Eu te amo, Doc

Escrito por Patrícia Mariano | Revisado por Natashia Kitamura

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  "Doutor , se dirija à recepção."
  Respirei fundo, ouvindo meu nome ser chamado pelos altos falantes. Baixei minha cabeça e apoiei meus dois cotovelos nas minhas coxas, deixando minha cabeça apoiada nas duas mãos. Eu era médico de um hospital de câncer, e também um dos médicos principais, então recebia muitos casos para tratar. E digamos que era cansativo. Não que eu não gostasse, longe disso, era minha paixão meu trabalho. Desde criança eu vinha com o meu pai, já que ele também era médico. Ele mostrava-me tudo daqui, cada canto, cada situação, cada tratamento. Era o mundo dele que ele aceitou dividir comigo e que agora virou o meu mundo.
  Levantei minha cabeça, ouvindo pela segunda vez meu nome sendo chamado na recepção. Levantei-me do banco que estava sentado, no tipo de vestiários que tinha com os pertences pessoais dos médicos. Segui em direção à recepção para saber qual era o caso. Chegando lá soube que era um caso que eu tratava mais ou menos quatro anos. Assenti para secretaria, me encaminhando para o quarto onde ela ficava. Era uma garota, , tinha um futuro brilhante pela frente, como os pais dela disseram. Quando eu comecei a tratá-la, tinha 19 anos, hoje com 23 anos tinha se tornado uma lutadora, passando por vários tratamentos, testes experimentais, entre outros. O tipo de câncer que ela tinha já estava em estágio terminal, infelizmente, tinha feito de tudo para poder ajudá-la. Chegando ao quarto, bati de leve na porta, ouvindo um "entre" abafado do outro lado. Abri-a calmante, já sabendo quem eram as pessoas que estavam lá dentro. Acenei pros pais delas que estavam de pé, do lado da cama de . Sorri para , quando cheguei perto dela.
  - Tudo bem com a minha paciente favorita? – Perguntei, sorrindo abertamente.
  - Melhor possível, . - falou com uma voz fraca.
  - Tudo bem. - Falei passando a mão pelos cabelos curtos dela e voltei-me para os pais - Vou ter que fazer uns exames de rotina, mas não é nada alarmante e só para verificar como ela está. - Falei sorrindo de canto pra eles e tentando de alguma forma tranquilizá-los.
  - Tudo bem, Doutor. - O pai respondeu-me, enquanto colocava as duas mãos no ombro da mãe de .
  - Sim, mas infelizmente vou ter que pedi pros senhores saírem um pouco, enquanto eu realizo os exames.
  - Tudo bem, vamos esperar lá fora. - A mãe dela respondeu, dando um beijo na testa da filha, com o ato repetido pelo marido. Em seguida segurando a mão do marido, se encaminharam para saída.
  Esperei eles saírem e logo apliquei um remédio para fazer dormir. Ela simplesmente odiava passar pelos exames acordada, então sempre me fazia dar algum remédio para fazê-la dormir. Não me importava na verdade, até gostava. Esse tempo que eu tinha dela dormindo, eu podia olhar pra ela. Eu nunca disse a ninguém, mas há dois anos eu comecei me interessar por ela. Comecei a ver com outros olhos, não mais uma simples paciente que eu tratava, mas como uma mulher. Uma mulher que deveria ser tratada como uma. O ruim era que eu fazia todas as vontades dela, leva-a para fora do hospital, trazia comidas que ela não deveria comer etc.
  Sorri pra , que dormia tranquilamente com um singelo sorriso nos lábios. Respirei fundo e comecei o procedimento de exames.

