Eu, eu te amo

Escrito por Xará | Revisado por Natashia Kitamura

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  "Cruzei meus braços, numa falha tentativa de me esquentar, fazendo-me suspirar enquanto eu tremia de frio.
  Uma vez havia lido um livro chamado Persépolis; onde a garota se mudava para do Irã para a Suíça e depois de diversos acontecimentos, ela acabava por ficar na rua, mal tratada, com o cabelo despenteado, doente, deitada na neve para morrer infeliz, de um jeito sujo, assim como eu ali.
  Minha bochecha se encostou contra a calçada fria de Londres, minhas pernas descobertas por causa da falta de pano que a saia preta curta e justa oferecia já estavam adormecidas há tempos, o corpete azul cintilante também não era uma grande cobertura e a minha meia calça rendada não adiantaria para nada naquela hora.
  Vi a cor de meu cabelo contrastar na neve, qualquer coisa parecia mais viva do que o tom branco e sujo daquela coisa amaldiçoada. Pensei em como eu deveria parecer horrível com minha maquiagem borrada, meu cabelo despenteado... Também vi um carro passar na rua, alguns centímetros da ponta de meu nariz, mas não quis ver qual era o modelo do carro, nem sua cor, saber qual era a cor da calota do mesmo já estava mais que suficiente para qualquer esforço mínimo que deveria fazer.
  A noite estava escura, obviamente, as estrelas haviam se esquecido de aparecer, as árvores sem folhas compunham o cenário da rua deserta e mal iluminada, o frio não fazia daquilo tudo algo melhor.
  – Ei! – Um cara falou.
  Eu não fazia ideia do que deveria fazer naquela hora. Correr? Não, minhas pernas não teriam forças. Gritar? Não, minha garganta estava doendo demasiadamente. O jeito era ficar ali, esperando que esse ser me estuprasse ou algo assim.
  – Oi? Você está me ouvindo? – Um cara com um topete, barba por fazer, jaqueta de couro marrom, calça jeans, tênis e camiseta entrou em minha visão.
  Assenti fracamente com a cabeça, não conseguindo falar ou fazer algo além desse leve movimento.
  – Louis, ela está bem? – Uma voz feminina soou.
  – Parece que não El! – Ele falou.
  – Temos que fazer algo! – Ela disse, um tom acima do que se é considerado normal, dando a parecer que ela se desesperou um pouco.
  – Levá-la ao hospital? – O tal de Louis pensou.
  – Não... – Falar era parecido como comer uma navalha: cortante e cruel. – Não sou daqui... – Minhas forças deixavam o meu corpo enquanto pronunciava as palavras, continuando a ver o garoto agachado à minha frente.
  – Lou, vamos logo! – A garota dizia apressada. – Estou vendo nós sermos roubados se continuarmos aqui!
  – Tudo bem El, já sei onde a levaremos. – Ele me pegou no colo, me deixando aquecida com o seu corpo quente enquanto me encolhia.
  – Para onde, baby? – El, ao que parecia, questionou.
  – Para a minha casa. – Ele começou a andar, meus olhos se fecharam e a última coisa que lembro era de ter meu corpo apoiado em algo e depois o ronco do motor de um carro.

  Meus olhos se abriram e pude sentir um pano ao meu redor, assim como a minha cabeça apoiada em um travesseiro. Vi uma grande cama de casal, na qual eu estava deitada, paredes brancas, uma cômoda de madeira escura da mesma cor da estrutura da onde eu estava em cima, uma TV preta sob a mesma e um criado mudo de cada lado da cama, combinando com os outros móveis.
  Havia uma porta ao lado da cômoda que estava de frente a mim e uma porta à minha direita. Caminhei até a segunda e descobri que ela era a passagem para um banheiro de azulejo branco, com uma pia de mármore claro, cuba branca, torneira prata, vazo sanitário da mesma cor que a cuba e uma ducha da mesma cor que a torneira, sendo separada do restante da área através de um boxe de vidro fosco à minha direita.
  Vi o meu reflexo no espelho acima da pia e me deparei com uma garota de cabelo penteado, pijama cinza e sem maquiagem à minha frente. Dei meia volta e fui até a outra porta, vendo um corredor que chegava numa sala de estar que tinha sua tv ligada.
  – Bom dia! – Uma morena me cumprimentou, virando a cabeça em minha direção e se soltando do braço do cara que estava à sua volta e vindo até mim.
  – Ér... oi. – Falei constrangida.
  A garota estava com um gorro creme, camiseta de manga comprida branca, calça jeans, colete marrom e botina de salto de couro marrom também. Seu cabelo e sua maquiagem leve a deixavam extremamente fofa, por mais que ela era, provavelmente, mais velha que eu.
  – Ah, bom dia! – Louis, pelo o que eu lembrava, exclamou. Se levantando do sofá marrom e vindo até mim também.
  Sua roupa era semelhante à do dia anterior: camiseta, jaqueta jeans, calça e uma botina.
  A sala tinha uma porta que estava aberta, possibilitando a minha visão para a cozinha, e mais outra que concluí que era a saída. As paredes eram na cor creme, a tv preta à minha direita estava apoiada num rack ocre com todos os tipos de videogames, juntamente com um home theater. Na parede da minha esquerda tinha uma mesa de tampo preto de vidro encostada, cadeiras de couro preto também eram encontradas ali e um vaso de vidro com um arranjo de lírios laranjas com uma fita branca embelezavam o local.
  – Como eu estou com roupas diferentes? – Perguntei, com as bochechas coradas.
  – Eleanor te trocou, pode ficar tranquila que eu... – O garoto nem terminou sua frase.
  – Calma! – Ela riu. – As roupas inclusive são minhas! – Sorriu. – Sorte que você tem o meu tamanho!
  – Por que estou aqui?
  – Primeiro você não quer comer algo? – Louis torceu o nariz. – Parece que não come há um bom tempo! – Comentou.
  – Tudo bem... – Concordei ainda tímida por estar na casa de um desconhecido... mas eu sabia que ele não era um desconhecido.
  Os segui até uma porta perto da mesa em que havia o vaso encantador de flores, chegando em uma cozinha com geladeira de aço escovado à minha direita, com uma pia que era um “L” indo até a parede em minha frente, onde à esquerda havia o fogão do mesmo estilo que a geladeira, na parede em que o mesmo se encostava havia uma mesa de 4 lugares de madeira mel, mas haviam 3 cadeiras de acabamento arredondado com um vazo de margaridas no meio dela. O lugar havia armários embaixo das pias e encostadas no teto, provavelmente arrebatados de comida, fazendo com que minha fome triplicasse ao pensar em comida.
  – Lou, há bacons na geladeira, pegue-os para mim, por favor? – El pediu para a seu... Namorado?
  – Claro! – Ele foi até a mesma. – Tomates, cogumelos, manteiga e suco também?
  – Sim! O pão e o pó de café estão no armário ali do lado.
  – Ér... desculpe, mas... – eu me intrometi na conversa sobre café, quase deixando minhas bochechas pegarem fogo de tão rápido que o sangue circulava nessa região. – Estou na casa de quem?
  – Dele! – A garota me respondeu, feliz.
  Eu levantei minha sobrancelha e enruguei a testa. As flores... El sabendo onde as coisas estavam na cozinha... Aquele lugar deveria ser dela!
  – Ela que arruma aqui em casa. – Louis deu de ombros, como se tivesse lido meus pensamentos.
  – Ah. – Continuei corada.

