Droga de Realeza

Escrito por Isabella Redivo | Revisado por Andressa

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Prólogo

  Tá, olha, vou ser bem sincera. Eu nunca pedi nada disso. Nunca rezei pra algum Deus ou sei lá o que pra isso acontecer. E aconteceu. E eu nunca vou entender o porquê. Afinal, eu era feliz. Realmente feliz. Sem nada daquilo acontecer. Mas o destino sempre fala mais alto e eu tinha que ouvi-lo. Mas isso não quer dizer que eu gostei do que aconteceu. Quer dizer, eu até que gostei, mas foi estranho sabe? Ah, deixa pra lá.

Capítulo 1

  Califórnia, 2011.
  Minha vida nunca foi perfeita. Mas também nunca foi miserável. Eu nunca fui daquelas que reclama da vida. Sempre achei isso escroto, mas entendo quem faz. E olha que eu tenho motivos pra odiar a minha vida. Como o quê? Bem, como o fato de que eu nunca conheci o meu pai. Ele deve ter sido demais... Pelo menos pelo o que minha mãe me conta. Mas eu nunca cheguei a vê-lo. Quero dizer, que eu me lembre. Afinal, a última vez que eu o vi eu era um bebê de colo e não tinha memória ativa ainda. Minha mãe não tem nem um retrato dele. Ou melhor, pode até ter, mas nunca me mostrou. Acho que ela tem medo de me magoar. Então, com a morte precoce e totalmente inesperada de meu pai, minha mãe teve que me criar sozinha. À mim e ao meu irmão Liam, pelo menos. Entenda, minha mãe tinha 17 anos e dois bebês para cuidar. E ela não era nenhuma estrela de Hollywood. Então eu e Liam nunca tivemos o melhor. Nossas roupas eram de segunda mão e vivíamos numa casa de aluguel atrás de uma quitandinha aonde eu e Liam trabalhávamos todos os dias. Mas para mim, isso era suficiente. Eu amava as pequenas coisas da minha vida. Como o fato de que eu morava em Los Angeles, na Califórnia, e podia ver o mar todos os dias que eu quisesse. Não que eu nadasse, ou alguma coisa assim. Eu tinha fobia do mar. Não sabia nadar e tinha pavor de água, principalmente de mar. Mas eu era fascinada por ele. O mar tinha alguma coisa que me acalmava, não importa a situação. E eu também amava meus únicos dois melhores amigos: Bailey e Niall. Tá, eu não podia reclamar da minha vida. Exceto pelo fato de que ela estava prestes a mudar. Tipo, pra sempre assim.
  - Bella Maria, acordeee! – a senhora Debbie Payne gritou lá de baixo. Ela sabia como me irritava ser chamada de “Bella Maria”.
  - Já estou indo, mãe. – disse, me virando e voltando a dormir. Estava tendo sucesso na minha atividade de “voltar a dormir” quando um travesseiro (ou eu achei que fosse) acertou minha cabeça.
  – Vamos, margarida, tá na hora.
  Era Liam. Eu sabia porque só ele me chamava de “margarida”. Tipo, só ele no mundo inteiro assim.
  – Cala a boca, Liam.
  Ele riu e subiu no beliche, deitando-se sobre as minhas pernas. Sim, me incomodava e muito que meu irmão e eu dividíssemos o mesmo quarto (e o mesmo banheiro! Urgh!). Esse pensamento me fez dispertar, empurrar ele das minhas pernas, pular do beliche e gritar: “o banheiro é meu!”.
  Dei risada quando ouvi ele protestando: “AH NÃO! VOCÊ VAI FICAR TRÊS HORAS AÍ DENTRO E EU PRECISO FAZER XIXI!”. Eu amava Liam. De um jeito incondicional.
  Tudo estava acontecendo do jeito que acontecia todos os dias desde que eu completei 12 anos de idade e comecei e ficar três horas no banheiro para me produzir para que um tal de Louis Tomlinson me notasse. Bem, hoje em dia, eu ficava três horas no banheiro para fazer com que Louis Tomlinson me notasse. É, as coisas não haviam mudado tanto. Mal sabia eu que tudo estava prestes a mudar.

Capítulo 2

  - OLHA QUEM TÁ AI GENTE? FAAAAALA PRINCESA! – ouvi alguém dizer e logo sorri.
  - Putz Niall, mesmo depois de 8 anos você ainda fala isso? – soltei a mochila e corri para um abraço um tanto quanto conhecido de meu melhor amigo de todos os tempos: Niall Horan.
  Niall nunca mudava. Não importa quanto o tempo passava. E era isso o que eu mais amava nele. Aqueles dentinhos tortos, os olhos brincalhões, o cabelo loiro e o jeitinho irlandês dele sempre me faziam rir. Desde meus 8 anos de idade, quando eu o conheci. A família Horan tinha acabado de se mudar de Dublin e estava meio perdida. Mas foi só eles montarem a quitandinha que logo já ganharam inquilinos. A humilde família Payne, outra perdida. E eu ganhei um melhor amigo pra vida inteira. Desde que passei a morar no quintal de Niall, nós nunca nos desgrudávamos. Não importa a situação, ele sempre estava comigo. Foi ele que me deu meu primeiro beijo, aos 12 anos, e foi pra ele quem eu corri quando soube que tinha menstruado. Sempre foi Niall.
  - E ai, gatona? O que fez de bom nessas férias? – ele me perguntou.
  Olhei pra ele daquele jeito que ele tanto conhecia.
  - Ah, entendi. Nada. – eu sorria quando percebia quão irlandês Niall sempre fora. E como eu amava o sotaque dele.
  - E você como foi lá na Irlanda? – perguntei, passando por entre todos os alunos afobados de West Middle High California.
  - Você sabe. A mesma chatice de sempre. – ele sempre dizia isso, mas eu sabia que ele adorava ir para a Irlanda.
  Estava quase chegando no meu armário quando ouvi um familiar “Ora, ora, ora. Bella Margarida, o que te traz aqui?” e gargalhei. Um mar de cachinhos e um par de olhos verdes me observavam. Era Harry Styles. Garanhão da escola. Pegava qualquer uma. Mas sempre colocava um sorriso enorme no meu rosto. Você deve estar se perguntando como eu, uma ninguém, conheço um dos caras mais populares da escola inteira. Simples, eu sou boa em história americana, coisa que a maioria dos caras populares (e lindos) não é. E então lá estava eu com minhas notas exemplares em história dos Estados Unidos, e Harry Styles, beirando a reprovação. Depois de passar 2 meses estudando comigo, nós dois saímos ganhando. Eu ganhei a amizade de um dos caras mais cool do colégio inteiro, e ele conseguiu passar com um B+. Viu? Todos ganham.
  - Oi Harry. – disse revirando os olhos para o “Bella Margarida”.
  Ele abriu os braços e disse: “Dá um abraço no paizão aqui?”.
  Nós estávamos abraçados quando alguém passou e cutucou Harry. E não era um simples “alguém” era o alguém. Louis Tomlinson. O garoto mais popular da escola. Inglês, Deus do sexo. Eu não acreditava em Deus, ou em qualquer coisa desse tipo, mas Louis definitivamente tinha que ser algo a ver com um deles. Aqueles olhos incrivelmente azuis e os traços aristocratas que ele tinha o faziam parecer com uma divindade de sotaque sensual. Era só Louis Tomlinson falar que meus ovários já pareciam explodir. Mas é claro que ele nunca falava comigo, afinal, eu não era ninguém perto de Louis Tomlinson.
  - E aí, Lou. Beleza? – ah , esqueci de comentar? O Harry é melhor amigo do Louis. Com direito a apelido e tudo. Ai papai. Abana.
  - Beleza Hazza, e você? – eles se cumprimentaram. Era incrível a capacidade de Louis de fingir que eu não existia. Mas dessa vez eu não ia deixar passar.
  - Harry, eu vou indo. Tenho aula de inglês com a Caroline agora. A gente se fala depois, okay? Oi Louis! – disse, me preparando para ir embora quando vi Louis sorrindo e dizendo:
  - Oi Maria Isabella, como vai? – o som da voz de Louis dizendo meu nome inteiro quase me fez perdoá-lo por usar o que eu chamo de “nome proibido” (fala sério, quem dá o nome da filha de Maria Isabella, pelo amor do que vocês chamam de Deus!).
  - Ai, ai. Não, pelo amor de Deus, me chama de Bella. Okay? – Divindade acima de nós, daonde surgiu tamanha coragem? Eu costumo travar quando ele respira perto de mim, como eu estou falando com ele agora?
  Ele riu. Provavelmente a risada mais sexy do mundo.
  - Beleza. Bella. Porque a pressa? A gente tava só se conhecendo... – ai.meu.deus. Louis Tomlinson realmente falou isso? Tá certo isso, produção? – Você tem aula com a Caroline agora?
  - É... É, eu tenho aula com a Caroline. Por isso eu tenho que ir, sabe como ela é , né? – eu disse, meio sem graça. Já sentindo minhas bochechas começarem a queimar.
  - Ah, mas isso não é problema. Hazza pode cuidar da Caroline pra você, não é Harry? – Harry sorriu meio sem graça e abaixou a cabeça, resmungando alguma coisa que eu não entendi. Os boatos de que Harry Styles estava pegando a professora de inglês, Caroline Flack, estavam ficando cada vez mais sérios. Os dois tinham sido vistos por Garrett Jones semana passada dando maior amasso na sala de cartografia. Gente, ela tem idade pra ser mãe dele.
  - Ah, se for assim, então acho que não tem problema. – eles deram risada e eu me senti a garota mais sortuda do mundo por estar conversando com os garotos mais legais da escola quando percebi que Niall não estava por perto. “Estranho, ele estava bem atrás de mim quando Harry chegou, pra onde será que ele foi?” Mas naquele momento eu nem prestei muita atenção nisso, afinal, Louis Tomlinson estava, pela primeira vez na vida, falando comigo!
  O sinal bateu e eu corri pra aula de francês, depois de matar aula de inglês pra ficar conversando com Louis (respira, respira, respira) e Harry. Agora tinha certeza de que encontraria Niall lá, afinal, nossos horários eram juntos. E então poderia perguntar à ele aonde esteve.
  Mas Niall não estava lá. E eu comecei a ficar realmente preocupada. Aonde estava Niall? Por que ele havia sumido daquele jeito? O que tivera acontecido? E afinal de contas aonde estava Bailey? Não havia visto ela pela manhã inteira...
  A aula passou longa e demoradamente sem meu melhor amigo por perto. Até que finalmente o sinal tocou. Intervalo.
  Quando saí da sala, um tumulto enorme me surpreendeu. Eu nunca havia visto tanta gente se empurrando para ver qualquer coisa que seja que tivesse acontecido na escola. Simplesmente ninguém dava a mínima. Mas hoje, todos estavam lutando por um espaço livre para ver o que tinha acontecido. Meninas histéricas gritavam em todo lugar. Meninos cochichavam com olhares espantados. “Provavelmente o Justin Bieber veio visitar a escola.” Hello-ou, eu moro em Los Angeles, pertinho de Hollywood, é claro que eu já tinha visto e tirado fotos com váaarios famosos, mas nenhum deles nunca havia visitado minha escola. No meio do tumulto e da gritaria, avistei Liam.
  - Liam! Liam! Liam, aqui! – eu gritava, mas ele parecia não ouvir. – LIAM, CARAMBA, OLHA PRA MIM!
  - Nossa, grossa, o que foi? – ele disse. Harry bem atrás dele. Ah, é. Liam é super popular (mesmo sendo pobre) e provavelmente tem os meninos mais bonitos como melhores amigos. Tipo Louis Tomlinson assim. Acenei para Harry, que acenou educadamente de volta, e disse:
  - Você viu o Niall?
  - O quê? – as meninas gritavam mais alto ao nosso redor e eu amaldiçoei Justin Bieber ou qualquer outra celebridade que as estava fazendo gritar desse jeito.
  - Niall, meu amigo, você viu ele? NIALL! – gritei.
  - Ah, o loirinho? Ele tá ali do lado! – gritou de volta.
  Tentei dizer obrigado mas ele se perdeu no meio dos gritos das meninas. Eu tampei meus ouvidos e comecei a procurar por Niall. Logo o avistei, sentado num banquinho com Bailey, ambos protegendo os ouvidos. Bailey estava de pé em cima do banquinho, seu cabelo loiro branco rebelde e desajeitado debaixo de sua boina xadrez. Provavelmente tentava ver alguma coisa da celebridade que estava entrando na escola. Sem muito sucesso. Niall olhava para o chão como alguém muito incomodado. Pulei em seu colo.
  - Niaaaaaaaall ! Que susto você me deu! Porque não apareceu na aula de francês? Tá tudo bem? – ele sorriu e me abraçou.
  - B. me mandou uma mensagem dizendo para vir para o refeitório que estava acontecendo alguma coisa, e como vi você conversando com Louis, achei que você nem fosse ir na aula, então eu fui! Mas e aí, nos conte! – ele disse, se esforçando para fazer eu ouvi-lo através dos gritos.
  - Depois, deixa eu dar um abraço nessa cachorra aí em cima que nem me falou oi ainda.
  Subi no banquinho e pulei em Bailey, abraçando-a. Ela me reconheceu, gritou meu nome e me abraçou de volta, dando um lindo sorriso.
  - E aí, gata? Por onde andou? Que saudades que essa Bailey estava de você minha periquitinha! – nós duas gargalhamos e nos abraçamos de novo.
  - Me diz, o que tá acontecendo aqui? – perguntei pra ela.
  Niall se levantou também para prestar atenção no que estávamos falando.
  - Ah, nem te conto. Dizem que West Middle High vai receber a visita do filho mais novo do rei da Inglaterra! Sabe, aquele gato super sexy que a gente vê na TV? Dizem que ele tá aqui! Mas eu não consegui vê-lo ainda!
  - Você quer dizer o príncipe da Inglaterra, Bay? – Niall perguntou.
  - Isso! Ele mesmo!
  Minha mente logo procurou por fotos ou notícias recentes ou ao menos o nome do príncipe mais jovem da Inglaterra. Mas eu não conseguia pensar em nada. Talvez seja porque eu, ao invés de ficar pesquisando ou me importando com pessoas que nem sabem que eu existo como caras de bandas, atores famosos, jogadores de futebol ou príncipes, eu estou mais interessada em um só garoto. Louis Tomlinson. Nossa, eu não me canso de dizer o nome dele.
  O diretor da escola apareceu, o Sr. Morgan. E com isso os gritos foram cessando até que cessaram de vez. Aleluia irmãos, meus tímpanos agradecem. O diretor pediu a todos que se sentassem nas cadeiras preparadas no refeitório e eu, Bailey e Niall, como não tentamos nos meter lá no meio para ver o tal príncipe, conseguimos lugares bem na frente. Logo, o diretor começou a falar que estava muito orgulhoso de West Middle High, e que como todos já sabiam, o príncipe mais jovem da Inglaterra (ninguém fala o nome dele, caramba?) veio nos fazer uma visita e nos dizer algo muito importante e blá-blá-blá. Devo dizer que eu estava um pouco ansiosa para ver quem era esse tal príncipe. Bem, não só um pouco, mas bastante ansiosa. Mas nem tanto quanto Bailey. Enquanto nosso diretor dava ser discurso entediante, ela havia me contado 101 coisas sobre o que o príncipe tem feito esses últimos dias e etc e tal.
  - Não, e o melhor de tudo, é que ele está finalmente solteiro. – Bailey terminou junto com o Sr. Morgan. E a sala inteira prendeu a respiração quando ouviu o diretor dizer:
  - E é com grandessíssimo prazer que eu vos apresento, vossa majestade, o príncipe.
  E ele entrou na sala.
  E meu mundo parou.

Capítulo 3

  Ele era simplesmente a pessoa mais deslumbrante e linda que eu já havia visto. Seu nome me veio na cabeça no momento em que ele pisou na sala. Zayn. Esse era o nome dele. Eu já havia visto ele algumas vezes. (algumas não, muitas!). E, sim, eu tinha um recorte dele colado no meu armário. Seus olhos eram duvidosos e misteriosos. Às vezes castanhos, às vezes verdes. Seus cabelos eram negros e grossos, porém sedosos. O tipo de cabelo que eu daria tudo para passar a mão. Seus traços eram nobres e belos. Os lábios eram desenhados e rosados. A pele, morena. De um tom tão exato e perfeito que mataria metade do time da torcida de inveja. Ele era exuberante. Tão exótico com sua própria beleza distinta e tão fisicamente perfeito. Eu não conseguia achar defeitos nele. Seu corpo era atlético e forte. Dava para perceber que ele tinha todos os músculos definidos e seus ombros eram largos. As mãos eram delicadas, porém proporcionais à sua beleza rústica. Ele era deslumbrante. E eu simplesmente não conseguia parar de olhar para ele.
  Bem, eu e todas as meninas no recinto.
  Quando ele começou a falar o choque foi total. Sua voz era aveludada e totalmente sensual. Seu sotaque o fazia parecer uma divindade, um deus. Minha vontade era de fechar meus olhos e apreciar o som da voz dele. Era como veludo. Leve, mas forte e harmonioso. Tinha certeza de que se ele cantasse também seria perfeito. Agora eu sabia como era ouvir a voz dos anjos.
  - Obrigado por me receberem tão calorosamente. – disse Zayn. Um perfeito gentleman. – Muitos de vocês devem estar se perguntando o que eu vim fazer aqui na Califórnia. Bem, muitos não, eu diria que todos estão, não é mesmo? – o silêncio foi geral, todos estavam muito chocados para rir da piada. Zayn continuou. – Eu vim aqui, para cumprir uma missão que recebi de meu pai e que me deixa muito honrado. É uma honra vir para a Califórnia. E é uma honra ainda maior poder contar com todos vocês para me ajudarem com essa missão. Garanto à vocês que não é nada muito difícil. Porém, algo que traz muito prestígio ao meu país e à minha família. Eu, como membro da família real inglesa, tenho o prazer de informar que pelos próximos meses, e até que essa missão seja cumprida, meu novo endereço será Los Angeles, Califórnia. E é uma grande honra dizer que minha nova escola será a West Middle High California. – houve um rebuliço geral, meninas começaram a gritar e todos na sala começaram a aplaudir. E então Zayn olhou para mim. Foi o momento mais intenso de toda a minha vida. Quando olhei dentro daqueles olhos, foi como... foi como se já o conhecessem tão bem. Foi como se já pudesse descobrir o que estavam sentindo e quais eram suas emoções. Zayn me parecia... familiar. E pelo olhar que ele me deu, pela confusão em seus olhos, era como... como se ele me conhecesse também. Eu sei, eu sei. É loucura.
  Zayn balançou a cabeça como se estivesse se livrando de pensamentos ruins e disse:
  - Mais uma vez, obrigado à todos por me receberem aqui. Espero que tenhamos um bom ano juntos. Passo agora a palavra para meu assessor, Nick Taylor.
  Continuei encarando Zayn, quando ele passou a frente para seu assessor de imprensa, Nick, e ficou logo atrás, me encarando de volta algumas vezes.
  - Bem, como disse Zayn - (alguém disse o nome dele aleluia!) – a West Middle High vai ser seu novo colégio. A “missão” se é que podemos chamá-la assim, é sigilosa, como se trata de política, mas é claro que vocês, alunos do West Middle High vão poder estar por dentro de quase tudo o que pudermos contar. – houve um murmúrio de desaprovação na sala quando ele disse “sigilosa” – O endereço de Zayn é terminantemente sigiloso e ele será escoltado por uma equipe de segurança ao entrar e sair da escola, portanto meninas, nada de tentar planos escrúpulos. – pude ver Zayn revirar os olhos ao ouvir a frase “equipe de segurança”. Estava na cara que ele odiava tudo aquilo – Mais uma vez, obrigado á todos por nos receberem, e um bom ano.
  Nick Taylor se afastou e Zayn se foi com ele dando à mim um último olhar.
  Quando Zayn partiu, pareceu que eu estava sobre um feitiço que aquele feitiço fora retirado de mim. Amém.
  - Nooooossa. Ele. É. Perfeito! Gente, e ele vai estudar aqui! AAAAAAAAAAAAAAAAAAH ! Eu vou conhecer ele ! AAAAAAAAAAAH! Quem sabe ele não gosta de mim e me leva pra Inglaterra? AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Bailey foi gritando nos meus ouvidos até a sala, mas eu não conseguia esquecer o jeito que Zayn, o príncipe da Inglaterra, tinha olhado pra mim.
  O resto da aula passou rápido. E quando eu vi, já era hora de voltar para casa. Me despedi de Bay, que fez biquinho, mas me abraçou e me deu um beijo estalado na bochecha quando eu e Niall tivemos que ir.
  - Fala sério, ele nem é tão bonito assim. – Niall pôs o braço em volta dos meus ombros, me abraçando e eu abracei sua cintura.
  - Ah, não, magina. Do mesmo jeito que você não come demais Nialler. – ele insinuou responder, mas parou no meio do caminho e abaixou a cabeça e eu fui rindo dele até em casa.
  Quando chegamos, Niall me deu um beijo grande na bochecha e eu o beijei de volta.
  - Tchau neném! – disse, soprando-lhe um beijo. Ele sorriu, fingiu pegar o beijo no ar, e mandar um de volta.
  - Tchau princesa.
  Quando estava entrando em casa ouvi três pessoas gritando:
  - Bella Margaridaaaaa! Oooooi! – quando olhei, BUM! Meu coração parou. Louis Tomlinson, Harry Styles e, bem, meu irmão Liam Payne estavam sem camisa na minha frente. Não, o que fez meu coração parar não foi ver meu irmão sem camisa, mas sim, Louis sem camisa. Multiplica e abençoa senhor.
  - Oi meninos, o que fazem aqui? – perguntei. Abrindo a porta de casa.
  - Ah, seu irmão tava com medo de vir sozinho em casa, então a gente veio trazer ele. – Harry disse e Louis caiu na gargalhada.
  - Cala a boca, Hazza. – Liam disse, rindo um pouco também – Não foi nada disso, os meninos vieram aqui fazer trabalho.
  Minha vontade era de pegar Liam, chacoalhar ele e dizer: “Toda a minha vida eu fui apaixonada por Louis, e só agora, quando eu tenho 16 anos, estou acabada, meus pensamentos estão confusos, e eu estou parecendo um zumbi você me aparece com ele, sem camisa, dizendo que os garotos mais populares da escola inteira vieram na minha humilde residência fazer trabalho??????”. Mas ao mesmo tempo eu tinha vontade de agarrá-lo, beijá-lo e dizer “Eu te amo demais, maninho, você não tem noção.”. Sabe, ás vezes é ruim ter um irmão mais velho, porém as vezes, é a melhor coisa que poderia ter lhe acontecido.
  - Ah, que legal. – foi tudo o que eu pude dizer.
  Quando cheguei em casa, uma sucessão de fatos estranhos me assustou um pouco. Primeiro fato estranho do dia (em casa, sem falar na escola, né?): Quando cheguei, minha mãe estava parada na janela, espiando pela cortina, como quem se esconde de alguma coisa. Segundo: ela quase teve um infarto quando eu entrei gritando “OI MÃE! CHEGUEI!”. Terceiro: ela estava com a foto de alguém na mão, apertando bastante. Não cheguei a ver quem era, pois logo quando eu entrei, ela socou a foto no bolso e me abraçou.
  - Oi querida, como foi seu dia?
  - Bem. – respondi rápido demais. Oh-ou. Problemas.
  - Por que? Aconteceu alguma coisa? Tem alguma coisa que você queira me contar? – ela me bombardeou com perguntas que eu não entendi. Mal sabia eu que eu não queria entender.
  - Nossa, mãe. Você viu o que está dizendo? Te falei que estou bem e você me perguntou “Por que?”. – dei risada para aliviar a tensão. Mas não aliviou, porque logo que Liam, Louis e Harry entraram em casa (depois de todos se cumprimentarem), Liam gritou:
  - Noooooossa, mãe, você não tem noção do que aconteceu hoje! Você não acredita quem vai estudar com a gente? O principezinho da Inglaterra, aquele moleque lá... Como é o nome dele Bells? – Liam perguntou enquanto Harry pegava um biscoito recém-feito.
  - Zayn. – respondi, também me levantando para pegar um biscoito quando percebi que Louis me observava. Logo fiquei vermelha. A coisa ruim de ficar vermelha é que nunca se fica de um jeito bonito, como a gente vê acontecer nos livros. Quando eu fico vermelha, não fico parecendo uma bonequinha corada e sim um pimentão vermelho. Ódio.
  Estava tão concentrada em não ficar vermelha pois Louis estava me olhando que quase não percebi o rosto de minha mãe ficar sombrio quando eu disse o nome de Zayn. Mas Debbie foi mais rápida e logo já deu um sorriso.
  - É eu... Fiquei sabendo. – ela disse, se virando de costas.
  O mistério por trás da resposta de minha mãe foi notado só por mim e por Harry, que franziu as sobrancelhas como se tentasse entender o porquê daquela resposta amarga. Bem, ele não era o único.
  Depois disso, o dia passou rapidamente, tão rápido que assustei quando olhei no relógio e já eram onze e meia da noite. Me enfiei debaixo das cobertas, e logo caí num sono profundo. Á noite, sonhei. Sonhei com um menino de olhos misteriosos, que segurava minha mão, e com outro menino de olhos azuis e traços aristocratas chorando. Eu não suportava vê-lo chorar, mas... O que eu poderia fazer, se meu coração gritava pelo menino segurando minha mão? Quando acordei, haviam lágrimas em meu travesseiro.

Capítulo 4

  Acordei no dia seguinte como de costume. Com um travesseiro na minha cabeça e uma voz dizendo:
  - Vamos, margarida. Tá na hora. – mas antes que ele pudesse ir eu o chamei.
  – Liam! Volta aqui, eu... Preciso conversar com você. – ele escalou minha cama, e eu me sentei para que ele pudesse se sentar ao meu lado. Quando ele se sentou, eu me deitei em seu colo, esperando que ele se lembrasse de quando eu era criança e ele fazia isso para me acalmar depois de um pesadelo. Ele começou a brincar com meus cabelos cor-de-fogo, o que significava que ele se lembrava. Liam sempre dissera que a coisa que ele mais gostava em mim eram meus cabelos ruivos vermelho-escuro. Ele sempre me chamava de coisas do tipo “fósforo”, “vermelha” e “farol de trânsito”, mas eu sabia que ele gostava. A coisa que eu mais gostava em Liam, era que ele não tinha nenhuma vantagem física em relação às outras pessoas, ele tinha cabelos castanhos, olhos castanhos doces, e boca pequena, porém de um tom rosado que eu invejava. Porém, Liam era extremamente bonito. Ele era magro, esguio, mas imponente e elegante. Ele não tinha a cor de pele mais bonita do mundo, mas era incrível como a cor de pele dele o favorecia demais. Eu achava Liam a coisa mais linda.
  – Liam, você sempre me ajudou. Sempre mesmo. Mesmo eu sendo uma idiota na maioria das vezes.
  – Ah, isso é verdade, você é uma idiota. – Liam disse, o que me fez sorrir.
  – Mas, eu preciso te perguntar uma coisa. Você nunca quis conhecer o papai? Nunca teve vontade de saber como ele era nem como ele se parecia? – outro fato sobre a minha família. Nós nunca falávamos sobre o meu pai. Era o chamado “o assunto proibido”. E de um certo modo, Liam nunca demonstrou carinho pelo meu pai, nem se quer curiosidade sobre ele.
  – Eu conheci ele. Você também. – ele respondeu, friamente.
  – Liam, eu falo sério. Nunca quis saber nada sobre ele? Nunca teve vontade, ou curiosidade?
  Ele parou de brincar com meus cabelos e me olhou nos olhos. Aqueles olhos castanhos pareciam atravessar minha alma e olhar dentro do meu coração. Olhos que me conheciam. Me olhando igual Zayn me olhou ontem. Woah, o que foi isso?
  – Bella, ele nos deixou quando mais precisávamos dele. Não quero saber nada sobre ele. Ele não merece.
  – Mamãe disse que ele foi pra guerra. Nós sabemos que ele foi Liam. E ele não foi embora, ele morreu. Você sabe disso.
  Os olhos de Liam se encheram de lágrimas. Isso me assustou, e muito. Eu nunca, em toda a minha vida, havia visto Liam chorar. Era sempre minha mãe que chorava. Nós dois crescemos assim. Aprendemos desde cedo que não devíamos chorar. Eu nunca chorava. Assim como Liam.
  – Liam, você... Está chorando... – eu não tinha palavras. Não sabia o que fazer. Como não aprendi a chorar, nunca tive que aprender a consolar alguém que chora, isso sempre fora trabalho do Liam.
  – Acha que eu nunca quis saber o nome dele? Acha que eu não me importo com ele? Que eu nunca imaginei o rosto dele? Acha que eu nunca me odiei por não conseguir lembrar o rosto do meu próprio pai? – as lágrimas escorriam pelo rosto dele.
  – Não, Liam. Não acho nada disso. Me desculpa, Liam. Não é sua culpa, você era um bebê! – só aí percebi que eu também chorava. Era a primeira vez que um via ao outro chorar. Ele me abraçou forte, sussurrando “eu sei, me desculpa, eu sei, me desculpa” no meu ouvido e eu não conseguia parar de chorar.
  Depois que tudo aquilo passou, eu me troquei e nós dois saímos para ir para a escola. Okay, esse era meu último dia como pessoa normal e eu não tinha a mínima noção disso.
  - GATONA! – ouvi um sotaque irlandês chamar e logo abri um sorriso enorme. Depois de tudo aquilo com Liam, os estávamos bem mais próximos, mas Liam nunca seria tão próximo de mim como Niall.
  Larguei a mochila no chão e corri para o abraço mais apertado do mundo, mas também o mais gostoso.
  – Niaaaaaall! Tá. Me. Sufocando! – gargalhei quando ele me soltou. Meu ursinho bobão. Esse era Niall.
  – Me diga, o que está te preocupando, princesa? – Viu? Eu falei que Niall me conhecia como ninguém. Nem minha própria mãe me conhecia como Niall. Esse era o dom dele. Entender as pessoas (eu) como ninguém.
  Contei à ele tudo o que estava me preocupando. Tudo o que aconteceu com o Liam, meu sonho, e tudo mais.
  – É, parece que esse inglês afetou você seriamente. Quero dizer, você até sonhou com ele. Uau! Que poção que esse cara toma hein? – Niall apontou em direção à um mar de garotas formando uma roda com Zayn no meio delas, dando autógrafos, tirando fotos e fôlegos das menininhas de West Middle High. – Não sei o que é, mas eu quero também!
  Nós dois saímos dando risada. Quando cheguei no meu armário, como sempre Harry Styles estava lá. Mas dessa vez ele não estava sozinho.
  – Oi Harry, ou Louis. Tudo bem com vocês? – Louis também estava lá. (respira, respira, respira)
  Louis fez um dramazinho, colocando a mão sobre o coração e uma cara de dor falando:
  – Louis, dói! Me chama de Lou, gatinha. – AAAAAAAAAAAH , LOUIS ME CHAMOU DE GATINHA. Você filmou isso, produção?
  Dei risada sem graça, com medo que ele percebesse que eu estava gritando por dentro.
  – E aí Nialler? Beleza cara? – Harry cumprimentou Niall e eles começaram a conversar intimamente, de uma modo que eu me senti traída e Louis, abandonado. Mas isso não abateu o rei da beleza, ele se virou pra mim como um perfeito gentleman e me ofereceu o braço, como Jack Dawson para Rose DeWitt Buckater.
  – Me acompanha, senhorita? Te levarei até sua sala de aula. – eu ri, corando ferozmente, e tomei o braço dele. Nós caminhamos e conversamos normalmente como senhor e senhorita nos anos 20 pela escola até que chegamos na frente da minha sala de aula. E quando chegamos lá, meu mundo explodiu. Louis colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, como nos filmes, e me deu um beijo na bochecha. Eu simplesmente não conseguia respirar. Ele era uma pessoa incrível, além de ser lindo. Eu não tinha como não estar loucamente apaixonada por ele.
  – Até mais, Bella Margarida, te vejo depois. – e foi embora. E eu ainda não conseguia respirar. E eu ainda não conseguia acreditar no que tinha acontecido. E eu ainda queria que ele voltasse. E eu ainda... Ah, tá bom, parei.
  Tudo estava perfeito. O lugar onde Louis tinha beijado ainda latejava e queimava, a mecha do meu cabelo que ele tinha mexido ainda estava do jeitinho que ele deixou. Mas, por algum motivo sobrenatural, tudo estava prestes à se transformar num pesadelo. Porque a próxima coisa que eu ouvi foi:
  – Atenção, Maria Isabella Payne, favor se dirigir à sala do diretor.
  E então eu pensei: Fudeu.

