Fernando de Noronha
Escrito por Hels | Revisado por Mariana
Parte do Projeto Sorteio Surpresa - 1ª Temporada // Tema: Fernando de Noronha
- , seus avós... – disse , que logo saiu do quarto, , , e , que a arrastava, sentaram-se na beirada da cama e começaram a falar completando a frase.
- Vão te forçar... – disse e olhou para .
- A casar-se... – e terminou a frase cuidadosamente.
- Com o Ian... – e então tudo ao meu redor girou e eu segurei-me na parede antes de tudo escurecer.
Abri os olhos e senti uma luz forte em meu rosto. Rapidamente os fechei e logo me acostumei com a claridade, sentei-me devagar na cama e olhei a minha volta, chegando à conclusão de que estava em casa, no meu quarto com minha irmã trigêmea ao meu lado, ela me encarava desesperada, então a mesma me abraçou, eu estranhei, é claro, afinal por mais que fossemos três irmãos, , diferente de , nunca em hipótese nenhuma me abraçou, nem quando nossa mãe deu nossa guarda para - apelido de -, nosso pai. Desde que nós mudamos para com , a nunca havia demonstrado qualquer reação amorosa.
- Parabéns, , me contou a novidade! Você vai casar-se! – ela me abraçou mais forte e eu estava com os olhos arregalados, tamanha minha surpresa.
- ... Você está bem? – ela me olhava confusa, porém logo deu de ombros.
- Eu não posso se quer ficar feliz pela minha irmã? – ela talvez tenha percebido a tristeza estampada em minha cara, porque deitou minha cabeça em sua perna e me fez um cafuné.
- Você não quer casar-se não é? – neguei com a cabeça e ela beijou minha cabeça. – Παραδοθείτε, όπως παραδόθηκε. Βυθιστείτε σε ό, τι δεν ξέρω πώς περιστέρι. Μην ανησυχείτε για την κατανόηση, σαλόνι ξεπερνά κάθε κατανόηση.
- Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. - traduzi e repeti o que disse. – A mamãe sempre dizia isso, eu lembro que a gente passava tardes inteiras, sentados em volta de uma fogueira com a mamãe falando em grego com a gente. – e então passamos a tarde mergulhada em memorias de infância, daquelas que não voltam jamais.
Ouvi meu celular começar a tocar e fiquei ouvindo meu despertador até a música acabar. Levantei-me alegremente e dei de cara com meu pequeno filho de um ano mexendo em meu .
- O que o senhor está fazendo ein, seu ? – ele fez uma cara de “não sei” e disse um “ah” tão fofo que me segurei para não mordê-lo.
- Mam! Mam! Mam! – ele dizia me esticando seus pequenos bracinhos, “Mam” era a única e primeira palavra que ele aprendeu em um ano e um mês de vida.
- Quer tomar banho com a mam? – ele se agarrou em mim e eu tomei aquilo como um sim, tirei sua fralda e peguei sua toalha e meu roupão com ele ainda em meu colo, o mesmo colocou sua cabeça em meu ombro e abraçou meu pescoço, adentramos o banheiro e eu sentei-o em sua banheira fixa em cima da pia. – Vamos tomar um bom banho aqui e depois o senhor vai para o chuveiro comigo enquanto eu tomo banho viu? - ele assentiu e me deu um beijo molhado em minha bochecha, comecei a banha-lo e ele, digamos que molhou boa parte do banheiro. – !
Continuei seu banho e logo tomei o meu, saímos molhando tudo e o levei até seu quarto, onde o coloquei no trocador e peguei o necessário – como fralda e pomada - e separei uma sunga estampada, short azul e regata branca, separei também um par de chinelos do Batman o vesti e o deixei assistindo TV em meu quarto enquanto me arrumava, eu coloquei um biquíni tomara que caia estampado e um vestido branco, calcei minhas havaianas e preparei uma mochila para e uma bolsa para mim com o essencial para uma manhã na praia com uma criança, eu chequei a bateria do celular e peguei as chaves de meu e coloquei o pequeno na cadeirinha, adentrei o carro e coloquei , o álbum favorito de . Dirigimos até a praia próxima lá de casa e parei no estacionamento mais próximo a praia.