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  Tinha acabado de receber os resultados de alguns exames que tinha feitos uns meses antes em , e nenhum deles trazia uma melhoria. Suspirei enterrando minha cabeça entre os meus braços cruzados na mesa. Eu já não sabia mais o que fazer todos os meus esforços já não tinha efeito algum. Com um câncer em fase terminal todas as esperanças eram nulas. Eu me sentia imponente sem saber o que fazer, vendo à mulher que amo morrendo aos poucos. Passei a mão pelo cabelo e suspirei mais uma vez. Levantei-me da minha cadeira e fui em direção ao quarto dela. Bati na porta, esperei alguns segundo até entrar. Não tinha ninguém lá, apenas na sua cama. Sorri com a imagem dela dormindo tranquilamente. Caminhei em passos calmos até a sua cama e passei a mão levemente pelo cabelo dela. Olhei para o lado, vendo um monitor, monitorando os batimentos cardíacos de . Tudo normal, pelo menos. Olhei na direção da janela, percebendo que estava com mal tempo. amava vê o céu, por isso o seu quarto tinha uma enorme janela. Fui em direção dela e fechei as cortinas, causando uma pequena escuridão pelo quarto. Virei-me, quando ouvi a porta sendo aberta, encontrado os pais dela. Sorri pra eles e fui em direção deles, para cumprimentá-los.
  - Bom dia. – Cumprimentem todos com um simples aceno de cabeça.
  - Bom dia, Doutor. – A mãe de respondeu. – E como anda minha filha? – Perguntou-me com um simples sorrindo de lado.
  - Na mesma, sem nenhuma melhoria no caso. – Suspirei, derrotado.
  - Mas está tão ruim assim? – Perguntou o pai.
  - Sim, o câncer dela está em estágio terminal. Fiz tudo o que pode, mas não a nada o que eu posso fazer por ela, infelizmente.
  - Nada? Então, ela tem alguns anos de vida? – A mãe perguntou, já começando a chorar.
  - Meses. – Falei, abaixando a cabeça. Odiava falar isso, saber que ela tinha alguns meses de vida era a pior coisa do mundo.
  - Quantos meses? – O pai perguntou, passando o braço pelos ombros da esposa.
  - Não sei exatamente quanto tempo. – Falei, trocando o peso do pé de um para o outro.
  - Tudo bem. – O pai falou, apertando ainda mais a esposa nos braços.
  - Eu já volto. – Pode ouvir a mãe falar, depois saindo apressada do quarto.
  - Eu vou acompanhar ela. – O pai se dirigiu a mim, e depois sai da sala, também apressado.
  Respirei fundo, odiava dar uma noticia dessas pros pais dos pacientes. Ainda mais dos da .
  - ? – Ouvi chama, com a voz baixa.
  - Sim? – Perguntei me encaminhando em direção a sua cama.
  - Quem estava aqui? – Perguntou, tentando se levantar.
  - Seus pais. – Falei, dando um sorriso de lado e ajudando ela a ajeitar-se na cama.
  - E por que eles já foram?
  - Por que... Porque a sua mãe precisava beber um pouco de água. – Falei, suspirando. Não sabia como iria falar pra ela, que ela só tinha alguns meses de vida.
  - Tudo bem. – falou, depois de uma longa pausa continuou. – Sei, eu ouvi um pouco do que vocês conversaram. Por que você não me disse que eu tinha tão pouco tempo?
  - , não é assim. Eu posso estar errado, ninguém sabe. – Falei tentando de algum jeito confortá-la.
  - Não, . Você acha que eu não sei que eu estou perto de morrer? E claro que eu sei. Eu sei que tenho pouco tempo de vida, eu sei disso. Não precisa esconder isso de mim. – Falou com a voz baixa, olhando diretamente pra mim.
  - , para com isso. Não fica falando desse jeito. – Falei puxando uma cadeira e sentando do lado da cama.
  - E eu vou falar como? , eu não quero me enganar, quero ser realista comigo e saber que algum dia eu vou ter o meu fim.
  - , eu estou fazendo tudo o que eu posso pra você melhorar.
  - Eu sei , sei que você faz tudo o que está no seu alcance. E agradeço muito isso, mas eu sei que agora, no estágio que eu estou não tenho muitas esperanças.
  - Não fala assim, você é forte, vai conseguir passar por tudo isso. – Falei pra mim do que pra ela. Precisava acreditar nisso.
  - Não como eu era no começo. – falou, abaixando à cabeça.
  Ouvi à porta sendo aberta, aparecendo uma mãe com o rosto um pouco vermelho e um pai com a expressão abatida.
  - Oi filha. – A mãe falou, se caminhando pro outro lado da cama de .
  - Oi mãe. – falou, levantando o rosto e segurando a mão da mãe.
  - Oi querida. – O pai falou, se pondo do lado da esposa.
  - Oi pai. – respondeu, sorrindo de lado para o pai.
  - Bom, vou deixar você à vontade. Quaisquer coisas podem chamar-me. – Falei levantando e me encaminhando pra porta.
  - Até, Doutor. – Ouvi a falar, com a sua voz baixa, como de costume.
  Sorri de lado como resposta e sai, indo em direção ao meu escritório.

