Famous In My Heart

Escrito por Marcella Ribeiro | Revisado por Mariana

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   FLAGRADO EM NOVA FESTA COM AMIGOS
   , nosso príncipe do Pop foi flagrado novamente em uma daquelas festas que nós sabemos que ele adora: cheia de mulheres e bebidas.
  Depois do último fim de semana, não pareceu nem um pouco disposto a deixar a festa cedo, mesmo tendo um show importantíssimo para fazer neste sábado. Não é à toa que algumas fãs têm estado um tanto... inseguras com relação a seu ídolo, que não foi visto apenas bebendo (e muito!) nas festas, mas também fumando cigarros um tanto... suspeitos.
  Será essa a atitude do artista daqui pra frente? Porque se for, é melhor que se cuide, já que não só as críticas e os fãs têm caído em cima do jovem cantor, mas as vendas de seu último álbum caíram drasticamente.
  Melhor se cuidar, ! Ou você pode ser o próximo ícone pop a perder a popularidade bem rapidinho.

   fechou a aba em que aquela notícia estava aberta em seu notebook e suspirou.
  - O que aconteceu com você, ? - pensou alto.
  Mesmo sabendo que aquele site de fofocas era famoso por atacar vários artistas com coisas completamente infames, sabia que aquele tipo de notícia sobre não era mais tão infame assim. O garoto havia mudado completamente desde o começo de sua carreira, e ela agora quase não o reconhecia mais.
  Era triste ver alguém que ela admirava tanto naquela situação, e entendia que, só talvez, a culpa não fosse totalmente dele, que segundo mais sites de fofoca de famosos, "havia se tornado um mimadinho drogado e egoísta". Aquele, na cabeça de , não podia ser o seu .
  Deixou de lado seu notebook, desistindo de terminar seu trabalho para a faculdade. Aquilo não estava certo. Há meses ela vinha acompanhando as notícias, sem tomar nenhuma atitude, mas para ela já chegava. Ninguém merecia ver aquilo e continuar calada, dizendo pra si mesma "Você não tem mais nada a ver com a vida dele", sendo que ela tinha sim a ver com a vida dele, e podia sim fazer alguma coisa.
  Costumava brincar com aquele garoto quando eram pequenos. E brigar muito com ele quando cresceram mais um pouco. E mesmo que suas vidas tivessem tomado rumos diferentes - ele crescendo para ser um artista Pop mundialmente conhecido e ela uma garota comum estudando na faculdade de seus sonhos - não haviam mudado tanto assim. Ainda tinham algo que os conectava além da amizade de infância: ela se tornara fã dele, por ser doce, talentoso e, principalmente, uma das melhores pessoas que ela já conhecera.
  E não podia deixar que aquilo tudo acabasse assim, de repente. Não mesmo.
  Foi até seu quarto completamente bagunçado e começou a procurar sua agenda. Não prestava pra anotar números de telefone no celular, porque sempre acabava perdendo o aparelho, ou quebrando, ou sendo roubada e perdendo todos os contatos, então os números extremamente importantes que ela não conseguia lembrar de cor escrevia em uma agenda velha e surrada, como o número do veterinário de seu cachorro, da tia-avó, da escola do irmão mais novo e, o que ela procurava agora, o número de telefone da mãe de .
  Encontrou a agenda somente dez minutos depois de ter começado a procurar, o intervalo de tempo exato pra que ela quase chorasse de frustração por não encontrar, fizesse promessa para o santo das coisas perdidas dizendo que nunca mais deixaria aquele quarto bagunçado e praguejado pelo fato de sua mãe não estar ali para ajudá-la a procurar.
  Por fim, achou a agenda enrolada em uma toalha molhada dentro do guarda-roupa e folheou-a até encontrar o número da mãe de , torcendo para que ela não tivesse mudado o número de telefone. Discou o número em seu celular e aguardou que alguém a atendesse. Quando o fizeram, logo reconheceu aquela voz de mulher. A mesma voz que a fazia ter uma enxurrada de lembranças da sua infância.
  Depois de alguns minutos conversando aleatoriedades com a Sra. e respondendo às mais variadas perguntas dela, finalmente achou a coragem pra perguntar sobre e contar à mãe dele o favor que ela precisava.
  - Mas por que essa reaproximação agora, meu anjo? - a mais velha perguntou, parecendo sinceramente curiosa.
  - Bem, eu... gostaria de falar com ele, porque... - se esforçava pra achar uma desculpa plausível, mas nada vinha à sua mente. Pelo menos não nada aceitável.
  - Quer tentar trazê-lo de volta? - a mulher completou, com ar de pergunta, e quase pôde ouvir o sorriso na voz dela. - Olha, , vou falar com ele e tentar arranjar tudo da forma como você me pediu, mas não crie muita expectativa, certo? O ... Ele está passando por uma fase um pouco difícil depois que terminou com a namorada - ouviu um suspiro antes que a mãe de continuasse - Não sei se você vai conseguir reconhecê-lo. Às vezes, nem eu mesma consigo.

