É o James!
Escrito por Lari Torres | Revisado por Jubs
Capítulo 1 - Início
Alguns tem a música, outros a capacidade de se envolver em outros amores, há quem prefira afundar dentro do próprio peito... Bom, eu escolhi as palavras - ou elas me escolheram - para fazer de âncora sobre meus sentimentos. A necessidade de superar sempre vem quando nasce a vontade de escrever sobre tal. Todas as vezes em que paro para escrever e fazer o uso das palavras, uma nova chama se acende, de superação. E por mais que no começo tenha sido doloroso e a negação própria dentro de mim fosse palpável, eu não consegui resistir ao lado bom da vida. Pois de todo período, mesmo na seca ou nas chuvas grotescas, há uma parte boa, em que você pode tirar como lição.
Com amor, Lari Torres.
Capítulo 2 - Oi, James
Ok, ok. Respira!
Eu tentava manter a calma, mas parecia que tudo iria cair em cima da minha lindíssima cabeça. O que seria bem engraçado, se uma certa pessoa não estivesse vindo na minha direção, com seus 1,82 de altura e sorriso (meio) a vista.
É apenas ele. Só ele. Você não é mais uma adolescente de 13 anos, haja como uma adulta.
Olhei pra tela do meu celular, duas novas mensagens. Resolvi que leria depois.
Dei uma última encarada no chão, antes de levantar a cabeça e finalmente o vê-lo na minha frente.
- Oi, James.
Ele abriu um pouquinho mais o sorriso. Meu Deus, como era possível ser tão lindo?
- ! - Me senti confortável quando ele sutilmente me deu um abraço.
- Bom... - Sorri nervosa. - Vamos?
James assentiu e começamos a caminhar na direção do meu carro.
Assim que dei partida, em rumo à uma casa de doces, - que segundo minha adorável amiga Leslie - era a melhor da cidade.
Pois é. Doces.
Um encontro com James, e é tudo sobre doces.
Sorri fraco.
James me deu olhada de leve no banco ao lado. Obviamente não me virei, mas era perceptível. Logo, desviou para a janela.
Eu não presto nem pra ser uma visão decente?
Bom, voltando aos doces... Na verdade, estamos aqui por Taylor. Não a Swift, claro. É a Taylor Davis, por mim, mais conhecida como melhor amiga. E por alguma razão do destino, melhor amiga do James também.
Taylor e James tem algumas aulas juntos na faculdade, e com isso acabaram se tornando amigos. Pelo menos para Taylor. Já que James desenvolveu sentimentos por ela, que não foram correspondidos - não tão compreensíveis -, porém ele não insistiu muito. Apesar de tudo, sempre achei que ele gostasse muito dela, a ponto de não querer pôr em risco a amizade.
Deixa eu ver... Onde eu entro nessa história? Bom, em um belo dia, Justin Timberlake resolveu que viria a Cleveland em um festival local. E eu, de maneira nenhuma perderia. Eu só não sabia que meu primeiro encontro repentino com James - eu o reconheci pelas fotos com Taylor, mas ele não o fez comigo. - acabaria me fazendo ficar praticamente apaixonada. James estava lá, tão discreto e lindo. Eu diria tímido, ao redor de tantas pessoas. No fim da noite, eu cantava 'Until The End Of Time' lembrando do rosto de uma pessoa que eu nem sequer conhecia formalmente. Pode ter sido culpa da Taylor, não tiro de cogitação a sua participação nessa loucura, por todas as vezes em que me falou sobre como James era um ótimo cara. Se ela precisasse, ele com certeza estaria lá. E mesmo que não precisasse, James estava lá a fazendo rir com as suas piadas geeks sem nexo.
Eu cheguei em casa, arrasada. Há quanto tempo eu não me sentia assim?
No dia seguinte, vasculhei todo o seu Instagram. Como eu nunca tinha notado a beleza dele? E por que Taylor não tinha notado também?
Demorou um tempo até que eu finalmente contasse para Taylor sobre ele. Ela? Achou o máximo. Sempre que podia, organizava saídas em que ele estivesse junto também.
Eu tentei desenvolver uma amizade com ele, mas James além de ser muito fechado, me passa a sensação de que a nossa relação não ultrapassaria muita coisa. Resumindo, ele nunca mostrou nenhum tipo de interesse sequer por mim. Nós conversávamos sobre alguns assuntos, mas nada muito profundo. Ele sorria, mas nunca senti que fosse dona de nenhum sorriso dele.
O que me deixou desanimada. E por mais que eu fosse alguém que tomava atitudes, receber o 'não' - que de qualquer forma eu já tinha - literal, ou ainda que fosse o mais enfeitado possível, poderia me arruinar e consequentemente arruinar o pouco de relação que tínhamos.
E eu aceitei isso. Como uma covarde, eu sei. Mas tenho ciência de que é o melhor pra mim.
- Parece que chegamos... - Escutei a voz dele me despertar dos pensamentos.
Eu ri um pouco.
- Parece que sim. Espero que Leslie ou Rachel já estejam aí. - Estacionei em frente ao portão simpático cor de rosa. Sem esperar, desci do carro. James fez o mesmo em seguida.
Peguei meu celular, eram mensagens de Leslie e Rachel.
"Anda logo!"
"Para de babar no James e venham logo"
Rolei os olhos e guardei o celular.
Enquanto caminhávamos, enxerguei Rachel me olhando de longe com uma cara horrivelmente desconfiada, pra não dizer uma cara "Hmm, espero que tenham se pegado muito nesse carro".
A olhei com desdém.
- Oi gente. Demoraram, né? - Rachel não perdia tempo.
- Acho que a culpa foi minha. teve que me esperar. - Eu adorava , toda vez que saia da boca dele.
- Claro que não. Não temos culpa se o lugar que vocês escolheram fica longe da civilização. - Soltei passando por Rachel.
- Ah, qual é ... Você nem viu as maravilhas que tem aqui. - Leslie falou de algum lugar dentro da casa, que eu já adentrava.
- James deve estar super agradecido por finalmente não ter que ouvir "Geez" por mais um tempo. - Rachel ria, James riu também.
O quê? Será que ele não gostava nem um pouco de...
- Não é Geez, é Bee Gees, Rachel. - Fui sarcástica. Sentei no sofá, Rachel sentou ao lado. James sentou em uma cadeira a frente.
- Tanto faz... Ah, e nem pensar disso na festa da Taylor. - James riu de novo. Ótimo!
Isso mesmo. Festa da Taylor, que aconteceria em 3 dias.
Tudo bem que Taylor não era muito chegada em surpresas de aniversário, como Rachel e Leslie eram. Mas nós resolvemos que faríamos uma esse ano, pra chegada dos seus 21 anos.
Leslie, Rachel, Taylor e eu éramos uma espécie de clube da Luluzinha, extremamente fechado. Tínhamos uma amizade bem forte, desde o começo da nossa adolescência. Desenvolvemos uma união de irmãs, era como se realmente tivéssemos o mesmo sangue.
Leslie achou que seria ótimo a gente fazer mais uma surpresa. Estávamos fazendo surpresas uma pras outras desde o ano passado, começando por mim, que fazia aniversário depois da Tay. Bem previsível, mas o que a gente não faz pra satisfazer uma amiga? Leslie, no caso.
