Desejos Secretos

Escrito por NandaHerades | Revisado por Violeta

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 Tudo começou em um show do Muse. New Born era a música que tocava. Balancei meu corpo de acordo com a música e quando ela ficou mais agitada eu pulei, assim como milhares de fãs que estavam ali. Cantava partes aleatórias, mas o que eu queria mesmo era absorver cada minuto daquele show. Diferente de alguns que ficavam apenas filmando, eu queria guardar tudo na memória. Queria lembrar de que eu estava no show dos caras que fizeram eu ser músico, mais especificamente, guitarrista de uma banda de Indie Rock chamada The Caries. Não sou famoso, mas isso não importa quando se faz o que gosta.
 O estádio estava escuro, por isso não conseguia identificar nada ao meu redor, somente os caras no palco. New Born estava acabando e Matt falava alguma coisa. Foi nesse momento que uma garota me chamou.
 — Ei! — Ela gritou. — Você pode me levantar? — Ela perguntou sem um pingo de vergonha na cara. Observei o corpo dela e vi que ela era muito gata. Não pensei duas vezes, coloquei-a nos ombros.
 Começou a tocar Supermassive Black Hole e todos gritaram com a introdução. A garota acima de mim estava histérica; ela mexia os braços e gritava o nome de todos os integrantes. De repente, ela tirou a camiseta da banda que vestia e ficou só de sutiã. Eu pirei, tive vontade de descê-la e a agarrá-la, sem cerimônias, mas controlei o instinto.
 Eu não podia pular porque, além de ter uma garota nos ombros, suas pernas pressionavam meu pescoço. Que coisa engraçada: eu querendo apenas ver o show da minha banda preferida e aparece uma louca dessas. Mas não me importava em segurá-la, até porque ela era baixinha; se eu não fizesse isso ela não veria nada. A música terminou e ela pediu para descer.
 — Valeu, cara. — Ela vestia a camiseta. Não pude evitar olhar para seus peitos. Ela era linda demais. Terminando de vestir, ela se virou e saiu.
 — Espere! — Segurei de leve o braço dela. — Qual seu nome?
 — Alex. — Ela me mandou um olhar sedutor e eu entendi o recado.
 Aproximei-me e a beijei. Nossos lábios se movimentavam no mesmo ritmo, a língua dela explorava cada canto de minha boca e eu fiz o mesmo com ela. A mão de Alex acariciava meu peito e foi descendo até encontrar o meu membro, que estava muito excitado. Ela percebeu isso e interrompeu o beijo com uma risadinha. Segurou minha mão e me levou até o banheiro feminino. Estava vazio, só eu e ela. Escolhi um box e entramos no pequeno espaço. Recomeçamos a nos beijar fervorosamente. Ela abriu o zíper da minha calça e a tirou, depois fez o mesmo com a cueca. Em seguida eu a ajudei a tirar o short e a calcinha. Estávamos nus da cintura para baixo, eu a carreguei e a apoiei na parede. Alex gemia baixinho. Coloquei os dedos na sua intimidade e ela se contorcia de prazer. Não aguentava esperar mais e a penetrei como um selvagem, nós dois gememos. Aquilo foi demais. Alex me abraçou com a respiração acelerada.
 — Essa foi a melhor transa que eu tive nos últimos meses. — Ela disse.
 Coloquei-a no chão e ela começou a se vestir. Fiz o mesmo. Antes de eu terminar, ela abriu a porta e foi embora. Nem se despediu, apenas abriu a porta e sumiu na multidão que assistia ao show. Não quis segui-la, fiquei parado no banheiro feminino me perguntando o que tinha acontecido.