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  Estavam já alguns dias preparando uma surpresa pra , queria muito ajudar ela, mas sabia que não podia ajudar curando o câncer dela. Então, resolvi realizar um sonho que ela tinha e que certa vez contou-me.
  Estava tudo pronto. Não tinha nada que poderia sair errado. Nenhuma enfermeira, médico. Tinha planejado tudo, para que nada saísse errado. Como eu era o médico responsável por ela, não tiver que avisar a ninguém de uma “rápida” saída que ela ira fazer.
  Adentrei no hospital, percebendo só alguns médicos e enfermeiros em seus plantões. Segui em direção à minha sala, onde eu deixaria tudo pronto para sair sem ser vista. Arrumei o que tinha que arruma, coloquei o meu jaleco e sai em direção ao quarto de . Fui a passos calmos, para assim não levantar suspeitas, essa noite não iria fazer plantão, então não podia levantar alarde com ninguém. Cumprimentava as pessoas que passavam por mim com um aceno de cabeça. Cada passo que eu iria chegando perto do quarto de , eu os apressava mais ainda. Acabei chegando mais rápido no quarto de , que era no primeiro andar, então não tinha que andar muito, já que o meu consultório também ficava no primeiro andar. Respirei fundo, encarando à porta e abri-a lentamente, rezando para que não fizesse barulho. Entrei em um quarto esperando está todo escuro, com uma dormindo na sua cama. Mas o que eu encontrei foi: um quarto claro, com uma acordada, assistindo televisão.
  - Você não deveria estar dormindo? – Perguntei, assustando , que estava concentrada no que estava passando na televisão. – Desculpa pelo susto.
  - Não, tudo bem. – falou se ajeitando na cama e se recuperando do susto. – E você não deveria estar em casa dormindo?
  - Deveria igual você. Mas sorte minha que você está acordada. – Falei, acedendo à luz e aproximando-me da cama.
  - Por quê? – perguntou, desconfiada.
  - Porque vamos sair hoje à noite. – Falei, sorrindo abertamente.
  - E eu posso sair? Você não é o meu médico e deveria zelar pela minha saúde?
  - Sim, eu sou seu médico e você vai sim sair. E sua saúde vai estar ótima. – Falei sorrindo e arrumando a bolsa de soro de .
  - Tudo bem, então doutor. – falou, colocando as pernas para fora da cama. – E para onde iremos?
  - Surpresa. – Falei, sorrindo e ajudando a sair da cama.
  - Nem uma dica? – perguntou, recebendo uma balança de cabeça negativa. – Você é chato. – respondeu, bufando e colocando um casado que eu tinha trazido pra ela e calçando os seus sapatos.
  - Para de charme, que eu sei que você me adora. – Falei rindo. – E vamos logo, que temos que chegar na hora exata lá.
  - Lá a onde? – perguntou se encaminhando pra saída, comigo atrás dela, ajudando ela andar com o carrinho que estava o soro dela.
  - Já disse que não vou falar nada. – Falei abrindo à porta, saindo primeiro, para ver se tinha alguém no corredor, como não tinha ninguém, ajudei sair.
  - Tudo bem. – Bufou mais uma vez, e eu ri de lado, percebendo como ela ficava linda brava.
  - Vem, vamos sair pela saída dos fundos. – Falei, mostrando um corredor largo, que daria para uma enorme porta e era por lá que iríamos sair.
  Saíamos pela porta dos fundos e eu já tinha parado meu carro lá. Facilitando tudo e também não iria fazer muito esforço para caminhar. Ajudei ela subir e arrumei a sua bolsa de soro, e segui para o banco do motorista. A viagem até o destino demoraria uma meia hora do hospital. Estava ansioso demais, esperava que tudo saísse como tinha planejado, queria que tudo fosse da melhor forma pra e que fosse do agrado dela. E que essa noite ficasse guardada na memória dela.
  Depois de mais um pouco de meia hora, tínhamos chegado ao destino. Sai primeiro do carro e segui para o lado do passageiro, para poder ajudar ela a descer. Segurei a mão dela e com a outra peguei o carrinho com o soro e segurando uma das suas mãos, sai em direção ao local que seria a surpresa. Fui caminhado calmamente e com logo atrás de mim, até o local e encontrando tudo com eu tinha feito.
  Tinha planejando uma noite de cinema no céu aberto. sempre sonho que alguém a levasse para assistir um filme desse jeito. E eu queria ser essa pessoa, mas que tudo isso, queria mostrar pra ela que eu importava com ela. Sorri olhando pra , que olhava tudo maravilhada. Eu tinha colocado uma grande toalha, que ficava bem de frente para o telão, tinha comprado algumas comidas, – todas que poderia comer – e tinha escolhido o filme preferido dela.
  (Coloquem essa música para tocar, e por favor, leiam a letra também.)
  - , isso é perfeito. – falou, com os olhos marejados.
  - E ainda falta uma parte. – Falei, enxugando as lágrimas que começaram a cair. – Vem, já vai começar.
  - Começar o que? – Ela perguntou, se sentando e ajeitando a bolsa de soro no seu lado.
  - O filme. – Falei sorrindo, e me ajeitando do lado dela.
  - Qual vai ser o filme?
  - Você já vai ver. – Respondi e virei-me para tela, que nela já tinha começado aparecer o filme.