  Eu olhava fixamente para a mesa, observando a quantidade de comida ali.
  – Então, qual é o seu nome? – Lou perguntou com a boca cheia.
  – . – Respondi baixinho. – . – Dei um pequeno sorriso.
  – Prazer, Eleanor Calder. – A garota deu um sorriso meigo e estendeu sua mão pela mesa.
  – Louis Tomlinson! – Ele exclamou, acenando com a cabeça.
  – AAAH! – Soltei um gritinho. – Já sei quem você é! – Sorri com a minha descoberta. – Você é do One Direction!
  Os dois se assustaram, arregalaram os olhos e quase deixaram a comida saírem de suas mãos.
  – Olha, – Eleanor se apressou em dizer – você não pode contar nada a ninguém, ok? Nada sobre termos te encontrado na rua – torci o nariz – termos te trazido aqui, nem para suas amigas nem para a sua família.
  – Eu não tenho nenhum dos dois, – falei baixinho – fiquem tranquilos, não contarei.
  – O que? – Louis pronunciou-se. – Como assim nenhum dos dois?
  – É, não tenho nenhum dos dois! – Falei, fechando os olhos e suspirando.
  – , você é de onde? – Eleanor questionou, franzindo a testa.
  – Sou brasileira, tenho 17 anos e decidi sair do Brasil com 15, guardei dinheiro e tinha tudo planejado com algumas amigas: alimentação, transporte, moradia e tudo o que poderíamos precisar. Viria para a Inglaterra e viveríamos um sonho, o lugar que sonhamos, o clima que amamos, o idioma que parecia ser nossa língua mãe, tudo, tudo estaria perfeito.
  – E então...? – Louis perguntou, curioso.
  – Um dia meu pai disse que eu não conseguiria realizar nada que estivera sonhando, que no final viraria uma vagabunda igual à minha mãe, e quando ele foi contrariado por mim, ele me bateu, me bateu tanto que eu não pude ir para à escola durante vários dias por causa das marcas. Assim que me recuperei, fui até o banco, retirei todo o dinheiro que pude, comuniquei às minhas amigas que eu estaria me mudando antes, mas elas viriam para cá 1 mês depois e achei que conseguia me arranjar. – Lágrimas surgiram em meus olhos e eu estava pouco me fodendo por falar toda a minha vida para estranhos. – Três dias antes de elas pegarem o avião houve a despedida e na hora da volta, elas haviam bebido e os caras que a acompanhavam também. – Um soluço soou pela cozinha e El me abraçou.
  Eu sabia que poderia confiar naqueles estranhos, pelo menos ele era famoso por causa da minha vida no Brasil e se não fosse por isso, das raras vezes que o rádio do carro de meus clientes estava ligado em alguma estação pop e revistas que ficavam espalhadas nas bancas de jornal. Se eles fossem cretinos eu apenas falaria para algum paparazzi sortudo, acabando com a carreira de Louis Tomlinson e de sua banda. Não que eu fosse uma vaca por completo, apenas não deixaria que mais alguém acabasse com o resto de minha vida.
  – Calma... – Ela passou a mão em meu cabelo e eu sabia que Louis nos observava.
  – Ei, continue a sua história, mas saiba que você acabou de fazer mais dois amigos que nunca te deixarão. – Ele pegou minha mão e eu senti um conforto em meu coração, como se tudo fosse ficar bem novamente. Eu havia gostado disso, definitivamente.
  – Elas morreram, todas as quatro e eu pensei que fosse aguentar a barra, sabe? – Me soltei dos braços da garota, mas não da mão de Louis, porque sabia que ela era o que me dava forças para continuar. Endireitei minhas costas e ignorei a comida à minha frente. – Pensei que eu continuaria a viver meu sonho, afinal, eu já tinha um pequeno apartamento: estava procurando um emprego, minha comida não era abundante e muito menos o tempo de banho, que é caríssimo aqui, mas eu estava sobrevivendo. – Enxuguei as lágrimas que insistiam em cair. – E o meu dinheiro começou a acabar, um emprego não foi achado, minha vida começou à tomar um rumo totalmente fora daquele que eu havia sonhado. – Respirei fundo. – Eu comecei a vender meu corpo e com isso conheci algumas pessoas, mas uma vez elas fora até o meu apartamento com a minha total permissão e elas começaram a fumar, porém eu não estava nem aí, só que meu vizinho estava. Fui presa junto com eles, três dias para eles verem que eu realmente estava limpa. Quando voltei para a minha moradia, não me deixaram entrar, apenas pude pegar as minhas coisas e sair, para nunca mais voltar. Então eu durmo em camas diferentes, companhias diferentes, chuveiros diferentes, geladeiras diferentes, minha vida muda conforme minha companhia quer. – Concluí, deixando-me transparecer todo o cansaço que sentia ao viver daquela maneira suja. Mas o que eu poderia fazer? Nada.
  – Você não merece viver assim! – Eleanor indignou-se e eu dei um sorriso amargo.
  – E o que você sabe sobre mim para dizer que não mereço?
  – Ninguém merece uma vida assim. – Louis simplesmente respondeu e tudo o que eu quis foi saber a história por trás daqueles lindos olhos azuis.

[...]

