que mexe com você de verdade em muito tempo e você o dispensa?
— Tive que fazer isso. Ele não é como os outros eu não podia... Bom, agora já era.
O barulho de conversa e passos do lado de fora da sala fez com que ela voltasse sua concentração para o trabalho.
Ian, Lucas e mais dois técnicos de som entraram na sala, mas ainda teve tempo de ouvir Andie sussurrar uma frase que a perseguiria pelos próximos dias.
— Você parece arrependida.
***
Chegou em casa exausta de tentar manter a concentração. Sentiu falta dele o dia inteiro, fazendo comentários engraçados, dando aquela risada gostosa de ouvir ou até mesmo quando ele prestava atenção em algo que ela falava com aqueles olhos azuis tão expressivos.
Entrou no apartamento naquela noite desejando muito a sua cama. Mas antes que pudesse se acomodar, alguém bateu na porta. Era Dakota. desmarcou com ela na noite anterior para poder sair com Tom e devia ter imaginado que ela apareceria mais cedo ou mais tarde
— Olá, você não ligou para remarcar, então eu vim. Trouxe comida chinesa.
suspirou ao vê-la entrar sacudindo os cabelos loiros cheia de sacolas na mão. Ela não estava mesmo no clima para isso, mas não havia como ela desistir, então, deixou que ela ficasse à vontade.
— Oi D, eu ia ligar antes de dormir. Vou tomar um banho, fique a vontade.
— Certo, vou arrumar tudo por aqui.
Quando voltou à sala, Dakota tinha preparado a mesa como se estivessem em um restaurante choque, o que a fez se lembrar novamente de Tom.
— Gostou? — ela perguntou animada enquanto se aproximava agora vestindo uma camisola.
— Está perfeito. Obrigada.
Num impulso, se inclinou sobre Dakota que estava sentada à mesa e segurou seu rosto com uma das mãos, beijando o canto da sua boca devagar. Quando se afastou, a amiga parecia surpresa.
— Nossa. Já fazia muito tempo desde a última vez. — disse piscando várias vezes.
— Me desculpe. Eu não sei o que me deu.
— Não estou reclamando, na verdade, adorei.
Dakota se levantou e puxou pela cintura, trazendo seu corpo para perto. Esperou sentir o fogo que queimava entre as duas anos atrás. Mas não havia nada.
— Nada? Achei que teríamos um momento aqui.
— Me desculpe se passei a ideia errada. Estou cansada, muito trabalho.
sentou-se na cadeira e puxou o braço da amiga para que sentasse ao seu lado.
— Tudo bem, vamos só comer, então.
***
As semanas seguintes foram exaustivas, ela sentia falta de Tom, queria ligar para ele, mas sua razão dizia para não fazer isso, para não se deixar levar pelos seus sentimentos confusos. tinha consciência que ela e Tom eram de mundos diferentes, e ela não tinha mais idade para acreditar em contos de fadas, não existia uma realidade onde os dois dariam certo.
O dia da premiação do Globo de Ouro se aproximava e ela ficava nervosa só de pensar em vê-lo pela TV. Com certeza ela não esperava o que ia acontecer.
Em uma noite após chegar exausta do trabalho, ela tomou um banho quente e se jogou no sofá assistindo 90 Day Fiancé acompanhada de sorvete e pipoca. Mas foi interrompida por algumas batidas frenéticas na porta.
Levantou para abrir imaginando que fosse Dakota, as duas não se viam desde que chegara de Miami. Quando abriu a porta sem verificar quem estava lá fora, seu coração parou de bater no peito. Parou de verdade, tão surpreso que esqueceu como funcionava.
Tom estava vestindo jeans, e um moletom com o capuz escondendo um pouco do seu rosto. Ela nunca havia o visto tão simples e, ao mesmo tempo, tão sexy, a barba estava por fazer e os cabelos um pouco crescidos. Os olhos azuis a encaravam intensamente.
— Boa noite, . Posso entrar?
— O que... O que você está fazendo aqui? — ela respirou finalmente depois do choque.
— Bom, eu deveria estar aqui no sábado, mas eu precisava te ver e decidi vir antes. — Ele abriu um sorriso.
— Você é louco.
— Se você quiser, vou embora. — Ele ficou serio por um momento. — Mas eu preciso saber de uma coisa antes.
permaneceu calada e ele continuou.
— Você pensou em mim alguma vez? Porque pensei em te ligar várias vezes.
— Todos os dias o dia inteiro. — Ela abriu um pequeno sorriso para ele na esperança de tranquilizá-lo.
Ele sorriu e a empurrou para dentro do apartamento. Antes que pudesse reagir, os dois já estavam agarrados. Seus lábios estavam quentes e ela sentiu um leve sabor de hortelã, escutou ele fechar a porta com o pé, e sentiu a parede fria quando ele a encostou nela. Seus dedos entrelaçam o cabelo dela e sua outra mão a puxou forte contra seu corpo.
sentiu cada pelo do seu corpo se arrepiar quando os lábios dele encostaram na pele do meu pescoço e sua barba mal feita roçou ali fazendo-a suspirar. Ele parou por um momento e a observou.
— Você é tão linda... — sussurrou contra os seus lábios, abriu os olhos com um sorriso de lado, e, sem pensar duas vezes, colou novamente sua boca na dele.
Tom apertou seu corpo contra o dela, movendo suas mãos grandes contra as suas costas e cintura. Seu toque era tão delicado e, ao mesmo tempo, tão excitante. suspirou quando as mãos dele adentraram na camiseta do Artic Monkeys dois números maiores que ela, e ele hesitou quando percebeu que ela não estava usando sutiã.
— Vamos devagar. Eu esperei muito por isso, quero aproveitar cada segundo. — a voz sexy dele a enlouquecia, ela voltou rapidamente a beijá-lo, dessa vez no seu pescoço dando leves mordidas.
— Tudo bem, vamos depressa, então.
puxou o moletom dele em um só movimento e ele puxou sua camisa na mesma velocidade jogando num canto qualquer da sala. Caminharam até o quarto esbarrando nos móveis pelo caminho e ela o largou por um momento para empurrar alguns papéis que estavam na cama para o chão. Quando se virou novamente, ele estava encarando seu corpo.
Devagar ele começou a andar na sua direção. O coração dela acelerou conforme ele se aproximava. A poucos centímetros, ele parou e a observou. Seu peito subia e descia, sua respiração estava ofegante. Era bom ver o quanto a atração que sentiam também o afetava.
Ele desfez o lacinho do nó do seu short e deslizou pelas suas coxas até o deixar cair no chão.
— Você é perfeita, . Não há nada mais bonito do que você.
Passou a mão pelos ombros dela e a fez gemer baixinho quando as mãos dele apertaram de leve seus seios.
— Tom… — Ela se inclinou para mais perto.
— O que você quer?
Ele inclinou a cabeça dela para o lado expondo seu pescoço e começou a beijá-la ali devagar.
O tesão crescia dentro dela de tal modo que ela já não sabia mais como agir. Estava totalmente entregue.
— Quero você!
tocou o peito dele fazendo carinho na pele exposta. Já sabia que ele tinha o corpo musculoso, mas ver assim de perto era uma experiência incrível. Se inclinou um pouco e beijou bem no meio do peito dele, fazendo com que ele a agarrasse com força pela cintura.
Tom a ajudou a sair de dentro do short para que ela não perdesse o equilíbrio e em seguida se ajoelhou na sua frente. Ele beijou sua barriga próximo ao umbigo antes de colocar os dedos por baixo do elástico e puxar a calcinha de renda para baixo.
Ele encarou seu corpo nu por um instante.
— ... Você é tão bonita que eu não consigo… Esqueça tudo que falei sobre ir devagar com você. Não vou conseguir me controlar, na próxima iremos devagar, eu prometo.
Ele a agarrou com força pelos quadris, puxando-a para perto e beijando sua nudez e sentindo o gosto dela. estremeceu sentindo seus joelhos falharem.
Ele se levantou e antes que dissesse alguma coisa, ela se apressou para desabotoar o cinto e a calça que ele usava. Sua mão esbarrou diversas vezes na impressionante ereção dele ainda coberta pela cueca boxer.
Ele a beijou empurrando os dois para a cama macia. Tudo era demais naquele momento. Ela não conseguia pensar em mais nada a não ser na língua de Tom dando voltas ao redor dos seus mamilos enquanto alternava entre mordidas e chupões. Ela gemia, se contorcia e delirava com o toque daqueles lábios tão quentes.
