Diva

Escrito por Dann Sotnez | Revisado por Mah

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Prólogo

Don't Judge me

  Malibu, 12/04/2025 09:30 p.m.

  Ela piscou os olhos como se era de costume.
  Ele abriu um enorme sorriso.
  Ela colocou suas mãos sob seu coração e abriu seus antes cerrados lábios, mostrando assim uma fileira de dentes perfeitos.
  Ele se ajoelhou e retirou uma caixa de veludo vermelha de seu novo terno Armani adquirido há poucas horas em uma das lojas que era cliente máster.
  As mãos dela foram a um rápido movimento para sua boca, emitindo um som de surpresa:
  - James! – exclamou rindo sem graça.
  O rapaz soltou um sorriso, que pareceu entrar em sintonia com seus olhos cor de mel que enlouqueciam qualquer um:
  - ... Você aceita se casar comigo?
  Dentro da caixa se via um solitário de diamante, ajeitou seu vestido vermelho, e se ajoelhou encarando a fundo seu namorado, ela estava confusa.
  - Eu...
  - ... Esqueça todos os tabloides, o que falam de mim... Eu sei que dizem que você é a dama e eu o...
  - Jim! – exclamou ela com a voz trêmula controlando suas lágrimas que logo cairiam – Eu...
  Ela não conseguia falar. fechou sua boca e mordeu seu lábio inferior, levantou uma de suas mãos e acariciou o rosto daquele que queria ser seu marido. Ela o amava tanto que tinha vergonha de falar a verdade...
  A mulher de longos cabelos negros desviou seus olhos para uma pequena tela de vigilância que ela tinha em seu quarto. O cômodo era todo branco com móveis dourados, o lugar parecia de uma princesa, exceto pelo monitor que dava a ela a vista de toda sua casa. E nele apareciam vários policiais invadindo-a sem permissão, em um deles havia a inscrição F.B.I.
  No mesmo momento ela se levantou, ignorando cada palavra dita por James, seus olhos estavam pregados no monitor, enquanto isso ela caminhou até sua cômoda e sacou uma arma e apontou para a porta.
  - O que está fazendo, ? – questionou o homem confuso – Abaixa essa arma! Aliás, como você...
  Jim foi interrompido por um estrondo na porta, e tiros partiram da arma em que a aparentemente frágil mulher segurava, ela havia acertado o primeiro policial. Ele caiu no chão, em seguida um tiro foi disparado de outra arma e atingira a coxa dela, um urro de dor seu foi emitido.
  - Marie Cartman, você está sendo presa por tráfico de drogas, homicídios e ilegalidades com este país. – exclamou o policial adentrando o ambiente – Renda-se.
  - ! – exclamou James perplexo – QUE MERDA É ESSA?
  A mulher mantinha sua cabeça baixa, e chorava em silêncio. Tudo estava arruinado, tudo...
  Seu pai certamente a preveniria disto. Preveniria, se ele não estivesse morto. Ela ouvia mentalmente as noticias que seriam espalhadas:

  “Diva é presa!”, “ é condenada por liderar tráfico no país”, “Boas garotas podem ficar más...”
  - Filha, a morte é melhor que a cadeia, tenha certeza...
  A voz rouca de seu pai ecoou por suas lembranças, por isso ele havia morrido, ele preferiu abandoná-la a ser preso. Ela devia fazer a mesma coisa? Sim, foi a resposta que sua consciência emitira.
  Com certa agilidade, ela pegou o revólver e acertou no policial que lhe dera ordem de prisão. E o mesmo foi revidado, acertou seu peito. caiu de costas, com os braços abertos. Ela gritava de dor, certamente aquele era o melhor preço a ser pago por seus pecados...
  - ! – exclamou James, se ajoelhando ao seu lado – ...
  Os olhos cor de mel de Jim se viam perturbados e molhados. Sua respiração estava ofegante e ela apenas cantarolou a música preferida dele...
  - Please don't judge me and I won't judge you and if you love me then let it be beautiful¹.
  - Algum de vocês ajude! - exclamou Jim aos policiais, que se movimentavam freicamente - , tudo vai ficar bem...
  A visão de nossa principal foi ficando turva, até que as coisas não tinham sido tão ruins, ela queria que esse momento fosse apenas mais um de seus pesadelos, ela queria... Ela tinha tudo que queria, exceto o poder de decisão divino. O barulho foi se tornando quase nulo, ela estava prestes a flutuar, seus olhos se cerraram por completo.

  ¹: Por favor não me julgue e eu não irei julgá-lo e se você me ama, deixe ser bonito. Trecho da música Don't Judge me - Chris Brown.

1.

Beatiful, dirty rich

  15 anos antes
  Residência , Malibu, 30/07/2011 01:12 p.m.

  A sala possuía um ar sério. A mobília de madeira se assimilava a escritórios de filmes de máfias, cheiro de charutos, garrafas de bebidas em excesso e dois homens em reunião. O tópico daquele encontro pós-almoço era a filha de um deles. Juan Pablo , ou apenas como era chamado pelos íntimos estava atrás de uma longa mesa, e consequentemente era o pai da pessoa em pauta na conversa, a sua frente se encontrava seu melhor amigo e seu braço direito: Anthony .
  - Senhor, tem certeza disso? – dizia Tony, coçando seus cabelos castanhos – Quero dizer... Mandar sua filha para um colégio interno?
  Juan possuía o semblante sereno, seus olhos estavam congelados em um porta-retratos que possuía a imagem de uma bela mulher de longos cabelos negros e um sorriso único, sua falecida esposa.
  - Claro Tony, era o que Marie queria desde o começo...
  - Conheço bem , senhor, acho que ela irá ficar revoltada... Nunca a deixou estudar fora de sua jurisdição.
  - Eu sei, mas sabe que essa escola que frequenta não está fazendo bem aos seus miolos... Viu aquele show que a levou ontem?
  - Ela tem 15 anos...
  - Dane-se! – exclamou o homem – Como uma garota que aos 15 nunca sequer manejou uma arma vai liderar os negócios da família?
  - Juan...
  - Tony, com 15 anos eu já era o chefe mirim em Monterrey – gritava o homem - e ela a chefe em quê? Huh? Em torrar meu dinheiro...
  - Talvez ela aprenda... – tentou em vão o homem salvar a menina – Tudo se vem com o tempo...
  - Tempo, esse que eu perdi demais em não ter pensado nisso antes. sabe o Schmidt?
  - Sim...
  - Ele colocou a filha dele neste colégio, e sabe o que a menina é hoje?
  - Não... – respondeu Tony fazendo pouco caso.
  - Administradora da empresa de sorvetes... – disse surpreso – E sabe o que significa?
  - Que quando sair dessa escola de freiras em NY, ela estará apta a lidar com um bando de viciados?
  - Sim – indagou o homem latino se levantando da cadeira – Ela aprenderá e conhecerá pessoas decentes e quando voltar para casa, eu a ensino o que meu pai me ensinou...
  O silêncio entrou na conversa e ficou alguns minutos até o dispensá-lo.
  - , ela não irá aceitar abandonar tudo por você...
  - Eu sei, Tony... E seu filho?
  O homem de aparência jovial arqueou sua sobrancelha, não surpreso pela mudança repentina de assunto e respondeu:
  - Por que as nossas conversas que têm como temas sempre vão parar em ?
  - Você sabe o porquê... – respondeu o outro rindo – Tenho planos para ele...
  - Ele não será como o pai, tire seu cavalo da chuva...
  - Anthony! Seja mais carismático com seu chefe – exclamou , rindo ainda – estou perguntando porque ele é um dos melhores amigos de minha filha! Não porque quero mais um puxa saco, isso tenho muitos até... Você, Gonzalez, Will, Frank, Wayne, Batman...
  Tony revirou os olhos e cruzou os braços, concluindo:
  - Diga logo o que quer com ele?
  Os olhos negros de Juan se estreitaram, ele tinha muitos planos para o jovem ...
  - Você acha que ele vai gostar de Nova Iorque?
  - , você não...
  - Ela irá começar agora o colegial e ele está no penúltimo ano, é uma boa ideia...
  No mesmo instante do outro lado da porta que mantinham os dois chefes fora de todas as negociações, estava imóvel. Ele ouvira quase toda conversa, e tinha uma pessoa que tinha que saber do que havia acabado de escutar...

  Beautiful, dirty, dirty rich, rich, dirty, dirty
  Lindos, podres, podres de rico, rico, podres, podres.
  Beautiful, dirty rich
  Lindos, podres de rico
  Dirty, dirty rich, dirty, dirty rich, beautiful
  Podres, podres de rico, podres, podres de rico, lindos
  Beautiful and dirty, dirty rich, rich dirty
  Lindos e podres, podres de rico, rico, podres

  Uma garota de cabelos negros dançava loucamente a música que começava a tocar em seu Ipod. Sua expressão era a mais feliz possível, com os olhos fechados, e enquanto cantava, flashes da noite anterior tomavam conta de seu ser. Ela havia ido ao show de Lady Gaga - sem seu pai, fato que a mesma considera importante. Não era fácil ser a filha de Juan , o dono de quase todas as bocas de fumo da Califórnia e de boa parte do país. Mas na consciência da pequena adolescente fã de música pop, seu pai era o dono de quase todos os laticínios vendidos na Califórnia, enfim, ela o considerava um pai chato que só queria criá-la como uma freira, longe do mundo.
  , esse era seu nome.
  - Daddy I'm so sorry, i'm so s-s-sorry, yeah we just like to party, like to p-p-party, yeah – gritava a menina um pouco desafinada - Bang bang, we're beautiful 'n dirty rich Bang bang, we're beautiful 'n dirty rich¹.
  Talvez aquela música significasse muito a adolescente de 15 anos, quando se projetava daqui a dois, cinco anos ela se imaginava como a cantora descrevia na letra: linda e podre de rica. E todos os moradores daquela casa sabiam disso, e isso era o que seu pai temia...
  , seria a possível herdeira de todo império , e ele tinha que prepará-la para isso. Porém, como sempre a menina era alheia a tudo, até aos planos que tinham vossa pessoa no meio. Mas isso tudo até o exato momento em que um garoto de 17 anos entrou quase quebrando a porta de seu quarto:
  - , você não sabe o que acabei de ouvir! – exclamou o garoto fechando as portas – Seu pai quer te mandar para Nova Iorque!
  A garota estava parada com a boca entreaberta, os fones de ouvindo roçavam o chão.
  - Repete, ... – disse ela quase sem voz.
  O garoto levou as mãos até a cabeça e bagunçou os cabelos, mania que herdara do pai. Vagou os olhos castanhos claros pelo cômodo até colocá-los novamente sob os amendoados da amiga.
  - Ok, seu pai...
  A garota o interrompeu começando a dar gritos histéricos de felicidade.
  - Isso não é uma pegadinha, ? – questionou ela pulando no colo do amigo e o abraçando – O meu velho vai fazer isso?
  O garoto esboçou um leve sorriso, ele adorava quando a amiga fazia aquelas coisas... Ele adorava vê-la feliz.
  - Claro, quando eu ouvi nem acreditei, e o melhor está por vim...
  - Fala logo! – exclamou ela segurando o rosto de – fala!
  - Ele quer que eu vá junto! – disse o menino quase berrando de alegria.
  A jovem garota abriu um enorme sorriso e encostou seus lábios nos do amigo, que certamente era mais que o mesmo, sendo seu secreto namorado...
  - Isso tudo parece um sonho – sussurrou ela rente à boca dele – desde quando Juan é legal?
  - Na verdade, você terá que fingir decepção quando ele te der a notícia...
  - Por quê? – questionou ela, descendo do colo dele e o encarando séria.
  - Ele acha que você irá detestar se mudar, então, creio que ele esteja fazendo seus jogos...
   se sentou em sua cama e cruzou os braços, detestava o jeito que seu pai a tratava, ele gostava que ela fizesse coisas que não lhe apetecia. Mas neste instante ela acreditava que o feitiço dele, viraria contra.
  - E nós iremos entrar nessa... – disse ela puxando o rapaz para seu lado.
  - Por isso que eu gosto de você – sussurrou acariciando a bochecha da menina – Você é ousada e...
  - Shiiu! Não precisa falar essas coisas... – sussurrou ela interrompendo-o, e dizendo ao seu ouvido – Eu te amo...
  O sorriso bobo se formou no rosto dele, era a primeira vez que ela falava aquilo desde que eles começaram a namorar e isso fazia... Um ano.
  - Antes que eu me esqueça – disse ela encarando-o rindo – Da próxima vez que vier me dar uma notícia, entre com calma... Quero ter uma barreira para nos separar desta casa...
  Ele soltou uma gargalhada assentindo ao que havia dito e selou seus lábios nos dela, interrompendo o beijo para dizer:
  - Eu te amo...
   esboçou um sorriso travesso, e corou. Finalmente trocaram as juras que ela sempre sonhou. Sua vida não podia melhorar. Iria para Nova York com seu namorado. Já se imaginava em cada coluna social, arrasando nas festas, por que ela era linda e podre de rica.
  Logo os dois estavam unidos novamente, comemorando o futuro na cidade que nunca dorme.

  A fumaça do charuto de Juan dominava o ambiente da sala de reuniões. O homem de olhos negros se localizava sentado em um de seus sofás de couro, enquanto observava Tony chegar à sala com sua filha e com o jovem .
  Era de se notar que todos na sala se encontravam tensos, batucava sem parar seus dedos sob o copo de uísque que tinha em suas mãos, seu charuto queimava, porém ele tinha outras preocupações a ficar fumando-o. Quando cruzou o olhar com o da filha, pensou no que queria para ela. Por alguns segundos pensou em desistir e mandá-la para o México com sua mãe, longe de tudo o que faria mal a sua pequena garota. Mas a ganância falava mais alto, Juan batalhara anos e anos para conseguir comprar sua primeira boca, em Monterrey ainda, de repente se tornara o braço direito de Paco, o maior traficante da região, e por consequência aprendera com ele tudo que sabia. E queria que sua filha continuasse com o negócio, não gostaria que acontecesse com ele o que aconteceu com o amigo. Toda a fortuna ficasse para o fiel escudeiro. não gostava de pensar na possibilidade de todo seu suor, pó e dinheiro nas mãos de . O império deveria continuar sendo guiado pelos latinos. E com isso em mente conclui que a melhor alternativa era mandar para Nova Iorque, pois daqui alguns anos ela voltaria apta a controlar tudo, e dar a ele o merecido descanso.
  Seus olhos saíram dos de sua menina e vagaram até os de , garoto que em seus planos, no futuro seria seu genro. Futuro, não agora. No momento ele seria o guarda-costas. Ao concluir deu um gole em sua bebida, ajeitou-se em seu sofá, rompendo o silêncio:
  - Pode nos deixar a sós, Anthony? – ele não queria ser interrompido pelo moralismo do amigo.
  - Sim, senhor. – respondeu o homem, deixando-os sozinhos.
   engoliu em seco e fitou , que estava com a expressão fria. Ele temia que ela desse com a língua nos dentes e acabasse com o plano.
  - Bom, os chamei aqui porque quero comunicá-los que a partir de segunda, não moram mais nessa casa...
  - O QUÊ? – questionou a menina aos berros – COMO ASSIM? QUEM PENSA QUE É?
   estava em choque.
  - NÃO GRITE COMIGO, GAROTA! – exclamou Juan, colocando seu copo com força sobre o criado mudo e levantado, continuou com o dedo sob o rosto da garota – SOU SEU PAI! E NÃO A PORRA DE NENHUM VAGABUNDO! – ela encolheu seus ombros – QUANDO EU FALO VOCÊ CALA A BOCA E OUVE. ENTENDEU?
  Com a cabeça baixa a garota assentiu, era nesses momentos que sentia ódio do pai.
  - Como eu dizia, vocês irão se mudar para Nova Iorque...
  Silêncio.
  - Sabem o Schmidt? – ambos assentiram – A filha dele estudou em um colégio de freiras e saiu de lá uma pessoa digna, educada e acima de tudo apta para guiar os negócios da fábrica de sorvete...
  - Não sou como a pau mandado da Gloria! – resmungou – Não vou sair de Malibu, tenho uma vida aqui!
  - E daí?! – disse o pai rindo – Pouco me importa seu presente, me interessa seu futuro.
  - O mundo não gira em torno de você! – se manifestou a garota.
  - Não me chame de você! – respondeu Juan, prestes a se alterar novamente – Senhor, e bem, irá ser positivo os ensinamentos daquela escola...
  - Sou do jeito que me educou, e não irei para lá nem que me pague...
   encarou abismado toda a cena, sua amiga sabia fingir muito bem, parecia... Uma atriz.
  Juan contou mentalmente até mil, para não bater na filha, respirou fundo e continuou:
  - Por isso chamei , ele irá com você e se não for por bem irá por mal...
  - Então eu pressinto que irei sair dessa casa por mal...
  - – se manifestou pela primeira vez – Ouça seu pai, ele quer o melhor para você...
  - Ouça seu amigo, antes que eu mude de ideia e te mande para México, longe de tudo e todos.
  - Prefiro ir para lá, a ter de servir de santa todo o colegial.
  As veias da testa de pulsavam, no fundo, ele entendia o motivo da filha ser assim, sempre fora ausente, se dedicava mais à fábrica de “laticínios” que a ela...
  - – suplicou o garoto, vendo que o mais velho partiria para cima dela – calma...
  - Ele está me ameaçando, ! Não vou para Nova Iorque!
  - VOCÊ VAI SIM! – gritou o homem nervoso, segurando-a pelos braços – EU MANDO EM MAIS DE 30 HOMENS, E NÃO VAI SER UMA PIRRALHA QUE VAI ME ESTRESSAR!
  - Me larga – resmungou ela com lágrimas nos olhos.
  - NÃO! E ENTENDA, NÃO SERÁ MAIS SEGUNDA QUE VAI SE MUDAR. SERÁ AMANHÃ!
  - N-Ã-O! – exclamou ela.
  - SIM! – retribuiu o pai, apertando-a e fazendo-a chorar mais. – Suba para o seu quarto e vá arrumar suas coisas.
  - Não! - disse ela, se soltando e limpando as lágrimas – Eu gosto de ficar em Malibu!
  - Suba e vá arrumar suas coisas – repetiu Juan.
  - N...
  - Cala a boca! – exclamou a ela – Vamos, eu a ajudo...
  - Não, ! Você é um idiota! Faz tudo que ele manda! Que amigo é você? – novamente as lágrimas escorriam.
  O garoto ficou imóvel ao observar sair correndo da sala, ele sabia que aquelas palavras e o choro não eram uma cena. se sentiu impotente, um tolo. Viu o amor de sua vida ser humilhado e não fez nada.
  Medroso.
  - O admiro, filho! – sussurrou Juan, colocando sua mão sobre o ombro do rapaz.
  - Por quê? – questionou.
  - Você sabe onde está, e preza o que seu pai ensinou...
  -...
  - Vá logo, precisa colocar na cabeça de minhocas daquela garota que irão para Nova Iorque.
  - Mas...
  - Eu o admiro, por isso estou mandando você, proteja-a como se fosse sua, por mim.
  Ele faria isso, sem Juan pedir. Deveria ter protegido ela de seu pai, mas fora um estúpido.
  Assentindo, saiu da sala e guiou-se para o quarto de , o fim do dia seria longo...
   caminhou sozinho pelo cômodo, e pairou seus olhos sobre a fotografia de sua falecida esposa, e sussurrou:
  - É o melhor que eu poderia fazer...

  Aflito, batia desesperadamente na porta de . Ao ser aberta se deparou com os olhos inchados da garota.
  - O que quer, bundão? – resmungou ela.
  Ele a ignorou e entrou no quarto, fechou a porta, em seguida a abraçou sussurrando:
  - Você é uma filha da puta...
  - Que tu gosta! – completou gargalhando.
  - Fiquei com medo lá embaixo, sério...
  - Percebi, deixou o carrancudo do meu pai me humilhar...
  - Sabe que evito conflitos com ele...
  - Sei sim – respondeu ela se afastando e deitando de forma sedutora na cama – Esqueça aquele idiota...
   arqueou a sobrancelha e caminhou até onde ela estava.
  - Vamos festejar – continuou ela puxando-o para si – Afinal, Nova Iorque será nossa...
  - Achei que gostasse de Malibu... – sussurrou ele mordiscando o ouvido dela – Quase morreu defendendo ela...
  - Daddy I'm so sorry, i'm so s-s-sorry, yeah we just like to party, like to p-p-party, yeah² – respondeu ela cantarolando, em seguida guiou seus lábios para os do garoto.
   no fundo gostava disso tudo, sabia que se fosse para Nova Iorque tudo iria mudar, quem sabe não viraria vizinha da cantora de sua música predileta, melhor, não vire uma estrela nova iorquina...
  Rompendo o beijo, ela virou seu corpo, jogando-se sobre , e conclui sorrindo:
  - Bang bang, we're beautiful and dirty rich³

  ¹/²: Papai, sinto muito, sinto m-m-muito, é Nós apenas gostamos de festejar, gostamos de f-f-festejar, é Bang bang, nós somos lindos e podres de ricos.
  ³: Bang bang, nós somos lindos e podres de rico.
  Trechos da música Beatiful, dirty rich da cantora Lady Gaga.

2.

Resistence

  Jatinho particular, algum lugar da troposfera, 31/07/2011, 4:09PM

  Os olhos castanhos de vagavam pelas nuvens que passavam ao seu lado, por dentro ela sorria como uma criança que ganhara seu doce predileto, porém transparecia que perdera um ente querido. Fazia duas horas que estavam voando, provavelmente se encontravam próximos ao Kansas. A menina evitava se lembrar da cena que teve de fazer com seu pai. Houve gritos, xingamentos e por fim ela aceitou ir embora.
  - Tony? – questionou ela ao amigo de seu pai, que havia se encarregado de levar os jovens à nova cidade – Vou para um colégio de freiras?
  Anthony inspirou e focou nos olhos duvidosos da garota, olhou para trás e viu seu filho deitado em duas poltronas tirando um cochilo, soltou um sorriso de lado e voltou a atenção à menina.   - Na verdade, não. Seu pai não soube se expressar...
  - É uma escola normal? Em Nova Iorque?
  - Não, é um internato, nas redondezas de NY, ele poupou essa parte para não discutirem mais...
  O queixo da garota foi ao chão, ela ficaria presa em um lugar estranho. Não haveria festas, não haveria colunas sociais, não haveria vida social. Culpou , por ouvir as coisas pela metade e iludi-la sobre algo.
  - Como assim? Achei que fosse um colégio linha dura, mas não internato...
  - Vai ser bom, querida, assim que chegarmos vamos para lá concretizar as suas vagas, irão conhecer o lugar, e depois iremos voltar à cidade para conhecê-la. Temos praticamente um mês aqui...
  - Eu não quero ficar fechada em uma escola, Anthony... Não quero e não vou! – exclamou ela – Quem meu pai acha que é? Nem serve para colocar a filha na escola... Tem que mandar um amigo!
  Os olhos dela se encheram d’água, detestava quando sentia falta de atitudes paternais. Talvez fosse melhor ir para o México. Ao menos lá ela saberia o que seria ter uma família.
  - Uma força maior o impediu de vir aqui, se fosse em Miami ele iria, mas ele está proibido de visitar Nova Iorque... – respondeu Tony se sentando ao lado de , abraçando-a – Ele te ama, querida, por isso está fazendo isso...
  - Se me amasse não me tratava feito um cachorro... – resmungou ela – Me jogou para fora de casa...
  - Ele está te preparando...
  - Para o quê? Cuidar de um bando de funcionários mau pagos de uma fabrica de laticínios?
  - Não.
  - Para o que então? – exclamou ela. – Para esfregar na cara de Schmidt que a filha dele é inferior a mim?
  - Para você saber lidar com viciados. – a voz do homem era calma.
  Se fez silencio. ainda não havia compreendido o que ele falara.
  - Viciados? – repetiu ela em choque.
  - A empresa de laticínios é apenas fachada. Na verdade o lucro vem do pó...
  - Eu sou filha de um traficante de merda?
  - Não fale assim, seu pai é um mito.
  - Mito? – ela começou a rir – Infringir a lei, viciar pessoas o torna um mito?
  - Ele nunca foi pego, está no mercado há mais de 20 anos, ele comanda o norte do México e toda a Califórnia, está começando com os negócios em Nevada...
   negava tudo aquilo, então o destino dela seria tomar conta de um bando de viciados? Era injusto, ela era bonita demais para fazer isso, ela era mulher, sexo frágil...
   se levantou de sua poltrona em silêncio e caminhou rumo ao banheiro. Era inacreditável, a vida inteira pensou que seu pai vendesse leite, e na verdade... Bem, vende pó...
  Ela se trancou no banheiro e deixou todas as lágrimas escorrerem. Aflita, colocou suas mãos sobre seus cabelos e os bagunçava, queria que tudo fosse um sonho. Como que conviveu tanto tempo com um traficante sem nem perceber? Seu dinheiro vinha de um lugar sujo, podre...   Gritos. Dor. Traição.
  Sentimentos esses resumiam o que sentia.
  Juan podia ser um cachorro, mas nunca o conseguiu imaginá-lo como um líder de tráfico. Provavelmente sua mãe morrera de vergonha, e não pelo simples fato de ter dado sua vida à ela.
  - Maldito! – praguejou ela socando as frágeis paredes.
  Por um segundo ela ficou quieta e se fitou no espelho. Os olhos castanhos, os cabelos levemente ondulados e lábios semiabertos de indignação. fechou os olhos e colocou sua cabeça contra a porta, suspirando, gemendo e chorando.
  Parecia que tudo começava a fazer sentido. Por isso seu pai a mantinha sempre por perto, para evitar que virasse cliente dele, assim como era a maioria de seus amigos mais velhos. Será que sabia disso tudo?
  E foi a voz dele que a tirou de seus pensamentos:
  - ! – exclamava ele batendo a porta – Abra a porta, por favor!
  - SAI DAQUI! – gritou ela de volta.
  - Não vou sair, e você sabe o porquê...
  Ela se manteve em silêncio, e abriu a porta correndo para os seus braços.
  - Me diz que é pegadinha... – sussurrou ela aos soluços – me diz...
  - Eu queria... Mas é isso...
  Ele acariciava os sedosos cabelos da garota.
  - Você sempre soube, não? – questionou ela encarando-o com os olhos vermelhos – Hein?
   negou. Ele descobrira no dia anterior, quando fora arrumar suas coisas, da mesma forma que ela. Tony o chamou e contou como se fosse uma piada.
  - Desde ontem...
  - Por que não me disse?
  - Meu pai me proibiu...
  Com sangue nos olhos a garota virou seu olhar para Tony, que assistia de camarote a cena:
  - Então, é esse meu destino? – questionou , soltando-se de e caminhando na direção dele – Virar a rainha do pó?
  Anthony apenas assentiu e ela riu.
  - Sério? Acham que em um internato terei aulas de “como agir com um viciado que não te paga” – satirizou ela – ou então “como calcular as taxas de impostos sobre a cocaína”! Poupe-me...
  - Seu pai quer que seja uma pessoa culta, saiba das normas para assim poder agir... Tem que ser superior a seus clientes...
  - GRANDE MERDA! – gritou a menina voltando a chorar – Me recuso a seguir essa vida...
  - Então vou descer o avião aqui mesmo, e você sai e se vira no mundo, sozinha. – respondeu rispidamente Tony.
   encarava aflito, novamente presenciaria uma briga da namorada e ficaria parado.
  - COMO?
  - O que ouviu, não pode negar o que sempre esbanjou, duvido que negue suas regalias por causa de uma moralidade ridícula. Essa não é você, Marie, todos sabem que você é tão podre quanto seu pai...
  O queixo da garota se abriu e fechou várias vezes.
  - Eu sei muito bem que a briga de ontem e de hoje com seu pai foi pura encenação, ele pode não saber, mas eu sei...
  No mesmo instante ela olhou para , que se encontrava mais assustado que ela.
  - Sou o chefe de segurança, , vejo tudo o que acontece naquela casa, até seu quarto...   Neste momento os olhos do homem pararam no filho.
  - Sei muito bem o que fazem entre quatro paredes e...
  - PAI! – se pronunciou pela primeira vez – Isso é invasão de privacidade...
  - Não, isso se chama segurança. Nunca disse nada a ninguém, apenas eu tenho acesso às câmeras dos quartos, e por mim continuara assim. – Tony voltou seu olhar a e concluiu –Aceite sua vida, menina, eu sei de coisas suas que nem você imagina...
   nunca sentiu tanto medo quanto sentia agora. Parecia que Anthony tinha em suas mãos sua alma. E segredos que se descobrisse... Ela balançou a cabeça a fim de esquecer tais pensamentos.
  Com a boca fechada caminhou pela aeronave e se isolou em sua poltrona. Não responderia nenhuma pergunta, queria um tempo a si mesma. Retirou seu Ipod de sua bolsa e plugou seus fones de ouvido. Resistence do Muse começou a ecoar em seu cérebro, ela se encaixava no momento, tudo parecia estar errado, mas poderia ser o certo. Aos poucos ela se conformava com a ideia.
  Isso poderia ser errado, poderia ser errado
  Mas deveria ser certo
  E com esses pensamentos, adormeceu.
  Mais ao fundo, se sentava ao lado do pai, ele estava curioso. O que seu pai sabia que ele não?
  - Pai? – questionou o garoto – O que sabe de tão grave da ?
  O homem limpou a garganta e encarou o filho.
  - Coisas que você não deve saber...
  - Coisas? – indagou – como assim, pai?
  - Quando se trata de um , nunca duvide de nada...

3.

Lies

  Sonhos de , JW Marriott Essex House, Nova York, 01/08/2011, 06:06 a.m.

  Os olhos de estavam enfeitiçados pelo contínuo movimento do mar, fazia tempo que não prestava atenção na praia que tinha praticamente no quintal de sua casa. Ela estava sentada na areia pensando em sua vida. Quase nada mais fazia sentido, seu pai era uma pessoa estranha, ela não conhecia o verdadeiro Juan. Seus segredos que sempre se esforçara para serem secretos, não eram mais.
  - Maldito Tony. – praguejou a garota esmurrando a areia – sempre sabendo mais do que deve...
  - ! – exclamou uma voz, tirando ela de seus pensamentos – !
  Girando o corpo, se deparou com um diferente, os antes doces olhos castanhos se encontravam amargurados, nem parecia o garoto que sempre esteve ao seu lado.
  - ? – questionou ela levantando-se – O que...
  - Eu, eu... – ele se engasgava com suas próprias palavras – Como você pôde?
  - Do que está falando? – perguntou confusa.
  - Não sou um trouxa, ...
  Ele havia mudado, parecia uma cópia jovem de Anthony. E ela temia a causa dessa mudança.
  - Me responda, o que aconteceu?
  De repente, a abraçou, causando interrogações em sua mente.
  - Eu te amo.
  Ela se manteve calada. E sentiu um buraco em seu peito. Como ela teve coragem de fazer aquilo com ele?
  - Também te amo – sussurrou ela após um tempo.
  - Mentirosa... – respondeu se afastando.
  - Como? Volte aqui! – gritava a menina.
  Em vão, tentou correr atrás dele, porém a areia parecia aos poucos engoli-la, suas súplicas eram inúteis, nesse momento a covarde era ela, sendo sugada pela areia, não se via mais nada, apenas sua mão. E quando quase tudo estava perdido, alguém tocou em sua mão, acordando-a.

   Quarto 234, JW Marriott Essex House, Nova York, 01/08/2011, 06:58 a.m.

  Anthony foi o primeiro a se levantar, já havia feito sua higiene matinal e colocava o seu tradicional terno pensando nos seus deveres que teria que cumprir. Detestava quando tinha que lidar com . Ele sabia que não era muito querido por ela, ainda mais agora que havia dito em sua cara que sabia sobre os “segredos” da mesma. Tony soltou uma risada baixa, concluindo:
  - Adolescentes...
  Vagou seus olhos pelo quarto e se deparou com o filho largado na cama, esboçou um leve sorriso e sentiu pena. Não gostava de saber que ele era enganado pela namorada. Se dependesse apenas dele, saberia de tudo, porém sua ética falava mais alto. Por mais que trabalhasse contra a lei, ele sempre prezava essa virtude.
  Caminhou em direção à porta do quarto duplo que os separava da filha de seu chefe, e a abriu. Deparou-se com a garota se debatendo na cama, correu até ela, chamando-a.
  - ! – sussurrou, segurando no ombro da garota, a acalmando – !
  A menina arregalou seus olhos, sua respiração era ofegante, em reflexo ela abraçou Tony e começou a chorar.
  - Foi só um pesadelo... – disse ele retribuindo o abraço dela – Calma...
  - Eu... Não... – não consiga falar, as lágrimas tomavam conta de seu rosto.
  - O que foi? – questionou Anthony se afastando dela – Sonhou com o quê?
  - Ele descobriu? Você contou? – exclamou ela pulando da cama – Eu te odeio!
  - O quê? Ele quem? – indagava o homem confuso. – Do que você está falando?
  - Você não sabe de tudo? Descubra sozinho!
  Dito isso, correu em direção ao banheiro, trancando-se. Anthony continuou imóvel, sem entender o que se passava. Porém não deixaria barato ela tratá-lo daquela maneira.

