Every Little Thing
Escrito por Yass Karine | Revisado por Bella
Londres, Junho de 2011
- ! Eu não agüento mais! – Falei, jogando as mãos para cima. Meu peito doía, eu não posso mais agüentar essa situação. e eu namorávamos há quase cinco anos e ele nunca foi tão frio comigo como é hoje em dia. Até parece que todas as vezes que ele disse que me amava eram mentiras. – Nosso relacionamento está muito desgastado.
- E o que você quer que eu faça, ? Eu não posso deixar de fazer meus shows com a banda só porque você quer sair pra jantar! – Disse ele, sentando na cama colocando as meias.
- E eu não quero que você pare com seus shows, ! Eu só quero que você mostre que eu ainda sou importante pra você.
- Como assim?
- Eu não sei. Talvez que me compre flores como você fazia, que segure a minha mão enquanto estamos andando na rua, que me leve pra sair; você sabe o quanto eu amo dançar, . Quero que passe mais tempo comigo.
- Nós dormirmos na mesma cama. – Falou ele, colocando o tênis no pé esquerdo.
- Isso não basta! Eu não quero só sexo, eu quero ser amada! – Gritei com raiva, sentindo o rosto queimar. Ele encarou-me assustado. – Eu só quero que você me mostre que o fogo da paixão ainda arde em você do mesmo jeito que arde em mim. Mas, pelo o que eu estou vendo, isso não acontece. E pra mim já chega! Eu não vou mais ficar me humilhando por uma pessoa que simplesmente não sente por mim o mesmo que eu sinto por ela, sendo que tem milhares de outros por aí cheios de amor pra dar e é isso o que eu quero. AMOR! Não quero seu dinheiro e nem quero saber se você é vocalista de uma das bandas mais famosas de todos os tempos, eu só quero amor, e se você não pode me dar isso, vou achar alguém que pode. – Gritei, indo até o closet, abrindo-o e pegando minhas roupas dos cabides.
- O que você quer dizer com isso? O que você está fazendo? – Perguntou ele, enquanto eu pegava uma mala e socava todas as minhas roupas de qualquer jeito dentro dela.
- Exatamente o que eu disse! Chega! Eu vou embora! Acabou. – Solucei. Fechei a mala. Depois eu voltaria e pegaria minhas outras coisas. Eu não posso mais ficar aqui, eu não quero mais sofrer.
- Não pode estar falando sério! – Disse atrás de mim. Encarei-o. Ele respirou fundo e agarrou os cabelos. – Vamos conversar melhor, , por favor! Eu tenho que ir em uma reunião da banda, quando eu voltar, a gente esclarece tudo. – Disse ele se aproximando. Saí de seu caminho e me afastei dele, puxando a mala comigo.
- Não! – Respondi friamente. Ele se voltou para mim. Passou as mãos no rosto e nos cabelos.
- Por favor, ! O que você quer que eu faça? Quer que eu saia da banda?
- Mas é claro que não, ! Eu já tomei minha decisão e não vou voltar atrás. Não vou fazer você escolher entre mim e uma coisa que você ama. Eu não sou assim.
- Mas eu também te amo! – Disse outra vez vindo em minha direção com os olhos vermelhos. Afastei-me mais uma vez. – Por favor, não... não vai embora, não. Não me deixa! E quanto aos nossos planos, ? Nosso amor?
- Amor? Você nem olha direito pra mim, nós nem conversamos direito. Quando você chega de algum show, ou você dorme ou você quer sexo. Quando você chega de uma turnê, é a mesma coisa, sexo. Isso é, quando você não resolve sair pras baladas com seus amigos e me deixa em casa preocupada com você. Eu nunca reclamei porque eu não queria ser uma namorada chata, eu sempre tolerei quando você chegava aqui carregado pelo de tão bêbado que estava. Mas agora chega! Eu não sou estúpida, não vou ser a namoradinha perfeita sendo que você só me magoa, . – Gritei novamente sentindo a garganta doer e as lágrimas caírem de meus olhos. Ele me encarava de boca aberta, cenho franzido e olhos marejados e assustados. Uma lágrima caiu de seus olhos. Logo depois, ele abaixou a cabeça.
- Não foi minha intenção te magoar.
- Tarde de mais pra dizer isso, não acha? – Perguntei, usando sarcasmo na voz. Ele respirou fundo mais uma vez e fungou. Levantou a cabeça me encarando de novo.
- O que você quer que eu faça? Eu faço qualquer coisa, . O que eu posso fazer para você não me deixar? – Pediu. Senti desespero em sua voz, aquilo estava me cortando o coração, mas eu não podia voltar atrás. Não nasci pra ser feita de tola.
- Eu tenho que ir.
- Por que você tem que ir?
