Fearless

Escrito por Mayla dos Santos | Revisado por Natashia Kitamura

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“There's something about the way
The street looks when it's just rained
There's a glow off the pavement
You walk me to the car
And you know I want to ask you to dance right there
In the middle of the parking lot
Yeah
Oh yeah”

  Eu havia me formado há pouco tempo, no final do ano anterior, estava em busca de um novo emprego, em busca de coisas novas que dessem um novo sentido a minha vida. Eu sempre achei que quando me formasse na faculdade tudo estaria resolvido, tudo estaria certo, eu teria uma carreira e a vida estaria completa, mas não foi isso que aconteceu, ainda faltava alguma coisa. Então eu decidi que uma viagem seria uma ótima opção pra espairecer e decidir o que eu faria de agora em diante. Resolvi visitar uma das minhas melhores amigas, irmã de coração que há um ano morava nos Estados Unidos, ela sempre me cobrava mesmo quando eu ia vê-la, daí decidi que havia chegado a hora. Tomei todas as providências, tirei passaporte, visto e peguei um avião rumo a Nova York. Pousei no aeroporto de JFK em Nova York e lá estava minha best , ou para os íntimos, me esperando.
  - !!! - eu disse correndo em direção à ela.
  - , não acredito que você ta mesmo aqui!- ela disse me abraçando.
  , era assim que minhas amigas me chamavam. Meu nome é e eu adoro ele, mas adoro meu apelido também. Nossa, fazia um ano que eu não abraçava a . Era tão bom estar com a minha maninha de novo.
  - Sim , eu estou aqui em Nova York com você!
  - É, mas só vamos explorar Nova York amanhã, que é sábado! Hoje vamos pegar um trem pra Nova Jersey e repousar na minha humilde residência.
   me ajudou a pegar minhas malas e fomos pra estação pegar o trem pra Newark, Nova Jersey. Chegando lá, fui muito bem recebida pela tia , mãe da e uma segunda mãe pra mim. Ela fez um jantar maravilhoso, estava com saudades da comida da tia também. Comemos muito como sempre, depois assistimos um pouco de TV, eu me diverti vendo todas aquelas séries em inglês, jogamos conversa fora e finalmente fomos dormir. Eu estava tão cansada que capotei, dormi um sono pesado e só despertei quando os raios de sol já estavam fortes sob meu rosto.
  - Bom dia xuxu!- acordei com a já de pé.
  - Já ta pronta?
  - Praticamente. Levanta, vai tomar um banho rápido e vem tomar café. Temos uma Nova York inteira pra conhecer.
  Levantei, tomei um banho rápido, vesti uma roupa leve, tomei café com a e fomos pra Big Apple. me levou em vários lugares incríveis, fiquei deslumbrada com tudo que vi, passamos o dia todo lá e no domingo voltamos pra ver mais coisas, fazer compras. Ainda tinha muito o que ver, mas como eu ia ficar um mês, teria tempo de sobra. Na segunda-feira, a levantou cedo, ela tinha aula, eu teria que passar o dia sem ela.
  - Relaxa , lá pelas 15:30 eu to de volta.
  - E até lá eu faço o quê?
  - Assiste TV, fica na internet, sei lá.
  - Não, tenho uma ideia melhor. Vou pro Central Park.
  - Fazer o que lá sozinha?
  - Ué, andar, ler um livro enquanto admiro a paisagem.
   me olhou com uma cara esquisita.
  - Que foi?
  - Tem certeza, ? Vai sozinha? Num país estranho?
  - Ah relaxa, . Não vou me perder e ninguém vai me atacar. - disse rindo levantando da cama e indo em direção ao banheiro.
  - Então ta, boa sorte!

“We're drivin' down the road
I wonder if you know
I'm tryin' so hard not to get caught up now
But you're just so cool
Run your hands through your hair
Absentmindedly makin' me want you”