Ele se afastou dos seios dela e botou as mãos nos seus joelhos, abrindo suas pernas a deixando totalmente espalhada na cama. Ele encarou seu sexo novamente com um olhar de desespero.
— Quero sentir o seu gosto de novo, mas não consigo mais esperar.
Tom enfiou dois dos seus dedos longos e começou a tocá-la por dentro.
Ela gemeu e arqueou as costas zonza com o que estava sentindo, logo ela começou a sentir o orgasmo se formar na sua barriga, mas antes que pudesse dizer em voz alta, Tom entendeu os sinais do seu corpo e retirou os dedos de dentro dela.
Sem fôlego, ela ouviu o barulho de uma embalagem sendo aberta, levantou-se nos cotovelos para observar ele desenrolar e colocar a camisinha no membro e mal podia esperar para sentir tudo dele.
Tom levantou os olhos azuis até encontrar os dela e falou baixinho:
— Não vejo a hora de estar dentro de você, .
Tom entrou nela em um movimento lento e forte.
— Merda!
Ele começou os movimentos imediatamente e agarrou seu rosto puxando os cabelos de sua nuca enquanto mexia os quadris em sincronia com os movimentos dele. Ele a beijou na boca de um jeito tão possessivo, ela nunca se sentiu tão possuída antes.
Se deixou levar pelo ritmo dele. Forte e rápido no início, mas ele não demorou a mudar de ângulo e de intensidade. Tom sussurrou baixarias em seu ouvido, sobre como ela era gostosa e apertada e isso a deixava mais louca. Seu corpo esquentou rapidamente estimulado por tantas sensações maravilhosas. Aquilo era surreal, ela podia observar o corpo perfeito dele, cada músculo se movendo enquanto ele entrava e saia de dentro dela.
— Tom! — Gritou, enquanto gozava. Seu corpo estremeceu por inteiro, sua visão ficou branca por um momento. Uma sensação diferente de todos os orgasmos que teve na sua vida.
Ele não parou e sentindo que ele estava perto, ela se apertou em volta do membro dele com força. O corpo dele se enrijeceu e um som gutural saiu da sua garganta quando ele finalmente gozou olhando nos olhos dela.
Tom soltou o peso do seu corpo em cima dela, respirando ofegante. Juntos tentaram normalizar os batimentos. Ele tirou a camisinha, amarrou-a e jogou fora, mas logo estava de volta ao lado dela a encarando de novo, seus olhos percorrendo o corpo ainda nu.
— Tudo bem como você? — perguntou tirando alguns fios de cabelo da testa dela.
sorriu.
— Sim, e você?
— Nunca estive melhor. Foi tão incrível, não quero que termine.
Ele tocou o rosto dela fazendo carinho na sua bochecha e, então, a beijou. Um beijo intimo, lento e especial.
Ela não conseguia raciocinar direito com ele tão perto dela. Estava perdida. A segurança que ela sentia ao lado dele era absurda. Aos poucos ele parou o beijo e ela podia ver o quão cansado ele estava da viagem. Ele se ajeitou na cama a abraçando por trás. Os braços fortes ao redor do seu corpo eram muito confortáveis. Então ela dormiu assim, sentindo-se nas nuvens, e sem temer a queda que estava por vir.
Capítulo 5
Los Angeles, 2015
Bem cedo na manhã seguinte, os dois transaram novamente. Dessa vez, Tom a beijou devagar e intensamente. Ele gemia e a penetrava com força, mas bem mais controlado do que na noite anterior, como se quisesse saborear cada momento. Não foi menos intenso ou prazeroso, e ele a fez gozar primeiro até que ela não sentisse mais as pernas.
Com o rosto encostado no peito dele, ela respirava fundo sentindo o cheiro que ela tanto gostava. Segurou o riso um pouco quando ele sussurrou algumas palavras que não conseguiu entender, ele estava sonhando. Ele a conhecia tão pouco, não sabia muito sobre ela e estava dormindo na sua cama tão a vontade que estava sonhando. Devagar ela se desvencilhou dele e saiu da cama, precisava de um banho.
Voltou correndo enrolada na toalha quando escutou o seu despertador tocar às 7 horas em ponto. Sentou na cama depressa e desligou, mas quando se virou Tom já estava acordando. Devagar ele se mexeu e se esticou na cama até abrir os olhos. Ele a encarou com os olhos azuis e esfregou o cabelo sorrindo.
— Bom dia! — disse sentando na cama e coçando a barba.
— Bom dia! — respondeu — Me desculpe pelo alarme.
— Não foi nada, eu também tenho um alarme nessa mesma hora, mas meu celular está provavelmente sem bateria. — ele a encarou com um olhar que parecia analisar cada milímetro do seu rosto.
— Meu Deus, você é linda!
— Está brincando? Acabei de acordar, continuo com cara de sono. — Ela tentou ajeitar os cabelos ainda molhados com os dedos, fazendo rapidamente o coque no alto da cabeça.
Ele se aproximou e beijou seus lábios demoradamente. Sua boca viajou pela linha do maxilar até a orelha, depois foi descendo até o meio do pescoço. Em resposta, suspirou baixinho.
— Você é maravilhosa.
Tom segurou o rosto dela com as mãos e a beijou novamente. enrolou os braços no pescoço dele e o empurrou contra a cama, sentando em cima dele. Ela sentiu suas mãos passearem pelas suas costas até segurar firme sua bunda, fazendo-a gemer contra os lábios dele. parou o beijo e agarrou suas mãos segurando-as no alto da cabeça.
— Não se mexa. — falou bem próxima a boca dele e pôde ver a excitação nascer em seus olhos.
Desceu devagar pelo pescoço dele lambendo e mordendo cada pedacinho por ali, chegou ao peito e o encarou novamente, desceu mais um pouco com os lábios e parou quando sentiu a ereção dele despertar.
— Preciso ir trabalhar. — falou cortando todo o clima.
— O quê? Não! — ele sentou na cama com ela ainda em seu colo. Suas mãos foram direto para a toalha que ela usava para se cobrir.
— É sério, Tom. Não faça isso.
Avisou segurando as mãos dele.
— Eu vim de Londres por você. Ninguém sabe que estou aqui. Eu só devia chegar amanhã pela manhã. Eu vim antes porque queria algumas horas com você. Fique comigo hoje, por favor.
Seu rosto tinha uma expressão de súplica que fazia ser bem difícil dizer não. E contrariando toda a razão, pensou em aceitar. Já havia estragado tudo dormindo com ele noite passada, todo o plano de manter apenas uma amizade com ele já havia falhado, decidiu então que deveria pelo menos aproveitar mais algumas horas com ele antes que tudo acabasse.
— Eu tenho algumas folgas acumuladas, e mais uns dias antes que as coisas fiquem realmente caóticas no estúdio. Ok, vou ficar com você hoje.
Tom abriu um sorriso enorme e a beijou devagar na testa, na bochecha e finalmente na boca.
— Por que não vai tomar um banho enquanto preparo um café para você? Tem uma escova de dentes nova no armário do banheiro.
Tom deu um último beijo em sua bochecha antes de deixá-la ir.
enviou mensagens para todos avisando que não iria trabalhar e correu para a cozinha para ver o que tinha para comer na geladeira.
Tom entrou na cozinha com a mão sobre os olhos se protegendo da luz que entrava pela janela.
— Você dormiu bem? Você estava exausto. Não deveria ter vindo direto para cá.
estendeu uma caneca fumegante na direção dele.
— Exatamente como você gosta, pouco açúcar e cremoso.
— Obrigado. Eu precisava vir logo. — ele pegou a caneca e inspirou o aroma delicioso — Eu não podia mais esperar, eu me segurei todos os dias para não te ligar e falar que estava enlouquecendo porque não seria justo com você já que eu estava longe. Então eu precisava vir aqui e falar na sua cara que estou enlouquecendo... e que a culpa é sua.
Ela enroscou as mãos na própria xícara e sentou ao lado dele no balcão da cozinha.
— Se lembra da pergunta que me fez aquele dia, antes do beijo e de eu te mandar embora.
— Perguntei se você gostava da ideia de eu gostar de você. — respondeu.
