Fear Of Flying
Escrito por Michs | Revisado por Lelen
Prólogo.
Todos tem um sonho, e por mais fácil ou inseguro que esse seja não deixa de ser um sonho.
Eu tinha o meu também. E ele era impossível de se alcançar aos olhos de uma pessoa que não acredita em si mesma.
Mas, aí é que estava a questão da minha vida: eu acreditava nela. Acreditei tanto que mudei todas as páginas da minha história e fui atrás do que eu queria. A princípio eu queria fama, música e dinheiro. Mas, aí eu entendi que música e dinheiro não estão ligados se não houver a palavra mais importante delas: felicidade. E quando eu conheci minha felicidade eu descobri que ela vinha acompanhada de coisas a mais. Para ser mais específica ela veio acompanhada de muitas coisas a mais. Pessoas a mais.
E foi assim que eu descobri que para se ter um sonho e realizá-lo você precisa ir além de tudo. Além de você mesmo. E esse era meu maior sonho, realizado. Minha banda.
Comecem a me julgar se quiserem.
- CAPÍTULO UM –
Tudo tende a dar certo quando se está fazendo o que gosta. Essa era minha lógica de vida quando muitos me julgavam por quem eu era. E quem eu era? Bem, eu sou . Tenho uma banda formada desde 2006, nem é tanto tempo se você pensar, mas são muitas as batalhas por esse pouco tempo. Sou a baixista da banda, junto com os integrantes dela: Igor – vocalista, Jota – guitarrista e backing, Gabriel – Baterista e Matt – guitarra solo. É eu sei: única mulher da banda coisa foda de se ver, mas eu digo que eles são como meus irmãos e meus pais ao mesmo tempo, porque estamos em turnê a maior parte dos dias de cada mês já que nossa banda agora cresceu muito e eles cuidam de mim mais do que eu mesma cuido deles.
Estávamos viajando rumo a Phoenix essa semana, iríamos fazer quatro shows por lá e eu me animava demais. Nasci e cresci em Dallas e já tive oportunidades de tocar em Phoenix, mas dessa vez seria diferente porque estaríamos em turnê com o A Rocket To The Moon. Eu já conhecia os caras, para ser mais específica eu namorava um deles.
, o próprio.
E não era qualquer namoro se você acha que morávamos longe e tal, era algo concreto sim. Bem, eu estava no ramo musical há pouco tempo e bem antes da minha banda crescer e fazer sucesso eu já o conhecia. Desde antes. Na verdade eu conhecia o , éramos amigos de infância e ele sempre passava verões em Dallas na casa do seu pai e foi em um desses verões que eu o conheci. Um garoto tímido, sempre com seu violão na gangorra do parque da minha rua e eu um dia cheguei e desfiei-o a tocar. Desafio aceito, desafio cumprido.
Ele tocou e assim que acabou viramos amigos, eu sempre gostei de pessoas que soubessem dar valor a música e dava o exato valor.
E foi em mais um verão que ele trouxe seu amigo para Dallas. Quando fui ver no parque ele estava acompanhado de um garoto. O mesmo tocava violão com ele sentado na balança. Este me olhou quando eu me aproximei e foi então que ele soltou o maior sorriso que eu já vira e foi aí que eu vi que ele não era comum. Tinha algo a mais. Anos depois eu jamais vira alguém que sorrisse como ele.
Passaram-se anos e quando eu comecei a montar minha banda e eles já estavam lançando o Greetings From eu e , como ele é chamado, começamos a namorar.
Já faz três anos que namoramos firme. Namorar um cara famoso não é lá mil maravilhas como todas pensam, eu também pensava que namorar um cara de banda era o melhor que eu poderia conseguir, mas ai entra a parte de que a fama, distancia e pessoas se metendo no relacionamento de vocês altera todo o sonho. sempre nos apoiou, sempre achou que deveríamos continuar juntos porque ele achava que éramos um belo casal. e diziam para mim que ainda tentava superar o fato de que meu primeiro beijo nunca fora com ele e sim com , ah sim anotem isso ai também.