- Porque nós dois não podemos mais ficar juntos. – Falei e saí do quarto. Desci as escadas e saí da casa, já entrando em meu carro e o ligando. Minha respiração pesou, ameaçando a me fazer chorar ainda mais. Acelerei e saí de frente daquela casa. Acabou.
Londres, dezembro de 2013
Fazia dois anos desde que eu e terminamos. Alguns dias depois daquilo acontecer, ele e os amigos de banda ainda me ligavam, mas eu não atendia. Se eu fizesse isso, eu iria desabar a chorar mais uma vez e provavelmente correria para os braços dele. Por isso, troquei de número e o apaguei da minha agenda telefônica. Cancelei minha conta no Twitter em janeiro de 2012 depois de receber centenas de pedidos vindos dos fãs da banda de para que eu voltasse com ele, pois ele estava muito mal. Mas, antes disso acontecer, postei uma foto minha e de Eric, meu novo namorado naquela época, só para ver se eles paravam de me azucrinar, mas isso não aconteceu. A única coisa que eles diziam era que eu e ele não combinávamos, que o amor da minha vida era , que e eu éramos almas gêmeas. Então cancelei de uma vez. Eric e eu terminamos duas semanas depois disso porque ele não agüentava os xingamentos que recebia em suas redes sociais vindos dos fãs de .
Saí da Inglaterra depois aquele dia. Estou morando na Austrália e acabei de terminar a faculdade de moda. Acabei de sair de um avião que pousou no aeroporto de Heathrow, em Londres. São sete horas da noite, vim para cá pra passar o natal e o ano novo com meus pais. Eu os avisei muito em cima da hora. Liguei para eles uma hora antes de pegar o avião. Peguei minhas malas no raio-x e corri até meu pai, que estava em pé, em frente às cadeiras de espera, de braços abertos, esperando por mim. A última vez que o vi foi em 2011, tive medo de voltar aqui e encontrar com . Quando fui embora, não disse á eles para onde iria, não queria que ninguém soubesse, não queria que ninguém me procurasse. Mas não posso deixar de ver minha família por causa desse medo.
- Oh, minha filhinha! Olha como você está linda, querida. – Ele dizia enquanto ainda estava abraçado à mim. Logo depois segurou meu rosto. Ele estava chorando. – Senti tanta saudade. Sua mãe também. Ela está em casa terminando de fazer o banquete pro jantar de natal.
- Eu também estava morrendo de saudades. Desculpe ter avisado tão em cima da hora que eu iria voltar para cá.
- Está tudo bem, filha! Ficamos muito felizes em saber que você viria. – Disse, pegando minha mala e carregando para fora do aeroporto. – Sua mãe quase deu um ataque do coração de tanta felicidade.
- Sinto muito. – Sorri.
- Mas ela está bem. Fique calma.
Ao estacionar na frente da casa azul clara, papai abriu o porta malas, pegando minhas coisas. Saí do carro e respirei fundo. Essa casa me trazia muitas lembranças, lembranças boas, mas que machucam. Reparei em mais dois carros parados ali, mas isso é normal, minha mãe sempre convida amigos dela para essas festas. O chão estava semi-úmido, o que indicava que havia chovido á pouco tempo, o que não é novidade por aqui. Ainda não havia sinal de neve, mas o vento estava tão frio como quando os flocos de gelo começam a cair do seu. Ajudei meu pai á carregar as malas. Seguimos até a casa. Ao abrir a porta e entrar na sala de visitas, vejo que nada mudou depois que fui embora. O mesmo papel de parede lilás que eu tinha escolhido quando nos mudamos de Bolton para cá, quando eu ainda era pequena. Ao lado direito, estava a porta da cozinha e ao lado esquerdo, estava a porta da sala de jantar. Os mesmos móveis ainda estavam aqui também. A mesma televisão, a mesma mesa de centro, o mesmo sofá. E nele estava sentada , minha melhor amiga! Loira de olhos azuis escuros. Ela foi quem mais me ajudou na época do fim do meu namoro com . Me lembro dela ter ficado desesperada quando descobriu que eu já estava na Austrália, pois saí sem avisar ninguém, a não ser meus pais. Chorou horrores no celular quando eu liguei pra dizer que eu estava bem. Ao olhar para mim, seus olhos se arregalaram e logo depois ela pulou no meu pescoço, me abraçando forte. Ela sempre foi muito sentimental e sensível, mas sempre que eu precisava dela, ela estava ali, firme e forte.
- Minha nanica! – Falei sorrindo. Ela olhou para mim com o rosto molhado e os olhos vermelhos. Deu-me um tapa estalado no rosto. – Ai!
- Nunca mais suma desse jeito! Nunca mais! – Dizia, apontando o dedo para mim. – E, da próxima vez que você sair sem se despedir, eu vou onde você estiver, te pego pelos cabelos e te arrasto a cara no asfalto quente, sua quenga!