— A resposta é sim. Mas não entendo o porquê.
odiava pensar nisso, mas nos últimos dias ela havia aceitado que Tom estava atraído por ela apenas fisicamente, agora ela já não sabia mais no que acreditar.
Ele sorriu.
— Não acho que existe lógica em nada disso. Gosto de você e acho que você gosta de mim.
— Eu gosto, mas também gosto de ser sua amiga. Acho que podíamos ser bons amigos, ou algo assim.
— Algo assim?
Ele esticou a mão para tocar o seu pulso, por nenhuma razão aparente, além de que ele parecia gostar de tocar a sua pele. E ela também gostava da sensação de ser segurada por ele de alguma maneira.
Duas canecas de café e um prato de ovos mexidos com bacon depois e eles finalmente se mudaram para o sofá da sala.
— Vamos conversar.
Ele declarou quando os dois estavam à vontade.
— Sobre o quê?
— Sobre você, sobre nós.
Ele parecia decidido, mas não gostava de falar sobre si mesma. Infelizmente não dava para fugir já que passariam o dia juntos.
— O que você quer falar?
— Quero conhecer você melhor e quero que você me conheça melhor. Quero que dê uma chance para nós.
Ela não tinha uma resposta para ele. E não queria pensar em uma naquele momento.
— Que tal a gente curtir esse dia juntos?
— O que tem em mente?
sorriu para ele.
— Vamos ao cinema, depois almoçar.
Ela disse e ficou em pé já animada com a ideia.
— Faz muito tempo que não vou ao cinema só para me divertir.
— Então está decidido. Preciso que você coloque o boné e o capuz, e óculos escuros, vou arrumar para você e para mim. Não vamos arriscar ser fotografados.
***
Os dois caminharam lado a lado pela >Hollywood Boulevard, passando pela Calçada da Fama até chegarem ao Teatro Chinês, definitivamente não era a melhor escolha se o objetivo era evitar multidões, mas era o lugar favorito de quando ela queria ir ao cinema. Ela amava tudo ali, os elaborados murais orientais e as luxuosas esculturas de dragões iluminadas pelas lanternas penduradas no teto e especialmente o dragão gigantesco na entrada.
Ela deixou que ele escolhesse o filme e ele decidiu que veriam a única comédia romântica em cartaz. comprou o melhores lugares disponíveis, a vista era perfeita e as cadeiras confortáveis.
— Posso considerar esse como nosso segundo encontro?
Ele perguntou tirando os óculos escuros do rosto.
fingiu pensar um pouco antes de responder.
— Claro! Esse é oficialmente nosso segundo encontro.
Tom riu, mas não respondeu porque as luzes se apagaram nesse momento.
Para foi difícil se concentrar no filme, ela estava muito ocupada observando o jeito como Tom sorria com as piadas ruins. Era impossível não olhar para ele e sentir uma vontade absurda de fazê-lo feliz daquele jeito o tempo todo.
— Eu adorei, — disse quando o filme acabou — não lembro a última vez que me diverti tanto assistindo qualquer coisa.
não teve tempo de responder, pois uma criança estava encarando e apontando para Tom com os olhos arregalados.
— Você é o Loki?
— Talvez? O que você acha?
— É você! — o garoto gritou — Pode assinar minha camisa? Por favor!
Tom esperou o garoto arranjar uma caneta e sob o olhar de alguns curiosos assinou tudo que ele pediu. Com o próprio corpo, Tom tentou protegê-la das fotos, e ela começou a ficar nervosa, as mãos suando de ansiedade. Puxou o capuz do próprio moletom cor de rosa e permaneceu olhando para os sapatos.
— Obrigado pelo carinho. Preciso ir.
Ele a puxou pela mão sem esperar que ninguém respondesse e a guiou em direção ao ponto de táxi.
***
— Desculpe por arruinar nosso segundo encontro.
Tom disse assim que o garçom se retirou após anotar o pedido dos dois. Dessa vez escolheu um restaurante na beira da praia em Malibu onde é possível reservar pequenos camarotes e ficar um pouco escondido dos outros clientes. A linda vista para o mar era um bônus.
— Você não estragou nada, não fique pensando nisso.
— Tudo bem, vamos conversar mais sobre você.
forcou um sorriso.
— O que você quer saber?
— Qualquer coisa, me conte algo que eu ainda não sei sobre você.
— Bom, tem uma coisa que vai te interessar. — os olhos dele brilharam e ele se ajeitou na cadeira ao seu lado tentando ficar mais confortável — Nós já nos encontramos antes. Na Comic Con em San Diego há uns dois anos e meio.
— Não acredito! — exclamou incrédulo.
— Juro por Deus! Fiquei na fila quase três horas por uma foto e um autógrafo.
— Como posso não me lembrar de você?
— Provavelmente porque eu estava horrível após noites mal dormidas naquelas filas do evento, e também porque eu era apenas mais uma no meio de várias outras fangirls.
— E algum dia você esteve menos que maravilhosa?
Ele sorriu e ela não resistiu e se inclinou para beijá-lo.
Ela não conseguia mais se conter perto dele, era como se aquele sorriso tivesse algum poder mágico que a deixava fora de si. estava tentando ver aquele dia como uma despedida para os dois, mas passar o dia com ele estava sendo a coisa mais maravilhosa da sua vida em muito tempo.
— A luz do sol na sua pele te deixa ainda mais angelical.
— Você é assim com todas as suas ficantes.
Ele a encarou e o olhar dele pareceu atravessar seu corpo.
— Você não é uma ficante, minha linda. — Ele se inclinou beijando a orelha dela. — Desde a noite passada você passou para um território totalmente diferente. Pode acreditar.
O coração dela pulou no peito com aquele olhar no rosto de Tom, e com as palavras que ele tinha acabado de dizer.
Tom levou a mão dela até os lábios e ela sentiu o toque áspero da barba dele, uma sensação que ela começava a amar e achar muito familiar. Seria muito ousado pedir que ele deixasse a barba crescer para valer?
Os dois relaxaram em uma conversa fácil como sempre foi entre eles. Discutiram sobre filmes antigos e recentes e sobre como a indústria estava mudando rapidamente. Experimentaram o almoço um do outro, sem parar as brincadeiras. Inevitavelmente o tema da conversa voltou para .
— E como está sendo seu dia de folga? Sente falta de estar no estúdio?
— Estou me divertindo bastante, mas é difícil não falar sobre trabalho. Eu, na verdade, só sei falar sobre isso, se for sincera.
— Não pode ser. Me diga o que mais você gosta de fazer?
— Como eu disse antes para você, não tenho muito tempo livre ultimamente. Entre as filmagens e produção não sobra muito tempo para nada, apenas trabalhar e dormir.
— Mas o que faria num dia como esse se não estivesse em um encontro comigo?
— Humm. Eu amo passeios de bicicleta, faz meses que não faço isso.
— Sério?
— Sério. — ela tocou a taça de vidro elegante antes de levar o drink colorido aos lábios.
— Precisamos fazer isso juntos algum dia.
Ele sorriu e beijou sua mão novamente, ele a soltou poucas vezes desde que sentaram ali.
Nenhum do dos dois queria terminar aquele dia. E só perceberam que era tão tarde quando notaram que o sol já estava bem baixo.
— Uau. — ela olhou o relógio na tela do celular — Estamos aqui há mais de três horas.
— Não pareceu. Foi um dia incrível.
A conversa continuou durante toda a viagem de volta. O sol já estava se pondo quando chegaram em casa e o convidou para subir, ignorando a vozinha na sua cabeça que dizia a ela que era a hora de dizer tchau para aquele homem.
— Que tal uma taça de vinho?
— Claro, eu adoraria.
serviu vinho para os dois e se juntou a ele no sofá da sala.
— Você não pode demorar aqui.
— Só mais uma noite?
— Não. Você nesse momento devia estar num avião ainda vindo para Los Angeles. Tenho certeza que seu agente ligou o dia inteiro, ele deve estar louco. Você tem muitos compromissos. — passou a mão no cabelo dele bagunçando. — Acabou a brincadeira. Vida real agora.
Tom não disse nada, mas a encarava intensamente.
— Por que você está me olhando assim?
Perguntou.
— Acho que você sabe?
A voz dele era suave e firme ao mesmo tempo.
— Quero que você me diga.
Ele deu um longo gole no vinho antes de responder.
