De Repente: VOCÊ

Escrito por Belle Castro | Revisada por Natashia Kitamura

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FEVEREIRO

Respira.
  Inspira.
  Não pira.

 Volta às aulas geralmente para mim é um período que eu gosto, voltar à ativa nos estudos e se preparar para outro ano letivo... mas justo no último ano eu tenho que passar os últimos dias de minhas férias com a cabeça latejando de preocupação.

 Aos quase 17 anos e no último ano do Ensino Médio, temos que nos preocupar com vestibulares, ENEM e . Eu, por outro lado, já começo com uma preocupação a mais: o problema de ter mandado uma foto de bíquini para um garoto da sala. Na hora de mandar apenas para as amigas mais próximas, sem querer cliquei no nome do indivíduo.
  Como que se vive, sendo que a uma das pessoas mais tímidas da sala, manda uma foto particular para um menino?
  Não se vive ou se vive morrendo de vergonha.

 A memória do momento do dia em que o Snapchat mostrou que ele havia visto a tal foto passam como um flash enquanto eu ando pelo corredor do colégio indo em direção à minha sala. Obviamente estou atrasada como de costume.

Respira.
  Inspira.
  Não pira.

 A porta vai ficando cada vez próxima e o coração bate mais rápido.

Respira.
  Inspira.
  Não pira.

 Paro na frente da porta e dou uma espiada pelo vidro que tinha para ver se havia o ser que atormentou minha mente nos últimos dias. Nada a vista, então entro.
  - Oi, . Bom te ver novamente. - A professora de português me comprimenta dando um sorriso gentil. - Senta que vamos continuar a conversa.
  - Ok.
  Viro a cabeça para procurar um lugar vago entre as carteiras e vejo aquele par de olhos castanhos me encarando e o corpo esquenta. Vejo Dani, minha melhor amiga, sorrindo para mim e logo vou em sua direção, já que a mesma parece que tinha guardado um lugar para que eu sentasse. Pelo menos ficava do outro lado da sala de onde o dono dos olhos castanhos estava.
  - ! Ahhh… Você tem que me contar tudo o que rolou nas tuas férias! - Ela começa a gesticular suas mãos enquanto falava, mostrando seu entusiasmo.
  - No intervalo eu te conto, Dani. - Digo enquanto sentava na cadeira, esperando a professora retomar sua fala.
  - Não, não… Vai falando de pouco em pouco, pois aquela foto que tu postou no Instagram tava arrasadora. Você foi no Bora??? Devia ter me mandado mensagem que eu vazava logo da chácara e subia a serra pra ir com você. Não acredito que eu perdi a oportunidade de ir lá. - Ela termina choramingando.
  - Fui! Não se preocupe que outro dia nós vamos lá. É maravilhoso! - Respondo baixinho.
  - Não fala! - Ela mostra a mão de um jeito mandando eu parar de falar. - Não estraga a surpresa.
  - Meninas… Sei que estão ansiosas para comentar sobre as férias de vocês, mas vamos prestar atenção aqui, ok? - Professora Joana chama a atenção de nós e eu enrubesço.
  - Desculpa, prof.
  - Como acabamos de voltar às aulas e vocês ainda estão no ritmo de férias, não irei exigir tanto de vocês, mas temos que começar a matéria e como este ano vocês têm o ENEM e a redação é a mais importante da prova, irei trabalhar bastante isso com vocês. Para começar, vou pedir para que preparem uma sobre as suas férias. - Ouço uns burburinhos tanto de alegria quanto de tristeza. - Mínimo de 25 linhas e no máximo 30. Para agora, então podem começar.
  - Irei escrever 30 linhas dos filmes e séries da Netflix que assisti, pois foi só isso que fiz. - Escuto o menino da minha frente comentar com seu amigo.
  Trinta linhas para escrever sobre minhas férias, sobre a maratona que fiz de Grey’s Anatomy e Harry Potter, sobre os passeios turísticos em Curitiba, sobre minha ida à praia com as amigas e as idas ao pub que tem aqui na cidade. Sobre ele.