  – , mesa 15! – O velho e gordo mandou.
  Haviam se passado 2 meses que Louis me resgatou de minha morte ordinária e, sinceramente, as coisas não estavam muito melhores. Claro que agora eu tinha um emprego, mas o bar nunca fora tão caloroso comigo quanto Tomlinson fora.
  Um grande espaço retangular que chamavam de pub, mas aquilo não era um pub! Aquilo era um bar, se falarmos do modo que as pessoas eram comigo, as pessoas sujas, os homens nojentos e tarados. Suas paredes amarelas e sua iluminação da mesma cor eram horríveis, os móveis de madeira escura tinham uma mistura nojenta de álcool, drogas e líquidos suspeitos que eu tinha uma ligeira impressão de serem resultado de atos inapropriados para menores de 18. As bebidas atrás do balcão do barman eram de todas as cores imagináveis e o uniforme era coisa de puteiro. Sinceramente? Eu quase preferia a prostituição, mas o salário era tão baixo que eu tinha que pagar uma de puta para conseguir pagar o aluguel de meu apartamento.
  – O que gostariam? – Perguntei enquanto os 3 homens encaravam minha coxa coberta pelo curto shorts jeans rasgado, meus peitos expostos por um camisete branco mais transparente que água caindo no copo direto do filtro com três botões abertos, sutiã preto e eu tinha certeza que quando eu me virasse e os saltos pretos batessem sob o piso de madeira, eles olhariam a minha bunda.
  – Você, docinho! – Um dos caras barbudos falou e eu resisti à vontade de revirar os olhos.
  – E você pode me ter, querido. – Falei, abaixando-me e sussurrando em seu ouvido.
  A porta se abriu e pude sentir isso com o vento gelado que bateu em meu corpo.
  – Hey ! – Ouvi alguém gritar sob a música e eu me virei rapidamente, deixando com que o meu longo cabelo castanho batesse no rosto do acompanhante de meu futuro cliente.
  Eu sorri, terminei de tirar o pedido e fui até ele.
  A One Direction havia acabado de voltar de turnê e aquilo me deixava muito orgulhosa dele, mesmo que nos conhecíamos cerca de 4 meses.
  – Hey Lou! – Dei-lhe um beijo na bochecha. – Como vai o cantor com a bunda mais desejada do universo? – Ele riu.
  Seu cabelo estava meio despenteado e para cima, deixando-o sexy em sua jaqueta jeans escura, camiseta de listras pretas sobre o branco (não entendia como ele conseguia gostar tanto de listras), calça preta e tênis da mesma cor que a calça. Estava quase começando o verão e o frio era a última coisa com que deveríamos nos preocupar.
  – Muito bem, e a garota mais linda do bar?
  – Olha que a El fica com ciúmes! – Falei, apontando para a linda futura psicóloga ao seu lado que vestia uma regata rendada vermelha, shorts pretos e salto de tiras da mesma cor que a parte de cima de sua roupa, maquiagem leve e o cabelo fino castanho solto sobre os ombros.
  – Ela sabe que eu só tenho olhos para ela! – Ele a beijou no topo da cabeça, fazendo-a sorrir enquanto piscava.
  – Nossa, como o meu amigo é romântico! – Eu ri.
  – , chega de conversa! – Meu chefe mandou.
  – Está bem! – Gritei. – Tenho que ir pessoal! – Dei um beijo na bochecha de cada um.
  – Quando seu turno acaba? – El perguntou.
  – Ás 3. – Respondi, fazendo careta.
  – A gente passa para te pegar, ok? – A morena perguntou.
  – Para que?
  – Será a “noite dos casais”! – Ela disse, animada.
  – Quem vai? – Perguntei, enrugando a testa.
  – Todos os outros casais da One Direction! – Eleanor respondeu, não tirando o sorriso dos lábios que estavam com o batom vermelho queimado.
  – Você vem, né? – Lou perguntou, enquanto abraçava sua namorada de lado.
  – Com quem?
  – Leva o Colin contigo! – Ela exclamou.
  Eu olhei para o barman de olhos brilhantes e cabelo castanho, o fato de estar sem camisa deixava sua pele bronzeada e seu corpo definido exposto. Ele me viu o encarando e sorriu, mostrando todos os seus lindos dentes brancos. Sorri de volta e dei uma piscadela, ele era legal, engraçado, bonito... Eu poderia desenvolver algo com ele, mesmo ele já sendo meu amigo.
  – Eu falarei com ele depois. – Falei, mordendo o lábio.
  – Agora quem está com ciúmes sou eu! – Lou cruzou os braços e fingiu estar bravo.
  – Ownt Bear, você sempre será o meu melhor amigo! – Eu ri.

[...]