  Me arrumei, estava um dia bonito lá fora, então vesti um shorts branco, uma bata solta verde e minha Melissa verde. Peguei minha bolsa, enfiei o livro que eu estava lendo no momento dentro e parti para o Central Park. Até que não foi difícil chegar lá, como o dia estava bom, havia muitas pessoas passeando pelo parque. Sentei em um dos bancos, cruzei minhas pernas em borboleta, peguei meu livro da bolsa e comecei a ler. Fiquei assim por um bom tempo até sentir aqueles olhos em mim. Desviei a atenção do livro e levantei a cabeça a procura de quem me olhava e logo achei aquele par de olhos me mirando. Mas ele não estava me encarando, ele me olhava por alguns segundos e depois voltava a atenção para uma prancheta em seu colo esquadrinhando algo nela. Será que ele estava me desenhando? Pensei em perguntar, mas eu poderia pagar um mico caso ele não estivesse. Além disso, ele era um estranho, um estranho lindo, , de olhos e pele , mas ainda sim um estranho. Fiquei pensando por alguns instantes e então decidi falar com ele, pus o livro dentro na bolsa, levantei, pus a bolso no ombro, respirei fundo e fui até ele. Ele estava sentado perto de um canteiro, no chão, parei do lado dele e falei:
  - Com licença. - eu disse meio envergonhada.
  Ele levantou os olhos e me olhou surpreso:
  - Pois não?
  - Ah bom, é que eu estava sentada ali e bem tive a impressão de que você estava me desenhando.
  - E você está certa, eu estava mesmo. - ele disse e virou a prancheta para que eu visse o desenho.
  - Nossa, que lindo! - eu disse me abaixando para ficar na altura dele e do desenho.
  - Você gostou mesmo?
  - Adorei!
  - É seu. - ele disse me dando o desenho.
  Peguei o desenho e agradeci. Ele começou a se levantar e recolher suas coisas. Então eu li o nome que estava na assinatura do desenho.
  - . Nome de artista hein!
  - É, eu gosto do meu nome. - ele disse sorrindo e eu vi que além da beleza, ele tinha um sorriso perfeito - E você, como chama?
  - .- disse estendendo a mão.
  Ele apertou minha mão ainda sorrindo, aquele era o estranho mais lindo que já virá.
  - Bom, se você me dá licença, eu tenho que ir agora. Tenho aula na faculdade agora. - ele disse olhando para o relógio.
  - Você estuda aqui perto?
  - Sim, na Universidade de Nova York, no campus principal.Mas sempre que posso dou uma escapada aqui para o Central Park.
  - Bem, espero te ver mais vezes então.
  - Também espero. Tchau!
  - Tchau.
  Ele pegou suas coisas e foi embora, fiquei observando ele de longe. Voltei para casa e contei tudo para .
  - Uh... Um gato desenhista hein! Caraca , não posso te deixar sozinha por um dia, que você já arruma uma paquera!
  - Ah para, , ele não é meu paquera. Eu só conversei com ele por alguns minutos, talvez nunca mais o veja.
  - Aham, sei. - ela disse divertida.
  Fui dormir naquela noite pensando em , mesmo que eu nunca mais o visse, jamais ia esquecer aquele rosto.

“And I don't know how it gets better than this
You take my hand and drag me headfirst
Fearless
And I don't know why but with you I'd dance
In a storm in my best dress
Fearless”

  No dia seguinte, foi pra aula novamente e eu fui para o Central Park, confesso que tinha esperança de encontrá-lo, mas ele não apareceu. Então dei uma volta na Times Square e antes de voltar para Nova Jersey, parei num StarBucks. Comprei um frappuccino Java Chip pra mim, sentei numa mesa perto da janela e fiquei ali pensando na vida. Algum tempo depois escutei alguém bater na janela. Olhei e quase não acreditei no que vi, era ele, o , ali do outro lado da janela. Fiz sinal pra ele entrar no café e um minuto depois ele estava sentado na minha mesa.
  - Nossa, não acredito, você! É muita coincidência não, nos encontrarmos dois dias seguidos?
  - É também acho, talvez o destino esteja querendo nos dizer alguma coisa.- ele disse sorrindo.
  - É talvez. Não tem aula hoje?
  - Daqui a meia hora, meu irmão já deve estar me esperando.
  - Você tem um irmão?
  - Tenho sim, o , ele estuda na NYU também, somos meio que inseparáveis, sabe?
  - Sei sim, sou exatamente assim com as minhas amigas. Elas são como irmãs pra mim, inclusive estou na casa de uma delas em Nova Jersey.
  - Ah, então você não mora aqui?
  - Não, estou de férias. Moro no Brasil!
  - Brasil? Você é brasileira? Caramba, nunca podia imaginar.
  - Pois é, eu sou. Mas então, acho que você não deve deixar seu irmão esperando, né?
  - Verdade, se não daqui a pouco ele me liga. Mas então, eu não gosto muito de contar com o destino sabe, será que eu poderia de ver de novo amanhã?
  - Me ver? Como um encontro?
  - É, nós poderíamos jantar.
  - Claro, seria ótimo.
  - Ok então, passo pra te pegar as 20:00.Você pode anotar o endereço? - ele disse me estendendo uma caneta e um papel
  - Anoto sim, vou colocar o telefone da minha amiga também, caso precise me ligar, meu celular não funciona aqui.- eu anotei tudo e entreguei a ele.
  - Te vejo amanhã então. Até!
  - Até.
  Fiquei sorrindo sozinha enquanto via ele atravessar a rua pela janela. Voltei pra casa louca pra contar tudo pra .
  - Aham, vai sair com ele hein! Isso porque você disse que nunca mais o veria.
  - Talvez ele tenha razão, talvez seja o destino. Mas , preciso da sua ajuda amanhã, pra escolher a roupa, maquiagem, cabelo e tudo!
  - Deixa comigo, você vai ficar maior gata!