---

 O sinal indicando o intervalo toca e logo após o professor de inglês nos dispensar, a maioria da turma sai que nem bando. Eu enrolo um pouco para pegar a nota de 5 reais que tinha trazido para comprar alguma coisa da cantina. Dani já me esperava na porta falando para eu me apressar, senão ela não iria conseguir comprar a coxinha que é vendida na cantina.
  - Vamos sentar no lugar de sempre? - Dani pergunta após ter pago a coxinha cara da cantina.
  - Claro. - Respondo dando uma mordida no meu Trento.
  Vamos andando em direção ao murinho que ficávamos sentadas no intervalo, papeando sobre como a coxinha havia aumentado de preço, quando vemos que que o nosso lugar já estava ocupado.
  - Ah, não! O que aqueles desgraçados estão fazendo lá? - Dani exclamou parecendo indignada com a cena. - Vamos lá, , expulsar aqueles urubus. - Não, não, não, Dani, deixa eles lá. Vamos sentar lá nas mesas e… - OHHH, SEUS URUBUS, CHISPA DAÍ! - Nem mesmo antes de terminar de falar, minha amiga já sai gritando para os meninos que estavam ao redor do murinho comendo as bolachas salgadas que o colégio serviu. - É meu lugar e da , tão querendo xeretar o que nestas bandas do colégio, se vocês nunca estiveram aqui em todos estes anos? - Dani se aproxima do grupo de amigos fazendo-se de durona e eu fico atrás. Tento não me fazer presente, mas quando olho as pessoas presentes, meus olhos captam aquele olhar. Ficamos nos encarando por um tempo que considerei muito, então olho para o chão. Danielle parecia já entendida com os outros alunos da nossa sala e conversava livremente com uns, já indo sentar no murinho. - Acha um lugar ai, . Vamos mostrar que somos pessoas pacíficas e não matar nossos coleguinhas. - Ela diz dando uma mordida em seguida em sua coxinha de frango. Olho para o espaço procurando um lugar para me sentar, mas não tinha nenhum sequer, então me encosto no pilar que havia perto para terminar meu lanche. - Ei… - Alguém fala e olho para o lado e o vejo. Engulo o pedaço que havia terminado de mastigar e o encaro mais ainda. - Senta aqui.
  Ele havia ido um pouco pro lado para que, assim, houvesse espaço suficiente para uma pessoa se sentar. Batia com a mão no lugar, indicando para que eu sentasse lá. Mordo meu lábio inferior de nervoso para caso ele mencionasse a tal foto e dou impulso para me sentar ao seu lado.

ABRIL

 Nada demais ocorreu nas semanas anteriores. Não tive maior contato com Daniel, mas como possuímos amigos em comum, sempre nos víamos e ficávamos quase nos mesmos lugares.
  Daniel e eu nos conhecemos desde o 1° ano do ensino médio. Nós dois éramos novos no colégio. Minha mãe conversou um pouco com a mãe dele no primeiro dia e descobri coisas em comum entre nós, mas até começarmos a conversar ele, já tinha feito alguns amigos e ido para o outro lado da sala.
  É estranho quando você de cara gosta de alguém, mas ele parecia e é uma pessoa simpática.
  Após todos estes anos estudando juntos, mudamos um pouco de personalidades, mas pelo menos nada mudou entre nós, apenas descobri que ele realmente era meu crush.

 - Pessoal, para o bimestre que vem irei fazer um método de avaliação diferente. - O professor de sociologia falava enquanto eu terminava os exercícios que ele havia passado. - Ainda irá ter prova, viu. - Muitos alunos reclamam. - Irei pedir um trabalho para apresentar que deverá ser bem completo. Sobre os temas que abordamos e iremos abordar este ano. Após o conselho, já irei separar os temas e as duplas.
  - AH NÃO, PROFESSOR. Ta de sacanagem, não é? - Um dos alunos do fundão grita indignado.
  - E eu estou com cara de palhaço, senhor Victor? - Muitos riem da resposta. - É bom vocês já começarem a se prepararem psicologicamente para o trabalho, pois ele irá valer 6 pontos.
  - Jesus.
  - Mas isto é só daqui 2 semanas, por isso, quero os exercícios que passei, na minha mesa para vistar agora.
  Aproveitando que já havia terminado tudo, levanto da minha cadeira, indo em direção à frente da sala para ficar na fila que estava presente e espero.
  - Quem você espera ficar de dupla, hein, ? - Escuto a voz de Daniel atrás de mim. Não havia percebido que ele vinha logo em seguida de mim na hora que caminhava.
  - Hã… Sei lá. Eu não tendo que fazer tudo sozinha, tá ótimo. - Dou um pequeno sorriso.
  - Tu vai querer fazer com a Danielle, que eu sei!
  - Se for ela, não irei reclamar nem um pouco. - Rimos um pouco.
  - ! - Escuto o professor me chamando. Entrego meu caderno a ele, esperando o meu visto. - O papo tava bem interessante, não é? - Ele pergunta enquanto assinava, eu senti minhas bochechas corarem enquanto o professor me encarava. - Próximo.
  Saio da mesa do professor e vou andando rapidamente até a minha, enquanto Dani tentava disfarçar que não me olhava, mas sim terminava sua tarefa.
  - Me passa a resposta da 5, aê, . - Sento e entrego meu caderno à ela. - O que foi aquela encarada do professor Sérgio?
  - Não era nada, ele tava só brincando com a minha cara. - Ignoro-a enquanto eu pegava meu celular da mochila para passar o tempo no Facebook.
  - Huhum… E eu sou Maria, mãe de Napoleão. Não sou cega e vi claramente aquela conversinha com o teu love.
  - Vai catar coquinho, vai, Danielle.