— , estou olhando para você assim porque não consigo tirar meus olhos de você. Estou morrendo de vontade de te levar para a cama agora mesmo, quero tanto estar dentro de você que não consigo pensar em nenhum compromisso de trabalho agora.
apertou a taça entre as mãos quando sentiu seu corpo se arrepiar todo. Ainda era muito estranho para ela como Tom ficava diferente quando o assunto era sexo. Ele virava outro homem, um homem que mal podia conter seu desejo por ela. E que sabia que aquela altura ela não recusaria nada a ele.
Em dois segundos os dois viraram o resto do líquido nas taças e a boca de Tom estava na dela, ele a carregou do sofá até encostar suas costas na parede.
— Enrosca as penas em mim — disse ele, segurando com força a sua bunda.
Ela fez o que ele mandou. Encostada contra a parede, os tênis Nike balançando no ar. Ela se entregou para o que ele estava planejando. Ele estava no controle do seu corpo e ela estava com muito tesão para contestar qualquer coisa.
Ele a segurou pelas coxas e a carregou para o quarto. Deitou-se na cama com ela e a beijou de um jeito profundo, explorando sua boca.
— Anda logo — disse e ele sorriu parecendo contente de saber que ela o desejava do mesmo jeito.
Devagar ele tirou as roupas dela e quando terminou com as suas, já tinha uma camisinha desembalada na mão, e se esforçou para ficar quieto enquanto ela desenrolava o preservativo no seu membro.
Ela não ligava para o que aconteceria assim que ele fosse embora do seu apartamento. Naquele momento só existiam eles dois.
agarrou o lençol da cama com força quando o viu se aproximar dela. Ela amava vê-lo nu, seu corpo era perfeito.
Olhando nos seus olhos, ele a penetrou fundo, preenchendo-a. Ele se mexeu algumas vezes para acomodar-se e quando estava inteiro dentro dela ele gemeu. fazia o que podia para controlar a respiração.
— Tudo bem?
— Perfeito.
E para mostrar que estava bem, ela mexeu o quadril para incentivá-lo a continuar.
Ele começou a penetrá-la num ritmo rápido e intenso, o único barulho do quarto eram os gemidos dos dois. enfiou as mãos nos cabelos dele e puxou, dizendo seu nome repetidamente. Ele variou a pressão das estocadas, e ela já estava a beira do precipício pronta para se jogar. Cada movimento a deixava mais perto do limite, do ponto de alívio. Era incrível contemplar a intimidade que havia no sexo entre eles, o suor escorrendo na testa dele, suas unhas se enterrando nas costas dele. Suas coxas se apertaram contra a cintura dele e ela lutava para respirar até que finalmente estourou. Seu grito pareceu funcionar como um gatilho para ele e com uma estocada final ele também gozou. Mesmo assim, ele continuou a se mover dentro dela, querendo que aquela sensação durasse o máximo possível.
Ele desabou sobre ela, seu corpo tremendo e cansado. tremia embaixo dele. Ele rolou para o lado, deixando que ela ficasse esparramada sobre ele, sua bochecha repousando no peitoral musculoso.
— Quero que seja minha namorada.— ele sussurrou olhando bem dentro dos olhos dela.
congelou, não conseguia dizer nada ou se mover. Ao perceber sua reação assustada, ele se afastou para olhar melhor para ela.
— ? Diga alguma coisa, por favor.
— Eu... Tom, eu não sei o que dizer. Achei que a noite de ontem e o dia que passamos juntos fosse uma conclusão. Nós nos sentimos atraídos um pelo, outro e decidimos curtir o momento.
— Gosto de você . Hoje tive certeza que quero que você dê uma chance para nós. Sei que você gosta de mim.
se desvencilhou dele e sentou-se na cama.
— Tom... — ela olhou no relógio e já eram quase dez da noite. — Você precisa ir. Vamos falar sobre isso depois, tudo bem. Acho que estamos meio emocionados por hoje.
— Tudo bem. Vou deixar você pensar sobre o assunto. Tenho tantos compromissos essa semana. Mas vou ligar para você todos os dias.
— Combinado, vou esperar.
Ele sorriu, finalmente e a beijou segurando seu rosto.
Na saída do apartamento ele a abraçou com força, o rosto enterrado no cabelo dela.
— Sei que você gosta de mim também, pense com carinho.
Ele a beijou na testa e saiu.
entrou e se jogou no sofá. Enrolada em um roupão de banho, ela encarou a TV desligada. Se algum dia namorar um ator famoso foi seu sonho com certeza não era mais. Há muito tempo ela não via mais graça em toda a exposição que a fama trazia. Namorar Tom seria dar adeus a sua atual vida. Uma vida que ela gostava muito.
Por mais que ela acreditasse no que ele sentia, um namoro era demais. Apesar das coisas em comum, suas vidas não podiam ser mais diferentes. Os dois nem sequer viviam no mesmo país. Nunca daria certo. Quanto tempo até ele perceber que não valia a pena estar com ela e que se deixou levar pela atração física que sentiam um pelo outro?
Seu plano era não se envolver com ele, mas era tarde demais. Ela havia transado com Tom Hiddleston. Não uma vez. Não duas. Mas três vezes. Vezes suficiente para sentir que nenhum outro homem iria fazê-la se sentir assim. E agora qualquer chance de isso passar como sexo casual estava descartada. Ela seria incapaz de manter as mãos longe dele agora.
Capítulo 6
Los Angeles, 2015
Na noite da premiação, Dakota apareceu com comida e algumas cervejas e as duas sentaram para assistir.
O tapete vermelho era a parte mais divertida sem dúvida, os vestidos o glamour. adorava assistir aquilo, mas não conseguia se ver ali posando para fotos e sorrindo sem parar.
Tom apareceu lindo num smoking azul-marinho, a gravata borboleta estava um pouco torta e uma repórter mais ousada a arrumou. sentiu um pouco de ciúmes nessa hora, o que era bem incomum. Ela nunca foi do tipo ciumenta. Na entrega de prêmios, nem uma surpresa e o coração dela gelou quando anunciaram os indicados a melhor ator e Tom foi o vencedor. Soltou um pequeno grito que fez Dakota a encarar curiosa.
Tom levantou-se e caminhou ao palco visivelmente emocionado e, Deus, sentiu vontade de estar lá para abraçá-lo. Ele se engasgou um pouco, mas logo conseguiu falar, agradeceu a todos e no fim do longo discurso ele surpreendeu.
— Por último, eu quero dizer que estou tento os dias mais felizes da minha vida e devo isso também a uma pessoa em especial que conheci recentemente. Obrigada .
sentiu o coração parar de bater por um instante. A música subiu encerrando o discurso chamando o intervalo.
Dakota se virou para ela quando notou que a amiga estava congelada e pode ver em tempo real quando ela entendeu o que estava acontecendo.
Levantou do sofá e desligou a TV. Ficou por alguns segundos encarando a tela desligada com o controle remoto nas mãos até Dakota a despertar do seu transe.
— É você, não é? — se virou para ela e jogou o controle no sofá — Você disse que ela estava trabalhando com ele, e saíram aquelas fotos de vocês juntos. Oh meu Deus, foi com ele que você saiu aquele dia, não foi? Você está dormindo com ele?
— Não!
Afirmou e caminhou para a cozinha depressa, carregando algumas garrafas de cerveja que estavam jogadas pela sala.
— Isso não é uma coincidência. Você e Tom Hiddleston namorando é-
— Loucura. Não está acontecendo nada. — Falou abrindo outra cerveja que pegou na geladeira — Ele não podia ter feito isso. Ele não tinha o direito de me expor assim, agora ninguém vai acreditar que somos apenas amigos.
Ela deu um grande gole na cerveja sobre o olhar atento de Dakota.
— Amigos? Os olhos dele brilharam! Quer me contar o que está rolando entre vocês? Pensando bem, isso explica muita coisa, você estava estranha há semanas.
— Nada, não está rolando nada de mais.
— Se você não me contar, vou saber pelas revistas amanhã cedo.
— Oh meu Deus, amanhã todos vão falar disso. Ele não podia ter feito isso.
— Já vi que não vamos conversar. Bom, já vou para casa. Ligo para você depois.
Dakota pegou a bolsa em cima da mesa da cozinha e saiu batendo a porta.
finalizou sua cerveja e foi até o quarto, pegou o celular e já havia uma mensagem de Andie desesperada.
