Eu Nunca Disse Adeus
Escrito por Letícia Yuumi | Revisado por Lelen
Música: Eu Nunca Disse Adeus, por Capital Inicial
Acordo com uma dor de cabeça terrível. Ressaca. Sento-me na cama e pego um analgésico no meu criado-mudo. Tomo o remédio, e volta a deitar. Melhor eu continuar deitado até essa dor de cabeça ir embora.
Mas eu nem bebi tanto assim ontem. Na verdade, nem contei quantas garrafas de cerveja foram, mas sei que não foram muitas, estava ocupado de mais observando ela. Podia estar um pouco bêbado, mas nunca me esqueceria daqueles olhos profundos e aquelas curvas. Ela parecia tão perfeita, boa de mais pra mim. Mas mesmo assim fui atrás dela. Poderia beber garrafas de vodka, mas nunca me esqueceria da noite de ontem.
Flashback on
Fui à uma nova boate que abriu com . Noite de estreia com passes VIPs. Olhei em volta, para analisaras mulheres. Loiras, morenas e ruivas. Um cardápio variado.
Pedi uma cerveja e fui à caça.
- Vamos lá . Hora de aproveitar a noite. – disse indo me uma direção atrás de uma pra ele.
Estava procurando um alvo, quando a vi, sentada em um canto sozinha. Parecia não se divertir muito naquele lugar. Não sei se foi efeito na bebida, mesmo eu tendo apenas começado, mas era como se holofotes brilhassem em volta dela. Me senti tão atraído por ela. Seus olhos se encontraram com os meus. Joguei o meu melhor sorriso conquistador. Ela sorriu tímida e depois desviou o olhar para o seu copo na mesa.
Nunca me senti assim em relação a uma mulher. Me coração acelerou, eu tinha que ir até lá falar com ela. Precisava tê-la.
Fui andando em sua direção, andando entre as pessoas.
- O que uma mulher tão linda está faz aqui sozinha? – perguntei.
- Sério que essa é a sua melhor cantada? – ela disse bebendo um pouco de seu drink.
- Não sou dono da Tim, mas meu amor por você é sem fronteiras. – dei o meu sorriso galanteador.
- Essa foi péssima. – ela disse rindo.
- Então aqui vai outra. Não sou um mouse, mas adoraria a sua mão deslizando no meu corpo. – Eu ri depois dessa.
- Nossa! Essa foi meio nerd. – ela sorri.
- Tenho outra.
- Manda!
- Ei gata você tem um garfo ai?
- Não por quê?
- É que hoje eu estou dando sopa.
- Mas não seria uma colher? – ela pergunta.
- É que hoje eu estou difícil. - fiz um olhar sedutor.
- Essa foi legal. Gostei – ela disse rindo.
A risada dela era tão linda. Era delicada, engraçada e contagiante. Tudo ao mesmo tempo.
- Você tem senso de humor. Gostei. – ela falou.
- Obrigado! – eu disse – Quer mais um drink?
- Não... – ela parou para ouvir a música que tocava – Eu amo essa música1 preciso dançar.
Ela puxou o meu braço, me guiando até a pista. Estava tocando Love You Like A Love Song remix. Nós nos misturamos com as pessoas. Ela ficou na minha frente rebolando, e que rebolado. Seu quadril ia de um lado para o outro, tão sensual. Permiti-me chegar mais perto e ela virou de costas pra mim. Ficamos dançando coladinhos, eu com a mão na cintura dela, e ela com a mão em cima da minha.
Seu perfume doce me envolvia. Seus movimentos me deixavam louco.
Ficamos dançando por um bom tempo. Adorava a sensação de seu corpo tão perto do meu. Mas queria senti-la. Precisava senti-la.
Fui quebrando os centímetros que estava entre as nossas bocas. Até que consegui encostar nos seus lábios. Eram doces, com gosto de morango. Era só um selinho no começo, mas pedi permissão com a língua para aprofundar o beijo e ela concedeu. Nossas línguas travavam uma batalha. Acho que nunca tinha beijado alguém assim antes. Ela era especial.
