Elastic Heart

Escrito por Alice | Revisado por Isadora

Tamanho da fonte: |


Parte do Projeto Songfics - 6ª Temporada // Música: Elastic Heart - Sia feat. The Weeknd & Diplo

  Lembro-me de quando tudo começou, quando eu o conheci. Por entre todos os lugares, até mesmo entre a sua própria casa, as ruas ou a pequena praça que havia naquele bairro Londrino, tudo naquele tempo beirava a medo. Era quase certo, tão certo que eu podia até mesmo senti-la começar. Iria haver uma nova guerra. Aos poucos a França e a Inglaterra foram perdendo o controle da Alemanha, e agora só as pessoas mais cegas não perceberiam que a Alemanha iria querer vingança.
  Perdi meu pai quando eu era uma criança, eu tinha dois anos quando ele morreu na Primeira Guerra Mundial. Desde então, apesar de não ter muitas lembranças sobre meu adorado pai, pude ver minha mãe ser infeliz, talvez por muitos anos perdida na memória de meu pai. Tão perdida que se esqueceu de viver sua própria vida.
  Claro que eu cresci com isso em minha cabeça, que guerras nos tiravam pessoas amadas e faziam todos sofrerem. Eu tinha pavor de guerras, e estava próxima a viver uma.
  Então, naquele dia, três de junho de 1939, eu havia saído de casa para ir até uma praça qualquer que se encontrava perto de minha casa, e foi lá que eu me encontrei com ele.
  Sentei-me em um banco que ficava de frente a uma das muitas árvores que ali se encontravam, mas não sei por que aquela em especial sempre me chamou mais a atenção. Peguei um de meus muitos livros, e comecei a ler. Eu estava muito entretida com minha leitura, que qualquer movimento da “vida real” não me despertava nenhum interesse. Mas assim que escutei alguns passos calmos, porém firmes, por alguma força maior eu ergui minha cabeça do livro, e foi quando encontrei com os seus olhos. Eram olhos lindos, embora não seja aquele azul que qualquer mulher fica apaixonada, o castanho (talvez esverdeado) daqueles olhos era extremamente intenso. De uma forma que eu nunca vi em algum outro rapaz.
  Ficamos alguns milésimos de segundo se encarando, com uma energia no olhar. Tal segundo me pareceu uma eternidade, devo dizer. Mas aí o desconhecido de olhos apaixonantes se pronunciou.
  - Como se chama, Srta.? – talvez eu não devesse ter dito o meu nome, porque um estranho se interessaria por meu nome? Vai que ele era um assassino ou coisa do tipo? Talvez eu não devesse ter dito, mas mesmo assim eu disse.
  - É , e o seu é? – falei com certa ausência de convicção, tal ausência que ele pareceu notar. Logo sorrindo de lado, um sorriso quase cafajeste.
  - É , t. – ele disse logo me encarando novamente. Este jogo de olhares estava me deixando aflita, sou uma menina tímida – O que você está lendo, ? – senti o destaque em sua voz, ao pronunciar meu nome.
  - Apenas este livro, . Pela milésima vez. – falei, criando o mesmo efeito ao pronunciar o seu nome. Creio que ele entendeu o recado, uma vez que sorriu daquele mesmo jeito e sentou-se ao meu lado.

  E foi ai que tudo começou.