Não que eu e nunca nos gostamos, nós tínhamos aquela amizade que com o passar dos meses se tornou aquele amor de infância, mas nunca ousamos revelar um pro outro. Quando apareceu parece que eu esqueci de tudo que sentia por e passei a olhar apenas . E o olho até hoje com esses olhos. ficou no passado então.
ainda me zoa com essa história nos bastidores, lógico. Se souber de algo o lance complica.
Chegamos a Phoenix e o ônibus da nossa banda parou no local do show. Muitas pessoas já estavam ali andando através das barracas de camisetas e CDs, mas o ARTTM ainda não havia chegado.
Fomos direto para o backstage para a passagem de som. Igor ainda fazia seus testes vocais quando alguém chegara e me abraçara por trás. Era .
- Como foi de viagem? – ele me disse agora de frente.
- Bem, cansativa, mas bem – sorri para ele antes de beijá-lo.
- Nosso show será depois do seu. – ele disse me fitando. – Ainda faltam duas horas. – disse olhando pro relógio e piscando pra mim.
- O que isso significa ? – perguntei o encarando e rindo de lado. apenas me fitou interessado.
- Nada que você não queira. Duas semanas longe de você ! – ele disse fazendo bico. O famoso bico dele.
- Ow que carência toda – disse irônica. – Tenho que fazer a passagem de som , não tenho tempo.
- Você está me trocando por um baixo? – fez cara de ofendido.
Rolei os olhos e analisei que minha banda estava deitada nos pufs da sala sem nada fazer.
- Ok , podemos sair um pouco vai – disse e ele sorriu que nem uma criança.
Saímos do backstage rumo a área externa de shows onde as bandas circulavam por ali. O festival era pequeno, mas muitas pessoas já haviam chegado.
e eu fomos até o pequeno restaurante que havia na parte de fora do lugar. Estávamos sentados na mesa comendo qualquer lanche com batatas quando sentou-se na cadeira ao meu lado e nos cumprimentou.
- Hey – disse a ele enquanto mordia minhas batatas e ria.
- Que horas será seu show?
- Em uma hora, ainda tem tempo – respondi.
me fitava sério. acabou de comer e levantou dizendo que iria pegar algumas coisas a mais para levar pros caras.
- – começou .
- Hum?
- Depois preciso falar com você em particular – disse baixo e sério.
- Sobre o que?
- Uma coisa que descobri, mas pode ser depois.
- Ai caramba ! Agora fiquei curiosa.
Ele não riu. Apenas me olhou tenso.
- Conto depois ok? – disse me olhando do mesmo jeito de sempre fazendo eu me acalmar.
Não respondi, voltara a se sentar à mesa e percebendo nossos olhares tensos perguntou.
- O que aconteceu?
- Nada – disse antes de levantar-se e sair sem mais nada dizer. Achei estranha a atitude dele, mas né...
Passei mais um tempo com antes de irmos até o backstage preparar a passagem de som.
O meu show começara e eu pude dizer que foi muito incrível tocar para tantas pessoas. Muitos fãs demonstravam seu amor ali e isso movia demais nossa banda.
Logo após sairmos do palco, ARTTM entrou e fez seu show.
Saíram recebendo os aplausos tempo depois e no backstage agora rolava uma festa particular.
veio até mim acompanhado da sua taça de martine quando me chamou a um canto para conversar.
- O que você queria me dizer mais cedo?
- Assunto complicado, – ele começara. Lá vinha coisa.
- Diga logo , tá me deixando nervosa – ri tensa. Ele pigarreou antes de começar.
- Na ultima turnê eu notei que estava diferente, em Santa Mônica – ele explicara. – E em uma after party que teve pós um show eu flagrei ele...
- Flagrou ele onde, ? – perguntei sentindo minha garganta embargar.
- Flagrei o te traindo. – ele disse me olhando sério. não mentia, seus olhos não o deixavam mentir.
Senti meus olhos arderem e minha garganta apertar quando sai dali correndo. me chamara alto, mas nada me fazia parar de sair dali.
Ouvi alguém chamar meu nome, mas não me atrevi a olhar.
Legal, meu namoro desabara.