***

  Assim que fechara a porta, a menina escorreu por ela, sentando-se no piso de mármore. Ela chorava pelo medo de ser descoberta, por seu pai ser um traficante, por se sentir sozinha.
  - Pare com isso, ! – murmurou ela a si mesma – Levante, lave esse rosto e finja que não teme nada! Nada vai dar errado. Nada.
  Em silêncio, aos poucos ela se reerguia, e prosseguiu com o que devia fazer, até Tony interrompê-la novamente.
  - Ande logo! Marquei às oito na sua nova escola.
   o ignorou.
  - E depois teremos uma conversa...
  Ela abriu a porta se deparando com o homem, apenas assentiu e seguiu até sua mala, procurando o que vestir.
  - Irá agir feito uma criança? – questionou Tony prestes a berrar.
  A menina olhou com escárnio a ele, e esboçou um sorriso cínico voltando a sua busca pela roupa perfeita.
  - Às vezes me esqueço o quão madura você é... – resmungou Anthony, dando as costas, indo acordar .

  - Tem certeza que é aqui? – questionou assim que o táxi saiu a seu pai - É tão grande...
  Os três se encontravam lado a lado estupefatos com a beleza do lugar. Uma enorme construção, cercada por belos jardins, não parecia uma escola, se assemelhava a uma mansão...   - Parece o Instituto Xavier – resmungou rindo, voltando seu olhar a – Não parece?
   começou a rir, assentindo.
  - Parem de graça os dois – disse um Anthony sério – Tentem causar uma boa impressão à diretora desse lugar... Ouviu, ?
  A garota rolou os olhos, bufando em seguida:
  - Para de me perseguir, !
  - Outra coisa! – exclamou o mais velho – Vocês serão primos, então nada de se pegarem por aí...
  - Como assim? – questionou – Primos?
  - será sobrinha minha e de Juan, então seu nome será Marie Cartman...
  A menina fez cara de boba:
  - Como? Não posso dizer que meu pai é meu pai?
  - Entenda, seu pai possui inimigos nesta cidade e se eles não souberem de você, será melhor...
  - Além de tudo corro risco de vida? – resmungou , rindo de forma cínica – Odeio minha vida...
  - Olhe o que diz, menina – sussurrou Tony segurando em seu braço – se tivesse vivido 1/3 que eu e seu pai, calaria sua boca...
  - PAI! – exclamou o puxando – Deixe-a em paz...
   estava irado, só de pensar que aquela menina cuspia no prato que sempre comeu até se empanturrar. E ainda seu filho a defendia. Se ele soubesse metade do que ele sabia, teria nojo dela...
  - Um dia, meu filho, vai me agradecer por tratá-la assim...
  O homem deu as costas aos jovens e seguiu rumo à porta, apertando a campainha.
   ficou parado, pensando no que seu pai dissera. E sua curiosidade aumentava cada vez mais sobre o que a namorada fazia.
  - ? – questionou ele.
  - Hm – respondeu ela encarando-o – Diga.
  - O que você fez de tão grave assim?
  - Seu pai adora uma encenação. Sabe disso...
  - Não sei não – respondeu ele sério –, somos namorados, mereço saber...
  - Se toca, ! Acha que se eu quisesse dizer não teria contado?
  - Me diga então!
   se calou e seguiu rumo a porta que acabara de ser aberta por uma mulher de meia idade, ela vestia uma longo vestido preto, sua expressão era séria, sorriu assim que viu Anthony.
  - Bem vindos ao Cabrini Institute, no que posso ajudar? – disse docemente a mulher.
  - Olá, sou Anthony , conversei com a senhora semana passada...
  - Claro! - exclamou a mulher sorrindo – O pai aflito de Malibu...
  - Isso mesmo! – respondeu rindo – Esses são meus filhos...
   arqueou a sobrancelha, ela não seria sobrinha?
   se aproximou do pai e fez um rápido aceno a mulher.
  - e – disse Anthony feliz – Podemos entrar?
  - Claro, Sr. , sintam-se em casa garotos – disse ela se direcionando aos jovens.
   se sentiu em casa, literalmente. A mobília rústica se assemelhava à sua antiga residência, a única coisa que a fazia diferenciá-la era o cheiro de jasmin que reinava o ambiente, diferente do de charutos que inundavam em Malibu.
  Anthony conversava animadamente com a mulher que atendia por Sra. Strauser, ele explicava os problemas e o motivo de chamar a sobrinha de filha, deixando a diretora com os olhos cheios d’água. Infelizmente mentir era um dos talentos de todos envolvidos com os , embora Tony detestasse tal feito.
   encarava sem parar , ele descobriria a todo custo o que se passava. E então teve uma ideia...
   caminhou rumo a uma janela que dava a vista a um jardim cercado de árvores, sorriu, se imaginava deitada ali, ouvindo suas músicas, relaxando. De repente seu telefone começou a vibrar, ela o retirou do bolso lendo no visor: Pai.
  Ignorar.
  A garota o devolvia a seu bolso quando ele vibrou novamente, bufando ela encarou a tela e se deparou com o que não queria.
  1 nova mensagem de Oliver.
  “Acha bonito me ignorar, bebê? Sinto saudades sua, sabia? Te amo minha little bitch... hahaha”
  A mão de tremia, tudo o que menos queria era que ele reaparecesse agora.
  “Oi meu slut, eu te ignorar? Nunca... Não estou mais em Malibu, tive uns problemas, mas saiba que sempre estarei aqui...”
  Enviar.
  Oliver era um garoto de sua escola com quem saía escondida e fazia coisas proibidas, tanto pessoalmente quanto virtualmente... E de certa forma era uma ameaça a seu namoro com .
  Ela guardou seu celular no bolso de sua calça jeans, e girou seu corpo se deparando com bem atrás dela.
  - Ai que susto! – exclamou rindo – Credo, desde quando tá ai?
  - Por que o susto? Sou tão feio assim? – resmungou ele fazendo bico se aproximando dela.
  - , sabe o que seu coroa disse – respondeu ela o empurrando – sem pegação...
   a ignorou e sussurrou em seu ouvido:
  - Amor fraternal...
  Ela riu. Ele a abraçou e apertou sua bunda, o que causou uma risada histérica na menina. Mal sabia ela que nesse momento seu celular não se encontrava mais em seu bolso...
  - Safado – sussurrou ela – sabe que eu não posso revidar...
  - Eu sei... – resmungou ele se afastando e escondendo o celular em seu moletom.
   às vezes se arrependia de fazer tal injustiça com , ele era tão doce, perfeito...

4.

Beautiful Pain

  Os punhos de se cerraram, uma enorme fúria percorreu seu corpo. Ele sentia nojo, desprezo tanto de si, quanto da garota que ele acredita, ou acreditava amar. O garoto prensava seus dentes para evitar escancarar um grito pelo ambiente em que se encontrava.
  - Puta Mentirosa! – exclamou ele em um sussurro, esmurrando a parede.
  Seu sangue fervia. Ele iria tirar satisfação, iria não, deveria! Todavia não conseguia parar de ler aquela mensagem.
  “Isso, vá embora sem se despedir, fugiu com o trouxa do , né? Hahaha   Sinto sua falta, cachorra.”
  Ele sabia muito bem quem era esse “little slut” que sua, SUA, namorada se referia, porém o jovem se encontrava incerto de usar tal pronome de posse para uma pessoa tão egoísta como percebeu que era.
  Embora tudo aquilo o torturasse ele precisava de mais, e com isso verificou todo o histórico e constatou que não sabia se o que a filha de falava era verdade. viu declarações e várias insinuações sexuais no diálogo dos dois, porém sua raiva se tornou maior quando foi investigar a galeria de fotos.
  Náuseas era a única coisa que o garoto sentia, ele não conseguia mais controlar as lágrimas que inutilmente caíam de seus olhos. Ele se sentia um idiota, um trouxa... Oliver estava certo quando o tratou de tal forma.
  Oliver, o cara que ele mais repugnava era o “amante” de .
  - PUTOS! – gritou jogando o celular no chão.
  Aquelas palavras, que de certa forma ofendiam tanto a ele quanto qualquer um que lesse. se lembrou do dia em que transou pela primeira vez com e a mesma dissera que era virgem, ambos eram. Neste momento ele se sentiu um tolo, por acreditar apenas em palavras, e por ser tão mariquinha a ponto de acreditar que sua primeira transa era com quem assim como ele era novato, e acima de tudo o amor era recíproco, triste ilusão. Bela Dor.
  Cego pelo ódio, o jovem pisava duro ao caminhar pelos enormes corredores da sede da escola, ignorou qualquer riso que ouvira de seu pai, que certamente estava cantando a diretora do colégio. Seu olhar era fixo. Estava preso no jardim, em uma garota de cabelos castanhos que delicadamente observava as flores tão coloridas que enfeitavam o lugar.
  - ! – exclamou ela sorridente ao vê-lo – Você por acaso...
   cessou sua fala ao perceber os olhos negros de sobre si, ao constatar de vez a perda do celular, que não estava em seu bolso, ela deu um passo para trás.
  - ... Eu posso.
  Tarde demais. Totalmente cercado pela raiva, o antes doce e inocente garoto de 17 anos deu um soco na face da garota, que exclamou e se apoiou em uma árvore.
  - O quê? – disse ela com lágrimas nos olhos enquanto levava a mão a sua boca – Por quê?
  - CALA A BOCA! – gritou o outro a apertando pelos braços e a jogando contra o tronco – SUA, SUA ARGH!
  Ele a soltou, e passou as mãos em desespero pelo seu cabelo.
  - , o que... – indagava ela enquanto revidava o soco em suas costas
  - CALA A BOCA, PORRA! – exclamou novamente, colocando suas mãos contra o pescoço dela – Eu sou muito trouxa em acreditar em você...
  - – sussurrava tentando respirar em vão.
  - A única pergunta que eu tenho é por que... – a face da garota estava vermelha, tanto pela falta de ar, quanto pelo sangue que escorria da lateral de sua boca – Qual o problema
   chorava, e o pouco que tinha de forças tentava gritar.
  - Por que mentiu? – os olhos de marearam e o fez afrouxar um pouco sua mão.
  A menina continuava em silêncio.
  - RESPONDE! – gritou ao dar um tapa na face da garota.
  Tudo o que queria era que alguém a ajudasse, apenas isso.
  - ME DIGA, ! – dizia aos berros, enquanto a dilacerava com os olhos.
  Em uma estúpida comparação mental, se imaginou como Maria Madalena, sendo injustiçada e apedrejada por um erro que se pudesse evitar o evitaria, ou não?
  Toda tortura tanto física e psicológica que passava teve um fim quando ouviu a voz de Anthony gritando pelo filho.
  - !
  O garoto de cabelos castanhos virou o corpo e encarou com desprezo o pai. Por que todos o enganavam?
  Seu pai sempre soubera de tudo, mas escondera. Por quê?
  Eram tantas perguntas, tantos por quês que cercavam a mente de que ele se via entorpecido pela dúvida, pela dor...
  - Que merda está fazendo? – indagou Anthony irado – Você bateu na...
  - Ela merece muito mais – resmungou encarando-a.
  Enquanto Tony se aproximava da cena, seu filho se distanciava.
   pai sentiu um aperto ao ver o filho naquele estado. Por alguns segundos se esqueceu que todos os planos estavam em risco. Por alguns segundos desejou que o filho não tivesse a mesma vida que ele. Por alguns segundos desejou que ele nunca conhecesse...
  - Sr. ? – sussurrou a diretora do colégio – Se quiser ir atrás do garoto, eu cuido dela...
  - Obrigado Alice – respondeu Tony com um sorriso de esperança – Ele precisa sair um pouco...
  Ambos voltaram o olhar a , que abraçava suas pernas e chorava, ela estava perdida e sozinha.
  Se arrependimento matasse, certamente ela estaria viva. Por mais que amasse , não estava arrependida. Apenas se via arrependida de ser tão burra a não deletar as mensagens...
  - Satisfeita? – questionou o homem em um sussurro à garota.
  - Cala a boca – respondeu com desprezo – Isso tudo é sua culpa, seu imbecil!
  - Não me culpe pelos seus atos, ...

***

  Central Park, Nova Iorque, 01/08/2011 03:15 p.m.

  Os ventos de verão atingiram o rosto de , ele estava sentado em um banco, sozinho olhando para as árvores e tentando digerir tudo o que vira. Ele queria acabar com aquela dor que o corroía, o esmagava...
  Ele fechou os olhos.
  Talvez tudo fosse um pesadelo.
  Uma risada se fez em seus pensamentos, pois se tudo isso fosse um sonho ruim, aquela dor não seria tão profunda e torturante...
  - Chega! – exclamou colocando sua cabeça entre suas mãos.
  Do lado paralelo ao que estava, um jovem o observava a bastante tempo, ele queria ajudar o rapaz, talvez se desabafasse...
  - Dia ruim? – questionou um garoto alto, magricela e de pele extremamente pálida, tal palidez era ressaltada pelas vestes negras que usava, sentando-se – Posso me sentar?
   o encarou em silêncio, rolando os olhos.
  - Entendo que queira ficar calado, eu também fico quando um estranho chega do nada fazendo o cordeirinho...
  Com um sorriso de canto, encarou o rapaz e sentiu uma certa cumplicidade naqueles olhos verdes que o encaram com um desespero de curiosidade, e o vento lhe trouxe o forte cheiro de nicotina presente no corpo do estranho.
  - Você fuma? – questionou curioso, afinal ambos deveriam ter a mesma idade, e não era correto jovens fumarem.   O garoto soltou um risada alta, estendendo a mão.
  - Me chamo , e você, man?
  - – respondeu apertando a mão de seu novo colega – Então...
  - Sim, eu fumo, mas não precisa espalhar isso ao mundo...
  - Entendo, mas você tem quantos...
  - Tenho 17 – indagou , cortando a fala de – faço 18 no fim desse mês... E tu, ?
  Nem fazia cinco minutos que estavam a conversar e já estavam com apelidos, de certa forma estava feliz com tanta proximidade.
  - 17 também... e parabéns, caso eu não te veja mais...
  - Obrigado. Quer um?
   retirou de seu bolso um maço de cigarros e estendeu a , que recusou.
  - Cara, isso vai te aliviar... Estou te olhando há um tempo e sei que as coisas não estão boas...
  - Dia ruim, como você mesmo disse... – respondeu em um suspiro.
  - Hoje faz uma semana que perdi a pessoa que mais amava – indagou – É complicado, parece que essas chamas vão te engolir e você deseja a morte, sabe...
   assentiu. Era isso, as chamas estavam o consumindo.
  - Então eu fumo pra ver se isso me acalma...
  - E funciona? – questionou curioso.
  - Quer experimentar? – novamente o garoto estendeu um cigarro ao outro.
   estava inseguro, não era o certo se afundar em drogas, mas ele queria sumir, esquecer... Ele já estava em um inferno, o que custaria abraçar o capeta?
  - Um só não irá me matar... – disse rindo.
  - Mas pode viciar, dude... – respondeu , acendendo o cigarro para seu novo amigo.
  Uma tragada.
  Acesso de tosse.
  Risadas.
  Segunda tragada.
  Um alívio.
  Desabafo.
  Terceira tragada.
  Um convite.
  E um consentimento.

  Depois de um pequeno compartilhamento de cigarro, e pareciam amigos de infância. Após contar toda a história, o novo amigo de o convidou para ir ao seu apartamento, conhecer seu “vídeo game”. Sem pensar em qualquer ensinamento de não fale com estranhos, o jovem traído aceitou. Por que desconfiaria de alguém que estava tentando o ajudar?
  Talvez por que tal pessoa tivesse algum interesse?
   balançou sua cabeça com a finalidade de silenciar sua consciência.

  O apartamento era sujo e pequeno, sobre a mesa de centro algumas revistas pornográficas, copos e garrafas de bebida e um forte cheiro de...
  - Não repare a bagunça... – disse tímido – Nunca recebo visitas...
  - Sem problemas! – respondeu – Quando você falou “vídeo game” se referia a outra coisa, certo?
   abaixou sua cabeça rindo, e caminhou até segurando seu queixo.
  - Eu quero te ajudar...
  Com um movimento delicado, retirou a mão dele de seu rosto e se sentou no sofá.
  - O que queria mostrar a mim, madre Tereza de Calcutá?
  - Um minuto! – exclamou o outro indo até o quarto – Aceita farinha?
  - O quê?
  - Cocaína, trouxa... – indagou rindo enquanto tirava as revistas que estavam sobre a mesa e as jogava em um canto – Nunca viu?
   pensou em dizer que vivia em uma casa onde continha toda e qualquer tipo desse pó, mas resolveu não dizer nada...
  - Sou um jovem casto, como você disse...
  - Não sabe o que está perdendo, , isso – ele apontou para as fileiras que montava – te faz ir ao céu...
  - Mesmo? – perguntou receoso.
  - Lógico! Como acha que me mantenho vivo?
  - Sei lá...
  - Experimente.
   debruçou seu corpo e encarou aquelas fileiras de pó. Nunca se imaginou nessa situação, mas todo aquele sentimento de ser enganado, ser iludido o despedaçava, talvez se ele inalasse aquilo tudo melhorasse, ele sumisse...
  - Tampe uma entrada de ar e inale com a outra – sugeriu .
  E assim ele fez.
  Aquilo ao mesmo tempo era excitante e doloroso.
  Suas narinas queimavam, mas o êxtase que aquilo causou o fez querer repetir. Assim como falara, ele se sentia leve...
  O garoto esboçava um sorriso ao ver seu novo amigo esquecer seus problemas, e com isso buscou uma garrafa de uísque e a virou, em seguida a estendeu ao seu novo companheiro.
  Pó.
  Álcool.
  Pó.
  Pó.
  Álcool.
  Pó.
   via tudo rodar, e então sentiu um beijo em sua nuca.
  - Eu te amo, – ao se virar ele viu com o curto baby doll preto que ele amava – Me perdoe...
  - Nunca, sua... puta! – exclamou com a voz embargada.
  - Você me quer, – dizia ela enquanto passava a mão pelo seu corpo – Eu sei...
  Ela colocou suas mãos na nuca dele e o beijou, um beijo lento com um leve sabor de label, o encaixe perfeito, e neste momento esqueceu de tudo o que ela fizera, e uma ânsia por tê-la por inteira para si tomou conta de seu ser.
  Ele levou suas mãos à cintura dela, descendo-as para a barra de seu short.
  - Apressado – sussurrou ela rindo, rompendo o beijo – Não está mais bravo comigo?
  - Cala a boca – disse ele ríspido – Apenas quero te foder...
  Um sorriso sacana se formou no rosto de .
  - Se não estivesse tão drogado, certamente ficaria excitada só com essa fala...
  - Não estou drogado – respondeu rindo, enquanto colocava seus lábios no pescoço da garota – Apenas alucinado...
  Ela puxou os cabelos dele e encarou os castanhos olhos sedentos por prazer, deu um sorriso torto, e depositou um selinho em sua boca, após isso direcionou suas mãos para a calça de , e a desabotoou:
  - Ops! – exclamou ela abaixando as calças dele, restando apenas a boxer preta com pequenos riscos brancos.
  Estava tudo muito rápido, ele não queria que ela mais uma vez tomasse conta da situação, então a puxou, jogando sobre o sofá e a cercando, e colocando uma perna de cada lado de seu corpo.
  Beijos.
  A cada movimento a relação se tornava mais selvagem, mais desesperadora e ao mesmo tempo tensa.
  Agora sob o ponto de vista da lucidez, eu os informo que na verdade naquele pequeno sofá do apartamento sujo, beijava de forma desesperada , que neste momento tomou a posse da situação, colocando seu corpo sobre o de .
  Ambos já se encontravam sem camisa, a pele pálida com alguns rabiscos do dono do local ficava em contraste com a bronzeada do outro. As mãos se perdiam na extensão do abdômen, distribuía chupões pelo corpo do outro e ouvia leves gemidos, o que o fez descer ainda mais e adentrar sua mão dentro da boxer do “amigo”.
  - – sussurrou .
   não ligava se era chamado pelo nome de uma garota pela qual havia adquirido raiva após ouvir a história contada por . Ele apenas queria que aquele garoto que desde o momento que viu e mexera com seus sentimentos fosse seu.

5.

Behind Blue Eyes

  Diretoria, St Peter’s Elementary School, Upper West Side, NY, 13/10/2006, 01:13 p.m

  Os olhos ora azuis, ora verdes de estavam compenetrados na porta da sala da diretora. A secretária, Srta. Pools o encarava como se ele fosse um monstro. Ele se encolheu ainda mais, abraçando a si mesmo e voltando sua atenção ao piso de mármore negro do colégio que tanto detestava.
  Ele não era um monstro, era? Ele apenas dera um simples beijo de amizade em seu amigo...
  Todos se beijam, por que seria errado ele demonstrar seu afeto por Lucas?
  Ele era seu melhor amigo...
  Um estrondo se fez por trás da enorme porta de madeira, o que o fez sair de seus devaneios.
  - MEU FILHO NÃO É UM VIADO, BAKER! CALE A PORRA DA SUA BOCA! – a voz de seu pai era clara e retumbante.
   até conseguia imaginar o que acontecia por detrás daquelas paredes...
  Seu braço doía. Assim que encostara seus lábios nos do amigo, a freira Olivia correu afobada em direção a eles, e o beliscou como repreensão. Dizendo que não se fazia isso, era pecado, ele deveria fazer isso com garotas...
  - Mas elas são chatas – disse em um sussurro o jovem de olhos claros a si mesmo, repetindo sua fala a mulher.
  - EU ESTOU CALMO, SOPHIA! – gritou novamente seu pai.
  E então com os olhos novamente vidrados na porta, pode vê-la abrir e uma senhora de aparentemente cinquenta anos o encarar.
  - Cordopatri, por favor, entre na sala... – a voz dela era doce, por segundos o deu esperanças de que tudo melhoraria.
  Pena elas serem falsas.
  Ao se levantar, pôde ver um casal alto de cabelos loiros o observarem com repúdio, os Baker, ele vivia mais na casa deles que na sua própria, e naquele momento em sua mente de doze anos chegou à conclusão de que nunca mais iria àquele lugar. E tudo se confirmou quando seu amigo abanou sua mão com um pequeno sorriso no rosto.
  Tímido, a ergueu receoso do que o futuro o aguardava.
  - Vamos, filho! – exclamou a doce diretora enquanto o guiava para a sala.
  Ainda calado, os olhos aflitos do garoto paralisaram em seu pai, sua testa estava enrugada, típica expressão de quem está nervoso. Os olhos verdes demonstravam ira, e o queimaram vivo assim que entrou na sala. Com falsas esperanças, mudou o foco de sua visão e fitou sua mãe, que desviou seu olhar.
  Aquele casal certamente era um dos mais respeitados por toda sociedade nova iorquina. Giuseppe e Sophia Cordopatri, o casal cristão que era visto por todos como exemplo...
  E todo esse rótulo estava prestes a cair assim que os Baker abrissem a boca e acabassem com toda a boa fama da família italiana.
  - , sente-se, por favor – disse a mulher mais velha.
  Assim o pequeno o fez.
  - Senhor Cordopatri, peço gentilmente que controle-se...
  - Eu me controlar? – questionou ele rindo – Me desculpe, mas acha que esse garoto merece uma surra!
  As mãos de seu pai apertaram com força seu braço já dolorido.
  - PARE, GIUSEPPE! – exclamou Sophia, puxando a mão do marido e colocando seu indicador sobre sua face – ele é apenas um garoto! Aposto que fez isso sem querer... Não foi?
  Não. Não fora sem querer, ele fez aquilo porque queria, porque no dia anterior ouvira sua mãe falar com seu irmão, Adam, que apenas poderia se beijar quem amasse, e ele amava seu amigo...
  - Ouvi a senhora dizer ao Adam que beijamos quem amamos e...
  - Além de mariquinha, tu és xereta? – questionou seu pai, esmurrando a mesa – Onde você estava, Sophia, que não ensinou seu filho a ser um homem?
  - Não me culpe se é ausente demais! Sempre dou atenção a ele!
  - Sim, tanta atenção que nem conversar com ele conversa! Por que não o criou como Adam?
  - Me respeite, Giuseppe! – exclamou a mulher entre dentes – Me faço a mesma pergunta, desde que começou com esses negócios na antiga loja de móveis dos seus pais esqueceu-se de tudo! Até de sua família...
   queria chorar, ele sempre se sentia o excesso daquela família feliz...
  - SENHORES! – exclamou a diretora – PEÇO QUE POR FAVOR AQUIETEM-SE. NÃO É HORA DE LAVAREM A ROUPA SUJA E SIM DE AJUDAR VOSSO FILHO!
  Ambos se calaram.
  - Não adianta ficarem culpando a si mesmos, nem ao menos deixaram o garoto se explicar! Eu tenho pena dele, e sinceramente, esperava outra atitude de vocês...
  Milagrosamente, o único barulho que se ouvia era o frenético tic tac do relógio, até o garoto rompê-lo.
  - Posso ir embora? – questionou, com seus olhos claros cheios d’agua...
  - Estão dispensados... – disse a mulher se levantando – Peço que comece a frequentar a psicóloga todas as terças junto com seus pais, acredito que será bom a todos...
  Todos assentiram e se retiraram da sala.
   fechou seus olhos e fez uma prece interna para que sobrevivesse ao seu pai quando chegasse a sua casa...

***

  Apartamento de , Central Park, Manhattan, Nova Iorque, 22/07/2011 08:25 p.m.

  A luz invadiu o quarto em que estava , o fazendo abrir seus olhos e praguejar a maldita claridade. Ele ainda se encontrava em choque pós-sonhos nostálgicos, detestava quando isso acontecia e se recordava dos gritos de seu pai, e somente de lembrar a surra que levou o fez sentir a dor no seu tão marcado braço, então ele o analisou e analisou a caveira que tatuara no lugar que menos gostava em seu corpo, e aquele desenho significava a morte de seu pai para ele. Em seus sonhos mais felizes, ele era acordado com a notícia do falecimento de seu progenitor, um sorriso se fez em sua pálida face enquanto esticava-se para pegar seu aparelho telefônico e verificar se não havia recebido alguma mensagem do gênero, e infelizmente a única mensagem presente era a de seu irmão.
  “Animado para a Itália?”
  Ainda com o sono em seu corpo, ele se negou a responder a mensagem, jogando assim o celular onde se encontrava há poucos segundos atrás.
  Com apenas uma samba canção vermelha, se levantou e caminhou pelo seu pequeno apartamento, fazia apenas uma semana que havia se mudado às pressas. Seu pai o havia expulsado de casa. O motivo? O filho estar apaixonado.

  Era uma quinta-feira, dia em que Giuseppe vai até a casa de Smither jogar poker, estava apenas o jovem de dezessete na enorme mansão. Sua mãe e seu irmão haviam se mudado para a Itália para cuidarem de uma filial da grife de roupas que sua mãe havia montado. A casa estava vazia apenas para o garoto... E como nunca foi muito fã do tédio, convidou um “amigo”, Jason Sudek... E durante um jogo em que ambos eram os principais, seu pai chegou, botando a casa a baixo.

  Com um leve movimento na cabeça, espantou seus fantasmas e procurou na geladeira algo que tirasse sua fome, foi quando sentiu um leve beijo em sua nuca.
  - Bom dia – disse uma voz grave, Jason.
  Com um sorriso trouxa o garoto virou e encarou os olhos verdes e a barba por fazer presente no rosto daquele que julgava ser o cara de sua vida.
  - Achei que já tivesse ido – falou enquanto caminhava em direção à bancada presente na cozinha. Despejando leite e cereal em uma vasilha – Seu tio deve estar puto contigo...
  - Ele entende o que me levou a me mudar...
  - Ah, claro! – disse o jovem sarcástico – totalmente compreensível o sobrinho de um padre assumir sua homossexualidade se mudando para o apartamento do filho de seu maior dizimista...
  - Para de ser retardado! – exclamou o outro rindo – Ele entende melhor a situação do que seu pai que...
  - Por favor, não invoque o diabo neste café da manhã...
  Com um sorriso travesso, o rapaz de vinte anos ergueu as mãos em forma de redenção.
  - Então enquanto a donzela toma seu café real, irei até a igreja...
  - Donzela teu cu... – respondeu rudemente o outro, enquanto enchia a boca com o cereal.
  - Poupo te responder...
  A risada de ambos dominou o ambiente, fazia tempo que não se sentia assim, feliz...
  - Vou indo, amor... – disse o mais velho, após depositar um rápido selinho em seus lábios.
  - Tchau, e cuidado... – pediu enquanto o acompanhava.
  - Cuidado? – questionou o outro curioso.
  - Esqueça, apenas saiba que te amo... – sussurrou enquanto o abraçava.
  - E eu agradeço aos céus por ter te encontrado... Por isso que o amo tanto... – retribuiu o outro.
  E neste momento os lábios tocaram novamente em um lento beijo de despedida.
  Jason o rompeu, e foi embora. Como um garoto apaixonado, foi até a janela observar o amado tomar seu carro.
  Um último aceno.
  Sudek entrou no carro.
  O garoto mais novo deu as costas.
  BUM!
  E então um estrondo invadiu sua audição, no mesmo momento voltou até a janela aos berros.
  - NÃO! NÃO! CARALHO! PORRA! JASON! – gritava o jovem ao mesmo tempo em que lágrimas rolavam por seu rosto – NÃO!
  No lugar da tão amada BMW, restaram apenas chamas, e o desejo de morte do garoto abandonado.

  Apartamento de , Central Park, Manhattan, Nova Iorque, 01/08/2011 05:01 p.m.

  Então neste momento segurava sua melhor amiga desde tudo, em suas mãos ele carregava a cocaína que dava a ele o ânimo para acordar todos os dias, porque para ele não havia motivos. Seu pai o odiava, sua mãe o tratava como um estranho e seu irmão, bem, o único que ainda parecia se importar estava em outro continente... Mas a razão de sua vida neste último ano encontrava-se distante, estava morto, a polícia disse que fora um atentando de iranianos, que já haviam sido presos, contudo, aquela história estava muito mal contada...
  Há algumas horas um novo motivo aparecera em sua vida para continuar vivo: outro garoto que possuía sua idade, e o mesmo vazio. Fazia dias que não se sentia bem na companhia de outra pessoa, e ouvir as lamurias de reascendeu a tão apagada esperança que havia esquecido que existia.
  Com um sorriso no rosto, ele o ensinou a se desligar, e vitorioso ingeriu seu tão amado Label. Ele não sabia se agradecia ou não à garota que sem querer o colocara em sua vida.
  Não demorou muito e ele se juntou a em suas descobertas...
  Talvez Deus não o odiasse tanto, conforme o mesmo pensara.
  Talvez houvesse ainda um pequeno amor por aquele pobre pecador de descendência italiana.
  E em busca desse sentido que fora enterrado junto com o corpo de Jason, se aproximou de .
  O beijou.
  Porém, embora não estivesse tão doido, percebeu que o outro estava no momento em que o chamou de , nome da atual/ex, ele não sabia como classificaria a “vadia” a qual atendia pelo nome.
  Ambos estavam seminus, a luxúria tomava conta de seus corpos até a intrometida da lucidez voltar ao jovem traído.
  Os olhos castanhos de se arregalaram ao constatar que a pessoa que se encontrava sob seu corpo não era .
  - PORRA! – gritou enquanto empurrava - Que merda...Ai minha cabeça, porra...
  - Calma! Tu veio dando em cima de mim - mentiu o garoto de olhos claros – apenas...
  - Eu não sou viado, caramba! Você é bixa? – dizia num tom risonho e embriagado.
  - Homossexual, seria o termo correto – respondeu vestindo sua cueca.
  - Caralho... – sussurrou procurando suas roupas - Você me enganou?
  - Não! Man, estamos drogados, nem vai se lembrar disso...
  - Acho que vou indo, antes que...
  - , me desculpe, é que achei... – dizia constrangido, por mais estranho que parecesse não queria que fosse apenas amizade de uma tarde de verão.
  - Cala a boca, vou indo... Obrigado?
  - Qual seu telefone?
   gargalhou:
  - Nem sei... Adeus.
  - Mas...
  Tarde demais. O estrondo da porta sendo batida, fez com que uma antiga ferida de abandono se reabrisse, talvez fosse o álcool, ou a própria droga potencializando suas emoções de bixa, como diria seu pai...
  Com um olhar de súplica ele encarou sua melhor amiga, ainda sobre a mesa, e foi em sua direção. Curvou seu corpo, e inalou, cantarolando:
  - And no one knows what it's like to be hated, to be fated, to telling only lies…
  Após o êxtase tomar posse de seu corpo, tombou sua cabeça, fechando seus olhos azuis.

6.

What Now?

  Residência , Malibu, 02/07/2011 03:12 p.m.

