Dreamed With Him II
Escrito por Vitória Gaia | Revisado por Angel
Capítulo Único
Flashback – 16h30, Vitória – Espírito Santo. 2014
Todos os fatos presentes me levam a mesma resposta: estou completamente derramada em amores por ele! E não é de hoje, não mesmo, só pelo fato de vê-lo e sentir minhas pernas estremecerem já é uma prova disso.
Não queria ter conhecido o amor tão jovem, mas já que a vida me proporcionou isso, o jeito é experimentar e sentir essa forte fragrância.
E lá estava eu, naquela tarde quente, na parada de ônibus, tentando me distrair mexendo no celular. Um coque mal feito, shorts jeans, regata branca, tênis acabado e um óculos de sol no rosto, aquela aparência me definia totalmente.
Sentei-me no banco da parada e coloquei o fone de ouvido, coloquei sweather weather pra tocar e enquanto ouvia e sentia o ritmo da música sozinha, fiquei observando uma criança que corria do outro lado da rua, e pensando no meu tempo de infância, como eu era feliz com ele, ele me fazia tão bem, e me faz tão bem!
De repente, senti alguém sentar ao meu lado, e me fazer sair do mundo perfeito que eu tinha acabado de criar ao lado dele.
Senti uma mão gelada tocar a minha pele, que se encontrava vermelha pelo calor. Olhei para ver quem era, e me assustei ao me deparar com um rosto tão sereno que me fazia entrar em transe, aqueles olhos castanhos e a pele branca, os óculos de grau, a camiseta preta e o jeans surrado me faziam pensar no quanto ele era perfeito, o amor da minha vida estava bem à minha frente, sorrindo levemente, e com aquele cabelo bagunçado que eu amava.
Sorri com os lábios cerrados, e ele falou:
- Deixe-me dar uma carona a uma bela dama? – Sim, ele fazia o tipo romântico antigo, e era o que eu mais amava nele.
- Claro.
Entrei em seu carro, e senti a diferença da temperatura ambiente, descobrindo porque sua mão se encontrava tão fria, coloquei o cinto, e deixei a bolsinha que carregava em meu colo. Ele fez o mesmo procedimento, virou-se para mim, tocou minha bochecha esquerda com a costa de sua mão, e disse:
- Eu amo seus olhos – eu sorri e olhei para minhas coxas – e o seu sorriso também! – Fiquei observando-o sem graça pelas duas frases que acabará de ouvir – De qualquer jeito seu sorriso vai ser meu raio de sol – sua voz atingiu meus ouvidos da forma mais doce possível.
- Você tem que parar com esse poder de me deixar sem graça constantemente – eu falei me ajeitando no banco do carro.
- Como alguém pode ficar sem graça escutando a verdade? – ele riu sozinho e acelerou – Você é muito idiota mesmo.
Eu ri daquelas palavras que eram comuns em nossos diálogos, e esperava sempre ouvir algo mais, um “eu te amo” nunca havia saído dali, nem espontaneamente nem forçadamente, e eu também nunca tinha feito o mesmo, não queria apressar aquele ato de afeto, o fato de nunca ter ouvido uma palavra relacionada à demonstração de carinho por mim saindo daquela boca me fazia enxergar a realidade.
- Quero te levar em um lugar importante pra mim. – ele disse fazendo-me sair dos devaneios.
- Onde?
- Nada muito especial, só quero que fique comigo – ele aparentava estar decepcionado com algo, mais uma dor amorosa que eu, como uma boa e velha melhor amiga, iria aguentar.
Demorou uns 15 minutos para chegarmos até o tal lugar, com aquela nossa mesma rotina: cantávamos como loucos, eu bagunçava o cabelo dele e ele me deixava sem graça.
- Chegamos, vem. – ele disse e desceu do carro.
Logo depois que desci, e ele me abraçou forte e me deu um beijo no pescoço.
- Obrigado – ele disse olhando em meus olhos.