"VOCÊ E O TOM HIDDLESTON? EU DESCONFIEI!! ME LIGA!!!!!"
"Perfeito", pensou. Se Andie já sabia, provavelmente todos no estúdio estariam comentando na manhã seguinte. Qualquer um que soubesse seu primeiro nome e tivesse visto o quão próximos eles estavam nas últimas semanas poderia ligar os pontos. Tudo que ela temia estava começando a acontecer, a atenção que nunca gostou, todos falando da sua vida pessoal. virou o resto da cerveja e pegou outra.
Buscou o nome de Tom no celular e clicou em cima, colocou o aparelho no ouvido e quando caiu na caixa postal, desligou. Obviamente ele não poderia falar naquela hora, ainda estava na premiação. Ligou novamente decidida a deixar um recado para que ele ligasse de volta quando estivesse sozinho. Ela não sabia o que dizer, estava irritada e nervosa, seu coração ainda batia forte no peito, milhares de pessoas haviam o visto falar aquilo com aquela cara de bobo apaixonado. Quando sinal da caixa postal tocou, ela falou as primeiras palavras que vieram à cabeça.
— Você enlouqueceu? Não pode me expor desse jeito na TV! Eu não te dei esse direito. Me liga assim que você ouvir esse recado. — Ela respirou fundo tentando manter a calma — Você não podia ter feito isso.
Desligou o celular e deu mais um último gole na cerveja antes de abandonar a garrafa. Provavelmente havia exagerado no recado, mas na hora só conseguia pensar em si, na sua situação. Demorou a dormir aquela noite. Esperava que ele ligasse, precisava que ele fizesse isso. Precisava falar com ele.
Antes mesmo que o alarme tocasse na manhã seguinte, o toque insistente de chamada no celular a acordou, deu um pulo da cama para atender, era ele.
— Te acordei? — Questionou calmamente antes mesmo que ela pudesse dizer "Alô".
— Sim, mas não tem importância, eu preciso falar com você. — Ela esfregou os olhos.
— antes que você grite comigo novamente, eu preciso dizer que não tinha intenção de te expor, foi um impulso, eu estava tão feliz naquele momento e queria agradecer a todos os meus amigos e-
— Não acho que alguém vai acreditar que somos amigos. Você nem sequer pensou nisso, você não podia ter feito isso. Estou tão zangada com você que nem posso expressar. — Falou aumentando o tom da voz.
— Deixe que pensem. Não somos apenas amigos mesmo. Eu já deixei isso bem claro para você.
— Ficou claro que você não respeitou o tempo que pedi para pensar e acabou jogando tudo no ventilador. — Suspirou profundamente.
— , eu não-
— Quer saber, esquece isso, Tom. Esquece tudo, certo? Nem sei por que deixei esse recado. Vamos rezar para que em alguns dias todos esqueçam. Apenas não fale mais sobre mim com ninguém. Eu agradeço.
— E você continua pensando na minha proposta?
— Eu não sei... Sinceramente não sei o que pensar. Acho que não quero pensar nisso nem falar sobre esse assunto. Vou desligar.
Desligou o telefone na cara dele e se jogou de costas na cama. Sua cabeça estava a mil pensando em milhares de coisas para dizer a ele, mas não conseguiu. Tom tinha esse poder de lhe fazer perder as palavras, logo ela sempre tão falante. Levantou-se da cama e entrou no banho, precisava seguir com sua vida normalmente, nada daquilo podia interferir na sua rotina de trabalho. Vestiu-se depressa e comeu uma fatia de pizza da noite anterior antes de sair.
Quando chegou no estúdio os comentários começaram imediatamente, tentou fingir que não percebia, deu algumas ordens logo que entrou e pensava em seguir o dia assim, mas Andie correu até ela com um sorriso enorme.
Ela a segurou pelo braço e puxou em direção à sala de edição.
— Lembra aquele dia que você me falou que estava gostando de um cara? Você esqueceu-se de mencionar que era o Tom Hiddleston. — Falou em voz baixa e riu de si mesma.
— Bom dia para você também, Andie. — Respondeu séria — e eu não esqueci, só não achei que você precisava saber com quem eu iria sair.
— Bom, eu diria que agora não só eu, como metade do país já sabe. — ela riu novamente.
abriu a porta da sala e entrou, Andie a seguia ainda falando.
— Vocês estão mesmo namorando sério?
jogou a mochila na mesa e encarou Andie.
— Não estou namorando ninguém. Continuo uma mulher solteira. E será que podemos começar a trabalhar?
Passou o resto do dia tendo que fugir das perguntas dela.
***
Naquela tarde foi à cafeteria e um paparazzi que está sempre na porta do estúdio tirou uma foto sua com olheiras e o cabelo desgrenhado. Horas depois estava na internet ao lado da antiga foto dela e de Tom na mesma cafeteria, agora todos já sabem quem é a de que ele falava. Milhares de menções chegaram na minha conta do Instagram que ela nunca atualizava, milhares de mensagens no celular de todos os jornalistas que ela conhecia. Seu plano de seguir normalmente a vida estava arruinado.
Foi para casa desejando sumir do planeta. Certamente agora as pessoas não iriam esquecer tão rápido como ela imaginava. Tomou um banho quente, colocou um pijama com calça e camisa de ceda e se deitou mais cedo do que o normal, esperava dormir por uns dois anos, mas algumas batidas na porta a assustaram. Se aproximou da porta e olhou pelo olho mágico. Tom estava parado lá, bem-vestido e seu perfume atravessava a porta. Suspirou fundo tentando não ficar nervosa, mas era inevitável que seu coração acelerasse sempre que o via.
Passou a mão nos cabelos, tentando por alguns fios no lugar e abriu a porta. Ele a encarou sério por alguns segundos e então abriu aquele sorriso maravilhoso.
— Oi , posso entrar?
Ela permaneceu em silêncio e apenas saiu da frente para ele passar. Ele deu alguns passos para dentro do apartamento e se virou para ela.
— Preciso falar com você.
— Achei que tínhamos combinado de esquecer essa história. E achei que você iria estar ocupado a semana inteira.
passou por ele e sentou-se no sofá apontando para que também se sentasse.
— Esquecer que história? A nossa? Você achou mesmo que eu ia simplesmente esquecer?
— É, eu achei sim. Não há tanto para esquecer.
Ela falava sem olhar para ele diretamente. Ele se sentou ao lado dela.
— Olha para mim, , por favor?
— Não me chame assim.
Ela olhou para ele e tentou parecer chateada.
— Fiquei preocupado quando você me disse aquelas coisas no telefone. Me desculpa, eu não devia ter te exposto daquele jeito. Você está certa.
— Não, não estava. Fui grossa com você. Você estava emocionado e falou sem pensar e eu nem sequer te parabenizei. — Ela se sentou na ponta do sofá, ficando mais perto dele. — Parabéns! Você mereceu muito.
Ele sorriu para ela e todo seu corpo se moveu sem que ela pudesse controlar, saltei para o lado o abraçando. Ele se assustou por um segundo, mas logo a abraçou de volta com mais força.
— Obrigado.
Ele cheirou o cabelo dela e acariciou suas costas por cima do pijama. Os dois ficaram assim abraçados por algum tempo e ele a apertava como se tivesse medo de que ela fosse desaparecer na frente dele.
— O que você quer, Tom?
— Você! Por todas as razões que não fazem nenhum sentido para mim. Fica comigo?
O corpo dela transbordava de excitação sempre que ele falava no seu ouvido daquele jeito. Ele a soltou devagar e os dois se encararam com os narizes quase se tocando. Dessa vez ela tomou a iniciativa e o beijou apenas tocando os lábios delicadamente.
— O que preciso fazer para você entender?
Ele perguntou com os lábios ainda quase colados aos dela.
pulou para o colo dele imediatamente e ele sorriu. Segurou o rosto dele com as mãos e o beijou novamente, agora com mais vontade. Não falaram mais nada, apenas se beijaram com paixão.
Depressa, as mãos dele desabotoaram seu pijama e ela fez o mesmo com sua camisa. Ele se levantou com ela ainda em seu colo a carregou para a cama. Caiu deitada e ele se deitou por cima dela, voltando a beijá-la. Ele puxou a calça do seu pijama para baixo sem separar suas bocas, mas ela interrompeu o beijo para também tirar sua calça, com sua boxer preta e percebeu que ele ainda estava sorrindo.