- CAPÍTULO DOIS –
Senti mãos quentes afagarem meus cabelos enquanto eu chorava todas as lágrimas que continham em meus olhos.
sentara ao meu lado no bunk do meu ônibus e tentava me consolar. Nada que ele dizia eu podia acreditar naquele momento.
- Ele me traiu – dizia chorando. Como se fosse algo difícil de lidar, e era.
- Olha , eu só te contei isso porque não quero ver você sendo enganada, mas era uma pessoa comum e ao de importância, ele deve ter tido uma recaída.
- Não importa, eu confiei nele cara, ele disse que confiava em mim e eu jamais dei motivos para ele desconfiar.
- Sinto muito – ele afagava meus cabelos. – Você sabe que se eu pudesse evitar ele de errar, eu evitaria.
- Eu sei, você sempre esteve do nosso lado.
Sorri para ele tentando manter a calma. Precisava falar com sobre isso.
me acompanhou até o backstage. Precisava por aquela história a limpo, as coisas não poderiam ficar assim.
- – o chamei enquanto ele ria com alguém.
- Oi meu amor – ele veio me cumprimentar. Senti nojo. – Você estava onde?
- Por ai, preciso falar com você – disse séria.
Ele me acompanhou até o canto da sala.
- Sobre o que?
- Soube do que aconteceu em Santa Mônica, me diz que não é verdade ? – implorei com os olhos. Ele me fitou piscando diversas vezes.
- Como você...? ?
- Não coloque o nisso, eu quero ouvir da sua boca a real história – disse segurando minhas lágrimas. Ele me olhava.
- Eu sei que errei fazendo isso, mas me entenda , eu estava carente e.... – ele começara a falar, mas eu o cortara.
- Então é verdade? Você me traiu mesmo depois de toda a nossa história? – perguntei sentindo minha garganta embargar.
- Você tem que entender que foi algo passageiro , era só uma garota e...
- Só uma? Você usa as pessoas como se elas fossem passageiras na sua vida? Que tipo de cara você se tornou ?
- Não é assim também ... Eu sei que errei, mas vou mudar.
- Mudar? Você acha que tem chances de mudar depois do que fez? Não seria a primeira traição! Eu já perdoei aquela vez!
- Aquela vez foi um erro com uma groupie ! Você acha mesmo que eu cometeria outro?
- E essa vez não foi?
- Não, foi uma garota comum, e não faria de novo.
- Você está se portando como um canalha, – disse com nojo das palavras dele.
- Você jamais agiu errado nesses anos de namoro? – ele perguntou desafiador.
- Nunca agi te magoando e nunca te trai. Sempre busquei estar certa com você porque é você quem eu amo! Mas, sempre na primeira oportunidade você pisa em tudo que construímos juntos! – disse já não agüentando mais as lágrimas. Ele se assustou com as minhas palavras.
- Acho que você deve aprender que as coisas mudam.
- Como assim?
- Que às vezes, nós famosos gostamos de coisas novas.
- Você quer dizer: trair? – perguntei irônica.
- Ou manter affairs, é a vida .
- Você me dá nojo – disse saindo de perto dele e caminhando para fora da festa. me seguiu.
Fomos até a parte externa do festival, onde já não havia ninguém.
- Nojo? Sabe o que me dá nojo ? – ele perguntou andando atrás de mim. – Você e o . Vocês sempre me deram nojo juntos. Sempre ele bancou ser seu melhor amigo e você nunca percebeu que ele está esperando a oportunidade para pular em você e te tirar de mim.
Me virei para ele parando no caminho.
- Talvez ele me ame mais do que você! Ele jamais faria isso!
- Você confia tanto nele, por que não vai atrás?
- E por que você não vai atrás das suas groupies vadias?! – perguntei me alterando. me fitou com raiva.
- Acho que elas valem mais do que você! – ele disse com ódio. Nada disse, apenas o olhei com desprezo antes de dizer com uma voz cortante.
- Você me decepcionou – e assim sai de perto dele indo até meu ônibus e não olhando mais para trás.