  “Don’t cha wish your girlfriend was hot like me? Don’t cha wish your girlfriend was freak like me? Don’t cha? Don’t cha? Don’t cha wish your girlfriend was wrong like me?”
  Eu arrumava as cadeiras enquanto meu quadril rebolava no ritmo da música e eu sabia que Colin estava me observando. Eu estava sendo puta, naquele momento eu queria ser puta.
  – Ei, barman gato! – Eu o chamei, sorrindo.
  – Diga garçonete dançarina! – Ele também estava feliz.
  – Quer sair comigo hoje? – Perguntei, sentando metade de minha bunda nos banquinhos de longas pernas de madeira escura, apoiando meu corpo sob os meus cotovelos que estava em cima do balcão, enquanto uma mão brincava com uma mecha de meu cabelo.
  – Hoje?
  – É! – Dei o meu melhor sorriso, deixando o batom vermelho contrastar com os meus dentes e pisquei com minhas duas pálpebras, batendo os meus cílios postiços. – Você quer?
  – Hm... – Ele pensou, terminando de lavar os copos.
  – Por favor! – Pedi.
  – Tudo bem! – Ele aceitou.
  – Será entre casais, ok?
  – E nós seremos um casal?
  – Quer parar de ser uma criança de 2 anos e perguntar tudo? – Eu ri. – Sim, seremos um dos casais!
  – Mais quem estará?
  – Tem o Lou e a El, o Liam e a Dani, Zaza e Perrie e Hazz e Tay!
  – Uau, sairemos em todas as revistas possíveis! – Ele riu.
  – Nós geralmente saímos separados para não chamarmos tanta atenção. – Admiti.
  – Então vá se arrumar que eu terminarei de arrumar as coisas!
  – Mas o chefe...
  – Annie – ela era a outra garçonete, só que loira dos olhos castanhos – acabou de entrar em seu escritório para pedir um aumento! – Colin revirou os olhos. – Relaxa , eles demorarão e há 4 meses eu arrumava tudo isso sozinho, vai logo!
  – Obrigada! – Agradeci, indo para o armário onde estavam guardadas todas as bolsas e outros pertences dos funcionários, me dirigindo logo depois para uma sala reservada onde os clientes Vips ficavam.
  A sala era oval, com uma grande mesa dourada ao centro e estofado de veludo vermelho assim como as cortinas. Era simples, mas mais sofisticada que a área comum.
  Eu sempre deixava um vestido em minha grande bolsa preta, para caso eu tivesse a oportunidade de sair depois do expediente. Coloquei o tomara que caia preto com o zíper na frente, soltei a parte da frente de meu cabelo que estava presa com um pequeno elástico atrás de minha cabeça e deixei os fios espalharem por todo o meu rosto. Retoquei meus lábios com o batom vermelho chamativo, coloquei a sombra fosca preta e deixei o blush, o lápis e o rímel do mesmo jeito. Baguncei o cabelo para que o mesmo tivesse volume e me desse um “poder” maior.
  – Está pronta? – Colin perguntou do outro lado da cortina. – Eles chegaram!
  – Sim! – Respondi, terminando de colocar a nécessaire na bolsa e carregando-a para fora do lugar.
  – Uau! – Ele exclamou e eu dei uma voltinha quando o mesmo estendeu a mão para que eu realizasse tal movimento, sorrindo. – Tente não me matar do coração com uma beldade dessa, sim? – Ele fez graça e eu ri.
  – Bobo. – Falei, apoiando-me em seu peitoral recém coberto por uma camisa azul marinho e dei-lhe um beijo na bochecha.

[...]

  Till The World Ends da Britney Spears estava tocando em uma versão remixada e eu estava perdida no meio de sua batida com as luzes coloridas do lugar e com um copo de vodca na mão.
  O calor dos corpos agitados era intenso, as pessoas riam enquanto dançavam e qualquer coisa poderia ser o motivo de um pequeno tapa em sua bunda, de um beijo recebido de um desconhecido. de uma traição. E eu tinha certeza que era a única que não tinha 18 anos naquele lugar.
  Estava rebolando com o corpo colado ao de Colin, meus olhos estavam fechados, meu cabelo bagunçado, o zíper de meu vestido estava uns 3 ou 4 centímetros mais abertos do que quando cheguei, assim como meu cabelo estava realmente bagunçado,
  – Ei, vou pegar algo para beber. – Colin disse em meu ouvido, mostrando seu copo vazio.
  – Outra marguerita? – Perguntei.
  – Bloody Mary. – Ele descolou seu corpo do meu e deu uma piscadela.
  Me dirigi até a mesa onde estávamos sentados, sem me importar com as cantadas que recebia. Até mesmo pegava os números dos caras que me queriam, sabia que eles poderiam me render bons clientes.
  – Oi gente! – Sorri um de meus sorrisos sinceros, um sem safadeza pingando.
  Nós havíamos nos acomodado em uma mesa circular no canto da boate, com estofado de couro preto. Liam e Dani estavam sentados no meio, Taylor e Harry à minha direita onde o banco acabava.
  Chegando lá, puxei uma cadeira da mesa vizinha porque simplesmente não queria sentar no sofá.
  – Uau, arrebentou ali com seus movimentos sexys, heim ! – Dani comentou em sua saia jeans azul escura, clara e amarela, camiseta rendada branca e saltos azuis escuros.
  – Só que não! – Comentei, rindo.
  – Você dança muito bem! – Taylor falou, entortando a cabeça e deixando que seu cabelo loiro preso em um rabo de cavalo tombasse de lado e mostrando seus dentes brancos que contrastavam com o batom vermelho brilhante que combinavam com o vestido e o salto meia pata preto logo depois.
