Enchanted To Meet You... Again
Escrito por Carol S. | Revisado por Natashia Kitamura
(n/a: coloque pra carregar esse vídeo: http://youtu.be/wZJ9ZJq_oLk)
Tudo ocorria bem nos últimos dias, estava exatamente como eu havia planejado: Eu finalmente iria sair do país!
Depois de muitas brigas entre meus pais e eu, consegui tirar o meu passaporte e comprar a passagem de ida – a de volta, eu compraria quando quisesse voltar à Austrália!
As semanas se arrastavam enquanto não chegava o dia em que eu iria...
- Ainda acho uma péssima ideia você ir, querida. – Minha mãe falou isso várias vezes desde que eu contei para ela sobre a minha viagem.
- Pela milésima vez, mãe: não há nada que você diga que vai me fazer desistir. É verão lá e inverno aqui, ou seja, será perfeito.
- Mas você está indo sozinha... Você nunca foi pra tão longe assim.
- Vocês é que nunca deixaram! – A vantagem de estar falando no telefone com a minha mãe é que eu poderia fazer caras e bocas sem que ela perceba e comece a brigar comigo. – Eu não fui na viagem à Nova Zelândia, que é aqui do lado, no Ensino Médio por causa de vocês!
- Querida, não é bem assim. Você não está pronta para ir sozinha nessas coisas. E a viagem para a Nova Zelândia parecia ser bem perigosa, a sua escola tinha contratado um suspeito agente de viagens.
- Você sempre arranja uma desculpa... – Sentia que logo, logo eu iria explodir. – Já tenho 26 anos, não acha que está na hora de me deixar crescer e viver a minha vida?
- E você não acha que seria melhor se eu e seu pai fôssemos juntos? Uma viagem em família!
- Chega de viagens em família, mãe! – É, eu explodi. – Eu quero fazer isso sozinha. SO-ZI-NHA. Não aguento mais você me tratando como um bebê. Eu tenho um emprego bom, pago as minhas contas... Mas para você ainda não sei me virar!
- Tá bom, querida. Não precisa gritar, eu consigo ouvir você daqui. Lembre-se de ligar para nós todos os dias. Aliás, quando você volta?
- Não sei, mãe. Não comprei a passagem de volta. – Péssima ideia ter dito isso, Caroline. Péssima ideia.
- Como assim? – Foi a vez da minha mãe de gritar. – Você está maluca ou o quê? Primeiro inventa de ir viajar sozinha e agora isso? Quer que seu pai tenha um ataque do coração quando descobrir?
- Não quero, mãe. – Minha mãe exagera um pouco, às vezes. – Tenho que ir, o táxi chegou. Te amo, mãe. Dá um beijo no papai por mim.
- Táxi? Você chamou um táxi? Eu disse que levaríamos...! – Deixei minha mãe falando e desliguei o telefone.
Sim, fui um pouco rude, mas ela me sufoca! Não me senti mal, havia ido na casa deles na noite anterior para me despedir. Além do mais, minha mãe faria meu pai pegar o caminho mais longo até o aeroporto só para me fazer perder o voo.
Um sentimento de liberdade tomou conta de mim e foi aumentando conforme o táxi chegava mais perto do aeroporto. Quando entrei no avião, já não sabia mais o que sentir. Estava nervosa, minhas pernas não paravam de tremer.
A moça de terninho azul e cabelo preso num coque bem apertado sorriu para mim e me indicou à minha poltrona. Eu não aguentaria ficar horas com o cabelo preso daquele jeito, deve doer muito.
A sensação de liberdade continuava a crescer. Sentia-me tão bem que não conseguia dormir durante a viagem, nem prestar atenção ao filme que passava.
Peguei o mais recente livro do Percy Jackson da minha bolsa e tentei ler. A história sobre semideuses gregos e romanos prendeu minha atenção por alguns minutos, mas quando menos esperava, eu já estava lendo a mesma página por várias vezes, incapaz de me concentrar.
Eu via as nuvens passando por nós, mas parecia que o tempo não passava. Por pouco não pergunto “Já estamos chegando?” à aeromoça que trazia o lanche, mas me pareceu infantil se eu o fizesse.
Quando eu finalmente consegui cochilar, ouvi o piloto avisando que dentro de alguns minutos pousaríamos no aeroporto John F. Kennedy. O sol ia subindo cada vez mais no céu, assim como o frio que eu sentia na barriga.
Meus movimentos estavam no modo automático, eu não percebia exatamente para onde estava indo. Peguei minhas malas e fui para a saída. Entrei em um táxi com um simpático motorista que puxou conversa comigo assim que eu disse o endereço do hotel.
- Primeira vez na cidade, moça?
- Aham. Primeira vez que saio do continente. – Respondi, maravilhada com o que via através da janela.
- Continente? De onde a senhorita é?
- Sou de Melbourne, Austrália.
- Austrália? Uau! – Pelo retrovisor pude ver que ele havia ficado espantado por saber de onde sou. – Como estão os coalas e os cangurus por lá? Eles se misturam com as pessoas?
