Eu Prometo

Escrito por Sah Grier | Editado por Natashia Kitamura

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   “Just stop your crying
  (Apenas pare de chorar)
  it’s a sign of the times
  (É um sinal dos tempos)”
  – Sign of the Times, Harry Styles.

  “– Eu vou voltar. – Beijou os lábios da esposa antes de partir. – Eu prometo. – sussurrou para si mesmo, vendo a imagem da bela mulher se afastar.”
  Harry se lembrava do que dissera a esposa antes de partir para a guerra. Uma guerra que continuava a massacrar a população, enterrando seus sonhos naquelas imundas e frias trincheiras. Encarou a ferida em sua perna, onde o sangue exposto o causava ânsia. Ele não queria morrer. Ele não queria deixá-la... Não poderia fazer aquilo.
  “– Não podemos ficar aqui. – repetia para o esposo, que apenas fingia não escutar. – Harry Edward Styles, eu estou falando com você. – A mulher, que aparentava não ter mais de 24 anos, disse irritada para o homem, que a encarou sorrindo.
   – Senhora Styles, sabe o quanto amo lhe ver nervosa? – Sorriu para a mulher, abraçando-a em seguida. – Querida, é a hora de mostrar ao mundo o quanto o Império Britânico é poderoso. – A mulher revirou os olhos, fazendo Harry sorrir ainda mais. – Preciso ir e defender minha pátria.
  – Não quero que você vá. – Suspirou derrotada, encarando-o em seguida. – Por favor...
   – Perdoe-me, meu amor, mas o dever me chama. – disse, antes de beijar os lábios de . – Eu te amo.
  – Eu te amo mais. – declarou sincera, sentindo as lágrimas rolarem por sua face.”
  O homem encarou o breu a sua frente. Ele sentia muita dor por conta dos inúmeros ferimentos, o que o fazia pedir a morte. Fazia muito frio naquela noite e a chuva anunciava sua chegada. Suspirou, temendo o pior, pois sabia que o seu fim estava próximo. Era como um sinal dos tempos.
  – ... – Suspirou cansado, sentindo as lágrimas rolarem por sua face. – Perdoe-me, querida... Perdoe-me por não ter voltado para o natal.
  “– Por favor, pare de chorar, querida. – Harry tentava consolar a esposa que chorava copiosamente. – Vai ficar tudo bem.
   – Eles disseram que o fim está próximo, disseram que os soldados precisam ganhar a guerra pela honra britânica. – Ela o encarou séria, ainda chorando. – Precisamos sair daqui. Vamos para o interior ou para fora do país. Apenas vamos sair daqui, por favor.
  – Querida, eu não posso. Alistei-me, pois quero defender a honra da minha pátria. – O homem, com o seu ideal nacionalista, tentou argumentar.
  – Mas que sandice, Styles. – Revirou os olhos como sempre fazia quando o ouvia dizer tamanha asneira.
  , entenda-me, é uma questão de honra.
  – Honra? – O encarou perplexa. – Você não pensa em mim? Não pensa em nós?
  – Mas que pergunta tola! – Encarou a esposa com os olhos arregalados. – Eu te amo mais do que a mim mesmo, Marie Styles, sabes disso.
  – Eu sei... – Suspirou ao ouvir o nome de seu amado ser chamado. Era a hora de partir. – Por favor, vamos partir daqui. – Suplicou, mais uma vez.
  – Estarei de volta no natal. – Ele sorriu, beijando a testa dela. – Iremos dançar e tomar vinho. – Sorriu ainda mais.
  – Prometa-me que irá voltar?
  – Eu vou voltar. – Beijou os lábios da esposa antes de partir. – Eu prometo. – sussurrou para si mesmo, vendo a imagem da bela mulher se afastar.”
  A chuva chegou e trouxe consigo inúmeras lembranças ao homem. Lembranças que jamais seriam extintas de seu ser, nem que fosse morto pelos soldados inimigos, que avançavam, tentando, a todo custo, invadir a trincheira britânica.
  Harry tentava se levantar, no entanto, sua perna já se encontrava dormente. Não se recordava do momento exato em que havia sido ferido e jogado naquele lamaçal, que poderia ser considerado o inferno, pois o que mais havia era choro e ranger de dentes.
  Ele só queria voltar para os braços dela.
  Dizem que quando se está perto da morte é o momento preciso para recordar todos os momentos que já se viveu. Harry sentia a morte.
  Lembrou-se de quando conheceu e de como se apaixonou perdidamente pela sorridente mulher. Ela era sua vida.
  “– Vamos logo, Romeu. – Patrick dizia empurrando Harry, que apenas revirava os olhos para o amigo. – Hora de seguir em frente. Esqueça aquela desvairada.
  – Não diga isso sobre Rosalie! – Harry protestou, fazendo o amigo revirar os olhos. – Eu a amo.
  – E o senhor lá sabe algo sobre o amor? – questionou o outro risonho. – Ela apenas lhe ignora, amigo. Esqueça e siga em frente, pois há muitas donzelas por aí.
   – Ela apenas não corresponde meus sentimentos por causa de nossas famílias, você sabe o quanto elas se odeiam. – Suspirou, sendo arrastado pelo amigo. – Onde está me levando?
  – Hoje é aniversário de Mark e a prima dele está na cidade... – Sorriu maroto para Harry. – Quero conhecê-la.
  – Você não vale uma moeda. – Harry ria do amigo que fazia uma pose galante.
  – Vamos, temos muito para beber, amigo.
  Horas mais tarde, Harry se encontrava levemente embriagado e exausto. Patrick trocava olhares com uma moça loira no canto da sala, enquanto Styles se perdia em seus pensamentos sobre Rosalie. Amava aquela mulher, pensava ele, mas que chance poderia ter, já que suas famílias eram inimigas? Seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Mark que pedia silêncio a todos.