  Logo começou a haver mais indícios sobre uma segunda guerra, eu encontrava praticamente todos os dias. E normalmente o assunto era sobre a guerra. Descobri que , assim como eu havia perdido o seu pai para a guerra. E desde então passou a ter uma visão contra guerras.
   era incrível, e ele ainda pensava como eu.
  No dia cinco de Julho daquele mesmo ano, havia me roubado um beijo. E essa foi a certeza de que eu estava completamente apaixonada por ele e que só não havia me dado conta disto ainda porque reprimia meus próprios sentimentos e os guardava em uma caixinha trancada a sete chaves dentro do meu coração.
  A gente se encontrava sempre naquele local, na mesma árvore da mesma praça, então saíamos para nos “aventurar” na cidade de Londres, apenas intensificando o nosso amor que naquele tempo não parecia tão impossível.
  Os meses foram passando e no dia primeiro de setembro, fora anunciada a segunda guerra mundial. Aos poucos vinha com um papo estranho, de fugirmos juntos para algum país onde as coisas estavam calmas, e deixar tudo para trás. Menos o nosso amor. E até mesmo as recordações de “família perfeita” destruída. Eu me encontrava meio receosa sobre isso, mas eu estava vivenciando de perto o temor que a guerra estava causando em toda a Inglaterra (e no resto do mundo), enquanto Hitler ganhava, ganhava e ganhava guerras.
  Eu pensava nisso o tempo inteiro, seja quando estava junto dele ou quando estava com minha família, já estava decidido. O mesmo dizia que me amava e que eu era a única coisa que o mantinha preso ali. Já eu só tinha certeza de meu amor por ele. estava sendo paciente comigo, mas aí quinze dias depois da proposta, eu aceitei o seu plano maluco. Marcamos um dia, que iriamos fugir, estava tudo certo. Dia três de outubro seriamos os únicos na vida um de outro.
  Desde então ele não deu sinal de vida, eu ia até a árvore mas ele nunca estava lá. Mesmo assim no dia três de outubro eu fui até a árvore de malas prontas. Eu era uma jovem de vinte e dois anos que estava me arriscando a tamanha loucura por amor. O esperei por mais de dez horas e novamente não deu sinal de vida.
  Talvez ele estivesse arrumado alguma garota melhor, ele tão bonito, bem requisitado. Por que iria querer eu? Sou só a .
  Chorei como nunca chorei em minha vida, mas logo uma velinha que eu via aqui várias vezes me entregou uma carta. E disse que um bonito e jovem rapaz havia mandado ela entregar a mim.
  Logo pensei: É do .

  Cara ,
  Eu fui chamado à guerra. Não pensei que isso pudesse acontecer, e devo dizer que fora a única parte de nosso maluco plano que eu não pensei que pudesse tornar-se realidade. Digo, quando você receber essa carta eu provavelmente já estarei lutando em algum campo de guerra. Mas quero que saiba que meu amor por você foi rápido, porém o sentimento mais intenso que eu fui capaz de sentir. Eu amei você e continuarei amando. Eu queria lutar, mas em uma guerra sem armas. Uma guerra minha e sua. Mas a questão, minha , é que há muitas bandeiras vermelhas. E eu tentei, eu juro que tentei.
  De maneira alguma quero que você pense que estou aqui por algum atraso em sua certeza de fugir comigo. Muito pelo contrário, vindo de você eu só tenho momentos felizes, especiais e mágicos. Nunca irei me esquecer de nossos momentos juntos, e de como você sorri tímida, ou o jeito intenso como você me encara. De seus cabelos e seu delicioso perfume. , você foi a única mulher que eu amei na vida, você me fez crescer como pessoa.
  Eu estou chorando enquanto te escrevo esta última lembrança sobre mim, porque a questão é: Eu quero que você siga em frente, não quero que se prenda esperando por mim, um alguém que pode nunca mais voltar. Não ache que eu te amo menos por estar fazendo isso, muito pelo contrário, eu falo isso porque te amo e prendê-la a mim seria como estourar seu coração de elástico com a minha lâmina afiada.
  , eu queria poder te escrever palavras lindas e que pudessem te provar o meu amor. Mas agora a única coisa que eu espero e a sua certeza de que eu te amei levando em conta tudo o que vivemos juntos.
  , você é o amor da minha vida, mas eu sou só uma parte da sua.
  Te amo com a certeza de que você me amou de volta.
   .

FIM



Comentários da autora


Gente a fic não ficou tão boa e grande como eu esperava. Mas eu juro que tentei e dei o melhor de mim, apesar de tê-la começado tarde demais devido a um bloqueio que eu tive com a música escolhida. Mas apesar de tudo espero que vocês gostem dela, principalmente para a pessoa que escolheu esta música.
Beijos, Alice.