Ele atacou seu pescoço e ela suspirou baixinho, sentindo seus lábios tão quentes em contato com sua pele. Tom lentamente removeu sua calcinha enquanto ela arranhava suas costas e mordia a ponta da sua orelha. Ele olhou fundo nos seus olhos enquanto vestia o preservativo. Quando finalmente a penetrou, o seu gemido foi abafado pelos lábios dele. Ela gemeu e arranhou suas costas, sem se importar com as marcas que ficariam ali.
— Mais, mais… — Ela pedia entre gemidos para que ele fosse mais rápido.
Ele fez o contrário e diminuiu o ritmo, a deixando mais desesperada. Então, ele começou a distribuir beijos e pequenas mordidas em seus seios, enquanto aumentava o ritmo novamente indo mais fundo.
Tom gozou antes de dela, e desceu pelo seu corpo para sentir o gosto dela. Não demorou para também gozar puxando com força os cabelos dele.
Ele jogou fora a camisinha e voltou para a cama, caiu do lado dela entrelaçando suas pernas. Ele a abraçou pela cintura e cobriu os dois com o edredom.
— Você é tão linda, . Você e eu aqui, você não gosta disso?
— É claro que gosto.
— Então, por que não ter isso sempre? Pense nisso, em você e eu.
— Tom, você é maravilhoso, eu adoro estar com você, mas nós somos de mundos diferentes, essa atenção, as pessoas falando de mim, eu-
Ele a beijou com calma e carinho, fazendo seu coração acelerar.
— Sei que toda essa atenção te incomoda, mas será que eu não valho a pena? Será que o que nós temos não vale a pena? Só estou pedindo que você pense em nós dois. Você e eu, e esqueça por um momento que sou uma pessoa famosa.
— É difícil esquecer isso.
— Olha, sei que deve ser difícil para você. Namorar comigo mudaria sua vida, mas vamos tentar.
Ela sorriu a beijando novamente.
— Não somos adolescentes para se jogar assim de cabeça numa relação.
Ela tocou os cabelos dele puxando de leve.
— Você faz eu me sentir assim — ele riu — nunca me senti desse jeito com ninguém. E então? Você quer namorar comigo?
— Ainda não.
Ela sorriu.
— Ainda? O que isso quer dizer?
— Temos que sair mais uma vez para que eu decida isso.
Ele sorriu dando aquela risada maravilhosa.
— Certo, na quinta-feira, quando eu chegar de Nova Iorque, nós vamos sair para jantar novamente. Dessa vez eu vou escolher o restaurante.
— Combinado.
Os dois se beijaram novamente, um beijo lento, sensual e tão intenso que a deixou tonta.
Ela queria dizer sim imediatamente, queria aquilo todos os dias mesmo sabendo que não era possível, mas decidiu esperar mais um pouco para dar uma resposta a ele. Não sabia explicar, mas ainda não estava pronta. Ela não estava se fazendo de difícil, só precisava de mais um tempo para me acostumar com tudo aquilo.
O brilho no rosto de Tom dizia que ele estava feliz. Havia muita sinceridade em seus olhos. Então por que ela ainda não conseguia dar uma resposta a ele?
Nota da autora: Como falei antes, essa fanfic tem quase 10 anos e foi uma das primeiras que escrevi. Tentei não mudar muita coisa, pois acho que isso tiraria toda a graça dela e a nostalgia da época que escrevi. Se acharem que as coisas acontecem muito rápido ou se resolvem muito rápido, o motivo é que era assim que eu escrevia na época (até hoje ainda sou inimiga da enrolação, mas aprendi a achar um meio-termo.) Espero que gostem!! xoxo
Capítulo 7
Los Angeles, 2015
Tom foi para casa aquela noite depois que insisti bastante para que ele descansasse antes de viajar. queria muito acreditar que aquele relacionamento poderia dar certo, mas ela temia que não desse e que nunca se recuperasse da decepção. Temia não se acostumar com a fama dele e com toda a atenção.
Encarando sua conta inativa no Twitter cheia de menções de fãs dele, ela pensava em como lidar com aquilo. Era apenas um boato que os dois estavam saindo e havia milhares de pessoas mandando mensagens de todos os tipos, ódio, inveja, carinho, etc.
Lembrou mais uma vez da sua época de fã naquele site, falando o dia inteiro sobre seus ídolos. De repente era muito estranho estar do outro lado da história. Fazia bastante tempo que ela não postava nada em suas redes sociais, e isso estava estranho, ela não queria parecer intimidada por ninguém, então postou sobre seu próximo trabalho que seria a produção de uma série de comédia romântica. Estava animada para começar.
Desligou as notificações da conta e tentou mais uma vez dormir, dessa vez teve sucesso. Acordou com uma mensagem de texto de Dakota.
Como vai a mais nova celebridade? Tem fotos suas em muitos sites essa manhã. Ainda espero os detalhes, me liga!"
Suspirou antes de abrir o link que havia na mensagem e lá estava ela, algumas fotos antigas e algumas recentes, tiradas provavelmente do seu Instagram.
As manchetes variam muito, alguns sites a chamam de a nova namorada, outros chamam de suposta nova namorada. Mas todos especulam sobre quem ela é, de onde ela vem e o que ela quer. Era um pesadelo. De todas as dificuldades de um provável relacionamento com o Tom, a fama dele era a maior. O fato de ele morar em Londres também era um problema. não sabia como ela se encaixava na vida dele. Virou-se na cama enfiando o rosto no travesseiro e sentiu sua presença ali. O cheiro dele ainda estava nos lençóis e então ela se esqueceu do que estava reclamando.
Tomei um café rápido antes de ir para o trabalho. Precisavam revisar cenas antes de passar para a fase de pós-produção do filme, não se envolve nessa parte, e em alguns dias iria para outro estúdio trabalhar numa série de TV para a qual também ajudou a escrever dois episódios. Era a primeira vez que algo que ela escrevia era aprovado e ela estava empolgada com isso.
Além disso, era o fim da estação e a maioria das lojas de Beverly Hills estava em liquidação, na hora do almoço ela iria estourar o limite do cartão de crédito. Nada como gastar dinheiro com roupas para se sentir um pouco melhor.
O tempo ainda estava agradável, então colocou calça jeans azul com uma camisa jeans da mesma cor, botas cano curto marrom e trocou a mochila por uma bolsa de ombro da mesma cor. Deixou os cabelos soltos, pois havia lavado e secado bem eles. Por um instante ela pensou se não seria melhor se arrumar melhor só para o caso de alguém fotografar, mas caiu na real que não tinha que agradar ninguém além do seu espelho.
No estúdio, todos ainda comentavam e Andie ainda a interrogava sobre o assunto. Nesse dia ela comprou café, biscoitos e a bajulou para que contasse detalhes.
— Então, me conte sobre isso. — ela disse se sentando ao seu lado.
— Sobre o quê? — fingiu não entender enquanto encarava seu iPad fazendo anotações.
— Ora sobre o que todos estão comentando.
— Sério, Andie? — suspirou com desdém. Ela continuou a encarar e percebeu que ela não ia desistir.
— Sim, Andie, estamos saindo, mas isso se trata da minha vida pessoal, então se não se importa não quero comentar.
— Acontece que não é só sua vida pessoal, é a vida de um dos atores mais queridos de Hollywood. Você não tem mais vida pessoal.
queria dar uma resposta à altura, mas ela estava certa.
Seu celular tocou, e ao ver o número de Tom no visor correu para atender no banheiro.
— Alô! — Abriu um sorriso idiota no rosto quando ouviu a voz dele.
— Oi, já está em Nova York?
— Sim, acabei de chegar, só queria saber como você está? Vi algumas notícias.
— É, eu estou um pouco assustada. — se olhou espelho do banheiro ajeitando os cabelos com a mão livre. — Mas e você? Dia cheio?
— Sim, vou tirar umas fotos agora para uma revista e depois tenho uma entrevista para dar. Deus sabe como sou grato por tudo isso, mas queria estar aí com você.
— Não, você está onde deveria estar. Eu tenho que trabalhar também, nos vemos amanhã à noite.
— Certo, preciso desligar, ligo para você antes de dormir. Beijos.
— Beijos.