- Na verdade, não. – Não consegui entender se aquilo era uma piada ou se ele falava sério. – Eles estão bem, mas vivem em reservas próprias. Não costumam ficar junto das pessoas.
- Ah, claro. Não são como as vacas na Índia. – Murmurei um “é” e voltei a me concentrar na paisagem. – O que a trouxe para Nova York?
“Um avião”, pensei comigo mesma.
- Achei que estava na hora de tirar umas férias da minha vida em Melbourne. Pretendo ficar aqui até cansar.
- Então acho que nunca irá embora! Muito difícil se cansar daqui... Chegamos. – Ele me ajudou a tirar minhas coisas do porta-malas e colocar no carrinho de malas do hotel.
Paguei o que devia, e ele me entregou seu cartão.
- Se precisar, é só me ligar.
- Claro. Obrigada, aah, - olhei no papel em minhas mãos – Jerry!
- De nada, senhorita.
Subi para o meu quarto depois de fazer o check-in. Era lindo! Segundo o recepcionista, aquela era uma das melhores vistas de Nova York, e o hotel ficava em uma ótima localização. Com certeza eu iria gastar muito ficando ali, mas eu não guardei dinheiro a minha vida inteira pra dormir em uma porcaria de hotel, não é?
Desfiz as minhas malas e fui para o banheiro; depois de um demorado banho, deitei na cama e entrei num sono profundo cheio de sonhos.
Todos os sonhos que tive me levavam ao mesmo lugar: Ao observatório do Empire State Building. A vista lá de cima era tão linda que eu quase me esquecia de respirar!
De repente, um homem apareceu ao meu lado. Estava escuro e chovendo, mas eu conseguia ver seu cabelo , seus olhos e seu lindo sorriso, aqueles lindos lábios sorrindo pra mim. Ele se aproximou, me deu um beijo na bochecha e então saiu correndo.
Tentei protestar, mas nada saía da minha boca. Estava usando sandálias de salto alto, então nem daria pra ir correndo atrás dele, minhas roupas estavam encharcadas, dificultando qualquer movimento meu...
- NÃO! – Finalmente consegui gritar, mas eu não estava no topo do prédio, estava em meu quarto no hotel, seca – ou quase isso, a quantidade de cobertores em cima de mim me fez suar um pouco – e sozinha.
Não sou o tipo de garota que persegue estranhos no topo dos prédios, mas algo me dizia que aquele cara não era um estranho na minha vida...
Acordei no dia seguinte sentindo algo estranho. Sentimentos estranhos estão tomando conta de mim nessa viagem, e ela mal começou! Não tenho certeza se gosto deles.
Olhei no relógio: era quase meio-dia. Percebi que o sentimento estranho que eu sentia era fome. Não havia comido quase nada da comida do avião, aliás, quem consegue comer aquilo?
Tomei um banho rápido, me arrumei e resolvi sair do hotel.
O recepcionista havia me dado um guia com os melhores lugares de Nova York para visitar. Tinha três páginas apenas de restaurantes!
Por mais que todos aqueles nomes e todas as fotos me interessassem, eu não estava muito a fim de comer sozinha. No meio do meu pensamento vi um carrinho “simpático” de cachorro-quente. Por que não começar a minha viagem com um clássico cachorro-quente nova-iorquino?
Peguei o meu e me sentei em umas das mesas que havia por ali. Enquanto comia, eu observava as pessoas que passavam por ali. Você realmente não vê toda essa mistura em qualquer lugar.
Dava para dizer exatamente se era um nativo ou um turista. Os turistas eram muito estranhos! Eu espero que as pessoas não percebam que eu sou uma deles assim tão de cara como eu os percebo...
Vi um cara vestido de Darth Vader como se estivesse indo ao encontro dos outros Lordes! Esse era um nativo, mas há um bom tempo foi turista, com certeza!
Eu ria sozinha quando aparecia mais uma ou outra figura estranha. Essa cidade é demais!
À tarde, resolvi passear pela cidade. Peguei um mapa e fui tentando ir, sozinha, até à 5ª Avenida!
Aparentemente eu consegui; fiquei deslumbrada quando cheguei àquela rua cheia de lojas. Meu sonho sempre foi sair daqui carregando várias sacolas de compras! Quero realizar pelo menos uma parte pequena desse sonho!
Cada vez que entrava em uma loja, abria a boca de espanto. Uma mais linda que a outra! E as atendentes são sempre tão legais...
Eu estava olhando a vitrine da Tiffany’s quando percebi um cara através da janela. Havia visto aquele cara toda vez que eu saia de alguma loja...
É claro que podia ser paranoia minha. Há milhões de pessoas nessa cidade, e talvez nem fosse o mesmo cara! Depois que saí da loja – com algumas sacolas a mais para carregar, posso dizer –, o cara continuava lá.
Ele usava um chapéu coco preto, óculos escuros, uma jaqueta preta, calça preta e sapatos pretos. Devia estar morrendo de calor debaixo de todo aquele preto! Sorri para ele. Sei que não se deve sorrir para possíveis perseguidores, mas eu queria que ele soubesse que eu sabia que ele estava me seguindo.