MAIO

 - Eu fiz um sorteio com os nomes de vocês para a junção das duplas e não haverá a oportunidade de troca. - O professor dizia tentando acalmar os nervos dos alunos que contestavam sobre o sorteio de nomes. - Para começarmos com o pé direito e esse trabalho ficar algo maravilhoso, irei falar os nomes e vocês já devem se juntar. Os temas iremos discutir depois. Abigail e Vinícius, Bruno e Renata, Eduarda e Gustavo, Maria e Luiza, Gabriela e Isabelle, Hugo e Tiago… - Escutei um hi-five entre os últimos mencionados, estava rabiscando algo aleatório na última folha do caderno enquanto esperava meu nome ser mencionado. - Danielle e Yuri…
  - Haaaa… Fiquei com o japa nerd! - Dani falou entusiasmada. - Mas não irei ficar com você, que sad.
  - Guilherme e Nathália, Tayná e Douglas, Jennifer e Paulo, e Daniel, Fernando e…
  - SAAAA! - Me assusto com o sacolejo que Danielle havia me dado. - Ai, menina… Tu ficou com o Daniboy da sala!
  - Oi? - Estava confusa, não havia prestado tanta atenção no momento.
  - Você e o Daniel vão fazer dupla no trabalho.
Fodeu.
  Olhei ao redor da sala tentando encontrar Daniel no meio de tantos alunos em pé e quando o observo, ele já estava em pé, caminhando em minha direção e dando aquele sorriso maroto que fazia meu corpo tremer.

JUNHO

Primeira semana

 Podemos chamar de destino ou podemos chamar de sacanagem do professor de sociologia. Como ele mesmo havia dito no mês retrasado, iria haver um super trabalho em dupla neste 2° bimestre e iria escolher quem faria com quem. Na hora eu esperava que iria ficar com o zé nobody da sala, mas ele havia percebido alguma coisa na hora em que eu e Daniel conversávamos e qual seria a minha surpresa se na hora de juntar as duplas ele falasse nossos nomes.
  - Então… O que acha? - Ouvi alguém falar ao meu lado.
  - Oi?
  Minha mente viaja a milhões de distância de onde eu estava, que era justamente na biblioteca do colégio, ao lado de Daniel.
  - Você está prestando atenção em algo que estou te dizendo? - Ele perguntava com um olhar de dúvida.
  - Desculpa… É que… Que eu tenho prova no curso de inglês está semana e estou nervosa. - Digo dando uma desculpa qualquer.
  - Hm…
  - Tem como repetir novamente o que estava dizendo, por favor? - Peço fazendo uma cara de cachorro pidão.
  - Sim. Como nosso trabalho tem que ser sobre desigualdade social no Brasil e no mundo, que tal fazermos alguns slides em que cada tenha um tópico e separamos este em Brasil e resto do mundo? - Ele diz mostrando uns rabiscos que eram para ser do jeito que ele pensava nestes slides.
  - Acho interessante, deve ficar legal.
  - Sim… Daí cada um fala ou do Brasil ou do resto do mundo.
  Levantei minha cabeça concordando com ele e acabamos que por encarar um ao outro. Daniel era meu crush, isso eu não podia negar, e ficar ao seu lado assim fazia borboletas se manifestarem em minha barriga. A sensação era quase a mesma do que descer da Big Tower do parque Beto Carrero. Ele, apesar de tentar de fazer sentir a vontade nos períodos de estudo, ainda causava um certo desconforto, principalmente quando estávamos sozinhos. A encarada me fazia pensar em milhares de coisas que se poderiam se resumir a uma coisa: ele. Dava vontade de chorar por pensar que ele não era meu e eu não era dele.
  - É… Bem… Acho que por hoje é só. - Ele desviou os olhos, arrumando a mesa em que estávamos para separar seus materiais. Eu meio que me encolho na cadeira pegando meu celular para ver que horas eram. 17h23. - Que dia é a apresentação mesmo? - Ele pergunta guardando o caderno na mochila ainda me ignorando.
  - Dia 19 e 26, vai por sequência. Quem não apresentar num dia vai no outro. - Respondo enquanto me levantava, pronta para ir para casa.
  - Temos mais duas semanas então para terminar.
  - Exatamente. - Sorrio enquanto respondia e caminhava ao seu lado indo em direção à saída.
ímos do colégio dando de cara com o carro do pai dele.
  - Você vai subir? - Ele pergunta abrindo a porta do carona, pronto para entrar.
  - Vou. Tenho que ir para casa, afinal. - Rio um pouco.
  - Quer carona? - Quando ele pergunta, meu coração dispara (tropeça, quase para) e por um momento quase tenho um ataque cardíaco. - Até sua casa.
  - Hum… - O cérebro parecia estar com falha no sistema e suas engrenagens emperradas para eu dizer: - Claro, por que não?
  Ele sorri para mim sentando no banco e eu vou em direção à porta traseira mordendo meu lábio.