  – É, e qualquer uma me põe no chinelo! – Falei, dando de ombros.
  – Tenho que concordar com elas. – Falou Harry, com Tay em seu colo, camisa branca com uma estampa qualquer em azul, calça jeans e Converse branco.
  – Eu também. – Liam acenou com a cabeça, ao lado de Dani de mãos dadas, trajando uma roupa como a de Harry; trocando a camisa com cola V preta por uma verde escura lisa e o Converse por sapatos pretos, sua calça era jeans de lavagem escura enquanto a de Harry tinha a lavagem em meio termo.
  – Cadê Zayn e Perrie? – Indaguei, saindo do assunto “dançar”.
  – Se pegando por aí. – Lou deu de ombros, chegando do nada em nossa mesa e sentando-se no sofá no canto esquerdo.
  – E a El? – Taylor perguntou por mim.
  – Foi ao toalete. – Respondeu, com uma voz afeminada.
  – Ui, amigaaaa! – Eu falei, entrando na brincadeira e as pessoas riram.
  – Vem Harry! – Taylor levantou-se da mesa, puxando o namorado não admitido para a imprensa. – Amo essa música! – Falou quando Give Me Everything do Pitbul, Ne-Yo e mais alguém que eu sempre esquecia o nome começou a tocar.
  – Não acredito que ela levou o meu homem! – Louis fez uma cara como se alguém tivesse acabado de bater em sua cara.
  – Jesus, alguém segura esse homem! – Dani riu, revirando os olhos.
  – É Lou, isso não te faz bem! – Liam sorriu.
  Passei a deixar de ouvir a conversa de todos à minha volta pensando no que eu queria para a minha vida, já que dar uma de puta não era agradável à mim nem depois de 7 meses.
  – Sabe o que estou afim, agora? – Perguntei, distraída com o líquido transparente de meu copo.
  Na verdade, o copo era usado de mero acessório para minha encenação, já que eu seria mais sem graça se falasse “não vou beber essa noite”. Querendo ou não, Colin era do trabalho e apenas aqueles ali na mesa (e Eleanor, Zayn, Perrie e Niall) sabiam que eu não era tão atirada assim, que uma parte minha ainda se mantinha pura, longe de prostituição, álcool e todas as merdas que havia me metido nos últimos meses. As 9 pessoas eram comparadas à centenas e centenas daquelas que achavam que eu era uma vadia.
  Minha vida estava acostumada com meu lado sujo antes Londres, mas este era menor, bem menor. Minha mãe era prostituta graças à sua família que tinha a pobreza que as favelas das grandes cidades forneciam para seus habitantes e ela, infelizmente, se apaixonou e engravidou de meu pai. Minha família paterna obrigara-o a casar com a moça e isso resultou em uma vida de angústias para ele.
  Eu sempre vivera na parte rica de minha cidade, minha família materna oferecia-me tanto carinho quanto a materna, me esforçava nos estudos e trabalhava para juntar meu próprio dinheiro sem precisar da fortuna de meu pai. Sonhava alto, com a cabeça nas nuvens, olhos brilhantes e sorriso confiante, dizia a todos que conquistaria tudo o que queria.
  – O que? – Lou perguntou, me tirando de meu devaneio.
  – Dançar! – Falei, levantando-me e pegando sua mão, arrastando-o para a pista.
  Fui até o dj e perguntei se ele poderia colocar Love Game da Lady Gaga.
  – Não sei, meu amor, tem muita gente pedindo músicas.
  – Por favor, docinho. – Pedi em seu ouvido, esfregando meus peitos nele.
  – Tudo bem. – Ele cedeu.
  – Obrigada. – Agradeci, dando-lhe um beijo na bochecha e sujando-o de batom vermelho.
  Sai rebolando, virei-me e dei uma piscadela.
  Passei por Louis e ele deu um sorriso triste. Eu sabia que ele não gostava quando eu usava o meu corpo para conseguir o que eu queria. Touché, a música foi interrompida, assim como o que meu Bear falaria e a voz do homem foi ouvida nas caixas de som.
  – Quem pediu essa música foi a moça dos mais belos olhos da noite! – Ele piscou. – Aproveite!
  Um holofote foi colocado em mim e senti-me em um filme de dança. Claro, isso só aconteceria comigo quando estaria na companhia dos membros da One Direction. Fui até a mesa onde estávamos, que não era tão longe de onde Louis estava, pois não havíamos adentrado demais a pista, puxando a Dani e trazendo o Liam com ela para a pista, sendo que no caminho acenei com a cabeça para Taylor se juntar a nós.
  Isso estaria em todos os sites possíveis mais tarde, mas quem disse que na hora ligamos? Voltamos à ter 15 anos e não pensávamos mais em qualquer consequência, afinal, ninguém dali merecia a falta de privacidade que tinha, Taylor e os meninos eram famosos mas qualquer um poderia ver que os paparazzis exageravam frequentemente e que boatos ridículos que se espalhavam rapidamente os deixavam em algumas emboscadas desnecessárias.
  A batida inicial havia começado quando chegamos na pista e terminamos de deixar nossos caras posicionados. Meu quadril ia conforme a batida, meus olhos se fecharam e eu me aproximei de Louis, cantando em seu ouvido.
  – But if I do it I’ll miss you baby. – Minhas mãos dançavam em seu peitoral.
  Os outros dois versos me fizeram provoca-lo agachando e levantando.
  But if you want play
  I love game, I love game
  
