Destino Ilusório II

Escrito por Amanda Antonio | Revisado por Lelen

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  Acordar sete da manhã em um sábado era uma novidade para mim, mas isso é o que dá chegar em casa cansada e esquecer de fechar as cortinas. Eu sou o tipo de pessoa que não consegue dormir com nenhuma luz no rosto, por menor que seja. Por isso que a porta do meu quarto é de ferro.
  Depois de fechar as cortinas ainda tentei dormir, mas a única coisa que consegui fazer foi pensar sobre a vida e invejar minha melhor amiga que estava do meu lado sorrindo, provavelmente tendo um sonho maravilhoso. Essa era Liv, depois que dormia, para acordar só com uma ajuda divina. Levantei sem vontade e fui ao banheiro, não aguentava mais pensar sobre a conversa que teria com Bruno hoje, de calcular suas reações a qualquer coisa que eu falasse.

  Coloquei uma calça jeans, uma blusa grande de botões e uma havaianas, peguei meu celular com os fones de ouvidos e fiquei andando sem rumo. Mas precisou apenas de quarenta minutos para eu perceber qual caminho estava tomando. Sempre que estava confusa ou chateada, eu ia ao parque próximo a minha casa, que vivia lotado de famílias tendo piqueniques e crianças brincando. Sempre amei crianças, tanto que sou uma professora da sexta série.
  Sentei em um banco próximo ao lago, estava perdida nas memórias, ainda mais que ele foi o meu primeiro amor. As ilusões, as esperanças, os planos, tudo era novo, e tudo foi muito intenso. Quando ele terminou comigo, eu passei uns sete meses me recuperando, e vê-lo como novo garanhão não ajudava nada, eu sempre falava para todos de como eu era ocupada demais para me importar com aquilo, mas saber que ele ficou com meninas que saíam conosco quando éramos namorados me quebrou.
  - Acabei de sair da sua casa – falou Bruno sentando ao meu lado.
  - Liv deve ter aberto a porta com uma cara bem amigável, não é? – perguntei irônica.
  - Sabia que você estaria aqui – Bruno cortou o assunto.
  - Você precisa me levar na loja onde comprou essa bola de cristal, to impressionada – tentei brincar mais uma vez ao lembrar o que havia dito na noite anterior.
  - Ai, Emma, você e esse seu jeito – sorriu balançando a cabeça.
  - Eu sei que você gosta – falei aproximando meu rosto do seu.
  E sem nem pedir licença ou dar qualquer aviso, ele segurou minha nuca e deu um beijo que me fez sair de orbita por vários minutos. Essa era a resposta para as minhas dúvidas, apesar de toda a raiva que eu sentia pelo o que o Bruno tinha feito comigo, eu o amava demais. E olhando pelo o outro lado, ele foi é honesto comigo, já que antes de me trair, foi sincero e terminou tudo.
  - Eu amo você – anunciou Bruno ao se afastar de mim.
  - Bruno, vamos com calma, isso não quer dizer que voltamos – sorri tímida ao notar seu olhar de indignação.
  - Como não? Olha como você fica perto de mim – argumentou apontando meu peito que subia e descia.
  - Tudo culpa dessa sua barba que me tira do serio – sorri sapeca
  - Emmanuele, para de brincar comigo, vamos falar serio! Eu quero resolver isso – disse irritado.
  - Meu amor, eu só não quero sair magoada novamente – falei abraçando seu pescoço e distribuindo beijos pelo seu queixo e bochecha.
  - Eu nunca mais vou magoar você, Emma. Eu só fiz tudo o que fiz porque estava magoado, achando que você não me amava mais. E os meninos ainda ficavam botando pilha, sei que não é desculpa, mas você sabe como adolescente se deixa levar. Eu era imaturo, infantil e inseguro – se desculpou e entrelaçou nossos dedos - Eu tava em um casamento sexta, e a única pessoa em que eu pensava como futura noiva era você. A maioria de nossos amigos esta casando e tendo filhos, e eu sei que a única com quem eu posso compartilhar essa experiência é você – confessou.
  - Nossa, nós mal voltamos e você já me pede em casamento? – perguntei fazendo cara de surpresa.
  - Ainda não, mas eu queria tentar, sabe? Não queria perder mais tempo, temos dois anos como amigos, um ano e nove meses namorando e apenas um ano separados, sendo que continuamos amigos nesse tempo. Ou seja, são quase cinco anos juntos, vamos tentar para ver se dar certo? – pediu receoso.
  - Essa tentativa seria o que especificamente? – perguntei curiosa.
  - Morarmos juntos – respondeu com o olhar preocupado.
  - Você não acha que estamos indo rápido demais? – indaguei preocupada
  - Emma, eu já tenho trinta e três anos, e você trinta, eu acho que já ta mais do que na hora de largarmos de teimosia e ficar juntos logo, e sem falar que os seus óvulos estão diminuindo, você não sempre sonhou em ser mãe? – falou divertido
  - Nossa, que romântico! Agora sim você me ganhou com esse argumento – falei irônica e ele me beijou.