  – Como todos sabem, logo irei me casar com a moça mais linda de todo o mundo. – disse sorrindo – Porém, não posso deixar de apresentar a todos a segunda moça mais bela do mundo: Minha priminha . – Riu ao sentir um tapa em seus ombros.
  – Priminha, Mark? – A garota o olhava com falsa indignação, logo sentiu suas bochechas corarem por todos estarem olhando para ela. – Acho que devo dizer olá. – Sorriu tímida. Harry achara aquilo adorável, mas logo teve seus pensamentos capturados por Rosalie.
  “Ela não sorri assim”, pensou o garoto, encarando a prima de seu amigo. Ela o encarou e sorriu tímida novamente. Sorriu de volta, sentindo as bochechas corarem.
  – Aproveite, Romeu... Suas famílias não se odeiam. – Brincou Patrick, arrancando risadas do amigo. – Ela é bonita.
  – Sim, ela é. – ele respondeu, observando-a novamente. – Possui a aparência de um anjo.
  – E você por acaso já viu um anjo? – Patrick ria do amigo. – Você é um bobo apaixonado, Harry.
  – Não posso discordar. – Suspirou, olhando para a menina que conversava alegre com o primo. – Não consigo.”
  – Harry? – Ouviu uma voz, que o despertou de seus devaneios. – Styles, você está aí?
  O homem tentou gritar, mas suas palavras não passavam de sussurros, que eram abafados pela forte chuva, a qual, aos poucos, se acumulava pelo chão, formando pequenas poças ao redor dele. Tentou se levantar, porém se arrependeu em seguida por conta da dor que sentiu.
  – Estou aqui.
  Conseguiu falar um pouco mais alto, atraindo a atenção do homem que o chamara antes.
  – Harry, seu idiota, estou atrás de você faz dias. – Patrick disse se jogando no chão, abraçando o amigo que logo soltou um gemido de dor. – Você está ferido. – Suspirou triste. – Ande, vamos atrás de algo para cuidar disso.
  – Não consigo... Não sinto minha perna. – declarou chorando, fazendo Patrick o abraçar apertado. – Estou morrendo, Patrick.
  – Não diga asneiras, Harry. Você não irá morrer, está te esperando. – Sorriu para o amigo, que tinha uma feição de dor. – Vamos, lute por ela.
  – Não consigo me mexer... Estou sem comer faz dias e meu corpo dói.
  – Fique aqui, irei atrás de ajuda. – Abraçou o amigo mais uma vez. – Você irá voltar para sua amada, Harold. – Brincou com o amigo, se afastando e indo atrás de ajuda. Styles concordou, sentindo os pensamentos o capturarem novamente.
  “– , eu preciso conversar com você. – Harry disse. , que observava atentamente as flores do parque, o olhou.
  Naquela ensolarada tarde, completavam-se três meses que Harry havia conhecido . Três meses que Rosalie havia abandonado seus pensamentos, passando a função para a garota, prima de um de seus melhores amigos.
   sorriu. Ela gostava de passar suas tardes com o garoto, pois ele a fazia rir, sempre era atencioso e um tanto quanto carinhoso com ela. Quem olhasse, diria que os dois formavam um belo casal, e isso, de certo modo, atormentava seus pensamentos, já que ela sentia muito mais do que um simples afeto pelo belo rapaz. Ela o amava, contudo tinha receio de não ser correspondida.
  – Diga, Harry. – Sorriu para ele, o encorajando.
  – Faz tempo que venho ensaiando as palavras certas, e confesso que agora elas sumiram de minha mente. – declarou tímido, fazendo a menina sorrir. – Lá vai: eu te amo. – Fechou os olhos ao dizer, por medo da reação da menina.
   não sabia o que dizer. Seu coração estava acelerado e suas mãos suavam. Ele a amava.
  – Por favor, diga alguma coisa. – Ele a encarou com certo receio. Harry tinha medo de ser rejeitado mais uma vez.
  – Eu não sei como lhe dizer isso, – Começou, fazendo Styles ficar ainda mais apreensivo. O jovem prendeu a respiração se preparando para o pior. – mas acho que também te amo.
  Harry sorriu e, em um surto de coragem, juntou seus lábios com os da moça. Um beijo rápido, mas, para ambos, era tudo o que precisava para selar aquele momento.
  Meses depois, os dois se casaram em uma cerimônia simples, numa pequena capela no interior. Não havia casal mais feliz em toda a Terra como Harry e , agora Senhor e Senhora Styles. ”
  – Tínhamos tantos planos, meu amor. – sussurrou como se estivesse falando para a esposa. – Lembra de como você quase me bateu quando eu me alistei para a guerra? Eu apenas estava pensando no melhor para nós, querida. – Sorriu, como se a esposa estivesse em sua frente. – Acho que estou mesmo morrendo, . Lembre-se que tudo ficará bem. Quem sabe podemos nos encontrar de novo em algum lugar... Em algum lugar longe daqui. – Sorriu novamente. – Eu te amo e sempre vou te amar. Até o final dos tempos.
  Seus olhos foram se fechando aos poucos, ele já não tinha mais forças. Sua respiração era fraca. Morreria em poucas horas ou minutos, não sabia ao certo. Sentia como se estivesse flutuando, não havia mais dor ou choro... Não havia mais . Um barulho estrondoso fora ouvido. Ele acreditava ser a morte vindo lhe buscar. Um último suspiro de dor.
  Para Harry era o fim.