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   É ALVO DE MAIS PAPPARAZZI EM FESTA PARTICULAR
   foi visto hoje à noite em uma festa particular em sua cidade natal, e entrou em uma briga com um dos papparazzi querendo fotografá-lo enquanto ele saía para fumar.
  O papparazzi relatou que falou muitos palavrões e o ofendeu bastante antes que fosse controlado por seguranças enquanto queria avançar no profissional. Um vídeo feito por um dos convidados da festa nos mostra completamente enlouquecido.
  É, ... As coisas só ficam piores pro seu lado! Quem aí acha que a carreira dele vai ser seriamente abalada depois de mais essa?

   lia a notícia no celular com verdadeira fúria, querendo tacá-lo na parede do local em que se encontrava. Era seu antigo bairro, a casa onde morara quando mais novo, e o local de seu encontro com ele.
  Havia pedido à mãe de que arranjasse um local onde ela pudesse falar com ele à vontade, e ela lhe entregara na semana anterior as chaves daquela casa e um papel, onde havia escrito a data e a hora do encontro. E lá estava ela, com tudo o que queria falar a decorado perfeitamente, e ele? Três horas atrasado, e agora, depois de ver aquela notícia, ela entendia por quê. O desgraçado tinha ido à uma festa ao invés de conversar com ela, e aquela atitude só provava o quão errada ela estivera sobre ele. não tinha mais jeito. era um idiota e ela odiava por ter se tornado um idiota.
  Não queria vê-lo nem se aparecesse pintado de ouro na frente dela.
  Pegou sua bolsa, que havia largado em uma poltrona velha da sala e ligou para o segurança que estava lá fora, avisando que queria ir embora. Aquele fora um dos pedidos de para que o encontro acontecesse. O dela ela apenas que nenhum papparazzi chegasse até eles, ou fãs ou o que fosse. Não queria cair nas mãos de mais jornalistas que a usariam pra falar mal dele.
  No entanto, o próprio não pareceu se preocupar nem um pouco com isso, já que conseguira sozinho ir parar em mais sites de fofoca.
  Irritadíssima, pegou seu casaco e abriu a porta da frente, encontrando o segurança que ficara ali perto da pequena varanda.
  - Chamei um táxi para a senhorita - ele informou - tem certeza de que não quer esperar mais um pouco?
  - Não, Charlie, obrigada - colocou o casaco e abraçou a si mesma para proteger-se do frio enquanto esperava o táxi chegar. - Ele sempre faz isso? - acrescentou, sem conseguir se controlar.
  - Bom - Charlie dirigiu-lhe um sorriso, o que era estranho, já que era um homem de quase dois metros de altura com uma cara de mal sinistra -, não são muitas as pessoas que conseguem marcar um encontro com , se é que me entende. Creio que essa é a primeira vez, nessas condições.
  Por fim, ao invés de responder, deu de ombros, sentindo-se estranhamente abalada pelo fato de ter levado um bolo de seu amigo de infância. Aquele definitivamente não era o que ela conhecia.
  - Sabe, nós costumávamos ser inseparáveis quando éramos pequenos - ela confessou, sentindo-se estranha por iniciar uma conversa com um completo desconhecido, mas sentia que precisava falar com alguém naquele momento. A decepção e frustração estavam tomando conta dela, e ela não queria chorar. Afinal de contas, não era só seu amigo de infância, era também um dos artistas que ela mais admirava.
  Fechou os olhos por um instante, querendo afastar todas as lembranças de criança de sua mente, mas uma delas era tão insistente que não havia força de vontade no mundo que fizesse com que fosse embora.
  Abriu os olhos somente quando ouviu um barulho de carro, acreditando que fosse seu táxi. Mas, na verdade, era um carro completamente preto, com vidros tão escuros que impossibilitavam que ela visse quem estava lá dentro.
  - Esse é o táxi? - perguntou e ouviu uma risada baixa e gutural vinda de Charlie.
  - Este, na verdade, é .