- Eu acho que seria ótimo.
A voz de James, mais uma vez, me despertou.
- O quê? - Perguntei confusa.
- Bee Gees na playlist. - Respondeu dando um meio sorriso.
Olhei pra Rachel, com um sorriso de vitoriosa.
- James, alguns minutos sozinho com e já está com lavagem cerebral?
Não me contive, tive que rir também.
Olhei pra James, que me deu um olhar cúmplice.
- Gente, o papo tá ótimo, mas a gente precisa escolher os doces e o bolo logo. E claro, aqui tem uns coquetéis bem legais, vocês precisam provar...
Leslie chamou de longe.
Me levantei indo. A manhã seria uma tortura. Não só por ter que escolher docinhos e recheios de bolos, mas também porque uma certa pessoa estaria o tempo todo no meu campo de visão, uma tortura em potencial, considerando o quanto meu coração adorava sofrer.
Capítulo 3 - Vocês por acaso...
Eu descobri que a comunicação era a minha grande paixão desde muito cedo. Sempre fui muito aérea - como todo estudante de humanas -, mas nunca deixei passar meu sonho de trabalhar com as coisas que amo. Entrei na universidade de Jornalismo logo que me formei no colegial.
Leslie, Rachel e Tay seguiram seus rumos em suas faculdades também. As meninas e eu não tínhamos vocações em comum. Mas sempre éramos quase uma só pessoa, ao falar de sentimentos e ajudar uma a outra. E que ajuda hein...
Leslie, sempre foi muito extrovertida. Quase nunca teve problemas sentimentais. Rachel, bem, Rachel era um pouco fechada e cética, mas quando ficava apaixonada... Era bastante tempo pra se recuperar. Taylor, geralmente escondia seus sentimentos, pouco falava realmente como se sentia, mas nós sempre sabíamos. Apesar disso, simplesmente era a melhor pessoa para lidar com esses assuntos. E eu? Eu era um pouco de todas... Não tinha medo de flertar, adorava fazer isso. Desenvolver lances casuais eram a cada dia mais fácil pra mim. Isso porque eu nunca mais tinha tido uma única chama acesa, desde uma grande desilusão amorosa anos atrás. Até conhecer James, eu não sabia mais como era se sentir nervosa ou se arrumar bem mais que o normal antes de ir ver uma pessoa. Eram coisas que me faziam refletir a cerca de como eu estava acostumada a não sentir. Coisas que me faziam refletir como seria acordar feliz todos os dias ao lado da pessoa que se ama.
Bom, resolvi levantar da cama, fazer minhas higienes matinais e ir pra sala. Tinha bastante trabalho pra hoje.
Milhões de fotos jogadas pelo chão, o que não seria considerado uma hipérbole pela minha cabeça exausta e com sono.
Eu sugeri que fizéssemos um painel com fotos antigas e atuais, mas não imaginava que daria tanto trabalho. E nenhuma das meninas tinham chegado pra ajudar. Faltavam apenas dois dias para a festa e eu só queria dormir e acordar apenas pra comer os doces que Leslie tinha escolhido. Ah claro, ela nos envolvia numa cadeia de ilusão, que faríamos nossas próprias escolhas, mas no final era tudo dela. Lembrou do sistema capitalista? Bate aqui.
It's My Neighborhood começou a tocar. Bufei e fui até o celular, em cima do sofá.
- Escuta aqui Rachel, é bom vocês já estarem a caminho da minha casa...
- Oh bonita, calma aí. James e Matthew já estão chegando. Eu e Leslie ainda estamos presas na fila enorme do mercado. E depois, iremos comprar aqueles balões estranhos e bregas que você falou.
Respirei fundo.
- James está vindo?
- , por favor né.... Até depois.
Sentei no chão, desanimada. Por que diabos eu teria que ver a cara do James de novo? Dois dias seguidos.
Eu tinha 22 anos, mas a minha fase de adolescente retardada parecia que nunca iria passar.
Escutei a porta batendo.
ÓTIMO!
Nem sequer tive a chance de me recuperar.
E bom, eu estava o maior bagaço possível. Meu pijama da Caverna do Dragão, com a cara do Eric estava incrivelmente amassado. Meu cabelo? Melhor nem pensar.
Fui até a porta, abri.
Matthew me abriu um sorriso. James estava ao lado.
- Matthew, por que não apareceu ontem naquela tortura? - Abracei meu amigo forte.
- Eu só pude chegar hoje na cidade. - Assim como Matthew, todos nós, com exceção de James, éramos de cidades vizinhas à Cleveland, mas viemos morar aqui em busca de novas oportunidades. Sabe como é, jovens.
- Senta aí e começa a colar essas fotos nesse painel. - Apontei e ele riu.
Me virei para James.
- Por favor, entre. - O abracei rápido.
James se sentou ao lado de Matt.
- Bom, parece adorável. - Matt debochando pegou uma foto minha e de Taylor, sentadas rindo de alguma coisa.
- Sim, é. Devíamos estar falando do quão idiota você é. - Respondi rindo.
James riu também.
Que diabos, ele só sabe rir?
- É um assunto bastante culto. - Não, ele sabe debochar também.
Expliquei o esquema de colagem das fotos e eles logo pegaram. Era um painel gigante, mas não teria muita dificuldade em transportar, já que havíamos combinado da festa acontecer aqui em casa mesmo.
- Isso é bastante história... - Matt comentou dando uma olhada nas fotos ainda espalhadas. Haviam várias dele ali também. E do James. Alguns outros amigos e os familiares da Tay.
- Sim, muita. - Respondi pensativa. James me olhou. O seu olhar parecia querer descobrir exatamente os lugares em que meus pensamentos vagavam no momento.
Poucas foram as vezes em que ele me olhou profundamente. As vezes eu desconfiava que ele sabia de tudo. Sabia de tudo que eu guardava sobre ele dentro de mim.
- Eu vou ao banheiro.
Falou tão depressa quanto levantou.
Tentei esconder minha frustração, mas Matt me olhou desconfiado. Sorri em seguida, disfarçar sempre era minha saída.
- Matt, eu estive...
It's My Neighbordhood toca de novo.
Obrigada vida! Não teria que falar qualquer bobagem pra Matthew.
Num pulo, cai no sofá atendendo, sem nem sequer olhar a identificação de chamada.
- Oi.
- ? Eu estava pensando...
- Bom, vamos terminar isso logo?
Meu cérebro entrou em combustão.
Me virei para trás e fiz sinal para que ele se calasse completamente. Isso se ela não tivesse...
- Espera, essa voz... Está aí com você quem eu acho que está?
Isso, vida! Obrigada por isso, me salva de uma e joga em outra pior.
Isso mesmo. Taylor escutou a voz do James. E tudo por que eu não olhei a droga da chamada.
Não, não. Tudo por que James teve que sair como um retardado e quebrar nosso contato visual, fazendo com que eu ficasse irritada e Matt percebesse. O que acabou me fazendo ir atender o celular inconsciente, apenas pra me livrar da desconfiança do meu amigo em relação aos meus sentimentos a outro amigo.
Suspirei baixo.
James me olhou pedindo desculpas com o olhar. Ele presumiu quem era.