She’s my black pearl
(Ela é minha perola negra)
She’s my black pearl
(Ela é minha perola negra)

   logo percebeu qual era o filme, Orgulho e Preconceito. O filme e livro que ela ama. Descobri isso faz um pouco de tempo, quando os pais dela trouxeram o livro para ela ler, não parou mais de ler, quando eu ia ver ela se encontrava em uma dessas situações: Dormindo; Lendo; Assistindo. Com toda certeza, eu iria encontrar ela assim. Olhei pro lado e conseguir ver um enorme sorriso no rosto dela. Fiquei algum tempo só observando e antes que ela percebesse, virei-me para frente.

지도는 필요 없어 내 맘이 널 가리켜
(Eu não preciso de um mapa, meu coração me leva a você)
갈 길이 험난해도 이쯤에서 그렇겐 못한다
(Mesmo que o caminho seja perigoso, eu não posso parar agora)
한 시도 떨어져 잊어 본 적이 없는데
(Eu nunca me esqueci de você por apenas uma hora)
저 멀리 수평선 끝에 너의 모습을 볼 수 있다면
(Se eu só posso vê-la no final do horizonte distante)
난 돛을 올려 끝까지 바람에 날 싣고 oh oh oh oh
(Eu levanto a vela, e percorreremos no vento até o fim, oh oh oh oh)
거칠어진 수면의 요동을 재워
(Dormindo balançando a superfície áspera da água)

   praticamente não piscava, com as mãos juntas perto do peito, ela recitava cada fala de cada personagem com cada uma em uma entonação diferente. Fui um pouco mais pra trás, assim, eu poderia observar ela sem que notasse. Era ótimo poder ver de perto as reações dela. Por exemplo, cada vez que ela chorava, eu apertava um pouco o meu braço no ombro dela.