- Ta bom. Entendi. – Falei rindo e ela me abraçou de novo, apertando-me forte.
- Senti saudades. – Sussurrou ela baixinho enquanto chorava em meu ombro.
Meu pai já não estava ali, tinha subido com as minhas malas. Ao olhar para o sofá, me deparo com minha mãe sentada ao lado de outra pessoa, mas apenas me preocupei em abraçar minha mãe, que veio correndo até mim. Ela chorou muito quando eu disse que iria para a Austrália, mas não tentou me segurar aqui, ela sabia que aquilo seria melhor para mim e que eu ficaria mais feliz ficando longe dali por um tempo. Ela era uma mulher linda, na minha opinião. Os cabelos loiros e os lhos verdes. Ela estava tremendo quando me abraçou e chorava fortemente. Não agüentei a emoção e acabei chorando também. Eu odiava chorar.
- Como você está, querida?
- Estou bem mãe! Não se preocupe. – Sorri para ela.
- , minha querida! – Alguém disse atrás de minha mãe. Ao olhar, dou de cara com . Mãe de . Só pode ser brincadeira. Ele não pode vir pra cá hoje. Por favor! Que ele não venha para cá hoje. me abraçou, sorrindo. Ela sempre foi uma grande mulher, uma boa sogra. É difícil encontrar alguém como ela. Ao me soltar, olhou em meus olhos, ela tinha um sorriso nos lábios, mas tinha preocupação em seus olhos. Estranho. Muito estranho. – Você está linda.
- Obrigado, . – Falei. – Bom, eu queria tomar um banho. Estou um pouco cansada da viajem.
- Seu quarto está intacto, querida. – Papai disse, descendo as escadas. Sorri e acenei para todos pedindo licença. Subi as escadas e fui em direção ao meu antigo quarto. O papel de parede continuava sendo cinza. A cama continuava com os mesmos lençóis brancos e cobertores pretos. Agora, sim, eu me sinto em casa. Fechei a porta atrás de mim e me escorei nela. Muitas lembranças me vieram na mente.
#Flashback Natal de 2009.
- Você é tão linda! – sussurrou para mim, acariciando meu rosto depois de fazermos amor. Hoje é natal e todos estão lá em baixo comemorando, enquanto e eu nos divertimos aqui na minha cama. – E eu te amo tanto. Quero você só pra mim para o resto da minha vida.
- Mentiroso. – Sussurrei, rindo. – Você só me quer porque eu sei fazer você gozar.
- E como sabe! – Sussurrou malicioso. Depois ficou sério. – É serio! Eu te amo muito e te quero pra sempre.
- Experimenta me dizer isso daqui a três anos caso a gente ainda esteja junto.
- E eu vou dizer, porque vamos estar juntos. Não vou deixar nada nos separar. Eu prometo.
#Flashback Natal de 2009 OFF
Mas é obvio que ele não cumpriu a promessa. E eu não devia ter mergulhado naquela paixão, afinal, eu só me ferrei no processo. Peguei um vestido preto em uma das malas, uma toalha e meu lingerie preto. Fui até o banheiro. Ao entrar e olhar para meu reflexo no espelho, outra lembrança vem minha mente.
#Flashback 2010
- Oi, minha princesa! – disse, entrando no banheiro e me abraçando por trás enquanto eu penteava meu cabelo em frente ao espelho. – Tudo bem com você?
- Sim, princeso. E com você? – Falei, tentando disfarçar a tristeza. Ele cerrou os olhos. Virou-me de frente para ele e me encarou.
- O que aconteceu?
- Nada! Não aconteceu nada. – Falei rápido de mais. Droga, eu não sei mentir olhando para esses olhos.
- Me conta, amor, o que está te perturbando. Você não sabe mentir pra mim. O que houve?
- Estou com saudades. – Sussurrei de cabeça baixa. Senti sua mão em meu queixo. Logo depois ele direcionou meu olhar ao dele.
- Estou aqui, amor. Desculpe ter demorado na turnê, mas é meu trabalho.
- Eu sei, por isso eu não deveria ficar triste.
- Você estava com saudades. Isso me mostra que você realmente me ama e que sente minha falta. Fico feliz com isso, e não precisa ficar triste. Sou todo seu. Pra sempre.
#Flashback Natal de 2010 OFF
Escorreguei para o chão sentindo o rosto queimar. Eu sentia falta dele. Sentia muita falta dele. Abracei minhas pernas e abaixei a cabeça chorando baixinho pra ninguém escutar. Eu ainda era apaixonada por ele. Eu ainda precisava dele. Eu não sabia qual seria minha reação ao vê-lo de novo. Não sabia qual seria a reação dele a me ver. Eu já não sabia de mais nada.
