Capítulo 01
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* 1 mês atrás *
— Lauren, eu vou ter que fazer uma viagem muito importante para... Moscou, na Rússia. — Ela levantou a cabeça levemente pousando sua taça de vinho em cima da mesa.
— O que irá fazer lá? — Me perguntou.
— O Professor Richard veio conversar comigo e me perguntou se eu aceitaria fazer um intercâmbio lá, eu disse que iria pensar, é uma ótima oportunidade para mim, com essa viagem vou adquirir bastante conhecimento. Sabemos que no momento que escolhi fazer psicologia, alguma hora isso iria acontecer e, bem, chegou o momento. Eu queria que você fosse a primeira a saber. — Seu olhar estava direcionado a mim. Depois de alguns instantes, ela segurou minha mão que estava apoiada na mesa e me consagrou com um belo sorriso.
— Apenas prometa para mim que vai se cuidar enquanto estiver fora, e que irá me ligar todos os dias me mandando notícias suas, tudo bem? — Ela acariciou minha mão e entrelaçou nossos dedos. Eu tinha muita sorte por tê-la ao meu lado, e deixá-la me cortava por dentro, mesmo sabendo que só seriam alguns meses em outro país, mas mesmo assim, eu tinha receio de algo mudar entre nós, na nossa relação, mas como ela sempre me surpreende, ao contrário de me sentir mais inseguro com a sua reação, me senti mais aliviado e contente por saber que ela me apoia.
— Amor, irá passar quanto tempo fora? — Sua voz era pacífica.
— Seis meses, terei que ir viajar daqui a um mês e durante esse período, quero aproveitar o máximo de tempo com você.
— Não é um tempo tão longo, mas mesmo assim... Eu vou sentir sua falta, muita falta, mas eu quero que dê o seu melhor lá, aprenda o máximo que conseguir e aproveite, aquele lugar deve ser incrível. ¬— Eu concordei sorrindo para ela também. Depois de termos jantado fomos para uma sorveteria próxima ao restaurante que estávamos, eu pedi sorvete de chocolate enquanto Lauren pediu de creme, seu sabor favorito, fechamos a noite assim do jeito que gostávamos, juntos, felizes e comendo sorvete.
Se eu soubesse que nossa relação mudaria nesses seis meses, talvez eu não tivesse aceitado embarcar nessa viagem, mas tudo tem um motivo.
Eu me chamo Luke Hammings, tenho 24 anos e sou estudante de psicologia na University of London, Lauren Jauregui, minha namorada, tem 23 anos e é estudante de medicina na University College London. Namoramos faz dois anos e meio, fomos apresentados em uma festa de uns amigos que temos em comum, depois daquele dia fomos nos aproximando cada vez mais, acabamos nos tornando amigos e depois de algum tempo namorados. Ela sabe desde que nos conhecemos a minha vontade de exercer psicologia em outros lugares e sempre me apoiou, assim como eu sempre dei apoio para ela seguir e não desistir da sua vocação que é ser médica, sei bem o quanto ela é talentosa e esforçada.
Meu maior sonho desde o segundo ano do ensino médio é viajar, desde pequeno eu tenho a vontade de conhecer novos lugares, culturas e pessoas. Será uma grande responsabilidade, mas penso que vai valer a pena, principalmente porque é algo que eu gosto e quero fazer.
Depois que contei a Lauren sobre a viagem, fizemos planos e saímos muito juntos para curtir meus últimos dias em Londres. Conheço bem a cidade então a levei para os lugares que mais gostamos, incluindo alguns pontos turísticos, nos divertimos muito, a cidade tem vários lugares incríveis. Fomos ao Museu Britânico, a National Gallery, Regent`s Park, e que belo parque, fizemos piquenique ali, também fomos ao Museu de Cera Madame Tussauds e em muitos outros lugares, sem dizer nos restaurantes que almoçamos, jantamos, cafeterias entre muitos outros, e claro não poderia faltar o London Eye aonde eu lhe dei um colar com uma pedra chamada Quartzo Rosa no formato de um coração e os detalhes dourados. Estávamos lá em cima quando eu a abracei por trás colocando o presente em seu pescoço. Ela ficou surpresa, mas logo virou para mim, sorriu e me beijou.
— Eu amei, mas essa pedra tem algum significado? — Perguntou curiosa, observando o cordão em seu pescoço.
— Sim, eu pesquisei e diz que é a pedra do amor, e também acabei achando uma poesia de um escritor brasileiro, que achei muito interessante e me fez lembrar muito de você, por isso lhe dei ela. A frase diz o seguinte: — Olhei bem no fundo de seus olhos e recitei a poesia.
"O quartzo rosa é a pedra do amor, da esperança e da expressividade; é uma das grandes belezas naturais, não classificada como uma simples pedra, E sim por transmitir amor aos mortais.
Assim que te caracterizo, Não como uma simples mulher, Mas como a dona dos meus pensamentos."
Depois que terminei de recitar seu sorriso estava maior que do coringa, me joguei em cima dela beijando todo seu rosto. Ela riu me segurando para não cair.
