entre café e teias


Escrita porSammy
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 1

Tempo estimado de leitura: 10 minutos

  Nova York, EUA

  %Sophie% tapou o rosto com as mãos e soltou um murmúrio entre os seus lábios. Seu coração batia forte e sentia uma leve dor de cabeça começar, suspirou e voltou a encarar o notebook na sua frente com a notícia em aberto na página principal do site da prefeitura.
  “As ruas serão bloqueadas entre a avenida 75h e a 73h por conta das gravações do novo filme do Homem Aranha: Sem Volta Pra Casa a partir do dia 10 de dezembro.”
  — Ótimo! — mordeu o próprio lábio inferior, pois queria muito soltar um xingamento, dos feios.
  Ligeiramente, fechou o notebook e o colocou dentro da sua mochila. Olhou o celular em cima da mesinha e viu uma notificação da sua mãe perguntando se poderiam almoçar juntas já que ela havia recentemente voltado da Dinamarca com seu mais novo namorado.
  Antes de sair do apartamento, checou a caixa de areia de Rachel, sua gata e acariciou a cabeça do animal demoradamente, deixando um beijo e rindo ao ouvi-la miar, como se não gostasse.
  Fez o mesmo trajeto de todos os dias. %Sophie% era dona de uma cafeteria chamada Café com Conforto, e realmente era algo que fazia questão de dar aos seus clientes: conforto. Calma. Paz. Um lugar único pra que pudessem apreciar os cafés e as comidas que faziam, um local pra trabalhar, ler ou até mesmo passar um tempo não fazendo nada.
  No entanto o Café com Conforto iria sofrer sérios abalados por conta das gravações do filme mais esperado pelos fãs da indústria do cinema. %Sophie% sabia disso, afinal, também era fã, mas acima de tudo amava o seu café. Não queria que tudo mudasse. Teria barulho, bagunça e muitas ruas bloqueadas o que iria interferir na vida do seu café.
  Ao chegar no local, apertou mais o casaco por conta do frio mais intenso naquela manhã novaiorquina. Mordeu o lábio inferior, entrando na cafeteria e vendo seus funcionários trabalhando intensamente, os cumprimentou alegremente e foi se trocar em um dos quartos, pois, além de ser dona também trabalhava na criação dos cafés e gostava de ficar no meio de tudo. Era a sua vida.

☕🕷️

  Com o rosto apoiado no vidro do carro, Andrew observava a decoração de Natal nas ruas de Nova York. Uma das suas cidades favoritas do mundo inteirinho. A ansiedade era crescente dentro do seu peito, havia sido chamado para retornar em um dos papéis mais importantes de toda a sua vida e trabalharia ao lado de pessoas incríveis.
  Se ele tivesse que contar em detalhes os últimos dias resumiria em loucura, mal conseguiu pregar os olhos, pois achava que seu coração sairia pela boca em todos os momentos em que se pegava pensando em Peter Parker.
  — Senhor Andrew?
  Virou o rosto ao ouvir a voz do seu motorista.
  — Ahn?
  — Vou te deixar no estacionamento próximo ao seu trailer, tudo bem? É um local mais reservado. Não vão te ver. O senhor precisa de alguma coisa?
  Novamente as ruas tomaram a sua atenção e deu um suspiro rápido.
  — Café. Preciso de café.
  — Me diz o que quer que eu compro.
  Ele mesmo gostaria de comprar. Não queria que ficassem trazendo as coisas nas mãos dele, por mais que entendesse que sempre foi assim.
  — Vou ver. — Garfield deu um bocejo — E te falo. — Um sorriso brotou em seus lábios.
  Em questão de minutos, o carro deu uma parada brusca e Andrew deu uma olhada rápida para frente. Viu vários trailers lado a lado e alguns com decorações de Natal em suas portas, o motorista abriu a sua porta, fazendo com que ele estranhasse e pegasse a mochila ao seu lado.
  — Quer que eu te acompanhe até o seu...
  — ANDREW!
  Se virou procurando pela voz que o chamava enquanto colocava a mochila nas costas, Kevin Feige se aproximava com um sorriso e já esticando a mão a fim de cumprimentá-lo.
  — Como foi a viagem de Londres para cá?
  — Fantástica. Dormi tanto que babei.
  A risada de Kevin ecoou em seus ouvidos e um sorriso fraco apareceu em seu rosto, viu o produtor mover uma das mãos dispensando o motorista e Andrew acenou para ele.
  — Te acompanho, vamos.
  Olhou por cima do ombro antes de começar a andar, o céu nublado e o vento gelado faziam com que ele tivesse vontade de tomar um chá, sim, chá. Moveu os dedos e não conseguia prestar atenção em nenhuma palavra de Kevin.
  — Está certo?
  Fitou o homem a sua frente e parou próximo a porta do trailer com as suas iniciais.
  — Claro. — Teve receio de concordar, mas no instante que Kevin sorriu, viu que estava tudo bem e sorriu também. — Nos vemos depois, Kev.
  — Qualquer coisa você me fala, Drew.
  — Sim, falo.
  Subiu os degraus e abriu a porta. Era um trailer normal, como os outros. Ali era quentinho, por mais acostumado que estivesse com o frio, não era 100% dessas estações mais frias. Foi até um dos sofás e se sentou, pegou seu celular em um dos bolsos do agasalho e abriu o Google Maps.
  — Uma cafeteria, por favor, uma cafeteria. — Murmurou baixo e riu de si.
  Vários apareceram no raio que se encontrava, no entanto um chamou a sua atenção: Café com Conforto. Seu coração bateu mais forte em empolgação o que lia: cafés, chás e todos os tipos de bebidas quentes ou geladas. Muffins, brownies e bolos. Mordeu seu próprio lábio inferior empolgado.
  Mas um barulho fez com que ele sobressaltasse e quase derrubasse o celular. Era alguém batendo na porta.
  — Senhor Andrew? — era uma voz feminina.
  — Oi? — sorriu abertamente ao abrir a porta.
  — Bom dia, eu serei a sua assistente por todo o tempo de gravação. Meu nome é Anika. — A mulher disse empolgadamente com seus cabelos loiros caindo sobre o crachá. Andrew concordou com a cabeça.
  — Prazer, Anika. — Assim que ela deu um passo para trás, ele pulou as escadas colocando-se a frente dela — Sou Andrew. Digo, você sabe, mas...
  — Sim, eu sei. — A mulher gargalhou logo que começaram a andar um ao lado do outro — Você tem vários compromissos hoje. Precisa fazer a prova do traje. Dos trajes, na verdade, são muitos. Talvez demore. Você precisa de alguma coisa?
  Aquela pergunta novamente.
  — Hã, não. Na verdade, não precisa. Tá tudo bem. Faço as provas tranquilamente, eu — a olhou enquanto andavam — você não é daqui? Seu nome.
  — Minha mãe é dinamarquesa e meu pai é daqui. Quando eu nasci quem escolheu meu nome foi ela. — A mulher contou normalmente e depois deu de ombros — Obrigada por perguntar, aliás. Normalmente as pessoas dizem que meu nome é estranho.
  — Não, não é. Seu nome é lindo e diferente. — disse o rapaz calmamente e abriu a boca para falar normalmente, mas haviam se aproximado de uma porta, ele abriu para que ela entrasse primeiro.