O que fiz deve tê-lo chocado, pois não o vi mais naquele dia.
Mais tarde, quando cheguei ao hotel, o recepcionista disse que tinha alguém me esperando no bar. Fui até lá carregando as milhares sacolas de compras e me deparei com o cara de preto sentado lá. Ele sorriu quando me viu, aquele sorriso provocou arrepios em mim que só Deus sabe por que apareceram.
Fiquei petrificada. As sacolas caíram de minhas mãos, o carregador de malas rapidamente se ofereceu para levá-las ao meu quarto.
Chegando mais perto do bar, percebi que ele estava sem o chapéu, mas ainda com os óculos escuros. Sentei dois bancos longe dele e pedi uma batida de abacaxi para o barman. Pelo canto do olho pude ver que ele me observava. Não gosto de ser observada assim, tão descaradamente!
Fui pagar pela bebida, mas o barman disse:
- Não precisa, moça. Pode pedir o que quiser hoje que será por conta desse rapaz aqui. – Ele apontou para o cara ao meu lado e sorriu como se eu tivesse muita sorte por poder beber todas de graça!
Olhei para o homem sentado ali, ele havia tirado os óculos...
- Oi. – Disse sem graça.
- Olá. – Ele respondeu, abrindo um grande sorriso. – Quanto tempo.
- Pois é. – Cometi o erro de olhar nos seus lindos olhos . Tudo parou, as lembranças daquela noite não demoraram a chegar. – Você estava me seguindo hoje?
- Estava. Queria ter certeza que era você.
- Por que, ?
- Porque estava com saudades, ! – Revirei os olhos. Saudades. Pff.
- Era só ter me ligado.
- Como eu faria isso? Você saiu correndo naquela noite.
- Eu te deixei um bilhete com o meu número! – Tomei um pouco da minha bebida para ter tempo de pensar. Estava tudo acontecendo meio rápido demais. – Foi você quem dormiu quando eu fui arrumar meu cabelo!
- Bilhete? Eu não vi bilhete nenhum!
*~* Flashback on – ’s POV *~*
- Minha mãe faria um escândalo se eu não voltasse para casa com ela. E isso porque eu moro sozinha. Imagine se ainda morasse com ela! – olhou nos meus olhos pela milésima vez naquela noite e pareceu que tinha visto algo diferente ali. – Onde é o banheiro? – perguntou.
- Segunda porta à esquerda. - agradeceu e foi até o lugar indicado.
É uma pena que a mãe dela a trate desse jeito. Não é justo.
Amanhã de manhã eu volto pra Nova York, nem tive a chance de dizer isso pra . Será que ela vai ficar chateada? Será que ela pensaria que eu só a quero como diversão para uma noite?
Abanei a cabeça numa tentativa inútil de afastar esses pensamentos. Sentei no sofá e fechei os olhos, tentando me concentrar no que acabara de acontecer e em como iria contar a ela sobre a minha partida.
Só me lembro de duas coisas depois disso: os lábios de encostando-se aos meus e um vento forte que veio da janela esquecida aberta.
Vi um papel voando para a lareira e sendo engolido pelas chamas que ainda restavam. Virei para o lado e continuei dormindo.
Acordei na manhã seguinte com um sobressalto. Procurei por toda parte, não sabia o que havia acontecido...
A panela de fondue continuava ali no chão, e as lembranças bateram na minha cabeça: ela havia ido embora, e eu dormi sem nem conseguir dizer adeus. E, para piorar, estava atrasado para pegar o meu voo.
Não, essa não era a pior parte. A pior parte é que eu não peguei o número ou e-mail da , e não havia tempo para eu tentar conseguir...
*~* Flashback off – ’s POV *~*
- Eu me lembro de um papel voando para dentro da lareira, mas acho que era um guardanapo. – Como ele consegue confundir um bilhete com um guardanapo? Mas parecia que ele estava dizendo a verdade, eu acho que ele me ligaria se tivesse o meu número, não ligaria?
- É, provavelmente foi isso que aconteceu... – Desviei meus olhos dos dele, tentando decidir o que fazer.
- Olha, . – segurou meu queixo e me fez olhar para ele de novo. – Se eu tivesse como, eu te ligaria. Acredite em mim. – Naquele momento, se ele me pedisse para pular de um prédio, eu pularia. Acenei a cabeça, mostrando que acreditava. – Logo depois que voltei pra cá, briguei com o meu pai, então não tive como pedir o número do seu telefone ou de seus pais para ele. E estive com tanta coisa pra fazer que tem sido um milagre eu ter tempo pra comer, tomar banho e dormir! Eu realmente sinto muito por não ter tentado mais.
- Tudo bem, eu entendo. – Aquela conversa me fazia sentir a vilã de história, então tentei mudar de assunto. – Em que você trabalha que te deixa tão ocupado?