  As mãos delicadas de encontraram as de , ambos mantinham silêncio o contato visual com um sorriso de canto dos lábios. A qualquer um que passasse em frente aquele jovem casal certamente soltaria um suspiro.
  - Parabéns – disse enquanto pousava sua mão na cintura da garota – Um ano...
  - Parabéns a nós! – exclamou ela segurando o rosto do rapaz enquanto selava seus lábios.
  - Eu quero que isso dure para sempre... – sussurrou abraçando-a – Sempre e sempre...
  - Irá durar – respondeu rindo enquanto bagunçava o cabelo do garoto que ela amava – Você é o único que suporta minhas histerias, o único que me apoia...   Ambos estavam deitados na espreguiçadeira que se localizava nos fundos da Mansão , eles estavam escondidos, a leve brisa refrescava aqueles dois corpos que em curto tempo junto esquentavam.
  - Você sabe por que eu faço isso... – indagou enquanto acariciava as bochechas da amada – Eu...
  - Shiu...
   o calou com um beijo, as mãos da menina se prenderam na nuca do rapaz, as dele se perdiam na extensão de seu corpo.
  O movimento de suas bocas era sutil, doce, como aquela cena tão açucarada pedia.
  Eles estavam juntos há um ano e nunca haviam dito um ao outro o amor que sentiam, talvez fosse o medo de tudo se perder e aquelas palavras serem jogadas em suas faces como tijolos...
  Um pequeno bipe rompeu o momento.
  Era o celular de .
  - Esquece isso – resmungou beijando o pescoço de que retirava seu celular do bolso e fitava o visor brilhante – Por mim...
  Um súbito nó se fez na garganta da menina.
  Uma nova mensagem.
  Oliver.
  Em pensamentos ela xingou o garoto que estragara o momento, e antes de ler a mensagem, se levantou.
  - ! – exclamou o outro repreendendo-a – Caramba!
  - Desculpe , a Amber me mandou uma mensagem que o Peter terminou com ela... – disse a menina em choque – Sabe o quanto ela deve estar mal?
  - Peter terminou com ela? Quem é Peter? – questionou o garoto perdido, saindo da espreguiçadeira.
  - Você não conhece...
  - Onde ele estuda? – perguntou tentando entender o que se passava.
  - Ele estuda em Yale, estava passando as férias aqui com a família, eles se conheceram o ano passado e...
   não queria acreditar que aquilo era mentira, ele sabia muito bem que o namorado de Amber era na verdade Ian, o professor de teclado de sua irmã.
  - Ok, ela deve estar... acabada.- disse ele por fim tentando esconder sua decepção.
   mordeu seu lábio inferior, detestava fazer isso, mas tinha que ser feito...
  - Srta. ! – exclamou María, a empregada da mansão correndo pelo gramado.
  Bruscamente a menina mirou a velha empregada buscando fôlego ao se aproximar do casal.
  - Karen e seu irmão estão aqui... – disse a mulher sem ar – estão aguardando-a na sala de visitas...
  “O QUÊ?” Pensou a garota, era o que ela menos queria neste momento estava prestes a se realizar... Então em um súbito movimento ela pegou o celular e leu a mensagem.
  “Eu e K. estamos aqui para o banho de piscina prometido”
   teve vontade de jogar seu celular no gramado e pisar em cima, mas se conteve encarando .
  - Terá que dispensar a Amber – indagou ele sério – Sua melhor amiga acabou de chegar...
  - ...
  - , você sabe que eu não suporto os irmãos McCain, você sabe! – exclamou – Porra...
  - Ela é minha amiga, !
  - Mas aquele irmão dela...
  - Oliver? – questionou rindo – ele é gay...
  - Gay? – agora foi a vez do outro rir, cínico - quer saber, foda-se!
  María observava calada a cena, e como um sinal divino se lembrara de algo.
  - ? – chamou Maria enquanto arrumava seu cabelo preso em um coque – Seu pai disse para encontrá-lo no Pier 9 para suas aulas...
  - Ok, tinha me esquecido das aulas de sábado, obrigado María...
  A empregada assentiu e ambas as mulheres assistiram o garoto se afastar com a mão presa em seus cabelos.

  

A piscina estava agitada, Karen tagarelava sem parar sobre o show que aconteceria no fim do mês e que todos estavam doidos para ir, exceto Oliver que se martiriza por ter que ir a um show de música pop. ria da discussão que se formava na piscina. Karen possuía longos cabelos loiros, e olhos verdes exaustos. Semelhante a seu irmão. Oliver se destacava perante os outros, sua pele excessivamente clara e olhos que combinavam perfeitamente com seus cabelos descoloridos, e era esse exótico que atraía ...
  O garoto percebeu o olhar da garota e se aproximou dela, que desviou o olhar fitando a amiga.
  - Acho que vou ter um AVC também, K... – disse a menina rindo – Só de pensar em ver a Gaga cantando, meu Deus...
  Karen torceu o nariz quando viu o que estava prestes a acontecer.
  - Pois é... – respondeu enquanto observava seu irmão mergulhar e nadar em direção à dona da casa.
  Oliver se igualava a um tubarão atrás de sua caça, ao chegar perto de ele voltou a superfície, mantendo seus corpos molhados juntos, com uma mão ele segurou a nuca dela puxando levemente seus cabelos e a beijando de forma selvagem, com a mão livre, Olly a colocou embaixo d’agua sobre a parte de baixo do biquíni da menina, que soltou um leve gemido ao perceber a mão do rapaz invadindo-a.
  - Olly... – disse ela interrompendo o beijo.
  - Shiu... – sussurrou ele passando seu polegar no lábio dela – aproveite...
  Então encarou aqueles olhos verdes que exalavam desejo, e sem pensar em consequências voltou a beijar os finos lábios vermelhos do rapaz.   Karen simulava vômito enquanto se retirava da piscina, detestava quando seu irmão insistia para visitar sua amiga, sempre acabava com os dois se comendo e ela lá olhando o vento... No fundo ela sentia repulsa de sua amiga, ou inveja, por ela ter em sua mão quem quisesse, como era o caso de , por quem ela sempre teve uma queda, um rapaz que toda garota sonha, apaixonado, correto, boa pessoa... Mas sua amiga era tola o suficiente para chifrá-lo com um projeto de bad boy que ela chamava de irmão...
   mordia os lábios enquanto Oliver distribuía chupões por seu corpo, mentalmente ela agradecia por estar sozinha com Maria na mansão, as mãos já acostumadas do garoto dos cabelos descoloridos levavam a jovem ao seu prazer, quando percebeu que a mesma gemeria alto, a calou com seus lábios, as unhas de pareciam que iriam furar as costas do garoto, as mãos de Oliver estavam agora na cintura dela, em um simples gesto ele acariciava o quadril da menina que colocava sua cabeça no pescoço dele.
  Nesse momento, a jovem fechou seus olhos analisando a situação em que se encontrava, e um súbito aperto se fez em seu coração. Ela se lembrou de há algumas horas atrás, e uma lágrima escorreu pelo seu rosto.
  Ele merecia isso?

  Quarto 234, JW Marriott Essex House, Nova York, 01/08/2011, 07:58 p.m.

  O estrondo da porta misturado com os berros de Tonny tiraram de seus devaneios, que se levantou as pressas de sua cama levando suas mãos aos seus lábios que estavam com um band-aid, e viu Anthony com um diferente em suas mãos, ela abraçou a si mesma enquanto trancafiava o choro em sua garganta.
  - ONDE VOCÊ ESTAVA, IMBECIL? – Questionou aos berros – ESTÁ FEDENDO!
  - Cala a boca, velho... – resmungou puxando seu braço e caminhando em direção a sua cama.
  Anthony o segurou novamente e o fitou com um misto de desprezo e dó.
  - Você bebeu? – o garoto começou a rir – Você bebeu, ?
  - Cara, apenas...
  Ele cessou sua fala quando percebeu se aproximando da cena com os olhos mareados.
  - VOCÊ BEBEU ? – questionou Tonny novamente.
  Os olhos tontos de estavam focados em , em sua consciência ele se perguntava se era ela mesmo na casa daquele desconhecido, ou se realmente estava quase que transando com outro homem.
  - Onde você estava? – questionou ele com a voz embargada apontando para .
  - Eu? – questionou ela com a voz baixa – Aqui, oras... e você?
  Antes que pudesse responder, Anthony pegou seu filho e o jogou na cama, erguendo as mangas de sua blusa, procurando possíveis marcas.
  - PARA PORRA! – gritou em vão o menino – EU DISSE QUE ESTOU SÓBRIO!
   se encolhia cada vez mais, o que ela tinha feito com aquele garoto que ela jurava amar? Por que ela sempre estragava tudo? Por que ela era egoísta a tal ponto?
  Contra sua vontade uma lágrima escorreu, o que a fez sair correndo daquele ambiente e se dirigir ao banheiro, fechando-se.
  - Quantas vezes já disse a você para não mexer com isso? – questionou Tonny em um sussurro choroso ao filho.
   se debateu pondo as mãos na cabeça gritando.
  - ME DEIXE EM PAZ!
  - Eu lhe deixo, mas me prometa que...
  - Eu prometo – disse coçando seu nariz – Agora, tchau.
  Derrotado, e com os punhos fechados, Anthony cruzou aquele quarto e foi em direção a porta em que separava de toda a cena, e disse ao bater na porta.
  - SATISFEITA POR FODER COM A VIDA DO MEU FILHO?
   apenas queria sumir.
  E agora?
  Essa pergunta ecoava por seus pensamentos, ela não conseguia entender o que houve, por que aquilo tudo estava acontecendo? Porque ela era fraca? Por que ela era a vilã da história?
  Ela não sabia como chorar, como sentir, para onde ir.
  Com as mãos agarradas aos seus cabelos ela tentava buscar uma solução, talvez uma máquina do tempo...
  Não.
  Ao mesmo tempo em que amava , ela sentia a necessidade de ter Oliver, como se Oliver fosse sua droga e sua sobriedade.
  Confusa, se dirigiu ao espelho, ela queria estancar toda aquela dor, e então em seu reflexo viu uma sorridente rindo da cena, ela estava enlouquecendo, queria poder evitar o que estava passando, ela queria...
  O que ela queria?
  Sem mais escolhas, ela levou seus dedos a uma lamina e a segurou, passando lentamente por seu pulso.
  Aquela dor seria seu castigo.
  Castigo esse por causar dor à única pessoa que a amava.

7.

Highway to Hell

  Quarto 234, JW Marriott Essex House, Nova York, 04/09/2011, 09:01 a.m.

  Após um turbulento inicio de mês não se pode dizer que as coisas voltaram ao normal, pelo contrário, elas mudaram.
   não falava mais do que o necessário com os , suas tardes se resumiam em se deslumbrar com a paisagem que a cidade de Nova York podia proporcionar a ela e seu dinheiro.
   após seu dia de drogado mudou algumas de suas atitudes, todo final de tarde ia ao central park na esperança de encontrar o tal , mas nunca o encontrou depois daquilo, temia que o mesmo estivesse morto por overdose.
  E Anthony, mantinha-se mais do que em alerta quando os dois resolviam sair para lugares distintos. Todo dia pelo menos duas vezes, recebia uma ligação de questionando sobre a filha, e contou quase tudo o que acontecera, deixando explicita somente a parte em que a garota estava sem telefone celular, o que não durou nem um dia, e no outro estava novamente com um novo.
  As vagas no Cabrini’s Institute estavam mais que garantidas após o ocorrido, a diretora disse que mais do que ninguém os filhos de Anthony precisavam de uma nova direção e ela poderia proporcionar isso a eles...
  Neste momento se despedia da sua vista para a Quinta Avenida com seu pai falando em seu ouvido sem parar:
  - Sim pai... – respondia a menina rolando os olhos.
  - Quero que se comporte, se eu receber alguma notificação sua...
  - Vou me comportar como uma princesa do tráfico – respondeu ela como sarcasmo.
  - Sorte sua que não estou ai para dar um tapa nessa sua boca menina!
   ria, e com isso levou a mão ao seus antes machucados lábios, arqueou a sobrancelha dizendo:
  - Pode deixar que tem quem faça isso pelo senhor...
  - O que quis dizer com isso? - questionou confuso –Aconteceu algo que...
  - Pai, tchau, deve ter alguém ai pedindo sua ajuda...
  - Garota...
  A menina apertou o vermelho antes de ouvir seu pai completar a frase, voltou sua atenção a Anthony que a encarava de braços cruzados.
  - Pronta, princesa? – questionou Tony com a voz séria.
  - Nasci pronta , pronta para nunca mais olhar pra sua cara de cachorro necessitado...
  Dito isso a menina caminhou para fora do quarto, Anthony contou até mil e segurou suas mãos para não puxar a menina e dar um corretivo nela. Percebendo o silêncio extremo do ambiente ele notou que faltava um adolescente naquele lugar.
  - ? – gritou Tony – ?
  - Seu filho está fumando escondido no parque – resmungou colocando a cabeça na porta – Vamos?
  Rolando os olhos ele juntou as malas e se dirigiu para a recepção.

  Central Park, NY, 04/09/2011 09:34 a.m.

   estava certo quando dissera que fumar era viciante, desde aquele dia fumava no mínimo um cigarro por dia, e era o que ele fazia neste momento enquanto esperava com uma tola esperança, reencontrar o seu amigo…
  Amigo? Ele nem se lembrava do que acontecera depois que foram para o apartamento dele, mas sabia que deveria agradecer por não lembrar...
  Com um sorriso torto do rosto ele dera a última tragada, jogando a bituca do cigarro no chão e se levanto do banco em que sempre sentara durante esse mês. Então uma conhecida introdução começou a tocar,Highway to hell, com uma expressão entediada ele retirou o celular do bolso de seu moleTony e encarou o visor:
  .
  - Não to afim de programa hoje – disparou enquanto atendia o telefone, causando uma risada falsa na menina do outro lado da linha.
  - Hahaha, espera um pouco vou pegar a graça aqui no bolso do seu pai...
  - Cala a boca... – respondeu enquanto colocava seus óculos de sol.
  - Whatever, seu pai disse que é melhor aparecer logo no hotel...
  - Ou?
  - Ou ele esfrega teu belo rosto no asfalto para a alegria dessa garota...
   poupou seus ouvidos desligando seu telefone, e indo rumo ao encontro de seu pai.
  Ele estava angustiado, por isso havia fumado três cigarros seguidos, ele não queria pensar em como seria estudar em uma escola em que tem que ver as mesmas pessoas vinte e quatro horas por dia, principalmente conviver com e suas fracassadas tentativas de reaproximação...

  Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 04/09/2011 10:56 a.m

  Imagine todos aqueles filmes clichês de adolescentes que você já assistiu, agora mentalize uma média de duzentos alunos milionários de todo o mundo em um único ambiente, não apenas simples alunos, mas aqueles que foram de alguma forma expulsos ou gentilmente remanejado para o famoso internato. Aspirantes a socialites, futuros artistas bêbados, e muitos poucos com um futuro promissor.
  Assim que o taxi parou em frente aquela enorme construção, os pelos de se ouriçaram, detestava as memórias que vinham daquele jardim em que um grupo de meninas seguravam com tanta elegâncias suas malas Louis Vuitton, ela soltou uma risada de lado ao falar:
  - Na mansão Xavier, teremos várias patricinhas...
   tirou seu foco do outro lado e voltou-se ao grupo de garotas que a sua ex falara.
  - Certamente, para a nossa felicidade... – resmungou ele dando um sorriso sacana.
   o encarou arqueando a sobrancelha.
  - O que aconteceu com aquele garoto doce de Malibu?
  - Morreu a um mês neste mesmo jardim – respondeu ele descendo do carro.
  - idiota – sussurrou copiando a ação dele.
  - Por favor, tentem não se matar... – disse em voz baixa Tony assim que fechara a porta do táxi.
  - Seremos os típicos parentes,Tonymy - ironizou – Se odeiam, mas no fundo se amam...
   se contentou em bufar e se dirigir ao porta-malas.
  - , seu pai pediu para que se comportasse e...
  - Contou ao tio o que ela fez? – questionou risonho interrompendo seu pai.
  - Cala a boca Junior! – exclamou a menina.
  - Não, filho... Quero seu padrinho vivo, não quero matá-lo de mau gosto...
  - Vão se foder, ok? – disse docemente a garota arrumando seus cabelos.
  - Claro! – respondeu jogando a gigante mala Channel aos seus pés – A mala da madame...
   estava nervosa com toda essa situação, contra sua vontade pegou sua mala e se retirou daquele ambiente indo em direção ao grupo Louis Vuitton, talvez ela poderia ser a líder, já que era a única que usava channel...
  Anthony se despediu do filho, com um longo abraço e vários conselhos de como se portar e evitar repetir o que havia feito da última vez que saíra desvairado pelas ruas de Nova York...
  Com um último adeus, pegou sua mala sem alguma marca aparente e se dirigiu para o jardim. Ele faria da vida social de um inferno...
  Muitos chamariam de idiotice, mas ele chamava tal atitude de vingança.
  - Bem vindo ao inferno, – sussurrou assim que dera de cara com a multidão de jovens no jardim.

8.

I just came to say hello

  Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 04/09/2011 11:01a.m

  Todos os olhos estavam focados na diretora do local. Alice Strauser estava com seu novo terninho adquirido em uma loja da qual a mesma não se recordava o nome, apenas que fora comprado em uma liquidação relâmpago, para a alegria de seu bolso. Ela umedeceu os lábios ao fitar do pequeno palanque o mar de novos riquinhos que teria que aturar, ela detestava seu emprego, ter que acobertar inúmeras irregularidades... O que deixava seu bolso feliz, já que dá última vez um pai de aluno ofereceu a ela cem mil dólares para não dizer nada sobre a súbita overdose do filho em seu quarto. Um pequeno sorriso se fez em seu rosto.
  Dois toques no microfone, e um chiado.
  Ela podia fitar um a um, rostos a maioria de velhos conhecidos, excetos os novatos do primeiro ano, e alguns remanejados...
  Um arrepio subiu pela sua espinha quando viu o casal de primos problema que no inicio de agosto trocaram socos naquele belo jardim.
  - Olá alunos! – exclamou ela enquanto ajeitava seu óculos.
  Um fraco olá foi respondido, pigarreando ela continuou.
  - Sejam bem vindos ao Cabrinis Institute, espero que gozem de vossa estadia nesse tão respeitado colégio – uma risada nada discreta cortou sua fala, com raiva ela olhou de onde ouvira o som, e uma expressão de repreensão se fez em seu rosto – Por favor, Cordopatri, nos poupe de seu senso de humor tardio...   O garoto que tinha um gorro em seu cabeça, mostrou de forma discreta seu dedo do meio a mulher, e saiu do lugar que estava e caminhou em direção ao fundo do jardim.
  - Peço desculpas pelo colega de vocês...
  E com isso, ela conclui em mente que seu aluno mais educado, provavelmente esse ano lhe daria uma renda extra maior que o ano passado... E de pensar que talvez esse ano não precisasses olhar para aqueles olhos claros...
  - Continuando, quero que assim que finalizado meu discurso todos se dirijam ao pátio central, onde a esquerda no quadro cor de rosa está fixado o nome das garotas e seus respectivos quartos e os garotos olhem no oposto. Um Bom ano letivo a todos... BEM VINDOS!
  Uma salva de palma fraca se fez, e como formigas, todos se direcionaram para o pátio principal.
   se aproximou das garotas LV, porém elas a fitaram com o canto dos olhos e se distanciaram, será que a fama dela de Malibu havia chego a aquele lugar?
  Então ela ouviu uma gargalhada fraca e virou seu pescoço e se deparou com a fitando.
  - O que foi agora? – questionou ela entediada – Mandou torpedo pra todos falando que eu era puta, tipo a Gossip Girl?
  - O que? – questionou o menino rindo por não ter entedido o que sua ex falara.
  - Esqueça – ela se aproximou dele – Tente não queimar meu filme aqui...
  - Mas isso é o que mais quero, querida – respondeu dando as costas e caminhando rumo ao pátio central.
   o amaldiçoou em pensamentos e o seguiu.
  Quem ele pensava que era para a ameaçá-la?
  Parecia uma feira de peixes, várias cabeças loiras se debatendo para chegarem perto do tal painel cor-de-rosa, estava sem humor para se juntar as outras meninas. Até que ouviu uma voz que a causou irritamento berrar:
  - QUEM É MARIE? – questionou uma voz fina.
   angustiada procurou quem a chamara, mas era impossível, e a única saída seria berrar:
  - SOU EU! – disse enquanto se aproximava das garotas, muitas a encaravam com o nariz torcido – QUEM CHAMOU MARIE?
  Então ela congelou seus passos ao se deparar com uma garota de longos cabelos louros, olhos verdes e pele de boneca. Ela vestia um vestido que a deixava parecida com uma Barbie, ela era linda... E isso lhe causou uma pontada de inveja, todas as meninas eram parecidas com essa boneca, exceto ela que era latina... Por isso elas a encaravam torto...
  Maldita xenofobia.
  - Você? – questionou a menina enquanto ria, sorriso perfeito – Esperava outra coisa...
  - Como o que? Uma modelo? – resmungou rindo.
  A outra assentiu com um sorriso forçado.
  - Que seja! – disse estendendo a mão – Me chamo Zuiker e você é a Cartman, correto?
  - Cart... – prendeu uma risada até se lembrar da voz de Thomas estridente em sua mente gritando “Cartman” – Sim, sou eu... Prazer.
  Ambas selaram as mãos, neste momento “Cartman” não teve um bom pressentimento. Talvez aquela garota não fosse o melhor presente para dormir em seu quarto, talvez ela havia acabado de dar a mão a sua mais nova inimiga.
  - Você é novata, certo? – questionou enquanto pegava sua Louis Vuitton e caminhava para fora da multidão, sendo seguida por .
  - Sim, estou no primeiro ano... – respondeu rindo – E você?
  - Estou no penúltimo, sabe tem algumas coisas que teremos que pontuar... – emendou a menina loira – Mas isso conversamos no nosso quarto...
  - E qual seria ele?
  - Quarto 23, Bloco B. – ela estendeu a mão – Venha vou te mostrar...
  Assentindo a seguiu, ignorando os olhos pregados em sua nuca. Certamente já devia ter feito algo...
  - Maldito... – sussurrou entredentes.
  - O que disse, colega? – Questionou a sua nova amiga perdida.
  - Nada apenas... Esqueça.
  - Latinos – respondeu a outra arregalando seus olhos e voltando a atenção para o caminho.

   encarava entediado seu nome naquela enorme lista azul. Era tão sortudo que havia ficado sozinho em um quarto, 13 C. Vários garotos, o parabenizavam pela sorte, outros faziam piadas perguntando se ele possuia problemas com flatulência, ria a cada vez que um deles fazia isso e rapidamente se tornavam colegas.
  Carter estava eufórico. Nunca havia sido tratado de tal maneira, talvez pelo fato de ninguém saber de seu histórico tenebroso de tardes em armários ou coisas do gênero...
  - ?!? – questionou um garoto asiático – Cara, quer trocar comigo?
  - Oi? – indagou rindo sem entender.
  - Desculpe, man – respondeu – Sou Mark Hayamoto, e você é o sortudo do quarto 13?
  - Ah, oi Mark – disse estendendo a mão – Sou , mas não sei se é sorte ficar sozinho...
  - Claro que é! Acredite... Por exemplo eu tenho que aturar o Austin que é um pela saco...
  - Pelo menos tem uma companhia...
  - Uma companhia que ronca e que, digamos não tem “pudor”.
  Os olhos de se arregalaram quando o jovem asiático disse a última palavra fazendo aspas com as mãos.
  - O que quis dizer com isso? – perguntou rindo – Ele se...
  - SIM! – exclamou Mark arregalando seus olhos – Sabe o quão nojento isso é? Certo que todos fazem isso, mas cara, não queira ser eu...
   apenas riu, e fitou se distanciando das placas ao lado de uma bela garota loira.
  - Você sabe quem é aquela? – questionou Carter apontando para e a misteriosa garota.
  - A loira é a – respondeu simulando vomito – Agora a outra, meu Deus... Como nunca a vi antes?
   sentiu ciúmes e raiva. Ela odiava o fato de ser sempre notada pelos garotos.
  - ? Ela é tão feia assim de perto, por que de longe...
  - Não cara, ela é uma deusa e ela sabe disso... Ou seja além de rica é enjoada e acha que o mundo tem que servi-la...
  - Patricinha...
  - Pior que isso, se ela não vai com sua cara, esqueça vida social nessa bosta de escola.
  - Por quê?
  - é a rainha, todas as outras garotas babam ovo para ela. E digo o mesmo dos meninos... Inteligente, queridinha dos professores e gostosa.   Os olhos de estavam fixos na curvas de e os de Mark estavam presos na de .
  - Entendi... Uma espécie de aperfeiçoada – indagou voltando seu olhar ao novo amigo.
  - Como?
  - A menina com ela é minha ex... – parou a frase simulando uma tosse – Ela é minha prima e em nosso antigo colégio em Malibu ela era como essa tal de ...
  - Me apresente a sua prima! – indagou o asiático rindo – Sério, man, se cuida por que todos vão cair matando em cima dela...
  - Pouco me importa! – exclamou - Que façam bom proveito dela...
  - Credo – sussurrou – mas tenho pena dela...
  - Por que?
  - Apenas uma rainha pode brilhar aqui, e digamos que as garotas não curtem muito novatas que chegam causando...
  - O que quer dizer com isso? – questionou receoso.
  - Provavelmente ela é a companheira de quarto de , logo se disse que ela possui a alma de uma provocadora, não sobreviverá aqui no Cabrini. Não dou uma semana para ela estar excluída e humilhada.
  Um sorriso se fez no rosto de Carter.
  - Sério? - ele não conteve uma risada – Me diga essa tem algum namorado?
  Mark olhou de forma travessa para seu novo amigo.
  - , acho que nos daremos muito bem aqui... – falou Hyamoto enquanto batia no ombro de Carter – Já está interessado nela?
  - Não, apenas...
  O que havia com Bejamin? Era essa pergunta que estava fixa na mente do garoto. Desde quando ele ia atrás de garotas, elas sempre corriam dele...
  - Apenas... – incentivou o outro.
  - Nada, dude... Apenas quero dizer um oi a ela...
  - Americanos... – murmurou o Mark – Man, por isso amo aqui!
  Ambos soltaram uma gargalhada e se dirigiram ao prédio C.
  Muitas coisas se passaram na mente de , e a que estava brilhando em luzes de neon era a de que seria um ótimo affair para quem queria esnobar a ex...

  Diretoria, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 04/09/2011 11:38 a.m

  Os olhos cansados de Alice estavam fartos, principalmente pela surpresa nada agradável que estava em sua sala. O ambiente vintage, tinha a adorável presença da família que ela mais amava, os Cordopatri.
  - Já tive que aturar seu filho interrompendo meu discurso, e creio que aturar ele por mais um ano... – dizia Sra. Strauser enquanto fitava os intimidadores olhos verdes de Giuseppe – Eu não sei.
  - Creio que esse ano não teremos tantos problemas, correto ? – questionou o homem fitando o garoto que estava largado na cadeira olhando o teto.
  - Claro, serei um anjo... – respondeu voltando seu olhar a diretora – Como a vossa excelentíssima, deseja.
  - Não quero ouvir suas piadas, . Estou farta!
  - Farta do que? – questionou o garoto – DO dinheiro que meu pai enche teu rabo para não falar ao mundo do filho drogado e viado dele?
  - ! – exclamou Cordopatri segurando em seu braço – OLHA O QUE DIZ!
  - Tire a porra da sua mão de mim! – retrucou o garoto.
  - Por favor, não quero presenciar essa discussão de família...
  - Que seja! – estourou se levantando e ajeitando seu moletom branco - Não irei lhe causar problemas, apenas quero terminar esse maldito ano e me formar...
  Bufando, Alice levou suas mãos até suas temporas massageando-as. Pensou em todos esses anos os problemas que esse menino causara e porque neste ano ele sossegaria?
  - Me de um voto de confiança, apenas isso – disse a mulher por fim.
  - O que quer? – questionou Cordopatri – Desculpe, quanto quer?
  - Nâo sou uma mulher que vende o pouco de dignidade que resta, Sr. Cordopatri...
  - Perdão.
  - Como eu dizia, quero que me mostre que é capaz de deixar de lado o rótulo “problema”, porque sinceramente eu gostaria de ver suas fotos botando fogo nas escolas italianas... Porém...
  - Meu namorado morreu, e meu pai não suporta a ideia de ver o filho longe. – conclui entredentes – Pare de enrolar e diga logo a porra do bem vindo, e o quarto que irei ficar...
  Giuseppe observava calado a cena a sua frente, estava preocupado demais com o que estava acontecendo em sua loja enquanto estava naquele buraco no meio de Nova York.
  - Certo, seja bem vindo Elijah Cordopatri! Irá usufruir do quarto 13 C, e por favor não assuste seu novo companheiro de quarto... Ele é uma das novas joias dessa escola.
  - Quem é o companheiro de quarto dele? – questionou Cordopatri.
  - Um remanejado da Califórnia.
  - Qual o nome? – perguntou novamente.
  - Faça o papel de pai, e após o almoço ligue a seu filho questionando sobre o dia dele, certamente ele irá lhe responder – o homem se pudesse socaria o rosto da mulher já cansada – Se não se importam tenho muitas coisas a fazer... Passar bem.
  Em silêncio ambos saíram da sala. Cordopatri poupou a cena patética de se despedir de seu filho e foi embora largando o garoto e sua enorme mala no jardim do colégio.
   entediado se dirigiu para seu novo quarto, planejando como diria o seu Hello! Aos companheiros daquela chatíssima escola.
  - I Just came to say hello! – cantarolou enquanto caminhava pelo extensor gramado.

9.

Jesus Of Suburbia

  Loja de Penhores, Bronx, Nova York 04/09/2011 12:28 a.m.

  Cordopatri estava angustiado, uma das coisas que mais odiava era a vida que seu filho havia escolhido levar, e por vezes se culpava pela maneira de que ele era. As pressas desceu de seu carro e se dirigiu a uma de suas lojas, um antigo cliente estava na cidade e resolvera fazer uma visita, visita que ele não se importaria de não receber.
  O pequeno sino que se localizava na porta havia tocado, indicando sua chegada e com isso o jovem que estava no balcão cedeu passagem a ele, o levando a uma sala em que um homem de aparência de quase cinquenta anos o encarou com um sorriso:
  - Quanto tempo Cordopatri...
  - Digo o mesmo – respondeu rispidamente – O quer aqui, ?
  - Você sabe muito bem, quer se desculpar pela incidente de 2009...
  - Se desculpar? Fala para aquele puto que não há desculpas, não sou uma Virgem Maria para perdoar ele...
  - Ele quer propor negócios...
  - Nunca que iria fazer negocio com esse homem! – gritou Cordopatri – Já basta eu ter visto meu filho entre a vida e morte...
  - Mas tudo foi sua culpa! – exclamou . – Se tivesse ido você mesmo fazer a entrega...
  - Iria ser a mesma bosta, só que o pior iria acontecer com teu chefe...
  - Ou não. Todos sabem que aqueles homens chegaram lá por causa de seu filho...
  - Foda-se! Por que de repente ele quer vir a NY? Ele quer tirar fotos com a estatua da Liberdade?
  - Motivos pessoais...
  - é tão astuto que teve sorte de eu nunca achar a filha dele... – disse entredentes Giuseppe – Eu o perdoaria quando tivesse minha vingança.
  - Cordopatri, desista. A menina está tão longe que perderia dinheiro indo atrás dela... Ande apenas diga que perdoa e estamos quites.
  - Diga a seu chefe, que um Cordopatri não se rende a lixos... Tenho um sobrenome a zelar.
   soltou uma risada forçada, e o encarou sério:
  - Terá mesmo, por que quando a Interpol descobrir o novo ramo que sua mulher quis entrar...
  Os olhos verdes de Giuseppe congelaram. Como que aquele projeto de mafioso saberia de algo que fora feito sob os panos?
  - Perdono? – questionou em sua língua materna – O que quer dizer com isso?
  Um sorriso travesso se fez no rosto de , evidenciando as pequenas rugas em volta de seus olhos.
  - É o comentário que se fez lá na costa leste...
  - Que comentário? – indagou nervoso batendo em sua mesa –Pare de enrolar!
  - Ok, - disse rindo – Seguinte, sabemos que o ramo que sua mulher está dá uma grana violenta e gostaríamos de sermos seu sócio...
  - Nem na puta que pariu! – exclamou Giuseppe – Acha que isso é igual traficar pó seus idiotas!
  - É semelhante, só que ao invés disso vocês traficam o sonho de garotas... É isso?
  Cordopatri se levantou de sua cadeira e se ao pequeno bar de sua sala, colocando um antigo Scott em seu copo.
  -Ascoltare, escute ... – ele deu um gole em sua bebida e continuou – Minha família está nesse mundo desde sempre. Desde quando fomos quase mortos na Italia, ou quando meus pais foram chacinados pelos Cosa Nostra sob meus olhos... Estou nessa desde que era um ingênuo embrião. Não vai ser uns merdas como vocês que vão me dizer o que fazer, até por que nunca me entregariam a Interpol...
  - Não nos subestime...
  Cordopatri soltou uma gargalhada.
  - Subestimar? Lógico! Vocês são amadores? Eu tenho a policia do meu lado...
  - Tanto tem que naquela vez eles quase acabaram com sua farra...

  Galpão Abandonado, Amsterdam Avenue, Bronx, Nova York, 06/11/2009 10:23 p.m.