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  - Ah, claro, depois de quase quatro horas de atraso ele chega - a menina esbravejou, um pouco alto demais.
  Apertou o casaco contra o corpo quando a porta se abriu, e no mesmo instante que mais dois seguranças saíram do carro, ela começou a andar para fora da casa, indignada.
  Viu pelo canto dos olhos descer, mas não diminuiu o passo, pelo contrário, aumentou a velocidade, andando na direção oposta.
  Pôde ouvir Charlie protestar quando percebeu o que ela estava fazendo, mas continuou andando. Queria estar longe o suficiente para não ouvir a voz dele, mas logo ela chegou aos seus ouvidos, arrastada e sarcástica:
  - Nossa, , vai embora sem nem me dar um abraço?
   quase teve uma síncope ao ouvir aquilo, dividida entre voltar e quebrar a cara dele ou voltar e abraçá-lo, dizendo que sentia saudades. Optou por continuar andando, apressada, e sentiu um alívio ao ver o táxi que chamaram para ela dobrar a esquina.
  - Qual é, , só me atrasei um pouquinho! - a voz ligeiramente trôpega dele chegou até os ouvidos dela novamente, fazendo-a, agora, ter certeza de que ele estava bêbado. - , vamos conversar! Não te vejo há quase dois anos!
  Aquelas palavras a teriam feito desmoronar se ele não estivesse tropeçando nas palavras.
  Ela fez sinal para o táxi logo que ele chegou perto o suficiente para que o motorista percebesse que era ela que precisava de seus serviços, e não podia dizer com certeza, pois já estava longe, mas teve a impressão de ouvir dizer algo como "pegue ela", e alguns segundos depois, antes mesmo que o táxi parasse ao seu lado, braços enormes a ergueram no ar, a colocaram em ombros - também enormes - e começaram a carregá-la para longe.
  - Me solte! - ela esperneou, percebendo que era Charlie que a capturara.
  - Desculpe, senhorita, só estou seguindo ordens do meu patrão.
   começou a se debater, mas logo parou. Primeiro porque não adiantaria nada e segundo porque Charlie não tinha culpa, se sentiria mal se o chutasse ou algo assim.
  Deixou-se, então, ser carregada de volta para a casa, murmurando coisas desconexas e infantis como "eu odeio ele" e "vou matá-lo com minhas próprias mãos", o que a fazia sentir o corpo de Charlie tremer sob o seu, indicando que estava rindo.
  Quando ele a colocou no chão, apenas indicou a porta de entrada, e percebeu que já não estava mais do lado de fora.
  Sentindo a raiva arder em seu peito, entrou e encontrou-o na cozinha, com um ar de riso.
  - Você continua teimosa como sempre - resmungou e ela cruzou os braços. - Ah, vamos, ! Desculpe pelo atraso, mas eu estou aqui, não estou?
   lançou a ela um sorriso sincero, aquele que ela sempre gostara de ver e que fez com que suas pernas tremessem. Afinal de contas, ela era uma fã dele também, e mesmo que já o tivesse encontrado depois da fama duas vezes, não podia ignorar o fato de que, como toda e qualquer garota fã de alguma coisa, queria gritar e pular em cima dele.
  Revirou os olhos e deu um pequeno sorriso, e isso foi o suficiente pra que se aproximasse e a abraçasse apertado.
  - Senti sua falta, - sussurrou no ouvido dela, e tudo estava maravilhoso, até o momento que ela respirou fundo e sentiu o odor de bebidas e cigarro nele e em suas roupas, fazendo-a lembrar do porquê de estar ali.
  Ela soltou-o abruptamente, o que o fez cambalear, um tanto desequilibrado.
  - Certo, mas não foi pra isso que eu marquei esse encontro - ela começou, tentando lembrar as palavras que tão perfeitamente decorara e que agora fugiam de sua mente - eu queria conversar com você, como a gente costumava fazer.
   caminhou até a sala, deitando-se no sofá que estava ali. A casa, embora fosse a mesma, tinha sido toda reformada, e os móveis trocados. acreditava que aquela mudança acontecera bem no início da carreira de , e depois, quando ele começou a ganhar mais dinheiro, conservara a casa, mas se mudaram dali.
  Ela sentou-se de frente pra ele, e forçou a mente a lembrar o que ia dizer, mas no fim, acabou olhando nos olhos dele e soltando tudo de forma rápida e direta, exatamente do jeito que não queria ter feito:
  - O que aconteceu com você, ?
  Ele olhou-a espantado por alguns momentos, e logo depois revirou os olhos.
  - Então foi por isso que a minha mãe te ajudou a me encontrar, não é? - falava de uma forma sarcástica, um tanto estranha por sua voz estar lenta por culpa da bebida - E eu nem desconfiei de nada! Bom trabalho, , você foi ótima tentando enganá-la com todo o papinho de "eu quero mudar o e blá-blá-blá".
   abriu a boca por um momento, espantada com a reação dele.
  - Não acho que eu tenha entendido o que você quis dizer, .
  - É claro que entendeu. - ele se endireitou no sofá com um pouco de dificuldade, e embora ainda parecesse muito bêbado, seus olhos demonstravam uma real decepção - Você pensa que foi a única a entrar em contato com ela, ? Um monte de garotas que a gente conheceu na escola fica caçando a minha mãe todos os dias querendo entrar em contato comigo, dizendo ser velhas amigas, mas ela nunca ajuda ninguém, então realmente, você fez um ótimo trabalho, não é? Chegou até aqui!