Depois de tomar meu banho, dei um grito em pra que ela me ajudasse a me arrumar. Enquanto ela escovava meu cabelo, eu passava lápis de olho e batom. Coloquei meu vestido. Meu cabelo estava liso em cima com algumas mechas cacheadas nas pontas. Coloquei meu boot preto que ganhei de uma amiga na Austrália. Enquanto eu me arrumava, me contava como tinha sido a vida dela nos últimos dois anos. Contou que ela e o amigo de banda do estavam quase namorando, se conhecendo melhor e que, provavelmente, eles iriam aparecer por ali. Respirei fundo pensando na ideia de rever outra vez. Aquilo me deixava tremendo, com medo.
- Minha vida na Austrália foi muito normal nesses dois anos. – Comecei a contar para ela enquanto eu escovava seus cabelos. – De vez em quando, alguma fã do chegava e dizia: volta pro , ele precisa de você. E, com o tempo, acho que elas foram esquecendo. O que eu acho que é muito bom.
- Fiquei sabendo que você estava namorando um tal de Eric há algum tempo.
- Terminamos há mais de um ano. Depois disso, não fiquei com mais ninguém. Perdeu toda graça. Eu nunca achava o que eu queria em ninguém e, quando eu achava, eu não conseguia me apaixonar. Então me dediquei apenas aos meus estudos. Agora, eu recebi uma proposta de emprego em uma agencia de design de moda aqui em Londres, não conte para os meus pais, sou em quem vai contar. – Falei, vendo-a sorrir.
- Que bom. Então você vai morar aqui de novo?
- Não sei. Nem sei se vou aceitar.
- Está com medo de ver o , não é? – Perguntou ela. Assenti. – vive dizendo que, depois de você, nunca foi o mesmo. Ele ainda é bom na guitarra e no vocal, mas a mente dele anda muito longe do planeta terra. Disse que compôs uma música muito boa, mas nunca conseguiu a cantar porque, toda vez que começava, ele começava a chorar. disse que essa música era pra você.
- Adiantou muito! – Falei, botando um brinco.
- O que vai acontecer quando vocês se verem de novo?
- Honestamente? Eu não sei! – Falei.
Depois de terminarmos de nos arrumar, e eu saímos do meu quarto e seguimos pelo corredor conversando. Escutei vozes familiares no andar de baixo. Ao começarmos a descer as escadas, paraliso nos últimos degraus ao ver quem estava ali. Meu coração deu um pulo. estava ali. Quando seu olhar bateu no meu, tive que segurar na parede pois foi um baque tão forte que quase me tirou o equilíbrio. Ele não tinha mudado nada. Os cabelos bagunçados, os olhos azuis claros. A boca rosada. Ainda tinha a mesma aparência de sempre. Ainda usava o mesmo estilo de roupas. E ainda causava os mesmos efeitos em mim. Tais como: Euforia e alegria, mas também tristeza e angustia ao vê-lo e não poder beijá-lo. Ao lado dele estavam , e . Amigos de banda dele. continuou a andar, enquanto três dos meninos vinham em minha direção. O primeiro a me abraçar foi , que segurou minha cintura, tirando-me da escada e me colocando no chão. Depois veio , que me abraçou forte, me levantando do chão também. Por ultimo veio . Ele era o mais novo da banda e era apegado em mim. Éramos como irmãos. Quase nunca nos separávamos. Eu nunca mais tinha o visto depois de que terminei com . Seu abraço foi o mais forte de todos. Sua cabeça foi em meu ombro e a minha foi no dele. Tínhamos a mesma altura, por isso foi possível fazer isso. Ao olhar em seus olhos azuis, os vejo marejados e uma lágrima cair em seu rosto.
- Como vai, nanica? – Ele perguntou, soltando um sorriso. Ele era adoravelmente fofo. Sempre foi muito educado e sempre era ele com quem eu conversava quando e eu brigávamos.
- Estou bem, nanico.
- Sentimos sua falta! – falou com seu sorriso perfeito. Com os olhos verdes, ele era o tigrão da banda, o pegador, o cara que foi eleito o mais sexy de todos os tempos. Ele era muito bom em problemas amorosos, mas é claro que sua vida nem sempre foi tão boa assim. Brigava muito com a namorada por conta de ciúmes, mas o sorriso que ele me deu agora me mostra que essas brigas não acontecem mais. Sorri para ele.
- Também senti falta de vocês.
- Custava você mandar uma mensagem dizendo que estava bem? Um SOS? Um sinal de fumaça? Uma mensagem no twitter? – disse com sua ironia de sempre. Sorrindo para mim. Esse era o garoto escandaloso, o mais risonho. Era o mais feliz, o que mais me fazia rir dando suas mancadas de sempre. Tinha 25 anos nas costas, mas, as vezes, ele aparentava ter mentalidade de um menino de 6 anos de idade. Com seus olhos azuis, era o segundo mais pegador da banda. Atrás de , claro.