  Juan estava imóvel dentro de seu cadillac Escalade preto, seus olhos estavam atentos a qualquer movimentação estranha fora daquele galpão que havia marcado com um comerciante local. Ele havia encomendado armas, já que algumas das suas tinham sido apreendidas na fronteira do Novo México, praguejando o governo, voltou sua atenção a que estava sentado ao seu lado.
  - Você acha que esse cara vem mesmo? – questionou enquanto cruzava os braços – Por que se ele me deu um golpe...
  - Calma. – disse Thomas com a voz suave – A fama do Cordopatri é das melhores, se ele está atrasado provavelmente há uma justificativa...
  Juan bufou, e voltou a encarar o a rua até perceber as luzes de um maseratti negro quase o cegarem, então um garoto de aproximadamente vinte anos desceu do carro, ele vestia um terno, ele estava desalinhado, os cabelos lisos cobriam um de seus olhos e com as mãos nos seus bolsos ele caminhou até a janela do latino.
  Duas batidas.
   abaixou o vidro.
  - É aqui que pediram o pacote dos sonhos? – questionou o garoto risonho.
  - Quem é você pirralho? – resmungou Juan revolto enquanto fitava os alegres olhos azuis do garoto.
  - Prazer, sou Adam Cordopatri. – disse o garoto estendendo a mão para dentro do carro.
  Nervoso, voltou seus olhos a .
  - Cordopatri é um pivete? – indagou prestes a fritar seu amigo.
  - Corrigindo eu não sou um pivete, senhor – respondeu Adam de forma calma – Apenas faço meu trabalho como qualquer um...
  - Provavelmente ele é o filho de Giuseppe – disse Tom – Deve ter acontecido algo...
   se sentia ofendido. Como um dos maiores traficantes da costa leste iria negociar com um garoto de 20 anos?
  Como dois nomes de respeito no mercado negro eles deveriam se dar bem, se tratarem como iguais...
  Contra sua vontade e em silêncio, Juan desceu do carro ajeitando seu blazer, mesmo gesto que fora repetido por Thomas.
  - Onde está a encomenda? – perguntou .
  - Está no galpão – respondeu Adam – me acompanhem...
  O imóvel era alto e totalmente abandonado. Assim que entraram no ambiente puderam notar as enormes caixas de madeira juntas com uma placa em cima.
  Com passos rápidos, Juan caminhou em direção as caixas abrindo a primeira se deparou com um a Submetralhadora SMT 9 C da marca Taurus, e com os olhos brilhantes ele a retirou de dentro da caixa.
  - Chico, - disse chamando por Adam – Quantas dessas tem aqui?
  - Bem, dessa SMT há cinco, e dez pistolas nove milímetros com o calibre restrito...
  - Entende bastante para um garoto de apenas quinze anos – murmurou rindo.
  - Tenho vinte anos senhor – indagou Adam – E creio que está no meu sangue conhecer essas coisas...
  - Me diga outra coisa e a maconha que iriam importar para mim, onde está? – questionou novamente .
  - Está ao lado dessa caixa, em pequenos pacotes para não chamar a atenção.
   foi em direção a caixa e conferiu o produto.
  - Qual o total disso tudo? – questionou ainda com a arma em mão, a analisando.
  - No total as armas mais as ervas – ele retirou seu aparelho celular do bolso, ficando em silêncio um certo tempo – Merda.
  - O que disse? – questionou .
  - Digo o total foi quinhentos e cinquenta mil...
   soltou uma risada estrondosa.
  - Está brincando comigo garoto?
  - É o valor que meu pai...
  - Teu pai? Onde está esse filho de uma italiana que não apareceu aqui...
  - Ele tem mais negócios a resolver...
  - Nunca que irei pagar tudo isso...
  Adam lançou um olhar para a porta e alguns de seus homens se aproximaram.
  - É o seguinte, eu trouxe a encomenda e o senhor gentilmente paga, compreendes?
  - Nunca isso aqui vale tudo isso...
  - Quem mandou querer maconha fina... – ironizou o garoto – Ande logo! Temos que esvaziar essa merda de galpão em meia hora.
  De repente todos se calaram.
  Eles ouviram barulhos de várias sirenes ligadas de forma simultânea.
  E o som de um breque.
   encarou que ia até a caixa retirar a mesma arma que o chefe.
  Adam praguejava todas as palavras possíveis enquanto retirava uma automática de suas costas.
  Os guarda costas do jovem repetiam o mesmo gesto, exceto um homem negro que caminhou ficando ao lado do rapaz, o cobrindo.
  Um estrondo se fez na porta.
  No mesmo instante as armas de e começaram a disparar.
  Uma chuva de tiros era feita.
  Corpos caiam.
  Adam se escondeu atrás de uma caixa enquanto Juan gritava:
  - Você trouxe a policia aqui seu corno! – exclamou enquanto seu dedo estava fixo no gatilho.
  - Não! – gritou Adam revidando os tiros – PORRA!
  Vários policiais invadiram, e no mesmo instante Juan e Thomas se esconderam atrás das caixas.
  - POLÍCIA DE NOVA YORK! – Gritou uma voz feminina invadindo o ambiente – RENDAM-SE.
  Adam estava em prantos, logo em sua primeira responsabilidade, tudo desmorona.
  Juan estava afoito com a mira apontada na mulher que usava uma máscara. E neste instante ele viu o jovem que negociava com ele se aproximar. Seu ódio era tanto que não pensou nas consequências quando trocou a STM pela sua amada pistola e apontou para o jovem que com as mãos ao alto se dirigiu a mulher.
  Um tiro.
  Um grito.
  E um jovem no chão.
  Em reflexo a mulher, gritou por reforços que chegaram segundos após estar com ela em sua mira e disparar acertando-a.
  Assim que adentraram o ambiente, um conjunto de tiros simultâneos se deu dos quatro policias presentes.
   e continuaram com os tiros enquanto corriam.
  Adam agonizava, com sua mão em seu tórax, provavelmente o tiro havia perfurado o seu pulmão.
  A mulher tinha seu colete sujo de sangue.
  Os policiais param de atirar quando perceberam com quem estavam lidando.
   soltou um agradecimento em sua língua materna e correu para a saída do fundo.
  - Peguem –nos! – exclamou a mulher aos seus companheiros – BANDO DE LESMAS!
  - Não podemos – disse um dos policiais enquanto solicitava uma ambulância novamente – Você não disse que eram os cordopatri!
  - E deveria? Não basta apenas o ser um deles? – disse a mulher.
  - Temos um acordo com eles, e o filho do cara está aí estirado... Estamos fodidos...
  - Todos vocês sabiam desse acordo que o tinha? – questionou a mulher – Ai
  - Sim, ele é nosso chefe, Nina, bem era até você o exonerá-lo com sua denuncia....
  Nina Watson, um rosto bonito com personalidade forte. A mulher desviou seu olhar assim que ouvira o barulho da ambulância se aproximando. Vagou seus olhos pelo chão com meia dúzia de corpos e paralisou no garoto que gemia a sua frente.
  Tão bonito e tão podre, foi o que pensou. Por alguns segundos sentiu pena do jovem que provavelmente não sobreviveria, e após constatar que ele era o filho de um dos mais temidos mafiosos sentiu um arrepio. Talvez agora , seu ex chefe, talvez tivesse um motivo a mais para querer matá-la, e pensou o mesmo de Cordopatri que certamente venderia sua cabeça a preços altos no mercado negro. Com isso a mulher retirou sua mascara e deixou em evidencia os traços finos e a aparência bonita, digna de uma secretária.
  Sua vida estava em risco, e nina sabia que não teria proteção.
  - caramba! – sussurrou enquanto se deu conta da cama de gato que havia feito para si mesma.

  QG SWAT, NY, Nova York, 06/11/2009 05:13 p.m.

  O andar era firme, talvez o caminhar de um jovem prodígio. O tênis branco dava aquele garoto/homem um ar jovial, as calças pretas ora largas ora justas e a típica jaqueta de couro negra contrastando com sua pele alva. O olhar que por vezes era sedutor, por vezes matador estava escondidos atrás de seu rayban que ganhara de aniversário semana passada de seu melhor amigo, ou irmão, como ele mesmo o chamava. E era o próprio que fizera tocar o telefone dele com uma mensagem:
  Adam.   , o galpão da Amsterdam será usado hoje, ok?”
  Rapidamente foi respondido.
  “Okay. Ninguém chega perto do Bronx.”
  - Olá ! – exclamou um policial ao esbarrar com ele – Como anda a vida de big boss?
  - Agitada! – respondeu rindo – Quer trocar?
  - - disse o homem colocando a mão em seu ombro – Metade dessa corporação queria sua vida, você nem tem trinta anos, está longe disso e manda em todos nós...
  De fato, era um prodigio militar, talvez o fato de seu pai ser o braço direito do diretor da CIA havia dado-lhe carta branca para assumir o esquadrão de forças especiais na ausência do superior. O que não agradava nem um pouco a maioria dos subordinados.
  - Carter, você sabe que...
  - Não precisa dizer nada – respondeu o homem piscando – Faço parte do seu esquadrão de elite, não quero te decepcionar...
  E com isso Carter caminhou o deixando sozinho.

  Ao entrar em sua sala se deparou com Nina Watson, a investigadora por quem ele tinha uma pequena queda, o que não era retribuído por ela.
  - Que bom que chegou! – exclamou com cinismo – A reunião vai começar...
  - Do que você está falando? – questionou o rapaz perdido.
  - Pode parar de fingir ...
  - DO que...
  Ele se silenciou quando a mulher girou a tela de seu computador o que o fez dar de cara com seu chefe, coronel Smith, um homem de meia idade moreno com uma regata verde-limão, ele estava de férias.
  - Coronel? – questionou receoso.
  - Sim . Eu mesmo.
  - O que...
  - Aconteceu que descobrimos tudo! – exclamou Nina batendo sua mão na mesa – Você é um merda! Um corrupto! Isso que nem chegou aos 25 ainda...
   começou a rir, retirando seus óculos e fitando os castanhos olhos da mulher.
  - Nunca suportou o fato de eu ser o chefe interino, não é? Agora coleta informações falsas para me...
  - Você trabalha para os Cordopatri, sabe a quanto tempo queremos pegá-lo? – exclamou o homem na tela do computador – SABE?
  Silêncio.
  - O que Nina fez foi me enviar relatórios e conversas suas com a família italiana e veja só!
  - Você me grampeou? – questionou o jovem caminhando até ela – SUA PUTA!
  - Respeite a oficial Watson! – exclamou o homem – Você foi ligado à máfia, e se eu não lhe tirar deste cargo e da corporação serei criticado por acobertar...
  - Você está me despedindo? – questionou o rapaz em choque – VOCÊ NÃO PODE!
  - Tanto posso que já providenciei isso junto com a investigadora Watson... Peço que deixe seu distintivo, suas armas, enfim tudo... adeus.
  Assim que o homem se desligou, voou no pescoço da mulher sussurrando:
  - Sua Puta, você me usou! Sempre quis meu cargo... VOCÊ ME PAGA!
  No mesmo instante a porta se abriu e dois policiais o seguraram. xingava de todos os nomes possíveis a investigadora que havia tirado dele seu sonho. Nina sorria vitoriosa, finalmente após 5 anos, aos 27, teria seu devido cargo.

  Loja de Penhores, Bronx, Nova York 04/09/2011 13:59 a.m.

  Os olhos de Cordopatri estavam fixos no porta-retrato de seu filho, Adam.
  - Foi um milagre Adam ter sobrevivido... – sussurrou.
  - O que aconteceu com aquela mulher? – questionou .
  - A investigadora de merda que exonerou ? – indagou.
  - Sim... – disse curioso Tom – Se vingou dela?
  - Quando descobri que tudo era culpa dela, a desgraçada estava longe. Mas se um dia eu encontrá-la...
   escancarou uma risada.
  - Do que está rindo, idiota?
  - Desta mulher, ela foi muito inteligente... Mas voltando ao assunto, quando poderá voltar?
  - Nunca! – exclamou – Quero distância de vocês, porcos...
  - Ok. – sussurrou Thomas se levantando - A escolha foi sua...
  - O quer dizer com isso? Está me ameaçando?
  - Não se preocupe, Giuseppe. Jesus está do seu lado.
  Dito isso o homem saiu daquele ambiente, deixando Cordopatri intrigado.

10.

Death Valley

  Quarto 23, Bloco B, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 19/10/2011 09:20 p.m.
  Contra sua vontade encostou sua cabeça na parede do armário de seu quarto. Sua vida estava de mal a pior, talvez em seus devaneios mais loucos ela pensasse que ser herdeira do tráfico seria uma mão na roda naquela escola, todos a respeitaram, lamberiam seu chão e o fato de ser bonita fosse a cereja do bolo para sua popularidade de Malibu se fixasse em Nova York.
  Porém nem todos os gatos são pardos.
  Para sua infelicidade ela não poderia contar a ninguém sua descendência, tinha que conviver com a mentira de ser sobrinha de e prima “irmã” de , mas isso não era o pior em sua nova vida escolar. O seu pesadelo era loiro e tinha olhos verdes dignos de uma assassina social, um frio percorreu a espinha de ao se dar conta disso.
   não era o que ela poderia considerar como uma ótima colega de quarto. Desde o primeiro dia teve que conviver com as piadinhas infames sobre o fato de ter sangue latino, ou então de ser humilhada pelo motivo de não possuir as mesmas características que as outras. Mas isso não abatia a orgulhosa , que atendia por Cartman. Ela erguia a cabeça e travava longas batalhas verbais com a descendente de suecos, e brigar com a rainha de um local desconhecido acarretam algumas penalidades...
  - Merda... – sussurrou ao concluir o ultimo resultado de uma de suas brigas com , exclamando entre dentes – Essa filha de uma puta me paga!
  Talvez se ela não tivesse dito que a causa de tantas brigas era a inveja que a loira sentia, talvez se não provocasse o melhor amigo de Zuiker ela não estivesse passando essa estrelada noite trancada em seu armário, no seu próprio quarto.
   tentava mostrar que era forte, engolindo cada lágrima que teimava em escorrer pelo seu rosto, cada sonho quebrado por causa de um simples sms...
  - Maldito Oliver... – praguejou a garota sentando, abraçando suas pernas – Mas eu sou a burra! Quem manda não deletar as coisas? Eu deveria ter terminado com ele assim que... BURRA!
  Suas mãos percorriam toda sua cabeça, nunca em toda sua vida ela se sentiu de tal forma. Se fosse comparada ao lixo, certamente consideraria um elogio.
   estava a apenas um mês e meio naquela escola, mas esse tempo fora suficiente para pagar por todos seus pecados, que foram muitos. Em seu desejo mais obscuro ela desejava a morte. Não a sua, mas de e principalmente do novo amigo de , Cordopatri.

  Refeitório, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 19/10/2011 11:20 a.m.
  - SENHORAS E SENHORES! ABRAM ALAS PARA NOSSA KILLER QUEEN! – exclamou uma garota enquanto se aproximava do refeitório – OU MELHOR ESCONDAM SUAS COISAS...
  - Olha o bullying, Petterson – disse enquanto se posicionava na frente da morena – Coitada da Cartman, ou seria ?
  Todos riram.
   abaixou seus olhos, cerrando seus pulsos.
  - Deixem a coitada em paz! – resmungou se aproximando – Nem todos nascem onde queriam nascer...
  Ao completar a frase, Cordopatri deu um singelo piscar de olhos a que o queimou com os olhos.
  - Eu nasci aqui seus estúpidos! – disse com descaso – Sabe acho que isso tudo é um forte desejo de ser como eu...
  - Como você? – questionou rindo – Nunca querida... Prefiro ver os mendigos botarem fogo em todos meus laboutins a ser uma encardida com cara de prostituta...
   soltou uma estrondosa gargalhada ao concluir.
  - Estou sentindo um cheiro de fumaça, porque prostituta você já é, então acho que é melhor evitar o sol sabe...
  - O que você disse, resto de Black Friday? – se intrometeu .
  - O que ouviu, magricelo – resmungou – Sai da minha frente e vá correndo para seu “melhor amigo” ele te ama mais que qualquer pessoa...   - Verdade! – exclamou se aproximando do ouvido dela – Pelo menos eu posso tê-lo a qualquer momento, diferente de você, puta...
  O sangue de fervia, e quando se deu conta ela estava em cima de Cordopatri com suas mãos envoltas em seu pescoço, o garoto apenas ria. As pessoas se aglomeravam em volta da cena para terem o melhor ângulo.
  - Larga meu amigo sua estúpida! – gritava sem sucesso – Parem de filmar seus bestas e ajudem!
   pode perceber a coloração da pele do garoto mudar, a antes pálida face estava ficando avermelhada e ao constatar isso ela colocou mais força, podendo sentir seus dedos quase se afundarem.
  - Você não sabe quem eu sou! – sussurrou com seus olhos fixos nos de – Eu posso matá-lo...
  - Eu... digo... o... mesmo! – disse o outro com dificuldades – cuidado!
  - Eu não tenho medo de viciados de merda como você e metade desse colégio, sei que levou para esse lado...
  - Não. Foi... você.
  E aquela frase a cortou, fazendo-a soltar suas mãos e encará-las. Aquilo estava errado, não era culpa dela se era burro o suficiente para se drogar devido a um pequeno problema...
  Então uma das últimas coisas que se recorda daquela manhã, foi sentir segurando-a e levando-a para longe. Ela queria saber onde ele estava durante toda a discussão. Mas no meio do caminho algo atingiu sua cabeça, colocando-a para dormir.

  Quarto 13, Bloco C, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 19/10/2011 09:20 p.m.
  (Música - Killer Queen - Queen)
  - She keeps Möet et Chandon in her pretty cabinet. 'Let them eat cake' she says, just like Marie Antoinette (Ela guarda Möet et Chandon na sua linda estante "Que comam brioches" ela diz igual a Maria Antonieta) – cantoralava enquanto observava guardava um pacote de cigarros - A built-in remedy for Khrushchev and Kennedy and anytime an invitation you can't decline. (Um remédio feito sob medida para Khrushchev e Kennedy e à qualquer hora um convite irrecusável)
  - Cocaine and cigarettes well versed in etiquette extraordinarily Nice (Cocaína e cigarros bem versada em etiqueta extraordinariamente boa) – continuou a garota rindo da nova versão que criava para a musica enquanto dançava com o amigo sem som algum
  - She's a killer queen! (Ela é uma rainha assassina) – exclamaram os dois juntos - D&G, Versace, dynamite with a tifanny. (D&G, Versace, dinamite com um tifanny)
  Vestida apenas com seu babydoll correu até a porta do banheiro, que era aberta por e envolveu suas mãos no pescoço dele terminando a estrofe.
  - Guaranteed to blow your mind, anytime… ( Ela é garantia de diversão a qualquer hora)
  O rapaz se conteve em arquear sua sobrancelha e rir da cena que se passava em seu quarto, enquanto colocava suas mãos na cintura da menina.
  - Acho que já podem ir para o American Idol – conclui rindo dando um breve selinho na garota.
  - Pare de zombar do nosso talento artístico... - resmungou ela fazendo biquinho – Não é ?
  O garoto de olhos claros ignorou a amiga, ele estava mais interessado na paisagem externa do que a interna.
  - ? – disse Zuiker novamente – ?
  Então a menina saiu dos braços de que a encarou curioso enquanto a mesma pegava um objeto qualquer e tacava no outro.
  - ! – gritou ela.
  - O que é caramba? – exclamou Cordopatri saindo de seu transe com as mãos na cabeça.
  - Ouviu o que disse? – questionou a menina.
  - Eu...
  - Foi você? – questionou interrompendo a conversa dos dois, puxando .
  - Autch! EU o que? – indagou ela com descaso.
  - Você que tacou aquela pedra em na hora do almoço! Não foi a Petterson...
  - Dã! Logico que foi ela, por que eu jogaria uma pedra na cabeça da mexicana?
  - Ela não é mexicana! Pare de zombar dela desta maneira – disse nervoso – Tudo tem um limite!
  Silêncio.
  - Desde que entramos aqui todo santo dia algo acontece com ela... Ela está destruída já, não está bom?
  - Não foi isso que disse a mim quando foi conversar comigo, – resmungou – Foi bem claro que queria ela humilhada...
  - EU nunca disse isso à você! – ao concluir isso os raivosos olhos de pairaram sobre .
  - O que? – soltou o rapaz pálido colocando as mãos no ar. – apenas repassei a quem poderia cuidar do seu desejo, amigo.
  - Mas vocês passaram do limite hoje, tacando aquela pedra nela! Afinal, onde ela está?
  - No nosso quarto – disse a garota sentando-se – No seu amado armário...
  - Você a trancou novamente? – gritou pasmo – Qual o motivo?
  - Para mostrar a ela que não se pode zombar ou tentar asfixiar meus amigos. Ela quase matou hoje!
  - Quanto exagero... – repudiou volte para seu quarto e libere , vou questionar a ela se fez isso mesmo...
  - Ok! A prima é sua, não minha – resmungou a menina pisando duro – Até amanhã!
  - Até - respondeu os dois a uníssono.
  Assim que a porta foi fechada o silêncio tomou conta do quarto. Os olhos castanhos de fitavam os azuis de que se encontrava largado deitado de ponta cabeça em sua cama, para não perder o contato visual com o amigo.
  Muitas coisas se passavam na mente de , e a principal era a que estava pegando pesado demais com . E percebeu isso quando a viu desfalecer em seus braços com a pedrada recebida por alguém, que diziam ser de uma das seguidoras de , mas ele sabia que não fora da garota dedurada.
   analisava a feição fechada de , ele estava nervoso, e com isso um sorriso bobo surgiu na face do garoto.
  - O que você sentiu quando me viu entrando por aquela porta pela primeira vez? – questionou enquanto girava seu corpo e sentava-se.
   soltou uma gargalhada e dirigiu-se até a janela.
  - Por que a mudança de assunto? – rebateu.
  - apenas me responda, .
  - Sei lá, man... Foi estranho.
  - Estranho como? – indagou novamente se levantando e tomando espaço ao lado do amigo na janela.
  - Nunca achei que fosse encontrar o cara que me ofereceu drogas... Fiquei surpreso, e você?
  O garoto de olhos verdes soltou uma gargalhada e virou seu rosto, encarando o outro.
  - Tive a certeza de que ainda posso ser uma pessoa melhor.
  - Por que? – questionou com um sorriso no rosto.   - Descobri que meu pai talvez não é tão ruim como lhe disse...
  - O cara te expulsa de casa e ele não é ruim?
  - Ele apenas preza demais os valores, e se não fosse por ele... – levou suas mãos ao rosto do amigo e o segurou – Não estaria aqui, não estaria neste quarto, não estaríamos com projetos, não saberíamos dos segredos de cada um de nós.
  - Você...
  - Desde aquele dia em que te vi no central park desolado eu tive a certeza de que você era minha luz, me tiraria das trevas e veja só! Nem para a sala da sra Strauser eu fui desde que entrei aqui, e eu só cheiro aos sábados! Sabe o que é isso?
   se manteve em silêncio.
  - Você me tirou do vale da morte, me mostrou que a vida pode ser divertida...
  - Eu não...
  - Shiu! – sussurrou interrompendo , encostando sua testa na do amigo – Eu te amo...
  Em um gesto delicado, levou seus lábios até os de beijando-o, um rápido beijo.
  - Vou entregar a meu pai.
  - O quê? Você mesmo disse que ele quer ver os mortos...
  - Ela é a chave para minha reconciliação com meu pai, ...
  - Não pode fazer isso! Ela é minha, minha...
  - Sua o que? Huh? Por favor... ela te humilha, nunca te amou como eu posso te amar! Posso mostrar a você coisas do mundo que ela não poderá mostrar...
  - O que? Estou com a , você sabe disso! Eu odeio , mas tenho uma história com ela...
  - ? – soltou uma risada – Ela vai te trocar pelo primeiro cara que dar um par de diamantes para ela e dizer que são exclusivos.
  - Foda-se, mas não pode entregá-la a seu pai!
  - Tanto posso que irei, a propósito eu que taquei a pedra na cabeça dela hoje.
  - Você o que?
  - Ela quase me matou! Ela me ameaçou, não vou deixar barato esse projeto de puta sair por ai ameaçando qualquer um, ela mexeu com a pessoa errada...
  - O que fez com o legal e que odiava o pai? – questionou aos berros.
  - Ele anda cansado, e descobriu que a família é muito importante...
  - O que...
  - OUÇA! Se eu me der bem com meu pai, ele nos dará uma de suas lojas, sabe o que é isso? Poderemos expandir o comércio, porque o pó que eu trouxe já está no fim...
  - Não com como moeda de troca!
  - , você vendeu quase todo meu estoque. Só poderei repor quando for ver ele, e nessa visita eu irei falar de .
  - Se você fizer isso esqueça de tudo.
  - Não adianta me ameaçar, sei que no final você não ficará com nenhuma dessas vadias...
  - Não se engane...
  - Você será meu , custe o que custar.
  Dito isso marchou para fora do quarto, com um plano em mente.
  Pela primeira vez ele honraria o sobrenome que carregava.
  - MERDA! – gritou esmurrando a parede – QUE PORRA ESTÁ HAVENDO COMIGO?

11.

Something's Gotta Give

  Banheiro Feminino, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 20/10/2011 11:38 a.m
  - Pai? – dizia com a voz mole ao telefone – Por favor!
  - Não, eu já disse! – disse Juan com a voz entediada - Nunca vi suas notas tão boas como estão agora...
  Nervosa, deu um chute na porta do cubículo em que se encontrava. De fato, suas notas nunca foram tão boas, talvez ser a “zoada” da escola tivessem seus pontos positivos, tais pontos que a mesma não se importaria de deixar passar batido.
  - Mas eu não gosto daqui... Acho que eles não gostam de mim.
  - Você está ai para estudar não para ser paparicada, e outra está ai!
  Grande merda, pensou a menina enquanto rolava seus olhos.
  - Sei que nunca disse isso, mas sinto sua falta aqui em casa...
  - Então pai, pra que se torturar com isso? Me leve de volta...
  - Não... Temos que dar prioridade a outras coisas como...
  - Minha educação, eu sei, mas...
  - Mas nada! me disse que terão folga na semana de gratidão...
  - Ouvi comentários – resmungou se sentando na tampa da privada.
  - Pense em menos de um mês estará aqui! – disse com uma estranha felicidade.
  - Yep... – balbuciou a garota – Não vai mesmo vir me visitar?
  - Não posso, – disse Juan – Uma força maior me impede de ir ai, mas tenha certeza que antes de 2012 darei um jeito nisso...
   fez silêncio, apesar de sentir uma pequena repulsa de seu pai, ele andava sendo sua única companhia com quem podia conversar horas. Embora quase toda sua conversa com ele fosse convence-lo a tirá-la do Cabrinis. Ela sentia falta dele, sentia falta das discussões e principalmente falta de seu status.
  - Okay. – sussurrou enquanto se levantava – Está na hora de voltar a sala. Tchau, pai...
  - Até logo, filha. Boa aula...
  Com um simples gesto finalizou a ligação e se dirigiu ao pátio, ainda tinha alguns minutos antes de voltar à sessão escolar.

  Com os braços cruzados ela caminhava lentamente pela extensão do corredor, e ao perceber alguns olhares risonhos, se encolheu ainda mais, abaixando sua cabeça. Se pudesse viveria trancada na biblioteca, único lugar em que a mesma se considerava a salvo ao lado da única pessoa daquela escola que se atrevia a conviver com ela, Elizabeth Stewart, uma garota de cabelos ruivos tingidos, olhos extremamente grandes e um forte sotaque de Nashville.
  - ! – exclamou a menina assim que a viu no corredor – Está sa do da novidade?
   riu, fazia tempo que não via a colega com tanta felicidade. Ambas se conheceram no segundo dia de aula, quando a descendente de latinos ficou presa pela primeira vez em seu armário, Liz foi quem a salvou. A ruiva estava no segundo ano, e era a “caloura” do ano anterior que era zoada. Ela já havia vivenciado cada zoação que faziam com , porém de forma mais leve... E desde aquele momento uma poderia contar com a outra, já que eram as únicas que se entendiam, apesar das diferenças culturais.
  - Eu não sei. – concluiu enquanto dava de ombros – Qual a nova?
  - Festa pré halloween hoje a noite no ginásio! – exclamou a menina fazendo uma dança estranha.
   mordeu seus lábios enquanto franzia sua testa, algo em sua consciência dizia que isso não seria uma boa ideia.
  - Acho que não vou... – respondeu enquanto voltava a sua caminhada – Estou cansada.
  - O QUE? – gritou a menina no meio do corredor correndo atrás da colega – Claro que você vai!
  - O que vou fazer lá, Liz? Huh? Suportar eles me zoando por eu não precisar de fantasia porque já sou uma aberração?
  - Na verdade, eles irão dizer isso a mim, creio que para você será algo tipo – dizia Liz enquanto mudava seu tom de voz - “onde está seu cemitério, mexican girl?”
  A morena rolou os olhos, concluindo:
  - Você é idiota.
  - Apenas realista, e sim você vai!
  - Eu não...
  Então uma voz que sentia falta ecoou em seus ouvidos, interrompendo-a.
  - ! – exclamou recuperando o fôlego – Eu...
  - Calma caubói. – se manifestou Liz rindo.
   havia acabado de sair de seu treino (ele era obrigado a jogar no time escolar).
  - ? – questionou “Cartman” receosa – o que está fazendo aqui?
  - Eu estudo aqui, oras... – concluiu ele enquanto se apoiava na ruiva – Enfim, queria checar uma coisa com você, prima.
  - Ah claro, só para garantir se estou viva, correto? – disse a menina com escárnio.
  - Também – disse ele rindo – Qual foi o horário que te soltou?
  - Não fico com um relógio vendo o horário que a miss desbundada me libera das seções de tortura, eu deveria ter um?
  - ! – se intrometeu Liz beliscando o braço da amiga.
  - Autch! – exclamou a menina – O que foi Stewart?
  A ruiva se conteve em balançar sua cabeça negativamente.
  - Vou deixar o assunto de família, não quero ser atingida por tortillas...
  Dito isso a menina se distanciou deixando-os sozinhos no meio do corredor.
  - O que queria realmente? – questionou bufando.
  - Eu estou preocupado com você, ... – disse em um sussurro – Conversei com a e com o ... – ela apenas o fitava,ela sentia falta de ter a atenção de somente para ela – Disse para eles pararem de pegarem no seu pé.
  - Por quê?
  - Depois de ontem, quando você levou aquela pedrada, percebi que por mais que você seja uma vagabunda, ainda é humana e por mais que não pareça, tem sentimentos.
  - Obrigada pela parte que me toca, era somente isso? – questionou ela cruzando os braços.
  - Você vai no Pré Halloween?
  - Não, mais alguma pergunta?
  - Nenhuma.
  - Ótimo!
  Com um sorriso falso no rosto se afastou de , ela não suportava mais aquela situação. A cada momento em que via ele falando com ou de era como se uma faca a cortasse-a. Apesar dos pesares, ela o amava e sentia falta dele, principalmente de seu carinho...
  - Idiota – murmurou a menina a si mesma enquanto se dirigia para sua sala.

  Ginásio, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 20/10/2011 02:01 p.m
  O chão estava forrado de bexigas roxas, pretas e laranjas. Alguns alunos do último ano estavam tendo uma tarde de decoradores. Com risadas e brincadeiras decoravam o mórbido ginásio em algo para entrar para a história do Cabrinis Institute.
   se localizava enchendo bexigas, ao lado de . Desde o que acontecera na noite anterior eles não falavam mais que o necessário. Até o garoto de olhos claros romper o silêncio:
  - Sobre ontem, me desculpe, eu...
  - Esqueça, nunca irei perdoá-lo se fazer algo contra ...
  - Eu sei, não irei entregá-la, por mais que a vadia tenha quebrado seu coração.
  - Sim eu ainda a amo, digo...
  - Você é um retardado, sabia? – despejou rindo.
  - Cala a boca – exclamou dando-lhe um leve soco – Seria estranho se eu dissesse que de alguma forma você mexe comigo?
  - Seria – completou o outro rindo – Eu concluiria que assim como eu você é homossexual.
  - Mas não! – exclamou sério – Gosto de peitos e você sabe...
  - “Batcavernas” – completou o outro simulando vomito. – Por favor vamos mudar de assunto, porque esse me deixa enjoado...
  - Sobre a festa – continuou pigarreando – Nossos negócios, sabe?
   assentiu enquanto enchia algumas bexigas.
  - Temos quantas para hoje a noite? – questionou .
  - Apenas 5, minhas ultimas – afirmou – Terão que sair mais caras...
  - Certo, deixarei você com uma.
  - Quem encomendou?
  - Hyamoto – disse pensativo – Hm... Amber...
  - O japonês? – questionou sério.
  - Sim! E a encomendou dois...
  - Pra que ela quer dois? – perguntou receoso.
  - Você sabe – respondeu o outro rindo – Para dar mais “emoção” na after party.
  - Jesus – exclamou o garoto – Hoje quero apenas álcool...
  Era estranho.
   se sentia um et por horas. As vezes se pegava pensando se era mesmo gay, ou não. Se gostava de ou , e o principal: ele estava perdido. Desde que pisara em Nova Iorque as coisas nunca mais foram as mesmas, ele não era mais o mesmo.
  Ele era descolado.
  Ele fumava.
  Ele era um projeto de traficante.
  Ele tinha uma atração pelo seu amigo.
  Ele tinha um estranho sentimento pela ex.
  Ele não era quem sempre acreditou ser.
  E com isso em sua consciência ele continuou com sua missão de deixar aquele ginásio irreconhecível.