- Bom, um vizinho está aqui me ajudando com a pia... Sabe como é. - Que merda de desculpa é essa ?
- , você está mentindo... Meu Deus, me conta. O que James está fazendo aí? Vocês por acaso...
- NÃO! - Gritei e logo depois me dei conta. Matt e James se olharam confusos. - É que meu vizinho está aqui. Você não entende?
Meus nervos estavam a flor da pele. Maravilhoso, e só era de manhã.
Dei uma última olhada neles e apontei para a porta. Eles assentiram. Eu saí. De pijama, horrendo, mas saí. Só espero não receber nenhuma denúncia do síndico, por algum morador que se sentiu ofendido com a minha pequena performance de pijama pelos corredores do condomínio.
- E o que exatamente aconteceu com a sua pia?
Como eu realmente achava que poderia enganar Taylor?
Dei alguns passos, inventando alguma introdução de história.
- Bem, é que eu estava querendo tomar café... - Escutei a risada de Tay do outro lado da linha. - E bom... eu fui abrir a torneira...
- ? Sério que vai me contar isso? Quero saber a parte em que James chega aí pra te ajudar.
Meu Deus!
- Já disse que ele é meu vizinho. O cara... o cara que você ouviu...
Tay soltou um "hanram" e eu me preparei pra soltar mais mentiras.
- Então, como a minha pia estava entupida, fui atrás do síndico, para me ajudar, mas no meio do caminho encontrei um vizinho legal que me ajudou.
- , eu não sei qual o problema em me dizer...
Um homem, alto, eu diria lindo, saia de um apartamento, de uma das minhas vizinhas.
Ele me olhou e deu um meio sorriso.
Isso era tudo que eu precisava.
Fui até ele rapidamente.
- Vizinho, será que você pode falar pra minha amiga, que estava me ajudando aqui na pia de casa. - Falei de uma vez. Meu olhar era muito amedrontado. O cara me olhou confuso, mas eu pedi um "por favor" sem som.
- Ah sim. Sim, eu estava ajudando ela com a pia. - Ele enfim falou. Suspirei por dentro, agradecendo aos céus por esse homem ter saído na hora certa.
Agradeci a ele com um sorriso aberto. Ele riu um pouco, deve ser o meu pijama ridículo. Me virei em rumo ao meu apartamento.
- Ok, ok. Eu realmente pensei ter ouvido a voz do James... estranho. Bom, mas e o gato que está aí? Manda foto.
- Você não está querendo demais? - Olhei pra trás, ele já tinha ido. UFA! - Mas me diz, pra quê me ligou?
- Estava pensando em passar aí na sua casa mais tarde. Chamar as meninas e jogar conversa fora... O que acha?
- Hmm, hoje estou um pouco ocupada.
Mais desculpas...
- , estamos de férias. As aulas ainda vão demorar um pouco a começar, qual a sua ocupação?
- Estou escrevendo.
Falei rápido. E me arrependi em seguida.
- Nossa. Faz um tempo que você não escreve... - Pude sentir Tay sorrindo do outro lado. - É sobre...
- Taylor, agora eu tenho que ir. Beijo, até mais.
Desliguei sem esperar um tchau dela. Eu conseguiria disfarçar tudo, mas nunca um assunto tão complexo.
Não era verdade, eu não estava escrevendo. Não me sentia pronta pra desistir dos meus sentimentos... ainda!
Voltei ao meu apartamento, Matt e James estavam colocando fotos.
James se levantou.
- Causei muitos problemas? - Sua voz era receosa. Matt ria.
Queria dizer que sim. Causou, causa e continuará causando.
- Não. - Sorri.
Ele assentiu sorrindo.
- Vem, não vai ajudar? - Perguntou sugestivamente. E minha resposta não poderia ser mais óbvia.
Tudo se amenizou - um pouco -, quando sentei ao seu lado e escutei alguma de suas piadas sem nexo algum.
Capítulo 4 - Ele seria um babaca se não desse retorno
Evitar Taylor esses últimos dias tem sido difícil. Pra mim.
Leslie e Rachel não tinham muita dificuldade, já que moravam juntas e as ideias de uma e da outra estavam sempre ligadas. Tay sabia que a vida de Leslie era agitada, e que Rachel sempre a seguia.
Mas quanto à mim... Todos sabiam que eu ficaria dias sozinha dentro do apartamento fazendo atividades de todo preguiçoso em potencial. E é nesse ponto exatamente onde Taylor me pega no pulo.
Ela com certeza sente que estou a evitando.
- Rachel, por que tem que ser eu a sair com Tay amanhã? - Perguntei com o celular na boca, enquanto olhava Rachel checar a pequena lista de convidados, pra depois ligar perguntando a confirmação. Coisas dela.
- Ué, porque a gente combinou desde o começo. - Respondeu dando de ombros.
Bufei, irritada.
- Leslie, ela pode ir.
Me virei disposta a não deixar transparecer meu estresse.
- O que tá acontecendo? - Rachel perguntou.
Respira.
- Ontem, quando os meninos estavam aqui, Tay ligou, e acidentalmente escutou a voz do James.
Rachel franziu o cenho.
- Ok. Mas você inventou alguma história, né?
- Óbvio que sim, mas não gostaria de ter que voltar nesse assunto amanhã quando nos encontrarmos. - Respondi de uma vez.
A verdade é que eu me sentia frágil. De alguma forma tinha medo de despejar tudo sobre Taylor.
- Sabe que não precisa esconder nada sobre isso. E vai ter que encontrar ela mais cedo ou mais tarde. - Rachel me olhava compreensiva, mas me dando quase que um ultimato.
- É mais reconfortante a ideia dela finalmente saber que estou estranha apenas pelo aniversário surpresa.
Tentei soar indiferente.
Rachel assentiu.
Eu me sentei no sofá.
- Bom, o painel ficou ótimo. Muito bom mesmo.
Ontem, terminamos bem tarde. Eram quase 3 da tarde. Nesse tempo, Matt me ajudou a finalmente terminar de editar o vídeo que a gente tinha preparado pra o aniversário. Colocamos as luminárias no teto, Leslie insistiu pra isso. E por fim colocamos o painel na parede.
Eu insisti para eles ficassem, eu pediria algum almoço, mas Matt tinha compromisso. E James, bem ele apenas tinha que ir pra casa.
- Sim. Ficou.
Sorri sem humor.
A porta abriu de repente. Leslie.
- Gente, Tay me encontrou na rua, no meio do nada. Justo na hora em que estava organizando tudo com meu tio sobre as bebidas que ele iria nos dar.
Rachel e eu começamos a rir.
- Do que estão rindo? Estamos ferradas.
Ela fechou a porta e se jogou no sofá ao meu lado.
- Não, sua pateta. Não estamos ferradas. Isso é normal, desde que você não tenha saído correndo feito uma maluca. - Rachel debochou.
Leslie nos olhou revirando os olhos.
- Relaxa aí, garota. - Soltei enquanto me espreguiçava. - Vocês tem ideia do quanto eu tô com sono e logo cedo já tenho que olhar pra cara de vocês?
- Devia se sentir privilegiada por isso.
- Cala a boca! - Joguei uma almofada na cara de Rachel. Que revidou, mas não acertou.