Estava tudo acabado entre eu e , e não era a primeira vez que ele me decepcionara.
A turnê em Phoenix fora a mais longa e dolorida da minha vida, tinha que ver o sempre e agüentar a cara fechada dele para mim, os comentários de todos sobre nosso término e era o único que parecia me compreender. Ele sempre estava comigo quando não estava nos palcos e estávamos juntos a semana toda como nos velhos tempos.
- Você sabe que tudo vai dar certo – ele disse me fitando.
- Sei, ele sempre errou mesmo.
- Dessa vez você vai perdoá-lo?
- Acho que ele não é digno de perdão agora.
- E o amor?
- Meu por ele? – ele assentiu. – Amor próprio fala mais alto.
- Assim que se fala, a menina que eu conheço desde criança – ele disse me fazendo rir pela primeira vez em dias.
- Sinto falta daquela época, eu não sofria.
- não havia chegado ainda, – ele riu-se irônico.
- Por que você o levou? Culpa sua ! – disse brincando.
- Você não sabe o quanto eu me arrependo disso – ele disse pensativo. O fitei.
- Por quê?
- Quando ele chegou eu perdi você.
- Não me perdeu nunca, sempre fui sua amiga. – disse rindo para ele. Mas, este não sorria. Percebi o conteúdo daquela frase.
- Você...? – perguntei e ele apenas assentiu.
- Sim, eu gostava de você. – ele disse baixo.
- Mas você nunca me disse, – disse o olhando.
- Não tinha coragem e depois quando reuni coragem para te falar, apareceu.
- E você guardou isso pra você sempre?
- Guardo até hoje. – ele disse simples. Senti vontade de abraçá-lo.
- Mas, você... Me ama? – perguntei tão idiota quanto antes.
- Você jamais notou? – ele me fitou.
- Nunca me deixei notar, achava que era brincadeira e tal.
- Não, é verdade. – ele deixou sua cabeça tombar para trás. – Me desculpa, não quero te assustar logo agora que...
Não deixei que ele terminasse a frase.
- Não peça desculpas por isso , sentimentos acontecem.
- jamais me perdoaria e...
- traiu minha confiança, ele não merece meu respeito.
- E ele está estranho comigo, com a banda.
- Ele não pode descontar em você os erros dele.
- Eu sei, mas ele não liga.
Senti a raiva dentro de mim me consumir naquele momento. teria que ouvir umas verdades.
Me levantei e comecei a seguir até o ônibus deles. me olhou sem entender.
- Aonde você vai?
- Vou mostrar pro que não se brinca com os sentimentos dos outros assim. – disse caminhando.
- Não ! Você vai fazer merda!
- Pior que tá não fica, ! – disse batendo o pé e caminhando de novo. Ele veio ao meu encalço.
Cheguei ao ônibus do ARTTM e entrei sem perdir permissão. e estavam sentados nos seus respectivos bunks comendo pringles e vendo TV.
- Cadê o ? – perguntei ao entrar. Eles levantaram e me fitaram incrédulos.
- ? O que você faz aqui? – perguntou-me assustado.
- Vim falar com o , onde ele está?
- Não sei, ele saiu e... – começara , logo percebi que ele estava me enrolando.
- Saiu? Ou está no bunk de casal com alguém? – levantei minha sobrancelha em deboche. engoliu em seco e pigarreou. chegou logo atrás de mim e olhou a cena sem entender.
- Não é isso, é que... – começara .
- , não precisa mentir pra mim. Sempre gostei de você – disse o fitando séria. – Ele está com alguém aqui?
Os dois pigarrearam e me olharam sem saber o que falar.
Logo entendi o recado que eles não iam me contar onde o estava, então segui até o final do ônibus onde havia um “quarto” planejado para mais uma acomodação. Abri a porta sem bater e me arrependi de imediato quando vi que estava ali, dormindo feito uma pedra e ao seu lado uma mulher qualquer. Não sei quem era e nem fazia questão de saber. Minha raiva era tanta que quando ele acordou com o barulho da porta eu fechei ela e ia saindo de forma tensa do ônibus. Caminhei antes de ouvir alguém gritar meu nome.
