Diving

Ela sempre soubera que se apaixonar por ele era um erro, uma decisão impulsiva, mas isso não a impediu de mergulhar de cabeça nesse sentimento avassalador. Sabia que a queda seria dolorosa, que ele não a entenderia, que as coisas entre eles nunca poderiam ser simples ou fáceis. Mesmo assim, ela não conseguia resistir. Ele a atraía como a gravidade, e ela se entregava, sabendo das consequências.
A cidade ao redor dela era fria e sem cor, uma paisagem cinza onde tudo parecia distante e inatingível. Mas ele, com seu olhar misterioso e seus gestos silenciosos, era um farol em meio à escuridão. Era uma visão distante, algo tão próximo e, ao mesmo tempo, tão inalcançável. Ela se perguntava se ele sabia o que estava fazendo com ela, ou se ele, assim como ela, estava apenas seguindo o curso de algo que não podia ser evitado.
Mesmo sabendo que é tolice, a pior das escolhas, ela mergulhava. Como se em cada passo, em cada movimento, ela estivesse se entregando completamente. E, no fundo, sabia que isso a levaria a um lugar onde não havia mais retorno. Mas, por algum motivo, esse vazio parecia mais real do que a vida em si.
Em seus sonhos, ela via-o, ele era como o mar — vasto, profundo e imensurável. Ele se tornava o centro do seu mundo, e ela, uma viajante perdida em suas águas, ia mais fundo a cada dia. Não havia mais medo, não havia mais dúvida. Ela se entregava à força da maré que era ele, deixando-se levar para um lugar além do horizonte, onde as coisas não podiam ser vistas, mas eram sentidas.
Ela sabia que um dia aquela escolha doeria. Aquela escolha que poderia ser o maior erro de sua vida, mas ela o queria tanto que não podia controlar, quando havia percebido de forma consciente, ele já havia se espalhado por ela de uma forma irreversível.
Mesmo que doesse, mesmo que acabasse, ela queria se forcar apenas no agora, ela queria simplesmente se deixar banhar por aquela cachoeira que era o amor inconstante e surpreendente dele.