Capítulo 5

  Enquanto me dirigia para a sala do diretor repassei mentalmente todas as merdas que tinha feito desde... bem desde ontem! Afinal, ontem foi meu primeiro dia de aula depois do verão! Pelo amor de Deus! Se é que ele existe. Essa sou eu, falo “pelo amor de Deus” mesmo não sendo católica ou se quer acreditando em Deus. A única coisa que eu tinha feito de errado era... Ah,merda! Matei aula da Caroline pra ficar com Louis e Harry! Aquela vaca. Mas quando cheguei lá percebi que a merda era bem maior. Pois minha mãe estava lá. E Zayn Mailk também? WTF é isso produção?
  Cheguei e percebi que Zayn estava de pé e me observava. Só agora percebia como ele parecia triste e cansado debaixo de toda aquela beleza exuberante dele. Nick Taylor estava sentado na poltrona ao lado dele. Nick era um homem corpulento, de cabelos negros, porém ficando grisalhos, e muito bonito. Tinha a impressão de estar beirando os 50, mas muito bem conservado. Com certeza devia ter sido um homem bonito quando mais jovem. Como diria Bailey, um tiozão.
  Minha mãe me olhava com um olhar tristonho, e só agora percebi que Liam estava lá, sentado. Tá, bom, agora eu não entendi nada. Alguém me explica, produção?
  – Hum, olá? – falei, todos na sala se mexeram desconfortáveis, menos Zayn, que me observava intensamente.
  – Olá, Maria Isabella, que bom que veio rápido. – Nick Taylor foi o primeiro a falar. Ele se levantou e estendeu a mão. – Prazer em conhecê-la, senhorita, meu nome é Nick Taylor.
  Eu peguei na mão dele esperando por apertá-la, mas ele pegou minha mão e a levou aos lábios, dando um beijo. Tá, isso foi chocante. Acho que é o jeito inglês de cumprimentar. Mim gostar. Sorri desajeitadamente para ele. Mas ainda queria saber o porquê de todas aquelas pessoas estarem ali reunidas.
  – Tá, pode falar. Fiz alguma merda? – disse e todos sorriram, menos Zayn. Putz, pense num menino sem senso de humor. Ou senso de nada, né?
  – Claro que não criança, só precisamos tratar de um assunto com você. Um assunto muito, muito importante. E é particular. – Nick disse, apertando meus ombros.
  – Então, porque minha mãe e meu irmão estão aqui também? – perguntei, desconfiada.
  Nick riu e disse:
  – Oras, porque digamos que esse é um assunto... Da família. – minha mãe virou a cara e resmungou alguma coisa. – Porque não se senta? Zayn...
  Nick me sentou num sofá e Zayn (pela primeira vez desde quando eu entrei na sala) se moveu e se sentou ao meu lado fazendo uma careta de quem está um tanto quanto entediado. Agora eu via como ele parecia arrogante.
  O assessor de imprensa se sentou em nossa frente, junto com o Sr. Morgan, que me encarava com os olhos arregalados.
  – Tá, podem me falar o que está acontecendo agora. – disse, incomodada com o fato de ninguém ter me contado nada. Eu estava muito, mas muito nervosa.
  – Ah, Nick, isso é mesmo necessário? – Debbie falou. Ela parecia desesperada. – Eu tenho medo de como ela vai lidar com tudo isso.
  – Relaxa, Deb, pode deixar comigo. – O fato de que Nick Taylor tinha acabado de chamar minha mãe pelo seu apelido mais íntimo me deixou, ao mesmo tempo, nervosa, assustada e curiosa.
  – O que está havendo? – perguntei. Olhando para Liam, em desespero. Liam só desviou o olhar e seu rosto demonstrava que ele estava aflito.
  – O que está havendo, senhorita, é que você não é quem você pensa que é.
  A sala inteira parecia não respirar. Minha mãe desviava o olhar toda vez que eu a encarava, assim como Liam. O Sr. Morgan continuava a me encarar com seus olhos arregalados, como se não acreditasse em alguma coisa. Nick me observava cuidadosamente. Como um pai preocupado. E Zayn simplesmente encostou a cabeça no sofá e fechou os olhos, como quem descansa de um dia muito exaustivo. Tive pena dele. Devia ser difícil.
  – C-Como assim? – perguntei, assustada.
  – Me diga, Maria Isabella, o que sabe sobre você mesmo? – perguntou Nick.
  – Hum, eu me chamo Maria Isabella Payne, eu tenho 16 anos. Moro em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos. Meu irmão se chama Liam James Payne. Minha mãe, Deborah Kaleah Ginger Payne. Meu pai se chamava... Eu... Eu não sei como meu pai se chamava.
  – Seu pai se chamava Edward James Payne, Maria Isabella. – Nick me interrompeu. Pude ver os olhos de minha mãe se enchendo de lágrimas e ela se virando de costas para mim, enquanto Liam tentava pegar em sua mão para acalmá-la. Isso Liam, você sempre fez isso por mim. O choque em mim foi inevitável. Finalmente saber o nome de meu pai. Depois de 16 anos. E pela boca de um completo estranho. Edward James Payne. Que nome bonito, pai. Que orgulho. Meu pai tinha o nome mais bonito do mundo. Senti o nó na garganta começar a se formar, mas forcei as lágrimas a continuarem onde estavam, pois, como já disse, eu nunca choro. – Por favor, continue.
  – Eu... Eu estudo na West Middle High School California. Eu nasci no dia 30 de maio de 1995. Eu trabalho... Meu sonho é ir para Paris, morar em Paris. Meu melhor amigo se chama Niall Horan e eu... Não sei mais nada sobre mim... – não conseguia falar mais nada. Simplesmente, os fatos e histórias sobre mim desapareceram da minha cabeça.
  – O fato de que é uma princesa não faz parte disso? – Nick perguntou. Não consegui não dar uma gargalhada. Princesa? Aquelas pessoas estavam zuando com a minha cara? O que é isso, produção? Enquanto gargalhava, pude ver que Zayn olhava para mim, com a cabeça ainda recostada no sofá e esboçava um sorriso. Logo que me viu observando-o, ele fechou os olhos novamente e voltou a ficar sério.
  – Desculpa, o que? – tive que perguntar. Não conseguia parar de rir. Princesa? Isso era sério?
  – Você é uma princesa, Maria Isabella. – ri ainda mais alto e percebi que Liam me olhava com certa preocupação, assim como minha mãe, Nick, Sr. Morgan... Menos Zayn, que continuava com aquele meio-sorrisinho sedutor.
  – Bem, obrigada.- fiz menção de quem segura o vestido e abaixa-se, como as princesas de filmes fazem. Ninguém entendeu a piada e eu comecei a me preocupar de que eles não estivessem brincando. Aos poucos, a graça foi acabando e eu percebi que eles falavam sério. – Desculpa mas, isso é sério?
  – Sérissimo. Não estamos brincando Maria Isabella. – O Sr. Morgan disse de um jeito desaprovador.
  – Quero dizer, eu não posso ser uma princesa. Eu, eu sou pobre. Desculpa mãe, mas é verdade. E minha mãe não é rainha! – disse.
  – Tem razão. De tudo o que disse. Sua mãe não é rainha. Seu pai é. Ou era. – Nick disse. – Edward James Payne era o filho mais velho de Charles James Payne II, rei de BrokenHood. Quando ele morreu, Charles decidiu dar a coroa para seu filho mais novo, Henry. Porém, agora, está na hora de Henry passar a coroa à diante. Mas, há um problema. A Inglaterra está em guerra com BrokenHood há séculos. 3 deles, para ser mais exato. E BrokenHood é muito tradicional para um acordo político. A Rainha já havia tentado isso antes, sem sucesso é claro. Os prejuízos para ambos os lados nessa guerra são enormes, sem falar na perda de mais de 30.000 pessoas durante esse combate. Posso continuar, está se sentindo bem?
  – Não pare. Estou bem – disse. É claro que eu não estava bem. Não conseguia assimilar tudo aquilo. Então toda a minha vida, tudo o que vivi, tudo o que passei, tudo o que aprendi... Era mentira? Nick continuou.
  – Pois muito bem. Com todas essas perdas e essas mortes, a Inglaterra decidiu acabar com isso. Mas ela não pode parar uma guerra sozinha. Ambos tem que parar. E então a decisão estava tomada, ambos, tanto BrokenHood quando a Inglaterra estavam decididas a parar, mas como, sendo que a constituição de BrokenHood não aceita termos políticos? À dezesseis anos atrás, seu pai, Edward, tinha esse problema nas mãos. Depois de muito debater, e considerar, Edward decidiu que o melhor a se fazer era que um de seus herdeiros se casasse com um dos herdeiros de William Malik, o sucessor do trono da Inglaterra. E no dia 12 de janeiro, Kate deu a luz a seu único filho, Zayn. O que coincidiu com o posterior nascimento de Liam, dois anos depois. Mas é claro que Liam não poderia se casar com Zayn, então Edward tinha outro problema nas mãos. Ele estava quase desistindo de seu plano inicial quando recebeu uma notícia. Sua mulher estava grávida novamente. – Nick fez uma pequena pausa para olhar para Debbie, que ainda chorava. Percebi que Zayn agora estava completamente despertado e olhava atentamente de mim a Nick, como se medisse minhas reações. Nick abraçou Debbie pelos ombros e lhe limpou as lágrimas. – E em maio de 1995 você nasceu. A esperança de que todos precisavam. A luz no fim do túnel. A nossa solução. William e Edward assinaram papéis e apertaram as mãos para firmar a salvação da Inglaterra e de BrokenHood.
  – O meu casamento. – finalizei por ele. Eu não conseguia acreditar. Tudo o que pensei sobre meu pai, tudo aquilo. Tudo o que tinha vivido. Era mentira. Eu nem sabia que eu mesma era! Nem me conhecia. Percebi que todos ali eram estranhos. Até minha própria mãe e próprio irmão eram estranhos. Não conhecia ninguém ali, não confiava em ninguém.
  – Porque eu nunca ouvi falar da guerra de BrokenHood e Inglaterra antes? – eu já havia ouvido falar de BrokenHood antes, havia estudado sua história. Sabia que eles eram uma nação independente e estavam fora de qualquer mercado, relação ou economia internacional. Eles tinham seu próprio mercado, própria economia e eram à par do resto do mundo. Completos antissociais. Não gostava deles. Achava-os arrogantes. E agora eu, subitamente, havia me tornado a princesa deles. Não fazia sentido.
  – A guerra é em sigilo para não atrair a mídia e a imprensa. E também porque é puramente política. BrokenHood é digamos muito... Tradicional. Eles tratam tudo em sigilo. É por isso que você nunca soube de nada. É por isso que você nunca ouviu falar de BrokenHood. Você talvez já deva ter ouvido a história da “princesa perdida de BrokenHood”, não é mesmo Isabella? – Nick disse e eu instantaneamente me lembrei de uma história contada pelo meu professor de história sobre a princesa de BrokenHood que simplesmente sumiu de seu berço no meio da noite junto com seu irmão e a rainha. Por vários e vários anos, a nação é inteira iluminada por velas no dia 02 de fevereiro em homenagem à “princesa perdida” e existe uma oração dedicada só à essa princesa na religião dos “brokaneiros” como eram chamados. Oh.meu.deus. Agora tudo fazia sentido. Era por isso que minha mãe me criou sem uma religião! É por isso que eu não acredito em Deus!
  – Sim, eu já... Ouvi falar. – disse. Sem querer acreditar que eu aprendi minha própria lenda sem saber que se tratava de mim!
  – Pois bem, agora pode ter certeza de que ela é verdadeira. Sua mãe fugiu com seu irmão e com você na calada da noite e veio para os Estados Unidos com a ajuda de Henry e sua esposa, a jovem Laura. Só a família real sabe que você, na verdade, não foi sequestrada, e sim levada embora em segurança para ser criada sem a pressão da guerra que ainda há por lá. Sua mãe se recusou a viver com vocês dois por lá e ela estava coberta de razão. É você Isabella. Você é a princesa perdida.
  – E por isso eu tenho que me casar com ele? – apontei para Zayn. Que reagiu, levantando a cabeça (que estava mergulhada em suas mãos).
  – Sim, eu receio que sim. – Nick disse.
  – Quando? – silêncio. Nick não respondeu.
  – Quando Nick? – perguntei de novo.
  – Nick, fala de uma vez. – Era a primeira vez que eu ouvia a voz de Zayn, o que me chocou bastante. Deus, eu tinha esquecido como a voz dele era sexy. Mas ela não estava mais do jeito que eu a ouvi pela primeira vez. Estava triste, cansada, acabada. Porém, sexy.
  – Em 9 meses. Temos que estar em Londres em 6 meses. O casamento já está sendo todo programado e você não vai ter que se preocupar com nada.
  Tá, aquilo era demais. Eu não conseguia ficar mais nenhum minuto naquela sala ou ia explodir. Saber que minha vida inteira tinha sido uma mentira? E que agora... AH!
  6 MESES? 6 MESES? EU NUNCA TINHA SE QUER NAMORADO UM GAROTO. NEM AO MENOS BEIJADO UM GAROTO QUE NÃO FOSSE NIALL E EU TERIA QUE ME CASAR EM 9 MESES? PELO AMOR DE DEUS EU TINHA 16 ANOS! 16! NÃO PODIA ME CASAR! E não ia me casar. Não com alguém que eu não amava. Não com alguém que mal conhecia! Não com 16 anos! Não! Não!
  – Vocês me dão licença. – e saí correndo. Minha vontade era nunca mais voltar. As lágrimas escorriam e eu não conseguia contê-las. Não conseguia pensar. Não conseguia enxergar. Não conseguia sentir nada a não ser a dor que sentia em meu peito por ter a liberdade roubada. Por ter a vida roubada. Sabia que tinha alguém correndo atrás de mim. Eu podia ouvi-lo. Talvez Liam. Talvez Debbie. Não me importava. Não me interessava. Eu só queria sair dali. Atravessei o portão da escola, mas continuei correndo. Correr era bom. Me acalmava. Precisava do mar. Precisava sentir o mar. Corri pelas ruas sem me importar com o que as pessoas pensavam. Até que o avistei. O mar. Lindo e sombrio como sempre. Continuei correndo, sentindo minhas pernas gritando contra o excesso de força que eu estava fazendo sobre elas. Atravessei a praia, o mar estava próximo. Na hora, nem pensei que eu não sabia nadar. Só pensei em fugir de tudo aquilo. Quando a maré atingiu meus pés eu não parei. Não sentia medo, pela primeira vez na vida. Não me sentia apavorada. A água já batia em meus joelhos. Não parei. Atingiu a cintura. Não parei. Minhas pernas não aguentavam mais o peso e a força que eu estava fazendo para andar dentro da água. Me soltei e deixei a água salgada do mar se misturar com minhas lágrimas também salgadas. A água invadiu meus ouvidos abalando meus sentidos e eu me senti afundando. Aquilo era bom. A água afastava tudo de ruim que tinha acontecido. Parecia que tudo o que me machucava tinha permanecido na superfície e que não restava mais nada de tudo aquilo. Até que percebi que eu estava bem no fundo. E não havia ar ali. E eu não respirava mais. Eu precisava respirar. Meus pulmões gritavam por ar que não existia ali aonde eu estava. Olhei para a superfície. Ela parecia estar tão longe. Meus olhos começaram a fechar. Eu não tinha mais força para me debater. Parecia que a cada segundo que passava, eu era arrastada mais para o fundo... fundo... fundo... Meus olhos se fecharam e a ultima coisa que eu vi foi um vulto me pegando pela cintura.

Capítulo 6

  – ACORDA! ACORDA MENINA!Por favor, fala que você não morreu! – ouvi uma voz dizendo. Dizendo, não. Gritando. – ACORDA! VAI, ACORDA POR FAVOR!
  Estava com tanto sono. Queria dormir. Me sentia cansada. Me deixa dormir, pensava. Pára de gritar. Me deixa dormir. Vá embora. Mas a pessoa não parava.
  – ACORDA! Vamos, acorde! – a pessoa me dava leve tapas na cara, na esperança que eu acordasse, mas eu queria dormir.
  Me deixa dormir, me deixa dormir.
  – VOCÊ NÃO VAI MORRER! Não morra!
  Me deixa dormir, me deixa... Senti um par de mãos pressionando meus pulmões e comecei a tossir a água dentro de mim. Só aí lembrei de tudo o que tinha acontecido. Que eu tinha me afogado. Que eu tinha tentado me matar. Comecei a tossir e pude sentir a pessoa se aliviando. Mas ainda não conseguia ver quem era, a minha visão estava toda embaçada.
  – POR QUE DIABOS FEZ ISSO? VOCÊ É LOUCA? TAVA TENTANDO SE MATAR? – um sotaque forte inglês perguntou. “Putz, que voz sexy hein amigo?”, pensei. PÉRA AÍ!? Voz sexy? Só pode ser...
  – Zayn, o que tá fazendo aqui? – perguntei a ele.
  – Eu vim te salvar, oras. Não que eu tenha gostado da experiência. Você é louca? Por que fez aquilo? – ele perguntou. Suas roupas todas encharcadas e o cabelo grudado no rosto. Eu não sabia o que responder à ele. Nem eu sabia porque tinha feito aquilo.
  – Eu... Não sei.
  – Bem, de qualquer jeito, não importa mais. Meu trabalho tá feito. – Ele se levantou, ajeitou as roupas encharcadas, e estendeu a mão. – Você vem, Maria Isabella?
Peguei a mão dele e disse:
  – Só Bella, por favor.
  – Claro, só Bella, você me agradece depois. – ele disse. Arrogante. Mas me fez sorrir.
  – Obrigada. Sério, de verdade. – disse, olhando dentro dos olhos dele. A química entre mim e ele me fez arrepiar. Ele era bem mais alto que eu, mas eu sabia que meu olhar era bem mais superior que o dele.
  – Só fiz o que qualquer um faria. – ele deu de ombros. Virou-se e saiu andando. Só aí percebi que eu parecia um monstro. Meu cabelo tava todo emaranhado e parecendo um ninho de rato cheio de areia, minha costa inteira estava cheia de areia. Meu rímel e delineador haviam borrado, e eu estava parecendo a guriazinha de “O Grito”. Credo. Fora que eu estava encharcada.
  – Ei, suicida, você vem ou não? – Zayn chamou de novo. O que me pegou de surpresa, pois achei que ele fosse seguir sozinho.
  Ele estava com a mão estendida, como se eu fosse pegar para andar de mãos dadas com ele. Pensei e decidi seguir com ele, seria mais seguro e no caminho eu teria a chance de agradecer mais algumas vezes. Quando nossas mãos se tocaram, a ligação foi instantânea, e eu percebi que ele também sentiu. Pois no momento que eu encostei minha mão na dele, ele olhou para a própria mão como se tivesse levado um choque e depois me olhou com os olhos verdes (hoje estavam verdes) confusos. Ele tirou a mão da minha, como se meu toque o queimasse, colocou a mão no bolso e se virou de costas para mim. Arrogante, como eu tinha dito. Louis nunca faria isso com uma garota. Nossa, que egoísta eu. O menino tinha acabado de salvar minha vida, né?
  Dei uma leve corridinha para alcançá-lo e segui ao seu lado. Nenhum dos dois falou nada quase pelo caminho inteiro. Até que quando estávamos quase chegando à escola ele se virou para o sentido contrário que estávamos andando e resmungou: “De novo, não.” Percebi que ele falava sobre um bando de garotas que corriam em direção à nós dois, provavelmente tentando agarrá-lo ou tirar um pedaço dele, vai saber. E dessa vez, quemfoi o salva-vidas? Eu, óbvio. Peguei-o pelo braço e saí correndo em direção á única entrada “secreta” da escola, o portão de descarga.
  – Por aqui, elas não sabem que esse lugar existe. – Zayn ainda tinha um olhar apavorado no rosto, que o deixava engraçadinho e fofo. O que, obviamente, me fez sorrir.
  – E você sabe como? – ele disse, quando percebeu que eu estava sorrindo, reclamou – Por que, diabos, você está sorrindo assim pra mim?
  – Você fica engraçado quando tá com medo. Sabia disso?
  – Eu não to com medo. – ele disse. Orgulhoso, o que me fez sorrir ainda mais. Ele era realmente uma gracinha.
  – Tá bom, machão, vamos entrar. – abri o portão com cuidado para não fazer muito barulho e entramos no colégio.
  – Como você sabe desse lugar? – ele perguntou e eu ri com a minha própria resposta.
  – Eu costumava sair por aqui quando matava aula com Niall. – pelo canto dos olhos pude ver Zayn abrindo um sorriso enorme.
  – Uma princesinha que mata aula, hein? Que feio... – eu fui dando risada até a sala do diretor. Quando chegamos lá, as almas presentes só faltaram convocar o papa pra ver se estávamos bem.
  – Você tá bem? Não se machucou? Está ferida? Precisa ir para o hospital? O que aconteceu com vocês? Por que estão todos molhados? O que você foi fazer no mar, Maria Isabella? Você sabe nadar, por acaso? Você agradeceu ao Zayn? Ele está ferido? Precisam de alguma coisa? – foi algumas das milhares de perguntas que minha mãe me fez quando chegamos. Olhei para Zayn e vi que Nick o atormentava do mesmo jeitinho, e dei risada quando Zayn olhou para mim e revirou os olhos, como quem diz “Ninguém merece...”. Percebi que Nick era mais pai de Zayn do que William, seu verdadeiro pai. Percebi também, como Zayn parecia se sentir à vontade com Nick por perto.
  – Calma gente, eu estava correndo, acidentalmente fui parar no mar. As ondas quebraram sobre mim e eu perdi os sentidos, graças à Deus que Zayn estava lá para me salvar. Ele entrou na água e me salvou. Foi isso. – olhei para Zayn esperando que ele percebesse que eu estava omitindo a parte que eu “tentei me matar” de propósito e não acidentalmente. Nick percebeu que Zayn parecia confuso e não deixou passar.
  – Foi isso mesmo? – perguntou à Zayn, que olhou pra mim e disse:
  – É, foi basicamente isso.
  – Basicamente? – Nick perguntou de novo. Ele olhava atentamente de mim para Zayn, como um policial interrogando dois jovens sobre maconha.
  – Ah, ela não contou que... – ele olhou pra mim e eu fiz vários sinais de “não, não, pelo amor de Deus, minha mãe vai ter um ataque!” e dei um dos meus “olhares mortais” como diria Liam. – Que ela é muito pesada e pra subir ela da superfície demorou um século. – ah legal, ele estava só tirando o sarro da minha cara. De novo.
  As pessoas na sala pareceram respirar mais aliviadamente, inclusive eu e Zayn, mas o olhar de Nick caiu sobre mim e quando olhei de volta, percebi que ele não tinha caído na conversa afiada de Zayn sobre eu ser pesada. Mas que percebeu que eu não queria que contasse o que realmente tinha acontecido. Bom, ele estava totalmente certo. Totalmente mesmo, porque eu não era pesada mesmo. Todo mundo dizia isso.
  – Bom, nós vamos embora. Bella Maria tem que se trocar, e temos muito que conversar. – minha mãe disse. E eu me apavorei quando ouvi “temos muito que conversar”. Aquela conversa de casamento já me deixava enjoada só de pensar.
  Depois de chegar em casa e ouvir todas aquelas perguntas de novo, me senti meio enjoada quando minha mãe disse:
  – E então? Muito difícil de aceitar tudo isso?
  – Difícil é aceitar que você nunca me contou tudo isso, mãe. – respondi, encarando-a.
  Ela respirou fundo e desviou o olhar. Eu sabia como ela odiava me encarar. Ela dizia que meus olhos “a penetravam”.
  – Sente-se aqui, Isabella. Vamos ter uma longa conversa. – ela disse, sentando-se no sofá e fazendo sinal para que eu me sentasse também.
  – Ah, vamos mesmo.

Capítulo 7

  Zayn narrando.
  Tá. Vamos lá. Por onde eu começo? Nunca fiz isso antes. Digo, narrar minha história para alguém. Até porque seria somente uma sequência de coisas chatas e entediantes que nenhum (repito: nenhum) de vocês gostaria de ouvir. Sabe, ao contrário do que todo mundo pensa, ser príncipe é um saco. Por que? Bem, deixa eu pensar... Ah, é. Por tudo.
  Não que eu não goste dos meus pais, ou nada assim. Não que eu fosse querer nascer diferente ou qualquer coisa do tipo. Eu gosto da minha família. Gosto mesmo. Só que, às vezes, fazer parte da família real enche (e muito) o saco. Primeiro: você tem que usar terno TODOS os dias da semana. Repito, TODOS os dias da semana. Segundo: nenhuma menina gata o suficiente gosta de você por quem você é, e sim pela sua grana ou pelo seu rostinho bonito. O que é uma merda, porque isso significa que ou você casa com uma maria-chuteira ou você casa com uma baranga. Ou você tem azar suficiente para ser como eu e ter um casamento arranjado antes mesmo de nascer. Com uma menina que você nem conhece e... Bem, ela não era tão ruim. Aliás, não era de nada ruim. Achei ela bonita desde o primeiro momento que a vi (aha! Mentira, porque o primeiro momento que a vi foi quando eu tinha 1 ano e meio de idade e nem, ao menos, sabia o meu nome), ou segundo. Sei lá, ela era tão... Diferente. E única. Nada daquilo que estávamos acostumados a ver. O cabelo dela era maneiro. Tipo, bem maneiro. Eu gostei. Era de uma cor de vermelho que você duvida que seja real. Bem, ELA é o tipo de garota que você duvida que seja real. E além de eu gostar (e muito) do cabelo dela, tinha os olhos. Aqueles olhos castanhos chocolate que eu me perdia. Sério, todas as garotas morreriam para ter olhos azuis, mas o que quase nenhuma sabe é que são os castanhos que a gente mais gosta. Os olhos dela... Cara, os olhos dela eram muito incríveis. Toda vez que a olhava, pensa mil vezes “olha pra mim, olha pra mim” só para poder ter aqueles olhos olhando bem pra mim. E eu nem vou comentar que o sorriso dela era lindo. Tipo, lindo mesmo. Daquele que você sorri, só de ver. E eu gostava de vê-la sorrindo. Gostava de tê-la por perto, em geral. Sei lá, sabe? Só sentia como se... Se tivesse chovendo e ela fosse o guarda-chuva. Como se eu estivesse louco pra dançar e ela fosse a música. Como se... Ah, sei lá. Ela só era demais. Esse era o problema. Demais. Demais para mim. Sem mencionar que eu tinha 16 anos e NÃO queria me casar. Velho, homem já não quer casar com 30, quem diria com 16? Tudo bem, tudo bem. Era por uma causa nobre. Afinal, eu e ela podíamos parar uma guerra. Mas, viver uma vida com alguém que eu nem conhecia? Nem amava? Nem era perdidão? Sei lá, só parecia errado. Sem dizer o fato de que ela me odeia. Tipo, realmente me odeia. Então não. Eu e ela, definitivamente não rola. Esqueçam. Aliás, era isso o que eu queria dizer, todo o tempo, pra todo mundo. Me esqueçam. Me deixem aqui. Não me olhem. Não me notem. Não falem. Eu não quero ouvir. Eu só quero ser normal, sabe? Ir para a escola. Ser rejeitado. Talvez ser esnobado. Não ser visto. Não ser notado. Eu só queria ser, por um dia, capaz de agir por mim mesmo. Tomar minha própria decisão. Eu só queria... Ah, sei lá. Se a Maria Isabella soubesse o que tinha acabado de perder...

