Eu Ainda Pinto Flores Para Você

Escrito por Áurea Almeida | Revisado por Lelen

Tamanho da fonte: |


  Estados Unidos, Nova York. 3 A.M - 12 de Junho, 2.009
  - Não, , não faça isso. Pela milésima vez, não faça isso. Eu... Eu sei que é difícil perder alguém que amamos... Alguém que foi fruto do nosso amor. Mas por favor, não faça isso.
   chorava, transbordava lágrimas em suas bochechas. Aquele sofrimento era horrível. Perder sua filha era horrível, e ver ela, sua amada, naquele estado, piorava mais ainda as coisas. estava no alto do prédio no qual moravam, prestes a se jogar dali de cima, e não sabia mais o que fazer. Estava chorando, implorando para que ela não cometesse aquela loucura. Mas o que mais doía dentro de si, era saber que ela estava se entregando à morte e deixando-o ali. Ele também estava sentindo todos aqueles sentimentos de dor, tristeza. Mas ele a tinha ali para se apoiar, continuar. Sempre teve. E agora, ela estava prestes a partir e era uma pena saber que ela não sentia o mesmo apoio nele, como ele sentia nela.
  - Você não entende, , nunca entendeu! - Ela gritava, exasperada. Seus cabelos loiros esvoaçavam e seu vestido preto fazia ondas contra o vento que batia de frente à ela. Era só mais um passo que desse, e tudo o que haviam construído, iria por água abaixo. - Ela, nossa pequena, nossa morreu. Isso não é justo! Ela era tão doce, tão perfeita. Era apenas uma criança! Uma criança de apenas quatro anos! Como podem ter a coragem de matar um ser tão frágil, tão inocente?! Ela era tudo na minha vida! Tudo! E agora ela se foi.
  Como era triste ouvi-la falar que a única pessoa importante em sua vida era . Ele a amava também, claro, mas principalmente, amava a mulher em que a pôs no mundo. E vê-la falando que ele não era tão importante para ela, a ponto de não ser o suficiente para seguir em frente, era horrível. Era pior do que a dor de perda, de não poder vê-la nunca mais. desabou, se entregou ao ponto e caiu de joelhos, chorando como nunca havia chorado. Ele soluçava, ouvindo gritar para Deus e o mundo que havia chegado sua hora, que ela iria se jogar. A essa altura do campeonato, já haviam vários paparazzi lá embaixo, em frente à portaria do prédio, vários policiais, fãs, ambulâncias. Nessas horas, sentia o peso de ser um artista conhecido.
  - , eu te amo. - Levantou os olhos, viu que sua amada, sua , estava do seu lado. Ela se agachou, limpou as lágrimas dos olhos do único rapaz que amara em toda a sua vida, do único que confiou o bastante para se entregar, e o beijou. Como se fosse o último e, infelizmente, era. abraçou-a. Ela chorou, apoiada em seus ombros. Se sentia tão só, como se ali só existisse sua alma. Como se só estivesse ali por estar. - Por favor, não se prenda a mim. Eu realmente não sou a pessoa certa para você, nunca fui, eu te amo de um jeito diferente. Te amo demais, mas sinto que não pertenço mais aqui. Não sem ela. Tente me entender, por favor. Você foi o cara mais legal e perfeito que eu conheci aqui, siga sua carreira, você tem muito que viver ainda, eu e vamos ser apenas duas pessoas que você amou no passado. Só não se esqueça que nós duas, nós duas, o amamos como ninguém mais, enquanto estivemos aqui.
  E com isso, ela caminhou. Caminhou até onde estava, sorriu consigo mesma, e limpou suas lágrimas. abaixou a cabeça, não tinha mais o que fazer. Não tinha mais como impedi-la, então ele apenas deitou, apoiou sua cabeça no chão, e esperou para o pior. E assim passaram-se os piores cinco minutos de sua vida.
  Então era isso. O fim.
  Ele a ouviu gritando.
  A sirene da ambulância e os flashes dos paparazzi também.
  E foi assim, carregado por seus amigos de banda, que ele conseguiu sair daquele lugar. Mas não por completo. Seu coração, desamparado por ter perdido as duas pessoas mais importantes em sua vida, continuou ali. Para sempre.