- Sou advogado. No momento, uma atriz está processando uma empresa de sapatos e mais algumas pessoas. – Tive que sufocar o riso. – É fútil, eu sei. E estamos defendendo ela. Essa mulher fez um estrago enorme, está dando dor de cabeça pra todas as pessoas envolvidas.
- Não consigo imaginar o que ela tem feito e acredito que você não queira falar sobre isso.
- Não quero mesmo, obrigado. Mas e você, o que está fazendo aqui?
- Estou fugindo de Melbourne por um tempo. Cheguei ontem à noite, na verdade.
- E escolheu Nova York? – Ótimo, agora ele vai pensar que eu vim pra cá por causa dele! – Qual é, ! Você tem que admitir que pensou em mim pelo menos um pouquinho quando decidiu para onde ir.
- Eu não sei se pensei ou não. – Está sendo difícil encará-lo nos olhos essa noite. – Quando meu agente de viagens perguntou para onde eu queria ir, Nova York foi o primeiro lugar que me veio à mente, não sei por quê. – Talvez eu tenha pensado nele, sem querer.
Terminei a minha bebida, e um silêncio caiu sobre nós. O que eu queria mesmo fazer era abraçá-lo para sempre, matar aquela saudade que eu sentia. Aquela noite havia sido tão perfeita, e eu a deixei escapar...
- Acho que vou voltar para o meu quarto. – Estava me levantando quando pegou na minha mão, me impedindo.
- Entendo que você esteja cansada hoje, mas, por favor, me deixe levá-la para jantar amanhã à noite. Posso ser seu guia de Nova York.
- Pensei que você fosse um homem muito ocupado. – Debochei, soltando minha mão da dele. – Provavelmente não vai querer deixar a atriz esperando.
- Eu dou um jeito, a minha empresa está cuidando disso, não apenas eu. – Suspirei, indicando que sabia que não tinha outra alternativa a não ser aceitar. – Te pego às 7 da noite. Pode ser?
- Boa noite, . – Sorri e subi para o meu quarto.
Tudo bem, eu tinha que admitir, quase pulei de felicidade dentro do elevador. Acredito em tudo o que ele disse, mas não ia ceder tão fácil, por mais que eu quisesse. Mas sei que essa resistência não iria durar muito se ele ficasse me encarando com aqueles lindos olhos que me fazem derreter cada vez que olham para mim.
Meu sorriso quase se apagou quando percebi que não trocamos telefone de novo! Quero dizer, ele sabia onde eu estava hospedada... Como ele sabia isso, eu não fazia a mínima ideia.
Joguei-me na minha cama e dormi, com um sorriso no rosto, pensando em qual roupa usaria para sair com no dia seguinte.
Eu estava caminhando pelo Central Park quando, de longe, vi correndo em minha direção, em câmera lenta, com os braços abertos. Sorri timidamente, acelerando o passo para diminuir a distância entre nós.
- Oi. – Eu disse, quando ele chegou mais perto. Mas passou do meu lado sem nem me ver. Olhei para trás, a alguns metros de distância, tinha uma mulher toda glamorosa, usando um vestido curto, apertado e brilhante. O salto de sua sandália era tão alto que fazia seu pé ficar quase num ângulo reto. Seu cabelo loiro era tão brilhante que chegava a dar dor de cabeça.
foi até ela, a abraçou e a beijou. E eu fiquei lá, parada. Se eu tivesse saído de lá, provavelmente as chamas não teriam envolvido o lugar onde eu estava. É, chamas. Elas apareceram de repente e formavam um círculo em volta de mim. A loira oxigenada e vieram abraçados e sorrindo na minha direção. Tentei gritar por ajuda, fazendo gestos exagerados com as mãos, mas eles não me ouviam.
Em algum momento, eles me ouviram, mas ficaram me olhando como se eu fosse um animal preso numa jaula do zoológico fazendo gracinhas para entreter os visitantes.
Comecei a ouvir umas batidas. Olhei para os lados, mas não via ninguém, nem e a mulher loira estavam por lá mais.
De repente, tudo desapareceu, exceto as batidas.
Dei um pulo tão grande quando acordei que cheguei a cair da cama! As batidas vinham da porta. Pelo menos um dos mistérios estava solucionado.
Uma rápida olhada no espelho mostrou meu cabelo todo bagunçado, tentei ajeitá-lo no caminho para abrir a porta. Quando o fiz, um dos garotos que trabalha no saguão entrou no meu quarto carregando um carrinho de café da manhã.
Bom dia, senhorita! – Ele disse todo animado. Fez uma cara constrangida quando viu o meu estado. – Desculpe acordá-la, mas o rapaz que a encontrou no bar ontem pediu que eu trouxesse o café da manhã exatamente neste horário. Quando terminar, é só colocar o carrinho no corredor. – Ele saiu tão rápido que eu não pude nem mencionar uma gorjeta.
Olhei para o café da manhã que me foi mandado. Parecia tudo tão delicioso. Havia torradas, croissants, chá, café com leite, frutas... E morangos com chocolate. Sorri ao lembrar da última vez que comi isso. Ao lado dos morangos havia um buquê de flores das mais diversas cores e espécies, e entre o buquê e os morangos tinha um cartão:
"Especialmente pra você.