- Desculpe, panda! – Sorri para ele.
- Você está linda! – Aquela voz me fez estremecer. Ao olhar um pouco mais para o lado da porta de entrada, estava lá. Estava com as mãos no bolso da calça, encarava-me e me analisava. Senti minhas pernas tremerem de uma maneira violenta, fazendo-me segurar discretamente em que estava ao meu lado. Pelo o que parece, ele percebeu o que estava acontecendo e passou o braço pelos meus ombros me lançando um olhar de cúmplice. Voltei á encarar sem saber exatamente o que dizer, na verdade, eu não tinha o que dizer.
- Obrigada. – Respondi, normalizando minha voz, sem demonstrar que estar frente a frente com ele estava abalando minhas estruturas. Minha mãe saiu da cozinha segurando alguns pratos, era minha salvação. – Deixa que eu ajudo. – Falei e segui até ela sem olhar novamente para . Peguei os pratos de sua mão e fui para a sala de jantar, que ficava no outro lado na casa. , que estava na direção de onde estava indo, me seguiu. Ao entrar na sala de jantar, coloco os pratos em cima da mesa e a puxo para o outro lado, longe da porta que ligava essa sala á outra sala. – Foi você, não foi?
- O quê? – Perguntou, fazendo cara de desentendida, soltando um sorriso cínico logo depois. Eu juro que mato essa garota. Bufei e respirei fundo. – Você precisa falar com ele.
- Não, eu não preciso. A ultima coisa que eu preciso agora é falar com o e relembrar como era a minha vida de “namoradinha que não se importa em ser deixada de lado pelo namorado famosinho” – Respondi com sarcasmo e, até mesmo, com raiva na voz.
- , você ainda gosta dele, você ainda o ama. Ele mudou! Agora vocês têm chance de voltarem a ser como eram antes.
- Não tem nenhuma chance disso acontecer. Eu não vou voltar atrás na decisão que eu fiz há dois anos.
- E é isso que o seu coração quer?
- Eu não me importo com o que meu coração quer! Eu o segui uma vez e quase ferrei com qualquer tipo de sentimento que eu podia ter. Quase virei uma Kattherine Pierce de tanta raiva que eu fiquei dele. Eu não vou passar por isso de novo.
- Você o ama!
- Não! Eu não...
- ! – Aquela voz ecoou pela sala de jantar. Ao olhar para a porta, estava parado lá, segurando uma bandeja com copos e talheres. Parecia tão domestico assim.
#Flashback 2010
- Deixa que eu faço isso, !
- Não! Eu quero ajudar! – Disse ele, destampando a panela de feijão. – Caralho! – Gritou e jogou a tampa no chão. Encarei-o assustada. Ele tinha os cinco dedos enfiados em baixo da água da torneira. – Me queimei.
- Eu disse pra você me deixar fazer isso. – Falei, pegando um pano de prato em cima da mesa, indo até ele e enrolando sua mão.
- Eu queria ajudar! – Falou de cabeça baixa, fazendo bico. – Desculpa.
- Está pedindo desculpa por ter se queimado? – Perguntei e ele me olhou confuso, depois divertido.
- Acho que sim.
Gargalhei. Esse homem não existe.
- Senta ali, kid! Deixa que eu faço o almoço. Daqui a pouco o ta aqui e não tem comida pronta. – Falei, o empurrando para o balcão, mas ele me puxou para perto.
- Eu to dodói. Deixa esse almoço pra depois, você tem que cuidar de mim. – Disse ele, me empurrando com o corpo e me empresando no balcão. Logo depois, suas mãos me seguraram pela cintura e me levantaram. Ele me sentou no balcão. – Cuida de mim. – Disse, colocando o rosto em meu pescoço. Ele era tão inocente as vezes. Enrolei minhas pernas em sua cintura e o puxei para mais perto. Imediatamente ele levantou o rosto me olhando malicioso. – Fazer amor na cozinha? – Perguntou. Sorri.
- Claro. – Sussurrei, passando meus braços pelo seu pescoço. Puxou-me contra ele me beijando.
- Pensei que o ia ajudar a fazer a comida e não comer você, ! – Escutei uma voz diferente e empurrei . Olhamos para a porta da cozinha e lá estava rindo. Bobão!