O sorriso bobo continuava no seu rosto, olhou novamente o espelho Como você está ferrada! Pensou, sorrindo ainda mais para seu reflexo. Há muito tempo não ficava assim por alguém, a sensação de ansiedade até por ouvir a voz no telefone era definitivamente uma novidade para ela. A voz de Tom a fez se lembrar da respiração dele no seu pescoço, dos lábios se encontrando e do calor do corpo dele.
Descargas elétricas podiam muito bem exemplificar o que seu corpo sentia quando estava colado ao dele. Adorava o som da risada dele, adorava o rosto dele, quando ele dormia, adorava o jeito como ele a fazia sentir como se tudo fosse possível, mesmo sabendo que não é.
Na hora do almoço saiu do estúdio em direção a Rodeo Drive, o quarteirão é considerado um dos mais caros do mundo, porém estava em liquidação por alguns dias. Beverly Hills estava agitada aquela manhã e as lojas ferviam, entrou em alguma, comprou algumas roupas e escolheu também alguns sapatos.
O resto do dia passou sem ela perceber, e o dia seguinte chegou. fazia o possível para tentar ignorar as mensagens e os comentários na internet. Era a noite do jantar com o Tom, uma noite decisiva, depois daquela noite ela teria que dar uma resposta a ele. A ideia de namorá-lo ainda era muito surreal, mas ela queria muito estar com ele.
Chegou ao estúdio lotado naquela manhã, todos os técnicos estavam lá trabalhando duro para cumprir o prazo. Ela era a única mulher naquele dia, Ian fazia questão da sua presença. Passou a manhã inteira fugindo das perguntas e brincadeiras de vários homens que diziam que ela era a mais nova celebridade. Por dentro ela queria mesmo gritar com todos eles para que a deixassem em paz, ela não precisava de tanta gente se metendo na sua vida daquele jeito
Benjamin, um técnico de luz, tinha a mesma idade que ela, e os dois já haviam saído antes uma vez quando começou a trabalhar com Ian, e ele fazia questão de dar em cima dela todas às vezes que se encontravam, era um canalha, bonito, mas totalmente insuportável. Nesse dia ele resolveu perturbar de verdade e a encurralou em uma das salas quando fui pegar um café.
— E então , você está mesmo namorando o cara? Então é a nova Cinderela? — ele riu.
— Não acredite em tudo que lê por aí. — Jogou a colher descartável que usou para mexer o açúcar na lixeira e tentou sair, mas ele me puxou pelo braço.
— Calma aí, quero falar com você — ele se aproximou — sabe, eu já quero falar isso faz um tempo, mas não tinha oportunidade.
— O que é?
— Já que você continua solteira e eu estou sozinho, porque não saímos de novo. — ele sorriu malicioso.
— Quem sabe, falamos disso depois. — tentei sair outra vez e ele novamente me puxou.
— Qual é, você está com esse cara, confesse, você está toda diferente, está apaixonada por um galã. Não achei que você fosse dessas que correm atrás de celebridades.
De repente sentiu um ódio do homem por se meter na sua vida, ódio por ter que responder a mesma pergunta a todo o momento.
— Cala boca! Estou solteira. Não existe nada entre mim e Tom Hiddleston. Saímos uma vez e pronto, acho que nem somos amigos direito, essas revistas exageram muito.
— Tem certeza? Vocês pareciam bem íntimos…
— Certeza.
— Então vamos sair, vamos curtir um pouco.
— Me deixa em paz.
deu dois passos em direção à porta e quando saiu da sala seu coração parou. Tom estava lá, parado na entrada e bem sério.
— Tom?... O que faz aqui? Não sabia que já tinha chegado... — riu nervosa.
— Era para ser uma surpresa para você, mas acho que tive uma surpresa maior.
— O quê? Ah, você ouviu o que eu falei? Olha isso é-
— Escuta , deixa para lá. Eu já vou, tenho uns assuntos para resolver.
Tom saiu andando depressa pelo corredor e ela não conseguia se mover para ir atrás dele, sua cabeça dizia corra atrás dele, explique-se, mas ela sabia que não havia explicação para aquilo que havia dito.
Capítulo 8
Los Angeles, 2015
pensou em correr atrás de Tom e tentar se explicar, mas percebeu que não havia o que dizer, não havia explicação. Ele tinha ouvido tudo, ela negou mais uma vez que existia algo entre eles. Mesmo depois de tudo que conversaram e dos momentos juntos na cama. Estava claro que existia muita coisa entre eles, ela nunca se sentiu tão envolvida com alguém. Mesmo assim, ainda negava isso para si mesma. Voltou para a ilha de edição e tentou inútilmente se concentrar no trabalho, mas depois do almoço disse a Ian que precisava resolver um problema sério de família e foi embora. Ligou para ele e desligou assim que caiu na caixa de mensagens. Ela não sabia o que dizer. Dirigiu para casa com a cabeça fervendo de pensamentos, precisava tomar uma decisão que mudaria sua vida. Em casa esperou que talvez ele ligasse para ela como fez das outras vezes, mas se deu conta que era muita arrogância da sua parte esperar que após ser rejeitado pela terceira vez ele a procurasse novamente.
Ficou ali no sofá do apartamento com os pensamentos a mil encarando o telefone. A noite esfriou de maneira inesperada e ela sentiu falta do calor da pele dele, da sensação boa que tinha quando ele a tocava. Ele dizia as coisas certas, ele fazia as perguntas certas, ele escutava e sorria para tudo que ela falava, o hálito dele de hortelã no seu rosto era melhor sensação do mundo, estava rindo sozinha.
— Meu Deus, a quem quero enganar? Estou completamente apaixonada por esse homem.
A TV voltou do intervalo e a imagem dele apareceu chamando sua atenção, aumentou o volume e a repórter anunciou uma última entrevista coletiva dele antes que voltasse para a Inglaterra. É isso, precisava fazer isso. Se ele não iria até ela, era a sua vez de ir atrás dele.
Ela mal conseguiu dormir aquela noite tentando pensar em algo para dizer a ele. Levantou bem cedo e começou a andar de um lado para o outro no apartamento, o coração cada vez mais descompassado no seu peito. Colocou um jeans preto com uma camiseta branca e uma jaqueta, pegou a bolsa e dirigiu para o hotel que ele estava hospedado. Ela não fazia ideia do que dizer a ele, mas sabia que precisava estar lá.
Entrou no saguão colocando os óculos escuros no rosto, o lugar estava lotado de repórteres, fotógrafos e alguns fãs. Se dirigiu até a recepção e limpou a garganta antes de falar.
— Bom dia. Por favor, em que salão será a coletiva?
— Bom dia, senhora. De que jornal ou revista você é? — a funcionária perguntou abrindo o que parecia ser uma lista de nomes.
— Ah, então. Meu companheiro provavelmente já entrou, eu me atrasei.
— Qual sua fonte? — ela insistiu.
Então, como que enviado pelo próprio Deus, reconheceu um paparazzi que estava sempre de plantão na porta do estúdio.
— Ali está ele, obrigada!
Saiu deixando a funcionária confusa e puxou o homem pelo casaco até um canto.
— Ei, o que é isso, quem é você?
Tirei os óculos e o encarei.
— Oh meu Deus! , a namorada. — ele falou em voz alta.
— Quer ganhar fotos exclusivas? Me dê sua credencial, preciso entrar nessa coletiva.
— O quê?
sabia que aquilo não era uma boa ideia, mas estava disposta a fazer de tudo para se desculpar com Tom.
— Preciso entrar ali, estou desesperada e estou te oferecendo quantas fotos do Tom comigo você quiser. — ele a encarou incrédulo. — Mas eu preciso entrar ali, ou ele vai embora e eu provavelmente nunca mais vou ter essa chance.
Seu tom de voz mudou, de repente se deu conta que essa era mesmo sua última chance. Ele a olhou por alguns segundos, depois olhou para o relógio e novamente para ela.
– Você tem cinco minutos. E vou ter que entrar. E eu não quero duas ou três fotos, quero no mínimo umas vinte.
— Quantas você quiser.
Encarou ele com olhos de súplica e ele assentiu. Tirou o crachá dele e colocou no próprio pescoço rapidamente. Pôs de volta os óculos escuros e ajeitou os cabelos atrás da orelha.
— Siga pelo corredor na última porta à esquerda, já vai começar, você precisa correr.