Foi ótimo de ver de novo.
Mal posso esperar por hoje à noite!
x
p.s.: mandarei um carro te buscar por volta das 19h."
Ele realmente sabe como ser um cara fofo!
Comi quase tudo o que tinha no carrinho e depois o coloquei no corredor, como o garoto havia falado para fazer.
Então me ocorreu o seguinte: Eu não fazia a mínima ideia do que vestir e tinha menos de dez horas pra encontrar algo e me arrumar.
Nunca fui do tipo que se preocupa com o que vai vestir tanto tempo antes do encontro, mas esse não era um encontro com um cara qualquer! Sinto-me muito como uma adolescente de 15 anos assim, mas sabia que em algum momento da minha vida eu iria me sentir desse jeito...
Revirei as minhas compras do dia anterior em busca de algo que eu pudesse vestir. Não sabia aonde iria me levar, então seria bom usar algo que pudesse ser usado tanto num passeio pelo shopping como num restaurante cinco estrelas. Depois de jogar tudo em cima da cama e montar as mais diversas opções, escolhi um vestido fofo, mas não tinha sapato que combinasse com ele.
A solução que encontrei foi sair às compras de novo. Não posso deixar isso virar um hábito, ou ficarei sem dinheiro até o fim da semana!
Procurei tanto que, quando vi, já passava do meio-dia, e eu ainda não tinha almoçado. Parei rapidamente pra almoçar e, dentro de trinta minutos, já estava de volta à minha busca pelo sapato perfeito.
Um brechó parecia deslocado ali no meio de tantas lojas cheias de brilho. Tinha um estilo meio vintage, meio rock ‘n’ roll, era ignorado por todas as pessoas esnobes que passavam por ali. Quando entrei, me senti encantada. Por que não comecei a minha procura por ali?
Meus olhos bateram direto numa sapatilha que julguei ficar perfeita com o vestido escolhido! Olhei para o relógio: 15h. Agora eu tinha apenas quatro horas para me arrumar.
Felizmente, no caminho para o hotel, eu vi um salão de beleza bem ajeitadinho. Odeio aparecer sem marcar nesses lugares, mas era meio que urgente, e as moças foram tão legais comigo...
- Desculpa mesmo por aparecer assim sem marcar, sem nem conhecer vocês. – Eu disse pela milésima vez.
- Não se preocupe, querida. – Joanne, a que estava lavando meu cabelo, respondeu. – Estamos com poucos clientes, e dinheiro é sempre bem vindo aqui.
- Para que a pressa, flor? – Perguntou a moça que fazia as minhas unhas, Catherine. – Tem algum encontro, é?
- Na verdade, tenho sim. – Corei no mesmo instante em que elas murmuravam “hmm” pra mim. – Ele me convidou ontem, por isso a pressa. Não sei aonde ele vai me levar, então prefiro não me arrumar demais e nem parecer muito simples.
- Pode deixar. – Saindo dos fundos, apareceu a pessoa mais colorida de Nova York: Tony. Ele brilhava mais que árvore de Natal, não apenas por causa das roupas, parecia que o brilho vinha de dentro. – Você está em boas mãos, querida.
Nas três horas seguintes, eu fiquei nas mãos daquelas três pessoas. Foi muito divertido, e elas me deram um super desconto na hora de pagar.
No caminho para o hotel, as pessoas ficavam me encarando. Tentei ser positiva e achar que eu estava bonita, e não com algo estranho grudado na minha cara.
- Uau! – Exclamou o porteiro. – Grande noite, hoje, senhorita? – Afirmei com a cabeça. – Ele é um cara de sorte.
Pronto. Meu ego ficou do tamanho daquele hotel!
Subi para o meu quarto para me arrumar e, perto das 19h, desci para o bar para esperar o carro do .
Não sei como isso vai funcionar. Ele já vai estar lá ou vai aparecer depois? Vai me ligar? Mas ele não tem o meu número. Apesar de que ele encontrou o meu hotel bem fácil... Enquanto divagava em meus pensamentos, o moço da recepção me chamou e avisou que o carro havia chegado. Era isso, não tinha mais volta.
Minhas pernas tremeram o caminho inteiro, me arrependi de não ter pegado um casaco, Nova York pode ser fria à noite, mesmo no verão.
- Chegamos. – Disse o motorista. – O Sr. já está lá dentro. Só entrar e perguntar por ele.
- Obrigada. – Sorri e saí do carro. É, eu devia ter pegado um casaco.
O lugar era muito lindo, simples, todo em madeira trabalhada e muito iluminado.
- Posso ajudá-la? – Perguntou um senhor de já certa idade.
- O senhor pediu para que eu o encontrasse aqui... – Mal terminei de falar, ele me indicou a mesa que estava... acompanhado de uma loira oxigenada. Acredite, ninguém tem um loiro natural naquele tom! – Oi. – Disse, interrompendo a conversa deles. olhou pra mim como se não me visse há dias.