어둠 속에 핀 꽃 바다 위에 뜬 달 비밀 같은 그곳, my beautiful black pearl
(A flor que floresceu na escuridão, a lua subiu acima do mar, o lugar secreto, minha linda perola negra)
어둠 속에 핀 꽃 바다 위에 뜬 달 비밀 같은 그곳, my beautiful black pearl
(A flor que floresceu na escuridão, a lua subiu acima do mar, o lugar secreto, minha linda perola negra)
실재하긴 하는 건지 현실과는 동떨어진
(Você realmente existe? Você parece apenas fantasia)
꿈과 이상 속을 헤매고 있나
(Estou vagando entre sonhos e além?)

  Depois que o filme acabou, fomos comer o lanche que eu tinha trazido. Eu não seria louco de deixar sem comer por muito tempo. Então, logo tratei de fazê-la comer. Depois que comemos, nós deitamos no lençol e ficamos observando as estrelas.
  - Sabe , sempre sonhei em fazer faculdade de Designer Gráfico. – falou de repente.
  - Por quê? – Perguntei, me virando de lado, para poder ver ela melhor.
  - Sempre gostei de fazer esse tipo de coisa. Gostava de criar coisas diferentes e que não tinha em lugar nenhum. – Respondeu-me com um sorriso triste.
  - E por que não fez?
  - Porque ninguém iria dar um trabalho pra mim, sabendo que eu poderia morrer a qualquer hora. – respondeu, dando um suspiro triste no final.
  - , falei para você parar de falar assim. – Falei, tentando de algum jeito fazer ela parar com isso.
  - Sim. E eu também já falei que não quero me enganar. , eu sei que isso deve doer pros meus pais, mas é a realidade, infelizmente, eu não posso fazer nada para reverter. – respondeu, apertando as pálpebras com as mãos. – Eu sei de todas as minhas limitações, sem que não sou capaz de realizar uma simples atividade sem cansar, sei que não iria arrumar um namorado. Quem ira quer namorar uma garota com câncer? Ninguém.

나의 여신아 oh, 신화 속에 살 것만 같은
(Minha deusa, parece que você é de uma lenda)
그토록 간절하게나 바래 왔던 널 닿게 된다면
(Vou lutar e procurar você todo o tempo)
영원한 것들은 믿어 본 적이 없는데
(Eu nunca acreditei nas coisas que são para sempre)
그토록 간절하게나 바래 왔던 널 닿게 된다면
(Mas se eu houver você, eu realmente quero acreditar)

  - Eu seria. – Falei, me levantando. Iria contar pra ela tudo o que eu sinto, não vai passar de hoje. – , eu seria, eu namoraria uma pessoa como você. E o pior de tudo, eu quero. Dois anos guardando isso, esse sentimento, não podendo falar pra ninguém, porque pras outras pessoas, séria errado. Um médico apaixonado por uma paciente com câncer?! E mesmo eu querendo, eu não posso controlar esse sentimento, esse carinho à mais por você. – Suspirei, não querendo virar, não queria ver o rosto de . – Notei um pouco tarde esse sentimento, não queria acreditar que isso poderia ser uma verdade. E isso foi ruim, mas agora, eu não quero saber. Tenho que falar isso. – Respirei fundo e virei-me para , que estava parada, ouvindo tudo. – , eu te amo, como nunca amei alguma outra mulher. Sei que essa hora nunca será à hora certa. Mas eu precisava falar isso pra você. Precisava saber que você sabe o que eu sinto por você. – Parei de falar, reparando que estava parada olhando pra mim chorando. – , tudo bem como você? – Perguntei visivelmente preocupado. Recebi como resposta um aceno de cabeça positivo. – Então, por que você está chorando? – Perguntei, ajudando ela se levantar, ficando sentada.