- Hey ! Espera – era .
- Não me peça para esperar , não temos nada e não quero explicações.
- Não quero que você saia assim sem entender – ele dizia enquanto vestia uma camiseta qualquer. Ainda estávamos no ônibus. e se sentaram sem saber o que fazer. apenas me olhara tenso.
- Explicações? Sobre quem você pega ou deixa de pegar ou sobre você ser um cretino?
- Não é bem assim ...
- Faz uma semana que terminamos e você já está com outra? Cadê seu amor expresso em versos que você se gabava de me contar?
Ele nada disse. Limpei uma teimosa lágrima que caía dos meus olhos.
me olhava sério.
- Olha só quem fala! Terminamos há poucos dias e você já está saindo com o meu companheiro de banda...
- Calma ai! – disse alto me estressando com ele. – Eu não estou saindo com o ! Você não tem o direito de me dizer algo assim.
- Direito? Quem é você para me dar moral? Não se dá ao valor! Acabamos de nos separar e você já vai caçar fama com um cara da minha banda! – ele cuspiu as palavras em mim. Senti uma raiva imensa me corroer por dentro.
Não respondi, apenas virei um tapa no rosto dele e o fitei séria. pos a mão no rosto e me olhou com ódio.
- Não diga o que você não sabe – disse séria. – Você foi a pior parte da minha vida. Eu confiei em você , eu dei meu amor por você e acreditei que você seria o cara da minha vida desde que nos conhecemos naquele parque! E olha o que você fez: decepcionou-me. Não tem perdão para uma decepção assim. – eu dizia tensa, já não contendo mais as lágrimas. Ele me olhava sério. – Acho que o maior erro não foi ter te conhecido. – pausei e ele ainda me olhava tentando absorver minhas palavras. – O maior erro foi ter fechado os olhos para os sentimentos do e ter dado chance pra você. Eu saberia o que é amor se estivesse com ele.
Disse as palavras frias jogadas a ele e sai a passos rápidos do ônibus. Desci os últimos degraus e suspirei tensa. Não contive as lágrimas e nem o choro. Corri para o lugar mais isolado dali e sentei de qualquer jeito no chão chorando tudo que estava preso em mim. Doía demais saber que tudo que eu apostava e acreditava tinha dado errado. me decepcionou demais.
Logo senti alguém ao meu lado. me abraçou e deixou que eu chorasse em seu ombro afagando seus dedos em meus cabelos.
- Promete que se eu te pedir uma coisa, você não nega?
Ele me olhou confuso.
- Como?
- Só prometa – pedi chorando. Ele ainda me olhava confuso, mas sorriu em resposta.
- Fica comigo por esses dias, me dê um tempo para eu conseguir esquecer o que houve e eu prometo que consigo te amar. – disse rápido. ainda me olhava sério.
- Olha, eu te amo, mas não precisa querer corresponder se você ainda ama o e...
- Não! É sério , eu juro que posso te amar, só preciso que me espere ok? Pode me dar esse tempo?
Ele sorriu compreensível e assentiu com a cabeça.
- Posso, o tempo que precisar. – disse sorrindo pra mim. – Tem certeza?
- Toda. – disse tentando abrir um sorriso. Ele me abraçou de lado e deitou minha cabeça em seu peito me deixando chorar as ultimas lágrimas. Essas seriam as ultimas lágrimas que eu derrubaria por .
- CAPÍTULO TRÊS –
Um ano havia se passado desde que eu tínhamos terminado. Eu estava namorando agora. Estávamos tendo um relacionamento legal. Eu jamais acreditaria que teríamos algo um dia, mas eu estava deixando as coisas irem conforme o tempo e o que eu sentia por ele era puro. , por sua vez, viera me pedir perdão. Não podia manter uma inimizade com ele por conta de , então aceitei. Mas, não nos falávamos muito. Não tínhamos nada de intimidade. Eu ainda estava muito machucada por tudo que ele me fizera.
Não estava em época de turnê com o ARTTM agora, a Stay Awake – minha banda - estava em turnê individual por Dallas mesmo.