- Bom, precisamos de um dos meninos pra ir buscar as bebidas na fazenda do meu tio.
Leslie falou enquanto olhava no celular.
Rachel e eu trocamos olhares.
- Matthew!
- James!
Falamos instantaneamente...
Joguei um olhar de morte pra ela.
- Bom, eu pensei que fosse eu a ir buscar as bebidas. - Falei carrancuda.
- E você vai. Com James.
- Eu não posso ter o direito de escolha?
- Bom, - Leslie começou - com direito ou não, será o James mesmo. Matt só pode vir daqui há duas horas.
Rolei os olhos, enquanto Rachel sorria provocando.
- , essa é a sua oportunidade. Aproveite.
Foi a vez da Leslie provocar.
Me levantei, sem ânimo algum e joguei outra almofada, dessa vez em Leslie.
- Você devia manter essa sua boca bem fechada!
Saí pro quarto. Parece que nada, absolutamente nada colabora para minha sorte.
Levei um pequeno susto assim que escutei a porta do lado se abrindo. Estava um pouco frio, eram quase 11 horas da manhã, mas o sol nem pensava em aparecer.
- Oi, tá bem? - James sorriu. Algo estava diferente em seu sorriso habitual.
- Sim, e você? - Sorri na mesma intensidade. Senti tudo se aquecer por dentro.
Um sorriso já era suficiente.
- Ótimo.
Dei partida. O caminho era longo até à fazenda do tio de Leslie. Eu e as meninas já tínhamos ido lá várias vezes, passar alguns finais de semana. Ficava em mais ou menos 85 km de distância de Cleveland.
- Se você se sentir cansada, eu posso dirigir...
Olhei agradecida para ele.
- Na volta?
Ele assentiu.
Foquei na estrada.
Tentei me desviar do som, só tinha um cd ali. O meu favorito do Bee Gees, One. E James provavelmente já devia saber todas as letras. Sorri comigo mesma. Naquele dia, tive que aguentar outras mil piadas de Rachel sobre minhas músicas. O que era normal, vindo de qualquer uma das meninas, que ouviam obrigadas.
James mexeu no som. Eu quis não me importar, mas não contive o sorriso quando começou a tocar "House of Shame".
O encarei sorrindo, talvez esperando uma explicação.
James deu de ombros, enquanto a música seguia.
O vento frio batia nas janelas. A voz de Barry, Maurice e Robin já soavam nos nossos ouvidos.
Eu simplesmente não conseguia conter a alegria que sentia por dentro quando ouvi James cantarolando baixinho os versos.
Estava chegando no refrão, quando ele cantou mais alto.
- You take a hard line attitude. Time to send me back to school...
- O quê? Você canta mesmo? - A pergunta que eu queria ter feito era: O QUÊ? VOCÊ GOSTA MESMO DE BEE GEES?
Alternei o olhar entre ele e a direção.
- Or take me, take me to your... - James continuou cantando e apontou pra mim. Eu escolhi pensar nisso depois e finalmente me joguei.
- House of shame, easy on your body when you got no name... - Eu cantei alto. Como adquiri coragem, eu não sei.
Mexi a cabeça no ritmo da batida, que eu adorava.
- Hold me like you know me, I'm a falling star. Catch me if you can, show me the way inside... - Agora eram cinco vozes.
Os irmãos Gibb’s com certeza gostariam da voz de James. E bom, eu sou legal.
Nós continuamos cantando. Foi todo o álbum durante o trajeto, até que começou a tocar repetidamente.
James estava solto naquele dia. Eu conseguia ver finalmente na realidade a figura de James em todas as palavras que Taylor me contava.
A forma com que ele era tímido contando histórias e sempre estralava os dedos quanto olhava pro nada por algum tempo. James tinha algumas unhas mais cortadas que as outras. Sua barba era perfeitamente alinhada. Seus óculos de grau o deixavam milhões de vezes mais atraente, mas eu duvidava muito que alguma coisa o deixasse feio. Fisicamente, eu o conhecia. Mas a sua essência estava saltitante esse dia. E foi a coisa mais linda que eu já vi na vida.
Eu perguntei sem receio sobre sua família, sobre a faculdade. Ele fez o mesmo comigo. Além de tudo, discutimos sobre nossos gostos que não tinham nada em comum. Eu era Chelsea e ele Manchester United. Eu gostava do contrabaixo e ele da guitarra. Eu preferia a Britney Spears, ele a Christina Aguilera. Eu NSYNC, ele Backstreet Boys.
Quando vi, a grande casa do tio de Leslie apontava.
- Finalmente! - Suspirei.
- Estava tão ruim assim? - James perguntou, sem rir.
Eu olhei sem graça pra o seu rosto.
- Eu estava brincando. - Respondeu rindo.
Ele realmente é péssimo nisso.
Sorri, balançando a cabeça.
Assim que parei o carro, na frente do casarão, Randall, dono, tio da minha amiga, veio me receber.
- , como é bom te ver querida! - Fui abraçar Randall.
- Digo o mesmo, tio. Faz um tempinho, né?
Ele partiu o abraço e apontou para James, atrás de mim.
- Seu namorado?
- Quem dera, é muita coisa pra mim.
Quê?
- Realmente, tem que ser muito bom para merecer essa menina.
Sorri sem graça.
- Parem de constranger a menina. - Anne, esposa de Randall veio até mim.
- Anne, saudades! - Abracei ela também, enquanto eles se cumprimentavam.
- Vamos lá dentro comer um bolo? É de milho, do jeito que você gosta.
Olhei pra James, que assentiu.
Segui Anne. A casa estava impecável como sempre. O cheirinho de bolo era aconchegante.
- Leslie e Rachel deviam ter vindo também.
- Sabe como é, elas estão a todo vapor. Festas para nós não é algo muito rotineiro, então quando acontece, tem quer ser "decente", como diz Leslie. - Disse, rindo.
Chegamos a cozinha, havia de tudo na mesa. Tinha até esquecido como estava faminta.
- Senta aí e come.
Anne disse bem humorada.
Olhei pra fora da casa, pela enorme janela ali na cozinha, e avistei James e Randall conversando. Talvez algum assunto muito bom, eles riam como se fossem amigos há anos.
- Ele parece um bom rapaz. - Ouvi Anne dizer atrás de mim.
- Sim, ele é. - Minha voz saiu meio forçada. Anne percebeu.
- Hm, parece que você sabe bem. - Senti sua mão em meu ombro.
Um nó na minha garganta se formou.
- É perceptível. Olha só. - Tentei desconversar apontando pros homens lá fora.
- , eu não sei qual é o nível de relação de vocês dois. Mas eu reconheço alguns tipos de olhares de longe... e bem, o seu é um deles.
Suspirei, não falei nada. Eu não poderia negar pra mim mesma.
- Meu conselho é que você tem que lutar pelo que quer. Temos que sair do comodismo e ir em busca do que almejamos. Acredite, sem tentar você nunca irá saber.
Anne falou como uma mãe para uma filha. E ela estava tão certa que tive vontade de chorar ali mesmo.