  Estados Unidos, Nova York. 4 P.M 12 de Julho, 2.009.
  Um mês. Um mês sem ela. Porém, para ele pareciam anos. Desde aquele dia, não saía de casa. Pediu para que seus amigos levassem todos os quadros de para seu novo apartamento. Gostava de observar as pinturas que sua amada fazia, tão lindos... Olhando para eles, podia lembrar serenamente de todos seus momentos com ela. Um dia, talvez uma semana depois do acontecido, ele se pegou pintando alguns quadros para . E para . "Para com isso, amor, seus desenhos são maravilhosos! vai adorar!", costumava lhe falar isso. E de pensar que hoje, nesse exato momento, ele se encontrava pintando, para elas. Ele iria levar aqueles quadros para o hospital, porque graças à Deus, ele ainda sentia uma pontinha de esperança no fundo de seu coração. Ela estava em coma, não havia deixado aquele lugar por completo. A queda foi grande, mas os policiais conseguiram salvá-la do impacto completo. Mas as chances que ele tinha, estavam se esgotando. Um mês. Um mês com ela deitada numa cama de hospital, sem mover sequer um dedo. Sem ter nenhuma reação. Mas hoje, ele levará os quadros que ele mesmo pintara para ela, já que faria um mês com ela ali. Levaria, também, alguns quadros para sua filha, sua pequena , no cemitério amanhã. Faria um mês, também, que ela havia morrido por ter sido baleada dentro de sua própria casa. balançou a cabeça, não queria pensar naquele dia, não queria ver o rosto aflito de sua filha, sorrindo para o próprio homem que tirara sua vida. Não queria ver sua mulher naquele estado deplorável e não queria nem pensar em como ele se encontrava agora. Completamente acabado. Sem forças para continuar, mas covarde demais para pôr um fim naquilo tudo, como colocou. Ou tentou colocar. Ouviu a campainha tocar, era . Ele ficou de levá-lo para o hospital. ajeitou sua roupa, olhando no espelho, e pegou os quadros que pintou. Estava levando quatro. Tinha a esperança que ela ainda acordasse, e se acordasse, queria que ela visse o que ele fez para ela. Passou o mês todo pintando, só saindo para os poucos shows que teve. Porque, por mais que seus amigos de banda o ajudassem a superar, aquilo era a única coisa que o deixava feliz, ou pelo menos chegar perto disso.
  - Vamos, cara. Os médicos disseram que tem uma surpresa para você. - falou, vendo seu melhor amigo colocando os quadros no banco de trás do carro, e se ajeitando no banco do carona, colocando o sinto de segurança logo em seguida. sorriu, o Dr. Já havia ligado para ele mais cedo, e a ansiedade de ouvir o que ele tinha a dizer já era maior que tudo. Tinha esperanças de abrir aquela porta, e vê-la sorrindo para ele, dizendo que tudo aquilo só se passara de um mero pesadelo.

  Estados Unidos, Nova York. 6 A.M 12 de Agosto, 2.009.
  Faria um mês desde o dia em que teve a melhor notícia possível: Sua pequena, sua , finalmente tinha despertado do coma. Aquele fora seu melhor dia, só podendo melhorar se sua filha estivesse com eles. pediu desculpas por tudo que o fez passar, e jurou que, se fosse hoje, ela nunca faria isso. Ela o amava, e não poderia fazê-lo sofrer mais ainda. Desde então, vem dormindo junto com ela, no hospital, e hoje, um mês depois que ela havia acordado, o médico marcou uma cirurgia urgente para reanimá-la. Ele estava radiante porque, perante o resultado, ela poderia sair do hospital em questão de dias.
  Como o usual, ele levantou cedo e levou seus quadros para o cemitério onde estava enterrada. Ali, em seu túmulo, se encontrava oito quadros ao seu redor. E a cada mês/anos, levaria mais quatro para lá. Era sua promessa, já que ela adorava os quadros que sua mãe pintava, e implorava para ele pintar também. Pena que ele só percebeu isso tarde demais.
  - ? - chamou. Ele mais do que depressa se deparava ao lado da cama, esperando-a continuar.
  - Fale, meu amor. Estou ouvindo.
  - Eu te amo.
  Ele sorriu. Abaixou seu olhar, e encostou seus lábios na testa de .
  - Eu também te amo.
  - Desculpe por tudo que te fiz passar, se fosse eu em seu lugar, não teria aguentado nem um dia. - Ela riu, mas deixou duas lágrimas caírem em sua bochecha. - E... Eu estou com muito medo dessa cirurgia. Espero que dê tudo certo, mas... Caso não der...
  - Shh, , vai dar. Tem que dar.
  - Me deixe continuar, ... Caso não dê certo, eu quero que saiba que te amo demais, viu? E que espero que você não espere muito tempo por mim. E, por favor, continue pintando esses quadros maravilhosos. São perfeitos.
   estava prestes a declarar ser uma bobagem o que ela havia dito, porém, o Dr. adentrou a sala junto com sua equipe.
  - Sr. , se me der licença, está na hora de levarmos para a sala de cirurgia.
   assentiu, depositou um beijo na testa de , e observou-a sair da sala. Seriam longas quatro horas de cirurgia, e ele passaria o tempo todo na sala de espera.