Não era nada como antes. Digo, eu não sentia que amava como amava naquela época. Nem sei dizer se deixei de amá-lo, mas comecei a me amar.
- Tá pensando em que? – disse Igor sentando-se ao meu lado.
- Em como eu sempre faço merda. – disse pensativa. Ele riu.
- O que houve dessa vez?
- Não sei se estou fazendo a coisa certa...
- Sobre?
- .
- Você está feliz com ele, não está? Digo, depois de fazer tudo o que fez...
- Sim, ele se mostrou merecedor dos meus sentimentos, mas sinto que não posso amá-lo como ele me ama.
- Sempre um parceiro ama mais, nunca é recíproco, .
- Mas, dessa vez é diferente Igor, eu sinto que eu não posso amá-lo do jeito...
- Que ama – ele completou.
- Amava – o corrigi.
- Tem certeza? – ele me olhou atento. O olhei sem saber o que responder.
- Não. – disse sincera. Senti um aperto no meu estômago.
- Então você tem que resolver isso, – ele me disse sério. – Você não pode sofrer e nem iludir o .
- Mas de que adianta eu amar alguém que me traiu e me decepcionou?
- Amar alguém mostra que você está acima de qualquer traição ou decepção – ele disse me encarando.
- O que eu posso fazer para não amá-lo? Amar quem não merece?
- Você não pode julgar se ele é digno do seu amor. Você não escolheu amá-lo, aconteceu. Se fosse para ser com seu final, você teria começado um romance com ele desde a infância, e veja – ele pausou – Foi com que você se apaixonou.
- Então, você acha que eu devo terminar minha história com ?
Igor assentiu sério.
- Ou ir atrás dele e explicar tudo, dizer que você ainda o ama e quer de volta.
- Eu ir atrás de alguém que me traiu?
- Você fazendo isso ele vai ver que perdeu alguém que realmente o amava.
- E isso mudaria muita coisa?
- Tudo. – disse sincero. – Mudaria tudo para um homem, .
Olhei-o em resposta e sorri.
- Mas, e o ?
- Se ele realmente te ama ele vai te entender.
- Acho que sim, eu não me sinto a mesma sem dizer tudo que tenho para contar ao .
- Você está infeliz. Qual foi a ultima vez que você compôs?
- Há uns sete meses atrás. – disse séria sentindo vergonha.
- Você compunha todos os meses quando namorava o . Ai está a diferença da sua felicidade.
- Minha felicidade é o ?
- Vejo que sim.
- Mas, e se eu for enganada de novo?
- Nós estaremos aqui para te apoiar e acho que não quer te perder. Ele aprendeu com os erros.
- Espero que sim – disse séria.
- Vai dar tudo certo – ele sorriu e me abraçou.
- Então eu terei que ir atrás dele?
- É um bom começo.
- Os papéis não estão invertidos? Ele me trai e eu que vou atrás? – disse rindo. Igor riu.
- A questão é que o sentimento é recíproco e você está sendo digna de lutar por isso, ele vai ver que também é.
- Espero que dê certo – disse insegura.
- Você admitiu que o ama, isso basta muitas coisas.
- Vou conseguir então, me deseje sorte – ri de lado.
- Você vai conseguir. – ele me encorajou.
Sorri em agradecimento a ele.
Pois é , eu vou dar mais uma chance a você.
Me encontrava parada na porta do apartamento dele sem saber se batia ou se ia sair dali correndo e desistir de tudo. O mais legal é que eu não era a traidora, e sim a traída. Você deve estar me julgando por fazer isso e ser trouxa, mas aí eu te digo: amor é algo que acaba com você e te faz ir atrás de quem você ama. Afinal, isso era minha felicidade.
e eu conversamos dias antes e chegamos a conclusão de que o que Igor me dissera era verdade e o correto a se fazer.
E lá estava eu parada na frente do apartamento de sem saber como começar um discurso simples. Bati na porta.
Ele abriu tempo depois e arregalou os olhos quando me viu ali.
- Oi – disse sem jeito. Ele ainda me olhava sem entender.
- ? – perguntou perturbado. – O que faz aqui?