“So baby drive slow
'Til we run out of road in this one horse town
I wanna stay right here in this passenger seat
You put your eyes on me
In this moment now, capture it, remember it”

  No dia seguinte fiquei na maior ansiedade até a voltar da aula. Assim que ela chegou, começamos a escolher a roupa e tudo mais. Eu estava terminando minha maquiagem no banheiro, quando ouvi a falar comigo:
  - Oh , ele tem uma BMW preta? - ela disse olhando pela janela.
  - Sei lá que carro ele tem, . Acabei de conhecê-lo.
  - É mais deve ser, porque tem um carro assim parado na porta de casa.
  Sai do banheiro e corri pra janela junto a .
  - Olha tem alguém saindo do carro!
  O cara saiu do carro e se encostou na porta do passageiro. O reconheci na hora, era mesmo o , mas lindo do que nunca.
  - É ele mesmo!
  - do céu, pelo amor de Deus, ele não é bonito que nem você disse não!
  - Não? - perguntei incrédula.
  - Não, ele é melhor! Ta podendo, hein amiga? - ela disse gargalhando.
  Então o celular da começou a tocar Reason is Treason do Kasabian no último volume.
  - Quem ousa me incomodar!- disse indo pegar seu celular.
  - Deve ser o , eu passei seu número, porque meu celular não pega aqui.
  - É, não conheço o número mesmo. Bom, então atende. - ela disse me passando o celular.
  - Alô?
  - ? É o , já cheguei.
  - É eu sei, te vi pela janela. Estou descendo.
  Me despedi da , ela me deu um boa sorte e eu desci. Meu Deus como ele estava lindo, fiquei até sem ar. Foi uma noite muito agradável, ele me contou mais sobre ele, sobre a faculdade, ele fazia Artes e Economia, enquanto o irmão preferia Cinema e Artes Dramáticas. Eu também falei sobre mim, que eu tinha me formado, sobre minha vida no Brasil e sobre meu grande sonho de ser atriz.
  - Você sabe que aqui em Nova York tem uma ótima faculdade de música e artes cênicas, né?
  - Sei sim, a Juilliard School. Mas é sonhar alto demais.
  - Ué, e daí? Não custa nada sonhar.

“Cuz I don't know how it gets better than this
You take my hand and drag me headfirst
Fearless
And I don't know why but with you I'd dance
In a storm in my best dress
Fearless”

  Terminamos de jantar e ele me levou pra casa. Ele parou o carro na porta do prédio, descemos do carro e ele me acompanhou até a entrada. Ficamos parados nos olhando por algum tempo, minhas mãos tremiam, era uma sensação boa e nova, eu não costumava ser assim. E então delicadamente ele me puxou e me beijou, um beijo doce que me encheu de coragem, o primeiro beijo perfeito e mágico. Fui dormir com o gosto dele em meus lábios. Passamos a nos ver sempre e era sempre maravilhoso. Ele acreditava tanto em mim, no meu talento e foi ele que me incentivou a sonhar alto.
  - Vamos, . Vamos entrar e ver como faz pra se inscrever. - ele disse me puxando pela mão quando passamos em frente a Juilliard School.
  - Não , para com isso. Não tenho dinheiro pra estudar numa faculdade desse porte!
  - Mas eles tem programa de bolsas. Vem vai!
  Ele me puxou pra dentro da faculdade, me fez pedir todas as informações sobre o programa de bolsas e me fez pegar um formulário, preencher e enviar pra faculdade.Ele fazia tudo parecer perfeito, com ele qualquer situação se transformava em diversão.