Eu cheguei a ajudar o universo nos encontros "casuais" com James, mas nunca obtive coragem necessária de falar sobre isso abertamente com ele. Era uma ferida aberta toda vez que eu tinha que menciona-lo com as minhas próprias amigas. Eu estava tentando proteger a mim mesma, sem me dar conta de que estava me machucando mais ainda. E mesmo que eu já estivesse cansada de ouvir coisas parecidas com as que Anne me disse, nada tinha ficado tão claro como agora. A imagem de James lá fora, rindo de bobagens, sendo gentil e educado com Randall... Me fez ver que se eu não quebrasse as minhas próprias barreiras, talvez nunca tivesse o que eu tanto queria. James, daquela forma. Com sorrisos, feitos por mim.
Meu olhar vagava pela estrada, ameaçava chover, com isso o tom do céu ficava deprimente. Lindo, porém deprimente.
O bagageiro estava lotado de bebidas das mais variadas marcas. Randall fez questão de encher todo o espaço possível que tínhamos.
James e eu não tínhamos conversado quase nada, em 15 minutos de viagem. E apesar de tudo, era um silêncio reconfortante. Bom, até que começou a surgir um barulho.
James me olhou estranho, eu dei de ombros. Não fazia ideia do que seria, mas coisa boa com certeza não era. James encostou o carro ao lado da pista.
- Acho melhor a gente parar pra ver.
Eu concordei prontamente. Saímos do carro, James foi diretamente ao motor. Fui atrás.
Assim que ele foi verificar o motor saiu uma fumaça escura.
Não, não podia ser.
- Bom, eu acho que...
- Por favor, não universo! - Quase que gritei de frustração. James começou a rir.
Se encostou no carro.
- Bom, as bebidas vão ter que esperar.
Me encostei ao seu lado. Minha cabeça tinha em seu consciente os piores xingamentos possíveis, mas abafados pela presença de James.
- E agora? - Perguntei.
- Bom, vai passar alguém.
Assenti com a cabeça, no mesmo momento gotas de chuvas começam a cair. Olhei para o homem ao meu lado, que ainda sustentava um sorriso.
Fala sério ne? Olha a nossa situação. Olha como estamos aqui. Por que você continua sorrindo e feliz da vida?
- Bom, é melhor a gente entrar no carro.
Não respondi, apenas o fiz. Ele logo em seguida.
A chuva só ficava mais forte. Seria maravilhoso apreciar essa sensação, se não fosse um pouco desconfortável a situação.
Olhei para James. Ele estava com as mãos nas pernas, pensando em alguma coisa.
Mil coisas começaram a trafegar na minha mente. Coisas que iam e vinham na velocidade da luz, deixando pequenos feixes claros, que iluminavam continuamente meus pensamentos. Eu sentia meus olhos brilhando mais que o normal, devia ser alguma nova sensação, que James, mais uma vez me despertava.
Ele olhou pra mim. Foram segundos, e tudo continuava da mesma forma.
Pela primeira vez, fui eu a quebrar o contato visual.
Abaixei a cabeça e inspirei.
Quando Taylor nos apresentou, dois meses depois daquele festival, senti que havia encontrado o homem dos meus sonhos, sem precisar trocar uma palavra. Mais tarde, eu repreendi a mim mesma... Que tipo de mulher consciente, quer se entregar totalmente a alguém que nem conhece? Foi uma confusão interna a partir daí. Mas aos poucos entendi que não precisava de muita coisa, um sorriso ou um olhar, já eram suficientes. Eu gostava dele por completo, mesmo sem ter uma razão muito racional. Mas quem disse que o coração é racional? O pior é acreditar que o amor se planeja. Na prática da vida real, é tão difícil seguir as rédeas perfeitas dos planos que temos pra nós. Em uma noite, milhares de caras legais, que teriam me dado a atenção precisa, mas eu fui olhar pra o único que não poderia me oferecer nada mais que uma amizade.
- James...
- Oi.
Dei uma última olhada pra chuva caindo no vidro antes de me virar para o encarar.
- Como superar um amor?
O olhar dele me deu a resposta que eu já tanto sabia.
- Tempo? - Sugeriu sorrindo. Pensei ter ouvido um pouco de melancolia no som da sua voz.
Eu assenti. Ele não pareceu tão convencido.
- Mas você já tentou, né?
Me virei pra janela. Eu não responderia.
Depois de alguns segundos ele se deu conta disso.
- Ele seria um babaca se não desse retorno.
Engoli em seco. Será que ele imagina que está se auto intitulando de babaca?
- Eu sei que não somos tão próximos. Mas Taylor sempre me fala o quanto você é o máximo. - James continuou. Senti vontade de chorar. - Matthew te ama também. Bom... Isso já diz muita coisa.
Sorri sem humor.
- Obrigada. James, eu...
Falei devagar, mas de repente James sai do carro.
Era um caminhão vindo em nossa direção. Ao que parece finalmente vamos pra casa.
Eu esperei muitos meses. Poderia esperar mais um dia. Um sorriso bobo começava a surgir no meu rosto. adolescente modo on.
Capítulo 5 - Você tem um papel e caneta?
Seja em qualquer situação, comece o dia sorrindo.
Sério. Faça isso.
E não estou falando isso por nada em especial.
Ata...
Mas ok, meninas! Vocês tem que saber que são lindas e fortes. E que vão conseguir.
- Oh , anda logo! - A voz de Rachel pela milésima vez soava do lado de fora do meu banheiro.
Eu ainda estava debaixo do chuveiro, aproveitando tudo que eu tenho direito. Tá certo, eu sei que deveria ter saído já. Além do alto consumo de água, eu iria me atrasar para encontrar Taylor. E ela não poderia nem pensar em aparecer aqui. Mas, Meu Deus! Como é ótimo a sensação de sorrir embaixo do chuveiro.
Piegas...
- Não sei se você lembra, mas a casa é minha! - Gritei de volta, mas sorrindo por dentro.
Rachel e Leslie resmungavam alguma coisa, que eu não fiz questão de tentar saber.
Desliguei o chuveiro, espremi o cabelo e me enrolei na toalha.
Quando abri a porta, "I Will" dos meus adorados irmãos Gibb’s tocava.
Leslie mexia nas minhas cortinas.
- Tem necessidade disso? - Perguntei tentando não surtar com algum estrago.
Ela nem me respondeu, continuou mexendo.
- Vai se arrumar agora! - Rachel passou por mim, praticamente me expulsando.
Sem pestanejar e com um sorriso, fui ao quarto.
Quando o caminhão parou para ajudar James e eu ontem, foi questão de meia hora e já estávamos indo na direção de Cleveland. As meninas surtaram um pouco, mas ficaram estupidamente desconfiadas em ver que meu humor estava ótimo, considerando o que aconteceu.
James e eu, conversamos muito no caminho. O motorista também achou que éramos um casal, dessa vez fui eu a fazer a piada do "ele é muito pra mim". Ele até quis retrucar, mas com um olhar, percebeu que estávamos quites agora.
Quando finalmente chegamos, demos algumas voltas até conseguir trazer tudo para meu apartamento.
Teríamos até quebrado algumas garrafas se o síndico não tivesse ajudado né...
No fim, James me disse o quanto foi legal passar a tarde comigo. Eu não demonstrei nada que pudesse me denunciar, mas só minha espinha sabe o quanto se esfriou tudo por dentro.