- Vim falar com você. – disse óbvia.
- Entra – ele disse abrindo a porta para que eu entrasse.
Fui até o meio da sala e esperei ele chegar até mim.
- Desculpa vir sem avisar, mas queria aproveitar sua folga de fim de ano das turnês e te encontrar em casa, sei que é difícil essa nossa vida corrida.
- Sem problemas – ele sorriu – Mas, o que você quer me falar?
- Bem – comecei tensa. – Não é algo fácil de dizer. – eu estava nervosa.
- Você quer se sentar?
- Não, eu preciso falar logo – disse tentando reunir coragem. – Bem, depois de tudo que tivemos nesses anos e depois de tudo que aconteceu entre a gente eu estou reunindo as maiores forças da minha vida para vir atrás de você fazer isso e olha que não está sendo fácil pra assumir. – ele me olhava sério. – Eu sei que você errou e eu já te culpei demais por tudo, sei que eu também tentei esquecer do que tivemos e acabei ficando com depois disso, mas eu não posso enganar a mim mesma por mais esse tempo. – ele me olhava compreensível. Me senti forte para dizer de uma vez. – , eu ainda te amo.
me fitou sério e nada disse. Tentou absorver minhas palavras e quando finalmente falou eu senti meu estômago gelar.
- Se eu te disser que esperei você vir até mim esse tempo todo me dizer isso, seria clichê demais?
- E por que você não foi atrás de mim antes?
- Saberia que não causaria esse efeito, e você jamais voltaria para mim.
- Os papéis estão invertidos aqui , eu não te trai e estou atrás de você.
Ele riu de lado.
- Você se destaca de mim nisso, você assume o que sente mais rápido e não tem medo de correr atrás.
- Como?
- Quando eu conheci você, anos atrás, eu sabia que você era diferente e por isso queria algo com você, mas com o tempo eu percebi que você estava se mostrando mais do que eu esperava e eu me apaixonei por você. Eu achava que não deveria me apaixonar por mulher alguma e que eu queria aproveitar minha vida de rock star, mas não era isso que eu queria no fundo. Quando eu errei e te trai, fiz de tudo para te irritar e acabar com suas ideias sobre nós eu percebi que eu cai na armadilha do meu próprio medo. Medo de amar alguém.
- Você me amava então?
- Notei que sim, e quando percebi, eu realmente amava.
- E me fez sofrer esse tempo todo em vão?
- Não! Eu não sabia o que fazia para evitar te amar, e não pude. Eu realmente estava preso a você e isso virou minha dependência. Quando você e ficaram juntos eu queria o fim, jamais aceitei.
- E nunca me disse isso por que ?
- Porque eu sou fraco – ele disse abaixando a cabeça.
- Você não é fraco. Está admitindo seus erros para mim, eu aprecio você ser sincero , você sempre foi.
- Você não sabe o quanto eu me culpei por tudo que eu fiz você sofrer.
Engoli em seco.
- Isso foi passado, acho que eu consigo sofrer menos agora. – disse rindo. Ele me olhou sério.
- Me perdoa? Por tudo que eu fiz você passar? – me perguntou.
- Doeu muito tudo aquilo – disse sincera.
- Eu sei – ele abaixou a cabeça.
- Mas se eu não te perdoar eu vou me arrepender por não ter arriscado. – continuei. levantou seus olhos até mim e sorriu vindo ao meu encontro.
- Você me perdoa?
- Perdôo – disse seria. – Mas, prometa-me uma coisa.
- Qual?
- Sempre mantenha essa postura sua, de deixar seus sentimentos falarem por você. Você assumiu o amor.
sorriu.
- Vou manter, jamais conseguiria mudar quem eu era sem você.
- Acho que vou te ajudar quando precisar – disse rindo quando ele me abraçou e me tomou em seus braços.
Julguem-me os que acham que eu estava errada. Mas, antes julguem meus sentimentos.
Meses se passaram e eu estou firme com . Pode parecer clichê, mas ele mudou mesmo. Se tornou mais maduro, mais sensível e mais verdadeiro. Tornou-se quem eu apostei que ele era.