#Flashback 2010 OFF
- Julia está lhe chamando na cozinha, ! – Ele disse. me lançou um olhar de “fala com ele, essa é sua chance” e logo depois saiu. Peguei os pratos na mesa e comecei a colocá-los em seus devidos lugares. O ar começou a ficar pesado e difícil de se respirar já que o perfume maravilhoso que ele usava se espalhou por toda parte. Meu cérebro já não conseguia mais assimilar nada e nem distinguir o certo do errado. Se ele se aproximasse demais, provavelmente, eu iria beijá-lo. – Você pintou as pontas do seu cabelo de vermelho. – Ele disse colocando a bandeja em cima da mesa. Não acredito! Ele viu! Ninguém mais tinha reparado nisso. – Está ainda mais linda. – Disse ele. Encarei-o. Se eu não podia fugir disso, eu teria que encarar.
- Obrigada. E você continua com a mania de não pentear o cabelo. – Falei e voltei a arrumar os pratos.
- Você achava sexy! – Ele falou dando ênfase á sexy. Droga, ele fica tão sexy falando a palavra sexy. – Ainda acha?
- Não! – Menti, pegando os talheres e colocando-os ao lado dos pratos. Tinha que evitar olhar para ele. Apesar de que a tentação era de mais.
- Por favor, . Olhe pra mim, preciso ver seus olhinhos de novo.
- Não acho que isso seja necessário. – Falei indo para pegar os copos, mas ele se enfiou em minha frente, fazendo-me desviar o olhar. Droga. Aproximação. Isso não vai dar certo. O seu perfume ficou mais forte e invadiu meu sistema respiratório. Eu podia sentir seu calor de novo. Minhas mãos pinicavam para tocá-lo, mas isso não ia acontecer.
- ...
- Por favor, . Se afaste. – Sussurrei, sentindo os olhos arderem. – Eu não quero chorar de novo. Droga, eu não quero chorar por você de novo.
- Eu mudei, minha linda! Eu posso ser o namorado dos seus sonhos como eu era antes de me tornar um completo imbecil.
- Tarde de mais pra dizer isso! – Falei, levantando a cabeça com os olhos marejados.
- Nunca é tarde pra dois corações que se amam.
- Quem disse que eu ainda te amo? – Perguntei friamente. Era mentira, eu ainda o amava. Ainda amo.
- Seu corpo diz! Você está arrepiada, seu coração está acelerado e você não consegue me encarar porque tem medo de demonstrar que ainda me ama.
- Mas é muito prepotente mesmo! – Falei. Tinha me esquecido o quanto ele é um idiota. Me virei para sair, mas ele me puxou pelo braço, colando-me nele. Prendi a respiração. Suas mãos agarraram minha cintura e ele me sentou em cima da mesa se colocando entre minhas pernas. Arregalei os olhos. Não! Isso não! Seu rosto se enfiou na dobra de meu pescoço. Uma de suas mãos prendeu as minhas entre nos dois, contra seu peito. Com sua mão livre, ele me puxou contra ele.
- Eu preciso tanto desse abraço! – Ele disse com a voz abafada. Eu não conseguia reagir, eu deveria empurrá-lo para longe, lhe dar a mão na cara e sair dali irritadíssima por causa de seu atrevimento, mas eu simplesmente não conseguia. Eu senti tanta falta de estar nesses braços que vinha vontade é de nunca mais sair dali. Eu não revidei, ou lutei. Apenas encostei minha cabeça na sua sentindo o cheiro de seu xampu de maçã. Ele afrouxou o aperto em meus braços e logo depois seus dois braços estavam em volta de mim e os meus estavam em volta dele. E a cada momento nós dois nos apertávamos mais e mais, estávamos quase nos fundindo pra falar a verdade.
- ! Cara! Você tem que ver isso! – entrou na cozinha correndo e parou na porta. – Você também vai querer ver isso, . – E saiu. Estranhei-o não ter feito nenhum tipo de comentário sobre o jeito que e eu estamos, nunca perdeu uma oportunidade de zoar nós dois. segurou minha cintura e me botou no chão. Logo depois de nos encararmos por alguns segundos com as respirações ainda desestabilizadas, seguimos em silencio até a sala de estar. Todos estavam vidrados em algo que passava na televisão. Parei ao lado do sofá e olhei para o que eles estavam olhando.
- Ontem a banda McFly fez um show surpresa do Hide Park aqui em Londres, mas parece que as coisas não saíram muito bem. Um dos membros da banda, o guitarrista , se retirou no meio do show. Os amigos alegaram que ele está passando por tempos difíceis na vida. – Disse o apresentador da MTV, mostrando um vídeo amador feito por uma das fãs na hora do show. Logo depois o apresentador apareceu na TV. – Ao que parece, ainda não superou o fim do namoro com a britânica , da qual ele namorou por cinco anos. E nós viemos reparando nisso; quase não sai com seus amigos para as baladas ou para ir ao shopping. Muitas vezes, em seu show, ele parece desanimado e isso deixa as fãs muito tristes.