Capítulo 8

  – Acabou? – perguntei à minha mãe quando ela terminou de falar. Mas uma me falando sobre meu passado que eu NÃO queria saber sobre.
  – Sim, eu receio que sim. – ela tinha acabado de me dar o maior sermão sobre o por quê devo me casar com Zayn.
  – Mãe, eu não vou me casar. Zayn não quer. Eu muito menos. Temos 16 anos, queremos mais é curtir. Viver, mãe! A senhora não entende, pois se casou com 16 anos. Não sente falta do que perdeu? Não gostaria de fazer diferente? Por que tá querendo me levar pro mesmo caminho?
  – Não me arrependo. De nada. Não faria diferente.
  – Porque você o AMAVA! Você amava meu pai! Eu não o amo, mãe! Eu mal o conheço! Eu não o amo! – repeti, sentindo aquele nó na garganta de novo. Forcei as lágrimas e continuei forte. Minha mãe não ia me ver chorar. (o que era irônico, pois Zayn já havia me visto chorar e minha mãe não podia) – Mãe, eu sei que é por uma causa maior, mas eu não posso fazer isso. Me desculpe.
  E saí. Próxima parada, Niall Horan.
  Disquei o numero do celular de Niall no telefone e esperei aquele sotaque lindo atender.
  – Alô? – Quando Niall falou eu simplesmente pude dizer:
  – Niall abre a porta agora. – e desliguei. Pude prever que as lágrimas iam começar em 3,2,1...
  Niall abriu a porta e, correndo, me abraçou fortemente, do jeito que ele sempre fazia. Quando ele me abraçou, não pude fazer mais nada além de encostar-se ao seu pescoço, abraçá-lo forte e chorar toda a minha mágoa. Ele não disse nada, Niall entendia que havia algo errado. Eu subi em seu colo como um bebê no colo da mãe, e ele me carregou para dentro de sua casa. Ele se sentou comigo no sofá, de modo que eu me sentei no seu colo e deitei-me com o rosto entre seu peito e seu pescoço. Ele acariciou meu cabelo e me deixou chorar.
  Não sei ao certo quanto tempo ficamos lá. Só sei que quando me senti forte o suficiente para parar de chorar, tirei o rosto de seu peito reconfortante e olhei para ele. Ele, nada disse. Sorriu para mim daquele jeito brincalhão e afastou minhas lágrimas com as costas das mãos.
  – Eu te amo, Niall. – disse, com a voz trêmula. E era a pura verdade. Eu amava Niall. Ele era o irmão gêmeo, o melhor amigo, o pai que eu nunca tive.
  – Eu também te amo, Bella. – ele disse, e eu sabia que ele dizia a verdade. Para ele, eu sempre seria a irmãzinha chorona, a mãe, a irmã mais velha mandona, a amiga ciumenta. A melhor amiga.
  Deitei a cabeça em seu peito de novo e ele ligou a TV. Eu procurei por sua mão e ele segurou a minha forte. Só soube que adormeci quando acordei em sua cama.
  – Bom dia, flor do dia. – ele entrou no quarto. Aquele borrão loiro vindo em minha direção. – Trouxe chá, minha mãe que fez. Tome, vai melhorar.
  Dei-lhe um sorriso de agradecimento e peguei a xícara de suas mãos. Ele me ajudou a me sentar. Enquanto eu tomava o chá, Niall me observava. Seus olhos azuis-esverdeado me olhando atentamente, medindo meus movimentos. Quando terminei de tomar percebi o quão ativa me sentia, aquele chá era bom mesmo.
  – Obrigada. Já me sinto nova. Diga à sua mãe que ele funciona mesmo... – ele riu e pôs a xícara no criado-mudo ao lado. Niall pegou minhas mãos e as colocou entre as dele.
  – Nova o suficiente para me contar por que me assustou desse jeito? – ele arqueou uma sobrancelha, do jeitinho que sempre fazia quando me fazia uma pergunta séria. Jeito Niall de dar humor à coisas sérias. Eu ri.
  – Te assustei?
  – Pra. Caramba. – eu ri mais ainda. – Diga, princesa, o que aconteceu com você? Hein?
  Respirei fundo e contei a Niall tudo. Tudo mesmo. Todos os detalhes. A cada palavra que eu dizia, ele parecia mais preocupado. Aquela ruguinha de preocupação que sempre aparecia quando ele se estressava.
  – Mas isso é muito sério, Bells... Quero dizer, você vai mesmo se casar? Meu, você só tem 16 anos. Isso é permitido? – mas antes que eu pudesse responder à qualquer uma dessas perguntas, ele disse – Quer saber? Não importa. Eu não vou deixar você casar. E ponto.
  A ideia de Niall brigando contra a família real de dois países me fez rir. Ainda mais ele, com esse tamanhão todo.
  – Mas e aí, o que você acha dele? – Niall perguntou.
  – Ele, quem?
  – Mohammed. O príncipe, dã! – eu ri, e muito, com o jeito que ele disse “Mohammed”.
  – Ah, sei lá. Ele é bonito. Muito bonito. Tá legal, ele é deslumbrante. É cavalheiro, e tem um pouquinho de senso de humor. Mas é arrogante, não é gentil e não faz o meu tipo. Simples assim.
  Niall só riu e me abraçou.
  – Louis faz o seu tipo, né? – ele perguntou, e eu sorri. – Harry disse que ele tá apaixonadinho por você.
  – O QUÊEEEE? Pode ir falando senhor Niall Horan!
  Niall gargalhou daquele jeito dele e eu me senti mais feliz. Depois que ele terminou de me explicar que Harry tinha dito à ele que Louis tinha dito à Harry que estava afim de mim, nós dois ficamos rindo sozinhos, ele rindo da minha risada e eu rindo da risada dele. Até que a senhora Horan entrou no quarto, trazendo seus miraculosos biscoitinhos de leite.
  – Bella, quer dormir aqui hoje? – Niall perguntou enquanto sua mãe me entregava os biscoitos.
  – Bem, se não for atrapalhar. Quero sim. Vou atrapalhar, Sra. Horan? – Ela sorriu e disse:
  – Você nunca atrapalha, querida.
  Niall sorriu pra mim, e eu sorri de volta, sabendo que ele ia me proteger.

Capítulo 9

  *10 dias depois*
  – E aí, linda? – Louis falou. Eu nunca me acostumava com ele me esperando todo dia no meu armário.
  – Oi, Lou. – abracei ele. Sempre esquecia como ele era cheiroso.
  As pessoas passavam me observando. É lógico que depois daquele dia, todo mundo ficou sabendo que eu era princesa e que eu tinha que me casar com Zayn. Que por sinal virou a celebridade da escola. E é lógico que fizeram a maior fofoca sobre váaaarios assuntos. Como um novo que inventaram agora que eu estava namorando Niall escondido. É claro que logo desistiram com esse por que era óbvio que a gente nunca namoraria. Mas minha mãe e Nick Taylor pareciam estar tentando fazer com que eu e Zayn nos aproximássemos de qualquer jeito. Toda segunda, quarta, sexta e domingo nós jantávamos juntos e agora, todos os dias minha mãe nos levava para a casa deles para que almoçássemos juntos. O que aconteceu é que eu e Zayn acabamos nos odiando. Eu ainda não suportava-o. Nem ele à mim.
  – Vamos jantar hoje? – Louis disse.
  – Ah, sabe como eu queria dizer sim. Mas eu tenho que jantar com o Sr. Encrenca. – Olhei para o outro lado do corredor, onde Zayn, Liam e Harry estavam conversando. Liam e Harry riam de alguma coisa, Zayn, como sempre, só olhava com aquela cara de “eu estou seduzindo, não posso rir”.
  Louis fechou a cara e resmungou.
  – Bella, você já almoça com esse cara todos os dias, e ainda tem que jantar com ele? Você já não disse que não vai se casar com ele? Por que tem que continuar vendo ele todos os dias? – Louis, assim como eu, não gostava de Zayn. Ele e Harry pouco se viam depois que Harry começou a seguir Zayn pra tudo o que é lugar. Bem, assim como Liam. Agora Louis andava comigo, Bailey (que agora estava saindo com Harry) e Niall.
  – E não vou. Não vou me casar Zayn. Mas não posso fugir da minha mãe. Ela me obriga. Sabe disso. – disse, me dirigindo à saída da escola. Hora de ir embora.
  – Fuja comigo. Vamos fugir! A gente pode ir pra Londres, na casa da minha tia! – Louis pegou na minha mão.
  Dei risada.
  – Ah, Lou! Londres é para onde eu estou tentando não ir!
  Ele sorriu daquele jeito que eu tanto gostava e chegou perto de mim. Perto demais. Tão perto que eu podia sentir a respiração dele em mim. Ele pôs uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha e pegou meu rosto entre as mãos. Fechei os olhos. Será que aquilo que eu tanto sonhei por tantos anos estava prestes a acontecer? Será que eu estava prestes a beijar o menino dos meus sonhos? Não. É lógico que não. Por que quando meus lábios estavam prestes a encostar-se aos dele, Zayn me deu um cutucão e disse:
  – Vamos, menina. Estamos atrasados.
  Eu. Quero. Matar. O. Príncipe. Da. Inglaterra. Posso, produção?
  Louis apenas olhou pra mim com aqueles olhos azuis lindos e sorriu como quem diz “ninguém quer que a gente se beije...” mas quando olhou pra Zayn, deu-lhe um olhar gélido e mortal, como um inimigo antigo. Eu gostei daquilo. Zayn apenas sorriu e abaixou a cabeça, coçando a nuca.
  – Tchau, gatinha. – Louis mandou um beijo e meu coração já sentia a falta dele. Mas eu não ia deixar barato pro Zayn.
  – Tchau, meu príncipe. – Zayn olhou pra mim e, por um segundo, pareceu realmente magoado. Mas depois, colocou aquela máscara de príncipe durão de novo e acenou pra Louis.
  Eu me virei e comecei a andar rápido. Zayn me acompanhou. Ele tirou um cigarro do bolso e o acendeu.
  – Você realmente precisa parar de fumar. É nojento. – reclamei.
  – As meninas gostam. E você precisa parar de reclamar. – ele disse, soltando um mar de fumaça pela boca.
  – Nossa, só agora descobri que sou um menino. É sério, para. Vai te matar um dia. – tirei o cigarro da boca dele e joguei no chão.
  Ele me olhou com um olhar mortal e eu não fiz nada além de rir da cara que ele fez.
  – Você tem noção da cara que você fez pra mim? – ele semi cerrou os olhos e eu ri mais ainda. Ele sorriu e adorei vê-lo sorrir.
  – Uma cara de quem quer te matar mais do que qualquer coisa? – ele perguntou.
  – Exatamente – comecei a gargalhar quando lembrei da cara dele. Ele me observava, ainda sorrindo. – Você devia sorrir mais. As meninas gostam de sorriso, não de cigarros. Sabia?
  Comecei a cantarolar “Tomorrow” da Avril Lavigne quando ele perguntou, quase gritando:
  – QUAL É O NOME DESSA MÚSICA? – e eu gargalhei mais ainda. – EU AMO ESSA MÚSICA!
  – Você gosta de Avril Lavigne? – perguntei.
  – Por quê? Acha que um príncipe só pode gostar de Mozart? – ele deu um sorrisinho torto que me tirou o fôlego.
  – Quem é Mozart? – perguntei. E ele riu. Riu muito. A risada dele me fazia querer rir mais ainda. Não porque era estranha e escandalosa como a minha, mas era engraçadinha e fofa. A voz dele ficava bem fina quando ele ria, fazendo sua gargalhada ficar bonitinha. Eu fiquei sorrindo e observando ele gargalhar. Era tão gostoso o ouvir rindo. Sabe, eu poderia gostar de Zayn. Numa boa. Se nós não estivéssemos sobre tanta pressão, quem sabe eu até poderia me apaixonar por ele. Era a primeira vez que eu o ouvia rindo. Quero dizer, rindo de verdade. Não dando aquela risadinha sem-graça que ele sempre dava quando Nick tentava contar uma piada, sem sucesso, claro.
  – Você é uma piada, Isabella. Sabia disso? – ele continuou sorrindo por um bom tempo.
  – Hun, obrigada? E, pelo amor de Deus, me chama de Bella.
  – Você acredita em Deus? – ele perguntou, aleatoriamente.
  – Não. Você acredita? – rebati a pergunta. Olhando pra ele.
  – Então, por que tá sempre falando “pelo amor de Deus”? – ele me observou.
  – Mania. Você acredita? – percebi que ele não queria responder. Mas eu queria saber. Entenderam a diferença?
  – Não.
  Continuamos andando por um bom tempo.
  – Então, no que você acredita? – perguntei. Aquele “não” parecia mais um “não, por que...”.
  – Não ria. Eu acredito no amor. – olhei diretamente pra ele. Ela tava querendo me zuar, era isso? – Eu sei, eu sei. Não parece, né? Mas eu acredito. Acredito que o amor pode mudar uma pessoa, salvar alguém. Mais do que qualquer Deus ou não sei o quê.
  – Então por que não demonstra isso de jeito nenhum? – perguntei, perplexa com a suavidade dele. De como ele estava sendo realmente... Ele mesmo. Pela primeira vez, Zayn falava comigo não como príncipe com uma reputação, mas sim como uma pessoa normal. Com sentimentos normais e palavras normais. Com medos normais e sonhos normais. E eu amei essa versão dele. Amei que ele tivesse se aberto pra mim desse jeito. Que tivesse permitido que eu entrasse em seu coração.
  – Sabe, Isa... Bella, quando se é uma celebridade você aprende que, ou você se guarda e se protege de tudo criando uma máscara, ou é forte o suficiente pra aguentar tudo o que vem pela frente, ou deixa que eles suguem você até não restar mais nada. Eu não sou forte o suficiente. Então, aprendi a me esconder de tudo o que possa me magoar. Amigos falsos, informações falsas, amores falsos. – por um momento ele parecia somente um menino muito magoado e assustado, assustado com o que as pessoas são capazes de fazer. Parecia somente um garoto que nunca havia sido realmente amado. Eu senti uma vontade louca de confortá-lo. De abraçá-lo, de tocá-lo... Só... Tentar fazê-lo se sentir bem. Eu levantei a mão pensando em encostá-la em seu braço, mas parei no meio do caminho e deixei pra lá. Mas o que eu não esperava fosse que ele me tocasse. Ele pegou na minha mão e a colocou entre as dele, assim como Louis havia feito um pouco mais antes. Porém, com Louis eu não senti a metade do que eu senti com Zayn. Foi como se ele tivesse colocado minha mão no meio da brasa quente e depois a tirado de lá e a colocado em um balde gelado. Ele brincou com os meus dedos e eu continuei encarando como se ele tivesse me dado um choque. Zayn deu um sorrisinho doce enquanto observava minha mão e depois a baixou. Ainda a segurando. Caminhamos juntos, de mãos dadas, até a minha casa. Eu ainda não conseguia me lembrar de como se respirava. Só me lembrei disso quando ele soltou minha mão. E eu lamentei que ele tivesse feito aquilo.
  Todas aqueles sentimentos que eu senti quando Zayn pegou na minha mão me atormentaram o dia inteiro. Fiquei pensando nele... No jeito como ele ria, no jeito como seus olhos brilhavam enquanto ele gargalhava, no jeito como ele olhou pra mim... E as horas passaram rápido. Ou melhor, passaram brilhando, até o jantar.
  – Boa noite, senhorita. – ele disse, quando eu desci as escadas. Ele estava tão maravilhosamente gato e sexy naquele terno que me deixava sem fôlego.
  – Boa noite... Zayn. – disse, sem jeito.
  – Poderia me dar a honra? – ele ofereceu o braço. Parecia tão... Feliz. Seus olhos brilhavam com um sorriso que faltava em seu rosto, mas que apareceu logo quando eu peguei em seu braço e nós dois sentimos aquela sensação estranha de novo. Suas expressões não estavam duras e frias como na maioria das vezes. Estavam doces e suaves, como se um enorme peso tivesse sido tirado de suas costas.
  – Zayn? O que aconteceu? Você parece tão...
  – Bonito? – ele perguntou, me fazendo rir.
  – Não, idiota. Parece feliz. – o sorriso dele ficou mais suave e seus olhos olharam bem para mim.
  – Será? – e eu recomecei a rir.
  Zayn tinha esse dom. Toda vez que eu achava que ele ia dizer alguma coisa, ele não dizia. Sempre me surpreendendo. Sempre.

Capítulo 10

  O jantar foi estranho. Se é que eu posso chamá-lo assim, por que na verdade, na verdade verdadeira... Foi bem desconfortável. Com Zayn me encarando daquele jeito, e rindo das minhas piadas daquele jeitinho lindo, e me olhando com aqueles olhos brilhantes, me fazendo perder o ar quando ele desabotoou a camisa, pois estava com calor (bem, você não era o único, queridinho), e quando ele pegou minha mão e a levou até os lábios, beijando-a, na hora de ir embora. É, foi estranho. Mas sabe o que foi mais estranho? Mesmo com toda aquela coisa rolando com o Louis e tudo, eu amei aquele jantar. Foi como se eu pertencesse lá. E nunca tivesse percebido.
  Foi pensando em Zayn que adormeci. Á noite, tive sonhos maravilhosos com uma gargalhada fininha que eu amava ouvir.
  No dia seguinte, eu cheguei à escola com apenas uma meta: ver Zayn. Conversar com ele, ouvir a voz dele, olhar pra ele. Só isso. Eu nunca me senti desse jeito, gente, o que é isso produção?
  Mas quando eu o avistei, Louis chegou me dando um beijo grande e estalado na bochecha. E aí, eu me senti mais confusa do que cego em tiroteio.
  – E aí princesa? Literalmente.
  Eu ri. Do mesmo jeito que Zayn era misterioso, quieto, fofo e engraçadinho, Louis era espontâneo, engraçado, bem-humorado e tinha um coração enorme. Tá, eu estava totalmente confusa.
  Produção, é errado se apaixonar por duas pessoas ao mesmo tempo? É? Vish, fudeu.
  – Oi Lou. – eu dei outro beijo na bochecha dele.
  – Gatinha, não sei você, mas eu não estou com a mínima vontade de ir pra sala, o que você me diz de ficar comigo ali na sorveteria enquanto a Zenié enche o resto do pessoal com verbos em francês? – eu adorava como Louis sabia meus horários de cor.
  – Ah, não sei não, Lou. Eu adoraria, mas minhas notas em francês já não são as melhores e tenho sérias dificuldades com numerais. Acho melhor eu ir...
  Ele passou o braço pela minha cintura e começamos a andar. Percebi que Zayn já não estava mais aonde eu o vi pela última vez.
  – Eu te ensino. Falo francês fluente, lembra? – ele deu um sorrisinho pra mim.
  – Mas eu não, lembra? – ele riu e parou de frente pra mim, colocando ambas as mãos na minha cintura.
  Foi então que eu percebi que ele estava perto, muito perto, tão perto que eu podia sentir o calor da sua pele.
  – Bella, eu estou apaixonado por você.
  E então ele disse. Disse aquelas palavras que eu sempre quis ouvir durante minha vida inteira. Desde quando eu o vi correndo pelo pátio na 3ª série. Desde quando ele cresceu e se tornou essa pessoa maravilhosa que ele é. Louis Tomlinson tinha dito que estava apaixonado por mim. Louis Tomlinson estava me abraçando. Louis estava apaixonado por mim.
  A última coisa que eu senti antes de meus pés deixarem o chão, foi o doce e suave toque de seus lábios nos meus. Aquilo sim era beijo. Aquilo sim. Eu percebi que o que eu tinha tido com Niall fora apenas uma pequena demonstração de como beijar realmente era. Seu beijo começou calmo, mas depois ficou faminto e apaixonado. Beijar Louis era realmente bom demais para ser expresso em palavras. Minhas mão alcançaram seu cabelo, e eu entrelacei meus dedos nele. Ele abraçou minha cintura com força e grudou seu corpo no meu. Foi a melhor sensação que eu já havia sentido. Mas quando eu estava delirando, algo me puxou para a terra de novo. E esse algo foi Zayn Malik.
  – Hum, Isabella? – ele chamou. Senti Louis bufar de raiva e, relutantemente, me deixar. Eu olhei para Zayn. E então o inferno veio à mim.
  Uma mistura de emoções passava em seu rosto. Dor, mágoa, traição, raiva, tristeza. E ali estava mais um coração partido.
  – Me desculpem interromper, mas Bella, acho melhor irmos. – ele disse, logo colocando aquela máscara de novo e não me permitindo saber o que estava sentindo. Parecia que ele havia me deixado entrar por apenas um segundo, só para me fazer sofrer por fazê-lo sofrer desse jeito.
  – Irmos? Irmos aonde? – perguntei.
  Zayn arregalou os olhos para mim e perguntou, olhando de mim para Louis.
  – Você... Você não tá sabendo?
  Meu coração gelou. Sabendo do que?
  – Sabendo? De quê? Zayn... Me conta. – Zayn respirou fundo e pareceu perdido. Ele não falava. – Zayn, o que aconteceu? Me conta agora.
  – Merda! Eu não queria ter que te contar isso! – ele gritou. Parecendo estar sobre uma dor enorme.
  – Isso o que? – Zayn só tremia. – ISSO O QUÊ, ZAYN?
  Louis olhava apavorado de mim à Zayn.
  – Niall. – Zayn resmungava. – Niall.
  – NIALL? O QUE ACONTECEU COM ELE? ZAYN, O QUE ACONTECEU COM O NIALL? ME CONTA! – Eu estava beirando às lágrimas. Eu não havia visto Niall hoje. Ele tinha me dito que ia me encontrar na escola. Meu mundo parou e eu gritava com Zayn no meio da escola. Nunca tinha sentido tanto medo na vida. O que tinha acontecido com Niall? Só a possibilidade de algo ruim ter acontecido com ele já me fazia perder o ar. EU NÃO ERA CAPAZ DE VIVER SEM NIALL. Dentre Louis e Zayn, eu sempre escolheria Niall.
  – ZAYN, PELO AMOR DE DEUS. EU PRECISO SABER O QUE ACONTECEU COM O MEU MELHOR AMIGO AGORA. VOU REPETIR. O QUE ACONTECEU COM O NIALL?
  Zayn respirou fundo, fechou os olhos por um instante e olhou dentro dos meus olhos. Ele também parecia à beira das lágrimas. O que cortou meu coração mais uma vez.
  – Niall foi atropelado. Ele está em coma num hospital local. Está seriamente ferido. Precisamos ir para lá imediatamente. Não sabemos se ele vai sobreviver.   E meu mundo caiu em escuridão.

Capítulo 11

  Eu corria pelos corredores do hospital. Zayn ao meu lado. Eu não conseguia pensar em mais nada a não ser Niall. Como ele estava? Será que estava vivo? Já teria falecido? Estaria salvo? Estaria com dor? Eu chegaria a tempo de lhe dizer algumas palavras? O veria sorrir de novo? Ouviria aquele sotaque irlandês fofo, mais uma vez? Não sabia de nada. Só sabia que eu precisava do meu melhor amigo.
  – Niall? Sra. Horan? – eu gritava pelo hospital.
  Zayn segurava o meu braço. Ele me guiava pelas paredes brancas. Eu me sentia zonza. Como se estivesse prestes a desmaiar. Chegamos à uma sala branca com uma mesa grande no meio, onde uma recepcionista nos observava, ou melhor, observava à Zayn. Ela sorriu de leve pra ele quando nós debruçamos no balcão.
  – Por favor. Precisamos de notícias de Niall Horan. Agora. – a recepcionista saiu, dando um ultimo sorrisinho à Zayn e discou uns números no telefone. Enquanto ela falava rapidamente com alguém eu me deixei cair em desespero. Não tinha ar. Eu não conseguia respirar.
  – Zayn... Eu não... Niall... Não consigo... Niall, morto?... Zayn... – eu resmungava coisas sem sentido. Zayn me pegou nos braços, me abraçando forte. E eu desatei a chorar em seu suéter. Soltei todo o meu peso nele. Se ele me soltasse por um minuto só, eu desabaria no chão.
  – Calma, calma. Vai ficar tudo bem... Vai ficar tudo bem... – por um momento, amaldiçoei minha mãe por não ter me dado uma religião. Pelo menos agora eu poderia tentar rezar. Me prender em alguma esperança.
  Eu não via nada além da escuridão. Não queria abrir meus olhos. Só podia ouvir e sentir.
  Passos. A recepcionista estava de volta.
  – Niall Horan está na sala de cirurgia agora. Ele sofreu vários traumatismos na cabeça. Para mais informações receio que vocês tenham que esperar o médico.
  Zayn agradeceu e me carregou até as cadeiras do outro lado da sala. Sentamos-nos lá. Eu me sentei em seu colo. Ele continuava a me consolar. Mas eu não queria ser consolada. Só queria Niall por perto. Só o queria comigo de novo.
  O beijo fantástico, e as sensações maravilhosas que eu havia sentido um pouco antes com Louis pareciam muito distantes, como algo ocorrido há muito tempo, que eu quase não conseguia me lembrar. O presente só tinha dor, tristeza e Zayn.
  As horas passaram como anos, e eu fui parando de chorar. Mas Zayn não me largava. E eu gostava disso, ele me protegia. Os pais de Niall chegaram minutos depois que Zayn ligou para eles, pareciam preocupados e desesperados. Minha mãe e Liam chegaram logo depois, junto com Harry e Bailey. Mas eu e Zayn não nos largávamos. Eu não queria falar com ninguém. Não queria ver ninguém, a não ser Niall.
  Quando olhamos para o relógio, já havia se passado mais de 3h que estávamos ali.
  E então o médico apareceu. Chamando Zayn de lado. É óbvio que eu fui junto.
  – Doutor, como ele está? Seja verdadeiro. – disse, de mãos dadas com meu salvador.
  – Ele não está bem, mas vai ficar ótimo com o tempo. Está seguro, isso é o que importa. Os traumatismos não foram tão violentos como achamos que fossem e ele teve muita sorte. Se a batida que ele levou na coluna fosse dois dedos mais baixa, ele nunca poderia andar de novo. Mas, graças à Deus, ele vai ficar novinho em folha.
  Respirei aliviadamente por alguns minutos. Mas Zayn ainda parecia preocupado.
  – Doutor, posso falar com você? – ele perguntou – Digo, em particular?
  O médico olhou seriamente para ele e disse:
  – Me acompanhe.
  E Zayn se foi com o médico, me dando um último olhar e sussurrando para mim “relaxe, vai dar tudo certo.”. Acreditem, eu queria acreditar.

Capítulo 12

  Bella narrando
  Eu estava preocupada. Preocupada por que fazia tempo que Zayn ainda não havia voltado. Mas é claro que eu não estava preocupada com o Zayn, afinal, eu estava com Louis. Não estava? Ah, merda. E agora?
  Para a minha salvação (ou não, por que... né?) Zayn reapareceu com o Doutor Harry Baileys (descobri há pouco que esse era o nome dele, ironia, né?).
  Zayn veio parar do meu lado e procurou pela minha mão, mas eu a afastei. Afinal, eu realmente estava com Louis. Tipo, de verdade agora. Nós havíamos nos beijado, o que mais é preciso para provar uma relação? Mas o olhar que Zayn havia me dado no momento que ele me viu com Louis ainda não saía da minha cabeça.
  Para minha alegria o doutor começou a falar, fazendo com que o príncipe se concentrasse nele e não na minha mão, que já tem dono. Falou?
  – Então. Graças à Deus, Sr. e Sra. Horan, o seu filho passou por uma cirurgia de sucesso, com profissionais muito bem qualificados e está fora de risco. Porém, a estadia dele aqui no hospital ainda está sem previsão para acabar. Ele está em observação e os senhores não tem que se preocupar com nada.
  Me perguntei se ninguém ia perguntar sobre o preço, quanto ia ficar. Afinal, estamos no hospital St. Luke meu bem, e não é nada baratinho.
  – Perdoe-me doutor, mas quanto vai ficar a estadia de meu filho? – Ah. Ta aí. Alguém que pensa como eu. Obrigada Sr. Horan.
  – Bobby! – a Sra. Horan o repreendeu.
  – É verdade, Maura. Se for muito caro, nós... Bem, nós... Nós não vamos poder pagar tudo isso. – O Sr. Horan disse baixinho.
  E então o médico sorriu, só então vi que Zayn havia desistido de segurar minha mão e estava atrás de Harry Baileys, o doutor gente-fina.
  – Não precisa se preocupar com nada, como eu já disse Sr. Horan. O jovem Zayn aqui já pagou tudo o que era possível ser pago. Pode deixar que o pequeno Niall vai ter comida 5 estrelas. Se vocês me derem licença, eu irei observar os exames de nosso jovem herói. Obrigado mais uma vez, Zayn. Sr. e Sra Horan, Encantadora Bella. – o médico se retirou elegantemente, fazendo uma pequena reverência para cada um de nós e dando um carinhoso tapa no ombro de Zayn.
  – Nossa, muito obrigado Vossa Majestade! Nem sei como podemos agradecê-lo!
  Zayn deu um sorriso desconfortável e tímido (e totalmente fofo. Pronto, falei.) para o Sr. Horan e disse:
  – Pode começar me chamando de Zayn. – ele riu e o Sr. e Sra. Horan se abraçaram.
  Eu não sabia o que pensar. Não acreditava que um dia pensava que aquele menino era mesquinho e egoísta. Olha o que ele estava fazendo por Niall, agora. O que ele estava fazendo pelo Sr. e pela Sra. Horan! O que ele estava fazendo por mim... só de pensar nisso meu coração já acelerava. Ele era uma pessoa boa, no final das contas. E eu ainda só conseguia pensar no coração dele que fora partido por alguém que eu achava que era um pouco mais decente. Eu. Eu não era a pessoa boa. Eu era a mesquinha e a egoísta. Eu era a vilã. Não era Zayn, nem Louis. Era eu.
  – Bella? Você está bem, querida? Está pálida. – era a primeira vez que eu via Bailey no dia.
  – Bailey, eu sou uma pessoa horrível! – escondi meu rosto entre as mãos, mas não chorei.
  – O que? Por que acha isso? Não, amiga, não é não! – ela me abraçou.
  Sentei-me com Bailey e contei a ela tudo o que me estava me deixando nervosa. As risadinhas e olhares com Zayn, o jeito como ele se abriu comigo, o jeito como ele pegou na minha mão, as sensações que tive quando ele me tocou e, por último, o beijo com Louis e o olhar de Zayn.
  – E então, você beijou Louis! – Bailey disse.
  – Beijei...
  Ela arqueou uma sobrancelha perfeitamente delineada na minha direção.
  – Amiga, eu não estou entendendo, você beijou o menino dos seus sonhos e não está pulando, nem gritando, nem ao menos com um sorriso estampado de lado à lado no rosto? O que aconteceu com a Maria Isabella que eu conheço?
  Fiz careta pelo Maria Isabella, mas entendi o que ela quis dizer.
  – É o Zayn, não é? – ela me fez olhar dentro de seus olhos verdes. Olhos que me lembravam Niall. Ai, Deus, vou chorar. – Tá apaixonada por ele, não tá?
  – NÃO! – percebi que gritei alto demais quando várias enfermeiras me encararam com seus olhares matadores. Ai, que medo gente, credo. – Quero dizer, não! Bailey, não estou apaixonada por ele... Pelo menos... Não posso estar.
  Bailey me encarou com a boca aberta e eu entendi o que aquilo significava.
  Ai merda! Eu estava sim apaixonada pelo príncipe bonitão de bolso cheio e coração enorme.