- O que eu fiz? – perguntei.
- Nasceu e entrou na minha vida – eu sorri e dei-lhe um beijo estalado na bochecha.
Fomos andando em meio às flores de diferentes cores, até chegarmos a um local onde só havia uma imensa árvore, e uma grama verde e bem aparada, que rodeava um pequeno lago. Ele se sentou e bateu no chão, fazendo sinal para eu sentar-me ao seu lado. O fiz, e ele apoiou sua cabeça em meu colo, logo minha mão esquerda se perdeu em meio aos fios de cabelos negros que fazia parecer que a pele de seu rosto era bem mais clara. O pôr-do-sol chegou e lá estávamos nós dois, sozinhos, e olhando para uma cena totalmente perfeita.
- Eu amo isso – ele se sentou e me olhou – essa é uma das cenas mais lindas do universo.
- Depois da Aurora Boreal – eu disse e ele riu.
- Que nós ainda vamos ver, afinal planejamos isso desde sempre.
- Isso é uma promessa sua que eu não vou deixar escapar. – eu dei um sorriso assim como ele.
- Sabe , eu estive pensando.
- Pensando em quê?
- No tanto em que me entreguei e sofri – o momento que eu mais odiava quando saímos era esse, mas eu tinha que aguentar e fazer papel de melhor amiga conselheira – Eu tive tantas namoradas, e nenhuma delas deu certo comigo, você não, teve um só namorado, e não deixou que ele a abalasse. Como isso?
- Querido – eu disse pegando em sua mão – quando se sofre a vida inteira por um amor, não existe dor que ultrapasse e se deixe abalar. – eu disse com medo, ele pensava que eu era apaixonada por John, grande besteira, ele era quase meu irmão, nasceu comigo, faz aniversário comigo, impossível, mas com ele era diferente, totalmente diferente.
- Não , você não entendeu. Eu não sofro por elas, sofro por quem eu faço sofrer, eu tenho 21 anos, e o amor da minha vida esteve sempre à minha frente e eu nunca tinha a notado, como pude ser tão idiota?
- Agora quem não está entenden...
- Você está entendendo sim, - ele me interrompeu, se levantou e levantou-me em seguida – , - tocou minha bochecha, daquele modo carinhoso – Eu te amo, sempre te amei, sempre te amarei, e só agora admiti isso, eu quero você pra mim e comigo, como tive em todos os meus sonhos idealizados contigo. Quero que minha mãe te conheça como minha namorada, e futura esposa, quero ter filhos e conta-los a nossa história de amor, eu quero ver o teu sorriso todo dia de manhã, e ouvir tua voz manhosa de sono toda noite, quero te ver linda na igreja com um vestido branco, quero ver paisagens perfeitas no fim da tarde contigo, entende? Quero realizar meus sonhos ao teu lado.
- , eu não tenho o que falar, você sempre soube.. Eu só te amo, e te amo porque te amo, sem motivo, te amo só pelo fato de você existir e me fazer bem. – Eu estava em choque, e percebendo isso, ele se ajoelhou e tirou uma caixinha vermelha do bolso.
- Quer ser minha pra sempre? – Dentro da caixinha continham duas alianças, e havia uma palavra nelas “Always”, como eu sempre quis que fosse.
- Claro que quero. – ele pôs o anel em meu dedo, e eu botei no dele. O abraço que ele me deu em seguida foi forte o bastante para eu acreditar que aquilo não era um sonho.
Ele me soltou do abraço, e selou nossos lábios, um beijo com gosto de felicidade, como se estivéssemos esperado aquilo desde o nosso nascimento, o encaixe e a sincronia de nossas línguas era inacreditável, uma ação quase perfeita.
Ficamos naquilo o fim da tarde e a noite toda, com toda a felicidade e amor capaz de nos rodear.
E agora sim, o sonho que parecia tão impossível, estava apenas começando a ser realizado.
Fim.