— Caralho, cara! — Tom gritou assim que cheguei à garagem da casa dele. — Uma banda não funciona sem um guitarrista... Então seja pontual!
 Tomas Grint, o meu melhor amigo, baixista e vocalista da The Caries. Era ele quem levava a banda praticamente nas costas. Encontrava locais para os shows, emprestava a garagem para os ensaios...
 — O show de ontem acabou comigo. — Falei.
 — Pense bem antes de ir a um show e tomar um porre. — Mike gritou enquanto organizava a bateria.
 Mike Olivier, meu segundo melhor amigo e o baterista da banda. Era o mais irresponsável, por mais que pareça que eu seja. Segundo o próprio Mike, o motivo dele estar tocando é poder pegar mais mulheres.
 — Você não faz ideia do que aconteceu. — Falei misteriosamente.
 — Pode falar, Brad. — Tom quase gritou.
 E Bradley Mason, eu. Um cara de 19 anos que toca guitarra em uma banda de garagem. Nada muito surpreendente. Sem namorada, desempregado e vivendo de favor na casa de minha irmã mais velha, Mandy.
 — Conheci uma gata. — Falei.
 — Como assim conheceu uma gata? — Mike falou zoando com a minha cara. — Pensei que ninguém habitava seu território há muito tempo, Mason! — Os dois riram como duas crianças.
 — Vão se foder. — Disse e já fui pegando minha guitarra.
 — Conte para nós. — Tom disse ainda rindo.
 — Nos pegamos no show, foi isso. — Já estava irritado.
 — Vocês transaram no show? — Mike ria tanto que tive vontade socar a cara dele. — Não acredito... Onde? No meio da pista?
 — No banheiro. — Completei. — Agora vamos ensaiar.
 Tocamos a primeira música que geralmente tocamos nos shows. Do I Wanna Know?, do Arctic Monkeys. Comecei com a guitarra, mas não conseguia me concentrar totalmente. Ficava pensando em Alex, nas suas pernas apertando meu pescoço, no cheiro dela que senti depois que transamos, nela vestindo a roupa e saindo do banheiro, dos sonhos que tive com ela...
 — Porra, Brad. — Tom me xingou novamente. — Concentra. Tocamos essa música há anos e você ainda erra?
 — Desculpa aí.
 — Ele tá pensando na garota. — Mike debochou.
 — Vamos novamente. — Falei.
 Dessa vez a música foi tocada. Passamos todas as músicas que tocamos nos shows e sentamos para descansar. Tom foi até a cozinha e trouxe cerveja para tomarmos. Ele comentou que estava conversando com um produtor musical.
 — E o que ele disse? — Mike estava ansioso.
 — Que precisamos de outra guitarra. — Tom disse com muita cautela.
 — O QUÊ? — Eu gritei. Fiquei indignado.
 — Calma, Brad. — Tom continuou. — Ele não disse pra você sair, apenas disse para procurarmos outro guitarrista, um segundo guitarrista. Para te dar apoio.
 — Não preciso de apoio. — Falei irritado.
 — Você é o melhor que conheço. — Tom prosseguiu. — Mas temos que ser aceitos no mercado e se o cara disse que precisamos ter um segundo guitarrista, então vamos ter.
 Não. Eu não aceitei isso. Mas The Caries era minha família e eu não iria largar tudo por causa de uma birra. Eu simplesmente ignorei tudo e me recusei a participar da escolha do novo guitarrista. Mike e Tom organizaram audições para escolher o melhor, enquanto isso eu ficava sozinho tocando na sala da casa de Tom. A maioria dos guitarristas que apareciam ou eram velhos demais ou eram totalmente o oposto da banda. No fim do terceiro dia de audição, Tom me procurou.
 — Seguinte, Brad... — Ele começou. — A sua praga foi muito forte, pois nenhum dos caras que tocaram nos agradaram. No entanto, tem uma garota que toca tão bem quanto você!
 — Garota? — Falei ríspido. — Isso aqui não é banda de mulherzinha.
 — Não é, mas ela é muito boa. E uma garota na banda vai aumentar nossa visibilidade.
 — E por que você veio falar isso comigo. Já não disse que não quero participar disso? — Coloquei a guitarra no sofá e levantei.
 — Você tem que ouvi-la tocar. — Ele disse. — Ela vai ser sua parceira, nada mais justo que você dê a decisão final.
 Concordei. Segui Tom até a garagem e comecei a ouvir a conversa de Mike com a garota. Eles estavam se dando bem, aliás, que garota não se dava bem com Mike? Ele vivia para a arte da sedução.
 — Falei com Mike para não dar em cima da garota. — Tom resmungou.
 — Você quer impedir um lobo de caçar. — Falei e nós rimos.
 Entrei na garagem e não acreditei no que vi. Era Alex, a garota do show. Ela não demorou a me ver, mas me ignorou totalmente. Como se não me conhecesse. Como ela pode ter esquecido? Ela mesma disse que tinha sido a melhor transa dos últimos meses.
 — Brad. — Mike disse. — Essa é Alexandra. Sua segunda guitarra...
 — Prazer em te conhecer, Brad. — Ela me deu um aperto de mão. — Pode me chamar só de Alex.
 — Alex, é claro. — Falei. Ela não se lembrava de mim. Como assim?
 — Você pode tocar a introdução de ‘Do I Wanna Know?’ para nós, Alex? — Tom perguntou com mais formalidade do que Mike.
 — É claro. — Ela pegou a guitarra e tocou toda a introdução da música. Ela realmente tocava muito bem. E era linda, chamaria atenção de todos quando pisasse no palco.
 — E ela também canta. — Mike disse como se estivesse vendendo um produto. — E Brad, adivinha a banda preferia dela... Muse. Isso não é ótimo?
 — Sim, Mike, é ótimo. — Falei com tom de desprezo.
 Tom me chamou em um canto e disse:
 — O que achou dela? — Ele estava apreensivo.
 — Nada mal. — Eu respondi. — Tirando o fato de Mike estar caidinho por ela...
 — Mike não pode ver um rabo de saia. — Tom riu e foi anunciar a decisão para todos. Alex estava na banda e se ela quisesse continuar com o joguinho de que não se lembrava de mim, então eu também ia.