“Well, you stood there with me in the doorway
My hands shake
I'm not usually this way but
You pull me in and I'm a little more brave
It's a first kiss,
It's flawless,
Really something,
It's fearless.”

  Numa tarde ele me levou para assistir um jogo de basquete e quando fomos sair do estádio começou uma chuva terrível, parecia que estava caindo o mundo.
  - Onde você deixou o carro?
  - No estacionamento ué. Mas o estacionamento é aberto, vamos ter que correr até lá.
  Não deu outra, saímos correndo no meio da chuva procurando o carro, pra nos ajudar o estacionamento era enorme.
  - , onde é que você estacionou o carro? Bem longe da entrada pelo visto.- eu disse rindo
  - É que estava tudo lotado quando chegamos, você viu.
  - Garoto, você está me fazendo estragar meu melhor vestido!- eu disse olhando meu vestido vermelho ficar encharcado e minha sapatilha da mesma cor escorregar nos pés.
  - Ah, ali está!
  Avistamos o carro e entramos correndo nele. pegou a chave e foi dar a partida, mas o carro não ligava.
  - O que houve?
  - Você vai acreditar se eu disser que a gasolina acabou? - ele disse apontando para o painel.
  - Não acredito que você esqueceu de por gasolina! Só você mesmo! - eu disse caindo na gargalhada.
  - Bom pelo menos podemos ficar dentro do carro até a chuva parar e depois vamos atrás de um posto.
  - Eu tenho uma ideia melhor pra passar o tempo. - eu disse abrindo a porta do carro.
  - Hey, , onde você vai? Volta aqui!
  Eu já havia saído do carro e dançava pelo estacionamento no meio da chuva.
  - , vem pra cá! - disse da porta do carro.
  - Não, isso aqui ta ótimo! Vem , vem dançar comigo.
  - Pensei que esse fosse seu melhor vestido.
  - E é! Vem !
  Ele saiu do carro e fechou a porta indo até meu encontro. Me agarrou pela cintura e começamos a dançar.
  - Você é louca menina!
  - Você também é!
  - Sou mesmo, louco por você! - ele disse e começou a me encher de beijos apaixonados e molhados.
  Era muito bom ficar com , mas eu não podia me apegar desse jeito, afinal no final do mês eu voltaria para o Brasil.
  - Ah , eu não posso me apaixonar pelo ! - eu disse um dia enquanto conversava com a no quarto.
  - Não pode? , você já ta completamente apaixonada por ele e ele por você!
  - Como vai ser quando eu tiver que ir embora?
  - Não sei, mas agora você não pode mais voltar atrás.
  Ela tinha razão, era tarde demais pra voltar atrás. Eu estava tão envolvida e apaixonada, que não conseguia mais me imaginar sem ele.

“Oh yeah
Cuz I don't know how it gets better than this
You take my hand and drag me headfirst
Fearless
And I don't know why but with you I'd dance
In a storm in my best dress
Fearless”