Um vídeo então começou a passar, era um entrevista com algumas das fãs do McFly.
- O que vocês acham que ouve com o ? – O repórter pergunta para uma das garotas. Ela está com os olhos vermelhos, ela estava chorando.
- sofreu muito com a separação entre ele e . Nós também sofremos porque tomamos a dor dos nossos ídolos. Ele ainda não está pronto para esquecê-la, por isso ele está desse jeito. Eles faziam um casal tão bonito. – Ela disse e eu sorri. As fãs deles sempre foram tão boas comigo. Tão gentis. – , se você estiver vendo isso, volta pro nosso . Ele precisa de você e nós também, Skinnygirl. – Ela finalizou sorrindo. Skinnygirl, era assim que as fãs me chamavam já que tinha o apelido de Fatman. Sorri outra vez. Eu sentia falta do carinho delas. O vídeo se fechou e a câmera se voltou ao apresentador do programa na MTV.
- saiu do palco justamente na hora em que eles estavam anunciando uma nova música, ao que indica, ela se chama Every little Thing, mas os garotos não conseguiram tocar muito já que se retirou rapidamente do palco. Será que é por causa de que ele está assim? – O apresentador colocou a mão no ouvido e logo depois soltou um sorriso. – E acabamos de saber que foi vista desembarcando no aeroporto de Heathrow á poucas horas. Será que os dois planejam se encontrar?
Olhei para os lados e reparei que não estava mais ali. Encarei , que estava sério. Ele nunca fica sério, só quando as coisas estão realmente feias. Apontou para a porta de entrada que estava aberta. Segui até ela e saí, a fechando atrás de mim. estava de frente para um murinho da varanda ao lado esquerdo da minha casa. Ele estava escorado com as mãos e de cabeça baixa. Ventava um pouco e estava frio, mas, pelo o que eu bem me lembro, gosta de ficar sentindo a brisa que vem antes da neve. Respirei fundo e tomei coragem para me aproximar dele. Caminhei em sua direção e fiquei ao lado, na mesma posição que ele. desviou o olhar do chão para o céu nublado. Seu rosto estava molhado; suas bochechas, vermelhas. Ele estava chorando.
- Eu não consigo cantar aquela música sem chorar! – Ele sussurrou com a voz bem fraca. Tive que fazer um esforço enorme para entender. – Um dia depois que você foi embora, eu escrevi essa música. Eu queria tentar esquecer meu sofrimento escrevendo uma música, mas a única coisa que fiz foi passar minha tristeza para ela.
- Isso foi há dois anos.
- Eu não tive coragem de mostrar ela para os guys. Eu não estava pronto para cantá-la e ainda não estou. – Disse com mais força. Continuei a encarar seu rosto. Eu odiava vê-lo chorar, era uma tortura pra mim. Mas o que eu podia fazer? Nada! Eu não poderia voltar atrás, eu não tinha confiança em mim o suficiente pra voltar atrás. Caminhei em direção à porta de entrada. – e eu conseguimos fazer a melodia... – Ele disse. Eu parei e me virei para ele que ainda estava na mesma posição. – Mas ele achou melhor eu cantar aquela música sozinha, pois era algo pessoal demais e ele não quis interferir em nada. Passei mais de uma semana enfiado no estúdio pra ver se eu conseguia gravar. E eu consegui. – Terminou ele, se virando em minha direção.
- Foi pra mim? – Perguntei e ele assentiu, se escorando de costas no murinho. – Eu quero escutá-la! – Falei. Ele respirou fundo, estufando o peito e fechando os olhos. Colocou a mão no bolso da frente e de lá tirou o celular. Ainda de olhos fechados, esticou o celular para mim. Caminhei novamente em sua direção e peguei o telefone parando em sua frente. Desbloqueei a tela.
- Está em uma lista de reprodução que só contem uma música. Vai saber qual é quando vê-la. – Disse ele, continuando de olhos fechados. Fui em músicas, lista de reprodução e vi uma ’s Song. Abri esta e vi um arquivo de mp3 chamado Every little Thing. Abri-o. Os primeiros toques suaves da guitarra começaram e arfou em minha frente comprimindo os lábios.
Let me in
To see you in the morning light
To get me on and all along the tears they come
As primeiras lágrimas começaram a cair dos olhos de . O vi apertar as mãos no murinho. Sua respiração acelerou novamente e ele engoliu seco, continuando com os olhos fechados como se não conseguisse ver aquilo.
See all come
I want you to believe in life
But I get the strangest feeling that you've go away
Will you find out who you are too late to change?
I wish I could be
Every little thing you wanted
All the time
I wish I could be
Every little thing you wanted
All the time
Some times
- Por favor, tire essa música – Ele sussurrou. – Por favor. – Implorou. Mas eu não faria isso, eu precisava escutar aquela música. Precisava escutá-la junto com ele. – Por favor, .