Estávamos em uma montanha alta, na estrada de Phoenix.
adorava nossas caminhadas por essas estradas desertas do Arizona.
Sentamos na enorme rocha e admiramos o por do sol.
- Eu gostaria de voar – disse perdida em meus pensamentos. que me abraçava de lado me olhou.
- Voar?
- Uhum, é liberdade.
- Antes de namoramos sério, eu considerava meus sentimentos por você como num vôo. – ele disse perdido com os olhos no horizonte.
- Vôo?
- Sim. Eu não sabia o que ia acontecer, mas sabia que estava livre em sentir o que sentia por você. E que quanto mais alto eu subia nos meus medos, eu tinha uma base se caso eu caísse.
- Uma base?
- Sim, você. – ele me respondeu agora me olhando. Sorri para ele e o beijei de lado. sorriu. – Mas, antes eu tinha medo de tudo isso. Hoje vejo que é a sensação mais única.
- Nosso amor é mesmo muito estranho – ele riu. – Medo?
- Medo de voar.
- E esse vôo eram os sentimentos que você não queria assumir?
- Além deles, minhas incertezas.
- E hoje elas são...?
- Minhas verdades. Uma delas é nítida. Eu consegui ver que não seria nada se não estivesse com você.
- E o medo de voar? – perguntei rindo para ele.
- Uma menina me ensinou a confiar em mim mesmo. Ela perguntou se eu poderia voltar a quem eu era e disse que o olhar do meu rosto poderia iluminar o seu quarto. – ele dizia com um sorriso nos lábios. – Depois disso que ela me disse eu perdi o medo de voar.
- Acho que essa menina é muito boba viu – eu disse irônica rindo. Ele balançou a cabeça em discórdia.
- Se ela não existisse, eu não voaria.
- Por quê?
- Porque ela é minha asa.
Ele respondeu sincero. Sorri de lado antes de não me conter em abraçá-lo e beijá-lo. estava ali se declarando para mim como nunca fizera nesses anos todos. Ele realmente tinha perdido o “medo de voar”.
Nos separamos e ele me fitou sorrindo ainda.
- O que foi? – perguntei sem entender o porquê ele me olhava tanto.
- Eu queria continuar a sentir essa sensação de voar, só que por tempo ilimitado.
- Como assim? – perguntei sem entender sua metáfora.
- Quero continuar a sentir o que sinto quando estamos voando juntos. – ele me dissera sério. Eu ainda não entendia. – Não quero só mais um vôo, quero uma jornada e uma vida ao seu lado. – ele me dizia. O olhava séria. – Casa comigo?
me perguntou sorrindo enquanto eu absorvia a informação sem saber o que dizer.
- Casar? – perguntei atônita.
- Algum problema?
- Nenhum, mas não esperava isso agora.
- Já se passaram anos, eu preciso disso. Você aceita?
Sorri pra ele.
- Aceito – ele me olhou.
me abraçou pela cintura e me rodou. Ainda estávamos em cima da grande rocha na estrada. Deixei que ele me rodopiasse e juntasse nossos lábios.
me abraçou e sussurrou baixo em meu ouvido.
- Oh meu deus, o quão ridículo nós éramos? – ele disse como se cantasse a letra da música.
Ri de lado.
- Não éramos ridículos, só erramos e demoramos pra aprender.
- Aprender?
- A voar.
Ele sorriu em resposta entendendo o significado da minha frase. Nos abraçamos e deixamos que a tarde que se fora engolisse todas as incertezas que já passamos. Agora nós estávamos bem. Estávamos dispostos a encarar nosso futuro juntos, sem ter medo algum de arriscar.
Sem medo algum de voar.
FIM
hey dudes! Espero que entendam esse final “metafórico” que eu fiz na fic, usando um pouco o que a letra da musica diz.
Dedico essa fic a @minadobrock que me incentivou a escrever, a @CrazyJasey por todos os apoios a fic de madrugada no MSN e a @rightfuckingirl por ser a maior Santino que eu já conheci. Obg a todos (:
@coisadebarakat xx

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