난 돛을 올려 끝까지 바람에 날 싣고 oh oh oh oh
(Eu levanto a vela, e percorreremos no vento até o fim, oh oh oh oh)
거칠어진 수면의 요동을 재워
(Dormindo balançando a superfície áspera da água)
어둠 속에 핀 꽃 바다 위에 뜬 달 비밀 같은 그곳, my beautiful black pearl
(A flor que floresceu na escuridão, a lua subiu acima do mar, o lugar secreto, minha linda perola negra)
어둠 속에 핀 꽃 바다 위에 뜬 달 비밀 같은 그곳, my beautiful black pearl
(A flor que floresceu na escuridão, a lua subiu acima do mar, o lugar secreto, minha linda perola negra)

  - , eu não sei o que falar pra você. – falou, limpando as lágrimas.
  - Não precisa fala, só para de chorar. Que isso cortar o meu coração, além que eu fico preocupado.
  - Não, eu estou bem. E só... - respirou e continuou. – Por incrível que parece, eu te amo também. Você me achou atenção, por sempre me tratar bem, nunca me destratando e sempre preocupado com minha saúde. Achei que isso era só uma admiração boba de paciente com o médio, mas com o tempo foi passado e eu percebi que não era isso, era algo maior. Não falei isso, por que já mais imaginei que você iria gostar de mim. Você com seu jeito conquistaram-me nesses quatros anos que está me tratando.

폭풍이 몰아치는 아찔한 순간에도
(Mesmo nos momentos difíceis de fortes tempestades)
뱃머릴 돌리지 마 항해를 멈추지 마
(Não vire o barco, não pare a viagem)
이 정도에 겁을 먹고 물러날 줄 알았다면 시작조차 하지 않았다
(Se eu fosse ficar assustado com isso e fugir, eu nem teria sequer começado)
너를 감춰 놓은 바다의 장난엔 기꺼이 내가 맞서 준다
(Eu enfrentei os truques do mar que você escondeu)

  - , você não sabe como eu fico feliz em saber disso. – Falei sorrindo, como nunca tinha sorrido.
  - E eu ainda mais, em pensar que não sou doida por me apaixonar pelo meu médico. – falou rindo.
  - Você nunca será doida. – Falei rindo e recebendo um abraço apertado de .

거칠어진 수면의 요동을 재워
(Dormindo balançando a superfície áspera da água)
She’s my black pearl oh- She is my black pearl
(Ela é minha perola negra)
난 하늘에 뜬 태양과 다섯 개의 대양 oh oh oh oh
(O sol no céu e os cincos oceanos (oh ela é minha perola negra) oh oh oh oh)
찬란하게 빛나는 그녀를 향해
(Para ela, que brilha intensamente)

  Envolvi minhas mãos na cintura dela e apertei-a contra o meu corpo. que estava com o seu rosto enterrado no meu pescoço, levantou sua cabeça e olhando nos meus olhos, fez pressão nos meus lábios. Fiquei surpreso de inicio, não retribuindo, mas logo segurei o rosto de de ambos os lados com as minhas mãos, fazendo um pouco mais de força. Um simples beijo, que eu esperava há mais de dois anos e que finalmente tinha acontecido. Sorri pra , depois que separamos os lábios e ficamos nós encarando sorrindo um para o outro.

짙은 안개 속에 높은 파도 위에 흐릿하게 비친 my beautiful black pearl
(Na névoa grossa, em cima das ondas altas, você brilha levemente, minha linda perola negra)
(ho- oh- my beautiful black pearl yeah)
(Ho oh minha linda perola negra yeah)
깊은 침묵 속에 슬픈 선율 위에 희미하게 들린 my beautiful black pearl
(Dentro de um silêncio profundo, sob a melodia triste, fracamente se escuta, minha linda pérola negra)
(ho- hey she’s my beautiful beautiful black pearl)
(Ho hey ela é minha linda linda perola negra)