  Estados Unidos, Nova York. 10 A.M 12 de Agosto, 2.009.
  - Sr. ? - despertou de seu sono na cadeira nada confortável da sala de espera. Estava ansioso, aflito. E vendo o Dr. ali, do seu lado, só piorou a situação.
  A feição do profissional não era a das melhores e a vontade de chorar já o possuía por completo. , que até então ele não havia percebido a presença, o abraçou.
  - Desculpe, mas... Fizemos de tudo para que sua mulher saísse do coma, mas, durante a cirurgia ela não aguentou. Ela está em coma novamente, e não temos previsão de quando voltará e se voltará. Continuarei fazendo o possível para tirá-la desta situação, mas, por enquanto, é tudo o que posso fazer.
  - ISSO É TUDO CULPA SUA! ELA ESTAVA BEM! ELA ESTAVA BEM, NÃO ESTAVA COM NENHUMA SEQUELA, NENHUMA! VOCÊ INVENTOU ESSA CIRURGIA DE MERDA E TIROU ELA DE MIM MAIS UMA VEZ! EU VOU TE PROCESSAR, SEU VELHO VAGABUNDO, EU TE ODEIO! VOCÊ TIROU A MULHER QUE EU MAIS AMEI EM TODA A MINHA VIDA! - chorava desesperadamente, chamou a atenção de várias pessoas ali presentes, inclusiva a do médico, que não sabia como reagir. segurou-o com forças, tirando todas as possibilidades dele atacar o mais velho.
  - Desculpe, Sr., mas esta cirurgia era necessária. Eu imagino o quanto deve ser difícil...
  - NÃO! VOCÊ NÃO SABE DE NADA, N-A-D-A! EU QUERO A MINHA MULHER DE VOLTA! - , segurando seus braços, conseguiu controlá-lo. Olhou para o médico, e disparou:
  - Por favor, você pode, pelo menos, deixá-lo vê-la?
  - Eu não acho que essa seja uma boa ideia...
  - É o único jeito de manter seu rosto são e salvo, ou daqui a pouco ele vai ficar roxo. Eu não vou aguentar segurá-lo por muito tempo!
  O médico assentiu, assustado. guiou o amigo até o quarto que se encontrava e parou em frente à porta, observando o amigo correr até o lado da cama.
  - , você não pode me deixar. Por favor, volte pra mim. Por favor. Eu não sou nada sem você, eu te amo. - Chorando, agarrou as mãos da mulher, que estava deitada, coberta por aparelhos e o rosto sem vida, e continuou: - Eu ainda vou continuar pintando flores para você. Daqui para frente, se você me deixar, eu só vou parecer mais um imprestável no mundo; só vou pintar os quadros que você tanto ama. E assim eu vou levando a vida, até você voltar para mim.

FIM



Comentários da autora

  Olá, pessoinhas. hihi. Bem, essa é a minha primeira fic no fandom do ATL. Espero realmente que agradem vocês, e que consiga ganhar este destaque o/ Essa música é a minha preferida deles, e por isso, a escolhi para ser o tema, a base, da fanfic. Não deixei claro no final se a principal vai, ou não, morrer, porque sou ciente de que não são todas que gostam de morte de principais no final das fanfic, então, fique a critério de vocês: se vocês gostam de final feliz, basta acreditar que ela sairá do coma, mas para aquelas que encararem a fanfic de forma geral, percebe que ela nunca voltará do coma. Bom, é isso. Espero que vocês realmente gostem da fanfic, e até mais! :*