A garota de vestido apertado se sentiu ignorada e saiu de lá bem rápido. Mas não notou, pois se levantou, puxou a cadeira para eu sentar e não tirou os olhos de mim. Ainda assim, eu queria saber quem ela era, mesmo correndo o risco de quebrar o clima:
- Quem era a sua amiga com o discreto decote? – Fiz um gesto com as mãos na frente do peito, mostrando que fui sarcástica ao falar “discreto”.
- Quem? – Ele se fez de desentendido, assim que se lembrou da moça, olhou para os lados procurando-a próxima a nossa mesa. – Ah, o nome dela é Grace. É aquela atriz que eu disse que está nos dando dor de cabeça.
- Você não parecia estar com dor de cabeça perto dela. – Talvez eu não devesse deixar o meu ciúme tão explícito, mas apenas riu.
- Estamos faturando muito com ela. O pessoal da firma odiaria se eu recusasse representá-la só porque você está com ciúmes dela. – Corei ao ouvir isso, o que fez com que risse mais ainda. – Não se preocupe, somos apenas amigos. Só tenho olhos pra você. – Ele me fez corar mais algumas vezes antes do nosso pedido chegar.
Conversamos sobre muitas coisas. me contou o que aconteceu desde que foi à Austrália, e eu contei o que eu fiz por lá. Finalmente trocamos nossos números de telefone e e-mails, e ele até me deu o endereço de onde trabalha.
O jantar foi tão divertido que, quando percebi, já estava tarde, e eu tinha que voltar ao hotel.
- Mas já? – reclamou. – Fica lá em casa essa noite!
- O hotel já está pago por duas semanas. Não quero jogar dinheiro fora.
Relutante, ele chamou o carro, e fomos para o hotel onde eu estava hospedada. subiu até a porta do meu quarto comigo.
- Irei te ver amanhã? – colocou sua mão nas minhas costas e me puxou para perto dele. Murmurei um “sim”, estava hipnotizada com aquele perfume que ele usava e com a proximidade de nossos corpos. – Você estava linda hoje, sabia? – Não sei se era para me deixar pior (ou seria melhor?) do que eu estava, mas começou a beijar o meu pescoço, o que me deixou totalmente sem chão. – Senti sua falta, sabia? Muita. Não parei de pensar em você nesses últimos meses.
Então deixei que fizesse o que nos fazia muita falta: seus lábios sobre os meus. Dava pra sentir que ele queria aquilo tanto quanto eu, que ele realmente sentiu a minha falta. Deixamo-nos levar pelo momento, algum tempo depois, um casal de velhinhos passou e disse:
- Procurem um quarto! – A senhora acertou com um guarda-chuva.
Não tinha como continuar, caímos na gargalhada assim que eles sumiram de vista.
- Promete que nunca vai fugir de novo? – entrelaçou suas mãos nas minhas.
- Prometo. – Beijei-o mais uma vez. – Boa noite, . – Entrei no meu quarto com um sorriso gigante no rosto. Tomei um banho rápido e caí na cama, pronta para ter uma noite sem sonhos estranhos...
Quando acordei, o único sonho que me recordava era em uma praia, e eu estávamos andando pela borda do oceano. Nada de estranho nisso. Ainda bem!
Nos dias seguintes, me mostrou quase toda a cidade de Nova York, todos os seus lugares favoritos. Víamo-nos sempre, às vezes apenas para um almoço ou jantar, mas tínhamos essa necessidade de nos vermos todos os dias. Ele me mandava mensagens fofas a cada hora, e eu tentava responder à altura, pois nunca fiz o estilo romântica. E melhor de tudo: eu nunca mais o vi com aquela piranha loira! Yay!
Mas tudo o que é bom dura pouco, não é?
Faltava apenas três dias para acabar aquelas duas semanas já pagas no hotel, e parecia saber muito bem disso. Quando nos encontramos naquele dia, fez questão de me lembrar.
- , seus dias já pagos no hotel estão terminando, não é? - Ele disse, entrelaçando seus dedos no meu cabelo.
Era um dia agradável, e estávamos visitando a Estátua da Liberdade. Embora morasse ali, fazia tempo que não passeava pela cidade como um turista. Conseguimos nos misturar facilmente naquela multidão.
- Sim, estão. - Respondi, já sabendo onde ele iria chegar.
- Quanto tempo você ainda vai ficar aqui? Podia ficar lá no meu apartamento pra não ficar gastando com hotel.
- Não sei. Quanto tempo você me aguenta?
- Na verdade, já estou me cansando de você... Eu só quero parar de gastar com os carros que vão te buscar. - Ele disse, brincando. Fiz cara de ofendida, e ele logo se corrigiu. - Eu poderia ficar para sempre contigo. - sorriu. Eu derreti. - Acho que seria muito melhor se eu pudesse te ver 24 horas por dia. Eu adoraria chegar em casa depois de um longo dia de trabalho e ter você lá me esperando.
- Parece uma boa ideia. - Sorri de volta, perguntei a mim mesma se ele se derretia com o meu sorriso, e o beijei.