Quando separamos nossos lábios, eu encarei seus olhos . Podia me perder ali, pra sempre. Não me importaria. Isso saiu meio gay, mas ok.
Já me sentia sufocado com tanta gente em volta. Estreia de boate sempre é assim, cheio. Precisava sair de lá e ficar em um lugar só com ela.
- Vamos para outro lugar mais reservado. – disse no ouvido dela.
- Por quê? Eu quero dançar. – ela respondeu sorrindo.
- Eu preciso respirar lá fora. Estou me sentindo sufocado.
- Então vamos sair daqui e tomar alguma coisa. – ela falou e eu só concordei e fui atrás dela.
Só fui porque quero ficar perto dela.
Fomos até o bar e eu pedi uma cerveja e ela o mesmo. Fiquei um pouco surpreso, porque a maioria dessas meninas por ai, pegam drinks. Acham que cerveja não é apropriado para uma boate, mas ela não.
- Vamos lá pra fora. Preciso daqui um pouco daqui. – falei.
- Então vamos.
Nós seguimos para a parte de fora, onde não tinha quase ninguém, a não ser pelo cara vomitando na lata de lixo.
- Estou bem melhor assim. – digo respirando fundo.
Tiro um maço de cigarro do bolso e acendo.
- Sério que você veio aqui pra fumar? – ela pergunta com a sobrancelha erguida.
- Sim, por quê? – perguntei não entendendo, dando uma tragada no cigarro.
- Você se sente sufocado lá dentro, e eu me sinto sufocada com cheiro de fumaça de cigarro. – ela faz uma careta quando eu solto a fumaça.
- Se é assim, eu paro. – joguei o cigarro no chão e pisei em cima, para apagar.
- Bem melhor. – ela sorri – Isso vai te matar aos poucos se você não parar.
- Eu sei, mas é um vício.
- Promete que vai parar de fumar? – ela pergunta sorrindo.
A minha ex-namorada uma vez tentou fazer eu parar de fumar, mas eu não consegui, mas como ela consegue fazer isso com um sorriso?
- Prometo que vou tentar. – digo a abraçando.
- Então está bem.
Ela coloca uma mão em minha nuca e me beija. Ficamos nos beijando e só paramos por falta de ar. Tudo seria melhor se não tivéssemos essa necessidade de respirar.
Depois do beijo me senti estranho. Meu coração estava muito acelerado, sentia meu peito pegar fogo e me sentia muito feliz. Nunca me senti assim antes.
Quando seus olhos se encontraram com os meus ficamos apenas olhando um para o outro. Não sei por quanto tempo ficamos nos encarando, mas sei que foi por um bom tempo. Me sinto tão gay assim.
Queria levá-la dali, para ser apenas minha e de mais ninguém.
Depois de um tempo nos olhando, fomos despertados por dois caras que saiam para fora da boate brigando. Olhei os dois dando socos um no outro depois vi que um dos homens brigando era . Fiquei pensando no que que aquele arrombado tinha feito.
Não poderia deixar o meu amigo daquele jeito. Ele já estava muito bêbado e o outro cara já estava arrebentando a cara dele...
- Chega! - Entrei no meio da briga, para tentar tirar o vivo daquela.
- Hey ! – disse antes de receber um soco no estômago.
- É o seu amigo? – o cara que bateu no perguntou.
- Sim, e eu vou levar ele daqui. – falei tentando apoiar ele nos meus ombros.
- Esse viado ai, tentou pegar a minha gata! Agora deixa eu terminar de acabar com ele. – o cara ia pra cima dele, mas eu o impedi.
- Você já o arrebentou, deixa que daqui eu assumo. – disse.
Deixei o cara pra trás. Tinha que enfiar o embaixo do chuveiro ainda. Ele sempre dá problema na maioria das vezes que saímos. Ele bebe de mais e perde a consciência.
Coloquei o em um táxi e mandei o taxista esperar. Ainda tinha que falar com ela. Não podia perdê-la.
Vi ela encostada em uma parede, apenas me observando. Sentia minhas mãos suarem e aquela estranha sensação de antes. Aquela mulher estava me deixando louco.