  PARTY TIME, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 20/10/2011 09:01 p.m
  A música alta tomava conta de toda a construção. O frenético piscar de luzes deixaria qualquer um zonzo, mas aqueles adolescentes não se abatiam por pouco, estavam eufóricos pelo motivo da diretora ter liberado uma festa em pleno período escolar. As más línguas diriam que o pai de alguém havia dado alguns presentes para a Sra. Strauser, ou que algum homem havia se voluntariado a “deixá-la feliz” se é que você me entende...
  Todos dançavam loucamente, alguns pelo simples fato de estar feliz, outros por estarem sobre efeito de alguma substancia química.
  Quando todos menos esperavam um silêncio se fez nas caixas de som, ouviu-se um chiado e uma voz:
  - AEE PESSOAL! – gritou com o microfone em mãos, ela estava fantasiada de coelha.
  Ela pode ouvir alguns elogios, como “gata”, “venha para meu quarto playmate”. Aquilo erguia ainda mais seu ego.
  - Aproveitem a festa, e já que o fim do mundo está próximo! – completou a loira rindo enquanto descia do palco, e som voltava a festa.
  A diversidade estava solta nesta festa, se tinha desde zumbis à caubóis. Pela primeira vez no ano letivo inteiro não havia discriminação. Isso até entrar no ginásio vestida de cigana com a expressão fechada ao lado da sorridente Liz que estava vestida de rainha da selva.
  - Não sei por que vim! – exclamou enquanto observava vários corpos dançarem sem ritmo.
  - Porque você tem que curtir! – gritou a outra erguendo os braços – Venha! Acho que estão servindo ponche!
  Rolando os olhos seguiu a amiga, ao chegarem perto da mesa de bebidas deixou sua visão pairar e se fixar em um garoto vestido de terno que entregava um envelope para um menino de pijamas, então resolveu se aproximar.
  - Você vai querer ? – disse Liz virando ao local onde a amiga deveria estar – ?

   fitou sorridente Mark a sua frente.
  - Sério? Tá tudo aqui dentro? – questionou o oriental.
  - Sim, pode conferir... – respondeu enquanto ajeitava sua gravata – São intergalácticas...
  - Ah claro, agente B. – disse o menino com vestes de dormir rindo – o pagamento...
  - Você me faz amanhã. Sem falta – frizou com o dedo na face do oriental – você sabe...
  - Claro ! Sempre paguei em dia...
  - Agora vá e use com moderação, e lembre-se se pegarem...
  - Foi o zelador! – completou Mark batendo continecia – Até mais! Hoje papai fica feliz!
  Rindo do colega, deu as costas se deparando com , que observava a cena abismada.
  - PORRA! – gritou o menino colocando a mão no coração - Quer me matar?
  - O que estava fazendo? MIB? Prendendo algum ET de olhos puxados? – questionou a menina rindo, ignorando a pergunta.
  - Nada que seja da sua conta... Cigana – respondeu ao pé do ouvida da garota, causando na mesma um leve arrepio – Vai ler meu futuro?
  - Eu queria, mas uma certa mistura de coelha com puta está se aproximando...
   não sabia ao certo o que fazer, se sentia desconfortável ao ver aquela garota loira que tanto repugnava se aproximar e tirar seu, seu ¸de seus braços e envolver os seus pálidos naquele pescoço e encostar seus lábios porcos na boca que a mesma amava tê-la para si. Era em momentos como esse que sentia falta de ter Oliver por perto.
  E pensando em Oliver, havia semanas que ele não se manifestava, o que a deixava um pouco preocupada...
  Mas esses pensamentos sumiram de sua consciência quando alguém a puxou pelo braço.
  - IDIOTA? – disse Elizabeth aos berros – Por que me abandonou?
  - Apenas vi me chamando – mentira.
  - Me avisasse. Não ficaria igual uma boba atrás de você!
  - Desculpa... – respondeu a menina abaixando a cabeça.
  - Achei que eles estivessem pego você para zoar, sabe?
  - Uhum, acho que hoje estão muito animados para isso – respondeu apontando para o casal que se engolia no meio da pista.
  - E o terceiro? – perguntou Liz, referindo-se a .
  - Não sei... – então curiosa ela vagou seus olhos pelo local e o avistou sentado na arquibancada com os olhos fixos na pista de dança com um cigarro em mãos. – Ali!
  - Solitário como sempre...
  - Foda-se, não me importo com ele...
  - Vamos aproveitar a festa então? – questionou Liz animada dançando – Que tal?
  - Você sim, eu não...
  - Por quê?
  - Estou com dor de cabeça...
  - Mas...
  - Me perdoe Liz, até amanhã!
  - Mas...
   virou as costas e caminhou rumo a saída. Na realidade ela não suportava ver com outra.
  Um último olhar ao casal.
  Ela mordeu seus lábios, e sem querer uma lágrima escorreu.

  Ao cruzar as portas do ginásio se deparou com todo o campus deserto, uma brisa gelada bateu em seu rosto. E lentamente ela se pôs a caminhar, chutando as pedras no caminho, que parecia mais escuro que o normal.
  Estava a poucos metros do bloco de seu dormitório, quando pensou ter ouvido alguns passos. Instantaneamente ela congelou. Girou seus calcanhares e se deparou com nada, talvez fosse sua consciência que estava ainda entorpecida com o som alto da festa.
  Todavia, ao desfazer o giro se chocou com um corpo que antes que ela pudesse identificar, já estava com os lábios colados nos seus. Seus olhos ganharam uma enorme proporção, e ao tentar empurrar o corpo que insistia em se manter próximo, mais ele a puxava. Ele era forte. Um certo desespero começou a tomar conta de , ela estava com medo. As mãos do estranho deslizavam por todo seu corpo. Contra sua vontade ele a conduziu até uma parede. Afastou seus lábios e fitou os assustados olhos de , e então ela pode reconhecê-lo.
  O cara com pijamas.
  - Não sabe o quanto eu quis isso, gata... – disse ele com a voz embargada enquanto distribuía beijos pelo pescoço dela.
  - PARE! – gritou estapeando-o, mas quanto mais batia, mais ele a apertava contra a parede – ALGUÉM?
  - Shiiiiiiiu! – sussurrou ele tapando a boca dela – Sei que gosta dessas coisas...
  As lágrimas presas pelos sentimentos que tinha por haviam se transformado em lágrimas de desespero. buscava forças em seu corpo, mas ele se encontrava tomado pelo medo.
  O rapaz a beijou velozmente, enquanto suas mãos entravam dentro da longa saia usada pela menina.
  - Vai ser rapidinho...
  - EU NÃO QUERO! – gritou ela chorando – PARE!
  - Não até você ser minha! – exclamou ele puxando a e deitando-a sob o gramado, ele colocou uma perna em cada lado do corpo da mesma.
   , pensou em chutá-lo e sair correndo, mas seus nervos estavam travados, talvez por nunca pensar em passar por uma situação semelhante a essa. Internamente ela suplicava e perguntava a Deus, se já não era o bastante o sofrimento que passava ao ver com outra, ou então ser todo dia caçoada... Ele tinha que dar mais uma estrelinha para a lista dela?
  - PARA! – gritou novamente enquanto Mark estava com seus lábios presos no colo da garota.
  - Calma – respondeu ele rindo, colocando sua mão na boca da menina afim de abafar os gritos – Já vamos terminar com isso...
  Com a mão livre ele puxou a saia que ela usava, e a levantou colocando-a contra o muro novamente.
  - NÃO! – gritou ela, mas o berro fora abafado pela mão dele que estava presa em sua boca.
  Ela se debatia em vão.
  Havia apenas mais uma barreira, para ela perder todo o resto de sua dignidade.
  E o mesmo fora rompido.
  Um grito fora ouvido, quando a menina se sentiu violada.
  Ela queria a morte.
  Ao ouvir o gemido do menino, uma imensa náusea foi sentida por .
  Ela estava podre.
  Suja.
  Corrompida.
  Quando suas forças para lutar havia se esgotada, ela sentiu o peso do corpo do menino sumir.
  - QUE PORRA VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – exclamou uma voz masculina desconhecida por .
  - socorro – sussurrou chorando enquanto escorria pela parede.
  Sua visão estava trêmula, assim como seu corpo.
  - Garota! – exclamou o homem segurando os braços de .
  - NÃO ME TOQUE! – gritou a menina se abraçando suas pernas – POR FAVOR...
  - Eu quero te ajudar...
  Um embrulho se formou no estomago de , e antes que pudesse racionar ela vomitou.
  E então se deparou com o corpo de Mark estendido ao seu lado.
  Ela estava salva?
  Talvez...

12.

How to Save a Life

  Aeroporto Internacional John F Kennedy, Nova York, 20/10/2011 07:32 p.m
  Os olhos de estavam semicerrados de sono, nem a animada música dos Guns’n’Roses o deixava em alerta. Ele estava cansado, morto para ser mais exato. O que mais ele detestava em sua profissão era o fato de viver na ponte aérea Milão – NY. Ficar mais de dez horas com a bunda grudada em um assento desconfortável não é muito bom... Ele somente as considera boas quando pode tirar uma casquinha das aeromoças ou de alguma passageira. O que não aconteceu hoje...
  Desde que fora dispensado da swat, ele trabalhava com o amigo Adam. Caçando modelos e qualquer garota disposta a transformar sua beleza em dinheiro, não era o emprego de seus sonhos, mas dava a ele uma bela remuneração, fora as mulheres que batiam em sua porta desejando dormir com ele.
  Um sorriso malicioso se fez em sua face.
  Pena ele ter quebrado tantos sonhos...
  Um bipe interrompeu sua música e seus pensamentos.
  1 nova mensagem.
  .
  “Tio querido <3 Soube q está de volta, mamãe acabou de me contar... Qnd vem me ver? Estou com sdds :c”
  - Awn – deixou escapar enquanto ria.
  Fazia tempo que não via sua única sobrinha, filha de sua irmã com um empresário sueco.
  “Oi paixão, titio chegou sim! Hahaha Estou com sdds tbm, estou pensando em dar um pulo ai na cadeia amanhã? O que acha?”
  Embora a diferença de ambos fosse nem dez anos, ele se sentia um idoso quando a via, talvez pelo motivo de tê-la visto crescer...
  E disposto a fazer uma surpresa a sobrinha ele pegou um táxi rumo a casa de sua mãe no Upper East Side, deixaria as malas e então seguiria rumo ao Cabrinis Institute.   Isso se ele não desmaiasse no meio do trajeto.

  Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 20/10/2011 09:51 p.m
  - Aqui mesmo! – exclamou ao taxista.
  - Certeza? Não está tarde para vir a escola? – questionou o homem receoso.
  - Acredite, todos me amam aqui. – respondeu dando um leve tapinha no ombro do motorista – Quanto deu a corrida?
  - 120 dólares... –disse o homem alisando seu bigode, fitando os azuis olhos de pelo retrovisor.
  - Madonna! – exclamou o jovem rindo enquanto pegava o dinheiro do bolso de sua jaqueta de couro – Da próxima vez me avise com antecedência, quero estar com meu coração preparado...
  O homem soltou uma risada fraca enquanto o outro descia do carro e ajeitava suas calças.
  - Dez anos depois, estou de volta! – exclamou ao caminhar rumo à portaria.
  Para ele, estar parado em frente aqueles portões não poderia ser mais nostálgico, se lembrava de quando era adolescente e corria pelo extenso jardim atrás da professora de Artes que sempre dava muitas “liberdades” a ele.
  - Bons tempos – sussurrou ao ver um guarda se aproximar.
  - Pois não? – questionou o homem cruzando os braços.
  - Boa noite! Eu solicitei uma visita surpresa a Sra. Strauser...
  - Seu nome?
  - Levine.
  - Um momento.
   levou suas mãos ao seu bolso e se pôs a observar as estrelas, fazia tempo que não parava para olhá-las, então recordou-se de Nina, a mulher que amou e que simplesmente lhe apunhalou sem dó nem piedade. Uma estranha amargura prensou seu coração, obrigando-o a mudar a direção de seu olhar.
  - Senhor Levine? – disse o segurança. - Pode entrar, porém a Sra. Strauser pediu para ir direto ao quarto da Srta. Zuiker...
  - Ok, e qual seria o quarto?
  - Quarto 23, Bloco B.
  - Obrigado! – exclamou adentrando os enormes portões de bronze.

  Estava a poucos passos do prédio B, ouvia de longe o som alto da festa que estava acontecendo no ginásio. Por um momento se arrependeu de ter ido por impulso até aquele local, que por instinto se tornou de uma hora para outra necessário ir até lá.
  Então quando estava na porta do seu destino, com a mão prestes a tocar a maçaneta, ouviu um grito. Não era uma exclamação risonha e sim sofrida.
  - NÃO! PARA! – gritava alguém.
  Imediatamente seus instintos de policial foram ativados, como um super poder. Lentamente ele se pôs a caminhar, o som se tornava cada vez mais altos, e então ele pode ver uma cena que o enojou.
  Um garoto com as calças baixas segurando uma menina, que suplicava.
  Sem pensar em consequências, ele puxou o garoto enquanto exclamou algo, e após isso deu um soco no garoto que instantaneamente desmaiou. Então foi em direção a garota que chorava. Vê-la naquele estado partiu seu coração.
  - Garota! – exclamou segurando os braços dela.
  - NÃO ME TOQUE! – gritou a menina se abraçando suas pernas – POR FAVOR...
  - Eu quero te ajudar...
  Antes que pudesse dizer algo, a menina virou o rosto vomitando.
  Será que ela estava bêbada?
  - Está tudo bem, eu vou ajudá-la – repetiu enquanto segurou no rosto.
  Os castanhos olhos da menina estavam confusos, e molhados.
  - Posso te tocar para levá-la a um local seguro? – questionou ele receoso.
  A menina negou.
  - Não, eu quero...
  Antes que pudesse completar a frase, um rio brotou em seus olhos.
  - Sou o , tio de uma aluna. Não vou te machucar, por favor deixe-me ajudá-la – dizia com a voz doce estendendo a mão.
  - Você não... – disse a menina entre soluços.
  - Jamais. – respondeu ele sério – apenas vou levá-la até a casa da diretora.
  - – disse ela estendendo a mão.
  Com um sorriso cordial no rosto ele pegou a saia jogada de , dando a ela para se vestir. Com dificuldade ela a vestiu e se levantou com a ajuda de .
  - Você aguenta andar, ou quer que te leve? – questionou o rapaz.
  - Eu aguento – disse ela enquanto se firmava em pé, mas suas pernas bambearam, o que a fez segurar abruptamente no braço de .
  - Certeza? – questionou ele.
  - Não. – respondeu ela chorando.
  Em um gesto rápido, a Tonyou em seus braços e a guiou até a sala de Alice. E então percebeu os belos traços que a garota possuía.
  Tão jovem e com um enorme trauma...

  Jardim, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 21/10/2011 09:21 a.m
  As folhas de outono caiam devido a leve brisa, todos os alunos, ou quase todos, estavam reunidos no jardim. Alguns se perguntavam o que havia acontecido, outros apenas desejavam estar em suas camas. Então se silenciaram ao ver a diretora subir ao pequeno palanque.
  - Bom dia alunos! – um fraco coro a respondeu – Estou aqui para dizer que nunca, NUNCA mais irei dar uma chance de diversão a vocês! – um repentino balbuciou surgiu entre os alunos que estavam indignados – SILÊNCIO! Vocês passaram do limite ontem!
  - O que houve Sra. Strauser? – questionou Cordopatri assustado – Eu juro que não fiz nada!
  - Milagrosamente Sr. Cordopatri, não foi você, ao menos espero que não tenha seu dedo...
  - O que houve? – questionou uma menina preocupada – Quem Morreu?
  - Ninguém morreu Srta. Smith, mas poderia se um pai de aluno não tivesse aparecido...
  Novamente um balbucio, como um pai de aluno estaria na escola em plena quinta-feira de outubro?
  - Continuando, nunca em toda minha carreira nesta instituição tive que lidar com uma atitude tão podre...
  - Desembucha! – exclamou entediado.
  Rolando os olhos Alice continuou.
  - Uma aluna do primeiro ano ontem foi estuprada por um aluno do terceiro, sabem qual é a gravidade disso?
  Um silêncio se fez. Todos os alunos se fitavam em buscas de respostas.
  - Se não fosse o anjo desse pai... Que chegou a tempo... – a mulher engoli as lágrimas – Enfim quero deixá-los cientes, que a partir de hoje, é da aula para o dormitório, aumentaremos a segurança e sem “namoricos”. Vocês acabaram com toda confiança que existia... Estão liberados.
  Dito isso a diretora desceu de seu palanque e se dirigiu a sua casa. Com o som do sinal, os alunos se dispersaram para suas salas.

  - BEN! BEN! - exclamava Liz com a cara assustada enquanto corria atrás de que estava abraçado a !
  - Diga! – exclamou ele se virando – O que foi Liz?
  - Viu ? – questionou ela angustiada – Estou preocupada, achando que...
  - Você não acha que a garota do primeiro...
  - Ela saiu ontem mais cedo da festa! E desde então não a vi mais! ...
  Por um segundo o chão de Ben parecia ter sido aberto.
  - Bom eu não a vi quando voltei para o quarto hoje de manhã, achei que ela já estivesse aqui – disse .
  Sem pensar, saiu em disparada rumo a casa central, ele precisava da confirmação que não era a garota citada pela diretora.
  - ! – exclamou Zuiker em vão.

  Casa Central, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 21/10/2011 08:50 a.m
   se encontrava intacto ao lado de , seus olhos estavam fixos no rosto da menina que dormia tranquilamente. Ele passou lentamente suas mãos pela face da menina.
   dormiu apenas algumas horas, pois sempre após um cochilo acordava assustada.
  Levine não conseguia entender ao certo o que o motivou a ajudar aquela menina, e muito menos se dispor a cuidar dela...
  Ele afastou sua mão quando a menina mexeu seus olhos, os abrindo e o encarando assustada.   - Quem é você? – questionou ela sonolenta colocando a mão em sua cabeça.
  - Sou , o cara que...
  - Ah sim – respondeu ela esboçando um leve sorriso – Acho que nem o agradeci... Se você não tivesse chego...
  Lágrimas surgiram no rosto da menina.
  - Calma – respondeu se sentando ao seu lado, abraçando-a – Está tudo bem...
  Há quanto tempo não era abraçada?
  Com essa pergunta em mente, a garota se pos a apertá-lo, e inocentemente deitou sua cabeça em seu ombro.
  Ele era seu anjo.
  - O pior já passou... – sussurrou – Estou aqui...
  As mãos de apertavam o ombro dele, ela não queria sair daqueles braços acolhedores jamais...
  E estranhamente, também não.
  - Você quer conversar? – questionou ele se afastando e a fitando enquanto segurava suas mãos.
  - Você é algum psicólogo? – indagou ela rindo enquanto limpava as lágrimas.
  - Não – respondeu ele franzindo o cenho – mas posso ser, se quiser...
   fitou o chão, seria correto se abrir com um estranho?
  Então seus olhos vagaram até Levine e aqueles olhos oceânicos lhe transmitiram uma certa paz que ela não conseguia explicar.
  Talvez fosse o momento, talvez fosse o destino...
  - Mais coisas te sufocam, não é? – questionou ele colocando sua mão no queixo dela.
   apenas assentiu.
  - Pode dizer, não contarei a ninguém...
  Respirando fundo começou a contar sua história, contou tudo sobre Ben e ela, ela e Oliver, as mensagens, as humilhações, a noite anterior, contudo alguns fatos de sua família ela não expos. Ela estava se abrindo para um estranho, um estranho que parecia ter lido um manual de como salvar vidas...
  - Então você traiu esse garoto que jura amar com um outro que mexe com você? – questionou confuso.
   afirmou com sua cabeça.
  - E esse garoto que você jura amar te deu um fora e está com outra, e isso te deixa mal, pois ele está querendo se vingar e com isso você está sofrendo de xenofobia nesta escola?
  - Sim – disse ela gargalhando da careta que ele havia feito – Meu Deus...
  - Isso daria uma boa novela mexicana – ela olhou torto para ele – brincadeira...
  - E por isso que sinto falta da Califórnia, sabe? Me sinto pior que um lixo, se não fosse a Liz...
  Novamente, meio sem jeito a envolveu em seus braços, beijando sua testa.
  - Vai sair dessa, ...
  - Será? – questionou ela sem esperanças.
  - Eu vou te tirar dessa vida, você é simplesmente linda! Não merece ser tratada assim, lógico que cometeu seus erros, mas a vida sempre nos dá uma segunda chance...
  Aos poucos uma pequena esperança brotava no coração de , algo dentro dela dizia que depois da tormenta viria o arco-iris, e o seu estava bem próximo.
  Bastava ter fé.
  De repente um forte estrondo se fez na porta, tirando e do assunto.
  E a pessoa que entrou, fez o coração da garota se apertar.
  - ?

13.

Castle of Glass

  Cesars Palace, Las Vegas, Nevada, 21/10/2011 10:32 a.m.
  As longas colunas de mármore do hotel em Vegas haviam hipnotizado , seus olhos estavam perdidos em tantos traços arquitetônicos que o levaram a Roma Antiga. Um sorriso se formou em sua face ao concluir tal pensamento.
  As pressas ele cruzava o hall em direção ao restaurante, na sua cola dois funcionários: Will e Gonzalez, eles iriam garantir que o cliente não se atrevesse em “tocá-lo” quando dissesse o preço do serviço. Aquele era o negócio de ouro. Se entrasse no Cesars, uma certeza já tinham.
Nevada seria dos .
  Um homem alto vestido em um terno branco se levantou de uma das mesas e foi em direção ao grupo.
  - Bom dia! – exclamou enquanto estendia sua mão a – Prazer em conhecê-lo, Sr. , sou Louis Hudson.
  - Digo o mesmo, Hudson. – respondeu Tony – podemos sentar para conversarmos...
  - Claro! – exclamou o homem, enquanto colocava um chapéu em sua cabeça direcionando-os para a mesa em que estava sentado – Fiquem a vontade.
  - Obrigado – disseram os três.
  - Então , o que trouxe para mim...
  - Vim propor uma parceria, você me disse que tem o interesse de oferecer algo a seus clientes. E eu posso lhe oferecer isso.
  - Isso eu já sei, mas quanto vai me custar? – questionou o homem rindo.
  - Depende o quanto quiser...
  - Digamos que quero o suficiente para um mês, tanto pó, quanto erva e balas...
  - certo – respondeu enquanto pegava seu celular – Vou calcular com a venda racionada de um estoque de um mês, os três em uma quantidade igual de um quilo de cocaína, quinhentaas de maconha e um pacote de LSD sairia em média de U$$ 50.000,00.
  - Hm... – o homem coçou seu queixo – Está muito barato, cotei com uns caras do outro lado e me cobraram cem...
  - Queremos amigos, não clientes – disse Tony sorrindo – Claro que se quiser subo o preço...   - Não! – concluiu o homem – Mas quem me garante que essas drogas são boas?
  - Temos mercado no México, e questione a qualquer um da Califórnia... Certamente serão positivas as respostas.
  - Trabalha com amostra? – questionou o homem rindo – Quero dois dias para pensar...
  - Claro, ape...
  Então um frenético toque os interrompeu, era o celular de Anthony, praguejando seus olhos vagaram do visor que tinha Cabrinis Institute brilhando sem parar aos do homem a sua frente que deseja mais do que tudo fechar o negocio.
  - Atenda ! – exclamou Hudson, neste momento ele deu as costas, mas o homem o impediu – Na minha frente e no viva voz.
  Com palavras obscenas em sua mente, sentou-se na frente do homem enquanto atendia o telefone.
  - Pronto. – disse com a voz grave.
  - Sr. ? - questionou uma voz feminina – Somente um segundo, vou transferi-lo para a Sra.Strauser.
  O que houve para a diretora do colégio das crianças ligar para ele? Com essa pergunta em mente ele encarava a rápida música de espera que tocava até ouvir a voz de Alice.
  - Sr. ? – disse a mulher enquanto pigarreava - Podemos conversar?
  Em dúvida os olhos de Anthony vagaram até os de Hudson que assentiu.
  - Sim, pode falar Sra. Strauser, o que houve?
  - Bem... é complicado dizer isso ao telefone, não pode vir a Nova York?
  - Estou no meio de uma reunião de negócios... Não posso sair correndo daqui.
  - Entendo, então serei breve. Sua filha não está bem, digo sua sobrinha...
  - O que essa menina aprontou agora? – questionou Tony colocando suas mãos na cabeça.
  - Ela nada, fizeram com ela... - Disse a mulher com a voz tremula - Preciso que venha para cá o mais rápido possível.
  - Me diga o que houve! – indagou Tony assustado. – Preciso de uma justificativa para sair de uma reunião...
  - Dizer isso fere minha imagem como diretora de uma escola – resmungou a mulher sussurrando - Ela precisa da sua ajuda, mas do que antes. Ela foi abusada...
  Se fez silêncio por alguns segundos, Tony tentava digerir a ideia que veio como uma bola de demolição em sua vida.
  - O QUE? – questionou ele aos berros – COMO...
  - Preciso que venha a NY.
  Os olhos angustiados de pararam nos de Hudson que novamente assentiu, sussurrando:
  - Sua filha precisa de você, e se ir até lá fecharei com vocês...
  O coração de Anthony estava descompensado. Como diria a sobre o incidente?
  - Amanhã embarco para NY. – disse Tony esmurrando a mesa.
  - Eu o aguardo.
  Dito isso a ligação foi desfeita e estava sem chão, como contaria ao pai da menina sobre o que acontecera?
  Haveria mortes.
  - Hudson – disse se levantando – Peço desculpas, mas terei que...
  - Sem problemas, amigo. – respondeu o homem – Sempre ponha a família antes dos negócios...
  - Obrigado.
  - Diga a seu chefe que quero amostras grátis, mas o negócio está fechado.
  - Direi semana que vem venho com o contrato.
  - Esperarei sua visita ansioso – disse o Hudson rindo – Boa sorte com a garota.
  - Obrigado novamente.
  Dito isso terminaram as formalidades, e discou as pressas para Juan.
  Três toques.
  - Diga , estou em uma reunião...
  - Juan, tenho uma noticia boa e uma má, qual quer ouvir primeiro? – questionou receoso enquanto entrava no carro.
  - Sem piadas, disse que estou em uma reunião...
  - Ok, começarei com a boa.
  - Diga logo!
  - Fechamos em Las Vegas, mas a má envolve ...
  - Disse que conseguiríamos! – exclamou rindo – O que houve com a menina??
  - Terei que viajar para Nova York, recebi uma ligação da diretora e...
  - O que ela fez?
  - Fizeram com ela... Abusaram dela.
  - O que? – questionou o mexicano aos berros – COMO?
  - Foi a mesma pergunta que fiz, eu estou preocupado... Por isso irei amanhã para lá.
  - Irei com você.   - Mas , o acordo...
  - Foda-se o acordo! Irei matar o filha da puta com minhas próprias mãos...
  - , provavelmente ele é adolescente.
  - E ? E onde estava?
  - Não falei com ele ainda...
  - Que seja! Arrume duas passagens. Ninguém toca na minha garotinha e sai ileso...
  Dito isso, Juan desligou o telefone. E voltou sua atenção ao deserto, como previsto haveria mortes.
  Eles deveriam orar, para que Cordopatri não percebesse que quebraram o protocolo.

   Casa Central, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 21/10/2011 10:00 a.m
  Os olhos de estavam arregalados, o que fazia ali?
  - Quem é ele? – questionou entrando na sala e fechando a porta.
   se levantou de onde estava e caminhou em direção ao adolescente dizendo:
  - O cara que salvou sua amiga. – respondeu seco.
  - Obrigado. – respondeu em um sussurro, enquanto desviava-se em direção a garota.
   estava sentada em um divã com as pernas cruzadas, observava com medo se aproximar. Ela estava com traumas de garotos.
  - ... – disse ele se sentando ao seu lado – quem fez isso com você?
  - Eu estou bem, obrigada por perguntar – respondeu ela encarando-o.
  - Desculpe – respondeu ele abaixando a cabeça – Preciso saber quem fez isso para...
  - Se vingar? – questionou a menina com os olhos cheios d’agua.
   assentiu.
  - Acho que suas vinganças foram longe demais... – disse a menina.
   se localiza em pé ao lado de .
  - Pode nos deixar a sós? – questionou o menino ao homem.
  - Não. Prometi a ela que a protegeria.
   gargalhou.
  - Qual é você a conhece a nem 24 horas e se acha o que? Preciso conversar com ela...
  - Acredito que nesse meio tempo fui capaz de conhecer mais dela do que você durante todo esse tempo.
  - Quem é você mesmo? – questionou se levantando.
  - Eu quero que ele fique. – se manifestou .
  - O que? – virou confuso.
  - Não vou repetir! Estou cansada , cansada disso tudo de reviver ontem e se tudo aconteceu foi sua culpa!
  - Minha culpa? – questionou o menino rindo – Eu não tenho culpa de nada!
  - Tem sim! – exclamou a menina se levantando – Se não te visse se comendo com aquela puta eu não teria saído da festa...
  - Não pode me culpar por isso! Você fez o mesmo comigo!
  - Mas você não foi estuprado! – gritou a menina chorando – Eu te odeio! Feliz com sua vingança?
   se calou, talvez ele tivesse ido longe demais.
  - Não, eu não estou feliz. – disse com os olhos mareados.
  - Vá embora! – gritou .
  Em silêncio, deu as costas e saiu do cômodo. Ele se sentia podre, e principalmente culpado, sua vida estava de cabeça para baixo. E quando pensava que as coisas não poderiam piorar...
  1 nova mensagem.
  Pai.
  “amanhã embarco com seu padrinho para NY. Soube de tudo, onde você estava quando tudo aconteceu?”
  Uma enorme raiva Tonyou conta de , não bastaria o crucificar, seu pai faria o mesmo.
  Seu castelo de vidro estava se quebrando aos poucos, ele teria que se desviar para não se cortar com os cacos...

  Jardins, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 21/10/2011 11:21 a.m
   caminhava pelo extenso jardim, as coisas estavam um pouco turbulentas em sua mente. A história que aquela garota lhe contara, ela não era santa ou qualquer coisa do gênero, mas mesmo assim não merecia estar vivendo tudo aquilo.
  Era estranho. Nunca merecemos o pior.
  Por algumas horas se esqueceu completamente de .
   precisava mais dele que qualquer outra pessoa.
  Seus olhos claros vagaram pelas alunas bonitas do colégio que o observavam com risinhos. Ele era bonito. Queria descobrir qual era a aluna que sua sobrinha o ofertou para levar para a Italia, virar modelo...
  Pois era essa desculpa de “caçar” modelos que usou com seu chefe para poder voltar a América.
  E era o mesmo que neste instante ligava para seu celular.
  - Fala Adam. – disse ao atender o telefone.
  - Como andam os negócios? Achou alguma?
  - Não, man... – respondeu enquanto se sentava no pé de uma árvore – Tive uma chegada tumultuada.
  - Não me diga que seu pai brigou com você...
  - Pior. Presenciei um estupro.
  - O que? Quem você estuprou?
  - Eu não idiota, um desses babacas de colegial... Salvei uma garota.
  - Ai que bonitinho – disse o outro rindo – não me diga que está gostando da coitada...
  - A conheço não faz nem um dia...
  - Ela mexeu contigo... Quantos anos ela tem?
  - 15. – disse rindo.
  - Você pode ir preso sabia? Só por estar pensando sacanagens com a garota...   - Cala a boca! Não estou pensando nada, idiota.
  - Enfim, não quero que você vá preso... é o melhor aliciador de todo mundo, gostoso...   - Sinto falta da sua mãe me chamando assim – gargalhou da piada do amigo.
  - Quer morrer? – questionou o outro bravo - Mas sério man, agiliza ai... Sophia está louca por mais “modelos”.
  - Diga para Sophia sossegar que o papai logo volta... A modelo é colega de quarto de , então vou caçá-la e conhecer essa garota...
  - Ok. Já marque uma sessão de fotos com o Kenan...
  - Certo, chefe. – disse enquanto se levantava – Vou indo porque acho que encontrei ela.
  - Ela quem?
  Antes que pudesse responder, o homem de 26 anos desligou o celular e se direcionou a garota loira que corria em sua direção.
  - TIO! - exclamou Zuiker enquanto corria pelo extenso jardim, ela parecia uma criança de cinco anos – NÃO ACREDITO!
  - PAIXÃO! – gritou ele enquanto a abraçava e a rodava – Estava com saudades! Não responde mais minha mensagens?
  - Para ser sincera vi ela hoje de manhã... Como que está?
  - Abatido. – respondeu ele rindo – e você está mais linda que antes...
  - Puxei para meu tio – completou ela piscando.
  Ambos riram.
  - Quando chegou, ? – perguntou .
  - Ontem á noite.
  - Ficou sabendo...
  - Sim, eu que ajudei a menina – respondeu ele cruzando os braços – Seus pais sabem dessas festas que acontecem aqui?
   riu.
  - Não.
  - Poderia ser você, paixão... – disse colocando suas mãos na bochecha da menina.
  - Nunca, tio. Ando sempre acompanhada – respondeu ela. – Você veio me ver ou conhecer a “aberração”?
  - Não deve chamar suas colegas dessa forma querida – disse o homem sério – Sua mãe vai ficar brava quando contar suas “novas”...
  - Cala a boca! – exclamou ela dando um leve tapa no ombro dele.
  - Vim para os dois, meu chefe já me cobrou sobre essa garota...
  - Então, vai amá-la! – disse a menina em um Tony maléfico – Só temos um problema.
  - Qual?
  - Não vejo desde ontem...
  - ? – questionou , seria possível haver duas s?
  - Sim, a mexicana... – disse a menina sorrindo.
  - Caralho! – soltou Levine, levando sua mão a cabeça, e então concluiu que a garota que a menina que passara a manhã citara, era sua sobrinha – Sua colega de quarto?
  - Sim – respondeu confusa – Por que?
  - Como você pode fazer tanto mau a uma pessoa, doce anjo? – questionou pasmo.   - Do que está falando? – questionou a menina.
  - De suas atitudes! – exclamou – Não pode se achar a rainha de um local... Não foi isso que seus pais te ensinaram...
  - Tio...
  - Ouça ! – exclamou – Tudo tem limite, se você não mudar, farei a cabeça de seus pais para te tirarem daqui...
  - Cade o ? O que fez com ele? – gritou a menina – Eu faço o que eu quero! Como sabe disso? Não me diga que a latina foi abusada...
   desviou seu olhar.
  - Ah claro! – concluiu – Olhe bem para si mesmo antes de me julgar tio – disse a garota rispidamente – Sou uma santa perto de você...
  - Olha como fala comigo! – exclamou ele segurando os braços da menina – Eu sou bem diferente de você...
  - Não muito, temos o mesmo sangue.
  - Eu não fico feliz ao colocar pessoas para baixo, acha que gosto do meu emprego?
  - Mamãe diz que se não fosse porco não estaria desse jeito...
  - Todos cometemos erros, é tarde demais para eu voltar atrás. – concluiu – Mas ainda dá tempo de você voltar...
   se soltou dos braços do tio. Ele não era o mesmo. E descrente das palavras que ouvira ela correu em direção ao refeitório.