 — Ao primeiro show de Alex! — Tom fez um brinde. Eu levantei o copo e tomei um gole.
 Duas semanas e Alex ainda fingia não me conhecer. O show tinha sido um sucesso; se antes chamávamos somente atenção do público feminino, agora o público masculino nos adora. Alex rebolava no palco e os homens iam ao delírio. Eu tentava não prestar atenção.
 — Você arrasou. — Mike disse e deu um selinho em Alex. Isso mesmo, eles estavam ficando. Mas o que eu poderia fazer? Dizer que ela era a garota do show, mas não lembrava? Mike e Tom achariam que era caô e Alex continuaria mentindo. Preferi manter distância dela.
 Eu fiquei essas duas semanas a evitando. Alex tentava conversar comigo, mas eu a afastava. Depois do show fui para casa. Pela primeira vez em meses eu tinha dinheiro para dar a Mandy. Ela estava sustentando a casa sozinha e vivia reclamando da minha falta de cooperação. Quando cheguei, ela estava dormindo, então coloquei o dinheiro na escrivaninha e fui para meu quarto. Assim que deitei recebi uma mensagem. Era de Alex — ela nunca me mandou uma mensagem.
Encontra-me no Low’s em trinta minutos.
 Low’s era o bar em que estávamos comemorando o show. Eu tinha acabado de sair de lá. O que ela queria? Será que a banda estava se reunindo? Fiquei em dúvida se ia ou não, mas fui. Precisava saber o que ela queria. Alex estava sentada na mesma mesa que estávamos horas antes, mas sozinha. Não tinha ninguém da banda com ela. Fiquei desconfiado.
 — O que foi? — Perguntei.
 — Só não queria ficar sozinha, aqueles dois são idiotas. — Ela estava bêbada.
 — Por isso você chamou o bobão aqui. — Falei indo embora.
 — Não, Brad. — Ela disse. — Você é o cara mais legal que eu conheço. Fica comigo... — Sentei com ela e comecei a beber.
 — Alex, preciso te perguntar uma coisa. — Eu disse.
 — O quê? — Ela estava despreocupada brincando com o copo.
 — Você não se lembra de mim? Do show do Muse há 20 dias? — Tentei fazer ela lembrar.
 — Olha cara, não... Eu não me lembro. — Ela disse com convicção. — Por quê?
 — Você tem irmã gêmea? — Perguntei e ela riu.
 — Lógico que não. — Ela riu mais ainda. — O que aconteceu com essa garota, afinal?
 — Chega de me enganar. — Eu bati a mão na mesa.
 — Calma. — Ela falou nervosa.
 — Vem comigo, vou te mostrar. — A peguei pelo braço e fui até o banheiro do bar.
 — O que você tá fazendo? — Ela perguntou assustada.
 Parei no meio do caminho e a beijei intensamente. O beijo foi muito melhor que o nosso primeiro. Alex se aproximou e logo depois me soltou.
 — Puta que pariu! — Ela disse. — Eu me lembro de você...
 Finalmente. Ela lembrou. Alex ficou passando a mão pelo meu rosto.
 — Eu achei que fosse sonho. — Ela sussurrou para si mesma. — Droga, droga, droga... — Ela ficou dando murros na cabeça e ficou desesperada.
 — O que foi? — Perguntei sem entender.
 — Eu estava drogada. — Ela falou quase gritando. — Meu Deus, o que eu fiz?
 — Calma, está tudo certo. — Eu disse.
 — Que nada. Eu estou perdida... — Ela continuou. — Se eu transei com você, quem garante que eu não fiz isso com outros? Logo agora que eu parei de usar...
 — Esquece isso. — Eu disse e nem acredito que pedi pra ela esquecer aquele dia. — Começa do zero. Eu te ajudo, chega de drogas...
 — Obrigada, Brad. — Ela me abraçou. — Eu sabia que você era especial.
 — Vem, vou te levar pra casa. — Eu disse.
 — Não, pra minha casa não. — Ela pediu. — Não quero ver minha família.
 — Então vamos pra casa do Tom. — Insisti. Ela suspirou.
 — Eles não vão entender. — Ela disse e eu entendi pra onde ela queria ir. Minha casa.

 — Não faz barulho, minha irmã está dormindo. — Sussurrei para Alex. Ela concordou e seguiu direto para meu quarto.
 — Que tanto de CDs você tem. — Ela disse olhando minha estante. — E essa foi sua primeira guitarra? — Ela apontou para a guitarra modesta que estava pendurada na parede.
 — Foi. Minha irmã comprou para mim quando tinha 11 anos. — Lembrei-me do dia em que Mandy trouxe a guitarra para mim. Era Natal e eu estava triste por não ganhar presente.
 — Sua irmã parece ser muito boa. — Ela disse.
 — Ela é a melhor. — Falei.
 Alex ficou olhando meu quarto e deitou na cama.
 — Sua cama é macia. — Ela comentou. — Deita aqui comigo.
 Deitei do lado dela. Alex fez cafuné em minha cabeça e logo depois me beijou. Foi um beijo leve e despreocupado. Paramos e ela olhou bem nos meus olhos.
 — Como pude esquecer-me de você? — Ela falou bem próxima da minha boca.
 Eu a beijei novamente. Beijei seu rosto, seu pescoço... Tirei a blusa e o sutiã dela e beijei seus seios e sua barriga. Ela me puxou para cima e voltei a beijar seus lábios. Ela virou e ficou sentada em cima do meu membro, me provocando. Tirou minha blusa e fez a mesma coisa que eu fiz. Quando ficou cansada, ela apenas abriu o zíper da minha calça e a retirou. Com a boca ficou puxando minha cueca. Não aguentava mais, eu precisava daquela mulher. Aos poucos ela me deixou nu e começou a massagear meu membro com as mãos, o prazer que eu sentia era sensacional. Alex sabia como me agradar. Ela parou por um instante e colocou a boca em mim. Eu me segurava para não gozar naquele momento, mas não consegui, já sentia o prazer tomar conta de meu corpo.
 Puxei Alex para baixo do meu corpo e retirei o seu short e a calcinha. Ela estava linda me encarando com um olhar selvagem. Ela sim era uma mulher que se transformava no sexo. Beijei sua barriga até chegar onde ela mais queria. Passei a língua por sua intimidade e ouvi-a gemer e pedir por mais. Ela estava quase chegando ao orgasmo, eu podia sentir. Intensifiquei os movimentos, até saber que ela também tinha gozado. Não esperei mais e a penetrei; ela gemia como uma louca e fiquei com medo de minha irmã acordar, mas foda-se, eu precisava ter aquela mulher. Alex movimentava seu quadril para buscar mais prazer. Nós chegamos ao ápice quase juntos. Foi a melhor noite da minha vida.

