Encrencas no Amor

Escrito por Andressa | Revisado por Andressa

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  - Está tudo bem, amor?
   me pergunta preocupado e por mais que eu queira lhe contar e acabar com toda a minha culpa, lhe pedir desculpas, não consigo faze-lo. O que eu diria? Depois de tanto tempo que estamos juntos, eu te traí e gostei. Não gostei de tê-lo traído, você foi a melhor coisa que me aconteceu no ano passado, mas o amor por ele é mais forte do que o que sinto por você.
  - Está sim. - Falo finalmente e dou-lhe um sorriso fraco antes de completar - Tenho que ir. Te vejo amanhã?
  - É claro, . - Me levanto rápido e pego minha bolsa de cima de sua cama. Vou em direção a porta do quarto quando ele me surpreende perguntando novamente - Mas... Você está bem mesmo? Ultimamente tem estado meio calada e dispersa.
  Balanço a cabeça, afirmando, e saio do quarto sem dar tempo de mais perguntas, e mais mentiras.

  - Oi linda, como foi o seu dia? - Sua voz, mesmo do outro lado da linha, já me lembrou dos amassos de ontem.
  - Foi b... Não foi muito bom. - Sinto-me culpada novamente pelo que fiz com , ele realmente não merece isso.
  - O que houve? Não contou pra ele? - Noto um tom de desapontamento em sua voz.
  Silêncio. Não sei o que dizer.
  - Fala comigo, linda.
  - Não dá, eu não posso. Tenho que desligar. Tchau.
  Desligo o telefone sem esperar uma resposta.
  Como fui me meter nessa? Mais uma vez me metendo em encrencas, encrencas que não sei como fazer para escapar.

  Acordo com o toque do celular, mas não atendo, nem sequer olho para ver quem é.
  Pode ser . Ou talvez seja . Só de lembra o modo que falei com os dois já começo a chorar, passei a noite toda me revirando na cama e evitando lembrar e agora já estava chorando por causa disso.
  Olho para o lado e vejo o relógio, 11:30. Pego o telefone e para minha surpresa não é nenhum dos dois. Era minha mãe quem tinha ligado.
  - Oi , estava durmindo ainda? Só vou voltar para casa à noite.
  - Eu estava no banho - Minto. - Tudo bem. Quer que eu prepare alguma coisa para o jantar ou vai jantar fora?
  - Vou jantar no trabalho mesmo, não me espere acordada, querida. Agora tenho que desligar. Beijos. Te amo.
  - Também te amo.

  Vou para o colégio como normalmente faço, mas diferente do normal, hoje não falo com ninguém. Tenho que pensar um pouco, decidir o que vale a pena nisso tudo.
  Acabo saindo do colégio e correndo de volta para casa. Em um dia normal eu teria ficado e esperado para voltarmos juntou até a rua da casa dele e então eu seguiria sozinha para a minha.
  Enquanto caminho para casa sinto meu celular vibrar dentro da mochila e pego-o em um misto de ansiosidade e preocupação.
  O nome de estava escrito em letras grandes no visor e por um momento hesitei, mas não era covarde e acabei atendendo.
  - Oi querido, não pos...
  - Onde você está? Não te vi a manhã toda, fiquei preocupado. Onde você está ?
  - Estou em casa, não passei meuito bem no colégio.
  - O que aconteceu, amor? Quer que eu vá aí ficar com você?
  - Não precisa , já estou melhor e você tem treino hoje.
  - Nada a ver , sabe que eu faltaria o treino para ficar com você quantas vezes você precisar.
  Que fofo, não posso deiar de imaginar se faria isso por mim também. Provavelmente não, ele é titular e capitão do time, mas recentemente estava perdendo o título de capitão para .
  - Não precisa, querido, sei que o treino é importante para você.
  - Depois do treino então. Te amo.
  Fico sem reação e por um momento penso em dizer-lhe que era melhor que não viesse, quer dizer, eu ainda nem tive tempo de ver o que seria melhor de fazer com ele e , mas ele já tinha desligdo.