Sorri e me afastei dele. Deixando que antes do refrão eu provocasse alguns caras aleatórios que estavam ao meu redor e que no próprio refrão eu dançasse para Deus e mundo, com passos diversificados.
  Na segunda vez eu apenas dancei para Louis e no refrão Dani se juntou à mim, pois como dançarina profissional, ela facilmente pegaria os movimentos que eu fazia.
  A batida chegou e a rodinha brega foi desfeita, quando Lady Gaga começou à cantar novamente todos os corpos soados estavam colados novamente e eu estava com Louis.
  – Eu saio por alguns minutos e é isso que acontece? – Eleanor apareceu na segunda estrofe dessa parte em que a mulher cantava.
  – Eleanor! – Louis exclamou, espantado.
  Ela saiu correndo do lugar, ele foi atrás, vi Perrie com seu vestido azul marinho cintilante e Zayn em sua calça preta e jaqueta jeans, com a camisa “fuck you” passarem correndo e eu fui atrás de todos.
  ... and a game.
  And a game.
  And a game.
  And a game.
  And a game.

  – ! – Meu acompanhante segurou um de meus braços.
  Me desvilhinchei dele e gritei: – Agora não Colin!
  I love play!
  A música foi deixada para trás, assim como uma Taylor de boca aberta em cima de um Harry estupefato apoiado em uma cadeira qualquer e um Liam zangado e uma Dani espantada e confusa.
  – Eleanor, espera! – O homem disse para a moça que entrava num carro. – Não foi nada!
  As gotas de chuva densa me molharam, permitindo-me ver uma rua quase alagada, flashes loucos, um Louis desanimado, um Zayn furioso gritando coisas obscenas e uma Perrie tentando acalmar seu namorado, os dois últimos atrás do Tomlinson que não tirava os olhos de um carro que acabava de partir.
  – Lou! – Gritei por cima do barulho da música de dentro do estabelecimento e da tempestade de Londres.
  Louis se virou para mim, marchando zangado com seu penteado desfeito e ombros pesados.
  – QUE IDEIA FOI ESSA DE DANÇAR? – Ele gritou furioso, com lágrimas escorrendo de seus olhos. – VOCÊ NÃO DEVERIA TER FEITO ISSO! – Eu o entendia, sabia que não poderia deixar isso tudo ter acontecido, ele havia perdido sua garota e a culpa era toda minha. – SABIA QUE EU ESTAVA FICANDO LOUCO DE DEIXAR UMA DESCONHECIDA ENTRAR EM MINHA CASA, EM MINHA VIDA! – Ele olhou em meus olhos e pude ver o quão duro estava sendo para ele, mas isso não impediu de que lágrimas escorressem pela minha face. – VOCÊ NÃO PASSA DE UMA VADIA! – Soluços apareceram em minha garganta e o espanto, a tristeza e a culpa não deixaram de tomar o meu corpo e minha alma.
  – Louis, já chega. – Liam apareceu. – Vamos para dentro.
  Quando me dei conta, vi que todos aqueles que me acompanhavam estavam na porta da boate, sem reação. Aqueles que eram desconhecidos e estavam mais atrás cochichavam loucamente sobre o que presenciaram.
  Perrie e Zayn passaram por mim, ambos com a cara a mais decepcionada do mundo. Liam estava tirando Louis dali e Dani veio me abraçar, mas as coisas aconteceram muito rápido quando alguém gritou que todos eles não passavam de famosinhos que se achavam superiores que os outros. Harry começou a gritar quem que havia dito aquilo e quando o tal de apresentou, ele partiu para a pancadaria, Louis deixou toda a sua raiva ser liberada quando alguns outros homens tentaram bater em Hazz. Taylor gritava para eles pararem com aquela besteira, Liam tentou separar todos mais foi pior ainda, Zayn entrou na briga para defender seus amigos, Perrie e Dani fizeram a mesma coisa que a Tay, mas nada adiantou. E os observando, acabei por desmaiar, caindo na calçada molhada, sem ninguém perceber.