- , acha que fica melhor azul ou roxo nas cortinas? - Leslie colocou a cabeça dentro do meu quarto.
Rolei os olhos.
- Te mato se destruir minhas janelas.
Ela pensou um pouco.
- Tem razão, azul realça mais as luzes.
Ri sozinha, Leslie fechou a porta e voltou pras cortinas.
Arrumei meus longos cabelos, bem desidratados, quem sabe um corte qualquer dia desses, né?
Vesti minha skinny e coturnos pretos; minha camiseta branca, com a estampa "I love Ireland and Niall Horan" e uma flannel verde e vermelha por cima.
Joguei meu vestido, sapatos, make e assessórios dentro da bolsa. O presente da Tay, ficaria propositalmente aqui. Essa era a desculpa de vir aqui a noite e puf "SURPRISE".
- Como estou? - Perguntei dando uma voltinha ao redor da sala, pras meninas.
- A própria Alessia Cara. - Rachel respondeu.
- Hm, ela é legal, mas pensei que eu estava algo mais como Zendaya nos tapetes vermelhos da vida. - Joguei beijinhos pro ar.
- Aí você já está forçando né. - Leslie falou rindo. Joguei o dedo do meio pra ela.
- Bom, estou indo. Me desejem sorte para que a surpresa não acabe até ela chegar aqui. - Falei indo até a porta.
- Até que enfim poderemos tirar "Geez".
Ri da cara de Rachel falando propositalmente o nome errado.
- Bye.
Fui caminhando livre, leve e solta até o saguão, pelas escadas - pra quê elevador gente? é ótimo caminhar.
Passei pela recepção e peguei uma rosa branca em um dos jarros.
Taylor já estava lá fora, perfeitamente arrumada. Linda como sempre.
- Parece que alguém está ficando mais velhinha hoje...
Falei e ela riu da minha retórica.
- Isso é tão old quanto a sua playlist.
A abracei forte. Estava exausta e precisava conversar muito com ela. Nada melhor do que em seu aniversário, pra a encher com os meus dramas.
- Feliz aniversário, te amo muito. - Falei ainda entre o abraço.
- Obrigada, eu também te amo . - Parti o abraço e entreguei a rosa.
Tay sorriu.
- Adorei o presente.
- Nem vem com chantagem emocional, só a noite mocinha.
- Ah, cala a boca e vamos logo.
- Não acredito que você ainda quer comer, . - Tay resmungava atrás de mim, enquanto eu tentava escolher qual docinho levar na lojinha de chocolate que tinha perto do restaurante que tínhamos acabado de almoçar.
- Ué, você sabe que eu não posso resistir a essas coisinhas fofas e suculentas. - Apontei para os brigadeiros que tinham ali. Um tradicional doce brasileiro. A funcionária logo foi pegar.
- Estranho, nem Rachel e Leslie atendem as chamadas.
- Devem estar dormindo ainda, sabe como é. - Disse distraída, enquanto pagava os doces e pegava a sacolinha.
- Será que ao menos lembram que hoje temos uma noite das garotas? - Taylor continuava, meio triste.
- Relaxa, claro que sim. E se não estiverem lembradas, a gente lembra. - Tay me olhou confusa. - Dando um soco nelas.
Ri e ela me acompanhou.
- Sabe qual a atração do Public Square hoje? - Tay disse perguntou enquanto caminhávamos até lá.
- Não faço ideia, mas tomara que seja legal. Tô precisando balançar um pouco.
- Falando em balançar... Não me disse nada sobre o vizinho bonitão, senhorita .
Pelo amor... Não!
- De onde você tirou que ele é bonitão? - Fingi demência, oferecendo algum dos brigadeiros a ela, que negou.
- Bom, eu tenho sexto sentido pra algumas coisas e sinto que tem coisa aí. - Falou simplesmente. Dei um olhar desconfiado pra ela.
- Então você deveria sentir que está se equivocado muito. - Respondi, fazendo paralelos entre James e a situação com o vizinho. - Além do mais, ele nem é meu vizinho propriamente. Estava saindo do apartamento de uma moça que é.
O que não era mentira.
- Hmm, alguma coisa nessa história não se encaixa.
Abafei um riso. Taylor era ótima nessas coisas. Eu falei que seria difícil.
- Pra mim está tudo perfeitamente normal.
Dei de ombros.
Continuávamos em direção à praça.
- Bem, então... Está escrevendo mesmo?
Senti uma corrente de arrepios por todo o corpo. Talvez um amargo na boca, mesmo que estivesse cheia de chocolate.
- Ah, err... Sim. - Me virei pro lado, qualquer coisa seria melhor do que encarar diretamente a situação.
- Então está superando mesmo o James?
Isso era uma coisa tão delicada, que doía só de pensar. O fato de usar as palavras pra conseguir me libertar, era tão íntimo, que me sentia constrangida até mesmo com Taylor.
Tudo começou depois de uma grande onda de desilusão que eu tive aos 15 anos. Eu percebi que só conseguia me sentir em paz toda vez que escrevia meus sentimentos - de amor e ódio - em cartas. Era um alívio instantâneo, e o que era estranho, passou a ser rotina.
Escrevi cartas, versos, poemas, rascunhos e textos nunca apresentados pra mais ninguém além de mim mesma. Nunca foi minha intenção revelar às pessoas, mas sim desatar os nós dentro do meu peito, que me faziam ficar estagnada no mesmo lugar.
Encontrei a minha forma de superação. Então, se eu começava a escrever, era um sinal... de que eu estava disposta a superar. E de que eu iria superar.
- Bom, estamos chegando na Public Square.
Falei aflita. Droga!
Por que eu tinha sido a encarregada de mentir mais ainda para Taylor? Se ela soubesse o quanto estou encorajada a finalmente falar com James... Sim, ela estaria pulando e morrendo de felicidade comigo. Mas teríamos que esperar até a noite, pra não estragar a surpresa.
- Meu Deus, está lotada. Mal posso esperar para flertar com algum bonitão. - Disse rindo. Uffa!
Sei que ela percebeu minha cara, mas preferiu guardar pra si.
Obrigada céus!
-Vamos lá, a música que está tocando... OMG! É The Shadowboxers. - Disse dando gritinhos e puxando Tay.
- Calma sua louca! - Gritou rindo. - Quem são?
- Cala a boca, você vai amar. - Continuei puxando Tay.
Havia muitas pessoas ao redor do palco improvisado. A Public Square sempre tinha atrações nos fins de semana, mas tivemos muita sorte dessa vez.
Assim que chegamos na frente, puxei Taylor pra dançar. Tocavam Woman Through The Wall. A minha favorita.
Destino, que dia LINDO!
- She got seventeen pairs of Jimmy Choos and another two on the way...
Eu praticamente gritava, arrancando olhares dos caras da banda. Tay dançava rindo ao meu lado.
- Only seventeen feet from me to you. Some things'll never change...
- você é LOUCA! - Taylor gritou rindo.
Ok, a gente tinha que beber, senão não teríamos desculpas pra gritarmos como loucas.
- EU SEI, ESCUTA ESSA MÚSICA.
Os integrantes, bonitinhos, da banda sorriam pra nós. Com certeza, Tay e eu teríamos um M&G depois por melhor empenho.
- , vou buscar algumas bebidas. Já volto.