- Chegamos, , vai querer comer algo? – baguncei seus cabelos e ele disse um “Mã” que significava que ele queria comer, acionei o alarme do carro e coloquei a mochila do Toy Story de em suas costas e coloquei a minha em meu ombro, subimos as escadas e ele logo viu um carinho de cachorro quente, comprei os nossos e nos sentamos em um banco. Deixei-o só de sunga e guardei suas roupas em sua mochila que só continha seu DS, peguei uma toalha e coloquei em seu colo, já conhecendo o filho que tenho sei que ele vai se sujar. – Quer nadar? – ele assentiu e eu vesti sua regata, andamos até o carro e eu coloquei nossas coisas ali. – Pronto, agora podemos ir! – ele me puxou até o mar e me pediu colo quando sentiu a água em seus pés, sua cabeça estava em meu ombro e afaguei seus fios negros. Como já havia tirando e guardado o vestido no carro simplesmente entrei e sentei-me um pouco mais a frente com , que chorava baixo em meu pescoço. – . Querido, vamos lá. Eu sei que você consegue. – aos poucos ele foi se soltando e ria toda vez que a água tocava sua cintura, a risada dele era tão gostosa de ouvir que eu me permitia rir junto, quando eu estava ali com meu pequeno garotinho a vida valia a pena, eu esquecia-me de tudo quando o ouvia rir ou gargalhar, a vida demostrava o quanto a infância tem valor.
- E que tal esse? – me mostrava um vestido de noiva feito totalmente de renda. Era o decimo quarto vestido que eu experimentava e não havia gostado de nenhum, mas então meus olhos focaram em um vestido perfeito, , era o vestido perfeito!
- Eu quero esse! – apontei delicadamente para o vestido e todas suspiraram aliviadas por eu estar enfim decidindo-me. Eu experimentei-o e ele ficou perfeito em mim, logo fomos até o Buffet ver se tudo estava pronto e então fomos para a floricultura.
- Qual sua flor favorita, querida? – me perguntava à dona da loja uma educada e gentil senhora que me sorria simpática. Eu sorri espontaneamente de volta e sentei na cadeira indicada.
- Eu gostaria que tivesse em toda a decoração. – eu a sorri e ela assenti anotando.
- Boa escolha! E qual sua cor favorita? Assim podemos colocar laços, tiras, e fitas desta cor. – ela sorriu gentilmente e eu corei.
- Minha cor favorita é . – ela anotou e acertamos os outros detalhes, como dia, horário, pagamento.
- Tenha um bom dia! – disse a senhora acenando para nós - , , , e eu. Acenamos de volta e adentramos o carro, deixei as meninas em casa e fui até a minha onde meus pais e os de Ian estavam. Ele também estava lá e brincava com no quintal, enquanto nossas mães falavam como ele seria um pai perfeito e essas coisas.
- HELEN! O CRISTIANO LIGOU ELE QUER SABER QUANDO O CRISTIANINHO PODE VIR BRINCAR COM O ! O QUE EU DIGO? – minha irmã gritava do andar de cima, e por acaso ela estava no meu quarto.
- Diz pra ele que semana que vem ele tem que vir. E que ele pode trazer o pequeno quando quiser. – disse olhando para ela assentiu e deu um sorriso malicioso.
- E o ? Ele pode vir também? – apontei para ela e depois “cortei” minha garganta a fazendo fechar a janela e se esconder. Ela tinha que falar do logo com nossa mãe por perto? Aproximei-me da piscina bufando e tirei meu vestindo revelando o biquíni que eu estava por baixo eu ouvi Ian assobiar e dar um cascudo nele.
- Esse é o meu garoto! –disse e fiz um Hi-5 com , que havia pulado na piscina. – Não pule assim, rapazinho! Você pode se afogar! - e então Ian abraçou-me por trás e estava em meus braços, ouvi um clic e vi mamãe guardando a câmera, sinal de que ela havia tirado uma foto daquele momento. Senti um arrepio quando Ian deu-me um beijo no pescoço e eu acabei virando o pescoço na hora e acabamos dando um selinho e então mais uma foto foi tirada, bufei irritada e coloquei sentado na borda, me sentei no chão da piscina e soltei a respiração, era incrível como tudo se arrumava quando eu estava submersa, tudo fazia sentido e eu me sentia leve, minha cabeça ficava leve quando entrava em contato com a água. Subi novamente e sai da piscina me enxugando e entrando em casa.
- Filha, venha aqui. Temos uma surpresa para você e para o Ian. – fui até a sala de jantar e mamãe estava ali sentada com um encarte em mãos.
- O que é isso? – Ian falou enquanto enxugava os cabelos e olhava o encarte. Tomei de suas mãos e ele me olhou irritado dei-lhe um sorriso amarelo e li, já que estava em português e mesmo não sendo brasileira eu sabia o português de lá.
- Isso é serio? – perguntei surpresa, apontando para o cartão surpresa.
- Vocês vão para Fernando de Noronha! – e então eu não me lembro de mais nada depois daí.
- Você desmaia por tudo né? – disse Ian que me encarava sentado na borda da cama.