[...]

  Meus olhos se abriram devagar e eu estava em cima de um sofá marrom, olhando para uma tv preta desligada. Minha cabeça estava encostada na perna de alguém.
  – Oi. – Murmurei para o rosto que encontrei ao me virar em seu colo, ficando de barriga para cima.
  – Oi. – Louis falou, encarando algum ponto na parede em sua frente.
  Seu rosto sem emoção estava sendo iluminado pela fraca luz do amanhecer.
  – Desculpa. – Falei, esfregando os olhos e sentando-me ao seu lado esquerdo.
  – Não importa. – Ele disse simplesmente, puxando-me para seu colo novamente.
  – Claro que importa seu bobo! – Minha voz soou mais alta. – Ela era sua namorada!
  – E ele era o seu ficante. – Ele continuou com o mesmo tom de voz, estava acariciando o meu cabelo, mas eu vi lágrimas escorrerem por sua face.
  – O que?! – Enruguei a minha testa e deixei uma de minhas bochechas se elevar.
  – Somos unicórnios. – Ele deu um sorriso infeliz. – Não, só eu sou.
  – Ah, ok, agora você criou um Tumblr! Parabéns Bear! – Fiz graça.
  Sabe quando você fica triste por alguém e não sabe o que fazer para ajuda-la? Pois bem, ali estava eu, no apartamento de meu melhor amigo, falando alguma bobagem para animá-lo, mas o pior de tudo era que o mesmo tanto que ele se sentia traído, eu senti. Ele era meu amigo, Colin era meu amigo (e ficante), Eleanor era minha amiga e eu não sabia o que fazer.
  Ele revirou os olhos.
  – Você gostava dele?
  – Claro que sim! – Não deixava de ser mentira, eu tinha sim sentimentos por Colin, mas eu sabia que eles não passavam de uma amizade colorida.
  – Bom, eu a amava.
  – Como aconteceu?
  Ele sorriu de lado.
  – Sabe quando ela apareceu do nada?
  – Uhum.
  – Era para me puxar para longe do lugar, Zayn e Perrie a viram se pegando com seu amiguinho e iriam me contar, mas Eleanor reparou nos dois e veio correndo até mim, viu aquela cena e fez o maior drama para não parecer a vaca da história. – Ele cuspiu as duas palavras.
  – Ela não te merece Lou. – Falei.
  – Pode ser que não, mas eu a amo. – Ele olhou em meus olhos e eu fiquei um pouco tonta ao encarar suas lindas íris azuis.
  Balancei a cabeça e me levantei rapidamente do sofá.
  – Aposto que desmaiei de fome. – Declarei, passando a mão pelo meu cabelo úmido da chuva e arrumando o vestido preto.
  – Ah, é! – Ele também acordou de seu transe. – Desde quando você não come?
  – Não sei... – Dei de ombros e caminhei até a cozinha, não deixando de reparar que meus pés descalços tocavam o piso de madeira laminado. – Acho que meu último cliente foi há uns 2 ou 3 dias atrás. – A temperatura do chão esfriou quando eu passei a pisar no azulejo branco da cozinha.
  – Você não pode deixar de comer! – Ele me repreendeu e eu subi em cima do balcão, me acomodando em cima do mármore escuro.
  – Não tive tempo para passar no supermercado. – Fiz careta enquanto ele abria a geladeira.
  – Quer tomar café da manhã, almoçar ou jantar? – Indagou, olhando a geladeira e eu vi quando ele limpou suas lágrimas discretamente.
  – Um típico almoço inglês: sanduíches! – Exclamei, descendo do balcão e ajudando-o a pegar os ingredientes.
  Quando tudo estava em cima do mármore, Louis ao meu lado esquerdo e eu com metade de um pão, o assunto voltou novamente.
  – Por quê? – Ele estava com uma faca com maionese na mão, movimentando suas mãos e fazendo com que o talher passasse em minha frente.
  – Por que o que, Lou? – Fiz com que ele parasse com seus movimentos antes que cortasse meu pescoço e fosse preso por homicídio culposo.
  – Porque as pessoas traem umas às outras? – Assim que as palavras saíram de sua boca eu virei minha cabeça, encarando-o e assistindo novamente uma lágrima escapar e acabar por cair em seu pão.
  – Elas não traem ninguém. – Respondi simplesmente. – Se elas tem dois “amores” elas não são fieis à nenhum dos lados, um lado pode ser fiel a ela, mas ela não quer saber de nenhum deles.
  Ele me olhou também e eu estendi a minha mão para limpar o rastro de tristeza em seu rosto. Louis se aproximou de mim, abandonando a sua faca no balcão.
  – Lou, não... – Tentei impedi-lo, mas as duas palavras foram achadas com dificuldade e as próximas da frase simplesmente sumiram de minha mente quando ele se aproximou ainda mais.
  – Shh, eu quero tentar algo. – Seus lábios se encostaram nos meus por menos de 5 segundos, mas meus olhos se fecharam, saboreando a sensação.
  – Para... – Pedi quando ele se afastou, mas a ausência do singelo selinho me fez arrepender-me de tal pedido.
  – Não.
  Dessa vez ele realmente me beijou, lentamente invadiu minha boca, seus olhos se fecharam e após os dele, os meus. As coisas passaram a esquentar quando minhas mãos foram parar em seu cabelo e suas mãos em minha bunda, ele tirou as coisas do balcão com o braço, deixando tudo cair no chão, me levantando para ficar em cima do mármore gelado. Nossas bocas se separaram e pude dar adeus à sua blusa, apenas para depois voltarmos a nos beijar ardentemente.
  – Aqui não. – Falei ofegante, quebrando o beijo, pegando fôlego e encostando minha testa na dele.
  – Quarto? – Ele perguntou no mesmo estado que eu, passando a mão em minhas costas, me puxando para ele e me pegando no colo.
  Assenti com a cabeça e ele me dava beijos em meu pescoço, deixando-me arrepiada. Louis pisou em cima de alguns alimentos e minhas costas batiam em todas as paredes do apartamento com a volta de nosso beijo selvagem, me deixando ainda mais louca por ele.
  – Bear? – Chamei, enquanto ele me deitava em sua cama e eu via três porta retratos quadrados e brancos com fotos em preto e branco dele e de Eleanor Calder.
  O quarto tinha as paredes azul escuras, uma cama king size de madeira escura, travesseiros, lençóis e cobertas brancas, a porta do banheiro estava aberta e eu podia ver duas cubas e um espelho enorme, a outra porta deveria ser a do closet e havia um criado mudo em cada lado da cama.
  – Hm? – Ele tentava abaixar o zíper prata central de meu vestido.
  – Pare! – Pedi, com a consciência de que eles ainda eram um casal, por mais que eles pudessem negar.
  – Não. – Ele tirou o meu vestido e passou a dar chupões pelo meu corpo, dificultando o meu raciocínio e a contenção de gemidos que escapavam de minha boca.
  Eu não aguentei e acabei puxando sua cabeça pelos seus fios castanhos de cabelo, permitindo-me beija-lo o quanto necessitava. Minha mão direita desceu até a sua calça, a outra foi em seguida para auxiliar a primeira na retirada do botão, enquanto eu passei uma de minhas pernas na sua. A calça voou e ele voltou a beijar meu corpo, mas quando chegou em minha barriga eu recobrei meus sentidos de novo.
  – Você não me quer Louis! – Falei meio gemendo.
  – Quero sim. – Murmurou enquanto subia seus beijos até o vão entre meus seios, se apoiava com um cotovelo na cama e rasgava minha calcinha com a outra mão.
  Ele sentou-se em cima de mim e me puxou com ele, retirando o sutiã de renda preto com facilidade e deitando-me na cama novamente. Eu rapidamente nos virei e passei a descer meus beijos. Quando eu estava em seu abdômen, minhas mãos desceram sua boxer branca e revelaram seu conteúdo, deixando-me acaricia-lo.
  – Você – o beijei – quer – desci novamente outro beijo – a Eleanor!
  – Fo- – ele falou entre gemidos – foda-se!
  Ele me puxou contra ele, colando nossos corpos, me pegou pela cintura e me subiu, fazendo ficarmos na mesma altura e rolamos para o outro lado da cama e quem estava por cima era ele.
  – Isso não nos fará bem. – Tentei ser consciente novamente, me arrastando para baixo novamente e abocanhando seu membro.
  – Meu Deus, chega de enrolação garota, vamos logo! – Pediu e eu voltei para cima para beijá-lo.
  Ele hesitou antes de me penetrar e foi nesse instante que a campainha soou. Lou a ignorou e foi com tudo.
  – Bear... – Eu estava sem fôlego. – Bear... Atenda a porta. – Falei enquanto o gemido de ambos e o barulho irritante de alguém insistente soavam.
  – Não! – Nossos corpos estavam soados.
  Devo admitir que sexo era a minha carreira, mas aquilo ali não era por profissão. Nós dois estávamos ali em busca do corpo do outro por diferentes motivos e nenhum deles era dinheiro ou prazer. Ele estava comigo para afogar as mágoas e eu estava com ele para esquecer a primeira vez em minha vida que eu não estava satisfeita em ser a outra. Ambos sabíamos a partir daquele momento como era ser um de meus clientes e eu sabia que nenhum de nós gostou dessa sensação.
  Após algum tempo de idas e vindas, de quadris batendo um no outro e suor escorrendo, chegamos ao ápice, com gemidos quase que formando apenas um. Depois disso, Louis deitou-se ao meu lado e nós demos as mãos. O prazer foi tomado pela horrível sensação de culpa, mesmo que levemente.
  Minutos se passaram e a campainha soou novamente.
  – Vá atender Bear! – Mandei, soltando sua mão.
  Ele se levantou e eu pude constatar que sua bunda era realmente grande enquanto ele caminhava até o closet e pegava um roupão vermelho. Lou se retirou do quarto e tudo o que fiz foi ouvir qualquer mínimo ruído e enrolar o lençol branco ao meu redor.
  – Boo Bear, por favor, me desculpe! – A voz de Eleanor soou chorosa. – A dança foi inocente e eu não deveria ter cedido para Colin! Me desculpa, meu Amor! – Eu gelei, minha respiração saiu falha e meus olhos se arregalaram.
  Merda! Que porra essa mulher aparecer assim, do nada!
  – El, vá embora, por favor. – Louis pediu e eu pude ouvir a culpa em sua voz.
  – Não Boo! – Ela estava chorando. – Eu sei que o que fiz foi errado, mas eu te amo!
  Me levantei, o lençol caiu e não dei muita importância, atravessei o quarto e fui até a porta que dava para o corredor que ligava a sala aos quartos.
  La la la la la
  La la na na na