  Então o final do mês chegou, eu ia embora no domingo, ficou sozinho no sábado, pois aproveito o fim de semana pra visitar alguns amigos na Flórida. Foi ótimo, pois pude ficar com ele, foi nossa última noite juntos. Eu estava deitada de bruços na cama, agarrada ao lençol de olhos fechados, senti beijar toda a extensão das minhas costas, depois meu pescoço e então ele sussurrou em meu ouvido:
  - Eu te amo!
  Abri os olhos no mesmo instante e senti as lágrimas escorrerem por meu rosto. Eu havia evitado dizer aquela frase durante todo o tempo que ficamos juntos, mas era impossível negar o que eu sentia também. Enxuguei as lágrimas e virei de frente pra ele:
  - Eu também te amo. - disse tocando a bochecha dele com a ponta dos dedos.
  Então ele me beijou, do jeito que só ele sabia beijar. No dia seguinte acordei, fui pra casa da , almocei com ela, terminei de arrumar minhas malas e então seguimos pro aeroporto. A sabia o quanto eu estava triste e tentou me consolar enquanto nos despedíamos:
  - Ah , não fica assim. Tenho certeza que logo você volta!
  - É também espero voltar. Foi bom demais rever você amiga! - eu disse a abraçando.
  Então enquanto abraçava abri os olhos e quase não acreditei no que vi.
  - , é ele. Ele veio se despedir de mim!
   olhou na direção que eu estava olhando e viu vindo correndo até mim. Ele se aproximou e me abraçou forte.
  - , não vai! Fica comigo por favor. - ele disse me soltando e me olhando nos olhos.
  - Não posso , tenho uma vida no Brasil, não posso simplesmente largar tudo! Mas eu volto, prometo. Você acha que pode me esperar?
  - Posso! Vou te esperar o tempo que for!
  Ele me deu um último beijo e depois me deixou ir. Abracei a mais uma vez e segui para o portão de embarque. Olhei uma última vez pra trás e tive tempo de ver sussurrar um “Eu te amo”, respondi sussurrando um “Eu também te amo”. Cheguei ao Brasil pior do que quando fui, mas confusa do que nunca. Os dias foram se passando e a saudade do aumentava cada vez mais, não havia um dia que eu não sentisse falta dele. Então um dia eu acordei, chovia fraco lá fora, eu estava sozinha em casa, sentei perto da janela e fiquei observando a chuva cair, lembrando de todos os momentos com ele, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Até que a campainha de casa tocou, levantei, sequei as lágrimas e fui atender. Quando abri a porta não pude acreditar no que meus olhos viam, era ele, era o meu parado ali no meu portão. Corri ao encontro dele e me joguei em seus braços:
  - Meu Deus, você está aqui! Você está mesmo aqui no Brasil!
  - Não aguentei esperar por você, a saudade falou mais alto.
  E então ele me beijou, um beijo cheio de saudade, cheio de amor. Nos amamos intensamente, como se não existisse amanhã. A chuva já havia parado do lado de fora quando eu despertei, abri os olhos lentamente com medo de que estivesse sonhando, mas não era sonho, estava deitado na minha cama de olhos fechados. Toquei seu rosto devagar, senti ele respirar mais profundo e abrir os olhos.
  - Oi meu amor! - ele disse com aquele sorriso perfeito
  - Oi meu lindo. Você é mesmo um maluco, veio atrás de mim!
  - É, mas eu tenho que ir embora. - disse ele um tanto desapontado.
  Sentei na cama e respirei fundo. Ele se sentou ao meu lado e acariciou meu braço esquerdo.
  - Eu não posso ficar sem você, !
  - Nem eu, por isso eu vim. Pra pedir que você volte comigo pra Nova York!
  Olhei fundo em seus olhos e pensei por alguns instantes.
  - Quer saber, eu vou!
  - Vai? - ele disse abrindo um largo sorriso.
  - Vou! Eu não pretendo mais ficar sem você.
  - Isso é ótimo, ! Nós podemos dividir um apartamento e você pode aproveitar pra estudar.
  - Posso mesmo. Lembra da inscrição que fiz pra Juilliard School?
  - Lembro sim, o que tem?
  - Recebi a carta deles hoje de manhã. Eu ganhei a bolsa!
  - Meu Deus isso é maravilhoso, ! - ele disse me abraçando – Mas espera um pouco, você ta indo por causa da faculdade então? - ele disse erguendo uma das sobrancelhas.
  - Claro que não, ! Há ótimas escolas de teatro no Brasil e eu consegui bolsa pra uma em São Paulo, ta? Mas aqui no Brasil não tem você. Você é meu motivo! Ah. mas tem uma coisa...
  - O quê?
  - Temos que passar as férias no Brasil! Vou sentir muita falta da minha mãe e dos meus amigos.
  - Eu passo as férias até no Japão se você quiser!
  - Ah não, não tenho conhecidos no Japão. Brasil ta bom pra mim!
  - É e quem sabe quando eu terminar a faculdade a gente possa pensar em morar no Brasil.
  - Você faria isso por mim?
  - Eu faria qualquer coisa por você. Eu amo você, garota!
  - Eu também amo você garoto!
  Ele me beijou lentamente, como se quisesse ficar naquele momento pra sempre. Então eu me mudei pra Nova York com ele, passamos a dividir um apartamento, o não achou muita graça no começo perder o companheiro de quarto dele, mas no fim ele se acostumou. Quem adorou foi a , que ganhou minha companhia constante pelos próximos anos. Me matriculei na Juilliard School e iniciei meu curso de artes cênicas. Agora sim tudo estava perfeito, tudo em seu lugar e eu sabia exatamente o que eu queria da minha vida, eu queria viver e não havia maneira melhor de viver se não ao lado do .

“Cuz I don't know how it gets better than this
You take my hand and drag me headfirst
Fearless
And I don't know why but with you I'd dance
In a storm in my best dress
Fearless

Oh Oh
Oh yeah”



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