  Voltamos para casa conversando sobre a proposta dele, e eu acabei aceitando. Claro que eu ia aceitar, eu só queria fazê-lo se desculpar e se humilhar. Eu precisava ouvir todas aquelas palavras, sempre é bom dar uma alavancada na autoestima. Além de Bruno ser um príncipe, ele era rico e com certeza ia proporcionar a vida que eu sempre quis. Não que isso fosse um requisito para eu amá-lo, mas que é bem melhor ter um cara que lhe proporcione estabilidade, do que um que apenas te estagne ou faça você regredir, isso era.
  - Vamos fazer um teste esse mês. Vou pegar apenas uma mala com minhas roupas e então decidimos a partir daí, beleza? – impus quando estávamos andando de mãos dadas até seu carro.
  - Como você quiser, minha princesa – respondeu beijando a costa da minha mão direita que estava entrelaçada com a dele.
  Contamos a novidade para Liv durante o almoço, que prontamente ficou animada e incrivelmente feliz me ajudando a arrumar as coisas. E na noite desse mesmo dia, peguei uma mala com algumas roupas e me mudei.
  A casa de Bruno transpirava masculinidade, pôsteres de lutadores, cores escuras, balde transbordando de roupas sujas, sem contar da pilha de louças sujas. Chegando ao quarto notei os milhões de trabalhos de seus alunos espalhados pelo chão.
  - Entendi porque você estava querendo que eu me mudasse imediatamente para sua casa – acabei soltando irônica
  - O real motivo que eu a queria aqui não tem nada haver com afazeres domésticos, e sim afazeres femininos- sorriu safado me abraçando por trás.

  Bruno beijou minha nuca, enquanto suas mãos abriam minha blusa. Meus olhos estavam fechados, enquanto eu apenas sentia aquela barba roçando a minha pele. Ele me virou e ficamos um de frente para o outro. Ele tinha um sorriso maroto no rosto e eu pude sentir através do seu olhar o quanto ele me amava. Quer dizer, como aquela música que diz ''mais do que palavras para mostrar que o que sinto por você é real''. Ele deslizou a blusa pelos meus ombros enquanto depositava beijinhos por ali. Enquanto ele estava sendo todo fofo, eu estava com mais urgência, puxei sua camisa, interrompendo o beijo e quando ele estava voltando para me beijar, eu o joguei na cama. Subi lançando um sorriso muito safado e enfim matamos a saudade de termos nossos corpos ligados em um só. E foi nesse momento que percebi amor nós só tínhamos um na vida.
  Meu primeiro e único amor. A vida pôs tantos obstáculos na nossa felicidade, mas no final, tudo o que realmente queríamos era um ao outro, sem drama nenhum, principalmente agora que estávamos maduros o suficiente para construir um relacionamento firme e que gere uma família, futuramente.

FIM



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