  - , eu ainda não entendi...
  - Eu pensei que você fosse diferente disso, . Por isso que eu vim, mas parece que você é só mais uma querendo tirar algo de mim.
  - ! - parecia não indignada, mas chocada - Você acha mesmo que eu entraria em contato com a sua mãe só para tirar proveito da sua fama? Logo eu? A gente brincava quando era criança, seu imbecil, a gente cresceu junto e agora é isso o que você pensa de mim?
   demorou um pouco pra responder, parecendo levar um pouco mais que o normal para entender o que ela havia dito.
  - O que você quer, então?
  - Já disse o que eu quero, quero conversar com você, saber o que aconteceu, o que há de errado, te ajudar!
  - Pra quê? - retrucou - Quem foi que te disse que eu preciso de ajuda? Foi a minha mãe? Porque se foi ela, ela está errada. Eu tô ótimo, não preciso de nada vindo de você nem de ninguém!
  - Ah, é mesmo? - agora quem usava o tom sarcástico era - então você pode me dizer o que é isso na minha frente? Você completamente bêbado? E todas as fofocas que saem sobre você em todos os lugares? Bebendo, fumando, brigando, tratando as pessoas mal... Isso tudo é mentira também ou você quer que eu me convença de que esse é você?
   calou-se, encarando-a por alguns momentos sem que ela conseguisse decifrar o que o olhar dele queria dizer, e logo depois sentou-se no sofá, coçando os olhos, parecendo mais cansado do que ela jamais vira.
  Ali, de pertinho, podia ver como suas olheiras estavam escuras e era claro pra ela que ele não tinha um bom descanso há tempos.
  - O que você quer? –o garoto perguntou novamente, sem olhá-la, e sentou-se ao seu lado.
  - Eu só quero te reconhecer, . Reconhecer o cara que costumava brincar comigo anos atrás, que fez parte da minha adolescência e que foi meu... meu melhor amigo, meu ídolo. Só isso.
  - Esse cara tá aqui, - ele respondeu, apontando o próprio peito, ainda sem olhá-la, mas parecendo mais calmo. - Ele continua aqui.
  - Então me mostra ele. - pediu - Volta a ser ele. Essa pessoa que você está sendo não é você, eu sei que não é. - não respondeu, por isso a menina continuou - Me conta o que aconteceu com você.
  - A vida aconteceu - ele disse - E eu tô cansado, , será que a gente podia conversar outra hora?
  Olhando pra ele, podia mesmo acreditar naquilo, mas sabia também que o que ela conhecia sempre fugia de algo dizendo que estava cansado, e depois nunca mais voltava a tocar no assunto. Ela não queria que aquilo acontecesse.
  - ...
  - Depois, . Acho que o seu táxi ainda está aí fora.
  - Então vai ser assim? - ela se irritou com ele. Por que não podia colaborar, conversar com ela e tornar tudo muito mais fácil?! - Você vai simplesmente me mandar embora assim? Foi pra isso que você se deu ao trabalho de vir até aqui, ?
  - Eu me dei ao trabalho de vir até aqui porque eu gosto de você! - ele se alterou também - Porque eu sinto saudade, porque eu achei que me reaproximar pudesse ser bom, porque a minha mãe disse que você queria muito falar comigo e porque eu sempre gostei de você, , por isso eu vim. Porque eu achei que o passado talvez pudesse me fazer sentir bom de novo, mas claramente é melhor deixar o passado no passado. - não parecia ter o menor controle sobre seu humor, e aquilo só chateava . Em anos que tiveram de amizade, ele nunca a tratara daquela forma, a não ser que fosse de brincadeira. O que, claramente, não era o caso.
  - ...
  - , chega.
  - Não, chega coisa nenhuma - obrigou-o a encará-la apenas com seu tom de voz - Eu tô aqui porque eu me preocupo com você! Porque assim como todas as suas outras fãs, eu me preocupo com seu bem estar, me preocupo com o que você faz! E como uma pessoa que te conheceu há anos, eu queria que você voltasse, , só isso, porque esse não é você. O que eu conhecia nunca gritaria assim comigo, nunca gritaria assim com ninguém. O que eu conheci nunca chegaria em casa nesse estado e nunca faria a própria mãe morrer de preocupação, porque para o que eu conhecia, o mais importante no mundo era a mãe dele, e não festas e bebidas e garotas. Mas realmente, talvez você esteja certo. Talvez seja melhor deixar o passado lá atrás, já que o que eu costumava conhecer parece não existir mais!
  Caminhou até a porta, mas virou-se no último momento.
  - Desculpa ter tomado seu precioso tempo. Eu só achei que no fundo você ainda fosse o mesmo.
   já estava na rua novamente quando ouviu a voz dele de novo, pedindo que ficasse.
  - Como nos velhos tempos - acrescentou, e ela sabia que ele se referia ao tempo que eles eram bem pequenos, e dormia na casa dela quando sua mãe precisava trabalhar e não podia ficar com ele e vice-versa.
  Aquilo fez com que um tremor passasse pelo corpo da garota. Não porque tivesse qualquer tipo de segunda intenção, mas porque talvez aquele que ela conhecera realmente ainda estivesse lá, assim como ele dissera.
  Ela só precisava resgatá-lo.