Quando estava apenas a alguns metros de distância dela, uma amiga puxou o seu braço e a levou para longe. Ela olhou para trás, sorriu e acenou. Não estava acreditando que tinha a perdido. Ela foi embora. Como assim?
Flashback off
Agora estou aqui sentado na cama pensando nela. O pior de tudo, é que esqueci de perguntar o nome dela. Mas sinto que preciso encontra-la. Não sei o que ela fez, mas mexeu comigo. Ela me fez esquecer do mundo quando estava com ela. E estou cansado de chama-la de “Ela”. Preciso descobrir o seu verdadeiro nome.
Levanto da cama. Já estava mais do que na hora. Olho o horário no celular e vejo que são quase duas da tarde.
Tomo um banho e vejo saindo do seu quarto reclamando.
Quando chegamos em casa ontem, jóquei ele embaixo do chuveiro e dei gelo para ele colocar naquele olho roxo.
Ele não se lembrava de nada do que aconteceu ontem. É sempre assim. Sua cara ainda está inchada, e roxa.
Tive que contar para ele tudo o que aconteceu ontem, e contei também sobre a incrível garota que conheci ontem.
- Desculpa cara. Eu atrapalhei você e a gostosa. – ele fala pegando uma xícara de café.
- O pior que eu me senti tão atraído por ela. E agora não sei como encontra-la. – falo.
- Você quer ir atrás dela? – ele pergunta.
- Claro, você não ouviu a minha história não?
- É que você nunca fez isso por mulher nenhuma.
- Mas ela era diferente. – digo pensando naqueles malditos olhos que agora tanto me perturbam.
- Acho que isso foi amor a primeiro vista. – ele fala rindo.
- Não fale merda! Não acredito nisso. – dou as costas para ele indo para a sala.
Eu nunca acreditei que alguém pudesse se apaixonar por alguém assim, tão rápido. Isso é besteira. Mas pensando sobre o que houve ontem, não acho tanta besteira assim. Ela era incrível! Se ela mandasse eu pular da ponte, com aquele sorriso, eu pularia. Não me importaria, desde que ela gostasse de mim.
Estou aqui feito um boiola pensando naquela garota. Estou pior do que aquelas menininhas de quinze anos sonhando com o amor. Estou de quatro por ela e nos conhecemos ontem, não sei o nome dela, e nem se vou vê-la novamente. Vou ir atrás. Tentar achá-la.
Mas como vou achá-la se estou sem endereço ou direção? Vou apenas andando por perto da boate. Quem sabe ela não mora lá perto? Não custa tentar. Parece loucura.
Peguei o meu casaco decidido a ir atrás daquela mulher.
- Onde você vai? – pergunta.
- Vou tentar encontrá-la.
- Como?
- Não sei, mas vou tentar procurando por ai. – respondo e saio.
Andei pelo quarteirão inteiro da boate, prestando bastante atenção nas pessoas que andavam pela rua, mas não a vi.
Andei tanto, que fui para no centro da cidade.
Ouço o meu estômago gritar, implorando por comida. Só agora me dei conta de que não comi nada até agora. Olho o horário e já passaram das cinco da tarde.
Fui ao Starbucks, o lugar mais perto que encontrei. Fiz o meu pedido e olhei em volta em busca de um lugar para me sentar. Droga! Está cheio.
Vi uma garota sentada sozinha, lendo um livro enquanto comia seus cookies. Olho melhor e não posso acreditar. É ela.
Meu coração acelera só de ver aquele rosto. E eu pensava que nunca mais iria vê-la.
Fui atrás dela. Não deixaria ela escapar mais uma vez.
- O que uma mulher tão linda está fazendo aqui sozinha. – digo.
Ela olha pra cima me fazendo encarar aqueles olhos e sorri, me fazendo sorrir mais ainda.
- Posso me sentar? – pergunto.
- Claro. – ela responde – Por um momento eu pensei que não ia mais te ver.
- Eu também, mas... eu me esqueci de me apresentar. - estendo a minha mão – Meu nome é .
- E eu sou a .