Capítulo 13

  Já havia se passado 1 mês depois do acidente de Niall, e eu finalmente podia vê-lo outra vez. Como acabou minha situação Zayn x Louis? Acabou que eu estou oficialmente namorando Louis Tomlinson. Engraçado, né? Eu ainda mal posso dizer essas palavras para alguém sem achar que a pessoa vai rir da minha cara. Bom, eu riria. Afinal, me sinto tão idiota quando chegou para alguém e digo “Não, Louis é meu namorado, na verdade, não meu irmão (ou amigo).” Só que... Não parece real entende? Mas foi tudo tão perfeito!
  *20 dias antes*
  [tisc... tisc... tisc...] Barulhos de pedrinhas na janela.
  – Louis! – abri a janela e me deparei com Sr. Perfeito Tomlinson do lado de fora, jogando as pedrinhas na minha janela. Se ele a quebrasse eu iria jogar todas as pedrinhas de volta nele sem poupar forças. – O que você está fazendo aqui à uma hora dessas? Quer morrer? – perguntei, vendo aqueles olhos brincalhões azuis sorrindo pra mim.
  – Precisava te ver, princesa. Não te vejo desde a escola. Estava preocupado. – ele gritou.
  – Shhhh! Sabe que horas são? Já é meia noite e meia, seu animal! Minha mãe vai te matar!
  Ele sorriu e seus olhos brilhavam. Deus, ele era lindo.
  – Calma, estou descendo aí. Não grite!
  Passei a perna pelo balaústre e me dependurei na sacada, pulando na caixa d’água um pouco abaixo da minha sacada e logo saltando com postura e elegância no chão. Não queria me gabar, claro. Mas já estava acostumada a fazer isso para fugir para a casa de Niall no meio da noite, ou para acompanhar Bailey em suas festinhas.
  – Nossa, você é uma mente do crime!
  Louis riu com minha facilidade em fugir de casa pulando a janela.
  – Vai achando que a princesinha aqui não pode te surpreender.
  Ele riu de novo, passou os braços pela minha cintura e me puxou para ele, colando seu corpo no meu. Ai Deus, onde está o ar quando eu preciso dele?
  – Você sempre me surpreende, gatinha. – e me beijou.
  Nossa, eu tinha esquecido como ele beija bem. Suas mãos subiam e desciam pelas minhas costas, apertando meu corpo no seu. Sua língua explorava minha boca e meus lábios se recusavam a se separar dos dele. Minhas mãos grudaram em seu cabelo e nosso beijo se intensificou, ficando voraz.
  Sua boca alcançou meu pescoço e eu me arrepiei. Fiquei feliz por estarmos nos fundos da minha casa. Imagina só a Sra. Benson, minha vizinha idosa, vendo a gente dar esses amassos! A velha ia ter um infarto! Se bem que quem estava mais propensa a ter um infarto não era a pobre Sra. Benson (coitadinha!) e sim euzinha aqui.
  Seus olhos azuis me encararam enquanto nós dois ofegávamos. Eu beijei seus lábios mais uma vez, dessa vez suavemente. Louis abraçou minha cintura e me levantou do chão, de forma doce. Era um beijo tãããão romântico que me fez perder o fôlego. Quando nos soltamos (cedo demais, na minha humilde opinião) ele abriu um sorriso enorme que fez meu coração palpitar.
  – Caramba, estava com saudades desse beijo! – Louis disse. Sua voz rouca de tanta excitação. Eu dei uma risadinha e sorri para ele.
  – E eu tava com saudades de você, bebê. – demos um selinho e ele me abraçou, me dando um beijinho delicado na testa.
  – Bella, preciso falar com você. – Louis me soltou e olhou dentro dos meus olhos. Seus belos olhos azuis encarando os meus castanhos sem-graça.
  – Nossa Lou, deve ser sério mesmo, porque você até me chamou de Bella! – tentei aliviar a pressão, como sempre, sem sucesso.
  – Bells, vamos sentar. – Lou se juntou comigo e nos sentamos lado a lado no balanço atrás da minha casa.
  – Nossa Lou! O que foi? Você está tão sério! Nem estou te reconhecendo... – falei, mas ele pareceu nem me ouvir. Estava muito ocupado mudando de lugar, passando a se sentar na minha frente.
  – Hum, não. De frente é melhor... – resmungou.
  Depois que ele terminou de se ajeitar, pegou minhas mãos e as colocou entre as dele, olhando bem nos meus olhos.
  – Gatinha, antes que eu comece, quero que saiba que eu nunca fiz isso antes. Então estou mais perdido do que você.
  Han? Tá, Louis, se você queria me fazer ficar confusa teve o maior sucesso nisso.
  – Hum, Lou? Do que você está falando?
  Ele hesitou, suspirou, fechou os olhos e depois abriu-os de novo. Voltando a olhar bem dentro dos meus olhos. Então ele falou:
  – Estou falando de nós, Bella. Quero que a gente namore! Por que... Olha, eu gosto de você e você gosta de mim, não gosta? E... Eu estou apaixonado por você, Bells. Eu quero você como minha namorada. Quer namorar comigo, gatinha? – ele terminou.
  O QUE? LOUIS DISSE MESMO ISSO? CERTEZA, PRODUÇÃO? ACHO QUE NÃO, HEIN?
  – O-O que? – perguntei. Não piscava, não respirava, não, não, não...
  – Você quer namorar comigo? Ser a minha menina? – os olhos dele brilhavam demais, e o sorriso que ele me deu foi tão grande e lindo que eu falei sem pensar e sem nem ao menos ouvir o que estava dizendo.
  – Sim. – era a única palavra que eu poderia dizer.
  *Agora*
  Então gente, foi assim. Desde aquele dia eu estou namorando. Devo admitir que não é tão perfeito como eu imaginava. A aliança incomodava, eu mal via o meu amor, pois estávamos em provas finais e ambos estávamos estudando pra caramba e, por fim, ainda tem o Zayn. Zayn que, agora, havia sumido da escola. Ninguém mais o via. Nem eu mesmo tinha visto ele. Depois do acidente com Niall ele simplesmente sumiu. Sempre ligava desmarcando os jantares e não almoçávamos mais juntos. Se eu fiquei preocupada? Claro, Clóvis. Mas sabe o que foi? Eu cansei de correr atrás. A famosa frase que se aplica tão bem em mim. Cansei de ligar três vezes por dia pra ele, cansei de mandar mensagens perguntando onde ele estava, cansei de deixar recado na secretária eletrônica dele. Mas sentia muito a falta dele. Porque, eu querendo ou não, Zayn acabou se tornando um grande amigo. Me ajudava quando eu estava triste por causa de Niall, me ajudava quando eu precisava de alguém... Mas agora, que eu super precisava dele, ele não estava aqui. Por isso estava super brava com ele. E nem me dava ao trabalho de ligar mais. Porém, eu não podia negar. Eu sentia falta dele.

Capítulo 14

  Era a primeira vez que eu via Zayn desde o acidente. Eu deveria estar super feliz em vê-lo ou, ao menos, aliviada. Mas não estava. Eu deveria sair correndo para abraça-lo. Mas não corri. Eu devia, ao menos, sorrir para ele. Mas não sorri. Pelo contrário, eu lhe virei a cara. Mesmo que ele não estivesse olhando para mim. Mesmo que ele estivesse conversando com uma menina loira, alta e deslumbrante que eu julguei ser uma top model inglesa. Mesmo que eu estivesse morrendo de vontade de saber quem era a tal menina.
  Eles conversavam baixinho, meio que sussurrando. Ele parecia estar tenso com o que a moça estava dizendo. O rosto dela estava sério e ela falava rápido. Foi uma conversa breve, mas que teve o maior impacto em mim. Queria saber quem era aquela menina linda que eu nunca tinha visto antes na vida, o porquê de Zayn parecer tão bravo e sério enquanto eles conversavam e, porquê diabos eu estava tão brava com essa conversa deles.
  As aulas passaram e eu continuava com a imagem daquela conversa de Zayn e da loira na cabeça. O que será que eles conversavam tão ávidamente? Por que Zayn parecia tão preocupado? E quem, diabos, era aquela garota?
  No almoço, com Louis, Harry e Bailey (ela e Harry já haviam terminado, pois, como ela dizia, ele “não era o seu tipo”). Estava meio distraída, mas logo que ouvi os meninos comentarem sobre a tal loira me sintonizei na conversa da mesa.
  – Cara! Você viu aquela loira com o príncipe? Meu, que gata! – Harry exclamou.
  Louis, que estava abraçado comigo, tomou um gole de água e respondeu:
  – Hum, acho que eu vi. – dando de ombros. Foi um comentário casual, mas eu sabia que ele só tinha dito isso desse jeito porque estava comigo, e também sabia que ele tinha sim reparado (e muito!) na “menina nova”.
  – Tive um tempo de francês com ela. Parece que o nome dela é Claire. Ela fala francês fluente, mas não é muito sociável. – Bailey disse, em tom de reprovação, enquanto retocava a maquiagem em seu pequeno espelho.
  – Hum, não. Ouvi dizer que o nome dela é Elizabeth. – Harry disse, sorrindo – Nome de velha, mas eu curto.
  Bailey deu de ombros.
  – Se liga Hazza, ela anda com o Zayn, você acha que vai dar moral pra você? – ela disse, mordiscando seu precioso cupcake.
  – Ah é, Bailey. Esqueci que só perdedoras me dão moral. – Harry deu uma mordida enorme no bolinho de Bailey, que revirou os olhos. Já meus olhos, no entanto, procuravam por uma só pessoa: Zayn. Precisava falar com ele. – E a Elizabeth, certamente, não é uma perdedora.
  – O nome dela é Claire! – Bailey protestou.
  Deixei a discussão de Harry e Bailey de lado e me foquei só em achar Zayn. Olhei para todos os lados e para todos os cantos. Mas não conseguia encontrá-lo. Será que ele havia deixado a escola? Também não via Elizabeth-Claire (ou seja lá como for o nome dela). Continuei procurando.
  E o achei. Ele estava de pé, de costas para mim, do outro lado do salão.
  – Vocês me dão licença? – dei um selinho rápido em Louis e saí andando pelo refeitório, deixando todos na mesa com cara de dúvida.
  Quando o alcancei, o cutuquei nas costas e quando ele ameaçou se virar, comecei meu protesto:
  – MALIK! Quem você pensa que é para não retornar nenhuma das minhas ligações? NENHUMA! Você tem ideia de como eu fiquei preocupa...- mas parei no meio da frase. Pois quando ele terminou de se virar, eu percebi que na frente dele estava sentada a loira da hora de entrada. Ela me olhou com dúvida e surpresa por um instante, e então abriu um sorriso estonteante e se levantou. Olhei para Zayn pedindo ajuda. Ele olhava pros lados e prendia os lábios, querendo soltar uma gargalhada daquelas.
  – Hum, Isabella essa é... – ele se concentrava para não rir. – a JhoJho.
  – Jho? – perguntei. Não era Claire, ou Elizabeth?
  A loira deu uma empurradinha em Zayn e estendeu a mão na minha direção.
  – Muito prazer, eu sou a Jho. Jhovana, na verdade, mas... – ela deu à Zayn um olhar que eu julguei ser super íntimo. Hum... Aí tinha coisa. – o pessoal costuma me chamar de Jho.
  Fiquei surpresa pelo nome alternativo dela e por seu sotaque francês super carregado. Depois que apertei sua mão, me surpreendi de novo. Seu aperto era forte, cheio de personalidade.
  – Hum, oi. Eu sou a... –
  – Maria Isabella. Já sei. Ouvi falar muito de você. – ela me interrompeu, dando uma olhada para Zayn. Percebi que ela olhava para ele a cada 5 segundos, parecendo trocar piadinhas particulares. Não gostei disso.
  – É, essa sou eu. Mas pode me chamar de Bella. Porque, mesmo que o Malik tenha retardos mentais que o impedem de me chamar assim, a maioria das pessoas não tem tais problemas. O que eu imagino que seja o seu caso, Jho. – ela deu uma risadinha baixa, cobrindo a boca com a mão. Eu me virei para Zayn, com o dedo em riste para ele. – E de você, Malik, eu cuido depois.
  Zayn me deu um sorrisinho torto que fez meu coração palpitar. Virei-me e comecei a andar.
  – Hey, Payne! – ouvi-o chamar. Virei-me de novo e o vi dizendo:
  – Gostei da aliança. – Zayn me deu uma pequena piscadela, virou-se, passou o braço pelos ombros de Jho, que acenou em um pequeno “tchauzinho” e foi-se embora.
  Quando voltei para a mesa, todos me bombardearam com perguntas como “Você conheceu a menina nova?”, “Como é o nome dela?”, “Ela foi legal?”, “Ela é muito peituda?” (tinha que ser o Harry para perguntar isso), “Ela e Zayn estão juntos?”, “O que você achou dela?”. Bem, na verdade, eu realmente tinha gostado dela.
  O resto das aulas passaram voando, com a escola inteira cochichando boatos cada vez mais exagerados da menina nova. Até que, na hora da saída, ela me surpreendeu vindo até mim e dizendo:
  – Posso falar com você? Agora? – ela disse, seus cabelos ondulados loiro-platinados voando por causa do vento.
  – Hum... Pode, Jho, claro. – disse, guardando meus livros no armário.
  Ela pegou na minha mão e me conduziu até o lado de fora do colégio. Ficamos andando em silêncio por vários minutos, até que ela quebrou o silêncio.
  – Escuta, queria saber se você realmente está feliz com Louis. – ela perguntou. Me assustou que ela soubesse o nome do meu namorado, mas logo percebi que eu namorava o segundo cara mais popular da escola, então ficou tudo bem.
  – Ah, sim. Estou muito feliz, por quê? – ela ficou em silêncio por um tempo e depois respondeu.
  – Olha, eu estou te perguntando isso por que... Por favor, não ache que eu estou querendo me intrometer na sua vida nem nada, okay? Só acho que... Você realmente devia dar uma chance ao Zayn, antes de ter certeza de que está realmente feliz.
  Tá, isso me chocou legal. Como assim? Teria Zayn pedido à ela que fizesse isso?
  – O Zayn te mandou aqui? – perguntei.
  – NÃO! Pelo amor de Deus, ele não pode nem imaginar que eu estou aqui, senão... –
  – Está ferrada... – interrompi-a.
  – Exatamente... – andamos mais um pouco em silêncio, minha mente ainda tentando assimilar o que ela tinha dito. É claro que meu coração já havia assimilado, voltando a palpitar excessivamente quando me lembrava do seu sorriso, da sua gargalhada, do seu sorrisinho torto, das suas piscadelas....
  – O que você é do Zayn, Jho? – tinha que perguntar, depois de muito andar.
  Ela hesitou. Tossiu, e olhou para os lados.
  – Sou uma... amiga da família. – ela disse. Algo naquela frase não me convencera. – Olha, Bella, eu quero ser sua amiga, okay? Quero que você saiba que pode contar comigo para tudo. E que, sobre Zayn, confie em mim, ele vale muito a pena. Dê uma chance à ele e você não vai se arrepender. Mas, por favor, não conte à ninguém que tivemos essa conversa, okay? – ela implorou.
  Encarei aqueles olhos verdes e disse:
  – Sim, é claro que não contarei.
  Ela sorriu e me abraçou:
  – Agora somos amigas, não somos?
  Pensei, mais uma vez, na imagem da conversa dela e de Zayn hoje de manhã. Como os dois foram tão sérios e como Zayn parecia tão preocupado.
  Abracei-a de volta e sussurrei em seu ouvido, sobre os cachos loiros:
  – Sim, Jho. Agora somos amigas.

Semanas Depois

  Para a minha maior surpresa eu e Jho realmente ficamos amigas. Ela era muito divertida e eu adorava conversar com ela. Além do mais, seu sotaque francês sempre me fazia rir.
  Enquanto minha relação com Jho ficava cada vez melhor, minha luta com Zayn ia de mal a pior. Os jantares voltaram a ser um saco, ele voltara a me ignorar e, dessa vez, eu não me importava.
  Niall estava quase saindo do hospital e eu ia visitá-lo todos os dias. Nossas conversas eram sempre as mesmas, mas, mesmo assim, eu amava me sentar perto dele e acariciar seus cabelos loiros como eu fazia desde meus 8 anos. Acho que nunca haveria cabelo mais macio e gostoso do que o de Niall. Desde que o conheci, sempre fui apaixonada pelos seus fios dourados. E, muitas vezes, quando ele estava irritado ou nervoso com algo, eu o deitava em meu colo e passava horas brincando com seus cabelos. Sempre foi Niall. Eu era tão feliz por ainda ter meu melhor amigo! Era como se ele fosse viver para sempre agora. Aliás, eu o fiz prometer que viveria por mais umas centenas de anos, sem sustos. Niall era meu porto seguro, meu lugar de descanso, minha caixinha de música que me fazia relaxar. Por isso, enquanto me dirigia para o hospital, nessa tarde, um sorriso e um alívio alcançou meu coração.
  Ao chegar na clínica, descobri que Niall estava com mais uma visita, então tive que esperar. Enquanto aguardava, perguntei à mim mesmo: “Quem seria a visita?”. Vinha aqui à semanas, e Niall só recebia visitas minhas, de seus pais e de Bailey. B. tinha ido à Chicago para um velório de uma tia distante e os pais de Niall estavam muito ocupados se arrumando para um jantar com um parente da Irlanda que, acidentalmente, estava trabalhando por aqui. então, quem seria a sua visita?
  Fiquei procurando nomes na minha cabeça. Louis? Harry? Algum parente? Mas, nem me ocorreu que a visita poderia ser...
  – Zayn? O que está fazendo aqui? – perguntei, surpresa.
  Ele só me olhou e deu uma piscadela. Abaixando a cabeça, foi-se embora.
  Hum, me ignorando... Como sempre.
  – Pode entrar, Srta. Payne. – a recepcionista disse.
  Levantei-me depressa. Queria ver Niall, queria perguntar à ele o que Zayn havia dito.
  Quando entrei no quarto, outra surpresa. Niall estava chorando.
  – Niall? Niall, o que foi? – corri até ele o mais depressa possível.
  Suas pequenas mãozinhas estavam escondendo seu rosto, que estava vermelho. Eu abaixei suas mãos, subi na cama e abracei-o, de modo que sua cabeça estava encostada em meu ombro e seu rosto enfiado no meu pescoço. Ele chorava sem parar e eu quis matar Zayn. Ele tinha feito algo... Ele tinha dito algo... FILHO DA MÃE!
  Minha raiva era grande demais, sentia que se eu largasse Niall, provavelmente correria atrás de Zayn e o estrangularia. Não teria piedade, o mataria sem pensar duas vezes. Nunca odiei tanto uma pessoa em toda a minha vida. Minhas mãos tremiam, e eu não conseguia falar. Tudo por causa do ódio que estava sentindo.
  – Ni-Niall... Ele... Ele te fez alguma coisa? O que ele disse? Me diz, NiNi. Me diz o que ele falou pra você. Ele te machucou? AH, É HOJE QUE EU MATO O MALIK! ESTOU TE AVISANDO, É HOJE! – eu gritava e, a cada palavra minha, Niall se sacudia mais.
  – Nã-Nã-Não f-foi e-ele, Bella... – Niall gaguejava. – E-ele n-não disse n-nada.
  Sua voz estava fraca e eu fiquei preocupada. Como assim, ele não tinha falado nada? Niall estava protegendo-o?
  – Niall, você não precisa proteger ele, ele não vai te machucar mais. Só conta pra mim o que ele te falou. Tá? – lágrimas corriam pelo meu rosto e eu percebi que estava chorando. Tratei de enxugá-las depressa e encarei os olhos de Niall. Que, um dia, foram verdes, mas que agora... Eram uma vermelhidão.
  – E-Eu disse. F-Fui e-eu que o ma-magoei. Eu n-não q-queria, Bella. Não q-queria o ma-magoar. Mas ele... Ele... – Niall voltou a se enfiar no meu pescoço e suas lágrimas me banharam. Niall tinha magoado Zayn? Seria essa a razão dele ter parecido tão triste quando saiu? O que Niall teria dito? Conhecia-o há muito tempo, e sabia muito bem que ele não era capaz de fazer mal à uma formiga que o tivesse picado. Lembrava-me, muito bem, de uma vez que Niall chorou por que uma abelha tinha lhe picado e falecido, logo depois. Agora, essa mesma pessoa estava me dizendo que tinha magoado alguém? Tinha algo muito estranho nessa história.
  Esperei pacientemente até que ele se recuperasse. Aos poucos suas crises de choro foram se esgotando, esgotando até que se esgotaram de vez. E ele já estava pronto para me contar tudo.
  – Então, me diz. O que aconteceu? – perguntei, preocupada que ele fosse voltar a chorar.
  – Bells, você está chorando. – ele respondeu, sorrindo. E eu sabia que ele tinha voltado ao normal.
  – É sua culpa, engraçadinho – enxuguei as lágrimas na manga da camisa. – Mas, me conta. O que houve entre você e Zayn?
  – Bem, ele veio aqui... Me pedir uma coisa. – Niall desviou o olhar. Seu rosto estava sombrio.
  – Coisa? Que coisa? - ele não respondeu. Segurei seu rosto em minhas mãos e o forcei a olhar pra mim. – Que coisa, NiNi?
  – Você.
  PÁRA TUDO? FOI ISSO MESMO O QUE EU ENTENDI? ZAYN TERIA VINDO AQUI PARA ME PEDIR A NIALL? COMO SE EU FOSSE UM TROFÉU? COMO SE EU FOSSE UM... OBJETO? UMA COISA DESCARTÁVEL?
  – Como assim, Niall? Ele veio me pedir? Pra você? Como se eu fosse um... Brinquedo? É isso mesmo? – minhas mãos tremiam de raiva.
  Niall se desesperou.
  – Não! Não, Bella, não é isso! Calma, deixa eu te explicar tudo direito. – ele respirou fundo – Eu nem imaginava que o Zayn ia aparecer por aqui, então, quando a recepcionista disse que eu tinha uma visita, achei que fosse você. Que você tivesse vindo mais cedo! Mas quando o vi, fiquei realmente confuso. Ele começou a falar umas paradas aí, do tipo “Eu tenho que te pedir um favor!” e uns negócios parecidos. Mas quando ele falou de você, eu perdi o controle.
  – O que foi, exatamente, que ele te disse sobre mim? – perguntei.
  – Ele disse que eu precisava te convencer a ficar com ele. Porque você estava sendo egoísta e não estava vendo os dois lados do assunto. Ele disse que vocês poderiam parar uma guerra juntos! Que várias pessoas estariam salvas se você aceitasse ficar com ele. Mas eu não acreditei nele e disse que ele era um egoísta. Que ele nunca teria o seu amor, Bella. Nunca! Que, não importava a razão que ele estivesse propondo, não me interessava essa maldita guerra, eu não ia vender a minha melhor amiga! Que eu nunca, nunca mesmo, te trairia desse jeito. E disse também que era pra ele ter vergonha de ser assim, que você estava feliz e também estava satisfeita. Disse a ele que uma pessoa como ele nunca seria amada. Não por você.
  Eu sinceramente queria beijar, abraçar, apertar, morder, agarrar Niall nesse momento. Ele sempre fora meu herói, meu melhor amigo. Mas enfrentar alguém desse jeito, falar isso para alguém por mim! Lágrimas vieram à meus olhos, e eu não as segurei. Comecei a chorar. Eu amava Niall. Eu sempre amei, meu irmãozinho, meu melhor amigo. Meu pai.
  – Bella, eu não vou te vender! – ele disse, também voltando a chorar. Nós nos abraçamos e eu chorei em seus ombros. Nosso amor era tão grande, tão especial, que ultrapassava essa barreira do namoro. Eu nunca namoraria Niall, entendam isso. Do mesmo jeito que Niall nunca me namoraria. Por que nosso amor era muito grande para essas proporções.
  – Mas, eu fiz errado Bella. E é por isso que eu estava chorando. Zayn não quer te usar. Ele se importa com você. Ele ama você. – Niall sussurrou. – Depois que eu disse todas essas coisas horrorosas e mais um monte de palavrões pra ele, ele começou a chorar, dizendo que sabia disso. Sabia que tinha te perdido pra sempre. Mas que estava desesperado, porque ele não queria mais brigar. Ele me disse que estava cansado dessas briguinhas que não levam à lugar nenhum. Disse que só queria que você fosse feliz, e que ele sabia que você era feliz com Louis, por isso te ignora. Por isso que finge que você não existe. Ele quer que você continue odiando-o para que você continue sendo feliz com Louis. O coração dele está partido. Tão partido que me fez chorar. Ele está sofrendo muito! Eu nunca o imaginei assim! Imaginava-o fazendo as meninas sofrerem, imaginava-o partindo corações. Mas, na realidade, ele é só um menino muito solitário, que nunca foi amado de verdade! Você não tem obrigação de amá-lo Bella, e eu não vou te vender por pena dele! No entanto, ver como ele realmente é... Isso partiu meu coração. Me fez ver o quanto eu sou feliz por ter você! – Niall revelou.
  Não sei por que, como ou onde. Mas uma luz dentro de mim pareceu acender ao ouvir aquelas palavras. Percebi que era orgulho. Orgulho de mim mesma. Eu sempre soube que ele era assim. Desde a primeira vez que olhei bem dentro de seus olhos, minha alma o reconheceu. Eu não acreditava em Deus, ele também não. Eu acreditava em amor, ele também. De certo modo, o destino sempre esteve ligando minhas ações com as dele. Desde o momento que nascemos. Nossos destinos foram selados. Nossas almas, interligadas. Eu sempre pertencera à Zayn. E ele sempre pertenceu à mim. O momento em que nossos olhares se cruzaram não foi só uma coincidência, foi destino. Minhas mãos formigavam e eu precisava vê-lo. Precisava pedir desculpas à ele. Precisava pedir que ele me perdoasse. Precisava, precisava, precisava...
  – Nialler, me desculpe, mas eu preciso ir... – falei. Niall abriu um sorriso.
  – Vai conversar com o Malik, não vai? – ele perguntou. Eu sorri de volta pra ele e lhe dei vários beijinhos na bochecha.
  – Vou. Eu te amo. Mais tarde eu volto. Durma enquanto isso! – gritei, já saindo pela porta. Ouvi, de longe, ele gritando de volta.
  – Eu te amo mais! Juízo, princesa!
  Eu amava Niall. Demais. Mas eu também amava Zayn. Demais. Mas... Eu também amava Louis. Ih, fudeu.