Antes que ele terminasse a frase, ela já estava correndo pelo longo corredor. Entrou na sala passando pela segurança e tentando fazer o mínimo de barulho possível, caminhou por entre as pessoas tentando ter uma visão melhor, e de repente, estava de frente para ele, ele não podia vê-la, os flashes das câmeras estavam provavelmente cegando sua visão. Ele estava de óculos de grau, com aquele ar intelectual e sexy, vestia uma camisa azul clara com as mangas dobradas nos antebraços. Seus olhos estavam atentos e parecia concentrado nas perguntas.
Respirou fundo, o coração batendo forte no peito. O que estava fazendo ali? O que iria fazer? Pensava desesperada. Ele respondeu todas as perguntas, educado e sorridente como de costume até que uma pergunta chamou sua atenção e a tirou daquele transe.
— Quanto tempo ficará em Los Angeles?
— Estou indo embora hoje à noite. Por isso convoquei essa coletiva.
O mediador anunciou que seriam as últimas perguntas e entendeu que precisava agir se não quisesse perder aquele homem para sempre.
Um repórter baixinho levantou o braço e foi escolhido para perguntar.
— Em sua última aparição saíram umas fotos bem íntimas suas com uma jovem que vive aqui, e parece ser a mesma a quem você agradeceu no discurso do Globo de Ouro. Então... — ele riu — Como estão agora?
Seu coração parecia que ia sair pela boca. Tom abaixou a cabeça por um momento com um meio sorriso e disse:
— Era apenas uma amiga. Então continuamos assim.
E sentiu seu coração se partir ao meio. Ela entendeu finalmente o que ele sentiu quando ela disse o mesmo.
Sem pensar, levantou a mão quando o mediador pediu a próxima pergunta. Alguns repórteres olharam para ela quando foi escolhida e Tom ficou sério quando a reconheceu no meio dos outros.
Ele suspirou, passou as mãos nos cabelos e tentou não olhar diretamente para ela. não sabia dizer se ele estava feliz em vê-la, mas era tarde demais para voltar atrás e decidiu fazer sua pergunta.
— Há alguma chance de você e essa jovem serem algo mais que amigos algum dia?
Ele a encarou por alguns segundos e respondeu.
— Eu achava que sim, mas ela não está interessada.
Um barulho de cochichos pelo salão surgiu imediatamente, mas ela continuou.
— Mas e se ela…
— Apenas uma pergunta por pessoa, por favor.
O mediador a interrompeu e Tom tocou no seu braço dizendo que tudo bem.
— Continue! — Tom disse olhando direto para ela.
Respirou fundo buscando a coragem.
— E se ela, essa jovem... E se ela dissesse que agiu feito uma idiota, e que sente muito, e que adoraria ser muito mais que uma amiga para você. Você reconsideraria também?
Mais cochichos na sala, todos os repórteres começaram a prestar mais atenção nela. Sua boca estava seca, e provavelmente estava suando de nervoso. Ele a encarou por mais alguns segundos e respondeu.
— Sim, com certeza.
Todos falam ao mesmo tempo. relaxou, seu coração parecia se acalmar, ele ainda a queria. Ela não estragou tudo. Respirou pela boca tentando retomar o controle do seu corpo antes que desmaiasse ali mesmo.
Então, Tom ainda sério pediu que um dos repórteres repetisse a sua pergunta e ele o fez.
— Quanto tempo ainda pretende ficar em Los Angeles?
E ele finalmente abriu aquele sorriso, aquele sorriso maravilhoso que acalmava seu coração, e respondeu:
— Indefinidamente.
soltou uma risada sem querer, tapando imediatamente a boca.
Os fotógrafos finalmente a reconheceram e os flashes se viram para ela. E pela primeira vez ela não se importou com a atenção, estava presa ainda nos olhos de Tom que sorria para ela.
A confusão ficou incontrolável bem depressa e um segurança a puxou pelo braço conduzindo para os bastidores, perdeu Tom de vista e foi empurrada por uma porta menor, Tom entrou em seguida
— Onde fica a saída? — ela perguntou.
E ele imediatamente a puxou pela mão em direção a uma porta atrás deles. Saíram por ela em direção à rua. Em poucos minutos estavam no apartamento, e quando estavam finalmente sozinhos, ele perguntou:
— Quer ser minha namorada?
Ela sorriu para ele e correu na sua direção pulando em seu colo.
Se beijaram como nunca, havia paixão, desejo e cumplicidade. Fizeram amor a tarde inteira aquele dia. Mais tarde, sentados na cama, abraçados em silêncio, ela se deu conta do adiantado da hora.
— Você não tinha que pegar um avião? — Questionou com medo da resposta
Ele pareceu pensar por alguns segundos antes de responder:
— Acho que posso ficar mais um pouco.
sentou-se na cama.
— Fique para sempre. Fica comigo.
O olhar dele encontrou o seu. Olhos azuis tão intensos. Ela sentiu borboletas voarem no seu estômago e teve certeza de que havia encontrado o amor.
Epílogo
Nairóbi, 2017
O sol da tarde brilhava, mas a rua não estava insuportavelmente quente. Nairóbi era a palavra massai para "água fresca", a temperatura da cidade era geralmente amena. As ruas estavam cheias de gente. Vendedores ambulantes por todo lado. Mulheres usando roupas coloridas. Um tumulto de cor e vida. ignorou seu cansaço e continuou a seguir o marido pelas tantas casas, barracas e prédios que ele entrava, era isso que ela fazia, ela o seguia.
Fazia pouco mais de dois anos que e Tom estavam juntos, um mês após aquele episódio na coletiva de imprensa, ela estava na Inglaterra conhecendo sua família, e um ano depois se casaram em uma festa íntima para poucos convidados. Tom insistiu para que ela continuasse trabalhando e então decidiram morar em Londres durante o inverno e na Califórnia durante o resto do ano.
O barulho de algumas crianças correndo na direção deles chamou sua atenção e ela agarrou o máximo delas que conseguiu abrindo os braços. Olhou para seu marido e ele sorria animado, um dos funcionários da ONG de apoio a crianças órfãs convidou Tom para jogar futebol com alguns meninos e seguiu algumas mulheres para começar a distribuir os presentes que trouxeram. Desde a primeira vez que foi a África com ele, se apaixonou por aquelas pessoas e sentiu necessidade de estar lá, de ajudar, de cuidar. Tom tinha um dom especial de encantar crianças e elas o amavam, era lindo vê-lo brincar com elas.
Devagar entregou os brinquedos para todos que se organizaram na fila à sua frente, eles a abraçaram, agradeceram e depois corriam para fora da barraca para brincar. olhou novamente para fora procurando a figura suada de Tom, mas não o viu. Continuou até que a última criança estivesse satisfeita e feliz com seu presente, mesmo com todas as outras dificuldades que eles tinham naquele lugar.
Procurou seu marido por alguns minutos até o encontrar em um canto sentado no chão, ele não percebeu sua presença e ela não o interrompeu, ele conversava com uma criança, uma menina, sua pele tão negra tinha um brilho maravilhoso em contraste com o vestido amarelo que ela usava, os olhos grandes e atentos, ela não aparentava ter mais que quatro anos e parecia assustada com todo aquele movimento de pessoas, porém prestava atenção no que ele falava e sorria timidamente para ele. caminhou para o outro lado do cômodo para ver o rosto de Tom, ele tinha aquele sorriso, o sorriso que tanto a encantou quando se conheceram, o olhar que na época ela não sabia o que significava, mas agora conhecia melhor que ninguém.
Os dois falaram sobre filhos algumas vezes, mas concordaram que ainda não era a hora certa. Ele nunca a pressionou ou exigiu nada. E ela o amava ainda mais por respeitar suas escolhas e vontades.
Tom finalmente a viu e levantou-se pegando a pequena no colo, aproximou-se dela ainda sorrindo e quando seus olhos se encontraram ela teve certeza, ele estava emocionado, segurava um choro na garganta. Aquele olhar era o olhar que ele trazia no rosto quando encontrava algo que ele queria muito.
tocou o rosto da menina e em seguida o rosto dele enxugando uma lágrima que começava a rolar pela sua bochecha.
— A resposta é sim! — disse antes que ele perguntasse.
FIM
Nota da autora: Foi ótimo revisitar essa história depois de quase 10 anos. Tentei não mudar muita coisa da versão original e gostei do resultado. Espero que tenham gostado também. E se gostou, não deixe de comentar!! Obrigada!!!