Encontro Diferente
Escrito por Samantha | Revisado por Natashia Kitamura
Parte do Projeto Sorteio Surpresa - 1ª Temporada // Tema: Encontro à meia-noite
Júlia saia de seu plantão da madrugada e apertou seu agasalho fortemente sentindo um frio intenso percorrer o seu corpo. Era Inverno e na cidade em que ela morava, Nova York, além do inverno ser uma estação intensamente fria, nevava. Colocou o capuz e começou a caminhar em direção ao metrô. Caminho que fazia todos os dias de trabalho. Dali iria para casa e finalmente ela dormiria por horas. Enquanto andava, tentando ir o mais rápido que podia, mas o frio não deixava, pensava em como sua vida estava quase completa. Ela estudante residente de Medicina um curso que sempre quis fazer, morando sozinha e totalmente independente de seus pais. Sentia-se orgulhosa. Quando parou na estação e olhou para os lados inutilmente, pegou seu aparelho celular de dentro do bolso do casaco, querendo matar o tempo e viu uma mensagem estranha na tela inicial. Passou o dedo que doía pelo frio intenso e respirou fundo ao perceber que não reconhecia aquele número estranho.
“Me encontre à meia-noite no Central Perk. Por favor.”
Ela se assustou e espontaneamente olhou para os lados para ver se alguém ali estava fazendo aquela brincadeira idiota, mas Júlia se encontrava sozinha. Voltou a encarar a mensagem mais bizarra que recebera e pensou em algum amigo, parente ou até mesmo pessoas que ela mal conhecia para ter lhe mandado aquilo. Não tinha ninguém. Ninguém passava pela sua cabeça. Guardou o celular de um jeito rápido e um pouco irritada, tentou tirar aquela mensagem da cabeça.
Thomas acordou com o seu celular tocando e não conseguiu abrir os olhos direito, primeiro tentou identificar que som era aquele, depois tateou as mãos pela mesinha de lado e tentou pegá-lo, mas sem sucesso, o aparelho caiu no chão, acordando o rapaz em um pulo.
- Merda! – murmurou e já estava sentado. Olhou para o lado e viu o aparelho escuro no chão já sem tocar. Sorriu de leve e curvou-se, o pegando e murmurando outras palavras de xingamento. – Impossível te quebrar. – viu que havia uma mensagem e estranhou, franzindo o cenho e a abrindo rapidamente, curioso.
“Me encontre à meia-noite no Central Perk. Por favor.”
- O que...
Tentou descobrir quem havia mandado aquela mensagem, mas o número era desconhecido por ele. Pensou em alguma piadinha de mal gosto de amigos, mas não conseguiu pensar em ninguém especificamente. Suspirou e jogou-se na cama, fazendo o mesmo com o aparelho, mas agora no colchão, não o deixando cair no chão e quebrar.
As ruas de Nova York estavam cobertas de neve fazendo com que Tom redobrasse a concentração enquanto dirigia. Estava indo ao trabalho quando parou no semáforo e pegou seu café fumegante recém-comprado no Starbucks, bebeu um pequeno gole, já que logo depois o sinal abriu e ele saiu com o carro, estava ansioso, era Sexta-feira e ele tinha muitos planos para o final de semana.
O dia passou lentamente para Tom, enquanto digitava algumas coisas no computador e fazia tabelas, ele olhava pela janela e notava como o tempo estava piorando. A neve aumentara e com isso as ruas estavam mais escorregadias. Ele bufou, mas seus planos não mudariam para os próximos dias.
Júlia tirava o dia para que pudesse descansar do plantão que havia feito na noite anterior. Acordou quando seu celular despertou por volta de seis horas da tarde e praticamente se arrastou até o banheiro. A parte mais difícil pra ela no Inverno era tomar banho, por mais que fosse quente, tirar a roupa e entrar em um pulo no chuveiro era torturante. O fez, molhando o cabelo e tomando uma ducha demorada para que pudesse acordar e ir para o seu próximo plantão da madrugada.
Seus pais sempre perguntavam por que ela se interessava tanto pelos plantões da madrugada e Júlia respondia que adorava estar fora de casa ajudando aos outros. Após o banho demorado, colocou uma roupa que suportava aquele frio noturno de Nova York e rumou para o hospital.
Era a quarta garrafa que Tom virava garganta abaixo naquela noite de Sexta-feira. Estava em happy hour, pós trabalho, com seus melhores amigos e de repente tudo havia ficado péssimo. Sua ex-namorada, Sarah, havia aparecido ali com o atual namorado. A partir daquele momento ele se entregara ao álcool para esquecer tudo que tinha visto e o principalmente: não sentir dor alguma.
Daquele jeito que estava, Tom entrou em seu automóvel e saiu em disparada, pisando fortemente no acelerador, ao lado dele, no banco de motorista uma garrafa de cerveja o esperava. Enquanto dirigia e alguns flashes dele com Sarah passavam por sua mente, ele tateou no banco ao lado e pegou a garrafa, bebendo goles sedentos como se aquele líquido fosse o primeiro a passar pela sua garganta no dia. O rapaz já não tinha mais noção de onde parar no semáforo e quando, o álcool tomara conta de seu sangue e principalmente de sua consciência. A única coisa que ele sabia fazer era se lamentar por ter sido idiota e ficado tanto tempo com aquela vaca da Sarah.
- Animado nosso plantão, huh? – Paul, que era um dos amigos residentes de Júlia, com as mãos nos bolsos do jaleco se aproximou dela. Os dois riram de leve, o movimento era calmo naquele momento no hospital.
- Verdade. – ela concordou prontamente. – Mas ainda é cedo. – olhou no relógio de pulso, um pouco coberto pela manga do agasalho. – São 11h30.
Tom corria tanto, e seu carro nem era tanto veloz assim, mas seu pé simplesmente pisava no acelerador e ele nem sentia o quão rápido estava. Foi quando tudo aconteceu, rápido demais, coisa de segundos. Foi desviar de uma senhora que atravessava a rua e para não atropela-la ele desviou, virou a direção rapidamente para um lado e por conta da rua escorregadia pela neve, não deu outra, o carro derrapou e capotou por inúmeras vezes.
Quando as sirenes da ambulância começaram a se aproximar, Tom ainda estava acordado, mas ele ainda não entendia bem o que estava acontecendo e nem o que havia acontecido.
- Acidente de carro. Ele capotou por diversas vezes até que parou ali... – o rapaz que presenciara tudo falou para os médicos no momento em que eles começaram a descer da ambulância. Júlia já estava com suas luvas para que pudesse analisar tudo que havia acontecido com o paciente. Aproximou-se do automóvel e se agachou, seus companheiros deram a volta, para que assim falassem com ele. Ela, com a ajuda de uma lanterna, apontou para o rapaz que estava ainda com o cinto de segurança, mas consciente.
- Olá. Eu sou a Drª Júlia. – se apresentou calmamente. – nós vamos te tirar daqui, ok? Fica calmo. – pediu.
O relógio deu meia-noite.