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   e eu começamos a namorar, depois daquela noite. Mas claro, só os mais próximos sabiam, ninguém do hospital não fazem ideia de nada que está acontecendo. Os pais dela, de inicio ficaram surpresos, mas logo aceitaram. Na hora do meu trabalho, não éramos um casal, mas depois que acabava meu expediente eu sempre ficava com no quarto dela, conversando e assistindo filmes. Tudo estava maravilhoso, melhor que eu imaginava. Estava indo trabalhar mais feliz, tratando todos bem, sempre de bom humor. Estava atendendo uma paciente, uma criança de oito anos. Ela era linda, cabelos ruivos e lisos, sardas no nariz e nas bochechas, sorrindo com tudo. Mas tinha câncer no estômago, quase não comia, mas sempre vinha para o hospital para receber alimento e assim não ficar muito fraca.
  “Doutor , se dirija urgentemente ao quarto 16!”
  Alarmado com esse comunicado, pedi licença e sai às pressas do quarto dessa menina. Não podia ser o quarto 16 é o quarto de . Sai correndo pelos corredores do hospital, esbarrando na maioria das pessoas. Não iria aguentar esperar o elevador, então fui para escada. Iria descer quatro andares, até chegar onde estava, mas isso era um detalhe que eu não importava. Pulava de dois em dois degraus, mas mesmo fazendo isso, parecia que o tempo não passava. Consegui chegar ao primeiro andar, ofegante, não parei pra descasar e já fui disparada ao quarto 16. A porta estava fechada, mas eu consegui ouvi barulhos do lado de dentro. Abri à porta, nem me importando de bater ou alguma coisa do gênero. Acabei encontrado vários enfermeiros envolta da cama, com um desfibrador do lado, já pronto para uso.
  - Ainda bem que o senhor chegou. A paciente está tendo parada do coração. – Uma enfermeira falou, parando-me em frente à porta.
  - E como não me chamaram antes? – Perguntei desesperando, encaminhando-me para cama.
  - Isso aconteceu agora, os pais foram me chamar imediatamente quando perceberam. – Respondeu, se colocando ao meu lado.
  - Tudo bem. – Falei avaliando o caso. – Carreguem para 150. – Falei para um dos enfermeiros.
  Peguei o desfibrador e coloquei no peito de . Esperei os batimentos voltarem, mas não aconteceu nada. Respirei fundo nervoso.
  - Carregue 200. – Falei de novo, já estava desesperado, não poderia perder ela assim.

  (Coloquem essa música para tocar, e por favor, leiam a letra também.)

더는 망설이지 마 제발 내 심장을 거두어 가
(Por favor, não hesite mais. Leve o meu coração em troca)
그래 날카로울수록 좋아 달빛조차도 눈을 감은 밤
(Quanto mais forte melhor. Até o luar fechou seus olhos esta noite)
나 아닌 다른 남자였다면 희극 안의 한 구절이었더라면
(Se fosse outro homem. Se isso fosse uma linha de uma comédia)
너의 그 사랑과 바꾼 상처 모두 태워 버려
(Eu queimaria todas as cicatrizes criadas por aquele amor)

  Esperei, esperei e nada. Não podia ser assim, isso não podia acontecer tão rápido. Suspirei derrotado, sabendo que não tinha mais nada que eu poderia fazer. Olhei para o relógio e coloquei a hora da morte e a causa no prontuário de óbito. Abaixei à cabeça, lutando com as lágrimas que queria sair. Virei-me para saída, ainda com a cabeça baixa. Parei já fora da sala e desci até a recepção. Teria que falar com os pais de e não sabia como iria fazer isso.