xx

  Estavam deitados no carpete da sala, fazendo as almofadas de travesseiro, exatamente da forma que dissera: como nos velhos tempos.
   estava com sono, e estava meio bêbado e com sono, mas esses "pequenos" detalhes não os impediram de fazer o melhor que podiam para permanecerem acordados. Fazia tanto tempo que não passavam horas como aquelas, juntos, apenas os dois e o senso de familiar entre eles que não queriam estragar tudo por algo tão trivial como sono.
  Porque, às vezes, tudo o que alguém precisa pra se lembrar de casa é se sentir em casa, e era isso que os dois sentiam àquele momento.
  - Não é tão fácil quanto eu achei que seria, sabe? - contava, observando o teto manchado com os olhos um tanto vidrados - Essa vida de ser famoso, ter um monte de gente gritando meu nome por aí, estar em revistas que eu nunca ouvi falar...
  - Mas tem as partes boas, não tem? - lembrou e assentiu.
  - É claro - confirmou - É que às vezes... - calou-se por um momento.
  - Às vezes...? - a garota insistiu e ele sorriu para o teto, um sorriso triste.
  - Às vezes eu me pergunto se isso tudo vale à pena. Se as partes boas compensam realmente perder a minha liberdade, minha vida pessoal, tudo... É claro que eu amo o que eu faço, e amo meus fãs - assegurou rapidamente, logo que percebeu o que havia dito -, mas é que antes de tudo, eu pensava que fazer algo que eu amo pro resto da minha vida e ainda ganhar dinheiro com isso fosse ser mais fácil, entende? Deveria ser mais fácil.
  - Aham - assentiu, olhando-o de canto de olho - Mas é como dizem, não é? O amor não é nada fácil.
   riu do modo meio exasperado que ela falou e olhou-a nos olhos.
  - Eu só queria que não fosse tão difícil.
  Ficaram em silêncio por um momento, até ele perceber que aquela era a hora certa pra desabafar. Afinal, ele estava com a pessoa certa para fazer aquilo. Alguém que nunca usaria tudo o que dissesse contra ele depois.
  - Toda essa pressão está me matando, - começou, olhando novamente para o teto - Eu só queria poder ser um cara normal de vez em quando, que pode tomar o seu porre quando as coisas ficarem difíceis sem ninguém me julgando por causa disso, ou tirando fotos. Queria poder cantar sem me preocupar com as críticas que virão depois de gente que nem me conhece. Queria poder descontar o meu mau-humor como todas as pessoas nesse mundo fazem todos os dias sem ter ninguém querendo me processar e arrancar dinheiro de mim por causa disso. Na verdade, às vezes eu quero é que o dinheiro se dane! Você sabe, eu comecei tudo isso porque queria mudar de vida, queria ajudar em casa... Mas o dinheiro trouxe muita gente que não presta e não é verdadeira junto com as mansões e as roupas caras.
  Fez uma pausa para limpar a garganta e repetiu:
  - Eu só queria que não fosse tão difícil.
  - E a sua resposta a tudo isso é se rebelar, ? - achava estranho vê-lo ali, desabafando com ela depois de tantos anos, mas sentia-se grata por ele tê-la escolhido. Agora sim podia quase reconhecê-lo. Encontrar nele o garoto que ela sempre admirou.
  - De que outra forma eu poderia me comportar, ? - ele retrucou e ela quase sorriu pela petulância dele.
  - Poderia se comportar como um cara que sabe que ninguém tem nada a ver com a sua vida. Como um cara que não precisa prestar contas a ninguém pra saber que é talentoso. Como um que sabe que, não importa o que ele faça, todas as fãs vão continuar do lado dele. Porque essa é a verdade, e você precisa aprender a lidar com tudo isso, . Eu sei que você consegue.
   olhou-a novamente, e naquele breve momento que seus olhares se encontraram, ele não parecia mais nem um pouco bêbado. Parecia sóbrio até demais.
  - Foi por isso que você veio aqui? Pra dizer que acredita em mim?
  A menina sorriu, sincera.
  - Achei que talvez fosse o que você precisava ouvir.
   retribuiu-lhe o sorriso.
  - Eu deveria me sentir estranho contando pra você coisas que ninguém mais sabe - confessou -, mas por mais esquisito que pareça, eu me sinto muito bem.
  - Ah é? - ela disse, ainda sorrindo.
  - É - confirmou - É quase como recuperar uma amizade perdida, não é?
  O sorriso dela se desmanchou aos poucos, e ela deixou que um pouco de sua tristeza transparecesse.
  - Nossa amizade nunca se perdeu, . A gente que se esqueceu dela.
   sorriu como uma criança e levantou a mão direita, a mão que estava mais perto de , erguendo o dedo mindinho para ela.
  - Promete que não vamos mais esquecer da nossa amizade?
  riu.
  - Olha lá, hein? - disse - Promessa de dedinho é muito séria, !
  Ele assentiu e ela esticou o dedo mindinho da própria mão, entrelaçando-o com o de , enquanto ambos diziam "prometo" ao mesmo tempo, e depois sorriram um para o outro.
  - Você disse que sentiu minha falta, né? - lembrou e assentiu - Então... também senti sua falta, .
  Ele já estava com os olhos fechando, mas ainda disse, antes de fechá-los completamente:
  - Eu disse que sempre gostei de você, né? - fez uma pausa para um bocejo - Então... era verdade.
   finalmente fechou os olhos, adormecendo quase imediatamente no carpete de sua antiga casa, ao lado da garota que crescera junto dele e acabara de lhe prometer que sua amizade não iria se perder.
  Já demorou um pouco mais para cair no sono, dividida entre olhar aquele do presente e lembrar de como ele fora - e eles eram - no passado.
  E aquela mesma lembrança insistente de sua infância que se infiltrara em sua mente mais cedo continuava a preencher seus pensamentos antes que adormecesse.