— Estamos parecendo aqueles casais clichês, mas foi lindo, e eu amei o cordão, não somente ele, mas como o dia que passamos e a frase desse cara. Eu te amo, bobão. — Concordei e ri junto, realmente era bem clichê. Eu realmente sou um bobão, um bobão apaixonado.
No final valeu muito a pena cada passeio que fizemos, a sua expressão de admiração, surpresa e felicidade nos lugares que fomos e principalmente em lugares que ela ainda não tinha visitado, foi muito satisfatório.
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*3 Dias antes da viagem*
Faltavam poucos dias para a minha viagem, três dias exatamente, confesso que estava muito nervoso, seria uma viagem longa e cansativa, minhas malas já estavam todas prontas, Lauren me ajudou a arrumá-las, passamos esse mês todo juntos, eu sabia que ela estava triste, mas não deixaria isso aparente, sei bem como ela não gosta de parecer fraca, tratei de dar a ela o máximo de atenção e carinho que pude, mesmo com a correria para resolver as documentações da viagem e outras coisas nesses últimos dias. Terminei de arrumar tudo, falei com meu orientador e o diretor da faculdade sobre os últimos avisos e informações que deveríamos saber, eu não iria sozinho, seriam mais dez alunos e dois orientadores, sabíamos que seria puxado, principalmente por ser outro país, mas estávamos bem animados, seria um desafio, mas uma honra também para nós.
À noite fiz um jantar na minha casa para os meus pais e os pais da Lauren, para confraternizarmos e batermos papo. Lauren fez a sobremesa, Trifle de Chocolate, e eu fiz a janta, fui de carne assada com batatas, ervilha, molho e Yorshire Pudding, uma espécie de pãozinho. Cada um fez um pouco e ficou maravilhoso o jantar.
— O jantar está delicioso, Luke, se não fosse psicólogo daria um ótimo cozinheiro. — Sorri para a Senhora Jauregui, mãe da Lauren. Ela é uma boa pessoa, educada e gentil, diferente do seu marido, que é o dono da verdade e não aceita opiniões contrárias à dele, e nem o nosso namoro, por isso sempre que pode implica comigo.
— Obrigada, eu fiz com muito carinho, daqui a pouco vem o mais gostoso, a sobremesa que sua filha fez, um Trifle de Chocolate que está uma beleza.
— Pare com isso, você está exagerando. É uma sobremesa simples. — Como eu gostava de fazer com que ela ficasse com as bochechas rosadas, era fofo aos meus olhos.
— Luke, depois desse período fora pretende ficar lá ou vai voltar para Londres? — O pai de Lauren perguntou.
— Eu não ficarei lá, vou voltar, a minha vida é aqui. Depois desses meses, quando eu voltar à faculdade segue normalmente. — Lhe expliquei.
— Mas e se você encontrar algo de interessante lá? Você é jovem e um belo rapaz, aposto que vai fazer sucesso com as holandesas. — Estava demorando para ele começar. Mas dizer tais coisas e ainda na frente da própria filha é demais.
— Pai! Não diga essas coisas. — Lauren o repreendeu.
— Só estou dizendo a verdade, ou você acha que um rapaz como ele que vai para outro país não irá aproveitar que está longe da namorada. — Inacreditável, como alguém pode dizer uma coisa dessas para a própria filha? Aquilo não ia acabar bem.
— Senhor Jauregui, com todo respeito, mas eu não sou um canalha, eu amo sua filha, sei que você não aprova nossa relação, mas nada do que disser vai fazer com que mudemos nossos sentimentos. Eu vou para outro país não é para, desculpa a expressão, para vadiar e sim para estudar, para me tornar um profissional cada vez melhor. Vou servir a sobremesa, com licença — Saí da mesa para não esticar mais a conversa, Lauren veio atrás de mim.
— Me desculpe pelo meu pai. — Disse baixo pegando os pratos.
— Às vezes ele me tira do sério, desculpa amor, mas não vou dizer que está tudo bem porque não está, isso era para ser um jantar para rirmos, conversarmos... E ele nos trata com desrespeito. — Ela veio até mim e me abraçou. — E você não tem que pedir desculpa de nada, e sim ele, ele é o errado.
— Eu sei que ele está errado, mas daqui a pouco ele irá embora e ficaremos em paz novamente.
— Isso se ele não quiser te levar junto. — Nesse último mês nós morávamos praticamente juntos.
— Não vai, eu vou ficar aqui com você. — Ela sorriu e meu deu um selinho. Ouvimos uma voz mais alta vindo da sala.
— É a voz do meu pai. — Eu sabia que isso não ia prestar, meu pai não é uma pessoa que leva desaforo, se ele se sente incomodado com algo ele vai dizer.
Saímos da cozinha e lá estava, a senhora Jauregui tentando manter o marido sentado na cadeira enquanto o mesmo insultava meu pai e tentava levantar, meu pai me defendia dizendo que ele não podia tratar ninguém daquele modo enquanto minha mãe também tentava acalmá-lo. Minha cabeça começou a doer com aquela discussão, Lauren mandou todos ficarem quietos, mas ninguém deu ouvido.