Baby don’t cry tonight 어둠이 걷히고 나면
(Meu Bem, não chore nesta noite. Depois de a escuridão ter aparecido)
Baby don’t cry tonight 없었던 일이 될 거야
(Meu Bem, não chore nesta noite. Depois parecerá que nada aconteceu)
물거품이 되는 것은 니가 아니야 끝내 몰라야 했던
(Você não vai se transformar em espumas do mar. Você não deveria ter sabido disso até acabar)
so Baby don’t cry cry 내 사랑이 널 지킬 테니
(Então não chore nesta noite, querida, não chore. O meu amor vai te proteger)

  Chegando à recepção, procurei os pais de e logo os encontrei sentados em duas cadeiras, com as cabeças baixas. A mãe estava encostada no ombro do marido e já o próprio a abraçava de lado e passava a mão de cima para baixo no braço.
  - Senhor e Senhora ? – Falei abaixo, aproximando-me do casal.
  - Sim? – O pai se levantou, ficando de frente para mim.
  - Eu não sei como vou disser isso, de verdade. – Falei, respirando fundo e continuei. – Fiz tudo que estava ao meu alcance, mas à doença foi mais forte que ela e infelizmente, ela se foi. – Terminei, controlado as lagrimas que queriam descer.
  - Por favor, não, não, não. – A mãe começou a chorar, e o pai abraçou.
  - Podemos nós despedir dela? – O pai perguntou quase como um sussurro.
  - Claro, vou chamar uma enfermeira que vai levá-los. Eu tenho alguns outros pacientes pra ver. – Falei já me virando e chamando uma enfermeira que estava na recepção.
  - Obrigado, . – O pai se dirigiu para mim.
  - Não precisa agradecer senhor .
  - Sabia, que a minha filha o amava muito, e o senhor fez os últimos meses os melhores da vida dela. – A mãe continuou, segurei-me para não abraça-la ou chorar na frente deles.
  - Para mim também foi os melhores meses que eu poderia ter. – Falei dando um sorriso triste.
  A enfermeira chegou, expliquei para ela levar os ’s para ver à filha. Despedi deles e segui o meu caminho pro meu consultório.

  Chegando nele, fechei à porta, sentei na minha cadeira e chorei. Chorei porque não poderia ter mais ao meu lado, chorei por ter me apaixonado por uma paciente em estado terminal, chorei por tudo que tinha acontecido esse dois anos.

  Lembrei de tudo que nesses meses passei com ela, os momentos bons, os sorrisos, alegrei que só ela tinha. Lembrei do dia que me declarei pra ela e que se tornou o dia mais feliz da minha vida.

  Levantei-me e sai da minha sala, não conseguia mais ficar aqui, não nesse estado que eu estava. Sai do hospital e fui em direção ao estacionamento. Entrei no meu carro, esperei um pouco e sai daquele lugar, não poderia ficar mais ali. Fui em direção ao uma praça, que ficava perto da minha casa, sentei-me em um banco perto do lago e fiquei observando as pessoas que passavam ao meu redor e pensando se Paula ainda estivesse viva eu poderia fazer alguma coisa nesse gênero, não tantas possibilidades pra pensar se ela ainda estivesse viva.

  Passei todos esses anos reprimindo um amor, um amor que eu deveria ter falado, assim eu teria passado mais tempo com ela. Eu sei que eu não poderia adiar ou acabar com o câncer dela, mas eu poderia sonhar com uma coisa melhor pra ela, claro que poderia, eu sempre sonharia.

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  Faz cinco anos que isso aconteceu, e hoje eu estou casado com outra mulher e com dois filhos. Mas nunca esqueci meu amor por , e hoje, completando cinco anos da morte de eu vim para o cemitério, colocar flores pra ela e acender uma vela. Minha esposa sabe de toda minha história com e quando completou quatro anos de morte, ela veio junto comigo, colocar flores no túmulo.
  Sinto saudades, claro, mas guardo todos os momentos com ela em um lugar especial e que sempre vou lembrar-me delas.



Comentários da autora
Paulinha, espero que tenha gostado. Sei que não é uma das melhores histórias do mundo(DESCULPA, POR TER MATADO A PRINCIPAL), mas foi uma das únicas coisas que se encaixou e deu certo. Sei que fou muito drámatico, mas achei que a história se encaixava assim. Não sei se vai gostar das músicas, mas foi as melhores que eu achei que se encaixase na história. Então, beijos nas sua bochecha.
Xx
Pat