No caminho até o topo da Estátua, me dizia algumas curiosidades. É isso aí, eu tinha meu guia particular de Nova York!
- A pessoa que projetou a Estátua da Liberdade foi o mesmo que fez a Torre Eiffel, Gustave Eiffel. - Uma mulher que estava por perto repetiu a frase. Acredito que era a guia do grupo de pessoas que a seguia.
- Aquele fogo fica sempre aceso? Não tinha reparado nele antes. - Perguntei, apontando para a tocha.
- Sim, sempre aceso. Ele e a estátua representam a liberdade do povo.
- Incrível! - Eu disse, me virando para analisar a vista.
- , querido! - Ouvi uma voz estridente vinda de algum lugar às minhas costas.
- Grace. - disse, sua voz tinha um tom disciplinar, claramente usado com seus clientes. Grace puxou-o para um abraço. Quem visse a cena acharia tudo meio estranho, pois não havia soltado a minha mão quando a loira o agarrou.
- E você é...?
- . - Respondi.
- É claro, você estava aquele dia no restaurante. Prazer em te rever. - Ela deu dois beijos na minha bochecha. Preciso me lembrar de passar álcool no meu rosto para desinfetar quando voltar ao hotel.
- O que faz aqui? Não devia estar preparando seu discurso para o tribunal?
- Eu devia, . E é exatamente o que eu estou fazendo! Nova York me inspira!
- É claro. Temos que ganhar esse caso, então sem escândalos, ok?
- Sem problemas, querido. - Grace apertou as bochechas de como uma tia reencontrando um sobrinho e deu um selinho bem demorado nele.
Pigarreei, na verdade quase tive que fingir um ataque de tosse para fazê-la soltar. O que era estranho é que não se desvencilhou dela, quase como se quisesse que aquilo continuasse.
Não, o mais estranho é que ainda segurava a minha mão durante toda aquela cena.
"Sentirei falta daqui", pensei.
O hotel se tornou minha segunda casa. Incrível como me apeguei tanto a esta cidade. É como se eu pertencesse a este lugar. Espero que o apartamento de seja bom também. Fiquei imaginando como seria até que peguei no sono.
(n/a: coloque a música pra tocar)
Estávamos na cama do , e ríamos vendo uma fotografia antiga dele. Ele ficava um pouco sem graça toda vez que eu ria olhando para a imagem.
- Por que você tá fazendo pose tentando ser um camaleão?
- Ué, porque eu me sentia como um! Tem regras de quais animais eu posso e não posso mais imitar?
- Lógico que não, mas... Um camaleão? Sério?
- Sou sexy até de camaleão
Olhei a foto sorrindo mais uma vez e quando voltei os olhos para os dele, não vi mais graça. Seu olhar tinha se tornado intenso, não era só o naquela hora, era um homem e eu subitamente estava desejando ele como nunca. Sem que as palavras pudessem estragar o momento comecei a beijá-lo, puxando para cima de mim. Seu corpo pressionava o meu na cama, ele começou a beijar meu pescoço e senti calor, não ia conseguir me controlar, eu queria ele, eu queria muito ele.
Suas mãos me seguravam com força fazendo com que eu perdesse o fôlego e naquele momento tudo o que eu menos queria era recuperá-lo. Ele colocou sua perna entre as minhas e não pude negar em abri-las, ele me beijava ainda mais intensamente. Eu já não sabia onde estava, parei de pensar ou raciocinar. Ouvi alguns barulhos distantes, como se alguém estivesse entrando. Bobagem, estávamos sozinhos na casa dele.
Ele tirou minha camiseta, fechei os olhos, o toque dele na minha pele me arrepiava, era tarde demais para impedir algo, talvez eu estivesse desejando ele mais do que ele me desejava. Ouvi sua camiseta sendo tirada, de repente, havia um rosto muito perto do meu e começamos a nos beijar, sua mão escorregava cada vez mais pelo meu corpo, desabotoando minha calça.
Não havia outra definição, eu estava explodindo de desejo. Senti sua mão e me arrepiei inteira, abri os olhos lentamente e vi que ele beijava outra menina, assim que consegui raciocinar vi que ele beijava Grace, tão intensamente quanto havia me beijado e com os mesmos olhos de desejo que até pouco tempo eram para mim. A garota parou de beijá-lo e olhou para mim, mas minhas únicas reações e sensações estavam voltadas para outro lugar. Ela veio em minha direção, começou a beijar meu pescoço e me acariciar também, e então, estávamos nos beijando.
(n/a: Pode desligar a música)
Acordei assustada. Tudo estava muito estranho. Desde que cheguei na cidade eu não paro de ter sonhos esquisitos. Mas esse último ganhava de TODOS! Talvez ir para casa de não seja má ideia, talvez o problema esteja com esse hotel.
Íamos almoçar juntos naquele dia, para decidir os detalhes da “mudança”, então resolvi fazer uma surpresa e aparecer no escritório dele. Não tinha ninguém no prédio, acredito que estavam todos já estavam almoçando.
Encontrei uma moça andando apressada e perguntei:
- Oi. Sabe me dizer onde é o escritório de ?