  Duas horas depois da ligação de a campainha toca e ando lentamente, querendo adiar o máximo o momento em que o veria e diria-lhe tudo, abro a porta e encontro a última pessoa que desejaria ver agora.
  - ? O que está fazendo aqui?
  - Vim te ver. Não te vi hoje e tenho uma notícia que acho melhor lhe contar pessoalmente.
  - O que é? - Pergunto nervosa, onde está ?
  - Calma linda, não vai me deixar entrar? - Sorri malicioso.
  - Er, Acho melhor não.
  - Entendi. está vindo para cá, não é?!
  - É, mas eu vou termina com ele. Vou contar-lhe tudo e...
  - Não vai precisar fazer isso. Já contei tudo a ele. - Sua risada é estranha, maldosa.
  O quê?
  - Não acredito que fez isso! Você não tinha o direito! Onde ele está? Onde ele está ?
  - Você não precisa ir atrás dele, ele vai ficar bem. Tem problemas maiores agora.
  E foi aí que reparei na vermelhidão que tinha na nuca de .
  - O que aconteceu? Quero uma explicação, AGORA!
  - Vamos entrar e aí conv...
  - NÃO. O que ACONTECEU?
  - Eu estava vindo para cá quando ouvi-o conversando com um amigo chato dele. Ele disse que você não tinha passado muito bem e que estava vindo para cá te ver. Não aguentei e contei para ele o que tinhamos feito. Ele... Não gostou do que ouviu e veio para cima de mim, fui mais rápido e consegui parar o golpe que teria acertado em cheio no meu olho... Acertando o olho dele. Mas não foi nada de mais, só sangrou um pouquinho e o amigo dele o levou para o hospital tirar um raio X.
  Corro para meu quarto e pego o primeiro casaco que vi. Preciso ir para o hospital.
  O hospital não fica muito longe daqui, só uma meia hora a pé, 20 minutos se eu for correndo.
  Passo correndo por um embasbacado e sem dar-lhe nenhuma explicação saio correndo em direção ao hospital.
  Por que isso tinha acontecido? Por que comigo?
  Com a respiração entrecortada, chego ao hospital e já procuro por algum sinal de . Pergunto para uma das mulheres na recepção.
  - Ele acabou de sair, foi liberado em menos de dez minutos.
  Droga!
  Saio do hospital e o encontro sentado, com a cabeça baixa, em um dos bancos. O que quer que estivesse pensado com certeza não era bom.
  - ... - Começo sem saber como continuar.
  Ele levanta a cabeça de súbito e vejo o estrago que o canalha do fez nele.
  - O que está fazendo aqui? Onde ele está? - Pergunta com raiva.
  - Ele... Não sei. Vim aqui te ver, quando soube o que aconteceu... Fiquei preocupada.
  - Ah, tá legal. Até parece.
  - Por favor, me deixa explicar. - Suplico, mas ele não me deixa falar mais nada.
  - Não tem o que explicar. Ele já me contou tudo. - Balança a cabeça negativamente. - Eu sou um tolo. Como não percebi isso?
  - Você não é tolo, EU sou. Me deixei levar pelo que imaginei ser amor, há alguns anos eu era completamente apaixonada por ele e nessas últimas semanas cheguei a pensar que ele me amava.
  Ele ri sem humor, mas não fala nada.
  - Eu estava errada. Estava te esperando em casa agora para lhe contar tudo, mas aí ele chegou e me disse que não precisaria lhe dizer nada, que já tinha feito isso... - Meus olhos se enchem de lágrimas, mas continuo - Quando me falou que estava aqui eu vim o mais rápido que pude...
  - Não precisava. Não quero mais te ver aqui. Na verdade, não quero mais te ver em lugar nenhum.
  - , por favor...
  - Não. Eu... preciso ir. - Fico alí parada, vendo-o partir e não posso fazer nada, ele não me deixa fazer nada para impedí-lo.
  As lágrimas já correm soltas pela minha face. O que eu fiz?

*** Um mês depois ***

  ... - Olho para ver quem estava falando comigo e sinto-me melhor. Talvz não estivesse tudo perdido, talvez eu ainda tivesse alguma chance.
  - . - Sussurro.
  - Eu tentei, , tentei te esquecer, tentei esquecer tudo o que vivemos... Eu tentei, mas não consigo. , depois do que me disse no hospital... - Ele para de falar e olha para cima, quando olha em meus olhos novamente vejo que estão cheios de lágrimas. Ele estava sofrendo.
  - Não precisa dizer nada. - Sinto meus olhos se enchendo de lágrimas.
  Levanto e ele me estende as mãos.
  - Mas eu quero. Nunca tinha sentido tanto ódio e raiva por uma pessoa, e esses sentimentos passaram tão rápido quando te vi no hospital que não tive como continuar ali por muito tempo, ou ia acabar cedendo e acho que isso não seria uma boa ideia. Mas o que sinto por você é maior do que isso. E eu tenho certeza disso. Por mais que tenha me magoado saber que me traiu, não sou de guardar rancor e você sabe disso. O que quero dizer com isso é... - Seus polegares formam círculos nas costas da minhas mãos e sinto uma coisa que nunca tinha sentido com nenhuma outra pessoa...
  - Eu te amo. - Falamos juntos e ele se inclina para me beijar.
  Sinto-me a pessoa mais feliz do mundo por ter tido uma segunda chance.



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