- She's getting ready. Hear them heel clicks on the floor. That feeling, she's heading for the door...
Continuei dançando. Algumas pessoas começavam a ser tão loucas como eu, arrancando risadas de todos.
Eu me sentia extremamente feliz. Em meses não me divertia assim. Era uma sensação de liberdade e felicidade. Talvez porque eu deixaria sair meus sentimentos reprimidos em algumas horas. Talvez porque eu lembrasse de 5 em 5 minutos do sorriso de James me dando força ontem. Talvez porque eu tinha a chance de ser feliz e ia fazer dar certo.
Continuei dançando até acabar a música. Pelo instrumental, a próxima seria Timezone.
Ok, era hora de descansar um pouco.
Olhei para os lados, procurando Taylor e nada.
Me sentei perto de algumas senhoras, que comentavam sobre o "amor".
- Esses jovens de hoje não sabem mais como aproveitar o lado bom da vida.
Dizia uma.
- Na verdade, eles fingem que não sentem nada e guardam, acho que está na moda.
A outra respondeu.
Eu iria refletir sobre o diálogo, mas avistei minha amiga.
Tay vinha caminhando e conversando com uma moça, que eu não conhecia.
Talvez já a tivesse visto em algum lugar, mas no momento, zero recordação.
No meio do caminho elas se despediram e Tay me viu, vindo até mim.
- Cansou, princesa?
- Claro que não, estava te esperando pra gente performar mais músicas. - Respondi dando de ombros.
- Tá aqui, suco de laranja. - Ela me entregou a garrafa. Tomei um bom gole.
- Vamos lá.
Levantei, a puxando.
- Meu Deus, ! Você é de ferro mesmo?
Joguei um beijinho pro ar.
Iria começar Telephone.
- Eles me lembram Bee Gees. - Tay disse pensativa.
- Deve ser porque são inspirados por eles.
Respondi rindo.
- Olha, éramos pra estar nós quatro aqui. Isso aqui provavelmente ia pro algum álbum das lembranças. - Tay falou. Ela estava ressentida.
- Fica de boa, hoje a noite vamos nos divertir muito. Quem sabe até pegar alguém. - Falei como se não soubesse de nada.
- Sei ! Conheço muito bem seu jogo. Arranjar um pra cada uma e ficar sozinha com os barmen gays na bancada do bar.
Ri alto.
- Ei, cala a boca!
- Essa é a verdade. - Minha amiga falou e em seguida deu um gritinho de dor, alguém passou e pisou no seu pé.
- Eu sinto muito. Mil perdões... - O moço se desculpou, todo atrapalhado.
A sua cara de poucos amigos pro rapaz foi bem assustadora, mas em poucos minutos, eles já conversavam animadamente.
Eu olhava a cena um pouco já afastada. A banda continuava tocando, consequentemente o ritmo da música ditava as minhas batidas. Do coração.
- Nossa... Você está linda, !
Taylor entrou no quarto dela, me prestigiando.
- Você acha? Talvez eu esteja muito maquiada... Não é?
Tay, igualmente arrumada, com seu vestido vermelho cor de sangue e sapatos creme. Seu cabelo estava solto e sua maquiagem bem simples, como ela gostava.
- Você está linda. - Disse terna.
Meu vestido era preto, justo e um pouco decotado nas costas. Meu cabelo estava preso e eu resolvi abusar da maquiagem. Quando me sentia feliz adorava usar todos os meus produtos.
- Obrigada. - Me virei para ela. - Mas a estrela da noite é você. - Peguei sua mão e dei uma giradinha. - Qualquer um ficaria aos seus pés. - Inclusive James...
Ok ! James já superou Taylor. Eu espero né...
- Para de graça. - Sorriu. - Então, vamos? - Pegou uma bolsa em cima da cama.
Isso aí! Estamos quase lá.
- Tay, antes de irmos encontrar as meninas, quero dar o meu presente. - Falei elegante.
- ... Você sabe que não precisa...
- Sem essa, fica aí. - Fui até à minha bolsa e comecei a procurar pelo que não estava ali, de propósito. - Estranho... Não encontro.
Tay me olhou confusa.
Revirei toda a mochila... sem resultados.
- Taylor, eu pensei que tinha trago... Mas acho que o deixei em casa.
Falei fingindo preocupação e vergonha.
- Ah, não se importe com isso. Vamos.
- Não. De jeito nenhum, faço questão que o use. - Peguei minha bolsa. - Vamos, lá em casa. Tudo bem?
- É tão importante assim?
A olhei com o olhar de ofendida, Tay balançou a cabeça.
- Tá, desculpa. Vamos sim. - Respondeu sorrindo.
Xeque mate...
No meio do caminho, troquei mensagens com as meninas e combinamos os últimos detalhes antes de tudo.
Taylor vinha meio pensativa, não entendi muito bem, mas provavelmente era só receio de um dia sendo evitada por todos.
Assim que entramos no meu prédio, senti uma sensação nova me atravessar. Era um excitamento estranho. Eu não tinha ideia do porquê, mas senti. Enviei a mensagem de chegada pra Rachel.
Quando entramos no elevador, Taylor parecia querer começar a falar algo, mas não sabia como.
Eu iria perguntar o quê era, mas...
- Eu estou muito feliz por você, .
A olhei confusa. Dei incentivo para que ela continuasse.
- Olha como está linda e radiante... - Bom, tinha um motivo a mais. Sorri comigo mesma. - A sua energia hoje... Você estava maravilhosa.
Os andares continuavam subindo.
- Obrigada? - Ousei agradecer. Eu não conseguia decifrar o rosto dela.
- Quando me contou que estava escrevendo... sobre James... eu fiquei muito aliviada. Mas só pude perceber o quanto você está bem, hoje.
Comecei a ficar preocupada.
- Como assim?
O elevador abriu. Eu saí e ela veio ao meu lado.
- Eu sou sua amiga, não queria esconder isso de você. Mas também sou amiga de James... Enfim, posso finalmente me livrar desse peso na consciência.
- Do que está falando Taylor? - Perguntei com a garganta dolorida.
Já estávamos em frente ao meu apartamento.
- James, ele está saindo com uma garota. Acho que é oficial. Ela é a Becky... Sabe aquela garota do Public Square hoje...
Foi quando eu abri a porta.
As coisas começaram a acontecer como se por meio de uma câmera, pequenos fragmentos, acontecendo lentamente.
Eu conseguia ouvir todos gritando "Surpresa" e logo começando um coro de Happy Birthday, ao fundo. Isso porque o único som que eu ouvia com clareza eram as batidas do meu coração.
Meus olhos focavam apenas em James... E na garota do Public Square.
Juntos.
E felizes. Cantando parabéns para Taylor.
Sim, James havia superado Taylor. Se era esse meu maior medo, ele acabava de ser aniquilado.
Senti que meus olhos inundavam por dentro. Meu peito doía até mesmo em lembrar da maquiagem que eu coloquei e agora seria derramada.
Eu não me dei conta de em que momento exatamente eu saí dali. Mas quando vi, tinha acabado de esbarrar em uma pessoa na esquina do corredor.
- Opa! - A voz de um homem chegou aos meus ouvidos.
Não levantei a cabeça.