— PAREM JÁ COM ISSO! Se fosse para brigar eu nem tinha chamado vocês aqui e nem feito merda de jantar nenhum. — Tenho certeza que meu rosto estava vermelho de raiva.
— Esse homem tem que aprender a não insultar o filho dos outros e parar de ser arrogante, que pai aguentaria ver sua cria ser tratado como um qualquer? Nenhum. — Meu pai se manifestava com indignação e raiva nos olhos.
— Mas seu filho é qualquer um, eu nunca concordei com esse namoro, nunca, esse moleque só vai atrapalhar minha filha na carreira dela. — Ele se levantou indo em direção à filha. — Você não ver que ele não é o certo? — Lauren se pós a frente do pai.
— Sai daqui, agora! Eu não vou falar o que já foi dito muitas vezes, eu gosto dele e vou ficar com ele. — Ela assim como eu já estava cansada daquela situação.
— Vai expulsar seus próprios pais? — Seus olhos estavam semicerrados.
— Vou, você não vai ficar na casa do meu namorado para expô-lo ao ridículo, não somente a ele como a mim sua filha, desculpa, mas o senhor passou dos limites, não é porque ele vai viajar que irá me trair, se eu não tiver confiança nele assim como ele em mim que relação é essa que temos? Sem dizer a falta de respeito com os pais dele, e também não é porque ele estará longe que nosso amor vai diminuir. — Ele não disse mais nada e chamou a esposa para irem embora.
— Desculpa por isso, a todos vocês eu sinto muito. — Deu um beijo na testa da filha e na minha e saiu acompanhando seu marido. Acabou que ninguém comeu a sobremesa, o clima não era dos melhores. Meus pais ainda ficaram algum tempo, até ofereci que ficassem e dormissem ali por conta do horário, já se passava das 21h00, mas eles preferiram ir embora.
Desde que começamos a namorar o pai da Lauren nunca me aceitou, diz sempre que ela merece alguém melhor que eu. A área que ela quer atuar é clínica geral, esse é um dos motivos do seu pai não gostar de mim, ele acha que vou atrapalhar a carreira da filha, e além do mais ele quer que ela namore pelo menos um estudante de medicina e não um cara como eu que só vou falar "baboseiras" para alguém, ele acha que a profissão que escolhi é uma perda de tempo, já estou até acostumado com as alfinetadas que ele vive me dando, mas achei que essa noite ele se comportaria, porém me enganei, foi pior porque ele me atacou na frente dos meus pais e como disse meu pai não leva desaforo para a casa. Eu ainda espero que um dia ele possa ver o quanto a filha dele é feliz comigo e que se estamos juntos é porque realmente nós gostamos, claro, eu tenho meus defeitos como todo ser humano muitas vezes quero ser o dono da verdade, ciumento, sou preguiçoso, vivo tropeçando por ser desatento... O que quero dizer é que não sou perfeito, mas a Lauren me aceitou assim desse jeito, então enquanto ela me quiser eu vou estar ao seu lado porque eu a amo e nem uma outra pessoa fará com que eu mude a ideia de que ela é a mulher para mim e eu sou o homem certo para ela.
Estávamos no sofá da sala deitados, Lauren tinha sua cabeça encostada no meu peito e conversamos coisas aleatórias para esquecer o jantar desastroso.
— Amor? — Me chamou.
— Hum, diga.
— Eu te amo. — Eu sorri e a abracei fazendo com que ela ficasse ainda mais colada a mim.
— Eu também te amo, muito mesmo.
— Amanhã vou lhe recompensar por hoje, vamos naquele restaurante que fomos na sexta passada, que tal?
— Huum, tentador, eu aceito. E também quero cervejas.
— Ok, mas nada de exagerar. — Eu concordei.
Ficamos ali jogados no sofá até que ela começou a dar beijos no meu pescoço e a mordiscar, eu fiquei arrepiado pelo contato, ela continuou e depois de um tempo começou a dar chupões, não eram fortes para não deixarem marcas, porém, estavam me deixando excitado. Ela pôs a mão dentro da minha blusa e ficou acariciando meu abdômen, eu levantei meu tronco e a encarei, ela puxou minha nuca e me beijou, um beijo calmo no começo, mas que acabou virando um beijo necessitado e muito quente, eu desci meus lábios para seu pescoço e depois para sua clavícula. Continuamos até estarmos totalmente nus, seu corpo suado no meu, seus gemidos, toques, tudo nela me enlouquece, as formas como nossos corpos se encaixam é perfeita. Naquela noite nos amamos assim como nos próximos dois dias onde não tínhamos mais fôlego à noite por conta do prazer que dávamos um ao outro, marcando cada pedaço de nossos corpos. Sabíamos que ia ser difícil ficarmos esse tempo longe, mas a certeza que tínhamos é que nos amávamos acima de tudo.