xx

  “ e estavam correndo de um lado para o outro na rua, brincando de pega-pega naquele dia quente de verão.
   tinha perdido a última rodada, por isso era ela quem, agora, corria descabelada pela rua, tentando fugir de . Mas por ser alguns centímetros mais alto, ele tinha as pernas mais longas e a alcançava quase sempre sem muito esforço.
  Ela correu com toda a velocidade que podia, mas ele acabou agarrando a blusa dela quando estavam próximos ao parquinho do bairro e ela, em uma tentativa desesperada de se livrar dele, mesmo que já tivesse sido pega, acabou de desequilibrando e caindo, deixando o joelho esquerdo todo ralado.
  - ! – exclamou, horrorizado – Tá sangrando!
  A menina sentou no chão, segurando as lágrimas. Não queria chorar na frente dele, nem na frente de ninguém, mas estava ardendo tanto que ela tinha que fazer muita força pra não abrir um berreiro ali mesmo.
  - Me desculpa! – agachou-se ao lado dela, parecendo preocupado com o machucado da amiguinha – Eu não queria que você se machucasse, juro.
   assentiu, mordendo o lábio com força.
  - Me leva para casa? – ela pediu entredentes, e imediatamente ajudou-a a levantar, passando um dos bracinhos dela por cima do ombro dele e segurando-a pela cintura.
  Demoraram bem mais que o normal pra chegarem à casa de com ela mancando e gemendo de dor, mas logo chegaram e abriu o portão pra que ela entrasse e entrou junto dela, fazendo o maior estardalhaço para que a mãe da menina ouvisse e viesse cuidar de seu machucado.
  Por fim, acabaram os dois sentados no sofá, com a mãe de ajoelhada em frente a ela limpando o machucado.
  Na hora de passar o remédio, agarrou a mão de com toda a força, porque ardia muito.
  Ao longe, pôde ouvir sua mãe dizer, com a voz branda:
  - Pode chorar, . O não vai ligar, não é, ?
   assentiu, olhando apreensivo pra menina. Não ligava dela chorar, mas não queria realmente vê-la chorando por culpa dele.
   negou com a cabeça e a mãe dela sorriu, fechando o curativo que tinha feito e indo guardar os materiais que usara.
   e ficaram em silêncio por um tempo, até que timidamente, ele perguntou:
  - Tá doendo ainda?
   fungou, triste.
  - Tá.
  Ele aproximou-se dela no sofá e segurou sua mão mais forte.
  - Pode chorar – disse – Se eu tivesse me machucado assim, com certeza estaria chorando.
  Aquilo fez com que a menina se sentisse melhor, e ela olhou pra ele com os olhinhos marejados.
  - Só vou chorar um pouquinho, tá?
   sorriu pra ela e logo a menina estava chorando baixinho, mas a vontade de chorar passou. não tinha rido dela, e aquilo fizera com que se sentisse pronta pra outra.
  - Melhorou? – ele perguntou, quando viu-a secar a última lágrima, ainda de mãos dadas com ela.
  - Melhorei – ela dirigiu-lhe um sorriso mais confiante – Vamos brincar mais?
  - Vamos – ele concordou –, mas só que de outra coisa pra você não se machucar de novo!
   levantou e saiu puxando pela casa, indo novamente para a rua e, no meio do caminho, apertou a mãozinha dela.
  - Desculpa por ter te derrubado.
  - Não tem problema – ela assegurou, fazendo com que ele ficasse mais aliviado. – Obrigada por não rir de mim.
  - Eu nunca ia rir de você! – parecia indignado com a ideia de rir de , e ela sorriu pra ele.
  - Vem, anda logo. Se você cair dessa vez, eu juro que não vou rir de você também.
   sorriu e acompanhou-a, e logo já estavam os dois correndo pela rua de novo, mas sabendo que não importava o que acontecesse, estariam juntos.”