- Só quando eu tenho emoções fortes. – retruquei mal humorada. Ele aproximou-se lentamente de mim e deitou a cabeça em minhas pernas recém-esticadas. Por uma fração de segundos me vi hipnotizadas por aquelas irresistíveis íris cinza.
- Seus olhos são lindos. – ele disse lentamente mantendo nosso contato visual por intermináveis e incontáveis minutos, até aparecer chorando e eu correr em sua direção com Ian atrás.
- Hey meu amor. Está tudo bem? – ele encostou a cabeça em meu ombro e parou de chorar aos poucos. Acariciei seus fios loiros até seus lindos olhos azuis cristal se fecharem lentamente, Ian o pegou e levou-o ate seu quarto, colocando-o em seu berço. – Obrigada. – beijei sua bochecha e adentrei meu quarto deitando em minha cama.
Aquele dia seria longo... Com certeza seria.
Era hoje, eu finalmente poderia parar de ouvir minha avó dizendo como Ian era perfeito. Mas, por outro lado eu teria que morar em Atlanta com ele! E se já não bastasse, já começava a chama-lo de Papa! E justo hoje eu não poderia ficar muito com ele, já que minha mãe resolveu lembrar que tem um neto justo quando eu mais preciso dele.
- Tudo pronto, querida? – perguntava-me minha mãe encostada na soleira da porta. “é só falar que ela aparece?!”, pensei comigo mesma.
- Vamos logo com isso! – resmunguei e bufei irritada.
E que comece a tortura.
***
Passei o voo sem dizer um “oi” para Ian. O motivo? Eu estava, estou e estarei com saudades do meu garotinho. E eu não podia e nem tive tempo para falar com ele hoje! E isso é desesperador, já que desde que eu com a guarda dele – que foram aos seus seis meses - não nos desgrudamos mais. E passar horas sem falar com ele é horrível. Uma mãe se desespera quando não tem noticias do filho, principalmente se ele estiver com a avó irresponsável dele!
Aterrissamos e logo vimos um cara com nossos nomes em uma placa, ele nos levou até a pousada Teju-Açu e marcamos de amanhã bem cedo ele nos levar até a praia do Boldró. Marcamos também outras praias para visitar, afinal teríamos dois meses de lua de mel, e isso resultaria em ficar dois meses sem meu filho.
- , a gente pode conversar? – Ian me perguntava, enquanto eu adentrava o quarto, ele estava com um violão no colo e eu me perguntei se ele sabia tocar, ele me indicou uma cadeira e eu assenti esperando ele começar a falar, mas, ele começou a cantar. E eu conheço aquela musica.
Se acalme comigo
Me cubra, me abrace
Se deite comigo
E me segure em seus braços
E o seu coração está contra o meu peito
Seus lábios pressionados no meu pescoço
Eu estou mergulhando dentro dos seus olhos, mas eles ainda não me conhecem.
E com um pressentimento que vou desprezar, eu estou me apaixonando agora.
Me beije como se quisesse ser amada
Você quer ser amada, você quer ser amada.
Isso é como se apaixonar
É como se apaixonar, nós estamos nos apaixonando.
Acalme-se comigo
E eu serei a sua proteção, você vai ser minha dama.
Eu estou aqui para manter você aquecida
Mas eu estou com frio à medida que o vento que sopra
Então me segure em seus braços
Meu coração contra o seu peito
Seus lábios pressionados no meu pescoço
Eu estou mergulhando nos seus olhos, mas eles ainda não me conhecem.
E com este sentimento que eu vou esquecer, eu estou apaixonado agora.
Me beije como se quisesse ser amada
Você quer ser amada, você quer ser amada.
Isso é como se apaixonar
Se apaixonar, nós estamos nos apaixonando.
Sim, eu tenho sentido tudo.
Do ódio ao amor, do amor à luxúria, da luxúria à verdade.
Eu acho que é assim que eu conheço você
Então eu te abraço apertado para te ajudar a desistir
Me beije como se quisesse ser amada
Você quer ser amada, você quer ser amada.
Isso é como se apaixonar
Se apaixonar, nós estamos nos apaixonando.
Me beije como se quisesse ser amada
Você quer ser amada, você quer ser amada.
Isso é como se apaixonar
Se apaixonar, nós estamos nos apaixonando.
Lágrimas desciam livremente pelo meu rosto e Ian as enxugou lentamente, o abracei em seguida e chorei um pouco em seu ombro.
- Minha voz não é linda como a do Ed, mas eu fiz o meu melhor. Até aprender a tocar essa música eu aprendi! – ele comentou rindo e eu o calei com um beijo que colocava para fora todos os meus sentimentos escondidos por ele nesse primeiro mês que passamos aqui, e a partir daquele dia Fernando de Noronha nunca mais seria a mesma.
FIM