Alex’s POV

 Acordei envolvida pelos braços de Brad. Como ele era lindo e sedutor... Soltei-me dele e fui procurar minhas roupas. Estavam espalhadas por todo quarto. Do outro lado da porta eu ouvi alguém se movimentar, era a irmã dele. Vesti minha roupa e fiquei observando Brad dormir, o lençol tampava metade do corpo dele, era quase como uma obra de arte.
 Instantaneamente ele acordou e ficou me olhando. O sorriso dele era o mais sincero de todos. Ele se levantou e me beijou vagarosamente. Tudo era muito bom.
 — Precisamos ir. — Falei. —Temos ensaio da banda em... — Olhei o relógio do quarto e completei: — Cinco minutos.
 — Vamos aproveitar esses cinco minutos? — Ele deu o seu melhor sorriso safado.
 — Bem que eu queria, mas não podemos faltar ao ensaio. Tom nos mata. — Eu disse.
 — Eu sei. — Ele finalmente concordou. — Vou me vestir.
 — Brad. — Eu o chamei, preocupada. Ele olhou para mim e eu continuei: — Não conta nada para os meninos, por favor!
 — Por quê?
 — Porque eles vão achar que eu sou uma puta por ter ficado com você e com Mike.
 — Você transou com Mike? — Ele perguntou, mas já sabia a resposta. Sim, eu transei com Mike. Não chegou nem perto da noite que tive com Brad, mas não tinha como negar que ele também era bom. Fiquei cabisbaixa. — Não vou contar para eles.
 — Obrigada. — Falei e abri a porta.
 A irmã dele estava na cozinha fazendo café. Ela tomou um susto com minha presença e disse um ‘bom dia’ sem graça. Eu respondi e saí da casa. Fiquei sentada no meio fio esperando Brad ficar pronto; ele apareceu minutos depois. Deu-me um olhar triste e começou a andar pelo asfalto. Fui atrás, mas continuamos em silêncio. Ele estava chateado e tinha toda razão. Eu sempre fazia isso, sempre magoava as pessoas que cruzavam meu caminho. Comecei a chorar e decidi não ir ao ensaio. Saí do lado de Brad e fui correndo para qualquer direção.
 — ALEX! — Ele gritou, mas não veio atrás de mim. Fiquei com raiva e mostrei o dedo do meio para ele. Corri cega pelas lágrimas e só me dei conta quando estava em frente a minha casa. Meus pais estavam trabalhando, entrei no meu quarto e procurei a minha caixinha de joias. Estava lá, o que eu estava escondendo de mim mesma.

Flashback on

 O show estava no começo, mas minha animação estava quase acabando. Eu adorava Muse e tudo podia dar certo naquele dia se eu não tivesse discutido com meus pais por causa da minha vida. Eles descobriram as drogas no meu quarto... Mas que merda, a vida é minha e se eu quiser acabar com ela o problema é meu. Só meu. Pra piorar, Carl, o meu suposto namorado e o cara que me apresentou as drogas, me largou depois da nossa primeira vez, me chutou como uma vadia. Abri minha bolsa e encontrei a droga lá, o pó que animava minhas noites, mesmo quando a situação estava horrível como hoje. Fui ao banheiro e cheirei até me sentir extremamente feliz.

 Acordei caída no chão do meu quarto. Como cheguei ali? Não fazia ideia, mas parecia que passei despercebida por meus pais. Levantei e procurei minha bolsa. Ela estava cheia da última compra com o traficante, peguei tudo e coloquei dentro da minha caixinha de joias. Não queria mais ver aquilo, eu me livraria das drogas por conta própria.

Flashback off

Brad’s POV

 Ela saiu correndo e me mostrou o dedo do meio. Ok, não vou atrás dela. Alex precisa de um tempo para pensar. Fui andando devagar até a casa de Tom, cheguei e os caras estavam falando palavrão.
 — Seu filho da puta! — Tom veio e me bateu. — Atrasado de novo e agora Alex também não está aqui. Isso é contagioso, Mason?
 — Tive um imprevisto, cara. — Não precisava entrar em detalhes.
 — To ligando pra Alex e ela não atende. — Mike disse com o celular na mão. — Estou preocupado.
 — Não precisa. Ela deve estar bem. — Falei indiferente. — Vamos ensaiar sem ela.
 — Não, Brad, ela não está bem. — Mike insistiu. — Ontem eu terminei com ela depois que ela me disse uma coisa...
 — O que ela disse? — Tom perguntou ansioso. — Deve ser uma bomba pra você largar aquela gata...
 — Ela usa drogas. — Mike cuspiu aquilo de uma só vez. Tom ficou pasmo e eu continuei indiferente porque já sabia daquilo. — Não acho que a imagem dela seja boa para banda e eu falei isso na cara dura, ela me odeia...
 — Você dispensando uma garota e pensando na banda... Quem é você e o que fez com Mike? — Tom disse, mas ninguém riu.
 — Ela deve estar em casa. — Falei chutando qualquer solução.
 — Vou procurá-la. — Mike disse e eu senti que devia ir também.
 — Também vou. — Falei por fim.
 — Vamos todos. — Tom completou.
 Saímos à pé até a casa de Alex; ela mora perto da casa de Tom. Fico pensando como nunca cruzei com ela pelo meu caminho diário até a casa dele. Talvez o destino estivesse me desviando dela para me proteger, pena que não deu muito certo. Paramos em frente a casa dela e batemos na porta, ninguém atendeu. Mike deu uma olhada nas janelas e nos chamou.
 — Tem uma pessoa caída ali. — Ele apontou e nós vimos. Era Alex.
 Tom arrombou a porta e nós a socorremos. Ela estava em um tipo de transe, nem desmaiada nem acordada. Mike pegou o celular e chamou a ambulância. Eu fiquei ao lado dela e Tom estava olhando a casa.
 — Os pais não estão aqui. — Ele disse. — Gente, olha isso. — Ele apontou para dezenas de papelotes vazios que estavam no chão. — Será que ela usou isso tudo?
 Carreguei-a no colo e fomos para fora, onde a ambulância virava a esquina. Ela estava soada e dizia coisas sem nexo. Os paramédicos chegaram e a colocaram na ambulância. Mike foi o acompanhante, ele estava se matando de culpa. Mal sabia ele que a culpa era toda minha.

