Faça ela feliz

Escrito por Tay Meneguim | Revisado por Isabelle Castro

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  Braços entrelaçados. Passos acompanhando à marcha nupcial. Gargantas embargadas, sorrisos melancólicos e cumprimento firme entre o pai e o noivo.
  Posicionado em um dos lados do altar, assistia ao casamento. A igreja tão bem decorada em tons de branco e pérola, rosas amareladas no buquê simples, como ela, porém encantador e deixando tudo tão combinando...
   passava uma das mãos pelos olhos, sentido a emoção do momento assim como , que não tinha vergonha de chorar e borrar a maquiagem. As palavras proferidas pelo padre atingiam em cheio todos nós; estava sendo um casamento incrivelmente lindo.
  A troca das alianças em um ouro brilhante, o beijo de praxe. O buquê fora jogado lá mesmo — a tia solteira quem pegou. Todos sorriam, todos riam, todos estavam extremamente felizes. E eu refletia, sério.
  A minha posição continuava a mesma: os braços atrás das costas, dois dedos rodeando um dos meus pulsos em apoio, o terno alinhado e a gravata me sufocando.
  A noiva depositou um beijo em minha bochecha esquerda, deixando o grude do batom por ali. Limpei e ela sorriu, encaixando uma mecha dos cabelos achocolatados, como me explicou, atrás da orelha.
   gostava que reparassem em seus fios que nunca paravam em uma cor. O corte sempre sendo alterado, a forma como caía e em todas elas, não podia deixar passar em branco, pois, caso contrário, faria voto de silêncio.
  Era o momento de irmos até o salão de festas para a comemoração de sua união. E foi em modo automático, que adentrei o carro com sua mãe e duas primas, e dirigi até ao local escolhido e igualmente bem decorado.

  Precisava falar. Precisava garantir que tudo daria certo e que ele nunca a deixaria para trás, desamparada. era a pessoa mais especial e importante da minha vida e morreria por ela, se necessário.
  Puxei pela mão, sem dizer uma palavra sequer. Ela, sentada, ficou sem graça por minha maneira de agir. Sentia daqui sua aflição, o pedido mudo para não estragar o seu momento; provavelmente intercalava entre visões do presente e passado, de sua infância até minutos atrás.
  É, já tinha a feito passar por poucas e boas por causa de meus ciúmes possessivo e quase doente.
  Paramos ao outro canto do salão. Minhas mãos amparando os ombros do noivo, que mantinha os braços cruzados, totalmente sério.
  — Nesse vinte e dois de março, você casou com a melhor pessoa que poderia conhecer na vida, o ser mais importante para mim e sua família, por isso, eu preciso que você me prometa, ... — olhos batalhando com olhos, voz firme: — você precisa prometer pra mim que o que jurar a ela de agora em diante, vai cumprir.
  Estava sentada ao canto, cansada de tanto dançar, a tia do buquê junto, provavelmente falando sobre o mesmo assunto de sempre e com o amontoado de flores ainda entre os dedos. Os cabelos em uma trança de lado, agora bagunçada, e as mãos sobre o colo.
  Parecia desconfiada, vendo-me com . Sabia que de início, eu era a pessoa que mais pegava no pé dele e tentava de todas as maneiras suprir sua necessidade de contato com o, até então, “ficante”.
  Só que agora minha intenção de sabotar todo seu relacionamento havia caído por terra; em algum momento fui tudo o que ela precisou, mas o mesmo já havia passado e sua vida pertencia a e ninguém mais a partir de agora.
  Ouvia-me, atento. Já sabia que os cabelos deveriam sempre ser citados e observados. Tinha conhecimento de que ela era a melhor pessoa que conheceria no mundo.
  — Eu espero que faça ela feliz. — contei, apertando seus ombros com força, para sentir minha aflição e entender o meu ponto e lado. — Ela quis ficar contigo, ela vai mudar a vida por você, , por isso, espero que realmente faça ela feliz!
  Concordou, o mesmo semblante que o meu. Esticou a mão para fecharmos um acordo mudo e ao fazê-lo, vi que era mesmo a vez da minha filha ser feliz. Era a vez de cuidar bem dela... e o faria.

Cuida bem dela;
Você não vai conhecer alguém melhor que ela.
Promete pra mim;
O que você jurar pra ela, você vai cumprir.

FIM



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