  – Esse não é o toque da ? – Eleanor perguntou e eu gelei assim que percebi que You Make Me Feel estava realmente tocando e vinha de meu celular já que Lou não era tão fã de Cobra Starship.
  La la la la la
  La la na na na

  Passos apressados ecoaram e Lou mandou a garota não invadir seu apartamento, mas mais cedo do que tive a chance de me preparar psicologicamente, ela apareceu no quarto.
  – SUA VACA! – Ela gritou, para cima de mim.
  – Eleanor, não! – Ele tentou segurá-la.
  – NÃO ME TOQUE! – Lágrimas de raiva escorriam dos olhos da morena que estava tão deplorável quanto eu. – EU ME FIZ DE BOBA AO VIR AQUI! VOCÊ JÁ ESTAVA TRANZANDO COM O MEU NAMORADO SUA VADIA! – Ela me deu um tapa.
  Eu havia presenciado o término de uma relação dessa forma umas 4 vezes, mas em nenhuma das anteriores eu havia ficado culpada pelo rompimento.
  – ELEANOR, JÁ CHEGA! – Louis mandou, agarrando as duas mãos de sua ex.
  – EU QUE PEDI PARA VOCÊ PARAR O CARRO, LEMBRA LOUIS? – Ela esperneou. – ELA NÃO ESTARIA AQUI SE NÃO FOSSE POR MINHA GENEROZIDADE TOLA!
  Lágrimas silenciosas escorriam pela minha face, assim como as de El, só que as dela eram de raiva, as minhas eram formadas da mais pura infelicidade existente.
  – Desculpa. – Falei simplesmente, olhando o quarto ao meu redor, pegando meu sutiã, meu vestido e saindo do quarto, indo para o banheiro da suíte de hóspedes.
  Eu ouvi a discussão formada por gritos (“Eleanor, chega de drama, você me traiu” “Isso não era motivo para você dormir com a primeira vaca que aparecesse em sua frente” “Essa vaca é sua amiga” e uma continuação abarrotada de xingamentos à mim e palavrões raivosos) em silêncio enquanto colocava meu as peças de roupa. Encontrei meu par de sapatos ao lado da porta, fui até a sala e peguei minha bolsa em cima da mesa com o vazo de margaridas, as flores desta semana eram lindas.
  Assim que me virei para ir até a porta, Eleanor marchou por ela com o rosto vermelho e Louis a seguia.
  – Desculpa. – Murmurei novamente, em meio às lágrimas que não paravam de cair.
  Minhas pernas se moveram e eu peguei as escadas de emergência para não tardar a sumir da vida de Lou. Assim que eu havia acabado de descer o 5º degrau, a porta corta fogo foi aberta novamente e a voz do homem que eu havia acabado de deixar soou.
  – Não me deixe sozinho. – Implorou, e eu virei-me para trás.
  – Você não está sozinho, você ama ela. – Dei um sorriso triste. – Vai ficar tudo bem Bear.
  Me virei novamente para frente, terminando de descer o primeiro lance de escadas.
  – Promete? – Sua voz soou novamente.
  – Prometo. – Falei, sem nem ao menos olhar em sua direção.

[...]

  Meu Bear,
  desculpe-me! Não ficou tudo bem! Nada se resolveu, nada se clareou e eu vi em algumas revistas que você não está muito melhor!
  Eleanor vem buscar Colin para eles saírem com o carro que você deu à ela. Devo admitir que resisto ao impulso de chama-la de cretina uma vez ou outra. No final das contas, ela não te merece e você vai esquecê-la! Isso eu posso te prometer.
  Não tive coragem de falar contigo pessoalmente e nem deixar essa carta em seu prédio enquanto você estava na cidade. Aliás, parabéns pela grande turnê!
  Algum dia uma garota gritará no meio da rua “ei, Louis Tomlinson, eu te amo!” assim como eu sonho acontecer comigo! Se você a corresponder, ela será a pessoa mais sortuda do mundo!
  Com covardia e amor,
  xx

[...]

  Era fim de tarde e era o comecinho do crepúsculo. O outono havia chego, mas o Sol de verão marcava sua presença e eu com o meu micro uniforme agradecíamos a consideração do calor pelo meu corpo quase inteiramente descoberto.
  – EI, EU TE AMO! – Ouvi gritarem assim que eu toquei a maçaneta do bar.
  A última vez que havia ouvido essa voz era no verão do ano passado, mas eu não havia esquecido de como a mesma soava, nem da felicidade que eu tinha quando a escutava.
  Virei rapidamente a cabeça e o vi parado no outro lado da rua, com um sorriso enorme. Trajava uma camisa azul de botões brancos, bermuda e vans. Seus traços estavam mais maduros e, por incrível que parecesse, ele estava ainda mais sexy. Paparazzi apareceram e quase que o cercaram por completo.
  – LOUIS! – Um sorriso apareceu em meu rosto e eu nunca havia ficado mais feliz, as câmeras apontaram para mim e lembrei-me de como era a sensação de ser seguida 24 horas por dia pelos seres infernais que queriam saber minha ligação com Louis Tomlinson mesmo após um mês sem falar com ele.
  – EU DESCOBRI QUE NUNCA A AMEI DE VERDADE! QUE EU NÃO PRECISARIA ESQUECÊ-LA, POIS VOCÊ TOMOU CONTA DE MEU CORAÇÃO ANTES DE QUALQUER COISA ENTRE NÓS DOIS! – Eu ria de sua loucura por gritar isso em meio de filmadoras e gravadores de voz, no meio de uma rua qualquer de Londres. – E É POR ISSO QUE EU POSSO GRITAR PARA VOCÊ LARISSA: EI, EU TE AMO!
  Ele havia lido minha carta. Minha carta deixada em seu prédio por Annie, minha colega de trabalho e mais nova amiga, depois de 8 meses sem nos falarmos. A turnê acabaria cerca de 2 meses após isso e eu achei que os outros 3 meses foram gastos para ele tomar coragem ou se decidir sobre o que fazer.
  Sai correndo em sua direção, queria falar em seu ouvido que também o amava, queria beijá-lo no meio da rua. Pisei no asfalto com lágrimas nos olhos, mas no meio da rua meu salto quebrou e eu torci o pé, me fazendo ficar parada ali e não podendo escapar do que meu Bear havia alertado.
  – CUIDADO, O CARRO!

[...]

  Não sei se você acredita em destino, não sei se acredite em céu ou em um inferno, não sei se você acredita que temos uma missão na vida, não sei se você sequer acredite que um dia existiu, mas você pode tirar uma lição de tudo isso.
  O grande quê dessa história é que as coisas podem ir mal, numa queda infinita de pura tristeza, onde você só espera sobreviver do duro impacto com o chão. Pois bem, eu tive a sorte de Louis Tomlinson aparecer em minha vida, você pode não ter isso, mas pode fazer com que as coisas melhores por si só. Seja uma boa pessoa que tudo dará certo no final.
  Bem, se não acredita nisso, use meu exemplo de vida:
  Fui uma boa filha com um péssimo pai, uma prostituta salva pela namorada de Louis Tomlinson, o membro da One Direction, a garota mais generosa que conheci, fui também uma garçonete com serviços extras, causadora da ruína de um relacionamento, aquela que conquistou um coração e morreu na parte mais fofa de sua vida, a única garota-anjo que não é santa, uma que ainda espera que o amor de sua vida passe pelos portões do céu para falar “Ei, eu te amo!”.



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