Capítulo 15

  Depois de muito esforço, acabei encontrando Zayn. Ele estava na escola, disse Jho. Afinal de contas, Jho e Zayn eram melhores amigos. Eles faziam TUDO juntos. O que me irritava um pouco. Eles almoçavam juntos, moravam juntos, saíam juntos e ele pediu para que o diretor o pusesse junto com ela em todas as aulas. Eu sempre achava que Jho e Zayn tinham algo a mais do que somente amizade, mas quando a questionava por causa disso, ela só me dizia: “O que eu e Zayn temos é só amizade, nada menos do que isso.” Era sempre a mesma resposta. Outra coisa que eu sempre indagava era o porquê da vinda de Jho. Tudo isso era um mistério para mim. Quando perguntei a ela, ela só me disse: “Meu amigo precisava de mim”, mas e a mãe e o pai dela? Será que não protestaram nem um pouco? Vai saber, né.
  Corri por todos os lugares que eu achava remotamente possível de Zayn estar. Mas não o encontrei. Corri pelas salas de aula, pela sala do diretor, pelos ginásios, pelas quadras, pela piscina, pelo refeitório e pelo jardim. Nenhum sinal de Zayn. Mas Jho tinha dito que ela tinha certeza de que ele estava aqui. Não era possível... Só havia um lugar que ele poderia estar... A sala de teatro.
  Subi as escadas correndo, me sentindo muito cansada. Ele tinha que estar lá. Quando fui me aproximando, comecei a ouvir vozes. Uma luz de esperança se acendeu em minha alma. Eu tinha conseguido. Zayn estava lá. Mas quando fui me aproximando do lugar de onde saíam as vozes, fui surpreendida pela cena que presenciei.
  Não havia encontrado Zayn. Ele não estava lá. Mas Louis estava. E Jho também. Ela protestava. Andava para trás enquanto ele se aproximava. Ele estava com a mão esticada, como se quisesse tocá-la. Ela recuava. Eu não estava entendendo nada.
  – Louis, pára! Não está vendo o que está fazendo? – Jho protestava.
  – Mas Jho, eu gosto de você! E eu sei que você gosta de mim também! Eu sempre soube que gostava de você! Desde o momento em que te vi pela primeira vez! – Louis dizia.
  Não... Não... Isso não estava acontecendo. Não podia estar... Louis? Jho? Louis gostava dela? A dor começava a tomar conta de mim. Louis havia me traído? Havia mentido? E Jho? Como ela foi capaz de me trair assim?
  – Louis, não! Olha pra sua mão! Olhe a aliança na sua mão! Não te lembra de ninguém? Você não pode gostar de mim! Não pode! Bella é minha amiga! Não pode fazer isso com ela, vá embora! – Jho continuava a recuar. Louis tirou a aliança da mão e jogou longe. De certo modo, foi como se ele tivesse arrancado meu coração fora e o jogado pelos ares. Eu nunca havia me sentido tão mal em toda a minha vida. A dor me dilacerava. Eu não podia mais ver aquilo. Sabia como ia terminar. E eu não queria ver. Mas eu não conseguia me mexer, por que não conseguia me mexer? Queria ir embora... Me leve embora. Me deixe ir embora...
  – Pronto! Está feliz agora? Joguei aquela porcaria fora! Eu não a amo, Jho! Eu amo você! Bella... Ela... Não significa mais nada para mim! Ela pôde ter sido muito especial no passado, mas agora... Não significa nada! – Louis gritou. Suas palavras me cortaram como facas pontiagudas. “Não significa mais nada”... “Ela não significa mais nada”... Aquilo realmente estava me matando. Mas eu ainda não conseguia sair do lugar.
  – Seu canalha! Você a magoou! Você a iludiu! Você a usou! Você é nojento, Louis! Canalha! – Jho começou a bater nele. Minha afeição por ela aumentou. Mesmo diante de Louis, mesmo sentindo algo por ele (que eu sabia que ela sentia), ela me defendeu. Porém, ela não tinha mais para onde fugir. Não tinha mais para onde recuar. Ela estava encostada na parede e Louis não havia parado de andar em direção à ela. Eles iam se beijar... E eu ia ficar ali... Olhando. Sentindo a traição subir pelas minhas veias, em direção ao meu coração. A dor ainda estava lá. Pulsante, viva. E eu não aguentava mais.
  – Posso ser tudo isso, mas você ainda gosta de mim. – Louis juntou seu corpo com o dela e a abraçou pela cintura. – Você gosta, não gosta? Eu sei que sim, Jho. Não tente negar.
  Ele sussurrava em seu ouvido e Jho deixou escapar um pequeno gemido de prazer. Ela gostava dele. E ele gostava dela. E eu havia sido traída. Por uma pessoa que eu um dia chamei de amor. Nada doía mais do que isso. Lembrar-me de todos os momentos que passamos juntos, desde que Jho chegou e saber que tudo aquilo havia sido mentira.
  – Eu... Eu gosto. – Jho estava sem reações. Eu não podia culpá-la. Ela havia resistido por todo esse tempo, havia me defendido, mas não pôde vencer o coração. E ela se entregou. Eles se beijaram de modo carinhoso e depois de modo voraz. Ela passou as pernas pela cintura dele e ele a pegou no colo. Depois, ele a colocou em cima de uma mesa e se deitou por cima dela. Eu não conseguia mais assistir àquilo. Pois sabia como iria terminar. Consegui me mexer pela primeira vez e, virando-me, fui embora. Mas, na hora que estava saindo, tropecei em um armário, derrubando tudo o que estava em cima do armário no chão, fazendo um estrondo enorme. Louis e Jho olharam e me viram. Jho, na mesma hora em que me viu, começou a chorar e chamou o meu nome. Louis só olhava para mim, sem poder piscar, apavorado. Eu mal conseguia olhar para a cara dele. Tirei minha aliança e a joguei em seus pés, do mesmo jeito que ele havia feito. Jho continuava a soluçar, me chamando. Eu só me virei e fui embora.
  Não conseguia ficar ali mais um minuto. A dor era demais. Era como se estivessem abrindo um buraco em meu peito, me esfaqueando sem parar. Eu nem me lembrava do porquê estava ali. Saí cambaleando pela escola e às lagrimas eu sucumbi. Caí de joelhos no chão e gritei. Eu nunca havia feito isso em toda a minha vida. Se eu tinha medo ou se quer vergonha de alguém me ver naquela situação? Nem um pouco. Estava doendo demais para que eu pensasse em reputação. Enquanto eu chorava, mal percebi alguém se aproximando de mim. Só percebi quando ouvi seus passos bem perto de onde eu estava. Levantei-me e saí correndo. Mas algo deu errado dentro de mim e minha cabeça girou. Girou de tal modo que eu caí no chão. A última coisa que eu vi foi uma sombra dizendo: “CA#*%$*&”
  – BELLA? BELLA, PELO AMOR DE DEUS! RESPONDE! – uma voz sensual disse, desesperado. Parecia um anjo. Um anjo que me chamava. Eu queria dizer para o anjo que não se desesperasse, que eu estava bem. Mas, por que um anjo estaria me chamando?
  – BELLA! BELLA! –o anjo não parava de gritar. Isso me irritava. Afinal, eu estava bem! Não tinha o porquê de ele gritar desse jeito. Odiava quando as pessoas gritavam comigo. Me lembrei, vagamente, de uma professora que tive na segunda série. O nome dela era Diana, nunca me esquecerei. Ela só sabia gritar comigo. Gritava sem parar. Gritava para qualquer coisa. E eu odiava que ela gritava, por isso, peguei ódio de todos aqueles que gritavam comigo.
  – BELLA? O QUE ACONTECEU? RESPONDE? – se você parasse de gritar, anjo, eu até responderia. Mas, me sentia muito paralisada. Muito, imóvel. Tentei me lembrar do porquê o anjo me chamava. No entanto, eu estava com sono. Muito sono. Queria dormir. Queria relaxar. Mas não dava para relaxar com um anjo gritando no seu ouvido, né? Veio à mim de que o anjo poderia ser muito bonito. Então eu quis vê-lo. Mas não conseguia. Não conseguia abrir meus olhos, não conseguia ver nada! Só a escuridão. Era como se tivessem apagado todas as luzes e me deixado sozinha. Desde pequena eu tinha pavor do escuro. Era como uma fobia, assim. Então por que haviam apagado as luzes? Eu tenho medo do escuro! A escuridão parecia me engolir. Eu queria acordar. Eu queria acordar... Anjo, me salve!
  Abri os olhos e vi Zayn diante de mim. Ah, lógico, tinha que ser ele para ter essa voz de deus do sexo.
  – Zayn, a sua voz me dá tesão.
  Ele riu. Não, riu não. Ele gargalhou. Logo, ele me puxou e me deu um abraço de urso que me fez perder o ar. Porém, eu gostei bastante. Me sentia segura com ele. A dor tinha ido embora quando ele me abraçou.
  – NUNCA MAIS FAÇA ISSO! NUNCA MAIS ME ASSUSTE DESSE JEITO! VOCÊ DESMAIOU NOS MEUS BRAÇOS! SUA PULSAÇÃO DIMINUIU E QUASE PAROU! VOCÊ NÃO RESPIRAVA! ACHEI QUE IA MORRER! ACHEI QUE IA TE PERDER! VOCÊ TEM IDÉIA DO QUE ME FEZ PASSAR? E DO QUE, DIABOS, VOCÊ ESTÁ RINDO? – ele gritava e tinha lágrimas nos olhos.
  – Zayn.
  Ele me olhou, desesperado. Seus olhos brilhavam mais ainda por causa das lágrimas.
  – O quê? – respondeu.
  – Está chorando por minha causa? – perguntei, ainda em seus braços.
  – É LÓGICO QUE EU ESTOU, ANIMAL! – eu sorri e corei. Que fofo que ele era quando estava nervoso. Mordia os lábios sem parar, seus olhos brilhavam, ele me chacoalhava e eu ria.
  – Zayn, estamos no meio do pátio. Pare de gritar, eu estou bem. – coloquei meu dedo indicador em seus lábios, para que ele parasse de gritar. Mas caí na gargalhada quando ele gritou mesmo assim.
  – BEM??? VOCÊ QUASE MORRE EM MEUS BRAÇOS E ME DIZ QUE ESTÁ BEM? NÃO VOCÊ NÃO ESTÁ BEM COISA NENHUMA! E EU NÃO VOU PARAR DE GRITAR PORQUE... – eu o interrompi, dando-lhe um beijo na bochecha.
  – É a segunda vez que salva a minha vida. Devo lhe agradecer, de algum modo. Me diga, Zayn Malik. – disse, me levantando. – O que você quer que eu faça?
  Ele estava sentado no chão. Mas, na hora que eu levantei, ele se pôs de pé, rapidinho e colocou meu rosto entre as mãos.
  – Acho que você já sabe o que eu quero.
  Ele se aproximou rápido, tentando me beijar. Porém, quando vi, já tinha lhe dado um belo tapa na cara.
  – O que você pensa que está fazendo, Malik? – disse, revoltada. Então, ele achava que era assim? Era só chegar, e beijar? Ah, meu querido, ele estava muito enganado. E ele sabia disso, pois na hora em que minha mão acertou seu rostinho perfeito, ele abriu um sorriso e me deu um pequeno selinho. Um selinho que fez meu corpo inteiro vibrar, meu coração arder em excitação e minhas mãos tremerem. Eu fiquei sem reações quando ele beijou meus lábios. Parecia que meu corpo inteiro queria que eu o agarrasse e não o deixasse ir nunca mais. O pequeno e breve toque de seus lábios nos meus me deixou tonta e eu cambaleei quando ele me soltou. Tudo girava, mas dessa vez, não era um problema de saúde. Era Zayn Malik. Todo o lugar por onde suas mãos haviam passado queimava. Eu ainda não conseguia respirar. Ai Deus, isso é demais pro meu pequeno coraçãozinho.
  – Okay, Zayn, desse jeito você me manda pro hospital mesmo. – disse, ainda tonta com o seu beijo.
  Ele riu, me abraçou e sussurrou em meu ouvido:
  – Dívida paga.
  Ai papai, me abana.

Capítulo 16

  – E então? Vai me contar por que quase me matou do coração? – Zayn estava abraçado comigo.
  Quando ele fez essa pergunta, todas as cenas, todas as coisas que eu passei voltaram à tona. E a dor dilacerante veio com elas. Senti lágrimas voltarem à meus olhos. Eu fui traída. Meu namorado que eu amava havia me enganado. Mentido para mim. Jogado tudo o que passamos pelos ares. E isso doía. Demais.
  – Bella? – Zayn ficou confuso quando eu saí de seu abraço. – Falei alguma coisa?
  Ele me olhava confuso, com aqueles olhos brilhando para mim.
  – Não. É só que... – o encarei. Devia contar? Devia abrir meu coração? Pensei em todas as vezes que estávamos jantando e ele se abrira para mim, me permitindo saber de seus sentimentos mais profundos. – Louis me traiu. Eu vi tudo.
  Ele enrugou a testa por um segundo, e depois me puxou para um abraço delicioso e seguro. Ao abraçar Zayn, lembrei-me da sensação de seus lábios nos meus e me arrepiei.
  – Quando? – ele perguntou e eu fiquei confusa.
  – Quando o quê?
  – Quando você quer que eu mate ele? – ele disse e eu gargalhei.
  Nós nos soltamos, mas ele continuou com o braço em meus ombros. Eu me sentia bem com Zayn. Segura, salva. Como se, por acaso, a dor voltasse a me atormentar, ela não conseguiria me alcançar, pois eu estava com ele.
  – Não quero que o mate, Zayn. Não posso impedir uma pessoa de se apaixonar por outra. – disse, com uma dor no coração. Pois aquilo se aplicava também à Zayn.
  – E você não pode impedir de se apaixonar por ele, não é mesmo? – Zayn perguntou, olhando para os pés. Entendi que ele não estava falando só de mim.
  – Exatamente. Se ele é mais feliz com ela, então eu estou feliz. – disse. Mas depois percebi que falei besteira. Pois aquilo também se aplicava com o que Niall havia me dito sobre Zayn. “Disse que só queria que você fosse feliz, e que ele sabia que você era feliz com Louis, por isso te ignora. Por isso que finge que você não existe. Ele quer que você continue odiando-o para que você continue sendo feliz com Louis. O coração dele está partido.” As palavras de Niall voltaram a meus ouvidos como se tivessem acabado de serem ditas por ele. Eu arrepiei. Zayn realmente me amava. Será?
  – É, eu entendo. E quem seria ela? – Zayn perguntou.
  – Jho.
  Ele parou de andar como se tivesse acabado de levar um soco. Eu assustei com sua parada brusca. Ele estava com os olhos arregalados, mostrando como seus cílios são grandes. Brincadeira, ele estava com os olhos arregalados de surpresa mesmo.
  – Jho? A minha Jho? – ele perguntou e eu senti um pouco de possessão nessa frase.
  – Bom, se ela é sua eu não sei, mas sim. A Jho. – fiquei um pouco zangada com o “minha Jho” e me soltei dele.
  – Han? – ele gargalhou. – Isso é sério?
  Ele continuava gargalhando.
  – Sim, Malik, é sério e não tem nada de engraçado nisso.
  Fiquei brava com ele. Como ele podia ser tão insensível? Primeiro, me vinha dizendo “a minha Jho” e depois ainda ria do que estava me fazendo sofrer.
  – Eu não estou rindo da Jho e do Louis, Bella. Estou rindo de você.
  Olhei para ele com um olhar gélido.
  – Ah, é! Lógico, vamos rir da cara da Bella, por que ela é tão hilária, não é? – virei e fui embora. Estava realmente magoada que ele estivesse rindo de mim. Afinal, eu estava sofrendo, tinha tido uma queda de pressão agora pouco, estava sofrendo pra caramba e ele ainda tinha coragem de rir de mim?
  Ele pegou meu braço, me girou de modo que eu ficasse de frente para ele, e tocou minhas bochechas. Sério, ele sabia como me provocar.
  – Tava mesmo com ciúmes da Jho? Digo, meu e da Jho? – ele perguntou, pertinho de mim. Deus, como ele era cheiroso.
  – Não, Malik. E, se você pudesse largar meu braço, eu ficaria muito agradecida. – mas quando eu fui me desvencilhar dele ele me puxou para mais perto. Fazendo com que ficássemos à 2 milímetros de distância. Eu podia sentir o calor irradiando de seus lábios.
  – Sabe que você não precisa ter ciúmes de mim com ninguém no mundo, não sabe? Sabe que só existe uma menina no mundo pra mim, não sabe?
  Sabe quando você não consegue piscar, não consegue respirar, não consegue falar, nem nada disso? Pois é, essa era eu agora.
  – Zayn... Você tá... Perto demais... – eu ia tentar de soltar dele, mas ele estava tão perto, tão perto, que tive medo de me mexer e, sem querer, encostar-se a ele. Pois eu sabia que, se eu encostasse nele, ia acabar com tudo.
  – Fica calma, eu não vou fazer nada que você não queira. Te prometo isso. Mas só quero que saiba, que ninguém me faz sentir do jeito que você me faz sentir. – ele finalmente me soltou. E então eu percebi que não tinha respirado desde o momento que ele se juntou à mim. Meus pulmões gritavam por ar e eu respirei fundo. Quando Zayn me viu daquele jeito, ofegando que nem uma louca, ele soltou aquela gargalhada que eu tanto amo e eu não consegui parar de sorrir.
  – Vamos, boneca, vou te levar pra casa.
  Ao chegarmos a casa, eu assustei ao não encontrar ninguém. Liam tinha deixado um recado escrito: “To com o Hazza na casa da Rafa.” Hum, era a segunda vez que ele ia à casa dessa tal de Rafa, aí tinha coisa. E minha mãe havia deixado um bilhete ainda mais estranho escrito: “Saí com o Nick, voltamos só mais tarde. Tem comida na geladeira. Beijos, mamãe.”
  – Minha mãe com o Nick? Sério? – exclamei quando li.
  – Nick? – Zayn estava atrás de mim – Nick Taylor?
  Ele riu. Adorava que, quando ele estava comigo, ele ria sem parar.
  – Pois é, o mundo dá voltas. Sabia que eles se conheciam antes da sua mãe conhecer seu pai? – Zayn perguntou.
  Será? Tinha minha mãe um caso com Nick?
  – Jura? Uau! – peguei uma coca-cola na geladeira e servi para nós dois. – E aí, o que você quer fazer?
  Zayn andava por toda a minha casa, olhando tudo.
  – Sei lá. O que você quer fazer? Já que eu fui convidado a passar a noite aqui também, devo perguntar, aonde você vai dormir?
  Olhei para ele. Ele parecia uma criança brincalhona fazendo uma peripécia.
  – Como assim aonde eu vou dormir? Eu vou dormir na minha cama. Aliás, nem sabia que você ia dormir aqui hoje. Mas beleza, você pode dormir no banheiro. A banheira é bem confortável, fica tranquilo. – disse, lhe entregando o copo de coca. Ele me deu um beijo estalado na bochecha e meu coração foi à mil quando ele sussurrou no meu ouvido:
  – Só durmo na banheira se você dormir também, gatinha.
  – Tá bom, engraçadão, vamos assistir um filme.
  Pegamos qualquer filme que vimos pela frente. Acabou sendo “Sorte no Amor”, aquele filme da Lindsay Lohan com os gatinhos do McFly.
  McFly era a minha banda favorita, eu tinha cartazes deles espalhados por todo canto no meu lado do quarto e já tinha ido em vários shows deles. Sem contar que o Dougie é uma perdição, né?
  – Nossa, como o Dougie consegue ser tão perfeito? – comentei, quando eles apareceram.
  Zayn olhou para a TV e emburrou.
  – Esse magricela aí? Que menino feio, Bella, achei que você tivesse bom gosto.
  Eu gargalhei com o ciúmes dele.
  Conforme o filme foi passando, percebi que Zayn chegava cada vez mais perto de mim. O que acarretou no que eu já imaginava, né? No final do filme eu estava deitada no ombro dele, e ele com a cabeça encostada na minha.
  – Bella? Tá dormindo? – ele perguntou.
  Eu sorri.
  – Não, por que?
  – Sei lá, você estava tão quieta. – no filme, os meninos do McFly se apresentavam no Hard Rock.
  – Eu amo essa música. – disse, quando eles começaram com os primeiros acordes de I’ve Got You.
  Cantei junto com Tom quando a música começou. Me lembrei de todas as vezes que eu pulava no quarto cantando à plenos pulmões. Zayn me observava.
  – Você canta bem. – ele concluiu quando eu parei de cantar. Eu dei risada. Muita gente já tinha me dito isso, mas não desse jeitinho tímido dele.
  – Obrigada.
  Zayn estava perto demais de novo. E ele percebeu isso. Abriu aquele sorrisinho de safado que eu tanto amava e me deixou sem fôlego de novo.
  Para a minha surpresa, ele começou a cantar Let Me Love You, do Mario, maravilhosamente. A voz dele era simplesmente a voz dos anjos. Não sei se eu fiquei mais surpresa pela voz linda que ele tinha ou por ele ser tão gracinha enquanto cantava. Só sei que foi ali que eu soube que estava apaixonada por ele. Quando ele terminou de cantar, eu fiquei em choque.
  – Você. Canta. Demais. De. Bem. – exclamei e ele riu daquele jeitinho fofo.
  – Você precisava ver a sua cara quando eu comecei a cantar. – ele gargalhava e eu o encarava. Sabia que era agora. Sabia que esse era o momento que eu me lembraria por toda a minha vida. Sabia que, não importa o que tinha acontecido comigo e com Louis, Zayn estava ali. E sempre fora Zayn. A dor que eu senti com Louis, não era nada comparado à dor que eu sentiria se eu o perdesse. Zayn, Zayn, Zayn. Sempre fora ele. E agora ele estava ali. Pertinho de mim. Com seu coração aberto, pedindo por uma chance. Eu sei que deveria esperar... Eu sei que devia ser errado fazer o que eu queria fazer... Mas ele estava tão perto... Tão próximo.

Capítulo 17

  Ponto de vista do Zayn
  Ela estava linda. Eu sempre soube que ela era linda, mas hoje... Nossa, ela tava muito gata. Mesmo com aqueles olhinhos inchados de tanto chorar e com o cabelo despenteado. Eu não conseguia parar de olhar para ela. O filme inteiro eu fiquei esperando uma chance de me aproximar, mas com ela falando daqueles carinhas lá, do tal do Dougie, ficava meio difícil. No entanto, quando eu vi, já estava com ela em meus braços. Era incrível como ela se encaixava bem em mim. Suas mãozinhas pequenas cabiam perfeitamente dentro das minhas, sua cabeça se encaixava perfeitamente em meu ombro, e eu não a havia beijado ainda, mas tinha certeza que, se a beijasse, nossos lábios se encaixariam também. Por falar em beijar, eu estava morrendo de vontade de beijá-la. Aquele selinho tinha me deixado com um gosto de quero mais na boca, e eu não estava aguentando mais. Me amaldiçoei em silêncio por ter feito aquela promessa. Ela nunca pediria que eu a beijasse. Será? Do jeito que as coisas estavam andando, e com Louis fora da parada, eu achava bem provável que sim. Aliás, outra coisa que eu não estava aguentando mais: essa parada com o Louis. Como assim aquele canalha faz isso com a minha garota? Minha Bella? Ele merecia uma bela de uma surra. Mas eu não poderia batê-lo. Poderia? Bella me odiaria pelo resto da vida. Mas minhas mãos começavam a tremer só de pensar naquele cara beijando a Jho na frente da Bella. Sem se importar com seus sentimentos. É verdade que a Jho é uma gata. Porém, cá entre nós, a Bella é muito melhor. Outra coisa que me perturbava, como alguém pode trocar essa menina do meu lado por outra pessoa, seja ela quem for? De todas as meninas fantásticas com quem já namorei, não trocaria Bella por nenhuma delas. É verdade que são meninas lindas, com um senso de humor enorme, mas nenhuma consegue ser tão natural, tão única, tão exótica e linda como Maria Isabella Payne. E eu estava perdidão por ela.
  Gostava desse jeitão de difícil dela, gostava de como ela me olhava, gostava de como ela me chamava de Malik quando estava brava comigo... Gostava de tudo nela. Aí você vem, e me pergunta. Ah Zayn, mas e o físico? Você já olhou bem dentro dos olhos dela? Já observou como o cabelo dela é perfeito sem que ela sequer mexa nele? Já percebeu que sorriso maravilhoso ela tem? Pois é. Se você a acha feia, acho que nunca percebeu.
  Eu ria de algo que ela tinha dito. Mas, do jeito que ela estava me olhando eu nem conseguia me lembrar do que era. Nós estávamos tão próximos, e minha gargalhada ainda corria pelo ar. Aos poucos fui parando de rir, vendo que, de repente, ela havia ficado séria. Porém, antes que eu pudesse perguntar à ela porquê ela estava tão séria, ela disse. Disse aquilo que eu mais queria ouvir. Disse aquilo que eu estava precisando ouvir, aquilo que eu necessitava.
  – Zayn, me beije.
  Eu, provavelmente, abri o maior sorriso de toda a minha vida e peguei seu rosto entre as mãos. Ela estava tão linda essa noite. E então, delicadamente, colei meus lábios nos dela. E não importa quanto tempo se passar, o que acontecer, com quem vamos ficar no final, e se o mundo vai mesmo acabar em 2012, eu nunca (nunca mesmo) vou sentir uma sensação tão maravilhosa como ter meus lábios nos dela. Eu sorri quando minha língua explorou sua boca, e nós dois sentimos aquele choque gostoso passar por nós. Pedi, na minha mente, que aquele momento nunca acabasse.

Capítulo 18

  Quando Zayn encostou seus lábios nos meus, eu não podia desejar mais nada no mundo. Só que ele continuasse ali, do jeitinho que ele estava. Afinal de contas, eu nunca, nem mesmo com Louis, havia sentido tal sensação. Era como se, de repente, meu corpo não precisasse mais de ar, não precisasse mais de comida, água ou nada do tipo. Era como se minha total sobrevivência dependesse só de Zayn. Era como se, para sobreviver, eu só precisava ter ele ao meu lado. Ele era meu ar, minha água, meu calor... Quando o beijei, senti como se por toda a minha vida eu tivesse vivido sem uma parte, e que, depois de todos esses anos, eu finalmente tivesse encontrado-a. Zayn era a minha metade. A parte de mim que eu sempre senti faltar.
  Meu coração palpitava, minhas mãos tremiam, mas eu sabia certinho o que fazer. Do jeito que ele segurava meu rosto com tanto carinho e amor me fez perceber que era a primeira vez que eu era realmente beijada na vida. Digo, beijada com amor. Eu podia sentir todo o nosso amor passando por nosso beijo. E toda vez que sua língua encostava com a minha, eu sabia o que era o paraíso.
  Nosso beijo não era animado e sensual como era com Louis, era delicado, apaixonado, muito mais romântico. Ele acariciava minha nuca com uma mão e com a outra ele fazia um carinho na minha bochecha.
  Nós nos soltamos, ambos sorrindo. E quando Zayn olhou dentro dos meus olhos, eu falei sem pensar duas vezes:
  – Eu te amo. – Os olhos dele brilharam e ele abriu o sorriso mais lindo do mundo.
  – Eu te amo mais. – e me beijou de novo.
  Cada lugar que ele me tocava parecia queimar em brasa. E eu gostava daquilo. Zayn não sabia, mas o poder que ele tinha sobre mim era enorme. Ele podia fazer de mim o que quisesse, se reparasse bem. Ainda bem que não repara. Afinal, eu lá sou mulher de obedecer homem? Mesmo que esse homem seja, provavelmente, o homem da minha vida. Isso me lembrou do fato que, de acordo com meus cálculos, eu só tinha mais quatro meses na Califórnia. Isso me assustou. E muito.
  Me soltei de Zayn, assustada com a realidade que me aguardava. Por todo esse tempo, com todo esse problema com Niall, Louis e Zayn, eu havia me esquecido de que, em poucos meses, eu teria que deixar a Califórnia, a minha casa, para me mudar pra Londres. Uma cidade que eu não tinha o mínimo interesse. (mentira, eu sempre quis ir para Londres.)
  – Tá tudo bem, bebê? – Zayn perguntou.
  Hesitei.
  – Zayn... Eu te amo demais, e eu estou certa de que você é o homem pra mim, mas é só que... – parei. Será que ele ia ficar magoado? Será que ia achar que eu não o amava o bastante?
  – Não quer se casar com 16 anos. Entendo. – ele continuou a minha frase. Não parecia magoado, parecia sério. – Olha, eu também acho que somos muito jovens para nos casar, e sinceramente acho que se conversarmos certo com Nick, como dois adultos civilizados, ele pode falar com meu pai. Afinal, eu também não entendo o porquê dos 16 anos...
  Zayn sorriu e me abraçou. Eu o amava ainda mais agora. Sabia que ele ia me ajudar nessa, e realmente acreditava que poderíamos contornar essa situação.
  – Gatinha, não é por nada não, mas eu realmente estou com fome. O que acha de pedirmos uma pizza? – ele falou. Naquele momento percebi como estava com fome. Com fome não, estava morrendo de fome. Nossa, o que é isso? Niall, saia de mim.
  – Não existe ideia melhor. – sorri para ele e me levantei. Quando comecei a andar, percebi que meu short estava lá em cima, marcando toda a minha parte traseira. Percebi também que os olhinhos de Zayn estavam justamente ali. – Ei! Pode parar de olhar, menino! Que feio!
  Dei um tapinha carinhoso nele e ele riu.
  – Desculpa, anjo, eu sou humano. E mais ainda, eu sou um homem em plena puberdade. Tenho meus pontos fracos. – ele disse, dando aquele sorrisinho de safado que só ele sabia dar.
  – Zayn, você não presta.
  Me sentei no colo dele e lhe dei um beijo. Quando ele começou a ficar animadinho eu falei:
  – Então... pizza do quê? – ele riu e revirou os olhos.
  – Você não deixa passar nada, né?
  Me levantei do colo dele dando uma risadinha.
  – Lógico que não. Você não vai passar dos limites comigo, mocinho.
  – Hum, e quais serão esses limites? - ele se levantou e me abraçou pela cintura.
  – Eu ainda estou pensando nisso.
  Ele gargalhou daquele jeitinho e me acompanhou até a cozinha. Peguei o telefone e disquei para a pizzaria. Demorou um pouco para que a pizza chegasse, então quando nós finalmente começamos a comer, me senti enjoada de tanta fome. Comi mais do que deveria, e então senti um sono enorme bater em mim.
  Enquanto Zayn comia seu sexto pedaço de pizza (sim, sexto. Meninos na puberdade...), eu bocejava sem parar.
  – Muito sono aí? – ele deu uma risadinha.
  – Muito, muito mesmo.
  Ele parou de comer (aleluia) e nós lavamos a louça, guardamos o resto da pizza na geladeira e arrumamos a cozinha. Logo depois, nos deitamos no sofá. Zayn estava abraçado comigo e eu, deitada em seu peito. Dois segundos depois adormeci. Foi a melhor noite que eu tive. Bem, até aquele momento.
  Acordei no dia seguinte na minha cama. Zayn ao meu lado, dormindo profundamente. Ele era uma gracinha enquanto dormia. Não sei ao certo, mas eu acho que fiquei horas ali, observando-o dormir. Parecia um anjinho. Meu anjinho. Meu anjinho sem asas. Acariciava seus cabelos e tocava seus lábios com as pontas dos dedos. Até que ele falou o meu nome.
  – Bella?
  Não sabia ao certo se ele estava acordado ou dormindo, então respondi.
  – Sim?
  – Eu te amo.
  Fiquei surpresa. Não por ouvi-lo dizendo isso (bom, por isso também), mas por descobrir que ele estava dormindo. Zayn estava sonhando. E melhor ainda, sonhando comigo. Eu estava tão feliz, mas tão feliz que senti lágrimas se formarem em meus olhos. E não as contive. Percebi que Zayn era a única pessoa pela qual eu não segurava minhas lágrimas. Deve ser por que ele era uma das primeiras pessoas que me viu chorar.
  – Eu também te amo, gatinho.
  E o melhor de tudo... Era a mais pura verdade.

Capítulo 19

  Era segunda de novo. Mal tinha piscado e Pum! Já havia ido mais um mês. Somente mais 3 meses para convencer Nick e o rei William a adiar o casamento. A tensão começava a me dominar. Por fim, eu parei de falar com Louis por um tempo, mas há alguns dias atrás ele havia vindo até mim, para pedir perdão pelo o que fez e me dizer o quão apaixonado estava por Jho. Eu não me magoava mais. Afinal, eu tinha meu príncipe. Literalmente. Essa piadinha sempre era motivo de riso entre nós. E Louis voltara a ser meu amigo. Muita gente (hum, Niall) ficou realmente bravo com ele depois do que soube e não fala mais com Tomlinson. (aliás, Niall ficara bravo comigo quando soube que eu o havia perdoado, mas isso não importava muito). E também, ele finalmente estava de volta às aulas. Graças à Deus, pois eu sentia como se eu tivesse de passar mais duas aulas seguidas de física sem meu melhor amigo, teria um infarto. Jho ainda era uma das minhas melhores amigas e Bailey, bem... Bailey estava namorando com um cara de Chicago que conheceu durante o velório da tia. (vê se eu posso com uma criatura dessas). Liam estava realmente namorando com a Rafaela. Ele admitira isso alguns dias depois de eu tê-lo pego falando coisas do tipo “meu bebê”, “minha linda” ou “meu anjo” no telefone com ele um dia desses. Ela era realmente uma fofa e eu a adorava.
  Rafaela fazia o tipo de menina que não dá mole pro que falam dela, e é ela mesma. Acima de tudo, ela nunca se esquece de suas raízes brasileiras, que a tornam ainda mais encantadora. Ela e Liam estavam apaixonados, e você poderia encontrá-lo constantemente mandando flores para ela, ou escrevendo melodias melosas e cantando-as nos shows de talentos por aí. Liam cantava realmente bem, e isso era um fato. Várias vezes eu havia conversado com ele sobre Rafa e ele me dizia coisas do tipo “ela é a mulher com quem quero me casar”, ou então mais fofo ainda “ela é como se fosse aquilo que eu sempre procurei e nunca achei dentro de mim”. Okay, Liam estava realmente encantador no papel de namorado perfeito.
  Quem também estava dando um baile em questão de namorado perfeito era o Sr. Malik aqui. Não que nós estivéssemos oficialmente namorando, já que eu pedira a ele que esperasse mais um pouquinho. Mas nada nos impedia de dar uns amassos em seu apartamento de frente para o mar ou saíssemos por aí de mãos dadas enquanto tomávamos sorvete. Estávamos completa e loucamente apaixonados. E eu nunca fora tão feliz. É sério, eu estava mais feliz do que nunca. Parecia que minha vida estava, finalmente, tomando o rumo certo.
  Já quem não parecia muito bem era o meu bebê, Niall.
  – NiNi, tem certeza que está tudo bem? Está sentindo alguma coisa? – perguntei à ele pela sexta vez no dia. Ele olhava para o horizonte, imerso em pensamentos. Ai, como eu daria tudo para saber o que ele estava pensando. Parecia pálido, mas de repente corava. Estava... Como posso dizer... Estranho. Tá, não tinha outra palavra para descrever meu bebezinho nesse momento.
  – Tenho, Bella. Meu Deus, quantas vezes vou ter que dizer que estou bem? – ele disse, rindo.
  – Até eu sentir que você realmente está. – disse, preocupada.
  O professor passeava pela sala, vendo um por um. Eu e Niall corríamos um sério risco, pois ainda não tínhamos feito nada da atividade que ele passara. Mas eu nem me importava.
  – Não estou sentindo firmeza nesse seu “estou bem”, é isso. – eu terminei e ele revirou os olhos, me abraçando fortemente.
  Mas seus olhos sorriam tristonhos, de um jeito que quase partiu meu coração.
  Niall, Niall, o que houvera acontecido com você?