 Overdose. Alex teve overdose e só sobreviveu porque chegamos a tempo. Mike ficou chorando como uma criança durante todo nosso projeto de ensaio, que acabou virando uma sessão de terapia desastrosa. Ele dizia o tanto que estava arrependido de ter dado o fora nela, de como queria que ela voltasse para a banda... Era um tédio.
 — Tenho que dizer uma coisa. — Falei. Já estava cansado de ver Mike se lamentando, precisava tomar posse de minha culpa. — Alex era a garota do show. Ela não se lembrou de tudo quando me viu porque estava drogada no dia. Ontem, depois da nossa comemoração, fomos para minha casa e transamos. Hoje de manhã, quando ela me disse que já tinha transado com você, Mike, eu me chateei e a deixei sozinha. Bom, é isso...
 — “Bom, é isso”? — Mike repetiu minhas últimas palavras. — Você deu um fora na garota porque ela transou comigo? Qual o seu problema, cara? Esperava o quê? Uma virgem?
 — Eu só não achei que seria bom para banda um triângulo amoroso... — Contestei.
 — Por que você está pensando na banda? Conte isso para outro... Você só não gostou de saber que tinha pegado o meu “resto”.
 — Pelo que sei, quem pegou “resto” aqui foi você. — O apontei.
 — Parem com isso! — Tom gritou.
 Mas não adiantou. Eu ataquei Mike e nos atracamos no chão. Dei dois socos nele e ele fez o mesmo. Lutamos como no colegial. Tom tentou nos separar, mas era inútil. Por fim, ele pegou um balde de água gelada e jogou sobre nós.
 — CHEGA! — Ele gritou. — A garota precisa dos dois vivos.
 Levantei-me e tentei pensar um pouco em Alex. Eu estava preocupado, ela era uma boa garota, merecia algo melhor.
 — Vou na casa dela. — Tom disse. — Perguntar aos pais dela se ela está bem e onde está fazendo reabilitação. Quem quiser vim, vem, mas não quero brigas por causa de ciúme.
 Sequei o cabelo e coloquei uma blusa seca que Tom emprestou. Mike também se secou. Ele não queria conversar mais comigo. Fomos até a casa dela e batemos na porta, que foi trocada depois que Tom a arrombou.
 — Bom dia, senhora. — Tom disse à mãe de Alex. — Viemos saber sobre Alex.
 — Se você for o tal de Carl, apenas saia daqui antes que chame a polícia. — Ela falou na defensiva.
 — Não, senhora. Meu nome é Tom e esses são Brad e Mike. Tocamos na mesma banda que sua filha.
 — O que vocês querem saber da Alexandra? — Ela ainda estava na defensiva.
 — Em que clínica ela está? — Perguntei, me intrometendo na conversa.
 — Clínica que não aceita visitas. — Ela disse ríspida. — Passar bem. — Ela tentou fechar a porta, mas Tom a impediu.
 — Por favor. Só queremos saber como ela está.
 — Vai se recuperar. Precisa de descanso. Agora deixe-me em paz. — Ela fechou a porta e fomos embora.
 Voltamos para casa de Tom. Mike não olhava para minha cara, mas eu sabia que ele me perdoaria cedo ou tarde; ele nunca foi um cara rancoroso, graças a Deus.

***

 Três meses depois do que aconteceu com Alex, ela me ligou. Disse que estava de volta e que queria me encontrar. Perguntei se ela queria ver o Mike e ela apenas disse que não era a hora. Ia encontrar com ela no Low’s, nada bom para alguém que acabara de sair da reabilitação. Arrumei-me e fui ao seu encontro. Alex estava sozinha na mesa do fundo do bar. Ela só tomava uma garrafa de água mineral, bom começo.
 — Oi. — Ela falou para mim. — Senta aí.
 — Como você está? — Perguntei. — Ficamos preocupados.
 — Estou melhor. — Ela disse. — Hoje volto para a clínica, só vim visitar meus pais.
 — Isso é bom. Precisamos de você na The Caries. — Tentei ser amigável, mas com Alex era bem difícil. Nossa relação sempre foi aos extremos. Ou terminava na cama ou em uma briga.
 — Tenho uma coisa pra te falar. — Ela disse desviando o olhar. Eu fiz um sinal para ela prosseguir. — Eu estava grávida...
 — Grávida? — Repeti. — Você perdeu?
 — Perdi. — Ela falou triste.
 — E quem era o pai? — Perguntei. — Mike, Carl, eu? Ou mais algum por aí?
 — Era você. — Ela falou séria. — E não precisa jogar na minha cara meu passado...
 — Como você tem tanta certeza de que era eu?
 — Eu sei. — Ela falou. — Só isso, mas o que importa se não vou ter mais filho nenhum?
 — Sinto muito. — Falei. Alex estava muito triste.
 — Eu também. — Ela levantou e foi embora, deixando a conta para eu pagar.
 Paguei a água mineral e o sanduíche que ela consumiu e fui para casa de Tom. Cheguei adiantado no ensaio e fui recebido com brincadeiras e elogios. Passamos nossas músicas e eu errei quase a metade. Pela primeira vez em três meses eu pensei em Alex, fui muito egoísta em não pensar nela antes, mas essa foi a maneira que encontrei para me proteger. Mike, ao contrário, ficava falando dela em todos os ensaios; ele estava apaixonado. Não falei com ele do encontro no Low’s para não magoá-lo.
 — O nosso novo empresário encontrou vários shows para nós, mas sem a Alex não rola... — Tom disse desanimado. — Precisamos achar uma substituta.
 — Não. — Mike se adiantou. — Fala com o empresário que Alex está se recuperando de um acidente, mas que ela volta.
 — Como vou fazer isso, Mike? — Tom enrugou o rosto todo.
 — Cara, ela vai sair da reabilitação e vai precisar de algo para fazer. Ela sempre dizia que a banda era o que ela mais gostava de fazer... Não podemos abandoná-la. — Mike argumentou.
 — O que você acha, Brad? — Tom olhou para mim.
 — Concordo com Mike. Devemos esperá-la... — Falei e ele concordou. Quando Alex voltasse resolveríamos tudo.
 — Agora ela faz parte da família The Caries e nós não abandonamos a família. — Mike completou.

