Family Luke. You Promised

Escrito por Aline Souza | Revisado por Debbie

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  Annabeth Chase estava no lugar mais perigoso para um semideus: o metrô de NY. A adaga estava na cintura, o boné no bolso de trás do jeans e os seus livros de arquitetura pesavam na bolsa.
  Ela verificou as pessoas a sua volta em busca de algo estranho pela milésima vez, se dando conta de que estaria agindo mais estranhamente do que qualquer monstro. A verdade era que ela estava sentindo-se estranha, talvez por não estar usando a camiseta do acampamento, talvez por não estar acompanhada por Percy... Ela não sabia dizer o certo.
  - Que moça linda. - Uma senhora disse a ela.
  Annabeth deu um sorriso em agradecimento e sentiu-se mais estranha ainda. Ela olhou para duas crianças que brincavam com bonequinhos de ação e tentou não invejar a situação.
  - Dessa vez você é o Luke! - A menina, que deveria ter 8 anos, disse.
  - Mas eu quero ser o Darth Vader! - O menino, que parecia ter 5 anos, reclamou.
  - Mas o Luke é o herói, Tommy! - Ela sorriu para o irmão.
  Então Annabeth entendeu porque estava se sentindo tão estranha. O seu melhor amigo, aquele que a protegeu desde que ela tinha 6 anos, estava morto. E ela estava indo para o Olimpo arrumar a bagunça a morte dele tinha causado aos deuses.
  Os seus olhos lacrimejaram, mas ela estava determinada a não chorar.

  Não, eu não posso...

  "- Annie? - Luke perguntou para uma menininha loira que estava sentada no chão do arsenal. - Você está chorando?
  - Não. - Ela disse passando as mãos no rosto de uma forma tão adulta que fez Luke sorrir. - É que... Ela teria adorado esse lugar.
  Luke a olhou ternamente. Sentia-se quebrado desde que perdera Thalia, mas não podia deixar a pequena Annie naquele estado.
  - Quero te mostrar um lugar. Vem comigo? - Ele perguntou estendendo a mão.
  Ele a levou até uma árvore e a ajudou a subir.
  - O seu lugar favorito é uma árvore? - Ela perguntou quando ele sentou no galho.
  - Não é a árvore, espertinha. É a vista. - Luke sorriu e apontou - Olha!
  O céu estava entre vermelho e laranja, e quando Luke apontou, Annie pode ver as folhas do pinheiro de Thalia balançarem em uma espécie de saudação.
  - Um dia, Annie... Thalia vai voltar para nós. Eu vou dar um jeito nisso. - Ele disse com um tom de voz tão intenso, contendo mais tristeza e raiva do que a determinação que ele queria passar, que Annabeth não conseguiu fazer nada além de chorar baixinho. - Mas por enquanto você vai ter que se contentar só com um irmão mais velho. Vou fazer sempre o melhor para nós, eu juro.
  Annie escondeu o rosto com as mãos, mas Luke as afastou.
  - Não precisa ter vergonha de chorar, ok?
  - Mas a Thalia disse...
  - É, eu sei. E ela não estava errada. Mas pode chorar na minha frente, porque nós dois somos uma família e eu sinto o que você sente.”

  

  Annabeth desceu do metrô uma parada antes da que tinha combinado com Percy. Não queria encontrar o namorado naquele momento, principalmente porque Percy estava tão feliz com a vitória e ela era só um poço de dúvidas. Será mesmo que eu lutei no lado certo? Se eu estivesse com Luke, Thalia também estaria... E ainda seríamos uma família.
   Annabeth correu para fora da estação em direção ao Central Park. Não havia um lugar onde ela quisesse estar realmente, nem mesmo no acampamento ela conseguiria se libertar da dor que sentia no momento... Por que eles sempre vão embora? Será que nunca mereci uma família? Será que o cabeça de alga vai ser o próximo a me deixar?
   Os seus pés a levaram até a entrada para o mundo inferior. Mesmo inconscientemente ela sabia o que deveria ser feito.
  - Você não vai fazer isso - Uma voz atingiu os seus ouvidos e ela se virou imediatamente.
  - Nico?
  - Olha, eu não sei o que você quer aí, mas... Não é seguro. Então, por favor, não faça.
  Até aquele momento Annabeth não sabia que Nico nutria por ela o mesmo tipo de admiração cega que ela tinha por Luke. Aquilo foi tão bonito quanto perturbador.
  - Eu preciso. Eu... - Ela disse olhando para o chão. - Existem milhões de pessoas sofrendo por outras pessoas que já morreram... Mas que não tem ideia do que fazer. Nós... Nós sabemos como chegar lá. Então por que não?
  - Porque as coisas não funcionam assim, ok? Quando uma alma chega ao mundo inferior, ela não deve mais sair de lá.
  - Você não entende.
  - Não, você não entende. Você vai sair por aí enfrentando Hades e todos os monstros do Tártaro para chegar ao mundo inferior e ouvir um "Foi mal, ela decidiu renascer." e... - Nico soltou com raiva e tristeza. - Merda.
  Ela percebeu que os olhos do garoto estavam mais vermelhos do que escuros. Ele sentia a mesma dor que ela estava sentindo. Foi então que Annabeth se permitiu chorar na frente de alguém que não era Luke.
  Nico foi até ela pôs o braço sobre os ombros dela em uma espécie de abraço desajeitado.
  - Só... Fica longe daquele lugar. Você não merece isso. Eu sei que a dor não vai embora e que você nunca vai esquecer, mas... Pensar que pode resolver as coisas só piora.
  Então os dois ficaram ali, sentados no Central Park, enfrentando os seus medos com a arma mais usada pelos mortais: a amizade.

  Não, Luke. Não era amor. Era muito mais do que isso.

FIM



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