Agarrei seu corpo, colocando minha cabeça em seu peito. Seu corpo, que estava tremendo antes, agora não está mais. Seus braços me envolveram. Escorou sua cabeça na minha com o peito ofegante, apertou-me contra ele como se fosse uma criança agarrada ao seu ursinho de pelúcia com medo de que alguém o tomasse dele. Parecia estar tentando se controlar para não chorar mais. A melodia da música era intensa demais, senti meus olhos arderem e as bochechas queimarem, minhas vistas se embaraçaram por causa das lágrimas que começavam a se formar em meus olhos, forçando-me à esconder o rosto em seu peito, respirando fundo para não chorar.
Lift me up
Just lift me up don't make a sound
And let me hold you up before you hit the Ground
See all come
You say you're all right
But I get the strangest feeling
That you've go away - you've gone away
And will you find out who you are too late to change?
I wish I could be
Every little thing you wanted
All the time
I wish I could be
Every little thing you wanted
All the time
Some times
- Eu deveria ter sido mais carinhoso com você. Deveria ter cuidado melhor daquilo que era a coisa mais preciosa que eu tinha na vida. Eu sei que fui o pior namorado do mundo, eu fiz você pensar que não era importante pra mim, fui um imbecil por te tratar como qualquer uma, mas eu garanto que eu nunca amei ninguém como eu amei você, . Eu amo você. – Dizia ele em meio de soluços. Meu Deus! Me ajude. O que eu faço? Eu não quero passar por tudo o que eu passei de novo, mas eu não posso mais ficar longe dele, eu não quero ficar longe dele. Esses dois anos que passei longe dele pareceram milênios, eu precisava dele.
Don't give me up
Don’t give me up tonight
Or soon nothing will be right at all
Salvation
Will you find out who you are too late to change?
- I wish I could be every little thing you wanted all the time… - Sussurrou ele baixinho quando a música estava no fim. Seu coração estava muito acelerado. O meu também. Seu corpo voltava a tremer, e o meu também. O que eu faria agora?
A musica acabou, mas parecia estar no modo repetir, pois ela começou de novo. Coloquei o telefone em cima do murinho, deixando a musica tocar. Afastei-me um pouco de , mas sem tirar os olhos dos dele e sem tirar minhas mãos de seu corpo. Ele ficou imóvel, encarando-me com os olhos ainda cheios de lagrimas. Sua respiração estava pesada e ele fungou, abaixando a cabeça. Segurei sua mão e a levei até o meu peito. Ele levantou a cabeça e encarou aquele gesto.
- Consegue sentir? – Perguntei e ele me olhou confuso. Depois espirou fundo e assentiu rapidamente. – Meu coração está batendo forte e rápido. Ele está batendo por você, ! Sempre foi por você e sempre vai ser por você! – Ele respirou fundo, soltando um sorriso. Logo depois comprimiu os lábios como se segurasse com dificuldade o choro mais uma vez. – Eu amo você! – Falei e nesse momento pude ver ele quase explodir em minha frente. Agarrou-me pela cintura, me levantou, deixando-me suspensa no ar com as mãos escoradas em seus ombros e logo depois me beijou. O beijo pelo qual que esperei por dois anos para receber. O beijo de perdão.
Logo depois escutei alguns barulhos de explosões e luzes começaram a se acender e apagar em frente aos meus olhos fechados. Ao abri-los, fogos de artifícios, que estavam saindo do quintal da casa dos meus pais, voavam no céu. se virou para ver também. Um cara maluco saiu da casa gritando, correu para frente dela e começou a pular freneticamente em frente à varanda, seguido de mais uma pessoa. Era e . Dois carros então estacionaram na frente da casa, dentro deles saíram e sua namorada . e sua namorada . Nossa! Eu nem tinha percebido que eles haviam saído. Os quatro começaram a pular junto de e . Só aí eu fui entender o que estava acontecendo. Ao olhar para o telefone de , o relógio marcava meia noite. Era natal.
- Feliz natal, ! – Escutei sua voz perto de meu ouvido. Sorri e encarei seus olhos.
- Feliz natal, namorado! – Falei.
#Flashback ON
Londres, Natal de 2010
Querido papai Noel,
Eu escrevi uma carta para você há alguns anos quando era mais nova, eu pedi que me trouxesse um vestido de princesa para comemorar meus sete anos. Você não me trouxe, mas tudo bem, agora eu sei por que não me trouxe! Preferiu esperar eu ficar mais velha e, ao invés de me dar um vestido de princesa, você me deu um príncipe. Então, obrigado, papai Noel, e até o natal que vem.
Beijos.
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#Flashback OFF
The End...

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