Alex’s POV

 Voltei para casa dos meus pais depois do encontro com Brad. Ele parecia não acreditar em mim. Tanto faz, não me importo. Eu gosto dele, mas ele parece não sentir o mesmo. Sempre tive essa queda por homens que me ignoram e me maltratam. Algumas mulheres nascem predestinadas a sofrer por causa de cafajeste e eu sou uma delas. Meu primeiro namorado me largou quando eu não quis ir em frente com ele, o segundo me largou porque disse que eu era uma puta e devia aprender a me comportar, o terceiro, o quarto... Todos me abandonaram. Carl foi a gota d’água; ele me levou para o mau caminho e me abandonou na merda. Depois veio Mike, que me largou quando descobriu meu passado, e agora Brad. Entrei em meu quarto e deitei na cama, cochilei por alguns minutos e acordei com minha mãe me observando.
 — Está na hora de você voltar. — Ela disse. Não respondi, apenas levantei, peguei minhas coisas e entrei no carro de meu pai. Pelo menos na clínica eu não iria ter tempo para pensar.

Três meses depois...

Brad’s POV

 — Fomos convidados para gravar um EP. — Tom disse animado. Ele vinha lutando por isso há muitos anos. — Mas temos um problema...
 — Qual? — Perguntei apreensivo.
 — Eles querem a segunda guitarra. — Ele olhou para nós com um olhar triste.
 — Mas você falou da condição de Alex? — Mike perguntou.
 — Sim, mas eles estão adiando isso há dois meses e nós nem temos notícias dela.
 Ficamos sentados no chão pensando em uma solução. Com certeza a gravadora iria disponibilizar um guitarrista, mas a imagem de Alex fazia com que fôssemos diferentes das outras bandas. Não tinha solução, ela seria desligada da banda.
 — Voltei, família. — Era Alex. Ela estava com os braços abertos esperando um abraço, a guitarra estava nas costas. Ela sorria e parecia estar muito mais feliz. Ficamos pasmos. Ela estava lá, voltou bem na hora. Mike correu e a abraçou.
 — Você voltou. — Ele a rodou no ar. — Isso é sonho?
 — Não, bobinho. — Ela falou rindo. — Estou de volta e vocês terão que me aguentar.
 — Seja bem vinda de volta. — Tom disse e foi abraçá-la. — Sentimos sua falta.
 Também a abracei, mas foi o abraço mais estranho mundo. Nós fazíamos aquilo só por formalidade.
 — Oi, Brad. — Ela disse sem muito sentimento.
 — Oi, Alex. — Falei.
 — Então, como vão as coisas? — Ela perguntou a todos nós.
 — Vamos gravar um EP. — Mike disse animado. Ele estava mesmo apaixonado por ela. Nunca vi meu amigo daquele jeito.
 — Eu quero colocar mais uma música na nossa setlist. — Alex disse. — Ela se parece com o momento que estou passando.
 — Qual? — Tom perguntou.
 — Just Tonight, do The Pretty Reckless... Eu pensei em cantar essa música nos shows. — Ela falou envergonhada.
 — Nós conhecemos. — Tom respondeu. — Que tal tocarmos agora?
 Posicionamo-nos no palco improvisado e tocamos. Alex cantava muito bem e a música ficou tão boa que Tom decidiu que pelo menos uma música do EP seria na voz dela. A garota problemática de seis meses atrás havia desaparecido. O celular de Tom tocou e ele disse que era o produtor.
 — Sim. Hum-hum... Podemos... Não, não precisa. Alex está de volta... Podemos... Hum-hum. Muito obrigado! — Ele desligou o celular e falou conosco. — Ele quer que a gente vá ao estúdio agora!
 — Gravar? — Perguntei eufórico.
 — Sim! Nosso EP vai sair. — Corremos e demos um abraço coletivo.

***

Alex’s POV

 Depois do meu segundo show após a reabilitação, Mike resolveu me fazer uma surpresa. Levou-me para um lugar afastado dos outros e se ajoelhou.
 — Alex, você é a mulher mais importante para mim. — Ele colocou a mão no bolso da calça e pegou uma caixinha, abriu e dentro tinha duas alianças. — Você quer namorar comigo?
 Olhei para ele sem entender. Namoro? Mike quer ser meu namorado? Eu percebi que ele estava bem mais carinhoso depois da minha volta. Eu sorri para ele e tentava pensar em poucos segundos qual era a melhor solução. Já estava cansada de pensar em Brad, ele não me queria, é claro. Ignorou-me o tempo todo, fingia que eu não estava perto dele. Percebi que Mike gostava de mim de qualquer jeito, me aceitava e queria muito mais que sexo. Olhei para ele e sorri com toda a sinceridade.
 — Aceito. — Exclamei.
 Mike levantou, colocou a aliança no meu dedo e eu também coloquei no dedo dele e nos beijamos. Agora eu era uma garota comprometida de verdade. Voltamos para ficar com os outros e Mike já chegou falando.
 — Estamos namorando oficialmente. — Ele mostrou as alianças.
 Tom nos deu parabéns e desejou felicidades. Brad não disse nada. Ele me fuzilava com o olhar. Se eu pudesse ler pensamentos, com certeza ele estaria me xingando de tudo quanto é nome. Só que para mim isso não fazia diferença, Brad era um fraco e não tinha nem um pingo de coragem para lutar por mim.