Capítulo 20

  Niall narrando
  Olha, eu juro que não foi por querer. Quero dizer, eu nem queria que isso acontecesse, mas eu não acho que seja uma coisa tão ruim assim... E vocês? O que acham? Se apaixonar por alguém que você nunca conversou na vida é ruim? E não contar à sua melhor amiga sobre isso é ruim? Entendam-me, não é que eu não queira contar à Bella que eu estou apaixonado (pelo menos eu acho que estou. Pesquisei no Google e os sintomas batem...) é que ela já tem tantos problemas! E já estava sofrendo tanto com o negócio da traição de Louis que eu não queria perturbá-la com mais uma coisa inútil. Não que meu amor por Gabi seja algo inútil. Eu não acho inútil. Ou talvez seja. Ah, sei lá. Querem saber como aconteceu? Tá, eu conto.
  *2 semanas antes*
  – Hum, desculpe? – perguntei. Era a primeira vez que acordava com uma menina completamente estranha em meu quarto de hospital. Mal sabia eu que era aquela menina que eu iria querer ao meu lado pelo resto da minha vida.
  – Ai, desculpa! Eu não... Não queria acordar você... – ela se desculpou e arrumou os óculos na ponta do nariz.
  – Imagina, eu só... Hum, eu... Conheço você? – perguntei. Se meus olhos não estivessem embaçados e eu pudesse ver como ela realmente se parecia...
  – Hum, acho que não. Eu... Eu não sou da Califórnia. Estou aqui pela... Pela minha mãe. – ela disse, hesitando. Provavelmente chateada em ter que contar sua história para alguém que não a conhecia.
  – Ah, okay. E... Bem, o que você tá fazendo no meu quarto? – perguntei, mas logo depois quis me matar, pois minhas palavras tinham soado muito rudes. Ah, que legal Niall, ótimo jeito de se começar uma conversa com uma garota. Se bem que ela estava me vendo realmente acabado, não tinha muita diferença.
  – Ah, é. Desculpa, eu... Eu já vou embora. – e antes que eu pudesse protestar pedindo que ela ficasse, ela foi-se embora. Algo naquela menina me intrigou e eu passava horas imaginando como seria seu nome. Seria algo como Ashley? Brittany? Ou algo mais original como Valentina? Laura? Seus cabelos compridos e cacheados e seus olhos cobertos por óculos desajeitados apareceram em meus sonhos por várias noites, mas eu ainda não tinha visto seu rosto claramente.   Até que um dia ela voltou lá. E parecia que o céu estava sorrindo de novo.
  – Ai, que ódio. Sempre entro no seu quarto achando que é o da minha mãe. Me desculpa, de novo. É que ela estava aqui antes... Daí eu vivo confundindo. – dessa vez meus olhos colaboraram e eu pude analisá-la direito. E me surpreendi. Era simplesmente a menina mais exótica e linda que eu já havia visto. Era diferente daqueles rostinhos perfeitos que a Califórnia mostrava. Seus cabelos castanhos tinham algumas mechas coloridas, que revelavam uma época rebelde talvez? Eles corriam com vários cachos enormes e lindos até a metade da cintura. Ela era mignon e delicada, seus olhos azuis meio violeta, como o crepúsculo, eram misteriosos e diferentes, escondidos por uns óculos que pareciam desajeitados em seu pequenino rosto. Suas roupas eram medíocres, mas em nenhum momento eu julguei que ela estava mal vestida. Ela era linda. E ela transformou o meu mundo. Antes que eu pudesse dizer algo como “Hum” ou “Ah” ou “Sem problemas” me vi perguntando à ela:
  – Como é seu nome?
  Ela piscou, surpresa. Logo corou, uma graça. Fiquei surpreso ao ver como gostava de vê-la sorrir.
  – Gabriela. – ela falou e saiu correndo. E meu mundo se resumiu em um nome só. Gabriela. Um nome que eu nunca tinha imaginado. Nunca tinha pensado, mas que combinava tão bem com ela e sua personalidade única... Gabriela... Aquele nome aparecia em meus sonhos e em meus pensamentos a todo o momento. Eu simplesmente não conseguia evitar. Queria saber mais sobre ela. Queria vê-la mais. Queria tocar seus lindos cabelos cacheados e olhar aqueles olhos de perto. Mas ela nunca mais voltou. E eu estava ficando preocupado. Ah, Niall, deixa de besteira, ela só devia ter decorado onde ficava o quarto da mãe. Ou, melhor ainda, sua mãe podia ter deixado o hospital... Uma frase de Gabriela lhe veio à cabeça: “Eu não sou da Califórnia. Estou aqui pela... Pela minha mãe”. Então, se sua mãe já tivesse deixado o hospital, ele nunca mais a veria? Um desespero tomou conta de mim e eu me perguntei de onde veio àquela sensação calorosa que pulsava dentro de mim.
  *dias de hoje*
  Pois é, foi assim que eu conheci a Gabi, como gostava de chamá-la. Desde aquele dia, nunca mais tinha visto ela, até que voltei à escola. E percebi que ela não havia deixado a Califórnia. Pelo contrário, ela, agora, estudava comigo. Na verdade, estudava do meu lado na aula de álgebra. Minha primeira impressão foi que ela não se lembrava de mim. Mas, quando meu olhar se cruzou com o dela, tive certeza que não. Ela ainda se lembrava de mim. E eu, definitivamente, me lembrava dela. Não só dela como da sensação incrível que sentia toda vez que encarava aqueles olhos violeta debaixo daqueles óculos desajeitados que a deixavam ainda mais charmosa e exótica. Sim, eu estava mesmo apaixonado por ela. E não havia nada que eu pudesse fazer quanto a isso.

Capítulo 21

  Niall narrando
  Quando acordei hoje de manhã, estava decidido. Não importava o que acontecesse, eu ia falar com Gabriela. Eu precisava falar com ela. Afinal de contas, se eu não falasse, não me consideraria homem. Eu tinha coragem de fazer tantas coisas malucas, porque não teria de conversar com uma simples conhecida? Bem, nem tão conhecida. Mas... Ah, vocês entenderam, vai? Eu realmente precisava falar com ela. Mas não tenho a mínima ideia de que pra falar com ela meu subconsciente me faria colocar minha melhor roupa, pentear meu cabelo (tá, isso era um milagre. Eu NUNCA penteava meu cabelo, quem fazia isso geralmente era a Bella) e ficar realmente chateado quando me olhei no espelho não me achei bonito. Eu não me achava bonito. Não importava o que as pessoas (hum... Bella e mãe) diziam. E não me importava com isso, nem um pouquinho. Mas agora, pela primeira vez na vida, realmente desejei ser bonito. Bonito como Louis, ou como Zayn. Quem sabe, se eu fosse bonito talvez Gabi... Ei, calma aí garoto, você ia só falar com ela!
  Andei pela escola, meus olhos procurando pela menina de mechas coloridas enquanto Bella tagarelava sobre várias coisas ao meu lado. Estava ficando realmente preocupado com o fato de não encontrá-la. Até que eu a encontrei. E então tudo fez sentido. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto, com seus cachos caídos maravilhosamente por suas costas. Seus óculos estavam, como sempre, desajeitados na ponta de seu narizinho pontudo e seus lábios estavam abertos em um sorriso lindo enquanto conversava com uma menina. Ela estava com um vestido vermelho não muito curto, como maioria das meninas californianas usavam, mas eu achei sexy do mesmo jeito...
  – NIALL! – Bella gritou no meu ouvido, me fazendo saltar e desviar meus olhos e pensamentos da menina à minha frente. – Está me ouvindo?
  Encarei-a, sem entendê-la.
  – Sim...
  Ela franziu a testa para mim.
  – O que está havendo com você? Tem sido tão estranho... Fica devaneando toda hora, não presta mais atenção no que eu falo, está sempre distante e... Você penteou o cabelo? Niall Horan, o que está havendo com você? – ela perguntou, totalmente confusa.
  Ouvi uma gargalhada linda atrás de mim e me virei para ver de quem saía. Era de Gabriela. A risada dela simplesmente encantou meu dia, e minha admiração por ela foi tão grande que até Bella percebeu.
  – Você... Está apaixonado!!!!! Como não adivinhei??? Meu Deus, que lindo! Ai, senta, me conta tudo! Como assim você não me contou ainda? Ai Senhor, eu vou ter um ataque, que fofo você! Nossa, quem é? – Bella me bombardeou com perguntas e eu só ri e corei de tudo aquilo. Não sei porque fui esconder dela por tanto tempo, ela era minha melhor amiga, meu oxigênio, minha Terra. Bella era tudo pra mim. E eu sabia que podia contar com ela pra tudo.
  Sentei-me ao lado dela e lhe contei tudo que eu estava sentindo. Quando terminei, ela só sorriu e me abraçou.
  – AimeuDeus! – ela gritou – Você está mesmo apaixonado... Tipo, de verdade assim! Ai que lindoooooooo! – ela gritou, me abraçando. E eu me senti feliz por ter contado à ela. Realmente feliz. Afinal, ela era minha melhor amiga, minha irmãzinha. Se eu não confiasse nela, em quem iria confiar?

Capítulo 22

  Bella narrando
  – Na boa, Zayn. Quando vai me contar o que teve com Jho? – eu perguntei à ele quando nós saímos da escola. Jho e Zayn estavam conversando sério e baixinho, como se não quisessem que ninguém os escutasse. Era sempre assim, eu nunca havia visto Zayn conversando normalmente com Jho. E ele nunca me contava o porquê disso.
  – Ela foi... um passado. – ele passou o braço pelos meus ombros. Ah jura, Zayn? E eu nem sabia disso, né? Sabe, às vezes, eu acho que ele acha que eu sou uma idiota, porque ele me trata como criancinha na maioria das vezes.
  – Não!!! Não me diga, Zayn! Jura que ela foi um passado? Eu não sabia.... – falei, ironicamente, encarando-o com o que ele chamava de “o olhar frio”.
  – Pois é, se já sabia, então por que a pergunta? – ele rebateu.
  – Por que eu quero saber o tipo exato de passado.
  Ele parou de andar e me encarou, segurando nos meus ombros. Seus olhos pareciam adagas na minha alma, me especulando. Eu sempre ficava sem ar quando percebia o quanto seus olhos brilhavam. Hoje, eles estavam da cor de um marrom-chocolate. A coisa mais linda. Definitivamente, a coisa que eu mais amava em Zayn eram seus olhos. Eles sempre me hipnotizavam. Sr. Malik não sabia o tamanho do poder que tinha sobre mim.
  – O tipo de passado que já aconteceu e não acontece mais. Isso é tudo o que você precisa saber. – ele falou e recomeçou a andar. Fiquei brava.
  – Eu não acredito que depois de todo esse tempo que estamos juntos você ainda não confia em mim! – falei, magoada.
  – Eu confio em você, Bells. Só não quero que se magoe. – ele pegou na minha mão, mas eu a espantei.
  – Bom, então falhou, porque eu já estou magoada. – cruzei os braços e comecei a andar mais rápido que ele, pra ele precisar correr para me acompanhar. E deu certo. Ele deu uma corridinha e me alcançou. Depois, ele me pegou pela cintura e me virou, me deixando de frente pra ele. Eu protestava, mas ele nem se importou com meus tapas em seu peito. Segurou minhas mãos facilmente, e me fez olhar dentro de seus olhos. Merda, ele descobriu meu ponto fraco. Tentei desviar o olhar, mas ele meio que gritou:
  – Olha pra mim Maria Isabella! – a menção do meu nome inteiro me fez encará-lo com surpresa.
  – Eu confio em você mais do que confiei em meu pai durante a vida inteira. Eu não me imagino mais sem você, Bella. E se você começar com ciúmezinho pra cima de mim, eu vou ter que agir. E não digo agir da forma física, como fui forçado a fazer agora, mas vou começar a utilizar de recursos que eu estou com dó de usar. Como forçar você a olhar dentro dos meus olhos. Você acha que eu não percebi como você amolece quando me encara? Ou então como você fica sem ar quando eu sorrio e faço isso? – ele acariciou minha bochecha e eu arrepiei. – Não, você não sabe. Eu não gosto de fazer isso, porque eu gosto do seu jeito de mandona e durona. Eu sei como é importante pra você ser assim. E acredite, eu adoro isso. Eu adoro tudo em você. Mas, por favor, não me force a ficar sem você. Não me force a ter que aturar briguinhas sem sentido por causa de coisas que já aconteceram. Não me diga que eu não confio em você, pois você é minha melhor amiga, e sabe disso. Eu estou numa situação de desespero, Bella, não consegue ver? Não percebe como me tem na palma de suas mãos? Eu não posso mais viver sem você. Minha vida agora é a sua vida. E isso pode parecer muito Crepúsculo, mas é a pura verdade. Você quer saber se eu e Jho namoramos, dormimos juntos e tivemos um caso? Pois sim, fizemos tudo isso. Agora está feliz?
  Eu estava sem fôlego com aquelas palavras que, ao mesmo tempo, pareceram machucar, mas também a aliviar a dor. Zayn nunca fazia isso. Estávamos juntos à um tempo, e ele nunca havia se declarado desse jeito. Eu gostei daquilo. Mesmo que tivesse acabado de ouvir que a menina que meu ex-namorado havia me traído também tinha dormido com meu atual namorado. Mesmo que ele tivesse dizendo que “podia muito bem me controlar”. Podia nada! Ele que pensava. Ele tinha essas pequenas coisas em seu favor, mas eu tinha os hormônios da puberdade masculina. Ele que ficasse imaginando.
  Ele me soltou de seu abraço esmagador e abraçou minha cintura, delicadamente. Encostou sua testa na minha, me dando um pequeno beijinho na ponta do nariz.
  – Poxa, eu te amo princesa. Você sabe disso. Eu odeio, odeio mesmo, brigar com você. Não tem coisa que eu odeie mais. Mas eu entendo que seja necessário, às vezes. Você é minha vida, minha Bella. E eu te amo demais, pequena.
  Ele me deu um beijo que me tirou o fôlego. Aliás, toda vez que nós nos beijávamos, eu sentia que meu coração podia explodir de tanto amor. Eu amava Zayn. Estava certa disso. A cada toque, mil ondas de calor percorriam todo o meu corpo, me fazendo arrepiar. Nós nos beijamos por longos minutos, e eu não me cansei. Pelo contrário, lamentei que tivéssemos que nos separar. Por mim, nosso beijo duraria dias, meses, anos...
  – Eu te amo, Zayn. Nunca vá embora. Eu não suportaria sem você. Me desculpe pelas briguinhas e pelo ciúmes tosco. Não valem a pena. – eu disse, olhando dentro de seus olhos.
  Ele sorriu daquele jeito que eu tanto amava e sussurrou, seus lábios grudados nos meus.
  – É lógico que eu desculpo, te amo demais gatinha.
  Zayn tirou o famoso boné azul da cabeça e pôs em mim e eu me senti completa. Eu tinha o menino da minha vida. De verdade.
  Andamos até a minha casa, aonde Zayn e eu ficávamos até o jantar. Mas quando entramos, uma surpresa enorme.
  – PAI? – Zayn falou – O QUE O SENHOR TÁ FAZENDO AQUI?
  Tá, beleza, respira. Você está diante do rei da Inglaterra, não é nada demais. Ah, e a rainha Kate também estava lá. Okay, não é nada demais. É só manter a calma. Respira fundo. 1,2,3 respira, 1,2,3 inspira.
  – Filho! – Kate correu e abraçou Zayn. – Que saudades de você! Como você está?
  Zayn também parecia não respirar.
  – Estou... Estou bem, mãe. Relaxa. – ele piscava com dificuldade.
  A rainha olhou para mim.
  – Ai meu Deus, me perdoe pela grosseria. Nem me apresentei. Muito prazer, eu sou Kate. Você deve ser a princesa de BrokenHood, não é mesmo? A pequenina Maria Isabella? Ah, mas é claro que você é! Só precisamos olhar para você! É a cara do seu pai! – ela deu uma risada baixa e estendeu a mão para mim. Eu apertei-a com cuidado. Tudo na rainha parecia prestes a quebrar como um vaso muito valioso de vidro. 1,2,3... 1,2,3... – Nossa, como você cresceu! Quando a conheci você não passava de um bebê! Você se lembra, Will?
  O rei se aproximou de mim, dando um sorriso.
  – Mas é claro que me lembro. Foi um dia muito importante para todos nós, não é mesmo? – todos no recinto riram, menos eu e Zayn, que estávamos muito surpresos para se quer nos mexer.
  – Está magnífica, pequena Isabella. Parece que herdou a beleza estonteante de sua mãe. – Kate disse, sorrindo para mim. Eu me sentia como uma drag Queen perto da rainha Kate. Ela era estonteante, não eu. Seus olhos eram ainda mais azuis do que na TV e seus cabelos eram perfeitamente bem-cuidados enquanto os meus eram quebrados e rebeldes. O corpo dela então... Nem se compara ao meu. O dela era escultural e cheio de curvas, mas todas no seu devido lugar. Enquanto o meu... Bem, eu fazia mais a forma esquelética, como diz minha mãe. Ou mignon como dizem os mais chiques.
  – Hum... Obrigada. – demorei a responder, o que fez minha mãe me encarar com aqueles olhos que dizem “onde estão os bons modos?”.
  – Mãe, pai, o que vocês vieram fazer aqui? Me espionar? Já não mandaram a Jho para isso? – encarei Zayn. Então é por isso que Jho havia vindo, afinal de contas. Ela estava aqui como espiã para notificar o rei e a rainha dos passos e conquistas de Zayn. Eu era uma dessas conquistas.
  Eles riram desconfortavelmente. Alguém se mexeu lá no fundo da sala e só daí percebi que Nick Taylor também estava presente.
  – É claro que não, filho. – William respondeu – Só estávamos com saudades.
  Percebi como o rei também era muito bonito. Misturando a beleza exótica da rainha com a beleza nobre do rei, só poderia nascer aquela beleza estonteante que era Zayn. Me senti levemente deslocada perto de todas aquelas pessoas belas e exuberantes.
  – Suas saudades nunca são convenientes, papai. – Zayn respondeu rudemente. Alguém sussurrou lá no canto e eu percebi que Liam, Harry e Rafa também estavam ali, assistindo tudo.
  – Zayn, venha querido, sente-se. Não fale assim. – Kate pediu. Mas Zayn estava realmente chateado com alguma coisa que seu pai havia feito.
  – Eu já disse não, porque está aqui? Acha que vai me convencer a mudar de ideia? Vai continuar sendo “não”, pai, sabe disso.
  Tá agora eu já não estava mais entendo nada. Zayn havia dito “não” à que? O que seu pai havia lhe proposto? Algo gelou no fundo do meu estômago. Mal sinal. Algo não muito bom estava a vir.
  – Eu sei, Zayn, sei disso. Não precisa gritar. – seu pai disse, calmamente, mas deu para perceber que ele estava zangado com seu filho por entregá-lo.
  – O que? Você não quer que ninguém saiba? É isso? Você não quer que minha namorada saiba que você quer que nós nos casemos em 3 semanas? Que você encurtou o prazo do casamento sem nos consultar, para seu próprio sucesso? Pois é, Bella, agora você sabe. Eu tinha conseguido fazer com que Nick convencesse meu pai de que não precisávamos nos casar para estabelecer paz. Ele consentiu. Porém, depois de uma briga com o governo inglês, meu pai descontou toda a sua raiva em nós, ou devo dizer, em mim e não só desistiu da trégua como ainda encurtou o prazo do casamento. Ele espera que nos casemos daqui à três semanas! E como eu já disse que nós não nos casaríamos, ele está aqui para me impedir de fugir com você depois de amanhã no seu aniversário. – Zayn gritou à todos que estavam na sala.
  De repente, tudo fazia sentido. Zayn havia mudado comigo. Ele estava se declarando, e tentando me convencer de que poderíamos ser felizes juntos pra sempre, mas longe daqui. Eu senti vontade de beijá-lo ali mesmo. Ele não estava tentando me convencer a casar com ele, como eu havia pensado que ele estava, ele estava tentando me convencer a fugir com ele para que nós não fôssemos forçados à nos casar. Mas também fiquei magoada por ele não ter me contado nada disso. E então suas palavras me vieram à cabeça: “Não me diga que eu não confio em você, pois você é minha melhor amiga, e sabe disso. Eu estou numa situação de desespero, Bella, não consegue ver?”... Eu achei que a “situação de desespero” fosse o fato de ele precisar de mim para viver, mas agora, eu havia entendido. O desespero dele era ser forçado a se casar... Forçar-me a me casar com ele. Como eu amava Zayn. Ele era tão maduro, às vezes.
  – Eu não vou permitir que você estrague a nossa vida, pai. Não mesmo. – ele terminou.
  William estava com a cabeça abaixada e Kate olhava de Zayn para ele, incrédula.
  – Isso é verdade, William? Você... Não... Você não fez isso... Fez? William? Me responda, agora.
  Todos pareciam estar por demais chocados com a declaração de Zayn para respirar, se mover, falar ou fazer qualquer coisa. Até que Zayn disse:
  – É mamãe, temos muito o que conversar...

Capítulo 23

  Depois de toda a confusão, Zayn passou mal e eu o levei para fora.
  – Está se sentindo melhor? – perguntei, assustada.
  Ele se sentou no mesmo banquinho onde Louis havia me pedido em namoro. Tentei evitar aquela lembrança.
  – Sim... – ele evitava olhar em meus olhos.
  – Zayn, o que eu posso fazer? O que posso fazer por você? – perguntei, desesperada com seu sofrimento.
  – Não... Não me diga isso, por favor, eu não mereço isso... – ele disse, ainda sem olhar para mim.
  – Como não merece? Como assim? Olhe pra mim, Zayn! Por que está agindo dessa forma? Por que está sendo tão estranho assim? – forcei-o a olhar para mim.
  – Eu... Não sou essa pessoa, Bella. Eu não sou... Maravilhoso assim... Sabe? Do jeito que você pensa... Eu falhei com você... Me des-desculpe, Bella. Eu não quero forçá-la a nada, entendeu? Não quero arruinar a sua vida do jeito que o meu pai quer arruinar a minha. Quero que você seja feliz... E livre. Quero que se case com o homem que ama e tenha uma vida longa, plena e satisfatória. Uma vida feliz. Mesmo que eu não seja esse homem, mesmo que amanhã você conheça um homem melhor do que eu, ou alguém que te faça mais feliz. Não quero que você seja presa a mim desse jeito. Eu enfrentarei a todos Bella, eu juro, eu lutarei contra todos eles, contra meu próprio pai, mas não deixarei que acabem com a sua vida. A minha, não importa, eu terei que carregar esse peso por toda a minha vida, mas isso não significa que você tenha que carregar comigo. Me desculpe, Bella. Me desculpe...
  Zayn chorava. Aquelas palavras tocaram o fundo da minha alma. As lágrimas dele me machucavam e então se tornavam minhas lágrimas. Me ajoelhei de frente para ele. Eu sentia, dentro de mim, que Zayn era aquele que eu queria passar minha vida junto. Eu não me separaria dele mesmo que fosse necessário. Estaríamos juntos pra sempre. Não importava como, ou quando... Peguei seu rosto entre as mãos e limpei suas lágrimas. Foi uma ação inútil, já que novas lágrimas não paravam de brotar de seus olhos.
  – Zayn, me escute com atenção. Eu não me importo. Não me importo com nada disso! Se você tem que carregar esse peso pro resto da vida, eu vou estar aqui para carregá-lo com você! Casada ou não, é você que quero! E sim, amanhã vai aparecer um homem incrível que vai me fazer ainda mais feliz do que eu estou hoje! E sabe quem é? É você! Pois é disso que a vida se trata, encontrar alguém e amá-lo cada vez mais e amá-lo sempre! É se apaixonar, e se apaixonar de novo pela mesma pessoa! É ficar maravilhada e surpresa com as surpresas que a vida traz pra você! Você é a minha surpresa Zayn... E eu sempre vou amar você... E você é, sim, essa pessoa maravilhosa e magnífica! – ele revirou os olhos – É sim! Me escute! A bondade não está no resultado das coisas que você fez, e sim em quantas vezes você tentou e se tentou com todo o seu coração. E você tentou Zayn... Tentou demais! E nós vamos continuar tentando! Juntos... Porque, eu não sei você, mas eu não estou nem um pouco afim de te largar por muito tempo... Eu te amo, gatinho. E eu amo você, só você! Vamos nos amar agora, a vida é tão instável, nunca se sabe o que vai acontecer amanhã, nem se vamos estar aqui amanhã...
  Ele me beijou me impedindo de falar mais. Provavelmente eu estava falando demais. Zayn gostava de fazer isso pra me “calar a boca”. E eu gostava que ele fizesse isso por que... Bem, porque eu amava beijá-lo. É.
  Ele me sentou no colo dele e o beijo foi ficando mais intenso. Sua mão desceu pela minha perna e ele apertou minha cintura contra seu corpo. Dentre todos os nossos amassos, esse foi o mais quente. Ele se levantou do balanço me levando com ele, e então me colocou contra a parede da garagem. Nosso beijo ficou selvagem e eu entendi. “Vamos nos amar agora, a vida é tão instável, nunca se sabe o que vai acontecer amanhã, nem se vamos estar aqui amanhã...” Minhas próprias palavras subiram à minha cabeça. Minha mão procurou pela porta da garagem e eu a achei. Virei a maçaneta e entramos.
  Ele me deitou em cima da mesa e nós continuamos nos beijando como se não houvesse amanhã. Eu tirei a camisa dele e ele tirou a minha. Eu estava certa do que eu queria. Sabia que era Zayn que eu queria e era de Zayn que eu precisava, mas quando suas mãos alcançaram o fecho do meu sutiã, eu travei.
  - Bebê, tá tudo bem? – ele me perguntou.
  – Eu... Eu não posso fazer isso, Zayn. Me desculpe. Eu... Eu não estou pronta ainda. Me desculpe! Desculpe, desculpe! – eu escondi meu rosto entre as mãos, enquanto me sentava na mesa, de frente para ele.
  Ouvi-o rindo e encarei-o com surpresa.
  – Não está chateado? – perguntei.
  Ele me abraçou.
  – Por que, diabos, eu estaria chateado, Bella? Por que você não quis transar comigo? Isso não tem nada a ver! Eu nunca ficaria chateado com você por causa disso... – ele viu que eu ainda estava um pimentão de tão vermelha de vergonha e então tirou minhas mãos do meu rosto. – Ei, olha pra mim. Eu nunca vou forçá-la a nada, okay? Estou aqui se você quiser, mas posso esperar. Por você, eu espero, gatinha. Tá? E você não deve corar por causa disso. Se bem que eu adoro ver você corar. Mas enfim, eu te amo, e espero por você. Quando você estiver pronta, me ligue. – ele deu uma piscadinha e eu ri, sem graça.
  Ouvi minha mãe me chamando lá no jardim e disse, em meio aos beijos apaixonados:
  – Acho melhor irmos, vão achar estranho. – ele resmungou.
  – Ah, só mais um beijinho, vai? – e me beijou de novo.
  Nós nos beijamos por mais uns minutos e depois eu insisti em sair dali. Eu mal acreditava. Zayn sem camisa era o maior pecado de Deus. Sorte que eu não tinha olhado pro tanquinho dele antes de dizer “não” porque... né? Meu Deus. O que era aquilo?
  – Você malha? – perguntei, sem conseguir me conter.
  Ele acompanhou aonde eu estava olhando e riu demais. Aquela risada que eu tanto amava.
  – Eu jogo futebol Bella, e também malho de vez em quando. Mas tenho preguiça na maioria das vezes... – ele sorriu.
  Fiz uma careta. Comparando o físico de Zayn com o meu... Bem, não... Não dá pra comparar. Apaga essa parte, produção.
  – Pelo jeito, pra ficar com você vou precisar malhar... E muito. – ele veio até mim, tirou uma mecha dos meus cabelos vermelhos dos meus olhos e a escondeu atrás da orelha. Então, ele abraçou minha cintura e sussurrou no meu ouvido:
  – Eu acho que você é a menina mais gata de toda escola. Só não falo “gostosa” porque acho ridículo. Mas você é sim, a mais gata. Não precisa malhar, não precisa emagrecer... Aliás, podia engordar um pouquinho, você é tão magrinha... Mas eu gosto de você do jeitinho que você é. A minha pequena, minha Bella.
  Ele me beijou e eu me perguntei por que eu tinha pensado em malhar mesmo... Eu nunca teria pique pra ir pra academia! Ri internamente enquanto nos trocávamos.
  Entramos em casa mais uma vez e Zayn apertou minha mão. Eu sabia como ele estava estressado por seus pais estarem lá, e pela conversa séria que ele teve, particularmente, com seu pai e sua mãe. Eu queria saber o que eles tinham conversado e o porquê de Zayn sair quase desmaiando de lá de dentro da sala, mas não perguntei. Ele já tinha me assustado demais só hoje.
  Quando achamos que nada poderia ficar pior, na hora que entramos vimos uma menina lá dentro. Uma menina que eu não conhecia, mas que conhecia (e muito!) Zayn.
  – ZAYN! MEU AMOR! EU ESTAVA MORRENDO DE SAUDADES! – ela pulo no pescoço de Zayn.
  Droga, pensei, por que todas as meninas que Zayn conheceu no passado tinham que ser tão maravilhosamente bonitas?
  – LOLA! AH MEU DEUS! O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI? – Zayn abraçou-a de volta, e eu me senti levemente desconfortável ali. – Sua louca! Também estou com saudades!
  Eles riram e eu vi Kate encostar sua cabeça no ombro de William, que a abraçou.
  Eles ficaram um bom tempo abraçados e eu estranhei. Teria Zayn dormido com essa também? Eles se desgrudaram por um segundo e Zayn disse:
  – Lola, essa daqui é a minha Bella.
  A menina do sorriso mais bonito que eu já tinha visto disse, sorridente.
  – Sua Bella? Perdi alguma coisa? – ela sorriu pra mim e eu senti uma grande afeição por ela. Pelo menos ela sorria para mim, isso era uma coisa boa!
  Zayn riu e falou:
  – Pelo visto perdeu. Eu e Bella estamos namorando, não sabia? – ela sorriu e deu uns pulinhos. Eu olhei pra Zayn, estranhando e perguntei, baixinho:
  – Estamos?
  Ele sorriu daquele jeito e abaixou a cabeça, coçando a nuca, como ele sempre fazia quando está envergonhado...
  Eu voltei a olhar para a menina do sorriso bonito, que estendeu a mão pra mim e disse:
  – Muito, muito, muito, muito prazer princesa! Eu sou a Ligia, mas você pode me chamar de Lola.
  Eu apertei a mão dela e ouvi alguém rindo atrás.
  Era Harry. Os olhos dele brilhavam e ele estava sorrindo toscamente pra ela. Voltei a olhar pra Ligia, ou Lola, e ela também o encarava. Seus olhos brilhavam também e ela abriu um sorriso enorme pra ele. Vish, aí vai ter, pensei.