  Seu dia foi tomado em experimentar trajes. Fez isso na maior parte do tempo, experimentou, tirou, tropeçou, caiu de joelhos no chão na maioria das vezes. Acabou almoçando uma massa de molho branco fria em um dos camarins, mas no fim, o traje 38 foi o que ficou melhor em seu corpo. Era com ele que faria a maioria das cenas.
  Pontualmente às 15h Andrew foi dispensado dos seus afazeres, por mais que amasse, se sentia cansado pela preocupação dos últimos dias e estava sedento por uma xicara de chá. Se despediu de Anika e insistiu educadamente que ela não o levasse até o seu trailer, assim que entrou, trocou de roupa e saiu em passos rápidos com a mochila em suas costas.
  Não soube o quanto andou, mas por mais que amasse Nova York, não conhecia a cidade com a palma de sua mão, como conhecia sua cidade no Reino Unido. Pegou seus óculos de grau, guardado em sua mochila e continuou a caminhar. O movimento não era tanto naquele local por conta das filmagens, então pode andar tranquilamente. Mas sempre olhando por cima do seu ombro.
  Com sua respiração levemente alterada, notou duas meninas andando em sua direção depois de passar por elas. Caminhou mais rápido, e após virar uma esquina, entrou na primeira porta que viu aberta. Notou que o ambiente estava um pouco escuro e esbarrou em alguém.
  — Me desculpe, eu... — falou apressadamente.
  Se abaixou instantaneamente ao ouvir as vozes das garotas e foi pra debaixo de uma das mesas próxima a janela. Olhou pelo local e viu que provavelmente estava fechado ou ela fecharia em alguns minutos. Engoliu seco e sentiu o olhar da mulher sobre si, deu um sorriso sem graça.
  — Posso ficar aqui alguns minutos? Prometo não atrapalhar.
  — Você já está atrapalhando. Eu vou fechar.
  — Qual é seu nome? Eu compro um chá. Na verdade, eu preciso de um chá.
  Andrew, que estava agachado, foi pra se levantar e bateu a cabeça na mesa. Fez uma careta e ficou na mesma posição.
  — Desculpa. — pediu entre risos.
  %Sophie% pressionou os lábios enquanto segurava uma risada.
  — Você é o pior Homem Aranha. — disse ela, ao cruzar os braços e viu o rapaz franzir o cenho e rir. — Tá bom, você não é, mas... qual é seu chá favorito? Posso fazer.
  Ambos ficaram se olhando por longos segundos. Ele, se encontrava encantado por ela. Sua pele morena, os cabelos escuros presos em um rabo de cavalo perfeitamente ajeitado no topo da sua cabeça. O sorriso que ela deu, os lábios tomados por um batom vermelho. Nitidamente ele havia desaprendido a falar.
  — Eu, chá... sim. Estou nas suas mãos, err... não sei seu nome? — juntou as mãos e deu risada — Pode fazer o que você quiser. Eu bebo qualquer coisa.
  Uma risada ecoou dos lábios da mulher e Andrew gostou daquele som, aos poucos saiu debaixo da mesa e caminhou em direção ao balcão, a vendo do outro lado, mexendo em algo e colocando água para ferver.
  — Então eu sou o pior Homem Aranha? — indagou ao se sentar no banquinho e apoiou o queixo em uma das mãos a olhando.
  Deu o seu melhor sorriso ao vê-la se virar para olhá-lo ligeiramente. %Sophie% riu, negou com a cabeça e estranhamente seu coração palpitou de uma forma que não conseguiu segurar ao dar um suspiro. Ela era fã do personagem desde pequena, e vê-lo ali, alguém que interpretava um dos seus favoritos fazia com que seu lado fã gritasse, mas tentaria se controlar.
  — Sim, você é. — brincou.

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