Brad’s POV

 Puta. Desgraçada. Vadia. Era isso que eu pensava dela. Namorar meu melhor amigo? Esse era o plano dela? Pois ela iria se foder sozinha. Enquanto eu estava a encarando com raiva, Tom falava algo.
 — Vocês não vão acreditar. — Ele falou animado e com o celular na mão. — Nosso EP é número um em vendas em todo o país.
 — O quê? — Alex puxou o celular da mão dele. — Aqui tá falando que já vendemos mais de 100 mil cópias em uma semana... Não... Não acredito! Minha música foi a mais tocada em várias rádios... Puta que pariu!
 — Sério? — Mike puxou o celular da mão dela e também ficou analisando a notícia. — Eles estão falando que The Caries é a banda do momento...
 — Nós estamos podendo, galera. — Falei.
 Comemoramos tempo o bastante. Mike ficou bêbado e precisou que Tom o levasse em casa. Como o destino é cruel, sobramos somente eu e Alex. Ela não me olhava, mas também não ia embora. Eu tomava uma cerveja e ela um suco de abacaxi que já estava quente de tanto que ela bebericava. Ela levantou e disse que ia ao banheiro. Ficou lá uns dois minutos, voltou e sentou na cadeira ao lado da minha.
 — Como você é idiota, Mason. — Ela disse. — Um perfeito idiota...
 — Por que você acha isso? — Perguntei, sentindo-me desafiado.
 — Preciso dizer? — Ela colocou a mão na minha perna e continuou falando. — Além de idiota é burro?
 Eu a beijei bem ali. Meu Deus! Essa mulher me enlouquece. O beijo dela era desesperado, como se ela esperasse por aquilo há anos. Ela apertava minha perna e eu me sentia mais tentado a levá-la para minha casa. Mas não, eu não queria trair meu amigo. Larguei-a e fui embora, senti seu olhar me seguir até a saída. Não olhei para trás porque sabia que eu não resistiria.
 Por que Alex era assim? Por que ela não podia me deixar em paz? Tudo bem, eu sentia atração por ela, mas isso não diminuía a personalidade transtornada que ela tem. Se ela quer transar comigo, por que começou a namorar Mike? Seria simples se ela apenas dissesse o que queria, sem rodeios. Estou ficando paranoico, não saio com outra mulher desde que a conheci. Ela preenche todos os meus pensamentos e, acredite, isso é a pior coisa do mundo. Cheguei em casa e fui dormir.

Um mês depois...

 The Caries é um sucesso nacional e, segundo o produtor, em breve estaremos rodando o mundo com nossa música. Estou muito empolgado. Todo mundo rindo por qualquer motivo. Com os cachês, eu pagava metades das contas para minha irmã e pela primeira vez ela me olhava com orgulho. Eu também estava desencanando de Alex, já tinha saído com muitas garotas — mais especificamente, fãs. Essa foi a forma que encontrei para esquecer a garota problema — esse era meu novo apelido para ela. Estávamos no nosso ensaio semanal no nosso novo local, a gravadora nos presenteou com um espaço só para ensaiarmos. Agora tocávamos apenas músicas autorais e que já eram sucessos.
 — Brad, Alex... — Tom nos chamou. — Tenho notícias maravilhosas para vocês!
 — Quais? — Alex saiu do colo de Mike e foi ficar mais perto de Tom.
 — VAMOS ABRIR O SHOW DO MUSE! — Ele gritou e todos nós pulamos de alegria.
 — Cara, você tá brincando... — Falei sem acreditar. — Eu vou abrir o show da melhor banda do mundo...
 — Não, nós somos a melhor banda do mundo. — Mike me corrigiu. E rimos.
 Eu ria, chorava, ria... Só de pensar que eu pisaria no mesmo palco que os caras meu coração acelerava. Alex abraçou Mike e ficava repetindo “eu não acredito”. Ela estava igual a mim.
 — Não vou conseguir tocar. — Alex disse. — Vou desmaiar no palco.
 — Você consegue, amor. — Mike a incentivou. — Nós conseguimos.
 Ela concordou e voltou a abraçá-lo. Como eu queria que ela me abraçasse também... O que estou falando? Já estava quase superando e me vem um pensamento desses... Chega!

***

Alex’s POV

 Estávamos nos bastidores nos preparando. Entraríamos no palco em meia hora. Mike estava no banheiro vomitando toda bebida que tomou no dia anterior. Tom estava tenso, dizendo que estava se concentrando. E eu estava sozinha no camarim com Brad. Ele tomava um refrigerante e me evitava como sempre. Sabia que aquele show mexia com ele e de certa forma comigo também, foi naquele estádio que nos conhecemos, com a mesma banda tocando. E por mais que eu odiasse Brad por ele ser tão covarde, eu sentia um carinho por ele, queria que ele fosse mais do que meu colega de banda.
 — Estou ansiosa. — Falei quebrando o gelo.
 — Eu também. — Ele disse indiferente.
 — Brad, por que você me trata assim? — Perguntei. Precisava de uma resposta.
 Ele não respondeu. Não aguentei. Cheguei mais perto dele e o beijei de leve, um beijo apaixonado. Ele olhou-me e continuou em silêncio. Dei um selinho e falei:
 — Foi aqui que nos conhecemos, pensei que precisasse de uma comemoração. — Falei e saí do camarim. Fui atrás de Mike para ver se ele estava melhor.
 O tempo passou e já estávamos no palco. Aquele era nosso maior público, o frio na barriga foi inevitável, mas no fim das contas saímos aplaudidos. Foi um show lindo.