Capítulo 24

  Eu não acreditava no que estava vendo. Bem diante de meus olhos. Ligia era uma menina realmente incrível e engraçada. Eu gostava de tê-la por perto. E Harry também era, assim como ela, incrível e bem... Demais de engraçado. Eu amava tê-lo por perto. O que eu não imaginava era que eu fosse amá-lo tê-los ao meu lado juntos. Isso mesmo que você ouviu (ou melhor, leu), juntos. Logo depois que eu a cumprimentei e conversei um pouco com ela, Harry se aproximou e começou a jogar seu charme. E ela também. E logo, a conversa deles foi virando um jogo de vôlei, sendo o charme, a bola que voava de lá pra cá. Era incrível. Eu nunca tinha visto duas pessoinhas terem tanta química. Ela sorria quando ele mexia os cachinhos e os olhos dele brilhavam quando ela sorria. E assim ficava.
  Zayn me puxou de lado e perguntou, na minha orelha:
  – Quanto tempo você acha que Harry vai precisar para pedir o número dela?
  Eu ri (e muito!) da pergunta dele, porque mostrava e ele, assim como eu, estava prestando atenção em Hazza, e não na conversa ativa do rei, da rainha e de Nick.
  – Hum... Mais dez minutos. E você, o que acha? – perguntei a ele, rindo.
  Ele franziu a sobrancelha como quem analisa a situação.
  – Hum... Não, conhecendo a Ligia, mais três minutos e é “gol”.
  Eu gargalhei.
  – Gol? Como assim?
  Ele me pegou pela cintura, me abraçou e disse no meu ouvido:
  – Assim, olha.
  E me beijou. Uau, não foi qualquer beijo não! Foi um mega beijo que me tirou o fôlego e mais qualquer coisa dentro de mim. Eu percebi que todos haviam parado de conversar e estavam analisando eu e Zayn nos beijando. O que eu queria perguntar era: “Qual é o problema de vocês?”. Mas o que eu realmente perguntei foi:
  – Ué, nunca viram duas pessoas se beijando, não? – todos riram.
  Percebi Ligia escrevendo algo em um pedacinho de papel e o entregando para Harry. Harry sorriu e anotou no telefone. Hum, entendi... “Call Me Maybe, Harry Styles”.
  – GOOOOOOL! – Zayn gritou ao meu lado, e eu pulei de susto, mas logo caí na gargalhada de novo.
  – Malik, você tem sérios problemas.
  Ele me deu um selinho e disse:
  – E o maior deles é ver você de sutiã. – eu bati nele e nós dois rimos.
  Todos os presentes na sala decidiram ir até o Nando’s jantar. Eu não podia ir até o Nando’s sem o Niall, então eu liguei para ele.
  – NiNi? – perguntei.
  – FAAAALA PRINCESA! – Ele gritou no telefone. O bom-humor de sempre.
  – Estamos indo no Nando’s, quer ir? – perguntei, já sabendo a resposta.
  – Nando’s? É CLAROOOOO! – Ele gritou – Woo Hoo, quem vai?
  Eu ri. Queria fazer Niall feliz? Leve-o até o Nando’s.
  – Eu, Zayn, Harry, Liam, Gabi, mamãe, e mais alguns aí. – achei melhor não dizer de bate e pronto que ele ia ao Nando’s com o rei e rainha da Inglaterra.
  – Hum, Ligia? Não conheço. Mas não importa, é o Nando’s. Quero sim. – ele falou.
  – Então abre a porta, bebê. – falei.
  Nós rimos e desligamos o telefone, e em menos de dois minutos Niall estava na porta. Com seus cabelos loiros desarrumados e aquele sorriso metálico nos lábios. Pulando em cima de mim e me sufocando com seus abraços de urso.
  – NANDOOOOOOO’S ! – Ele falou e Zayn abraçou ele de modo íntimo.
  Niall cumprimentou um por um e quando chegou em Kate, ele paralisou. E ficou totalmente chocado.
  Todos rimos e Kate o abraçou também.
  – Prazer em conhecê-lo, queridinho. Meu nome é Kate. – ela disse.
  Ele gaguejou, olhou pra mim e respondeu, vermelho como um pimentão.
  – Hum, eu... Eu sei quem você é. Eu sou... Sou o Niall.
  Todos riram e se apresentaram. NiNi continuava perplexo. Ele mal respirava.
  Chegando ao Nando’s, conseguimos uma mesa enorme de primeira. Uma garçonete muito bonitinha chegou se apresentando. Tinha os cabelos coloridos, pintados de diversas cores. Ela tinha os óculos na pontinha do nariz, desajeitados. Eu achei que a conhecia de algum lugar. Mas então, quando vi os olhinhos de Niall brilharem para ela, percebi que tinha certeza. Sabia seu nome antes mesmo dela dizê-lo.
  – Prazer, meu nome é Gabriela e eu vou ser sua garçonete por esta noite.
  Eu encarei Niall e ele sorriu.

Capítulo 25

  A noite passou correndo. Niall encarando a garçonete e a garçonete sorrindo pra Niall. Eu abraçada em Zayn, Zayn abraçado à mim. Era para ser uma típica noite da Califórnia. Eu cismei de fazer Zayn comer um hambúrguer enorme. Mas daqueles bem americanos mesmo. Monstro, com ketchup e maionese escorrendo. Quase não rimos daquele ingleszinho se sujando inteiro com molho e me olhando com aquela carinha de “isso é certo?”. Eu só ria. Ele, para me provocar, me dava beijinhos no rosto com a boca toda cheia de ketchup. Parecíamos duas crianças nos divertindo em uma lanchonete. Nem parecia que tínhamos o destino que nos foi dado. Nem parecia que estávamos sofrendo com aquilo. Por um instante pude até achar que nós éramos somente um casal apaixonado da Califórnia. É claro que esse instante passou rápido demais. Do nada, percebi que Niall tinha sumido. Mas não precisei pensar duas vezes no lugar onde ele tinha ido. Gabriela, pensei. Pedi baixinho (não sei pra quem, né?) para que ele conseguisse ficar com ela. Ou que, pelo menos, ele conseguisse o telefone dela. Ele merecia. Niall era um menino de ouro, e já era hora de ele achar sua princesa. Eu sorri com a lembrança de um pequeno Niall me perguntando: “Bella, é errado não se apaixonar por ninguém?”. E eu respondendo à ele: “Não, não há nada de errado nisso. Só é meio estranho. Você não quer se apaixonar?” E, para a minha surpresa, ele me encarara e dissera, totalmente seguro de si. “Eu quero esperar a minha princesa.”
  Pronto. O mundo dá voltas, não é mesmo? Até eu havia achado meu príncipe. Bem, nesse caso eu posso dizer: literalmente. (me desculpe, mas não consigo segurar essas piadinhas).
  – Cadê o loiro? – Zayn perguntou, abraçado comigo.
  Eu sorri.
  – Está com a princesa dele.
  Zayn continuou me olhando, confuso. Seus olhos entregavam que ele não tinha a mínima ideia do que eu estava falando. Mas ele, sendo a pessoa que ele é, não me perguntou nada. Simplesmente beijou meus lábios delicadamente.
  Nós nos beijamos apaixonadamente e só depois que nos soltamos percebi que todos haviam parado de falar e estavam nos observando.
  Eles riram quando viram que a gente percebeu. Zayn abaixou a cabeça e coçou a nuca, seu jeito adorável de dizer “estou com vergonha, parem de olhar para mim” e eu corei excessivamente.
  – Bem, acho melhor irmos. – Nick disse.
  Kate se levantou, veio até nós e disse, baixinho:
  – Eu e Will vamos dormir fora hoje. Podem ficar com nosso apartamento se quiserem. – ela nos deu uma piscadela e saiu.
  Zayn revirou os olhos para mim e pegou na minha mão.
  – Eu amo a sua mãe.
  – Eu também. – ele disse. – E ela te ama também.
  Eu sorri.
  – Vamos dar uma volta? Quero respirar um ar puro. – disse à ele. Me levantando.
  Deixamos à mesa e quando saímos, vimos Niall e Gabriela aos beijos. Não pude deixar de sorrir e gritar:
  – AI QUE COISA MAIS FOFA! – no ouvido dele. Ele corou e ela também. Mandei um beijo para ele e uma piscadinha para ela, peguei na mão de Zayn e saí.
  Eu adorava esses momentos. Os momentos só Zayn e Bella. Nossas mãos entrelaçadas eram só um pequeno detalhe comparado à nossos corações, unidos, em um só sentimento. O amor. O amor entre Zayn e eu. Só nós dois sentíamos e somente nós poderíamos sentir. Era um sentimento avassalador, que abalava minha estrutura, mas também suave, que acalmava minha alma.
  – Se meu pai realmente decidir que iremos nos casar, temos apenas mais três semanas. – Zayn disse, sombrio.
  As palavras dele me assustaram. Pareciam tão ameaçadoras que me deram calafrios.
  Abracei-o, deitando sua cabeça em meu ombro.
  – Nós vamos mudar isso. Vamos conseguir, okay? Não pense assim... – eu sussurrei em seu ouvido.
  – E se não conseguirmos? E se... Bella, e se meu pai nos obrigar? - ele falou.
  Olhei-o nos olhos dessa vez, o pânico crescendo no brilho de seu olhar.
  – Zayn, não vamos pensar nisso agora, okay? Vamos só aproveitar. Não vale a pena sofrer por antecipação.
  Caminhamos mais um pouco em silêncio. Nossas respirações e as buzinas dos carros eram os únicos sons que eu ouvia.
  – Bella, preciso te levar à um lugar. Posso?
  Olhei para Zayn. Olhinhos brilhando de excitação.
  – E, onde seria esse lugar? – falei.
  – Surpresa. Agora vem. – ele me pegou pelas mãos e me levou até a avenida. Lá pegamos um táxi. Ele escreveu o endereço num pedacinho de papel, sem deixar que eu visse e o entregou para o motorista.
  Passou-se, mais ou menos, 15 minutos até que chegamos ao tal local.
  Era o teatro da escola.
  Eu assustei, e depois fiquei confusa. O que Zayn teria planejado?
  – Venha cá.
  Ele subiu as escadarias do teatro e eu me perguntei o que ele estaria pensando. Na frente da porta principal, estava a lista com os nomes para o show de talentos da Califórnia. Era um dos mais famosos show de talentos dos Estados Unidos inteiro. Todo ano, uma celebridade julgava. Esse ano, era Katy Perry. Minha diva. A minha maior inspiração.
  – Tem uma caneta? – Zayn perguntou. Peguei uma da bolsa e entreguei a ele. Já pensando no que ele iria fazer em seguida. Era a cara de Zayn se inscrever num negócio desse, só para aproveitar seus últimos dias na América. E, cá entre nós, o garoto realmente cantava super bem.
  Mas, para a minha surpresa, ele escreveu “Maria Isabella Payne” na linha e logo ao lado, completou “cantando Let Me Love You”. Let Me Love You. A primeira música que ele cantou para mim.
  – Está louco? – tentei pegar a caneta da mão dele para riscar meu nome daquela lista, mas ele foi mais rápido e a jogou longe. O encarei, brava. – Está me devendo uma caneta novinha.
  Ele só riu e me beijou.
  – Pronto, está feito. Maria Isabella Payne vai cantar “Let Me Love You” no show de talentos amanhã.
  Ele riu de novo, mas eu não achei a menor graça. Todo mundo dizia que eu cantava maravilhosamente bem. Minha mãe, meu irmão, meus professores, Niall, Harry, Bailey, todos. Até mesmo Zayn. Contudo, só tinha um problema. Eu não achava isso.
  – Ah, qual é, Bells? Você canta super bem! – ele falou, me abraçando.
  – Engraçadinho. Você canta, eu não. – dei-lhe uma risada irônica.
  Nós começamos a descer a escadaria do teatro. Eu, arrasada, pois sabia que teria que cantar amanhã na frente da minha maior diva que, vamos combinar, tem o maior vozeirão. Zayn, feliz da vida, nas alturas, realmente alegre por ter ganhado essa. Ah, ele me paga.
  – Todos cantamos, bebê, a diferença está em quem canta bem e quem não! – ele deu uma piscadinha e saiu correndo quando eu quis bater nele.
  Depois disso, Zayn me levou até em casa, abraçado comigo, levando tapas e beijos pelo caminho. Era uma noite agradável na Califórnia. Não estava frio, mas também não estava aquele calor. Decidimos dar uma andada pela praia.
  – Me diz, por que você tem medo do mar? – ele perguntou.
  – Oras, simples, por que eu não sei nadar. – respondi, enfiando meus pés na areia.
  Zayn tirou a camiseta, do nada, e eu fiquei olhando para ele com uma cara de “O que, diabos, você está fazendo?“.
  – Zayn? Você bebeu? – perguntei.
  Ele riu e pegou na minha mão.
  – Nade comigo.
  Dessa vez foi a minha vez de rir. Nossa, Jesus, como alguém pode ser tão fisicamente perfeito com esse abdômen definido, esses ombros largos, esse peitoral, esses bíceps... Ah, deixa pra lá.
  – Acho que você bebeu algo, Malik. Acabei de falar que eu tenho medo do mar. – disse à ele.
  Zayn chegou pertinho de mim e me abraçou pela cintura.
  – Mas é disso que uma relação é feita. De superar seus próprios medos. – os olhos dele brilhavam. Mais do que o normal. Não sei se vocês perceberam, mas eu tenho uma terrível mania de fazer tudo o que ele quer quando seus olhos brilham desse jeito.
  – Ah, é? E qual medo você superou comigo? – disse, provocando-o.
  – O medo de ser eu mesmo. – ele disse, e me beijou. E então me senti flutuando. Não, não por causa da paixão, mas sim por que o filho da mãe me levantou do chão e começou a me carregar para o mar. Mas eu não estava mais com medo. Com Zayn, senti que era invencível. Não tinha mais medo algum. E só daí percebi o que ele tinha falado. Estar em uma relação é, com o outro, superar as dificuldades e os medos. Juntos. Meu medo do mar tinha-se ido.
  Mesmo quando afundamos, não tinha mais medo. Não me sentia mais sem ar. Meu ar estava ali. Bem do meu lado. Zayn não me largara, nem por um minuto sequer. Eu estava segura. Eu estava com ele. Por isso que quando chegamos à frente da minha casa, horas mais tarde, eu agradeci à ele com um beijo.
  – Obrigada pela melhor noite de todas! – abracei-o.
  – Fico feliz que tenha gostado, minha princesa. Vai ser a primeira de muitas! – ele sorriu daquele jeitinho que eu amava e me beijou de volta.
  – Boa noite. – subi as escadinhas do meu portão e abri a porta. Antes de fechá-la, pude ouvi-lo dizendo:
  – Boa noite, minha Bella, eu te amo.

Capítulo 26

  “Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens, e estará sujeita a cobraça após o sinal...”.
  Caixa postal. De novo. Onde estava Zayn? Ele tinha prometido que viria me ver cantar. E aonde ele estava? Ninguém sabia. Ninguém o tinha visto. Ninguém sabia dele. Faltavam duas apresentações para que eu subisse ao palco. E eu não estava nada relaxada. Do lado de trás da cortina, Niall e Bailey tentavam me acalmar.
  – Calma, amiga, ele já deve estar chegando!
  – Bella, talvez ele só tenha se atrasado!
  – Está um trânsito horrível lá fora, ele deve estar preso no engarrafamento!
  – Talvez o celular dele esteja sem bateria!
  – Ou fora de área!
  Mas nenhum deles me respondia o que eu queria saber. Aonde, diabos, estava Zayn?
  De repente, meu celular toca. Mensagem. “Precisamos conversar. Venha até aqui fora. Beijos, Zayn”. Ah, apareceu agora, é?
  Sai do camarim e me dirigi até o lado de fora do teatro. Lá estava ele. Bonito como sempre. Mas seus olhos estavam sérios e tristes.
  – Onde é que você estava? Te liguei milhares de vezes e você não deu sinal de vida. Sabe como eu fiquei preocupada? – bombardeei-o com perguntas.
  – É, eu vi. – ele abaixou a cabeça.
  – Você viu? Então por que não me ligou? Por que não deu sinal algum de vida?
  Ele me encarou de novo. Seus olhos faziam quere desviar o olhar. Mas eu me mantive firme.
  – Eu te mandei uma mensagem.
  – Agora! Eu estou tentando te ligar desde as nove e meia! Agora já são uma e quarenta, Zayn! – gritei com ele.
  – Me desculpe. – ele falou. A voz saiu sofrida. Aquilo não estava certo. Tinha alguma coisa muito errada com ele.
  – Zayn, o que está havendo? Me conte. Você não está normal... – tentei encostar nele, tocá-lo, mas ele desviou. Assustei.
  – Eu... Eu estou voltando para a Inglaterra. Meu pai tomou sua decisão. Eu vou voltar. Mas você tem que ficar aqui. Essa foi a condição imposta por ele. Vim para te dizer adeus. – ele disse. Suas palavras não pareciam reais. Não soavam reais. Era como se tudo fosse uma grande brincadeira e logo aquele sorriso maroto ia ressurgir em seu rosto e tudo ia ficar bem. Mas ele não parecia estar brincando. E suas palavras foram como flechas para mim.
  – Do... Do que você está falando, amor? Como... Como assim vai voltar para a Inglaterra?
  Ele abaixou a cabeça, respirou e então voltou a me encarar. Seu olhar me feria. Me machucava.
  – É isso mesmo que você ouviu. Meu pai permitiu que não nos casemos, e para que você seja livre, tenho que ir embora. Não podemos ficar juntos. Mas saiba que eu te amo, tá? Eu tenho que ir, mas vai ser melhor para nós dois. Você vai ser feliz, Bella. Vai se casar, vai se tornar uma grande cantora. Acredite em mim, é o melhor. – enquanto ele falava, lágrimas se formaram em meus olhos e eu mal respirava. Não era possível. Zayn indo embora? Me deixando? Como eu viveria sem ele? Não... Não... – Bem... É isso. Você vai se sair bem. Eu acredito em você. Eu te amo.
  – Zayn... Eu... – não havia nada que eu pudesse dizer a ele.
  – Sabe a lua? Que sempre tem aquela estrela brilhando ao seu redor? – ele pegou meu rosto entre as mãos.
  – S-Sim... – eu respondi. Sem querer encará-lo. Sem querer ver as lágrimas em seus olhos.
  – Você é a lua, Bella. Você brilha... Você sempre brilhou... E você vai sempre brilhar para mim. Agora eu... Eu sou só aquela estrela, que brilha fraquinho, mas que vai estar sempre lá, te amando, não importa o que acontecer. Eu vou estar lá para você. Sempre. Eu te amo...
  Zayn chegou perto de mim e me deu um beijinho na testa, bem rápido. Rápido até demais.
  E se foi. Simples assim. Virou as costas e foi embora. E então meu mundo não tinha mais chão. Eu me sentia caindo. Lentamente. Não existia ar. Não existia luz. Era tudo dor e escuridão. Zayn tinha ido.
  Eu caí de joelhos e chorei. Chorei como nunca chorei em toda a minha vida. Chorei com todas as minhas forças. Meu coração apertava. E gritava. Eu queria correr atrás dele. E implorar à ele que fique. Me ajoelharia diante dele se pudesse. Beijaria seus pés, suas mãos. Choraria. Beijaria-o. Imploraria. Abraçaria-o e nunca o deixaria ir. Mas eu não conseguia me mover. Não conseguia respirar. Nem ao menos falar. Então me lembrei de que estava prestes a cantar. Cantar parecia tão ridículo agora que Zayn havia ido. Mas então me lembrei que era uma vontade dele. E me levantei. Enxuguei as lágrimas e me forcei a parar de chorar. Já sabia o que tinha que fazer. Voltaria lá e cantaria para ele. E sabia que música cantaria.
  – Bella? GRAÇAS À DEUS! Vamos, já é a sua vez! – Niall me pegou pelo braço e me puxou. Eu olhei em seus olhos e cochichei a música que queria cantar.
  – Tem certeza? Não era... Bella? Por que você está assim? Por que estava chorando? O que aconteceu? Me conte... –
  – Não dá tempo, vamos. Toque esta. Te explico depois. – interrompi meu melhor amigo e me dirigi ao palco. O produtor fez sinal positivo e eu e Niall entramos no palco. Eu, sozinha e Niall com seu violão ao seu lado. As primeiras pessoas que eu vi foram minha mãe, Harry e Ligia, Gabriela (agora namorada do Niall, provavelmente, sei lá) e... Zayn. Ele estava ali, afinal. Tinha vindo me ver. Meus olhos imploraram por lágrimas outra vez, mas eu as forcei para dentro.
  Niall avisou ao produtor a mudança na música e voltou ao meu lado.
  – E agora, a última concorrente! Maria Isabella Payne com “Tomorrow” da Avril Lavigne! – os olhos de Zayn se arregalaram. E eu vi que ele entendeu do “porquê” da mudança. Esta foi a música que nos uniu, que nos aproximou, que começou a nossa história. Toda vez que eu perguntava a Zayn qual era a nossa música ele me respondia “‘Tomorrow’, pois graças a ela que estamos aqui”. Então não havia dúvidas. Esta era a música que eu tinha que cantar.
  And I wanna believe you (e eu quero acreditar em você)
  When you tell me that it will be okay (quando você me diz que tudo vai ficar bem)
  Yeah i try to believe you (é, eu tento acreditar em você)
  But i don’t. (mas eu não acredito).
  Lágrimas nos olhos dele. Lágrimas nos meus olhos. Um adeus diferente, talvez mais triste. Ou mais romântico, quem sabe? Mas, mesmo assim, um adeus. Eu continuei cantando. Pude ver seus lábios se mexerem, o que indicava que ele estava cantando comigo. Não havia mais ninguém na sala. Todos, de repente, sumiram. Só existia eu, Zayn e a música. A nossa música. O som que nós levaríamos para sempre.
  And I don’t know what to say (E eu não sei o que dizer)
  Tomorrow (amanhã)
  Tomorrow is a diferent day. (amanhã é outro dia).
  A cada palavra que eu cantava, a cada verso que eu melodiava era uma lágrima a mais nos olhos de Zayn.
  Hey yeah yeah Hey yeah yeah
  And I know, I’m not ready. (E eu sei, eu não estou preparada)
  Maybe tomorrow. (talvez amanhã...).
  A música ia chegando ao fim, assim como nossa história. E quando eu cantei a última nota, parecia que tudo tinha acabado. Assim como a minha vida. E a salva de aplausos que veio em seguida, pra mim nada significou, pois a única coisa que significava para mim no momento se levantou e foi embora. As lágrimas escorreram antes que eu pudesse contê-las. Niall me abraçara e me impedira de aparecer chorando na frente de milhares de pessoas. Ele enxugou minhas lágrimas e eu consegui parar de chorar bem à tempo. Meus olhos ainda estavam inchados, mas, pelo menos, as lágrimas estavam bem contidas.
  Katy foi a primeira a falar. Foi só aí que eu percebi que ela estava presente. Me arrependi de ter chorado.
  – Menina, me diz, como você ainda não está no céu? Você parece um anjo! Sua voz é uma das mais lindas que eu já vi. E você tem uma coisa que eu nunca vi... Amor. Amor pela música, amor pela vida. Você vai ser grande! Não me desaponte! Vai lá e arrasa! – ela sorriu. Novos aplausos, assovios e gritos. Katy sorria. Fiz um esforço para sorrir de volta e agradecer à todos.
  Eu e Niall descemos do palco. Ele me olhou com aqueles olhinhos e eu desabei a chorar no ombro dele. Não sei quanto tempo ficamos ali. Só sei que uma vida inteira chorando não parecia ser suficiente para expressar toda a minha dor.
  – Vem, bebê. Vamos para casa. – Niall disse.

Capítulo 27

  Meia hora depois, estávamos na casa de Niall. Ele sentado na cama e eu chorando com ele. Tinha lhe contado tudo o que havia acontecido. Mais uma vez, a dor parecia me dilacerar. Era como se mil facas perfurassem meu corpo ao lembrar de seu sorriso. E mil flechas furavam meu coração a cada vez que alguém dizia seu nome.
  – Bella, eu não entendo. – Niall revelou. Minutos depois.
  – Não entende o que? – perguntei, a voz fraca. Tudo o que eu fazia, ouvia, via e sentia me lembrava Zayn. E me lembrar dele só fazia doer ainda mais.
  – Não entendo o por que de vocês escolherem ficar separados...
  Refleti a pergunta de Niall. Era óbvio o por que. Ou fazíamos isso, ou nos casamos. Pronto.
  – Bem, porque se não fizermos isso, vamos ser obrigados a nos casar. – eu revirei os olhos. Não sabia aonde Niall queria chegar.
  – Pois então. Você sempre disse que havia achado o príncipe de sua vida. Tem certeza que se casar é tão ruim assim quando se acha o verdadeiro amor? Talvez, vocês já estivessem prontos para se casar. Mas só o nome “matrimônio” os assusta. Me diga, Bella, você tem vontade de beijar outros meninos? De namorar outros meninos? – Niall soava cada vez mais louco. Mas a cada palavra que ele dizia, uma luz parecia se ascender em mim.
  – Não... Nenhum! – respondi. Meus olhos se arregalando enquanto entendia o que ele realmente queria dizer.
  – Então! E aposto que ele também não! Qual liberdade você quer? – ele perguntou.
  Eu sorri. Sabia o que fazer. Beijei Niall nas duas bochechas e o abracei forte.
  – Niall, você é um gênio, sabia? – eu gritei. Peguei minha bolsa e saí correndo pela casa. Ele correu atrás de mim.
  – Aonde está indo, sua louca? – ele gritou, colocando o sapato enquanto corria.
  Saí da casa e corri até a avenida. Lá haveria táxis. NiNi ainda estava atrás de mim.
  – Para o aeroporto! Preciso parar um avião...
  Ouvi a risada gostosa de Niall atrás de mim e isso me deu ainda mais forças para correr.
  Entrei em um táxi e meu melhor amigo gênio entrou logo atrás de mim.
  – Para o aeroporto! – gritei para o motorista.
  – É uma corrida cara... – ele respondeu, com má vontade.
  – Eu pago. E acho melhor você dirigir rápido. Se chegarmos lá em cinco minutos te pago o dobro! – eu gritei para ele.
  – Cinco minutos?! É impossível!
  Eu sorri para o retrovisor dele.
  – Então acho melhor você correr.
  O motorista negro olhou para mim e disse, com sarcasmo:
  – Senhorita, foi o destino que a trouxe até o mais rápido táxi de toda a Califórnia.
  O carro saiu, cantando pneus. Senti firmeza no meu plano quando ultrapassamos vários carros e passamos raspando em três faróis amarelos.
  Em menos de quinze minutos estávamos em frente do aeroporto. Eu cumpri minha promessa e paguei o dobro. Afinal, da minha casa até lá davam, aproximadamente, quarenta e cinco minutos, e o motorista Sean tinha conseguido fazer em quatorze.
  Eu e Niall corremos pelo aeroporto procurando o portão B, que era aonde o voo para a Inglaterra sairia, pelo o que a mocinha tinha nos dito.
  – Portão B, portão B, portão B... – eu sussurrava enquanto corria.
  De repente, todos os portões e “asas” decidiram aparecer, enquanto nada do tal “portão B”.
  – Aqui! Achei! – Niall gritou.
  Eu segui sua voz e saímos em um longo corredor. Corremos desesperadamente. E então, um milagre. A placa escrita “Portão B” aparece diante de nossos olhos. Logo vi Kate. Corri até ela, como uma louca desesperada.
  – Kate! Kate! – gritei.
  – Isabella? Niall? O que vocês estão fazendo aqui? – ela perguntou, surpresa ao nos ver.
  Nós mal respirávamos.
  – Onde... Onde... – não havia fôlego para completar a frase. Não sabia a quanto tempo estávamos correndo sem parar. – Onde está Zayn?
  Ela arregalou os olhos e se levantou.
  – Zayn já embarcou, meu bem. Me desculpe.
  Toda a minha esperança se foi. Tudo o que eu tinha planejado. Tudo o que eu tinha sonhado. A pequena chama de vida acesa dentro de mim se apagou. Não havia mais nada a fazer.

Capítulo 28

  – Beels.... - Niall me chamou - Bella, você ta bem? PUTA QUE PARIU!
  Niall me pegou no colo antes que eu caísse estatelada no chão. Não sei o que tinha acontecido comigo. Não me sentia bem, não conseguia respirar. Meus olhos queriam fechar, mas eu ouvia Niall gritando ao meu lado. Que sono... Estava morrendo de sono. Não respiro, não respiro! Era o que eu queria gritar para Niall. Os meus olhos se fechavam, eu não queria dormir. Ou melhor, talvez eu quisesse sim. Estava com tanto sono. Sabia que não devia fechar os olhos, mas eu estava muito cansada. Cansada de tudo aquilo, de toda aquela dor. Dor... Dor em meu peito, lacinante. Me cortando de fora a fora. Antes, eu sabia que era a dor de aceitar que Zayn havia partido, mas agora... Será que ainda era aquela mesma dor de antes, porém agora mais forte, devido à minha recém descoberta de que Zayn havia partido de uma vez por todas? Acho que sim. A dor era demais, eu queria que ela parasse. Eu não respirava, o ar começava a fazer falta em meus pulmões. Eu queria gritar, queria respirar, queria me debater à procura de ar, mas meus braços estavam tão cansados que eu não conseguia mover um músculo.
  Gritos, uma sirene, mais gritos... Choros. Pessoas chorando. Por que elas choravam? Eu queria saber. Mas estava tão cansada, que precisava dormir um pouco antes de tentar me mover de novo. De repente, mais uma facada no peito. Minhas costelas pareciam se partir ao meio e o ar faltou. Dessa vez, eu não conseguia recuperá-lo. Era a pior dor que eu já havia sentido na vida. Por fora, eu era uma garota desmaiada, por dentro, eu queimava em chamas.
  "Eu quero morrer!", era o que eu pensava. "Me deixem morrer!". A dor era demais para mim. Me senti afundando, afundando, afundando. Cada vez mais para a escuridão. Sabia que não conseguiria lutar contra ela por muito tempo. Sabia que ia falhar. Pensei em todas as pessoas que eu me afastaria para sempre. Minha mãe, meu irmão, Niall, Bailey, Harry, Louis, Jho, Zayn... Zayn, eu não podia deixar a escuridão me levar. Não sem vê-lo pela última vez. Não sem beijá-lo pela última vez. Não sem vê-lo sorrir, pela última vez. Porém, me lembrei de que ele havia partido. Para sempre... E então não havia mais por quê lutar.