- Só pegar o elevador e ir para o décimo andar. Há placas sinalizando. – Agradeci e fiz o que ela disse.
Não encontrei uma alma sequer no caminho todo. Não me lembro de ter dito que seria dia de folga... Quando a porta abriu ouvi gritos. Estranho. Tudo parecia tão calmo, apesar do barulho de uma mulher.
Mesmo com medo, olhei para as placas que indicavam o caminho para o escritório do . Estranhamente, os gritos pareciam aumentar à medida que eu chegava perto.
Abri a porta e dei de cara com um par de pernas enroscadas na cintura de .
- !? – Ele pareceu tão surpreso quanto eu quando me viu. De trás dele apareceu uma cabeça loira. – Ela?
- ... eu posso explicar. – Ele saiu de perto dela, então pude ver o sorriso maldoso que aquela vadia tinha.
- Pode mesmo, ? – Eu não sabia de onde aquela coragem vinha. Meu corpo inteiro tremia, eu me sentia fraca. – Parece que terei que quebrar uma promessa.
Virei-me, não aguentava mais ver aquela loira de farmácia em cima da mesa do , com as pernas abertas, mostrando pra quem quisesse ver que ela não usava roupa de baixo.
Corri até o elevador. Ouvi me chamando. A última coisa que vi antes das portas se fecharem foi ele tentando me alcançar. Sua expressão era de puro desapontamento com ele mesmo.
Na saída do prédio, roubei o táxi de alguém e pedi para o motorista ir o mais rápido possível para o hotel.
- Você não é a moça da Austrália? – Reconheci aquela voz instantaneamente.
- Oi, Jerry. – Queria impedir que lágrimas escorressem pelo meu rosto, mas foi difícil.
- O que houve? Não me diga que já cansou de Nova York e está voltando para seu país?
- Não me cansei, mas sim, estou voltando. – Então, sem perceber, contei toda a minha história com o para o Jerry.
- Com o todo o respeito, senhorita, mas se ele fez isso, é porque não te amava de verdade. – Aquilo só me fez chorar mais.
Pedi que Jerry me esperasse no estacionamento do hotel. Eu só precisava arrumar as minhas coisas.
- Está tudo bem? – O recepcionista perguntou ao ver o meu estado.
- Sim, tudo ótimo. Pode preparar as coisas para o check-out? Estou voltando para a Austrália. – Fui me virando quando me lembrei de algo. – Ah, caso um rapaz de cabelo e alto apareça aqui me procurando, não o deixe subir. Eu não quero vê-lo.
No elevador, resolvi ligar para a companhia aérea e reservar uma passagem, mas antes de fazê-lo, vi que tinha várias ligações perdidas do e mais algumas mensagens de texto dele. Ignorei todas.
Nunca havia arrumado minha mala tão rápido como naquele dia!
Não conseguia tirar aquela imagem da minha cabeça, o sorriso daquela mulher... Talvez eu estivesse exagerando. Não deveria estar fugindo do país por causa disso...
Um número estranho me ligou, atendi, mesmo suspeitando de .
- Sabe por que ele fez aquilo? – Uma voz de taquara rachada vinha do outro lado, só há uma pessoa no mundo que eu conheço que tenha essa voz: Grace. – Porque eu podia dar o que você não queria dar. Se quer saber, acontecia antes mesmo de você chegar na cidade. Ele até quis parar, mas não resistiu. Pena que você nunca vai saber como ele é bom.
- Ele é todo seu, vadia. – Desliguei o celular no mesmo instante em que a porta do elevador abria.
Fui rapidamente ao balcão assinar os papéis de saída e depois para o táxi de Jerry.
- Para o aeroporto, por favor. – Disse enquanto pegava o meu celular para avisar meus pais da minha volta.
Sabe o que é pior? Na noite anterior, ele disse que me amava muito, que não conseguia viver sem mim. Disse que eu era todo o seu mundo, que não existia uma única mulher na vida dele. Mentiras!
Realmente odeio que as coisas tenham terminado assim. Eu gostava tanto dele...
“Somos apenas amigos!” Até onde eu sei, amigos não ficam se pegando na mesa de trabalho um do outro.
Minhas pernas estavam no modo automático novamente. Entrei no avião, e minha cabeça desligou. Só percebi que estava de volta à Austrália quando vi meus pais me esperando no aeroporto. Corri para abraçá-los.
- Eu te disse que não deveria ir, querida. – Minha mãe não sabe o que aconteceu, apenas sabe que foi algo ruim o suficiente para eu voltar para casa.
Aquelas duas semanas passaram como um filme na minha cabeça. Corei e ri sozinha, sentada no banco de trás do carro dos meus pais. E chorei.
Peguei o meu celular, tinha mais uma mensagem de :
"Eu realmente sinto muito. Nunca quis que as
coisas chegassem a esse ponto.
Quero que saiba que essas duas semanas foram
as melhores da minha vida, não queria que
acabassem.
Quem sabe um dia você perceba que eu
estava encantado em vê-la novamente. x"