  - O que houve, Barbie? – questionou ao ver Zuiker se sentar aos prantos na mesa – brigou com você?
  - Não. – respondeu ela com a cabeça sob seus braços – Meu tio – disse ela limpando as lágrimas – Aquela puta da Cartman fez a cabeça dele contra mim...
  - Cartman? Seu tio? O que houve? – questionou confuso enquanto mordia uma maçã.
  - Ela foi a aluna abusada.
  Ao ouvir a frase da amiga, Cordopatri engasgou com a fruta que comia.
  - Como? – questionou ele tossindo.
  - A Cartman foi a abusada, foi meu tio que a salvou...
  - E quem a abusou? – perguntou curioso.
  - Não sei, só sei que ela fez a cabeça de contra mim...
  - Sunshine, não fique assim! – exclamou o garoto colocando seus dedos na face da menina – Venha, vamos desvendar esse mistério e ver se encontramos o seu amado ...
  Fungando, a menina soltou um sorriso e deu sua mão ao seu amigo.
  E então partiram em busca das últimas respostas daquele quebra cabeça.

  Os dois estavam na porta da sala da cordenação, e então avistaram saindo da mesma.
  - ? – questionou – O que faz aqui?
  - Sem querer quebrei um vaso na casa da diretora... – disse ele rolando os olhos.
  - O que fazia lá? – questionou .
  - Isso, depois da reunião com a diretora você saiu correndo... – completou
  - Fui ver ... – disse se sentando no corredor sendo acompanhado dos amigos – Ela está mal...
  - Lógico, ! – exclamou Cordopatri – Queria que ela estivesse sorrindo?
  - ! – cortou , fazendo-o rolar os olhos.
  - O que ela disse?
  - Nada. Apenas me culpou por tudo e aquele cara...
  - Que cara? – questionou .
  - , eu acho – disse pensativo – não gostei dele.
  - Acho bom gostar dele – sussurrou a menina – ele é meu tio.
   a fitou confuso.
  - sabe disso?
  - Acho que não...
  - Jesus... – sussurrou o menino.
  - Mas você descobriu quem foi o idiota? – disse – Quero saber quem foi...
  - Não, se eu pegar esse cara eu juro que...
   interrompeu sua fala.
  - Espere – disse ele encarando os amigos – Mark, ele disse que me pagaria hoje de manhã.
  - Não vi ele – disse – Sempre o encontro no banheiro antes do intervalo.
  - Nem eu, o armário dele fica ao lado do meu...
  - Puta merda... – sussurrou com lágrimas nos olhos ao concluir seus pensamentos.
  - O que foi? – indagaram os outros dois a uníssono.
  - Se for o Mark. Eu sou o culpado...

14.

This is the apocalypse

  Aeroporto Internacional John F Kennedy, Nova York, 22/10/2011 01:01 p.m
  Com seu habitual terno, pisou oficialmente em solo Nova Iorquino ao lado de seu chefe que trajava vestes pretas. , estava com barba e documentos falsos, ele prezava sua vida.
  - Acredito que ele não irá pensar que estamos aqui... – disse Tony em um sussurro enquanto entrava em um táxi.
  - Eu espero – disse Juan sério – me sinto com um esquilo pregado na minha face...
  Anthony soltou uma baixa gargalhada ao dizer ao motorista o local que desejariam ir.
  - É temporário isso... Em breve executaremos o plano e... – respondeu Anthony.
  - Poderemos desfrutar desta cidade, mas temos outro foco hoje.
  - Claro, . – conclui .
  Com o semblante sério assentiu enquanto observou seu reflexo no retrovisor do carro. E naquele momento, no qual fitava a si mesmo, colocou em questionamento todas suas atitudes em relação a sua filha, talvez se Marie estivesse viva evitaria tudo isso, talvez se ele fosse menos egoísta, menos ganancioso...
  Entretanto era tarde.
  Tarde demais, e seria frustrante naquele momento chorar por todo o leite derramado, ele era homem, forte e tinha que lidar com o fato que falhou. Falhou com a única pessoa que acreditou que teria salvação, no mais fundo de seus desejos ele não queria que entrasse nesse perigoso mundo que vivia, mas sabia que seria inevitável ela não iniciar sua jornada no narcotráfico.
  - Estupido! – sussurrou a si mesmo ao bater sua mão em sua cabeça.
  - Disse algo senhor? – questionou perdido.
  - Nada, apenas me dei conta do quão idiota sou... – respondeu Juan sério voltando sua atenção ao amigo – Olhe o que fiz com minha menina!
  Tony abriu sua boca e a fechou, ele gostaria de falar tudo o que pensava e sabia a respeito da menina em questão, mas seria um grande choque ao seu patrão que pela primeira vez em anos estava tendo um verdadeiro momento paternal.
  - Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo que plantamos.   – disse por fim com a mão no ombro do amigo.
  Em silencio Juan comprimiu seus lábios e levou suas mãos a cabeça.
  - O que eu fiz? – questionou a si mesmo o latino – acabei com a vida de minha filha...
  - Ainda está em tempo de mudar, . – respondeu o amigo com uma falsa esperança. Ele sabia que não havia mais...
  - CLARO! – exclamou Juan – Conversarei com ...
  - Sobre? – perguntou o outro receoso.
  - Irei me mudar, por um tempo...
  - Se mudar? Mas e os negócios?
  - Temos tecnologia, cuido a distância...
  - Não aprende nunca, Juan? – Disse sério .
  - O que?
  - Você a obrigou a sair de sua casa por acreditar que isso, esse lugar seria o melhor, não pode viver fugindo de si mesmo, da realidade!
  - O que...
  - Ouça! Encare a realidade, você acabou de escrever o futuro dela, no momento em que a colocou naquele jatinho para essa maldita cidade. É tarde demais!
  - Você me disse que ainda há tempo!
  - Tempo para você ser pai! Há erros que não se consertam com facilidade, e convenhamos que nunca teve uma figura materna nem paterna...
  - Diferente de que teve toda sua atenção...
  - Não coloque no meio disso! – exclamou Tony em um sussurro – Isso que aconteceu foi um sinal, ela estava prestes a se tornar uma destruidora de lares...
  - Como assim? Ela só tem 15 anos, Anthony!
  - Viu... Você não conhece sua própria cria!
  - Não diga o que não sabe seu bosta! – exclamou Juan a beira de um ataque de nervos.
  - Eu digo por que eu sei, eu vi com meus próprios olhos! Não é a toa que ela é sua filha, egoísta e mesquinha como o pai.
  Ao completar sua frase ambos se calaram ao perceberem uma forte freada do táxi, o qual ambos quase se esqueceram que estavam.
  - chegamos! – exclamou o taxista com um forte sotaque indiano – A corrida ficou em cem dólares...
  A contra gosto retirou a carteira de seu bolso e entregou o dinheiro ao homem, em silêncio ambos desceram do carro, com suas pequenas maletas em mãos, apenas uma pequena troca de roupas, caso precisassem de mais comprariam.
  - Ainda não terminamos – sussurrou ajeitando sua barba falsa.
  - Nem começamos – murmurou ao apertar a campainha e aguardar o guarda se aproximar das enormes grades de bronze.

  Casa Central, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 01:10 p.m.
  Alice massageava suas temporas ao encarar um pequeno envelope sob sua mesa.
  - O que dizia no papel? – questionou cruzando seus braços.
  - Positivo - respondeu a mulher afundando sua face em suas mãos – Eu sinceramente não sei o que fazer, ...
   ficou alguns segundos em silêncio.
  - Você está fodida – disse ele com uma fraca risada.
  - Me diga algo que não sei! – disse ela com a voz risonha.
  - Terá que descobrir quem forneceu a droga para o garoto e então punir, é o lógico...
  - Mas se o ocorrido chegar aos ouvidos dos pais dos alunos, essa escola vai a falência!
  - Não, eu me lembro que quando estudei teve um caso pior que esse, se lembra?
  - Ainda tenho pesadelos com aquele banheiro – disse a mulher se levantando – Tive apoio dos pais da garota, eles era conhecidos na cidade... Mas esses dois...
  - São os forasteiros. – disse interrompendo-a.
  - Sim! Os pais do garoto moram no outro lado do mundo, tem noção disso? Estou de mãos atadas e prestes a me jogar em um rio presa a uma pedra.
  - Você pode jogar a culpa disso a pessoa que revendeu a droga, e você sabe quem tem o potencial a isso – sussurrou .
  - Cordopatri – disse Alice entredentes – Esse filhote de...
  - Olhe o que diz, é o pai dele que banca suas viagens de férias...
  Com um sorriso sacana no rosto fitou a mulher o encarar furiosa.
  - Cale a boca! – exclamou a mulher – Você vai me ajudar a enganar o pai dessa pobre menina.
  - Não vou enganar ninguém! – exclamou.
  - Vai sim! Você me deve alguns favores... – disse Strauser com o indicador na face do rapaz.
  - Eu paguei todos que devia quando foi a passeio á Milão ano passado – respondeu sério.
  - Nunca vai mudar? Preciso da sua ajuda. – questionou a mulher indignada.
  - Sou um homem de negócios, Alice, já fiz muitos favores e foi por causa de um que me fudi, você sabe...
  - Você tinha um enorme potencial, era um dos melhores alunos, veja onde está...
  - Ganho o dobro que qualquer executivo ganha.
  - Você vende o sonho de garotas ingênuas, você é um monstro!
  - E você? – disse com descaso – Acabou de destruir a vida de uma garota com atitudes irresponsáveis.
  - Saia da minha sala! – exclamou a mulher se levantando de sua cadeira – AGORA!
  - Com todo prazer – rosnou se levantando – Mas lembre-se, quem anda com lobos, a uivar aprende.
  - Que bom – disse a mulher de forma cínica – Não é porque trabalha para o Cordopatri que sentirei medo...
  - Apenas cuidado com o que vai dizer aos pais da garota.
  Duas batidas na porta interromperam o dialogo dos dois adultos, ambos se entreolharam e viram a secretaria da diretora abrir a porta vagarosamente.
  - Sra. Strauser? – questionou ela receosa.
  - Diga, Smith! – exclamou a mulher nervosa.
  - O Sr. acabou de chegar, ele quer entrar aqui.
  Alice percorreu em desespero seus olhos até fixá-los em .
  - Estou indo, você acabou de me mandar embora, não é mesmo?
  Strauser engoliu um palavrão ao observar o belo homem sair da sala.
  - Me dê cinco minutos, então peça para ele entrar.
  - Eles. – corrigiu a menina.
  - Como?
  - Além de o irmão dele também veio...
  - ótimo! Espalhe nossos currículos pela cidade, Steph...
  - Sim senhora... – respondeu a menina fechando a porta.
  Alice engoliu cada lágrima que brotou em seus olhos, ela estava desesperada. Ela temia mais sua vida que seu emprego, porque quando se lida com a elite, muitas vezes qualquer falha pode ser fatal.

  Quarto 23, Bloco B, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 01:20 p.m.
  Os olhos de vagavam por todo seu quarto, ela nunca havia se atentado a cor rosada da parede próxima ao armário, talvez sempre que entrasse naquele lugar sentia medo de qual seria a próxima “tortura” que receberia.
  Ela fechou seus olhos e deitou-se na cama que era sua. E se pôs a pensar nos últimos acontecimentos, aos poucos ela se encolheu, abraçando suas pernas e abrindo novamente seus olhos. Nos últimos tempos sentia medo até mesmo do escuro proporcionado pelas suas pálpebras. estava confusa, receosa, morta.
  - ? – exclamou Liz abrindo a porta.
  Instantaneamente a menina se levantou e correu até a porta, abraçando a colega que não via há dois dias.
  - Senti sua falta. – sussurrou com a voz mole.
  - Eu também! – disse a outra retribuindo o abraço – não deixaram eu ir te visitar...
  - Entendo... – resmungou ela se afastando e puxando a menina para dentro de seu quarto.
  - Quer conversar sobre o que houve? – questionou Liz em duvida.
  - Não, quero esquecer isso... Quero lhe contar sobre meu anjo! – disse com um sorriso bobo.
   era um estranho que tinha o poder de por alguns segundos a fazer se esquecer do mundo com suas estúpidas piadas e histórias.
  - Quem? – questionou a falsa ruiva rindo.
  - Meu anjo, ...
  - Ah sim, eu vi ele de longe e meu Deus... – respondeu a outra se jogando na cama – faltou ar.
  - Eu não quero falar da beleza dele, sua anta! E sim da maneira que ele me tratou...
  - E...
  - Ninguém nunca me tratou daquela maneira, digo com atenção, sabe?
  Elizabeth pensou em dizer que qualquer um que presenciasse o que ele presenciou faria o mesmo, mas não queria estragar a felicidade da amiga.
  - Ele mexeu com você?
   assentiu.
  - Não sei explicar, sabe, nem quero perto de mim porque ele... – A menina cessou suas palavras quando percebeu que iria falar demais e deixou as lágrimas que vieram junto saírem – Esqueça...
  Em silêncio Liz segurou a mão da amiga, e a fitou com as mesmas lágrimas nos olhos.
  - Me perdoe... – sussurrou.
  - Por que? – questionou .
  - Prometi que ninguém te machucaria naquela festa, e veja só! – disse a Stewart enxugando suas lágrimas – se eu não tivesse insistido...
  - Você não tem culpa de nada! – exclamou abraçando-a.
  Ambas ficaram alguns minutos abraçadas, Liz se martirizava por não ter cumprido a promessa feita a no dia em que a conheceu e a descendente de latinos agradecia por ter alguém com quem contar...
  - Desculpa interromper. – disse enquanto entrava no quarto.
  - ? – disse limpando as lágrimas.
  - Oi – disse Liz estendendo a mão a rapaz – Sou Liz, prazer...
  - – respondeu o rapaz sorrindo.
  - O que faz aqui? – perguntou .
  - Vim avisar que seu pai chegou.
  - Meu tio, você quer dizer – disse sem empolgação ao imaginar em sua frente.
  - Sim, eles querem te ver.
  - Eles? – indagou Liz confusa – Não seria ele.
  - Seus dois tios vieram, Tony e Elvis.
  Um ponto de interrogação se fez na cabeça de , quem seria Elvis?

  Bloco C, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 01:23p.m.
   e estavam com o olhar fixo na porta do quarto 03, quarto de Mark e Austin, queria saber se sua hipótese era mesmo a verdadeira.
  - Vá até lá e bata na porta! – exclamou exausta.
  Havia algumas horas que estavam parados atrás de um vaso a espera de qualquer movimento que não existiu.
  - Não posso! – respondeu .
  - Você é um medroso! – resmungou a garota se levantando e caminhando rumo a porta.
  - NÃO SOU MEDROSO! – gritou correndo atrás dela – Vai estragar tudo!
  - Você é medroso sim! – disse a menina voltando sua atenção ao garoto - Sempre foge do problema...
  - Apenas não sou de brigas.
  - Mentiroso – disse a menina descrente – Não confia em mim ? Olha onde eu estou! Em frente a porta de um maníaco só para você ter a certeza de que fez merda! Por que você tem medo de algo? Sou sua namorada, mereço saber! – exclamou a menina com as mãos na face do garoto, sussurrando – Eu nunca disse isso a ninguém, mas você me deixa feliz só de me olhar com esses olhos castanhos, eu quero te ajudar!
  - Você não pode me ajudar – respondeu seco – eu não...
  - Você não... – incentivou a menina.
  Então a porta que ambos tanto vigiavam foi aberta, interrompendo a pequena discussão sobre os medos de . E naquele momento o menino teve a certeza que teria que começar a por pontos finais nas histórias que estava entrando.
  - Estou tentando dormir! – resmungou Austin coçando seus cabelos ruivos – Posso, ou o casal quer ter uma discussão em frente ao meu quarto?
  - Cale a boca Austin! – exclamou empurrando-o e entrando no quarto.
  - Zuiker! – disse a acompanhando.
  - Onde acham que estão? – disse Austin sério – Saiam daqui!
  - Quero falar com o Mark – respondeu a garota loira analisando o quarto bagunçado.
  - Eu também. – conclui Austin – Ele está trancado no banheiro desde cedo, tive que ir no quarto ao lado para me esvaziar...
  - E você não foi ver se ele está vivo? – questionou pasmo caminhando até o banheiro. Batendo na porta – Mark! Mark!
  Nenhuma resposta foi ouvida.
  - Era só o que me faltava! – disse choroso. – Empurra a porra da porta Austin!
  - Eu não! Vai que ele...
  - QUEBRE A PORTA AGORA SEU INUTIL! - exclamou .
  Contra a vontade Austin chutou a porta, a abrindo. No mesmo instante um bipe de mensagem foi ouvido do celular de , rapidamente ele o pegou em suas mãos.
  1 nova mensagem.
  Pai.
  “onde você está? Acabei de chegar.”

  - MERDA! – gritou jogando seu telefone no chão – Estou perdido!
   voltou a atenção ao namorado com lágrimas nos olhos, da mesma forma que o ruivo fez.
  - Que porra estão me olhando? – disse nervoso.
  - Acho que Mark não vai poder conversar contigo... – sussurrou Austin.
  Indignado, caminhou até a porta do banheiro e se deparou com o garoto desmaiado no chão com várias caixas de remédios próximas a sua mão. Em desespero o menino se direcionou ao corpo do outro o tocando e então percebeu a pele fria.
  - Mark, acorda! Mark! – gritava em vão prestes a chorar – Porra, Mark...
  - Ele se matou? - questionou Austin em choque – QUE MERDA ESTÁ ACONTECENDO?
  - O apocalipse. – murmurou abraçando a si mesma com os olhos fixos no corpo do oriental.

15.

Heaven Knows

  Bloco C, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 01:33p.m.
   tinha seus olhos fixos em Mark. Como ele deixou as coisas saírem de seu controle desta maneira?
  - O que vamos fazer? – questionou chorando – ele se...
  - Dude... – resmungou Austin encostando seu rosto na parede para esconder as lágrimas.
   pensou em sair correndo daquele lugar, fugir e nunca mais aparecer, como sempre fazia quando era menor e surgia problemas. Mas sua consciência estava segurando uma enorme bigorna, e ele teria que arcar com as consequências de seus jogos estúpidos, e ter a atitude que nunca teve em sua vida.
  - Falar com a diretora, não podemos deixar ele aqui e outra sabemos como ele é, era... – resmungou se referindo a Mark – Ele não deve ter suportado o que fez e resolveu as coisas da sua maneira...
  - ELE SE MATOU! – gritou – E você está calmo! Isso é culpa sua! SUA!
  - EU SEI, CARALHO! – exclamou – Eu queria fazer o mesmo que ele fez!
  - O que você fez, ? – questionou Austin.
  - Achei que poderia ser traficante.
  - O que?
  Sem pensar virou as costas, enxugou as lágrimas que caiam de seus olhos e com os passos firmes saiu daquele quarto. Só tinha uma pessoa que poderia ajudá-lo.

  Diretoria Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 01:23p.m.
  O som do frenético bater dos pés de Alice dominavam o ambiente. Ela fitava angustiada os castanhos olhos de Tony e os mistérios de , que atendia por Elvis Cartman.
  - Ainda não entendi como que uma pessoa da classe da senhora permite algo em uma escola dessas... – disse com seu sotaque carregado.
  - Ouça, Sr. Cartman, as coisas as vezes saem do controle, me responsabilizo pelo que aconteceu e o garoto em questão será deportado.
  - Ele não é americano? – questionou .
  A mulher negou, enquanto pegava o mesmo papel que fitara angustiada há alguns minutos.
  - Fizemos testes toxicológicos em ambos e concluímos que estava limpa, mas o menino não.
  - O que quer dizer com isso? – perguntou coçando sua barba.
  - Ele estava sob efeito de cocaína.
  - COMO VOCÊ PERMITE DROGAS A ADOLESCENTES? – explodiu .
  Juan sentiu uma enorme raiva, o que dá o sustento a ele e sua família foi o motivo de sua pequena menina se ferir.
  - Peço que se controle Sr. Cartman. – disse a mulher se encolhendo – Como eu disse não posso controlar...
  - Eu não pago uma fortuna para a minha filha estudar em uma escola em que adolescentes que fumam com mais facilidade que na Holanda! – exclamou novamente, que foi contido com um cutucão de .
  Alice arqueou sua sobrancelha ao ouvir a frase.
  - Ela é sua filha ou sobrinha? – questionou a mulher a “Elvis”
  - Não posso chamar minha sobrinha de filha?
  - Apenas...
  - Cala sua boca imunda e ouça – disse – Preste bem atenção, quero ver minha filha se ela se queixar de algo mais, além dessa tragédia, você está perdida.
  Nunca em toda sua vida acadêmica Alice sentiu o frio que percorreu em sua espinha no momento em que os olhos daquele homem a encarou. Ela sentiu sua vida passar por seus olhos e concluiu que Cordopatri seria o menor de seus problemas, porque ela não virou atendente no Mc Donalds?
  - Sra. Strauser – disse rompendo o silêncio – Perdoe a agressividade de meu irmão...
  - Isso me soou como uma ameaça, Sr. .
  - Se chamar a policia para me denunciar, te denuncio por consentimento e apologia ao consumo de produtos ilícitos, e ainda por omissão de socorro a garota.
  Alice engoliu em seco, geralmente os pais negociavam com ela como uma história não sair dos portões de bronze da instituição.
  - Chega! – exclamou – Elvis, fique quieto!
   nervoso, se levantou de sua cadeira e encarou a mulher que se encontrava imóvel.
  - Onde está a menina?
  Em um movimento rápido Strauser pegou seu telefone e discou para Steph, sua secretaria.
  - Peça para a Cartman ir até a sala de encontros.
  Ao desligar o telefone, ela se levantou dizendo:
  - Peço que a encontre na sala, peça a Srta Smith que ela lhe conduzirá até ela.
  - Quero privacidade com ela.
  - Ninguém irá incomodá-los.
  Assentindo, se retirou da sala, ele precisava ver sua menina.

   Sala de encontros, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 01:33p.m.
   encarava abismada a perfeição da pintura que se assemelhava a de Michelangelo na capela Sistina, distraída encarava a pintura acima de sua cabeça ansiosa para ver qual capacho trouxera consigo e desejando ser perfeita como uma pintura.
  O barulho no trinco da porta tirou sua atenção da obra prima, a fazendo fitar curiosa o homem que usava vestes negras e barba se aproximar, assim que o mesmo trancara a porta, o coração de se apertou, e se acontecesse de novo?
  Suas expectativas caíram por água quando viu o rosto que se escondia por de trás daquela barba, que fora retirada.
  Um sorriso brotou em ambos os rostos.
   se levantou desajeitada e correu em direção aos braços do pai que a esperava de braços abertos.
  Aquela cena nunca havia acontecido, era a primeira vez que os dois se abraçavam sem segundas intenções, seja elas para conseguir um novo aparelho eletrônico ou para contar que ele iria para a França e ela não... Era a primeira vez que ambos se abraçavam com o mais singelo sentimento que um pai abraça um filho, com amor talvez.
  Ao se encaixar nos braços de seu pai, pode sentir o perfume que nunca lhe apeteceu, mas naquele instante parecia o melhor. beijou a testa da filha e envolveu suas mãos na face dela dizendo:
  - Me desculpe...
  Com os olhos mareados a menina assentiu, abraçando-o novamente, sussurrando:
  - Eu o perdoo, perdoo por ser um fora da lei e por ter me colocado nesta prisão...
   sorriu ao ouvir o substantivo pelo qual sua filha o chamara.
  - Não apenas por isso, mas por eu não ser um bom pai.
   o fitou, tudo que ela desejava era voltar no tempo e impedir sua vinda Nova Iorque, que em seus sonhos seria o paraíso, mas se revelou um verdadeiro inferno.
  - Você tinha outras prioridades – resmungou ela.
  - Podemos recomeçar? – questionou .
  Sem responder o abraçou, e como uma criança, a pegou em seu colo. A menina colocou sua cabeça nos ombros do pai dizendo:
  - Nunca me pegou no colo... Sempre fora que me pegava quando eu dava escândalo – sussurrou ela.
  - Estamos recomeçando, certo?
  - Sim – disse ela rindo, beijando-o na bochecha – dizia que não podia vir a NY...
  - Por isso eu estava de barba, tenho problemas aqui, que resolverei...
  - Sempre os negócios...
  - Resolverei depois querida, depois...
  - Sei – disse ela rindo fraco descendo do colo de seu pai – Há coisas que não podemos mudar, pai.
  - Podemos tentar.
  - Não, acho que descobri da pior forma que sou como você...
  - O que quer dizer com isso?
  - Sou egoísta, não ligo para o que os outros sentem, acredito que o mundo tem que me servir...
  - Você não é assim – disse a fitando.
  - Eu sou – sussurrou ela não contendo suas lágrimas – eu que causei essa bola de neve, eu isso tudo é minha culpa! Se eu não tivesse...
  - O que você fez? – questionou Juan em choque.
  - Eu nasci. – conclui mordendo seus lábios – Machuquei quem eu amava, machuquei a mim mesma!
  -Filha – disse se aproximando de , que o afastou.
  - Sou um monstro! Tudo o que me aconteceu foi um castigo...
  - Não diga isso, o que aconteceu?
  - não lhe contou? – questionou a garota limpando suas lágrimas. Negou - Então pergunte a ele... Desculpe, pai.
  Dito isso, se retirou da sala, tropeçando em seus pés. Ela queria ficar sozinha. E ao observá-la se distanciar chegou a conclusão sobre a discussão que tivera com antes de chegar a escola, ele não conhecia sua própria cria.

   Campo de futebol, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 01:40 p.m.
   estava acendendo seu quinto cigarro consecutivo. Ele estava ansioso.
  Angustiado passou suas mãos por seus cabelos, bagunçando-os, e então esticou seu corpo sob a arquibancada vazia que estava sentado observando seu celular, havia acabado de conversar com seu pai, teria um fim de semana com a família, pois precisaria contar algumas novidades.   Um tragada.
  Fechou seus olhos, pensando na reação de seu pai ao contar que é filha do traficante de merda que é odiado por ele, um sorriso se formou em sua face o que resultou em uma baforada seguida de uma longa risada.
  Finalmente seu caminho estaria livre, sem a vadia mexicana, apelido que deu a garota.
  Segunda tragada.
  Abriu seus olhos e fitou distante se aproximando.
  Arqueando sua sobrancelha, colocou a fumaça para fora, levantando-se, dando uma longa tragada e jogando no chão metade do cigarro.
  - Conversou com Mark? – questionou aos berros enquanto se aproximava do amigo que se manteve em silêncio, apenas gesticulou a necessidade de ter em mãos um de seus cigarros.
  Assim, o garoto de olhos claros retirou do bolso de seu desbotado moletom do Muse uma caixa e estendeu ao amigo que estava agora a sua frente. Ao colocar o cigarro na boca, o acendeu para que primeiro deu uma longa e demorada tragada.
  - Desembucha! – disse o italiano sem paciência.
  - Mark se matou.
  - O que? – disse em um grito.
  - Ele morreu! – gritou em pânico tragando novamente o cigarro.
  - Ok, mas onde?
  - No quarto dele, no banheiro...
  - Você viu?
   apenas assentiu colocando suas mãos entre sua cabeça e sentando-se, gesto repetido pelo outro.
  - caralho – soltou – não vamos receber aquela merda...
  - Você está pensando em dinheiro? – exclamou abismado – Estamos ferrados, !
  - Não, é só jogar a culpa em alguém...
  - Não você não está entendendo. Meu pai está aqui, sabe o que significa isso?
   se calou e sentiu pena do amigo.
  - acho que sei...
  - Não sei o que fazer! Ele vai me matar!
  - Talvez não... – resmungou com um sorriso travesso no rosto.
  - Como não?
  - Ouça, sei quem podemos incriminar...
  - Não quero culpar outra pessoa...
  - Ouça! – exclamou sempre anda conosco, podemos dizer que ela influenciou nós a vendermos minhas drogas...
  - ‘Tá louco? – disse em choque.
  - Não, pense, não vai se importar... Nem ia contar a você, mas implantei umas provas nas coisas dela...
  - Você o que? – questionou se levantando – Ela tem nada haver com isso!
  - Então você quer que seu pai saiba que foi você que armou o esquema de vendas e te mate?
   fitou o chão confuso, ele queria assumir seus erros, mas era tentador jogar a culpa em outra.
  - Não...
  - Então! – disse rindo – diga que foi coagido pela sua namorada... Se você não vendesse não transaria com ela...
  - Isso é nojento, man.
  - O que?
  - Vão achar que me vendo por pouco...
  - É encenação, querido!
  - Mas...
  - Entenda, apenas eu consigo te tirar das enroscadas, quanto ao falecido, tire de sua consciência que você o matou ou que você influenciou ele a estuprar ....
  - Isso é impossível...
  - Tenho apenas uma coisa a te dizer – disse sério – Tome consciência que até Deus sabe que nosso lugar é bem lá embaixo, sacas?
  - Eu sou um puto. – conclui .
   apenas assentindo rindo, abraçando o amigo de lado.
  - Estamos juntos nessa dude...
  - ...
  - o que?
  - Eu não sou gay.
Rindo Cordopatri deu um leve soco no ombro do amigo e se levantou.
  - Onde vai?
  - Por um ponto final em tudo, meu pai quer jantar comigo hoje...
  - Seu pai? Jantar? – questionou receoso – estava certa...
  - O que a vadia oxigenada disse?
  - Que estamos vivendo o apocalipse.
  - Idiota, meu irmão e minha mãe chegam hoje de Milão, ele quer reunir a família.
  - Então vai ficar fora esse final de semana?
  - Sim, promete não sentir minha falta?
  - Soltarei fogos de artifício.
  - Estupido – resmungou caminhando – Não se esqueça, o influenciou...
  Com um sinal positivo, observou seu amigo se distanciar. E teve uma certeza em sua mente, ele não iria mais para o céu.

16.

We Down Below

  Diretoria, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 03:30 p.m.
  Alice se encontrava em seu quarto copo de uísque. Havia duas horas que acabara de receber a noticia de que um dos seus alunos teria se suicidado, o aluno?
  Aquele que ela planeja deportar vivo, vivo...
  - Meu erro foi querer estudar – lamuriou a mulher enquanto virava o copo – Devia ter virado atendente, pelo menos o único perigo que iria correr seria ser queimada pela gordura das batatas fritas...
  Então uma frenética batida na porta a tirou de suas lamentações.
  - Sra. Strauser? – questionou a secretária entrando na sala.
  - Diga Stephanie! – exclamou a mulher – quem mais morreu?
  - Ninguém, mas...
  - O que? – questionou ingerindo a bebida.
  - O embaixador do Japão está no telefone e quer conversar com a senhora...
  - Eita Porra! – exclamou enquanto cuspia o líquido no chão – Diga que não posso falar...
  - Ele disse que ou fala com ele ou ele vai até a CNN...
  - Merda! – exclamou a mulher – Fale no meu lugar.
  - O que? – questionou a mulher arregalando os olhos - ele vai reconhecer a voz.
  - Faça uma voz rabugenta de alguém que não dá a bastante tempo e está prestes a ser morta pela Yakuza.
  - Senhora...
  - Ande logo!
  - E se ele me questionar...
  - responda qualquer bosta! Estamos na lama já...
  Assentindo a mulher se retirou.
  Ao ouvir o estrondo da porta sendo fechada, Alice se pos a chorar ao concluir que estava perdida.