xx

   acordou meio que no susto, todo suado, com dormindo profundamente ao lado dele.
  Ainda era madrugada, e a boca dele estava tão seca que parecia que tinha comido areia.
  Levantou-se devagar, tentando não acordá-la, e escutou algumas de suas articulações estalarem por ter dormido no carpete duro, em uma posição nada confortável.
  Caminhou até o banheiro de sua antiga casa, que embora não visse há tempos, ainda conseguia se mover dentro dela de olhos fechados. Lavou o rosto e olhou no espelho, percebendo como estava acabado.
  Tivera um sonho estranho, ele e pequenos, e aquilo mexera com algo dentro dele. Tudo o que ela lhe falara mexera com algo dentro dele. Porque estar ali trazia não só a amizade deles de volta, mas o eu de antes de de volta. Ele se sentia meio doente, mas diferente de todos os meses que viera se sentindo doente, agora sentia como se a doença estivesse finalmente indo embora. O começo de uma cura completa.
  Depois de lavar o rosto e tomar muita água, caminhou até a porta de entrada e checou seus seguranças. Charlie estava descansando, enquanto outro tomava conta de seu posto. Pediu que lhe trouxessem algo pra ele e comerem e voltou pra sala, sentando-se ao lado dela e surpreendendo-se quando encontrou-a de olhos abertos, encarando-o.
  - Oi – ela disse, esfregando os olhos e sentando-se.
  - Oi – ele sorriu pra ela, movendo-se para o lado, pra que ela pudesse sentar ao lado dele. – Pedi pra trazerem alguma coisa pra gente comer, tô morrendo de fome.
  - Que bom, também tô.
  Ficaram em silêncio até que um dos seguranças batesse na porta, trazendo com ele lanches e refrigerantes.
   levantou pra pegar e entregou um para , sentando novamente ao lado dela.
  - Sua mãe odiava que a gente comesse na sala – ela lembrou.
  - E a gente adorava comer aqui mesmo assim – riu, fazendo com que ela risse também.
  Começaram a comer como dois esfomeados que eram, se sujando e derrubando refrigerante no carpete sem querer.
  Por fim, depois de comerem e terem ataques de riso por nenhum motivo aparente, limparam a bagunça que fizeram e procurou sua bolsa, pronta para ir embora.
  - Aonde você pensa que vai? – perguntou quando viu pronta para se despedir dele – Pode largando essa bolsa e vindo aqui ficar comigo.
   revirou os olhos, mas obedeceu, sentando novamente ao lado de , mas dessa vez no sofá.
  - Você é um chato, sabia, ? – ela resmungou e ele abraçou-a de lado.
  - Também te amo, .
  - Sabe – começou, relutante – eu pensei que quando te encontrasse de novo, seria tudo diferente.
  - Como assim?
  - Ah, não sei explicar... Achei que você seria o que todo o mundo conhece, que eu conheço como fã, mas não achei que me sentiria assim, entende?
   negou com a cabeça, e depois sorriu.
  - Me explica – pediu.
  - Achei que não me sentiria assim, como se nada tivesse mudado. Como se os anos que passaram nem tivessem passado... – olhou para e viu que ele a olhava com cara de nada, como se ainda não tivesse entendido – Bom... – deu de ombros –, faz sentido na minha cabeça.
   riu novamente e abraçou-a mais apertado.
  - Nada mudou. Porque no fundo você ainda é a que eu sempre gostei.
  - E você o que eu sempre gostei.
  Sorriram um para o outro, sorrisos sinceros que não trocava com ninguém há bastante tempo.
  Pegou-se pensando em como queria poder levá-la para casa dele e mantê-la lá pra sempre, porque se só em uma noite ela já conseguira fazer com que ele se recordasse de quem era antes e entendesse que poderia sim conciliar sua carreira com todo o resto, imagina o que não faria a longo prazo!
  Sabia, porém, que a vida não era mais aquela de quando eram crianças. E que mesmo tendo prometido, teriam de fazer um esforço enorme para realmente manter aquela amizade, com toda a fama dele, os afazeres dela e milhões de pessoas se intrometendo no que era só deles.
  Mas isso não queria dizer que não podiam tentar, pensou . E ele com certeza queria tentar, porque certas pessoas ainda valiam à pena nesse mundo. E valia muito à pena.
  Olhou fundo nos olhos dela, com uma promessa que ele já havia feito querendo sair novamente só pra confirmar, quando ela começou a rir.
   afastou o rosto do dela, estranhando.
  - Tá rindo do quê, louca?
  - Lembra que uma vez você disse que a gente ia casar? – e tornou a rir com aquela memória.
   encostou a cabeça no sofá, rindo também.
  - Foi no dia do seu aniversário de dez anos, não foi? – perguntou e confirmou – Você tava vestida de fada, toda arrumada, e eu com a camisa do meu pijama e de cama.
   surpreendeu-se por ele lembrar dos detalhes e sorriu.
  - Você estava doente, com febre e tudo – disse, de olhos fechados lembrando da carinha de aquele dia -, eu fui até a sua casa pra te levar um pedaço de bolo e você disse...
  - Que você era a princesa mais linda e bondosa que eu já tinha conhecido, e que ainda me casaria com você um dia. E você disse...
  - Que não estava vestida de princesa e sim de fada.
  Os dois caíram na risada novamente com aquela lembrança.
  - Qual seria sua resposta? – perguntou de repente e olhou-o, ainda rindo, sem entender. – Qual seria a sua resposta, além de dizer que não estava vestida de princesa? – revirou os olhos pra ideia e parou de rir.
  - Ah... – começou – Naquela época, eu teria dito que casaria sim com você.
   virou-se para ela, sorrindo aquele sorriso que ela sempre adorou ver.
  - E agora? – perguntou – O que você diria agora?
   deu de ombros lentamente, olhando-o nos olhos. Não sabia o que dizer, e não sabia exatamente o que queria ouvir.
  O momento foi interrompido por uma batida na porta, com Charlie avisando que precisava ir.
  Ainda sem levantar do sofá, ele suspirou e levantou as mãos, como quem estava se rendendo.
  - Vida de famoso me chama, Srta. . – olhou-a de rabo de olho – Preciso ir.
  - Tudo bem, Sr. Famoso – sorriu de canto – Obrigada por ter vindo. E me escutado.
  Ele retribuiu o sorriso.
  - Eu que te agradeço.
  Levantou e fez o mesmo, e acabaram um de frente para o outro, sem saber direito como se despedir.
   preparou-se para dar-lhe um abraço ao mesmo tempo que inclinava o rosto para dar-lhe um beijo no rosto. Com a confusão, os dois pararam e então foi abraçá-lo enquanto ele ia lhe dar um beijo no rosto, o que os fez rir.
  - Tudo bem, fique parada! – mandou e assim que ela o fez, ele chegou mais perto dela e abraçou-a apertado, sentindo os braços dela se entrelaçarem em sua cintura.
  Deu-lhe um beijo na cabeça e disse, baixinho:
  - Obrigada por ter me lembrado de quem eu sou.
  - Disponha.
  - Se cuida, tá? – ele pediu e ela sorriu contra o peito dele.
  - Você também, .
  - Para você eu sou só – ele retrucou -, não o famoso.
  - Mas – ela disse, separando-se dele apenas o suficiente para olhá-lo nos olhos – Você sempre foi famoso pra mim. Mesmo antes... de tudo!
   sorriu pra ela e encostou sua testa à dela, já podendo quase prever que o futuro, ao contrário do que estava sendo o presente, seria muito melhor desde que a tivesse por perto.
  - Vou manter a minha promessa, .
  - Qual delas? A de mantermos a amizade ou a do casamento? – a menina brincou e segurou o rosto dela delicadamente, depositando um leve beijo em sua bochecha, quase no canto de sua boca.
  - As duas, se você quiser.
  Lançou um sorriso de canto e deu uma piscadinha, e foi embora antes que pudesse fazer ou dizer qualquer coisa, deixando a menina confusa para trás.
  Assim que ela se recompôs, pegou a bolsa que estava no sofá e se dirigiu para a porta, encontrando ali apenas Charlie e um carro diferente do qual chegara.
  - Vamos? – Charlie perguntou e ela assentiu, ainda um pouco abalada pelo o que dissera.
  Afinal de contas, o que ele quis dizer com aquilo? Ela não tinha a menor ideia.
  Entrou no carro com Charlie no banco do motorista e falou a ele o nome da rua que ela morava.
  Passou aqueles momentos em silêncio, pensando em tudo o que acontecera aquela noite e, quando chegaram em frente à casa dela, em uma viagem que pareceu rápida demais, ela agradeceu Charlie e abriu a porta para descer, mas o homem chamou-a, entregando à ela um pequeno papel.
  - pediu que te entregasse.
   desceu do carro e entrou em casa, acendendo a luz às pressas pra que pudesse ler o que estava escrito.
  No início do papel, havia um número de telefone, e logo abaixo a seguinte mensagem:

  Da próxima vez que quiser me ver
  não precisa ligar pra minha mãe antes.
  Agora ela me deixa decidir com quem eu saio sozinho!

   riu do bilhete e virou o papel nas mãos, encontrando mais algo escrito na parte de trás:

  Sem querer pressionar...
  Mas é bom você ligar o mais rápido possível!
  Xx
  -

   pegou o celular dentro da bolsa e gravou o número dele, e logo depois foi até aquela sua agenda velha e surrada colocar o número lá também, com a impressão engraçada de que, logo, logo, já teria decorado aquele número.
  Depois, decidiu mandar uma mensagem pra ele, pra que soubesse qual era o seu número, e acabou escrevendo um “Também vou manter a minha promessa, por falta do que dizer e porque era a verdade.
  Quase imediatamente, seu celular vibrou com uma resposta:

  “Você não vai ter outra opção, !
  Obrigado.
  Por tudo.”

   sabia que aquelas horas ao lado dele iriam ficarem sua memória por muito tempo, o que ele dissera quando se despediu continuaria a deixá-la confusa também. E sabia que provavelmente, como toda garota normal, iria fantasiar durante horas e horas com aquilo. Aquela história de manter suas duas promessas ainda mexeria muito com a cabeça dela, disso ela tinha certeza, porque não podia negar que durante todos aqueles anos com e longe dele, tivera as fantasias adolescentes mais idiotas, sendo ele o foco de todas elas.
  Mas tinha certeza também que havia cumprido sua missão: trouxera de volta. O seu .
  E por ora, isso bastava.

FIM



Comentários da autora


Primeiro de tudo: MIL DESCULPAS VICTÓRIA POR QUALQUER ATROCIDADE QUE EU TENHA ESCRITO SOBRE O JB! Não conheço praticamente nada dele, então espero não ter escrito nada que você ache muito horrível! E desculpa também pela falta de pegação, juro que tentei colocar algo assim, mas quando a ideia (finalmente) veio, não consegui encaixar isso na história!
Enfim... Espero que goste mesmo assim! Haha
Falando um pouco da fic agora, eu gostei bastante do resultado final porque, querendo ou não, muitos artistas passam por coisas difíceis durante suas carreiras, e eu realmente não imagino como deve ser um saco ter um monte de gente se intrometendo na sua vida sendo que não tem nada a ver com ela, né? Por isso escrevi com esse tema, que não foi na intenção de ofender nenhum artista que já tenha passado por algo assim de forma alguma, juro! Apenas uma forma de tentar mostrar o “lado deles” da históriaHaha.
E Mariiiii! Brigada pela ajuda, coisa linda <3
Beijo, beijo!