Capítulo 29

  "You should let me love you... Let me be the one to give you everything you want and need..."

...

  "Baby good love and protection... Make me your selection... Show you the way love's supposed to be..."

...

  "Baby you should let me love you, love you, love you..."

  Letras de músicas tocando em minha cabeça. Let Me Love You, a música que Zayn cantara para mim pela primeira vez que eu o ouvi cantar. Seria um sonho? Tinha que ser, afinal, ele havia ido embora...
  Os sons, a cada momento que passava, se tornavam mais reais. Porém, eu não via nada. Não saberia dizer se estava delirando ou se aquilo estava realmente acontecendo. Ou eu poderia estar morta... É, uma boa opção.
  Toc, toc, toc...
  Outros sons. Agora passos.
  BAQ!...
  Uma porta bateu, provavelmente a do lugar aonde eu estava. DEUS, É VOCÊ? VOCÊ EXISTE, DEUS? VOCÊ ESTÁ AQUI?
  Toc, toc, toc...
  Outros passos. Para onde estariam indo?
  Ssssss....Ssss....Ssss....
  Sussuros... Vozes.. O que estariam dizendo? A cada segundo, os sons estavam me deixando mais lúcida.
  – Ela já vai acordar... - uma voz feminina estranha disse. Ouve um certo tumulto no local. Me perguntei onde estaria...
  – Graças à Deus... - outra voz. Masculina? Não sabia...
  Aos poucos, pude perceber todos os sentidos voltarem à mim e, de repente, me senti pronta para abrir os olhos.
  E quando os abri, desejei não ter feito aquilo. A luz forte invadiu minhas pupilas bem cuidadas e eu reclamei de dor. A luminosidade do lugar em que estava, seja ele onde fosse, queimava meus olhos.
  Ouvi risos vindo das pessoas na sala e, devido às recéns prováveis queimaduras nas minhas pupilas, demorei a reconhecer eles...
  Uma sombra morena estava parada à minha frente. Senti-a pegar na minha mão.
  – VOCÊ É LOUCA? - ela disse. Era a voz mais bonita que eu já tinha ouvido. Mas parecia estar sofrendo horrores. Parecia um anjo... Sim, eu estava morta. Estava ouvindo até anjos agora... - ME DIZ, ISABELLA, VOCÊ PIROU? ENLOUQUECEU? OU QUER ME ENLOUQUECER?
  Ahn, calma anjo, não fiz nada pra ti. Vish.
  – O que? - perguntei, a voz fraca.
  Mas não deu tempo de falar qualquer outra coisa. O anjo colou seus lábios nos meus antes que eu pudesse me pronunciar. Mas, PÉRA LÁ! Eu conhecia aqueles lábios.... Não, não era possível. Zayn havia ido embora. Eu provavelmente estava sonhando. Sim, eu tinha que estar sonhando. Daqui a poucos minutos eu acordaria naquele aeroporto, nos braços de Niall, com uma imensa decepção em meu coração.
  – NUNCA MAIS FAÇA ISSO COMIGO! NUNCA! VOCÊ ME OUVIU? - Sim, era Zayn. Agora eu podia vê-lo claramente. Sua imagem nítida diante de meus olhos. Ele estava mais lindo do que o usual. Ou talvez fosse somente a distância e a saudade que o fez ficar mais lindo do atual... Deus, eu nunca me acostumava com a beleza dele.
  – Zayn, pára de gritar comigo, não é legal... - eu disse, sorrindo mais do que meus lábios poderiam suportar. Isso é real, produção? Tem certeza?
  Risos na sala. Zayn estava com lágrimas nos olhos e seu rosto estava molhado por estas.
  – EU ACHEI QUE VOCÊ TINHA MORRIDO! OU MELHOR, VOCÊ REALMENTE MORREU! POR 3 MINUTOS! POR 3 MINUTOS, ISABELLA, EU TE PERDI PRA SEMPRE! POR 3 MINUTOS EU REALMENTE ACHEI QUE VOCÊ TINHA IDO EMBORA, E QUE EU NUNCA TE VERIA DE NOVO. EU NÃO QUERO ISSO, BELLA, EU NÃO QUERO NUNCA MAIS!
  Ele parecia desesperado. Eu havia morrido? Péra, péra, produção! Excesso de informação!!!! Meu cérebro vai estourar!
  – Zayn... O que?
  – VOCÊ MORREU BELLA! VOCÊ MORREU POR 3 MINUTOS, E NÃO SEI COMO, POR QUAL MILAGRE, VOCÊ VOLTOU! VOCÊ VOLTOU PRA MIM! POR QUE NÃO ME CONTOU QUE ESTAVA DOENTE? POR QUE NÃO ME CONTOU QUE TINHA ANOREXIA? EU NÃO QUERO TE PERDER, BELLA. EU TE AMO DEMAIS! NÃO QUERO VIVER SEM VOCÊ!
  – Espera, eu tenho o que? Como assim?
  ANOREXIA? Desde quando eu tinha anorexia? Bem, eu sempre fui magra demais e sempre tive pouca fome. É verdade que eu sempre tive que tomar vitaminas e tudo, mas eu nunca deixei de comer por nada! Ou melhor, tinha sim. Há alguns anos atrás, eu tinha tentado fazer um regime por que me sentia muito gorda. Ah, merda, eu sabia que aquilo ia dar errado...
  – Anorexia? Tem... Tem certeza? - perguntei. Ainda não acreditando que havia morrido por 3 minutos.
  – E das bravas! - Harry surgiu de trás de Zayn. Era tão bom ver os rostos deles de novo. Assim como Zayn, Harry também tinha os olhos inchados. - Por que nunca nos contou?
  – Porque eu... Eu não sabia...
  Zayn me abraçou e me beijou de novo.
  – Isso não importa mais. O que importa é que você está aqui, eu estou aqui, e nós estamos juntos. E isso nunca mais vai mudar.
  Eu abracei Zayn de volta e pensei "É, se eu tenho você, não há mais nada mais que importe..."

Capítulo 30

  *1 mês depois*
  É engraçado como as coisas funcionam. Às vezes, quando você menos espera, a vida te dá um desafio. Na maioria dos casos, esse desafio não é bem-vindo. Por que, geralmente, você é quem perde com ele. Não importa o que seja, as pessoas não gostam de perder. Nada. Pelo contrário, elas só gostam de ganhar. Eu já perdi muitas coisas nessa vida. Mas nada se compara à tudo o que eu ganhei. E então, lá estão as pessoas do mundo. Felizes, ou não, com suas vidas, todas elas vivem, de certo modo. Algumas podem não aproveitar suas vidas do devido modo. Porém, todas vivem. E, vivendo, elas sofrem, choram, riem, sorriem, amam e, o mais importante, sonham. Às vezes, o sonho vem sem que sequer sonhemos com ele. Se é que isso é possível. O meu sonho veio. E acredite quando eu digo: Está tudo planejado para você. Quando estiver triste, sorria. Quando estiver feliz, sorria um pouco mais. Se agarre à primeira oportunidade que conseguir arranjar e não a deixe ir. Suas lágrimas são preciosas, não as desperdiçe por qualquer um. Aprenda que o amor é involuntário, e que você não tem culpa de amar quem amou, ou ainda ama. Não se culpe por coisas que você não é capaz de controlar, como por exemplo, seu coração. Cuide bem dos seus pais, afinal, quando não se tem um deles, ou os dois, você percebe que grande falta eles te fazem! Não rejeite os desafios da vida, você nunca sabe aonde eles podem te levar. Eu sei, eu sei, você deve estar pensando: "O que, diabos, uma menina de 16 anos sabe sobre a vida?". Bem, é verdade. Se você pensa isso, é só esquecer todas essas palavras xulas aí em cima. Mas se você já passou por qualquer decepção que seja, sabe do que eu estou falando. Acredite em mim, eu sei.
  Por que eu estou falando isso? Bem, porque foi realmente curioso quando a Jho veio correndo em casa e, quando me viu, gritou:
  – EU ESTOU GRÁVIDA.
  Depois de saber que Louis e Jho teriam um filho, eu parei pra pensar na vida. Tipo, nela, realmente. No que a vida faz com a gente. E como as pessoas são ingênuas quando rejeitam seus desafios. Por exemplo, se eu não tivesse tido aquela parada cardíaca no aeroporto por causa da minha recentemente descoberta anorexia, Zayn nunca teria voltado. E, provavelmente, nós não estaríamos juntos de novo. Destino? Hum... Talvez.
  Se Jho não estivesse grávida, ela teria voltado com Kate e William para a Inglaterra e ficaria separada de Louis, seu verdadeiro amor.
  Se Niall não tivesse sofrido aquele acidente horrível, ele não teria conhecido Gabi, e eles não estariam juntos hoje.
  Está vendo? Nunca rejeite uma dificuldade, ou um desafio. Eles sempre, sempre mesmo, te levam à algum lugar.
  E então, Jho está grávida. Aos 16 anos, ela diz adeus à sua carreira de modelo. Bom, pelo menos por uns bons anos. É claro que ela ficou, bem, como posso dizer... Desesperada? Hum... Apavorada? Horrorizada? Mas Louis estava lá. E é claro que ele não ia deixá-la sozinha, é claro que ele a apoiou em tudo. E além de tudo, nós estávamos lá por ela...
  "Hi, it's Zayn, pick up the phone Bella..." (Oi, é o Zayn, atende o telefone Bella...). O toque personalizado de Zayn (que ele mesmo gravou) começou a tocar, o que indicava que ele estava querendo alguma coisa.
  – Necrotério "Só Falta Você", boa tarde?! - atendi o telefone do jeito que eu sempre atendia quando ele ligava e o ouvi rindo do outro lado da linha.
  – Faaala, gata. Beleza?
  Eu peguei a escova de cabelo e comecei a escovar meus longos fios ruivos. Eu precisava de um corte de cabelo urgente.
  – Beleza, e você gatinho? - perguntei.
  – Tudo ótimo. Escuta, você está em casa? - ele perguntou.
  Perguntas aleatórias de Zayn. Já estava acostumada.
  – Sim, bebê.
  – Sozinha?
  Tá, estava começando a ficar com medo.
  – Por quê? Pretende abusar de mim, senhor Malik? Pretendo não permitir...
  Ele riu e quase que pude vê-lo revirando os olhos daquele jeitinho dele.
  – Não, né animal?! Está sozinha ou não?
  Demorei pra responder. Devia brincar com seus estímulos masculinos e falar que estava sem calcinha? Hum, não, não estava com saco pra isso.
  – Sim, estou sozinha.
  Foi a vez dele demorar para responder.
  – Então abre a porta porque estou aqui na frente.
  Sorri, desliguei o celular e saí correndo pela escada. Eu amava quando Zayn me surpreendia desse jeito.
  Abri a porta e lá estava ele, perfeito como sempre, segurando uma única rosa na mão e me dando o sorriso mais lindo do mundo. Estava de óculos, o que significava que estivera estudando. Estava mais adorável do que o normal.
  Abracei-o e ele me beijou apaixonadamente. Não sei quanto tempo ficamos nos beijando, e nem me importo também. Só sei que, quando nos soltamos, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo.
  – Posso entrar? - ele perguntou. A voz rouca de excitação.
  – Hum, vou pensar no seu caso. - e o beijei de novo. Dessa vez, foi um beijo quente. Muito quente. Ele colocou minha perna ao redor de sua cintura e me puxou para seu colo, apertando seu corpo contra o meu. Era impossível não sentir todo aquele tesão passando do corpo dele para o meu. Seus lábios desceram para o meu pescoço e nós entramos em casa. Pude ouví-lo fechando a porta atrás de nós e ele me empurrou na parede. Tá, o beijo agora estava literalmente pegando fogo. Não sabia no que ia dar... Quero dizer, sabia muito bem aonde aquilo ia acabar, mas não sabia como iria reagir quando a hora chegasse. Digo, como se preparar para a sua primeira vez? Mas quando Zayn beijou meus lábios mais uma vez, percebi que não me importava.
  Deixei que ele me levasse para a cama, mas quando comecei a desabotar sua camisa ele parou.
  – Tem certeza de que quer fazer isso? Eu posso esperar mais um pouco... - ele disse. Sua voz tremendo de tanto tesão.
  – Não... Eu não quero esperar... - só queria que ele me beijasse de novo.
  – Mas Bella, não quero te forçar a nada... Certeza? - ele perguntou de novo. Por mais que eu admirasse o que ele estivesse fazendo, eu queria mesmo que ele me beijasse.
  – Zayn, fica quieto e me beija.
  Ele riu e me beijou, puxando meu corpo para mais perto, mais perto, mais perto...
  Logo, nossas roupas estavam pelo chão. Eu não tinha a mínima idéia de onde meu sutiã estava no momento. Só o que sei é que aquela foi, definitivamente, a melhor noite da minha vida. Nós fizemos amor 2 vezes e eu não sabia da onde surgia tanto amor, paixão, e prazer. Quando estávamos deitados, rindo e contando piadas, Zayn se ajoelhou e me puxou em direção à ele.
  – Preciso fazer uma coisa, já volto. - logo, ele tinha ido. Não queria que ele saísse dali. Nem que fosse por meio segundo. O que realmente aconteceu.
  – Bella, você sabe que meu pai não desistiu da ideia de nos casarmos, não é?
  Eu já havia pensado sobre aquilo. Já havia conversado com Niall e com minha mãe sobre esse assunto e havia tomado uma decisão. Uma decisão da qual me orgulhava muito.
  – Sim. E Zayn, quero que saiba que já tomei minha decisão. Nós vamos nos casar. Eu quero me casar com você, Zayn. Essa é a coisa que eu mais quero na vida. Espero que entenda...
  Os olhos dele brilharam.
  – Entendo! Entendo, sim! E... Bem, era nisso que eu estava pensando! Vem cá, quero fazer uma coisa...
  Ele desceu da cama e pediu que eu descesse também. Quando consegui ficar de pé, ele se ajoelhou na minha frente. Gelei. Não... Não... Ele não ia... Ai meu Deus..
  – Zayn... O que, diabos, você está fazendo?
  Ele sorriu e tirou uma caixinha do bolso.
  – Bem, se vamos mesmo fazer isso, quero fazer direito.
  Eu congelei. Ele ia mesmo fazer aquilo. Zayn abriu o pacotinho que estava na mão e começou a dizer algumas palavras. Eu nem vi o que tinha dentro do pacotinho, só conseguia encarar seus lindos olhos olhando bem nos meus.
  – Maria Isabella Payne, eu prometo zuar você, pentelhar você, incomodar você até o fim dos tempos. Mas também prometo amar você, apoiar você em tudo o que precisar e me apaixonar todos os dias por você, por que, um dia, uma garota muito inteligente me disse que a vida se trata disso, de se apaixonar e se apaixonar de novo, várias vezes pela mesma pessoa! - lágrimas começaram a cair de seus olhos e dos meus também. Eu não acreditava que ele estava fazendo aquilo por mim. Simplesmente não acreditava.
  Zayn tomou um último fôlego antes de dizer as palavras que ambos estávamos com calafrios para ouvir. Senti que aquele era, realmente, meu último segundo como "solteira" (que eu já não estava havia muito tempo) porque, depois de ouví-lo recitar aquelas palavras tão antigas como o amor, meu coração nunca mais seria meu. Seria dele. E quando eu pisquei, aquele momento já havia ido embora. Mas a minha surpresa foi perceber que eu não me sentia mal por ele ter passado. Zayn piscou, olhou dentro de meus olhos e disse:
  – Quer se casar comigo?

Capítulo 31

  Calma, Bella, calma... Vai dar tudo certo... Respira, inspira, respira, inspira... 1,2,3... 1,2,3...
  Me virei e me encarei no espelho pela primeira vez no dia. Definitivamente aquela não poderia ser eu. Pelo menos não a "eu" que eu tinha visto ontem, e antes de ontem, e há 3 meses atrás. Não, essa nova "eu" não era bonitinha e ajeitadinha como eu sempre fora por toda a minha vida. Essa nova "eu" era deslumbrante. Os cabelos dessa nova mulher não estavam jogados em ondas desajeitadas e sem forma, ou presos ao redor de seu rosto redondo, mas sim levemente caídos, com seus cachos definidos e com tranças embutidas saindo das laterais de sua cabeça. As mechas loiras naturais que eu tinha quase não eram visíveis agora, que os cabelos dessa nova "eu" estavam de uma coloração tão viva e avermelhada de um jeito que eu nunca achei que fosse possível. Minha mãe havia caprichado em meu penteado, bem do jeitinho que ela fazia quando eu era pequena.
  Observei a mulher no espelho mais atentamente. Não havia muita maquiagem em seu rosto, mas o suficiente para que ela ficasse estonteante e com uma beleza inacreditável. Seus lábios, antes ressecados e rachados, agora estavam cheios e brilhantes... Desejáveis. Desejável, era isso o que ela parecia.
  Acariciei a renda do meu vestido e só então percebi como ele era bonito. Era de um modelo tomara-que-caia, simples. Todo rendado a mão e marcado na cintura, porém rodado assim que o tecido atingia a altura da minha cintura. Me virei para poder olhar minhas costas. Estavam descobertas, devido ao vestido, e um laço de cetim enorme me fez sorrir. Isso era muito mais do que eu jamais imaginei. Quando me imaginava casando, pensava logo no vestido simples de minha mãe e olha agora como estou! Ouvi alguém dando solucinhos atrás de mim e, quando me virei, encontrei-me com uma mulher que eu tanto conhecia e tanto amava às lágrimas.
  – Mãe... Você prometeu que não ia chorar mais! - fui até ela e a abracei.
  – Me d-desculpe... É q-que é tan-tanta emoção q-que... - ela tornou a chorar.
  – Eu sei, eu sei... - Fiquei abraçada à ela lutando contra as lágrimas, que insistiam em voltar.
  – V-Você está t-tão linda, minha f-filha.
  Não chore, Bella, não chore...
  A porta abriu e eu ouvi alguém gritar:
  – Adivinha quem tem o buquê, quem? Quem? EU!
  Eu soltei minha mãe, limpei as lágrimas de seu rosto e comecei a rir.
  – Gabriela, pára com isso! Você vai estragar o b- Jho olhou para mim e enxergou as lágrimas se formando em meus olhos. - NÃAAAO ! NEM PENSAR! NADA DISSO, NANANINANÃO, DONA ISABELLA, VOCÊ NÃO VAI ESTRAGAR MINHA OBRA DE ARTE COM LÁGRIMAS! LIGIA, PEGA O LENCINHO!
  Eu comecei a gargalhar.
  Minhas quatro melhores amigas me olhavam. Todas com seus olhares cheios de amor direcionados para mim. Eu, a garota de branco. Olhei para cada uma delas. Bailey, que sempre esteve lá, desde o começo, quando eu não era ninguém e sempre se manteve fiel. Jho, que mesmo com tudo aquilo acontecendo com Louis, foi capaz de deixar os próprios sentimentos de lado por muito tempo, por mim. E ainda o faz, até hoje. Ligia, tão recente na família, mas que entrou para ficar. Que me ajudava quando eu brigava com Zayn, que são muitas vezes, que me ajudava quando eu estava mal de qualquer modo e que nunca me faltou com um sorriso. E então Gabriela. Que sabia o que eu estava pensando sem que eu dissesse nada. Que sempre sabia o que se passava lá dentro, no meu mais profundo íntimo, que compartilhava do mesmo dom de Niall e que sempre, sempre me fazia rir. Elas nunca me deixariam, e eu nunca as deixaria ir. Fui até elas e as abracei.
  – Obrigada por fazerem parte da minha vida. Eu amo muito vocês.
  Nós estávamos todas abraçadas, chorando quando a porta abriu. Um sotaque irlandês que eu conhecia tão bem invadiu a sala.
  – Bem, desculpe interromper mas... Bella, nós precisamos ir. Tá todo mundo esper-
  Mas eu não o deixei terminar a frase. Saí correndo e mergulhei em seus braços, tão reconfortantes, tão amigos, tão familiares. Caí em lágrimas ao abraçá-lo. Niall havia crescido tanto, diante de meus olhos. Parece que foi ontem que nós nos vimos pela primeira vez. Que trocamos nosso primeiro beijos juntos, que lutamos juntos quando os pais dele quiseram se separar, que apertamos a mão um do outro contra a dor da perda. Nós dois. Juntos contra o mundo. Sempre fora assim. E é por isso que eu não poderia entrar com ninguém na igreja sem que fosse com ele. Niall. Que sempre estivera ali para segurar minha mão e me levar para qualquer lugar que me fizesse feliz. E ali estava ele, mas uma vez me segurando em seus braços para me levar para onde eu estaria mais feliz. Niall sempre seria meu irmãozinho, sempre seria a pessoa que eu mais amo e prezo no mundo, sem ele, não haveria nada disso. Zayn e eu já havíamos brigado por causa disso uma vez, mas com o tempo, meu príncipe entendeu que Niall era tudo para mim, e aprendeu a conviver com esse meu amor louco pelo meu irmão loirinho.
  – Vamos? - eu perguntei à ele e me surpreendi ao ver seus olhinhos azuis cheios de lágrimas, molhados. Niall nunca chorava. Era sempre eu a desabar diante dele. E ali estava o meu irlandêszinho, com os olhos molhados diante de mim. Chorando. Me entregando seus sentimentos mais profundos.
  – Eu te amo, Bella. Você sabe, né? Te amo demais, maninha. - ele me abraçou forte, aquele abraço de urso que ele sempre me dava.
  – Eu te amo. Te amo, te amo, te amo, NiNi, meu irmãozinho... - e então nós estávamos rindo, gargalhando e chorando juntos. De volta aos anos em que nenhum de nós ao menos sonhava em tudo isso. Quando Niall era só meu e eu era só dele. Duas crianças, sonhando com o impossível. E ali estávamos nós. Duas crianças, vivendo o impossível.
  Enxuguei as lágrimas de meus olhos e peguei o buquê de tulipas azuis de Gabi. Minha mãe me parou antes que eu pudesse descer as escadas da igreja acompanhada de NiNi.
  – Eu sei que não estamos na América, mas você não pode casar sem nada azul! - ela exclamou. Ah, sim, pensei, a tradição.
  E então minha mãe surgiu com uma guirlanda delicada, cheia de flores azuis, tecidas à mão. A coisa mais linda que eu já tinha visto.
  – Fiz pra você enquanto esteve fora. - minha mãe disse, dando a à mim. As lágrimas se formaram em meus olhos, mas eu as engoli de volta.
  – Obrigada, mamãe, é maravilhosa.
  Nós nos abraçamos de novo enquanto ela tomava à minha frente para entrar com as outras 4 madrinhas. Niall tomou a guirlanda das minhas mãos e a colocou no topo de minha cabeça.
  – Nossa, você tá muito gata, sabia disso? - ele me disse, olhando atentamente para cada detalhe meu.
  Eu ri e ajeitei sua gravata.
  – Você também está uma tentação.
  Ele passou a língua nos lábios, indecentemente, tentando seduzir e eu gargalhei.
  – Bobão.
  – Bobona.
  – Babaca.
  – Babacona.
  – Eu te amo, Niall.
  – Também te amo, Bells.
  – Não me deixa cair.
  – Não vou.
  A porta da igreja abriu e Tomorrow da Avril Lavigne começou a tocar, meus pés roçaram o primeiro degrau da grande escadaria que eu teria que descer e meu desespero começou.
  Apertei a mão de Niall e ele apertou de volta. O desespero se foi quando eu percebi uma coisa:
  Eu não estou sozinha.

Capítulo 32

  Eu finalmente respirei. E foi como se aquela fosse a única vez que eu tivesse colocado oxigênio dentro dos meus pulmões durante a noite inteira. Mas tudo havia corrido bem. Bem não, perfeito. Tudo havia sido perfeito. O olhar de Zayn pra mim quando eu apareci lá no meio das cadeiras, andando com aquele vestido branco, o abraço que Niall me deu quando eu estava prestes a subir no altar, o sorriso estampado no rosto de minha mãe. Tudo fora perfeito...
  – Está preparada, Sra. Malik? - Zayn perguntou, me abraçando por trás e depositando um beijo em meu pescoço.
  Virei-me e olhei diretamente em seus olhos maravilhosos.
  – Eu te amo. Mas não posso fazer isso. - ele fez uma careta.
  – Por que não?
  Eu suspirei. Observei Zayn em seu terno Armani, que por sinal estava tão lindo que me fazia ofegar.
  – Porque eu não sei dançar. Você sabe disso. Já tentamos isso à algum tempo, lembra?
  Ele riu.
  – Ah, Bella, eu sei, mas daquela vez tentamos fazer você dançar. Eu não estou propondo isso.
  Levantei uma sobrancelha pra ele.
  – Então está me propondo ao que?
  Zayn pegou minha mão, e começou a me conduzir até o meio da pista de dança. Os fotógrafos surtando ao nosso redor. Quando chegamos no meio da pista, ele me subiu em seus pés. Dançando lentamente pela multidão.
  – Viu, não é difícil! - ele disse. Flashs disparavam ao nosso redor.
  – É, desse jeito não é difícil mesmo.
  Eu ri, confortável em seu abraço.
  – Você não presta sabia? - perguntei à ele.
  Ele gargalhou. E abençooei aquele som.
  – Sabia que me agrada muito te chamar de Sra. Malik? - ele falou.
  Eu sorri, sentindo minhas bochechas queimarem.
  – Acho muito bom, afinal, você vai me chamar assim pro resto da vida. Ou melhor, até..
  – Até o resto da vida, e até além dela. - Zayn me cortou antes que eu falasse "até você cansar de mim".
  Eu sorri e o beijei. As mãos dele em minha cintura e meus dedos entrelaçados em seu cabelo. Os fotógrafos surtaram e começaram a tirar fotos loucamente.
  A noite foi passando rápido. Rápido até demais. Cheia de risadas, lágrimas, abraços e, lógico, muuuuitos beijos. As horas foram passando e a festa foi se acabando. Logo, estávamos na nossa última dança.
  – Posso roubar ela só um poquinho, Zayn? Quero dançar com a minha maninha. - era Niall. Camisa entreaberta e gravata amarrada na testa como se ele fosse um ninja. Eu olhei pra sua aparência patética e comecei a rir.
  – Claro, super-ninja, ela é toda sua. - Zayn deu um soco carinhoso no ombro do ninja irlandês.
  Zayn me deu um beijo na testa e sussurrou um "Eu te amo demais!" no meu ouvido.
  Logo, só restavam eu e Niall na pista de dança, além de alguns casaizinhos românticos. Estava tocando Forever Young.
  – Imagina que muito louco seria se nós pudéssemos ser jovens pra sempre, maninha? - Niall disse, sorrindo pertinho de mim.
  Eu sorri.
  – Seria fantástico.
  Silêncio. Nós dois abraçados, dançando. Era mesmo uma noite perfeita.
  – Bells, lembra quando você e eu assistimos Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e você ficou morrendo de medo dos Dementadores, então você pediu pra dormir na minha cama? - ele sussurrou.
  Eu sorri, lembrando de uma pequena Bella e um pequeno Niall escondidos embaixo de um cobertor, revezando quem ficava acordado por tanto tempo para nos proteger dos dementadores. Acreditávamos realmente que eles iriam vir.
  – Lembro sim...
  – Quantos anos nós tínhamos? - ele me olhou com aqueles olhinhos azuis.
  – Hum, sei lá, uns 6, 7?
  – É, deve ser por aí.... - ele fez uma pausa - Eu realmente acreditava que podia te proteger naquela época.
  – Você pode me proteger, NiNi. Você sempre me protegeu.
  Ele sorriu pra mim. O ar de brincalhão novamente em seus olhos.
  – É... Eu te protegia, né? Eu ainda faço... - eu acenei posistivamente com a cabeça - E eu sempre vou fazer, sabia?
  Eu acenei novamente. Lágrimas se formando em ambos nossos olhos.
  – Eu te amo tanto, Bella. E mesmo agora você morando em Londres, e eu lá na Califórnia, eu vou te amar! Você vai continuar sendo minha melhor amiga. Sempre! Nunca, nunca ninguém vai te substituir, nem substituir o amor que eu sinto por você...
  – Niall...
  – Não, me deixe terminar... - ele me interrompeu - Se um dia, por meio de qualquer coisa... Nós tivermos que... Tivermos que dizer "Adeus", quero que prometa... Quero que prometa pra mim que você não vai se esquecer de mim... Que se você tiver filhos, você vai falar de mim pra eles.... Que quando eles apontarem para aquelas nossas fotos ridículas, e perguntarem quem é o loiro magricela ao seu lado, você vai dizer meu nome à eles... Vai dizer... Vai dizer que eu os amo, todas as loucuras que fizemos... E vai dizer à eles o quanto eu espero que eles cresçam, brilhem, e sejam muito felizes... Prometa pra mim.
  Eu e ele agora chorávamos. Eu quase não conseguia respirar.
  – Eu... Eu prometo, Niall. Você vai ser sempre o meu NiNi, pra sempre o meu melhor amigo! Eu te amo muito! - abracei ele forte, como se nunca mais fosse vê-lo.
  – Essa noite não poderia ser mais perfeita. Tudo isso graças à você, maninho. - eu disse à ele.
  A música continuava a tocar lentamente, mostrando que a noite chegara ao final. Assim como uma parte da minha vida chegava ao final. Era isso, o fim. Eu nunca achei que fosse ser assim. Eu nunca planejei nada disso. Mas isso é a vida, imprevisível, implanejável. Não dá pra prever o futuro. Esse era o fim. Mas não se engane, a vida é cheia de histórias. Enquanto uma acaba, a outra está apenas começando.
  Não existe "Felizes Para Sempre". A vida é um recomeço, e eu mal posso esperar para começar de novo amanhã. Essa é minha vida. E essa é a minha história. A outra, está apenas começando.

FIM



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