   Quarto 13, Bloco C, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 03:40 p.m.
  Os dedos de se encontravam inquietos, seus olhos vagavam dos de seu pai para os de .
  - Então... – estimulou – Não vai nos contar o que houve, realmente?
   abriu e fechou a boca várias vezes, se ele contasse toda a verdade certamente amanheceria como Mark, mas se entrasse no plano de , quem sabe se safasse...
  - Meu pai lhe contou tudo? – questionou coçando sua nuca.
  - Sim, sobre a traição, seu romance com e sobre sua tarde de drogas... Confesso que me senti um corno ao ser o último a saber de tudo...
  - Enfim... – interrompeu pai – Você tem algo haver com tudo isso?
  - Confesso que senti uma enorme raiva de , pelo que ela me fez, ela simplesmente pisou em meus sentimentos...
  - Sem frases mariquinhas, por favor – cortou Juan – Vá ao ponto.
  - Ok – disse sem vontade – Eu me comecei a namorar uma menina que não gostava muito e vice versa, ela começou a sofrer xenofobia devido a se assemelhar com latinos e...
  - E você não fez nada seu monte de merda? – exclamou esmurrando a mesa de estudos a qual estava sentado.
  - Não, como eu disse eu queria vingança, mas as coisas saíram do controle...
  - Você ,mandou o cara pegar ela? – questionou pasmo.
  - NÃO! - gritou - isso foi um incidente, juro!
  - Ele estava drogado, cocaína... – disse se levantando e se agachando na frente de , fitando – sabe o que é isso?
  - Como eu dizia – disse com a voz tremula – Minha namorada ela me incentivou a vender as drogas do meu colega de quarto.
  - O QUE? – questionaram os dois ao mesmo tempo.
  - Seu colega de quarto possui drogas?
  - Ele é viciado, o pai dele sustenta quase toda a escola para a diretora não encanar com o pó dele – despejou .
  - Qual o nome desse cretino? – questionou – Onde ele está?
  - poupou em não dizer o sobrenome de seu amigo, pois saberia o estrago que causaria aquele ambiente – Ele foi visitar a família.
  Anthony levou suas mãos a face, e observou seu filho.
  - Nunca achei que o veria nessa situação, .
  - Foi nesse mundo que cresci pai, queria o que? Que fosse algum nerd do Vale?
  - Sim – afirmou .
  - Então você vendeu as drogas ao rapaz que mexeu com ? – questionou .
  - É – resmungou fitando seu adidas em seus pés – foi isso.
  - Meu Deus – choramingou – Quantas vezes conversei com você?
  - Muitas – respondeu o garoto – Ouça pai! Se isso aconteceu foi algo que nunca planejei, nunca imaginei que aquele cara...
  - E esse maldito, que comprou, onde ele está? – questionou .
  - Talvez no purgatório, se não fez passagem direta para o inferno – resmungou filho.
  - O matou? – perguntou Juan com os olhos arregalados.
  - Ele se suicidou, o encontrei a poucas horas no banheiro do quarto dele...
  Os dois homens se entreolharam em silêncio, até o romper, sentando-se ao lado do garoto.
  - , você fez a pior burrada de sua vida.
  - Eu sei. – resmungou o menino encarando-o.
  - Agora não tem mais volta, você infelizmente, é um traficante.
  - O que? – questionou o garoto confuso.
  - Não diga isso, Juan! Ele pode ter uma vida ainda – interrompeu Anthony.
  - Quando nos tornamos traficantes, visamos apenas a grana, não pensamos em consequências, você perdeu um cliente, prejudicou minha filha e está inteiro, sem um dano. Provavelmente está escondendo coisas ainda, mas preste atenção, agora é com você.
  - Padrinho, quer que trabalhe com você? – questionou o menino ainda confuso.
  - Não, seria um pesadelo para seu pai – respondeu ele sério – Por isso vou propor um acordo.
  - Que acordo? – questionou ...
  - Você termina o ensino médio, sem se meter em encrencas. E então...
  - O que? – perguntou curioso
  – Você vai fazer uma faculdade, o curso que quiser, fora do país – concluiu – Longe de qualquer substancia química, você é meu afilhado e quero-o fora deste mundo.
  - Não, eu não vou fazer faculdade fora, pai?
   se manteve em silencio.
  - Ouça, é essa vida que quer? Essa vida de culpa? Saia dessa antes que seja tarde.
  - Eu gosto desse mundo – disse – Minha vida inteira me escondi por que meu pai queria que eu fosse um gênio!
  - E você é! Viu o que fez? Você não tem ideia das consequências que um ato causa nesse mundo...
  - Não podem me controlar.
  - Podemos – respondeu Tony pela primeira vez – Se fazer isso, eu mesmo me encarrego de manter alguém no seu calcanhar.
   gargalhou.
  - Ótimo, façam isso. Vão se arrepender...
  Furioso com o escárnio do menino o segurou pelo braço e disse o fitando.
  - Veremos, se não tomar um rumo esqueça que sou seu padrinho.
  - Então esquecerei, vocês não podem mandar em mim! – exclamou .
   estava louco, toda aquela tensão acendeu nele a necessidade de fumar, ele queria um cigarro. Mas sabia que não poderia pedir a nenhum deles.
  - Certo, não mandaremos, quer se foder, se foda! Mas lembre-se um bom traficante não usa seu próprio produto. – concluiu Juan ao sair do quarto o deixando sozinho com seu pai.
   fitava seu filho com desprezo, nunca imaginou que o veria nessa situação.
  - Que Deus esteja contigo meu filho – sussurrou saindo do quarto o deixando.   Furioso socou a parede.
  Ele estava perdido, literalmente.

   Quarto 23, Bloco B, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 03:47 p.m.
   tinha seu olhar focado em que o encarava boquiaberta.
  - Aquele menino... Ele se matou? – questionou a menina ainda em choque com a noticia.
  - Sim, foi o que me disse...
  - ? – questionou a menina perplexa.
  - Sim, ela é minha sobrinha... – respondeu temendo a atitude que a menina teria.
   continuou em silêncio, ela se sentiu traída, o cara que ela acreditava que seria sua salvação era o tio de sua inimiga.
  - Porque não me disse? – perguntou ela chateada.
  - Achei que ficaria dessa forma...
  - Chateada? – indagou ela – Veja só, adivinhou.
  - Ouça , eu não contei nada a ela sobre o que conversamos...
  - Mesmo assim! Eu confiei em você, eu desabafei com você...
  Ele colocou uma mecha do cabelo da menina atrás de sua orelha e a fitou com seus profundos olhos claros.
  - Não sou como ela...
   desviou seu olhar.
  - Se quiser pode me mandar embora, neste instante, mas saiba que irei cumprir minha promessa.
  A menina se levantou e caminhou até a porta de seu quarto, a abrindo.
  - Vou mostrar que você não é lixo que pensa que é – concluiu enquanto a seguia, segurando em sua mão – Eu não sou a , eu gosto de você...
  - Você sente pena de mim – disse com os olhos presos ao carpete – Somente isso.
  - Eu sinto que não – sussurrou ele erguendo o queixo dela encarando os amendoados olhos da menina.
  - Por favor, saia – disse com a voz mole.
  Em silêncio ele saiu do quarto, deixando-a sozinha com seus pensamentos.
  O que afinal ele queria com ela?
  Ao fechar a porta girou seu corpo e o guiou até a janela, e pensou na conversa que tivera com seu pai. Será que ele queria mesmo recomeçar? Ou apenas todos estavam sendo bonzinhos com ela pelo fato de estar passando por um momento difícil?
  Então o grito de do lado de fora do quarto a tirou de seus pensamentos.
  - EU O QUÊ? – exclamava a loira.
   não conseguia ouvir a resposta da outra pessoa que falava com ela, então sorrateiramente caminhou até a porta colocando seu ouvido sob a mesma.
  -... Você será expulsa. – disse uma voz feminina que a menina de cabelos castanhos não conseguiu reconhecer.
  - Por qual motivo? – questionou com a voz chorosa.
  - Encontraram algumas coisas proibidas no seu quarto...
  - São daquela garota! Não meus! – gritou a loira.
  - Preste atenção Zuiker, a Sra. Strauser não está em condições de conversar contigo, mas me mandou aqui para informar...
  - Que serei expulsa? – disse aos prantos – Cade meu tio? Onde ele está?
  - Eu o vi saindo de seu quarto à alguns minutos, creio que... !
   imaginou que a garota saira correndo deixando-a falando sozinho.
  Então um pequeno sorriso se formou em seu rosto, ela seria expulsa...
   não pode conter uma momentânea felicidade que pode sentir, mas uma dúvida se instaurou em sua mente. O que será que encontraram nas coisas de sua colega de quarto?

  Jardins, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 22/10/2011 03:59 p.m.
  Os olhos azuis de estavam transbordando, lágrimas escorriam sem permissão. Ela estava confusa, e principalmente com medo. Tudo o que queria naquele instante era o abraço e confiança de seu tio, ou até mesmo a presença mórbida de seu namorado, mas todos haviam sumido restando apenas ela e aquele imenso jardim, o qual correra a fim de fugir de Stephanie, a secretaria e por hora responsável pelo que estava acontecendo, já que o vice- diretor estava de férias no Hawaii e a diretora estava longe da sobriedade, ela não poderia ser expulsa de um lugar que se tornara sua segunda casa, isso se não era a primeira. Ela não tinha motivos para ser expulsa, possuia notas regulares, os professores gostavam dela...
  Cansada, ela se sentou no gramado levando suas mãos até sua cabeça e desalinhando seus cabelos, soltou uma exclamação.
  Angustiada pegou seu telefone celular e digitou uma mensagem a .
  “Preciso de você. Onde esta? xxV”
  Enviar.
  Depois de alguns segundos sua mensagem foi respondida.
  “O que houve? Estou com meu pai... xx”
   se negou a responder, no que ela havia se metido? O que tinha na cabeça quando se juntou aqueles dois garotos bonitos, ela sempre conheceu e sua conduta, mas ... Ele parecia ser diferente.
  - ! – exclamou Steph sem fôlego se aproximando.
  - Me deixe! – gritou a menina em resposta se levantando.
  - Precisamos conversar!
  - Afinal, apenas acharam drogas nas minhas coisas, pois elas eu confirmo, eu as vezes...
  - Não, achamos outra coisa, recebemos uma denuncia de que você esteve no quarto de Mark...
  - Sim – disse ela confusa – Eu, e Austin o vimos...
  - Não – interrompeu a mulher – Ouça, se contar a verdade será melhor.
  - Mas eu estou falando a verdade! – disse pasma.
  - Ouça, peço que amanhã pela manhã vá até a diretoria, precisamos resolver isso. Pedi urgência a criminalística, e até amanhã eles me entregam o resultado...
  - Mark se matou! – exclamou Zuiker – eu vi todos os remédios na mão dele, eu...
  - Srta. Zuiker, peço que entre em contato com seu tio e que providencie um advogado.
  - O QUE?
  - Encontramos veneno nas suas coisas, e creio que essa foi a verdadeira morte de Mark.   Um buraco se abriu embaixo dos pés de , ela estava perdida, e ela tinha certeza de que era inocente, ela não fizera nada! Alguém estava querendo a ver mal, mas quem teria a capacidade de matar outra pessoa?
  - Eu... Não... – balbuciou se sentando no chão – EU NÃO FIZ NADA, JURO!   - Nos vemos amanhã, os pais do garoto estão a caminho...
  Friamente Steph virou as costas, deixando a garota sozinha.
  Então, ela se deitou no gramado, e levou suas mãos a sua face, descrente das coisas que aconteceram em menos de vinte minutos.
  Talvez se ela fechasse e abrisse os olhos perceberia que tudo era apenas um pesadelo.   Contudo, ao efetuar tal ação, percebeu que a realidade era a mesma.
  - Como que isso tudo aconteceu? – murmurou ela a si mesma.

17.

To Be Torn

  Cobertura dos Cordopatri, NY, 22/10/2011 07:20 p.m
  Lentamente cruzou as enormes portas de sua antiga casa, seus olhos percorreram todo o hall principal, discretamente retirou seu moletom e o colocou sob a pequena poltrona que costumava se sentar, e então alisou a camiseta preta que usava. Seu pai o encarava em silencio. Fazia tempo que não observava seu filho, e então a voz estrondosa de sua esposa o tirou de seus pensamentos.
  - Olá! – exclamou a bela mulher ajeitando seu longo vestido vermelho que delineava seu corpo – Há quanto tempo, filho...
  - Ainda lembra que eu existo? – questionou o garoto com ironia.
  - Não fale desta maneira com sua mãe.- disse Giuseppe seco.
  Ele ajeitou seu terno e caminhou em direção a sua esposa que descia as escadas, o garoto copiou a atitude de seu pai e foi em direção a sua mãe.
  - Você que me ignorou querido – respondeu Sophia se aproximando de – Fiquei triste que não foi morar conosco...
   as vezes não se sentia bem quando sua mãe tentava se aproximar, a relação de ambos era estranha...
  - Soube dos imprevistos, meu namorado sofreu um atentado, entrei em depressão...
  - Você sempre foi chorão – resmungou seu pai enquanto colocava bebida em seu copo.
  - Pepe! – advertiu a mulher de vermelho – Não fale assim com seu filho...
  - Eu sou um mariquinha, estou acostumado – respondeu o menino se direcionando a seu pai – Preciso conversar contigo...
  Cordopatri fixou seu olhar nos verdes da única pessoa do sexo feminino daquela sala, mas teve seu contato visual quebrado no momento em que ouviram uma exclamação vinda da cozinha.
  - Irmãozinho! – disse um rapaz vestido apenas com uma calça moletom cinza, com um contagiante sorriso se aproximou, abraçando .
  - Adam! – exclamou o outro com a mesma felicidade – Vejo que a Italia tem lhe feito bem...
  - Dei uma mudada – disse galante enquanto passava as mãos por seus cabelos loiros artificialmente que evidenciavam mais ainda seus grandes olhos azuis – Como que está?
  Christian disse que estava na sua escola...
  - Eu não cheguei a vê-lo, mas comentou...
  Adam balançou sua cabeça de forma estranha e fitou com atenção a abatida face de seu irmão.
  - Você está bem? – questionou. – Pai, o ele...
  - É um drogado... – cortou Cordopatri – Vista uma camisa e vamos comer, estou com fome...
  A expressão de felicidade de Adam foi alterada instantaneamente para raiva, ele não se conformava com o fato de seu pai não ligar para seu irmão mais, e de principalmente tratá-lo como se fosse a doença da família.
  - Antes preciso trocar uma palavrinhas com o Sr. Cordopatri. – indagou o rapaz loiro cruzando os braços.
  - Por favor! – exclamou Sophia – Não podemos ter uma reunião em paz?
  - Suba no meu escritório, mas antes vista algo... – respondeu Cordopatri cansado.
  Assentindo, Adam pegou o moletom de que estava sob a poltrona e o vestiu, seguindo o pai que subia as escadas lentamente.
  E então uma estranha sensação de rejeição foi sentida pelo caçula, seu pai nunca lhe deu a verdadeira importância, justo agora que ele tinha o que ele mais queria, o paradeiro da filha de seu rival, ele o tratava como um lixo...
  - Vou no meu quarto tomar um banho... – resmungou .
  - Não quer me ajudar a por ordem na cozinha? – questionou Sophia dando uma leve batida de palmas.
  - Não, mãe. – respondeu sem graça rumando até seu antigo quarto.   Ele não iria tomar banho.

  Os olhos de Adam nunca estiveram tão furiosos, ele discordava da a ignorância de seus pais para a vida em que estava levando, estava revoltado com o fato de ambos fecharem os olhos para algo que era claramente errado. Ele queria ajudar o irmão, mas sabia que seu pai era talvez a pior pessoa que se poderia conviver, e contar para tal objetivo. E cansado se pôs a despejar tudo o que pensava, assim que ouviu o som da porta sendo trancada.
  - VOCÊ É UM PORCO! – cuspiu o jovem.
  - Olhe como fala comigo! – exclamou Cordopatri segurando o filho pelo braço.
  - Me solta! – revidou retirando a mão dele – Quem disse que você poderia ser pai?
  Cordopatri desviou seu olhos e deu as costas ao filho.
  - Você tenta estragar a felicidade de seu filho!
  - Eu não...
  - SIM! Nunca suportou a ideia de ser gay e por isso o deixa jogado as traças se drogando, nunca deixou eu colocar um cigarro na boca, e ele? Esse moletom está com um cheiro insuportável de nicotina!
  - Ele é a ovelha negra, não é meu filho! – exclamou Cordopatri batendo sua mão contra a mesa – ELE NÃO É MEU FILHO!
  Adam encarava pasmo seu pai.
  - Isso é ridículo –respondeu – Sophia que tinha o direito de destratá-lo, e exclamar isso, mas você? NUNCA!
  Cordopatri abaixou novamente sua cabeça.
  - Tenho nojo de você, de te chamar de pai, de carregar seu sobrenome...
  - Não cuspa no prato onde comeu – murmurou o homem.
  - Vou direto ao ponto – disse Adam por fim – Quero que conte a verdade a .
  - Que verdade? Que ele é filho de uma prostituta suicida?
  - Não, que foi você que o colocou nessa lama, que foi você que ordenou o atentado contra Jason.

  Para mais emoção, ponha para tocar :)

  No mesmo instante, do outro lado da enorme porta de madeira estava o garoto em questão.
  As lágrimas de ódio escorriam por seu rosto, e naquele momento tudo fez mais sentido em sua mente. Ele era o fruto de uma traição, por isso sempre fora rejeitado.
  Um nó se formou em sua garganta quando ouviu que o seu pai destruira todos seus sonhos e principalmente pôs fim a uma das únicas coisas que o fizera bem em toda sua vida.
  Sem pensar em futuras consequências, invadiu o escritório, sua face estava tomada pela dor, suas mãos estavam cerradas e em silêncio correu em direção a Giuseppe o derrubando.
  - ? – questionou Adam assustado.
  - SEU PUTO! DESGRAÇADO, FOI VOCÊ? – gritava o garoto enquanto tinha suas mãos presas no pescoço do mais velho.
  - Saia de cima dele! – exclamava Adam enquanto sem sucesso tentava retirá-lo.
  - F...foi – sussurrou Cordopatri quase sem ar.
  - Desgraçado! - sussurrou chorando – Eu amava ele!
  - SAI DE CIMA DELE! - gritou Adam, o que fez seu irmão se levantar.
  Cambaleante, tudo o que o caçula queria era causar no seu pai a dor que o mesmo causara nele, ele queria vê-lo chorar, sofrer...
  E então caminhou para atrás da mesa de seu pai, puxando a segunda gaveta, e retirando a arma de reserva que sempre fora mantida em segredo, ou quase.
  - Por que? – questionou o garoto enquanto apontava a arma para seu irmão.
  - Você é uma vergonha! – exclamou Cordopatri – Solte essa arma.
  - Você vai sentir tudo o que me fez passar! – exclamou o menino descontrolado.
  - , abaixa essa arma – sussurrou Adam receoso.
  - Eu sou um filho de uma puta, literalmente - disse ele rindo – correto?
  - Filho... – tentou acalmá-lo sem sucesso Pepe.
  - Não me chame assim! O que acha de perder seu preferido? – questionou prestes a apertar o gatilho.
  - ! Por favor – exclamou Adam.
  - Me perdoe Adam...
  Em um rápido movimento puxou o gatilho.
  Seus olhos se fecharam.
  Giuseppe pulou na frente de seu primogênito.
  Um grito de Adam fora ouvido.
   abriu seus olhos e se deparou com as mãos ensanguentadas de seu irmão.
  Seu pai estava ofegante no chão com sua antes branca camisa, coberta por uma mancha vermelha da altura de seu coração.
   não conseguia ouvir nada, apenas observava os lábios de seu irmão se movimentarem.
  Ele jogou a arma no chão.
  E saiu as pressas da sala descrente do que acabara de fazer.
  Ele havia matado seu pai, a pessoa que deveria ser seu melhor amigo, mas na verdade se demonstrou seu pior inimigo.
  Enquanto corria assustado, se deparou com Sophia que o encarou assustada.
  Novamente ele não ouviu nada apenas pode ver a boca dela se mexer, ela o segurou.
  Fora de si, ele a empurrou e continuou sua corrida.
  - VOLTE AQUI! – exclamou Adam correndo atrás dele.
  - GIUSEPPE! – gritou Sophia ao entrar no escritório.
   estava a alguns metros da porta de saída, foi nesse momento em que quase sem ar, viu Jason a sua frente.
  Ele congelou seus passos.
  “Por que fez isso, amor?” a voz do falecido ecoou por sua mente.
  - Por você! – exclamou ele aos prantos.
  “O que fez com o doce ?” questionou novamente.
  - Ele morreu junto com você – sussurrou.
  E então caiu sob seus joelhos, e sentiu algo puxar e antes que se desse conta do que era um soco foi deferido em seu rosto.
  - Que merda você fez? Eu ia te ajudar! – gritava Adam – Você matou meu pai!
  - Ele me matou primeiro! – gritou o outro.
  - EU vou entregar você... – sussurrou o mais velho – Você está louco, LOUCO!
   se silenciou, e pode ver alguns empregados fitarem a cena confusos e assustados e então pode ouvir um deles dizer que a policia estava a caminho com a ambulancia.
  - Você o que? – disse se levantando.
  - Vou te entregar aos homens de azul.
  - Você não...
  - Tu matou o papai – disse Adam chorando – Você ia atirar em mim!
  - Eu...
  - Sempre te amei , sempre.
  - Só te peço uma coisa, não me entregue, por favor!
  - Semeie ventos e colherá tempestades. – murmurou o loiro segurando-o.
  Logo se pode ouvir o barulho das sirenes se aproximando, os gritos de Sophia causavam arrepios, e principalmente dor a todos.
  Então cerrou seus olhos com um questionamento único.

Oh Deus, e agora?

18.

The End is Unknow

  Diretoria, Cabrinis Institute, arredores de NY, 23/10/2011 09:58 p.m.
   encarava seus sapatos vermelhos com os olhos um pouco inchados, passara a noite inteira em seu banheiro chorando.
  Haviam armado para ela, e disso tinha certeza.
  E a garota não conseguir entender o motivo de terem colocado-a nessa enrascada. Ao seu lado estava com os olhos fixos na perdida face da sobrinha, ele se negava a acreditar no que a garota estava sendo acusada.
  - Você não fez nada, não é? – questionou em um quase inaudível sussurro.
   apenas negou, e então recuperou sua postura, encarando-o.
  - Então a verdade vai aparecer. – disse o homem com um sorriso torto no rosto ao segurar as mãos da menina, que a retirou imediatamente.
  - Tudo isso é karma? – perguntou Zuiker ao sentir uma pequena lágrima escorrer.
   deu de ombros e passou seu dedo pelo tosto da menina, secando-o.
  - Tenha fé, sei que não faria isso...
  - Eu apenas...
  Novamente, ela levou as mãos ao seu rosto e o escondeu. estava envergonhada.   E então a porta em que ambos esperavam ansiosos, foi aberta e o corpo de Stephanie se colocou para fora, e fitou ambos gesticulando para entrarem.
  Com um mórbido andar, a garota e seu tio se direcionaram para a sala da diretora, se deparando com a mesma sentada em sua mesa com a expressão abatida.
  - Vou direto ao ponto – disse Alice assim que todos se sentaram – A criminalística fez um rápido exame no corpo de Mark, e foi confirmado o envenenamento.
  O coração de parou de bater por alguns segundos.
  - O mesmo encontrado em seu quarto – concluiu Strauser – Por que fez isso ?
  A menina se manteve calada, observando a expressão curiosa de todos os adultos, ela queria sair correndo exclamando sua inocência, mas não poderia.
  - Eu não fiz isso – sussurrou com a voz tremula.
  - Sinto informar, mas terei que denunciá-la... – disse a diretora.
  - VOCÊ NÃO PODE! – exclamou .
  - Com licença?
  - Alice, você não sabe, alguém pode ter implantado isso nas coisas de !
  - Ela foi vista no quarto da vítima.
  - Eu fui lá, mas ele já estava... – Zuiker não conseguiu completar sua frase.
  - Eu conheço as leis e não pode fazer uma falsa acusação! – indagou .
  - As conhece tão bem que as burla – criticou Strauser.
  - Não desvie o assunto...
  - Ouça...
  Alice foi interrompida pelo toque telefônico de .
  Em um sutil movimento pode ler o nome de Adam no visor, e então ignorou a chamada.
  - Perdão, continue...
  - Como eu dizia...
  Novamente o celular de tocou, Alice o fuzilou com o olhar. E sentiu um arrepio, seu amigo nunca ligara freneticamente antes...
  - Me desculpe, mas...
  - Atenda. – bufou a diretora.
  Levantando-se o rapaz caminhou em direção a janela, atendendo-o.
  - O que foi Adam? Estou ocupado.
  -Meu pai morreu! - disse o outro com a voz mole - Cara, ele...
  - O que? – exclamou se apoiando na janela – Como? Onde?
  - Cheguei ontem em NY com minha mãe, e...
  - Ele estava morto? Onde você está?
  - Estou no Hospital Mont Sinai, minha mãe – Adam se calou – Ela precisa, nós precisamos de ajuda, man.
  - Eu queria ir aí, mas minha sobrinha está sendo acusada...   - AQUELE MERDA! – exclamou Adam interrompendo-o – ia atirar em mim!
  - Ad, o que...
  - Por favor, preciso de um amigo.
  Com um longo suspiro, conclui.
  - Estou a caminho.
  - obrigado.
  Desligando o celular, todas as mulheres o fitaram com curiosidade.
  - Alice, peço desculpas, mas teremos que resolver esse assunto depois.
  - Quem morreu? – questionou a diretora se levantando.
  - Cordopatri. – Disse em choque.
  - Como? – disse a mulher se sentando novamente.
  - ? – questionou chorando – Ele morreu?
  - Não. Preciso ir ao hospital, Adam não está bem, nem Sophia...
  - E ? – questionou a garota loira preocupada com o amigo.
  - Eu não sei – respondeu seco. – Vou pegar um táxi, logo volto.
  - Pegue meu carro – disse Alice em choque – Steph, de as chaves a ...
  - O apocalipse – sussurrou . – ele realmente existe.

  Quarto 23, Bloco B, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 23/10/2011 10:19 a.m.
   estava deitada em sua cama lendo seu livro de história, teria que compreender a origem da humanidade, embora no momento queria entender a origem de todos seus problemas. E com isso algumas almas quase esquecidas ressurgiram.
  O celular de vibrou.
  1 nova mensagem.   As mãos da garota se congelaram.
  Número Desconhecido.   Com receio e curiosidade ela se pôs a ler o sms.
  “Quase perdi minha vida por sua causa. Irei buscá-la até o inferno. Xx”   - Deus! – exclamou a menina ao terminar de ler a mensagem.
  Logo se pos a responder.
  “ Quem é?”
  Ela observou alguns minutos imóvel até o que queria chegar.
  .“ Se você quer saber, me encontre no Central Park hoje, as três. Xx   Ps: Leve seu cachorro de estimação.”
  O que estava acontecendo? Quem era a pessoa que estava trocando mensagens com ela?
  Afim de por fim as suas duvidas, ela discou o número que desconhecia e então uma voz mecânica atendeu.
  - Quem é ? – questionou nervosa – Essas brincadeiras estúpidas...
  - Você sempre gostou de brincadeiras estúpidas...
  - Quem está falando? Saia dessa voz de computador!
  - Você manda uns merdas me silenciarem, quase me mata e acha que tudo ficara bem?   - Do que está falando? Você discou errado...
  Uma risada ecoou do outro lado, sem aquele som mecânico, uma risada que pareceu familiar a garota.
  - Se esqueceu de mim, bitch?   Instantaneamente o telefone vazou pela mão de .
  Quando as coisas estavam para se normalizar...
  Ele reaparecia.
  Desligando o seu celular, levantou em um único salto e saiu em disparada de seu quarto.
  Ela precisava falar com .

  Jardins, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 23/10/2011 10:20 a.m.
  Era uma conturbada manhã de domingo, e com isso Anthony estava acostumado a lidar, era raros os dias em que não tivesse problemas. E solitário, sentado em um banco observou uma garota de longos pijamas e cabelo preso em um rabo de cavalo se aproximar com o pânico em sua face.
  - O que houve? – questionou Anthony ajeitando sua camiseta polo ao se levantar.
  - Que merda você andou fazendo, ? – questionou batendo no homem.
  - PARE! – exclamou segurando os pulsos da garota. – Está falando do que?
  - Oliver. – disse a menina com seus olhos fixos nos dele.
  - O que tem esse garoto? – perguntou Tony confuso.
  - Você sabe! O que fez com ele? – exclamou a menina se soltando.
  - Disse para ele manter distancia de você...
  - Apenas “disse” – perguntou a menina simulando aspas – Ou você o ameaçou?
  - Tenho meus métodos, mas por que...
  - SEU IDIOTA! – gritou a menina – Ele quer se vingar!
  - O que?
  Então entregou seu celular a que se pôs a ler a conversa de ambos.
  - Como tem certeza que é ele?
  - Eu liguei para o número...
  - Podemos rastreá-lo, você não vai encontrá-lo. – disse Tony convicto.
  - Não sozinha. – resmungou – Você vai comigo.
  - Não posso, seu pai...
  - Ele não sabe de nada do que se passou! E quem ele tem que fazer algo contra é você, não ele...
  Tony encarou o horizonte e viu com a barba postiça em sua face, entrar no bloco do dormitório de seu filho.
  - Marque com ele em outro lugar, iremos eu, você e seu pai.
  - O que vai fazer?
  - Terminar o que não finalizei em Malibu. – conclui Tony.

  Quarto 13, Bloco C, Cabrinis Institute, aos arredores de NY, 23/10/2011 10:29 a.m.
   fitava angustiado a cama em que seu amigo dormia, ele sentia falta da presença do mesmo.
   estava confuso e principalmente com medo. O plano de tinha indo longe demais, na noite anterior sua namorada apenas disse que haviam encontrado as drogas em suas coisas e que iriam expulsá-la, porém ele sabia que tinha algo mais que a mesma omitira.
  E o tirou de seus pensamentos ao entrar quase derrubando a porta.
  - MORREU! – exclamou chorando.
  - O quê? – questionou como se tivesse levado uma facada em seu peito.
  - Adam ligou para meu tio e disse que o Cordopatri morreu... – disse a menina desesperada.
  - Certeza que é ele? – perguntou descrente.
  A menina negou e se pôs a abraçar o namorado. E ele tinha uma pequena esperança de ser amigo estar vivo.
  Em sua consciência, ele visualizou a cena de seu amigo sendo morto pelo pai, contudo mal imaginaria que a cena seria a inversa.
  - Ligue para seu tio – estimulou com a voz mole – Talvez você tenha entendido errado...
  Assentindo, a menina se pos a discar o número de seu tio, colocando a ligação no viva-voz.
  - ? – questionou o homem com a voz embargada.
  - Tio, está tudo bem? – indagou a menina com receio.
  - Não, Sophia não para de gritar, Adam está desolado e há alguns paparazzi...
  - Paparazzi? – disse a menina confusa.
  - Cordopatri é um dos homens mais influentes da cidade querida, sabe disso...
  - Não foi que morreu? – falou confusa enquanto fitava .
  - Não, foi o pai dele. Querida depois lhe conto tudo pessoalmente...   - Onde ele está?
  - Na delegacia.
  - O quê? – disse e a uníssono.
  - Quem está com você? – disse com o tom alterado – ouça, depois conversamos....
  Dito isso, terminou a ligação.
  E mais dúvidas surgiram na mente dos adolescentes.
  E imóvel na porta, esboçou um leve sorriso ao concluir que nem precisara se esforçar para derrotar o inimigo.
  - PADRINHO? - exclamou assustado ao ver o homem paralisado.
  - Eu queria conversar com você, mas... – o latino vagou seus olhos para a garota que não havia visto antes – Quem é ela?
  - Minha namorada – respondeu o garoto a abraçando.
   soltou uma gargalhada e caminhou em direção a menina, sussurrando.
  - Você mexeu com a latina errada, Barbie...
   encarou a cena paralisado, se encolheu ao ouvir a ameaça e em silencio ambos observaram caminhar, jogando sua barba no chão, para fora daquele ambiente.
  Ele e Tony, tinham que comemorar. Finalmente o cão de guarda nova iorquino havia tirado férias permanentes, sem ambos sujarem suas mãos.

