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História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

Dust

Escrita porLiv
Editada por Lelen

Prólogo

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

Desde que minha visão anunciara três pessoas desconhecidas construindo uma espécie de abrigo, a curiosidade que habita em mim me obrigou a ir ao seu encontro, tentando entender o que ocorria. De primeira, senti meu rosto arder com o contato do solo quente, provavelmente deixando uma leve marca vermelha em minha bochecha. Após ter sido neutralizado, se assim poderia dizer, fui posto em pé, encarando as faces recheadas de dúvidas, entretanto, uma delas não tinha uma expressão. Não se surpreendeu quando me aproximei, nem mesmo esboçou alguma reação ao me jogarem no chão. Ela, que possuía seus olhos vendados, passou um pano gasto com um pouco de água fresca na parte queimada, como se enxergasse através do tecido. Em uma linguagem desconhecida para muitos, solicitou que os outros procurassem em seus mantimentos uma fruta para que pudesse ajudar a sarar a ardência que me causaram, e um tanto a contragosto, os seus companheiros marcharam em direção ao deserto, desaparecendo dentre a poeira. Pisquei repetidamente, sem compreender muito bem a cena anterior e as minhas indagações já estavam prontas. Ao depositar minha atenção na silhueta ao meu lado, pude ter acesso a uma sensação estranha e ao analisar mais a fundo os detalhes, meu coração acelerava, causando um certo desconforto. Além de tentar desvendá-la apenas com o olhar, era nítido o bloqueio que havia entre nós, a barreira que criara para se defender era uma das mais fortes que eu já tive a chance de apreciar.
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  — Vejo que a curiosidade cai bem em você, ela escorre pela sua boca. - Escutei sua voz me acordar dos meus pensamentos – Não estávamos avisados de que receberíamos visitas, ainda mais quando uma guerra se aproxima e temos que proteger o nosso povo. No que posso ser útil, Devon? - A sua risada fez com que os meus ombros relaxassem depois te ter sido encarado por dois minutos – A sua chegada foi anunciada pelo nosso ancião, que só me informou o seu nome e características, a dedução ficou por mim.
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  — Então você deixou que seus amigos me tacassem no chão sem motivos? - Perguntei incrédulo e com certa quantidade de drama, a vendo sorrir divertidamente.
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  — Não seja egoísta, Devon. Se eu me levasse pela curiosidade, as chances de pôr meu povo em perigo seriam altas. Meus deveres vem antes dos meus desejos, e é assim como vivemos. É bom ter ciência disso se quiser estar conosco.
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  Antes que eu fosse respondê-la, sua mão foi posta na queimadura em meu rosto, sarando qualquer vestígio avermelhado. Seu toque foi o mais doce e gélido que já experimentei de alguém que tivesse a cura em suas raízes, e, sendo sincero, há poucos regenerativos espalhados por aí. Os mais sábios diziam que quem era tocado por um, ou caía em uma paixão obsessiva ou em uma eterna loucura, visto que esse grupo conseguia reintegrar toda a essência de quem era tratado por eles. A ganância, é claro, fazia com que os cidadãos se auto machucassem para sentirem novamente o prazer em ser curados, e com eles, vieram os indivíduos que os consideram uma ameaça, iniciando a conhecida caça aos regenerativos. Muitas vezes os capturados eram mantidos em cativeiros e usados para o beneficiamento próprio de seus sequestradores, tendo condições insalubres e escassas de sobrevivência. A maioria havia sido salva, mas após viverem tempos sombrios, decidiram se separar para manter a segurança de seus colegas. Alguns perderam suas forças, enquanto outros sumiram do mapa para que não sofressem mais abusos. A triste realidade que suportam afetou negativamente àqueles que precisavam verdadeiramente de seus cuidados, e com o número extremamente restrito, é compreensível usarem toda e qualquer forma de defesa quando um intruso resolve dar as caras.
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  Reparei novamente na mulher a minha frente que mantinha o seu semblante neutro e uma respiração calma, e as dúvidas só cresciam dentro de mim. Ao abrir minha boca para balbuciar algo, a fechei por não saber o que indagar. Inicialmente, como belo nômade que sou desde criança, a minha intenção era continuar o meu caminho até achar um espaço que eu pudesse montar meu abrigo por três dias para depois ir em busca de novas terras para desvendar.
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  Talvez fosse a minha missão, não sei. A única certeza que tinha era a de não permanecer no mesmo lugar por muito tempo.
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  — Já passei longos minutos em sua presença e a lua iniciará o seu novo ciclo, indicando que não é seguro se manter longe da barreira pelas horas seguintes. Se decidir ficar terá momentos suficientes para fazer suas perguntas, se não, sugiro que vá embora antes que seja encontrado. - Ela se virou para mim, aguardando a minha resposta. Passei meus dedos pela minha nuca, sentindo o quão rígida estava. O vento trazia grãos de areia que batiam contra nossa pele, e quando menos percebi, minha escolha foi feita. - Me dê sua mão. Repita comigo: Do pó nós nascemos – A vi pegar um pedaço de vidro de seu bolso, furando a minha palma -, enraizamos nosso sangue na terra seca – Eu grunhia por causa da dor – para que nela fique marcado que as próximas árvores que nascerão – O líquido vívido pingava sob a terra – serão frutos dos primeiros que voltarão a ser –  Seu olhar encontrou o meu, para que assim pudéssemos terminar o trecho – poeira.
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