Brad’s POV

 O show havia acabado e eu fui para pista assistir ao show da minha banda preferida. Os outros estavam comemorando no camarim, eu escolhi assistir o show — a comemoração ficava para depois. Enquanto ouvia a música eu pensava no beijo de Alex. Isso já está virando um saco.
 Muse tocava o fim de New Born quando uma garota de chamou.
 — Ei, cara! — Era Alex. — Você pode me levantar? Sou baixa demais... — Ela deu o sorriso mais doce que conseguiu. Eu a peguei no colo e ela foi para minhas costas. Dessa vez, não houve retirada de camiseta. Mas ela gritava como na primeira vez. A música acabou e ela desceu.
 Ficamos nos encarando por longos segundos até ela se pronunciar.
 — Me beija. — Ela pediu e eu não consegui resistir. A boca dela me convidava para o paraíso. Segurei-a pela cintura e a beijei. Ela mordia meus lábios e me provocava como só ela sabia fazer. Meu corpo implorava por mais, eu a queria por inteiro. Como da última vez, ela me levou para o banheiro feminino e entramos no mesmo box. (n/a: recomendo que vocês ouçam a música Undisclosed Desires, do Muse :D)
 Alex tirou minhas roupas com pressa e eu fiz o mesmo com as roupas que ela usava. Antes de recomeçarmos a beijar, ela sussurrou:
 — Mike me pediu em casamento. — Ela disse e eu não conseguia assimilar a informação. — E eu aceitei.
 Quando ela terminou, eu nem me importava de estar transando com a noiva do meu melhor amigo. Coloquei a mão na cintura nua dela e comecei a beijá-la com mais desejo, como se isso fosse uma forma de puni-la por ter escolhido ele ao invés de mim. Ela passava a língua por meu pescoço e colocou a mão no meu membro. Senti um arrepio pelo corpo. Ela o acariciava devagar, mas de repente começou a fazer mais rápido; gozei na não dela. Depois eu a apoiei na parede e entrei no corpo dela. Ela chamava o meu nome e aquilo fazia eu investir contra ela com mais força. Não demorou para que chegássemos ao orgasmo. Ela ficou mais relaxada. Ficamos abraçados por alguns minutos, enquanto nossa respiração voltava ao normal. Eu a tirei da parede.
 — Não é mentira. — Ela disse baixinho. Tínhamos gasto muita energia. — Vou me casar.
 Eu peguei minha cueca e minha calça e comecei a vestir.
 — Não vou te impedir. — Eu disse friamente. Com certeza esse não era o tratamento que ela esperava.
 — Eu já sabia. — Ela falou. — Eu nem quero que você faça isso. Eu amo Mike.
 — Ama? — Perguntei sarcástico. — E tá traindo ele comigo por quê?
 — Com você é diferente. — Ela tentou explicar. — Eu me sinto atraída por você, mas só nos damos bem quando estamos transando. Com ele, eu me dou bem o tempo todo. Mike pensa em mim e me ama do jeito que sou.
 Fiquei em silêncio. Ela tinha razão, nós só nos dávamos bem quando era para saciar nosso prazer. No resto do tempo nos odiávamos.
 — E o que vamos fazer? — Perguntei.
 — Eu quero ficar com você, Brad. — Alex disse colocando a mão no meu rosto. — Mas acho que não seremos felizes juntos... Por isso eu preciso do Mike. — Ela me deu um selinho. — Mas eu também preciso de você.
 — Você sabe o que está me propondo? — Eu perguntei.
 — Sei. — Ela respondeu, acariciando meu rosto. — Seja meu amante.
 Ela me beijou. Eu seria o amante dela. Essa era a única forma de vivermos em paz com nós mesmos. O adultério não é uma boa opção, mas eu não me importava. Só queria ter Alex por completo quantas vezes eu quisesse. E por mais que disséssemos que não, aquela era nossa forma de amar.

Epílogo

 O casamento estava próximo. Mike tremia de animação, enquanto Tom tentava dar um nó na gravata dele. Eu fiquei sentado vendo aquilo tudo acontecer. Sabia que a noiva estava no quarto do outro corredor colocando seu vestido. Estávamos na casa da mãe de Mike, era um casarão. Alex se apaixonou quando viu e pediu para que o casamento fosse lá. Faltavam 10 minutos para a cerimônia e o noivo estava pronto. Tom e eu erámos padrinhos. Descemos para o jardim e ficamos no altar esperando Alex aparecer.
 — Estou muito nervoso. — Mike falava a cada minuto.
 — Nunca pensei que você seria o primeiro a casar, Mike. — Tom disse para descontrair.
 — Nem eu. — Ele respondeu.
 A marcha nupcial começou a tocar e Alex apareceu. Ela estava com o pai, que sorria como um bobo. Quando ela chegou ao altar, meu coração disparou. Como uma mulher poderia ser tão linda? Ela sorriu para mim. O padre começou a falar as palavras habituais.
 — Mike, você aceita Alexandra como sua legítima esposa? — O padre perguntou.
 — Sim. — Ele respondeu sorrindo.
 — Alexandra, você aceita Mike como seu legítimo esposo? — Ela olhou para os convidados e parou os olhos sobre mim por um tempo.
 — Sim. — ela falou. Aquele também era meu casamento. Falei ‘sim’ mentalmente, eu aceitava Alex como minha amante.
 E por fim chegaram os votos.
 — Eu, Mike Olivier, prometo amar-te e respeitar-te por todos os dias da minha vida. — E colocou a aliança de ouro na mão esquerda dela.
 — Eu, Alexandra Lambertt, prometo amar-te e respeitar-te por todos os dias da minha vida. — E ela também colocou a aliança no dedo dele.
 — Eu os declaro marido e mulher. — O padre falou como nos filmes. — Pode beijar a noiva.
 Eles se beijaram e todos bateram palmas. Antes de partir para a lua-de-mel, Alex piscou para mim e eu sabia o que aquilo significava. Estávamos unidos para sempre.

FIM



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