  Para mais emoção, ponha para tocar :)

  Hospital Mont Sinai, Nova York, 23/10/2011 12:00 p.m.
  Os braços pálidos de Adam, envolviam Sophia que se encontrava em prantos.
  A grande sala branca estava vazia, apenas os dois estavam em frente a uma maca que tinha o corpo de Cordopatri.
  Sophia tinha suas mãos presas no rosto do falecido marido, suas dor parecia infinita. O homem de sua vida que sempre esteve ao seu lado se encontrava em um local que nunca imaginou que ele encontraria antes dela. Em suas preces ela desejava encontrá-lo logo no paraíso, embora soubesse que o paraíso que os esperava não seria talvez a melhor escolha...
  - O que vai ser de mim, Pepe? – gritou a mulher se curvando sobre o corpo. – Quem vai cuidar de mim?
  - Mãe – sussurrou Adam abraçando-a.
  - POR QUÊ? MEU DEUS, POR QUÊ? – lamuriava-se a mulher – Meu amor, meu único amor...
  - Calma mãe... Vamos embora, eles vão...
  - NÃO! Vou ficar aqui! – exclamou a mulher se soltando dos braços de seu filho e segurando a gélida mão de Cordopatri.
  Algumas enfermeiras observavam a cena com lágrimas nos olhos, mesmo que estivessem acostumadas com a rotina, aquela mulher tão linda e jovem comoveu-as com sua dor.
  Então uma delas trouxera o calmante que a tempos não era usado naquela sala.
  - Mãe, por favor – sussurrou Adam segurando-a.
  - NUNCA! NEM A MORTE VAI NOS SEPARAR... MEU DEUS, MEU PEPE, POR QUE?
  A enfermeira deu um leve toque no braço de Adam que a fitou com os olhos avermelhados, assentindo para que aplicasse a injeção em sua mãe.
  - GIUSEPPE... – disse a mulher ao sentir o líquido quente entrar em seu sistema circulatório.
  Suas pernas se amoleceram, e então seu filho a tomou em seus braços, e a observou em silêncio.
  Logo trouxeram uma maca e a encaminharam para um quarto.
  Adam lançou um último olhar a seu pai, e se aproximou dizendo:
  - Perdoe-me, pai. Não deixarei seu nome morrer contigo, eu prometo.
  Com um singelo gesto de despedida, Adam beijou a testa de seu pai, cobrindo-o por fim.
  Ele honraria seu sobrenome.
  Adam tinha apenas uma certeza, continuaria com o legado dos Cordopatri.
  E sua primeira missão seria se encarregar de seu irmão.
  Ele iria pagar, não na mesma moeda, mas pagaria por seus atos insanos.

19.

Hurt

   23 Precinct NYPD, Upper East Side, Manhattan 23/10/2011 12:20 p.m.
  Os olhos claros de estavam presos na mesa a sua frente. Apenas agora a realidade parecia se mostrar para ele. Ele estava com as mãos algemadas na cadeira em que estava sentado, um homem calvo se localizava a sua frente o encarando calado.
  Então ele fechou seus olhos e reviveu a cena que estava em repetição em suas memórias.
  Uma arma.
  Adam.
  Um tiro.
  Seu pai ensanguentado.
  Medo.
  Sophia aos berros.
  Pressa.
  Jason.
  Fraqueza.
  Uma faca parecia cortar seu coração. Seu jogo tinha chego ao fim, não tendo mais saídas, talvez fosse tempo de desistir.
  - Não vai falar nada garoto? – questionou o homem pigarreando – está a horas calado...
  - Há palavras que não expressam o sentimento que estou a sentir. – murmurou.
  - O que o levou a atirar em seu pai? – indagou o homem.
  - Raiva, ódio... Sabe o que é ser humilhado toda sua vida? – disse com rancor – Ser chutado, escorraçado?
  O homem negou.
  - Ele matou a única pessoa que me amou, que eu amei de corpo e alma – continuou o garoto. – Mas certamente, vocês nunca iriam prende-lo...
  - Seu pai nos ajudava no policiamento da cidade – respondeu o homem colocando seus cotovelos sobre a mesa – Você mexeu onde não devia, nem quero ver a algazarra que essa cidade vai virar...
  - Pelo menos ele deve ter morrido feliz – disse com uma expressão sarcástica.
  - Por que diz isso?
  - Pela primeira vez me comportei como um homem...
  - Você se orgulha do que fez? – perguntou o homem abismado.
  - Depende o ponto de vista, mas me responda. Eu serei preso?
  O homem que era o delegado de plantão, capitão Mackenzie, gargalhou ao ouvir o que o garoto dissera.
  - É obvio! Tem algum outro crime para confessar? – questionou o homem sarcástico.
  - Sim, mas antes não tenho direito a alguma ligação?
  - Não, a que você tinha usamos para contatar um advogado.
   rolou os olhos e refletiu sobre os rumos que sua vida poderia tomar se dissesse seus outros crimes, provavelmente seria condenado a prisão perpetua, mas ele não tinha mais chances de se ver livre. Pensou em , como aquele garoto viveria sem ele para lhe dizer como agir?
  Mas tudo tem que ter um fim, e na sua história, ele iria colocar naquele instante seu ponto final.
  - Ei! – chamou a atenção do capitão – Quero confessar outros crimes.
  O homem calvo arqueou sua sobrancelha, e antes que pudesse dizer algo o jovem disparou.
  - Eu de certa forma ordenei um estupro a uma garota no Cabrinis Institute e depois apaguei o cara que fez a sujeira para ele não abrir a boca.
  A expressão de espanto tomou conta da face do capitão, que em silêncio se levantou e foi até a porta exclamar:
  - Liguem para o Cabrinis, preciso conversar com a diretora. – ao fechar a porta encarou
– Você é louco, Adam estava certo, irei mandá-la a um psicólogo, você nem vinte anos tem e se acha o que?
  - Eu queria afastar aquela vadia de ! – exclamou nervoso – Ela me enoja, sabe?
  - Você vai ser indiciado por vários crimes, tenha certeza e não há suborno que irá me fazer tirá-lo dessa...
  - FODA-SE – gritou o jovem – Eu não me importo! Se quiserem, pode me matar logo...
  - seria muito fácil para você – respondeu o policial dando as costas.
  - FUJA! SEU MERDA!
  Em um último grito, empurrou sua própria cadeira para trás, caindo no chão e então longe dos olhos alheios pode chorar sua perca, sua derrota.
  Ele havia planejado tudo o que acontecera a , no momento em que lhe dissera que Hyamoto queria uma de suas drogas, pensou em ofertar a garota a ele, e como estava alucinado o induziu a pensar que a garota queria aquilo, gerando o enorme dano a vida da menina. Como seu plano não contava com o elemento surpresa que fora a visita de , teve que por um fim em Mark antes que alguém percebesse sua ligação, então foi até o zelador e pediu alguns inseticidas. Após dar ao garoto e o abandoná-lo em seu banheiro, foi ao quarto de implantar as provas, ele queria incriminá-la e de ter vez seu caminho livre. Com Zuiker na cadeia, ele teria que por um fim a , então ligou a seu pai e disse que queria contar algo, o mesmo respondeu sem animo a vinda da família e o desejo de Sophia em reunir todos, ele entregaria , ela morreria e no final poderia desfrutar de . Todavia nada do que planejou dera certo, o destino interrompeu seus planos, com a descoberta da atitude de seu pai...
  Ele queria o sono eterno, sua morte.
  Porem tinha consciência de que vasos ruins não quebram com facilidade.

   Central Park, Nova Iorque, 23/10/2011 02:20 p.m.
  Eram raras as vezes em que via seu pai com tal expressão em sua face. O sorriso de Juan era até de certa forma contagioso, ele o net pareciam duas crianças, rindo de tudo e de todos, por segundos chegou a pensar se ambos estavam bem.
  - De acordo com o rastreador ele está próximo – disse net se sentando ao lado de .
  - Como pode ter tanta certeza? – questionou a menina se levantando – O que eu tinha na cabeça para vir aqui?
  - Nada vai te acontecer filha, tenha certeza. – sussurrou segurando em sua mão.
  O celular de vibrou, eram uma mensagem.
  “Estou aqui, onde você está?”
  - net? – choramingou a menina estendendo-lhe o celular.
  - Diga para ele vir aqui, eu e seu pai ficaremos naquele banco a frente, disfarçados.
  E então ela observou seu pai coçar sua falsa barba e Tony colocar óculos de sol, puxando um jornal, tampando sua face.
   então se pôs a responder a mensagem, se levantou e caminhou em direção ao assento a frente dos dois mais velhos. Ela estava com medo, em sua mente imaginou Oliver atirando nela ou pior, forçando-a a algo.

  Coloque para tocar

  “O que estou fazendo aqui?” Questionou a si mesma enquanto batucava seus tênis no chão de forma até melódica. E quando deu por si estava fazendo a batida de VCR, da banda The XX uma música estranhamente alegre para o momento, mas que involuntariamente era a música preferida de Oliver.
  Então novamente seu celular emitiu o som de uma mensagem.
  “Olhe para a esquerda”
  Instantaneamente ela virou sua cabeça e encarou uma figura se aproximar, os cabelos negros eram distintos dos oxigenados que estava habituada a ver. Ele caminhava com um estranho sorriso nos lábios. se encolheu ainda mais, e então levou seu olhar a net que levemente assentiu por de trás do jornal.
  Contra sua vontade ela se levantou.
  O garoto acelerou seus passos.
  O coração de se apertava.
  - ! – exclamou o menino abrindo os braços, solicitando um abraço, que não fora correspondido por ela – Ok – respondeu ele fechando os braços.
  - O que você quer Oliver? – questionou mordiscando seus lábios.
  Merda! Exclamou ela em seus pensamentos, como que aquele idiota ainda mexia com os sentimentos dela?
  - Onde está o seu poodle toy? – indagou o garoto rindo.
  - Não quis trazê-lo ao passeio... O que...
  - Me perdoe – interrompeu Oliver, fazendo a menina dar um passo para trás – Eu não queria parecer macabro...
  - O que? – questionou confusa.
  - Eu queria chamar sua atenção... O pai daquele seu namoradinho me deu um sacode, sabia?
  - Ex... – sussurrou fitando o chão, ela queria evitar encarar aqueles olhos verdes que apesar dos pesares a enlouquecia – Ele me contou, você está bem?
  - Ex? – questionou o menino levando suas mãos a sua boca – Sério? Apenas fiquei algumas semanas sem enxergar...
  - Terminamos por sua causa – disse – Por sua culpa minha vida virou um inferno...
  E então sem permissão, ele levou suas mãos até a face de e a encarou. O que fez se movimentar em seu assento, mas fora contido por net.
  - Por que não me mandou uma mensagem de SOS?
  - Por que eu não queria te ver nem pintado de dourado – soltou a garota empurrando-o.
  - Você é cega? – questionou Oliver se aproximando novamente – Ou burra?
  - Olhe como fala comigo! Você fode com minha vida e quer dar uma de palhaço...
  - Marie – disse o garoto de ajoelhando – Me perdoe por seu o causador da sua desgraça, me perdoe por amar você e principalmente por ter me distanciado quando mais precisou de mim...
  Bennet havia abaixado seu jornal e encarava boquiaberta a cena juntamente com .
   estava sem reação.
  - O que? – disse enquanto se sentava – Que porra é essa?
  - Apenas aproveitei esse tempo longe de ti para pensar realmente na minha vida, claro que a surra que aquele cara me deu ajudou a enxergar melhor, embora isso seja estranho...
  - O quê? – disse a menina ainda em choque, sentando-se.
  - Eu cruzei o país para te dizer isso... Queria pedir desculpas ao poodle toy, mas ele não é mais seu então...
  - Qual o motivo?
  - Descobri que minha vida não tem tanto sentido sem você...
  Sem pedir, Oliver se sentou ao lado da garota que o fitava com milhares de interrogações em mente.
  - EU gosto do seu jeito filha da puta de ser – resmungou Oliver rindo.
  - Oliver – tentou a menina dizer, mas fora interrompida.
  - Não vim aqui para lhe pedir em namoro ou algo assim, sei que lhe fiz mal, mas quero que saiba que me arrependo de certas coisas e que não sou mais tão tolo...
  - Olly...
  - Eu sempre invejei o net, sabe? Pena que ele não se deu conta da garota que perdeu...   - Eu trai ele... – disse em um murmúrio.
  - Tecnicamente não. – respondeu Oliver encarando-a – Começamos a ficar antes daquele idiota dar moral a você...
   soltou uma gargalhada ao lembrar do passado. Há quanto tempo ela não ria?
  - Não fale assim dele...
  - O que você viu nele? – questionou – Eu sempre fui melhor que ele, confesse.
  A menina por um súbito momento lembrou que seu pai estava a sua frente e se encolheu de vergonha ao perceber que ele a fitava com a expressão séria.
  - Oliver, é difícil eu perdoá-lo, mas tenho que admitir que eu tenho a maior parcela de culpa nisso... Você era como uma droga para mim e eu estava viciada, era minha cura, ele me mostrava que eu tinha motivos para ser certa...
  - Você nunca será certa, – disse o menino – Você era minha droga também, e minha cura foi me afastar de ti...
  - O que quer dizer com isso?
  - Eu ficaria feliz se no final dessa nossa conversa você me beijasse e dissesse que me ama mais do que amou , mas sei que ele é seu verdadeiro amor. Então eu queria seguir em frente, porém antes queria lhe pedir perdão.
  Os olhos de se encheram d’agua, ela não tinha mais certeza se era seu verdadeiro amor, ela não sabia de mais nada, quando se deu conta do que se passava, já estava a dizer:
  - Eu lhe perdoo - disse com uma lágrima escorrendo pela sua face – Você me perdoa?
  Assentindo, Oliver levou sua mão a face da garota, limpando seu rosto.
  - Então... – disse o garoto se levantando – Acho que vou indo...
  A menina repetiu seu gesto, porém o abraçou.
  Juan levantou de seu assento e puxou net consigo, sussurrando:
  - Acho que não tem perigo ficarmos um pouco distantes.
  Assentindo com um riso, o homem o acompanhou.
  O perfume de Oliver invadiu o sistema olfativo de , apesar dos pesares ele a deixava feliz. E uma pequena esperança se acendeu em seu coração, ela ainda poderia ser amada.
  - Por mim eu não sairia desse abraço nunca – disse Oliver rindo.
   se soltou do garoto e ficou nas pontas de seus pés, entrelaçando seus braços em sua nuca, o beijando.
  Um singelo e delicado beijo, as bocas que só conheciam a selvageria se espantaram com a leveza.
  Oliver levou uma de suas mãos a cintura de , levando a outra a seus cabelos.
  Uma cena certamente açucarada para quem ultimamente vivia em um cenário obscuro.
  Ao romper o beijo a menina observou os verdes olhos do menino que pareciam ter ganhado mais cor com a tonalidade escura do cabelo.
  - Até um outro dia Olly – sussurrou a menina.
  - Como? – questionou o garoto perdido.
  - Ouça, não sou a melhor escolha para você...
  - Mas...
  - Um dia vamos nos esbarrar, quem sabe não repensamos...
  - Talvez seja tarde demais – disse o menino chateado se distanciando.
  - Desculpe – resmungou – Eu não...
  - Não se preocupe – cortou Oliver – Um dia, quem sabe...
  A garota assentiu com os olhos cheios d’agua.
  - Adeus, - disse Oliver erguendo suas mãos, acenando.
  - Adeus, Oliver.
  Calada, observou Oliver se distanciar, então levou suas mãos aos seus lábios.
  O que havia acabado de acontecer?

  Diretoria, Cabrinis Institute, arredores de NY 23/10/2011 02:30 p.m.
  Impaciente, Alice encarou o seu telefone ecoar sua exaustiva canção. Ela estava cansada de tanta confusão, de tantos problemas, aquele fim de semana de outubro, com certeza era o pior de toda sua vida e contra a sua vontade atendeu a ligação.
  - Alo – disse sem paciência.
  - Sra. Strauser? – questionou Steph receosa.
  - Diga!
  - A policia está no telefone...
  - Meu pai! – exclamou a mulher arregalando os olhos – O que eles querem?
  - Acho que são boas noticias...
  - A policia nunca trás boas noticias, é sobre Cordopatri?
  - Em partes...
  - Passe.
  A mulher levou suas mãos as temporas ao ouvir uma voz masculina do outro lado da linha.
  - Sra. Strauser? – questionou a voz.
  - A mesma. Com quem falo?
  - Boa tarde, sou o investigador Willis e tenho uma noticia, talvez boa...
  Alice riu.
  - O que eu mais quero são noticias boas...
  - Soube da morte de Giuseppe Cordopatri, pai de um de seus alunos?   - Sim, soube, uma fatalidade...
  - O filho dele o assassinou, seu aluno, e o mesmo confessou outros crimes que ocorreram na sua instituição...
  A diretora estava em choque, sua boca estava entre aberta e seus olhos esbugalhados.
  Embora esperasse qualquer atitude de nunca imaginaria que ele matasse seu próprio pai...
  - Sra. Strauser? – questionou o investigador.
  - Sim! Perdão eu estava assimilando a noticia...
  - Se possível, peço que convoque algumas testemunhas, iremos gravar a confissão dele...
  - O querem que eu faça?
  - Ligue seu computador e acesse o site que eu lhe passar agora. Iremos disponibilizar online para vocês...
  Rapidamente Alice ligou seu computador e seguiu as instruções de Willis.
  Ao terminar a ligação convocou Stephanie e solicitou que a mesma chamasse e , colega de quarto de que merecia ver a confissão. Discou para net a fim de interromper o passeio com a sobrinha, mas fora ignorada.

  Logo estavam todos na sala, estava com suas mãos envoltas na de . Ambos estavam preocupados com o que viriam o ouvir...
  Alice tinha assim como Steph seus olhos focados na enorme tv a sua frente.
  O fundo azul logo fora preenchido pela figura abatida de . Seus cabelos estavam bagunçados, sua pele mais pálida e a veste laranja se contrastava tanto com a pele do menino, quanto com o fundo.
  A visão de se congelou, ele não acreditava que seu amigo, melhor amigo estava preso. Um frio percorreu sua espinha ao imaginar a si mesmo na mesma situação.
   levou as mãos a sua boca, chorando, atitude repetida pelas outras mulheres assim que começaram a ouvir o discurso de .
  Todos estavam em choque, principalmente que se sentia como uma espécie de prima de , ele a colocou em maus lençóis e quando ouvi que seu namorado havia concordado em jogar a culpa nela, instantaneamente ela se levantou e fitou com nojo.
  - Seu covarde de merda! – exclamou Zuiker partindo para cima de seu talvez ex-namorado – Você ia me ferrar!?!
  - Não! – respondeu o garoto se defendendo – Não sabia que ele havia matado Mark nem que...   - Mentiroso! – gritou a menina – Eu confiei em você, eu, eu... ARGH!
  - ...
  - Fique longe de mim, seu, seu covarde! Você me traia com o ? – questionou a garota em prantos.
  - Não, ouça, eu...
  Ignorando qualquer palavra dita por net, deu as costas saindo daquele ambiente.   Então os olhos do garoto vagaram para a TV e se deparou com os claros mortos olhos do amigo fitando o nada.
  - Você sabia de tudo isso? – questionou Alice ainda em choque com a crueldade cometida por .
  - Não – respondeu – Eu estou com tanta raiva, que, como me deixei ser controlado por ele? Ele quase acabou com a vida de duas pessoas, ele matou duas!
  O menino estava em choque, ele se sentia perdido, e principalmente um trouxa, covarde. E tal característica sempre o perseguiu, desde o inicio desse turbulento semestre, quando ameaçou a filha e ele presente viu tudo e se calou...
  E o pior, nunca fora capaz de notar a falha de caráter daquele que julgava ser seu melhor amigo...
  Atordoado, abandonou aquele ambiente e se pos a vagar novamente os corredores e por fim o jardim. Mesmo jardim que a alguns meses atrás correra a fim de fugir da realidade. Da realidade de que nem todas as pessoas eram o que pareciam ser, e neste momento se via nas mesma situação.
  Novamente a dor de traição rasgou seu peito. Bela dor.

20.

Fix You

  As memórias de um funeral.
  Lágrimas.
  Dor.
  Flores.
  Discursos.
  E uma enorme quantidade de homens trajados de vestes negras, mafiosos.
  Todos foram ao funeral de um ícone, tanto da sociedade nova iorquina, quanto do mercado negro.
  Cordopatri, certamente havia se tornado um mito.
  E Adam, que estava com seus olhos escondidos pelos óculos escuros, continuaria com o legado da família. Havia assinado um termo em que seu irmão seria mandado para uma clinica do governo, para tratar prisioneiros com distúrbios psicológicos, e ficaria lá por um bom tempo...   Sophia tinha ao seu lado, apesar das brincadeiras que fazia com o amigo, a considerava como uma segunda mãe. E a mesma estava com um véu negro sobre sua cabeça, agora ela estava sozinha com seu único filho, com grandes negócios e desafios para lidar.

  Em outro local, se encontrava a frente de seus pais, com suas malas feitas a seus pés. Após o ocorrido a menina decidiu que faria a diferença na família. Decidiu abandonar o Cabrinis e se dedicar a uma escola convencional na cidade mesmo, tinha planos de seguir carreira policial, com intuito de que pessoas não fossem enganadas ou sofressem as consequências de atitudes mesquinhas como a mesma passara...
  Em seu último dia, Zuiker foi até sua colega de quarto pedir perdão, reconhecer que fora uma completa estúpida, mas que independente dos fatos, ambas não seriam amigas. com uma fraca risada apertou a mão da garota, concordando com a trégua.

  Alice fora condenada por omissão de fatos ocorridos no internato. Temporariamente, Stephanie assumiu seu cargo, até a volta do vice-diretor.

   se reconciliou com seus familiares, pediu perdão a todos e aceitou a proposta de seu padrinho. Ele iria se mudar para a Inglaterra, antes mesmo de terminar seus estudos. Iria cursar em Oxford, o curso? Ele ainda estava em dúvidas. Com sua relação nunca mais fora a mesma, quando tentava se reaproximar a menina desviava-se.
   e se assustaram com o destino quando descobriram que o colega de quarto e causador de toda a dor de era na verdade um Cordopatri, ambos concordaram que o mundo era do tamanho de uma bolinha de gude.

  Times Square, NY, 20/12/2011 02:30 p.m.
   fitou se aproximar dela, eles haviam acabado de sair da missa de Cordopatri. Ela se sentiu em divida com ele e viu o desespero do mesmo quando o encontrou depois de todo o fato.
  Ao encarar os castanhos olhos de , teve a certeza de que jamais iria conseguir fazer algum mal a ela, ele não iria conseguir mandá-la a Italia e destruir mais um sonho...
  - Sinto muito – sussurrou ao abraçá-lo.
  - É irônico o rumo de nossas vidas, as ciladas do destino... – disse brincando com a mão da garota.
  - AS vezes chega a se assimilar a um livro, ou aquelas novelas mexicanas – murmurou a menina com uma fraca risada.
  - Sim! – exclamou o outro gargalhando – Usou minha piada sobre o México, vou cobrar meus direitos...
  - Vá em frente meu amigo! – resmungou se levantando – Não tenho medo de você.
  - Deveria ter – disse sério.
  - Por que? – questionou a menina confusa – Não sou burra como , eu enxergo como são as pessoas por dentro...
  - E o que você vê em mim? – perguntou .
  - Eu vejo um cara, que salvou uma menina e...
  - E... – estimulou o homem rindo.
  - E percebeu que fazia algo de errado, e enxerga nela uma forma de redenção.
  A expressão de se fechou.
  - Essa menina sabe que talvez, possa vir a ser perigoso, mas ela sabe que no fundo ele quer consertá-la para tentar consertar a si próprio.
   levou seus dedos a face do homem e a acariciou.
  - Ninguém é santo, ...
  - Você, tem quantos anos mesmo? – questionou rindo.
  - Quase 16! – exclamou a garota.
  - Cara, por que você não tem 21 anos? – resmungou .
  - Porque seria muito fácil, dah! – disse a menina batendo na cabeça do outro.
  - Posso abraçá-la?
  - Sempre – sussurrou a menina.
  Então confortou a garota em seus braços, ou fora o contrário?
  Ambos sabiam que deveriam ser consertados.
   sabia que não era certo depositar tanta confiança em alguém que conhecera a pouco tempo, todavia sabia que tinha que fazê-lo...
  Se afastando de , se levantou dizendo:
  - Se lembra da minha promessa?
  - A de me mostrar que não sou um lixo? – questionou a menina.
  - Sim!
  - O que é que tem?
  - Marquei um ensaio fotográfico com um amigo meu, são fotos normais, nada de sensual ou coisa assim, até porque ainda é menor de idade...
  - Que? – questionou confusa.
  - Quero que faça um book, tomei a liberdade de mandar uma foto sua que fiz a alguns dias para uma amiga minha e...
  - Você mandou que foto minha? – questionou a menina rindo.
  - Aquela que fiz sua sorrindo após se reconciliar com minha sobrinha...
  - Deus, eu estava horrivel, que amiga?
  - Paty Van Haussem.
  - Quem?
  - Editora da Teen Vogue.
  - você mandou uma foto feia minha para a...
  - SHIU! – exclamou cortando o pequeno escândalo da garota – Ela te achou bonita, mas quer que faça um book.
  - Para...
  - Para ver se você sai bonita em fotos, oras...
  - Ver se eu saio bonita? – disse a menina ofendida.
  - Não! – emendou ele rindo –Você entendeu...
  - Acho que não, ainda estou em choque com a frase “editora da teen vogue”.
  - Ok, irei explicar direitinho, quer que eu desenhe também?
  - Não! Diga logo!
  - Marquei um book seu com um amigo meu a pedido da Paty, ela está pensando em te colocar no próximo editorial que seria sobre etnias e suas belezas.
   engoliu um breve grito. Finalmente poderia ter o que sempre sonhou, finalmente seria reconhecida, finalmente...
  Naquele momento ela teve a certeza que depois da tempestade se vem a calmaria.
  - Acho que vou surtar – disse ela rindo – Você contou sobre...
  - Não disse nada sobre a forma em que nos conhecemos.
  - Você – disse rindo – você é demais!
  Sem saber o que dizer, ela o abraçou novamente.
   a ergueu do chão a rodando.
   se sentiu a dois passos do paraíso.
  Ela estava conseguindo sair do inferno.
  Sem pensar em nada encostou seus lábios nos de , e em meio a multidão de pessoas que cruzavam a Times Square, eles deram o primeiro beijo.
   se negava a acreditar que uma adolescente estava causando nele borboletas no estomago, enquanto se perguntava qual era a loucura que viria a seguir.
  A neve começou a cair lentamente sobre ambos.
  Os olhos verdes de observaram os de , e então ele se deu conta do que havia feito e a colocou rapidamente de volta ao chão.
  - ! Se alguém ver...
  - Esqueça! Eles tem coisas mais importantes a fazer...
  - Você vai um dia brilhar naqueles telões, acredite. – sussurrou o homem ao abraçá-la.
  - eu sei - sussurrou a menina, tal fala que não pode ser ouvida por ninguém.
  - Isso é neve? – questionou o homem.
  - Claro! Ou pode ser a caspa de São Pedro... – respondeu a menina gargalhando.
  Então a menina sentiu seu celular vibrar, imediatamente o pegou.
  1 nova mensagem.
  .
  O coração de se apertou, desde dos últimos acontecimentos estava evitando , embora sentisse a falta dele, ela não queria dar o braço a torcer. E angustiada leu a mensagem.
  “É tempo de Natal, eu sinto sua falta. Me perdoe. Xx”
   queria correr para e contar todas suas novidades, compartilhar com ele seus sentimentos como sempre fizera, mas sabia que nada mais seria como antes.
  - O que é? – perguntou .
  - Mensagens da operadora – respondeu guardando seu celular - Onde estávamos?
  Rindo a segurou pela mão guiando-a pelas ruas.
  Certas coisas nunca mudariam.
  Segredos.
  Certas lições nunca serão aprendidas, e mesmos erros serão cometidos.
  Essa é nossa teia.
  Mas no final as luzes sempre irão guiá-los para casa, e sempre algo tentará consertar você.

Epílogo

Birth

  Os passos marcantes de Adam ecoaram pelo corredor da clinica em que estava internado. Ele vestia um simples terno Valentino feito especialmente para ele, suas vestes eram completamente negras, sua expressão que antes era alegre se encontrava gélida. Os antes loiros cabelos se encontravam da cor de suas vestes e cuidadosamente desalinhado, a barba cobria a perfeita pele pálida, seus olhos azuis por ora seduzia algumas enfermeiras que se atreviam a encará-lo.
  A data era especial, fazia um ano do falecimento de seu pai. E como um bom irmão e cristão, estava indo visitar a pessoa que lhe causara um amadurecimento precoce.
  O seu destino era a última sala daquele imenso corredor branco.
  Uma batida.
  Nenhuma resposta.
  Porém da mesma forma ele entrou e observou seu irmão de costas com os seus antes amados cabelos ausentes, estava careca e mais magro que o normal.
  - Hey – disse Adam com o intuito de chamar a atenção do outro.
  Lentamente ele virou seu corpo e analisou seu irmão mais velho de cima a baixo.
  - A herança lhe fez bem – resmungou enquanto se levantava e alisava seu roupa verde água.
  - Infelizmente – revidou – Como você está?
  - Mal, não consegue enxergar isso na minha face?
  - Sim, você envelheceu uns dez anos – resmungou o outro com escárnio.
  - O que quer? – questionou por fim – Nunca vem aqui a toa... Veio me humilhar ou me bater?
  Adam abaixou seus olhos gargalhando.
  - Vim perguntar algumas coisas que nunca me atentei...
  - Que coisa? – questionou se sentando.
  - Isso...
  Adam retirou de dentre de seu terno uma revista SEVENTEEN e a jogou sob o colo do irmão.   Na capa uma adolescente latina, os olhos cobertos por uma maquiagem negra lhe deram o olhar fatal, ela vestia um simples suéter de Natal e a legenda: Cartman, a nova queridinha do mundo fashion abre o jogo: Hollywood a espera”.
   soltou uma gargalhada e depois encarou confuso seu irmão.
  - O que eu perdi?
  - Christian pulando do barco por causa dessa pirralha. – disse Adam seco.
  - Até que a vadia mexicana se deu bem...
  - Graças a você...
   gargalhou e encarou seu irmão.
  - No fundo eu sabia que faria o bem...
  - Enfim, o que sabe sobre essa garota?
  - Por que a repentina curiosidade sobre a piranha?
  - Ela estragou o esquema da mamãe, sabe quantas garotas Christian arrumava em uma semana?
  - Não faço a mínima ideia...
  - Seis, seis garotas por semana. – disse Adam pasmo – Sabe quantas eu ou mamãe arrumamos?
   negou novamente.
  - Uma. Somos um fracasso!
  - Ouça, eu conheço uma pessoa que pode ajudá-lo... – disse levando suas mãos a boca e gargalhando.
  - Quem?
  - Pelo que descobri, terá que pegar um avião para outro continente...
  - Desembucha!
  - Ele tem nome de presidente, embora seja um legitimo palerma.
  - Eu não sei, me diga logo! – exclamou Adam nervoso.
  - Não irei lhe ajudar, sem nada em troca, irmão...
  - O que quer? – perguntou.
  - Liberdade.
  Então de repente se levantou e levou suas mãos ao rosto do irmão dizendo:
  - Me liberte que faço tudo, tudo!
  Adam gargalhou.
  - Não sou trouxa... Não irei soltá-lo. O que te ofereço são drogas.
  - Drogas? – questionou o mais novo rindo – Estou limpo há...
  - EU sei que quer – sussurrou Adam. – Sei que tem lindos planos também...
   o fitou em silêncio e então respondeu:
  - Me dê seu celular.
  - Para...
  - Eu lhe dar suas respostas.
  Então Adam entregou, e logo digitou o nome e o devolveu a seu irmão. .
  - Não diga o nome em voz alta. .
  - Onde o encontro? .
  - Isso é com você, a propósito ficarei feliz em ver aquela garota se fuder. – Então pairou seu olhar atrás de seu irmão e viu Jason cruzar os braços - Esqueça as drogas... .
  - Obrigado. – disse Adam – Logo retorno para lhe contar as novidades... .
  - O aguardarei. .
  Dito isso, Adam esboçou o pior de seus sorrisos e caminhou as pressas para fora daquele local.   Ele tinha um Império para reerguer. .
  E aliados para se fazer.

Cortinas Fechadas
Aguarde o próximo ato.

FIM



Comentários da autora
OLÁAAAAAAAAA AI MDS! VOU ESCREVER TUDO EM CAPS PQ TO FELIZ ASUDHAHSUDASH FINALMENTE CONSEGUI TERMINAR ESSA MINHA BEBEZINHA S2 SOCRRRR ROSANA MINHAJUDA! Enfim, o que acharam da história? Gostaram do final? Querem me matar? qqqq Enfim quero ouvir as opiniões de todos os leitoressss sintam-se a vontade para entrarem no grupo (https://www.facebook.com/groups/519483124815587/) da fic e etc... AGORA QUERO FAZER OS AGRADECIMENTOS: ~toca tombreta~ Primeiro queria agradecer a minha familia, que sempre me apoio em Diva, embora eu não os deixe ler qqq Agora quero agradecer aos meus amigos, principalmente ao Viny e ao Fê que me incentivaram a postá-la e ouviram minhas lamurias e viagens na maionese sobre Diva, e agradeço a Viny tbm pela ajuda na criação de Marcus Cordopatri (aka o bff do seu true love) Creio que senão tivesse tido essa -iluminação- talvez essa história fosse completamente diferente. Agradeço a todas minha bigas virtuais que leram isso e ajudaram a transformar esse dream em realidade s2 amo vcs! E deixo meu muito obrigada a Deus que iluminou essa cachola e me permitiu pirar no mundo das imaginações e escrever essa fic. VOu disponibilizar no grupo a playlist da fic de todas as músicas que me inspiraram e pertencem a fic e dos personagens que aka são sedutores demais uashdausdhas CARAMBA! Um aviso, Diva terá segunda temporada, mas não tneho previsão de quando irei postá-la, pq agora sou dimaior e tenho q estudar muito para tirar boas notas na faculdade, e é isso ae! Se leu essa n/a Gigante lhe agradeço. SOU ETERNAMENTE GRATA A TODOS QUE LERAM E SE PERMITIRAM VIAJAR NESSE LOUCO MUNDO QUE CHAMO DE DIVA.
OBRIGADA (tt: @ItsFlangoney)