  15 de novembro de 1918
   encarava ansiosa todas as pessoas que passavam por aquele lugar. Ela queria vê-lo, queria abraçá-lo depois de quatro anos.
  Os países haviam decidido encerrar toda aquela guerra no dia 11 de novembro de 1918, e, desde a chegada daquela notícia, a mulher não conseguia dormir direito, tamanha a ansiedade para vê-lo. Esperou aflita por horas e nada. O local em que os soldados britânicos, recém chegados do combate, se encontravam, já estava quase vazio. Ele não havia voltado junto deles.
  Suspirou cansada. Suas pernas tremiam e ela já não conseguia enxergar direito devido as lágrimas, que caiam livremente por seu belo rosto. Ela não conseguia aceitar que era o fim. Ele havia partido e desta vez não voltaria mais.
  Fechou os olhos, virando-se para sair daquele lugar. Sua vida não possuía mais sentido, pois ele a deixou só. Caminhava lentamente, sentindo o vento frio bater em seu rosto. Tentava limpar as lágrimas e desviar seu olhar de qualquer um que a olhasse com pena. Todos sabiam que ele não havia voltado, porque suas lágrimas denunciavam isso.

  “We don't talk enough
  (Nós não conversamos o suficiente)
  We should open up
  (Devíamos nos abrir)
  Before it's all too much
  (Antes que tudo seja demais)”

  ! – Suspirou irritada, pois pensava que sua mente estaria lhe pregando uma peça. Harry estava morto, ora essa, por que estava ouvindo sua voz? – Marie Styles, eu estou falando com você.
  A mulher se virou lentamente e, por pouco, não caiu no chão. Encarou os olhos verdes do homem, que, assim como ela, se encontrava em meio às lágrimas.
  Ele havia voltado.

  “Will we ever learn?
  (Será que algum dia vamos aprender?)
  We've been here before
  (Já estivemos aqui antes)
  It's just what we know
  (É apenas o que sabemos)”

  – HARRY! – gritou, correndo em direção ao marido, o abraçando. – Harry, você voltou pra mim...
  – Eu disse que voltaria para você, senhora Styles. – Sorriu antes de beijar a esposa apaixonadamente. Eles ansiavam por isso mais do que tudo. – Apenas pare de chorar querida, pois eu estou aqui e tudo ficará bem.
  – Todos os dias eu esperei por notícias suas, todos os dias eu pedi a Deus para te trazer de volta para mim... Eu morri cada dia sem você. – Ela dizia em meio as lágrimas que pareciam não ter fim.
   – Eu morri cada vez que pensava que nunca mais veria sua face novamente – Abraçou a esposa com carinho e afundou seu rosto nos sedosos cabelos dela. – ou sentiria seu cheiro, beijaria seus lábios... Eu morri todos os dias sem você.
   – Eu te amo. – Sorriu, beijando-o novamente. – Céus! Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. – dizia, enquanto beijava o rosto de Harry, que tinha os olhos fechados.
  Ele sorriu com a atitude de sua . Suspirou,abrindo os olhos, que logo foram capturados pelo o olhar dela.
  Os dois se encararam por longos segundos, como se somente eles estivessem ali.
  Para Harry, o tempo poderia parar. Ele não se importaria, afinal, a tinha em seus braços de novo e isso bastava.

  “Just stop your crying
  (Pare de chorar)”
  – Sign of the Times, Harry Styles.

FIM



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