- Desculpa. - Pedi e passei por ele.
Fui pelas escadas. Tirei meus sapatos e coloquei nas mãos.
Eu tinha consciência de que deveria estar parecendo uma louca. Mas nada na minha cabeça era coerente no momento.
Absolutamente nada podia me abalar mais.
Cheguei fora do prédio e atravessei a rua. Havia uma pequena praça, com banquinhos solitários.
O quão drama adolescente isso era?
Quer saber, que se dane o mundo!
Não importa a idade que eu tenho, continuarei tendo sentimentos enquanto estiver viva.
Ri, melancólica comigo mesma.
Sentei no banquinho.
Desde que o conheci, James tem sido o protagonista da minha história. Mesmo com o meu senso de humor exorbitante durante o dia, nada o tira da minha cabeça no fim da noite.
E por mais que eu esteja cansada de contar meus dramas sentimentais, há uma parte em mim que diz que existem outras pessoas se identificando com cada palavra.
Temos a mania de desmerecer nossos sentimentos. Temos a idiota ideia de dizer a todos que isso é apenas a merda de um drama. E a troco de quê? Quem estamos tentando enganar, que merece tanto nosso esforço? Esforço esse que nos mata por dentro...
Senti as primeiras gotas de lágrimas caírem.
Meu rosto esquentava a cada segundo, conforme o padrão em que se intensificava o choro.
Era silencioso.
Tinha que ser silencioso.
- Será que da próxima vez que nos encontrarmos você vai estar de novo em apuros?
Levantei a cabeça e vi um homem na minha frente.
Era tão esbelto... Senti vergonha pelo meu estado deplorável.
Ele acenou com a cabeça, fazendo sinal para que eu desse espaço no banco para ele. O fiz.
Voltei a o encarar, e alguma coisa acendeu na minha cabeça.
O vizinho, que me ajudou com a pia.
E tudo porque James havia aberto a boca.
James.
Mais lágrimas.
- Bom, eu não tenho ideia do que você está passando... - Sua voz falhou. - Mas eu sei que há uma solução.
Infelizmente nada amenizou nem por um segundo.
- Qual o problema?
Eu limpei as lágrimas, mas sem sucesso ao tentar apagar a cena que vi ao abrir aquela maldita porta.
Por que diabos ele não mencionou que estava em outra? Por que ele me incentivou a tentar ir atrás? Por que eu quase falei tudo naquele carro?
- James. É o James.
Ouvi o vizinho suspirar ao lado.
Achei que ele ia começar a falar algo, mas escutei passos em minha direção.
- ! - Era Leslie. Taylor e Rachel também.
Meu suposto vizinho se levantou.
- Ah, eu vou... - Apontou pra alguma direção aleatória. Eu assenti. E ele foi.
Minhas amigas chegaram ao meu lado.
Estavam deslumbrantes... E eu?
- É impressionante como seu rosto é lindo até borrado e choroso. - Leslie se sentou ao meu lado.
- Que novidade, né? - Rachel debochou, se sentando também. - Impressionante seria ela não ficar bem em qualquer coisa.
Sorri fraco.
Olhei pra Tay. Seu olhar tinha... Culpa.
- ...
- Nem pense nisso. - Me levantei. - A culpa não é sua e nunca será. - Falei melancólica.
- , eu não poderia imaginar...
Cheguei perto de Taylor.
- Você me viu radiante na primeira vez que eu estava tentando superar alguém. Você me viu hoje radiante porque pensava que eu estava tentando superar alguém.
Peguei em suas mãos e continuei:
- Não dá pra notar o quão importante isso é pra mim? - Minhas lágrimas já caíam de novo. - Eu só posso te agradecer por estar do meu lado.
Tay me abraçou. Logo, as meninas também se juntaram. E foi a hora em que meu choro ganhou ânimo.
É maravilhoso ter a sensação de não estar sozinha na dor. A dor, seja qual o tipo, é perturbadora para todos os nossos sentidos. Mas ali eu conseguia sentir ela doer menos.... talvez porque o abraço apertado sufocasse todo o espaço em que ela passava por minhas veias.
- Está certo. Agora voltem. - Resmunguei saindo do abraço.
- Não, vamos ficar aqui. - Leslie agarrou no meu braço.
Me soltei dela e olhei para as três.
- A gente deu o maior duro pra organizar isso e agora nós vamos aproveitar a noite da Tay, sim! - Disparei.
- Você vem? - Rachel perguntou.
Dei uma olhada pelo local.
- Eu vou logo depois. - Elas me olharam desconfiadas. - Eu prometo.
- Tá ok, bonita. Não demore muito.
- E calça esses sapatos...
Rolei os olhos.
Tay me deu um último olhar.
- Vai ficar tudo bem.
Eu assenti.
Então elas foram em direção ao outro lado da rua.
Eu teria me virado, se não tivesse visto a figura do qual eu tinha corrido agora há pouco e pretendia correr por um bom tempo daqui por diante, James.
Ele estava no portão, parecia confuso.
As meninas pararam nele e Tay o pegou no braço, o levando com elas.
E eu não poderia ficar mais grata por isso.
Me sentei no banco de novo. Calcei meus sapatos.
O que eu faria?
- Bom, presumo que você ainda não esteja fora da encrenca. - O vizinho, sentou novamente ao meu lado.
Sorri a contra gosto.
- Pode apostar que não.
Olhei pro céu. Com certeza alguma chuva viria mais tarde. Os barulhos dos carros e das pessoas passando me distraiam por alguns segundos, até.
- Bom, no que eu posso te ajudar?
Aquela pergunta me trouxe à tona várias questões quanto a mim mesma e sobre quais rumos eu iria enfrentar. Parece loucura, mas foi nessa fração de tempo que me apareceu uma ideia da qual eu tanto conhecia, mas que até então tinha tanto medo de usar com James.
Consegui dar um pequeno sorriso, de verdade, antes de finalmente responder:
- Você tem um papel e caneta?
Capítulo 6 - Agradecimentos
Me questionei muito sobre como começaria essa parte. Qual seria o início ou a ordem de agradecimento? Ponderei pelo mais óbvio que seria por aquele que me inspirou ou sobre como me inspirou. Mas no meio disso, lembrei-me de que antes de haver outro, há um eu. E qual seria o sentido começar pelo segundo, se sou eu a primeira? Sou eu - ou o meu coração - que tomou essa decisão, de andar pelas rédeas da superação e até mesmo adequação. Muito antes dele me trazer qualquer coisa, era eu que estava aqui o tempo todo. Então, eu agradeço à mim mesma - em nome de todas nós - por a coragem de fazer da tempestade um lugar com casa e comida. Reunir coragem requer tanto esforço... bem, disso nós sabemos.
Agora... sim, agradeço ao bom sentimento e excitação na barriga que senti ao olhar pra James. Foi bom... como foi.
Às minhas amigas que compartilham desse momento. Desde as mais próximas até as mais distantes - no sentido físico.
Não poderia deixar de dizer o quanto Bee Gees, Kenny Loggins e The Shadowboxers me ajudaram em cada mínima palavra escrita. O que é a vida sem uma boa trilha sonora?
E por fim, vocês. Viva o amor, mas também viva nossa força de recomeçar e saber a hora de partir.
Lari Torres.