Segunda Semana

 Quarta-feira era um dos meus dias da semana preferidos, pois só tinha aulas boas: Biologia, Química e História. Também poderia considerar ser um dos dias preferidos pois era dia de preparação para o trabalho junto com Daniel.
  Estava na última aula, de História, copiando o conteúdo que a professora passava no quadro. Meus pensamentos se reviravam no que eu iria fazer após sair do colégio: ir para o restaurante da minha mãe, ajudar um pouco, almoçar, sair às 14h, chegar no colégio e encontrar Daniel me esperando na escadaria na entrada.
  - ENTRA! - Minha mente deu um baque logo que alguém grita no meio da sala.
  - Com licença, professora, posso dar um recado para os alunos? - O professor de sociologia entra na sala segurando uma folha em mãos.
  - Claro.
  - Então, pessoal… Como vai ser dois dias de apresentação, pois temos bastante alunos, eu já separei as duplas de cada dia e escrevi nesta folha para vocês saberem. Vocês já devem estar com o trabalho pronto ou quase pronto nesse horário do campeonato, então não podem reclamar.
  - Eta, carai. - Ouço alguém falando.
  - É só isto, professora. Pedro, você coloca no quadro de avisos pra mim? Obrigado.
  Logo que Pedro, o representante da turma, coloca a folha que o professor Sérgio havia entregado, praticamente a turma toda se levanta para ir checar o dia de suas apresentações. Eu não estava tão preocupada, pois meu trabalho já havia ficado quase pronto, faltando apenas os slides que iria fazer junto com Daniel hoje. Enquanto terminava de escrever a última parte do que a professora havia passado, percebo que Daniel caminhava em minha direção.
  - , ficamos pro dia 26. - Ele falava com uma animação que me fazia ficar feliz também.
  - Que ótimo, mais tempo para se preparar. - Sorrio. - Tudo certo para hoje à tarde?
  - É… Deu um problema lá em casa e vou ter que sair com a minha mãe hoje. - Ele fala e bate uma baita tristeza dentro de mim. - Será que não tem como você ir lá em casa amanhã?
  - Hum… - Sinto alguém me chutando por baixo da cadeira e olho para trás vendo Dani me encarando com um pequeno sorriso malicioso. - Pode ser. Não tinha nada planejado para a tarde mesmo.
  - Que bom. - Ele abre um sorrisão. - Às 14h mesmo, pode ser?
  - Sim… Pode ser. - Respondo e ele consente, voltando para sua carteira do outro lado da sala.
  Logo após que ele já tinha sentado e tudo na sala parecia ter voltado a calma, sinto duas mãos em cada ombro meu e logo escuto um sussurro:
  - Usem proteção, viu? - Dani fala e eu apenas ignoro-a dando risada.

***

Vc esqueceu de me passar o endereço, querido.
  14h03

Você já tá perto d tubo?
  14h03

To
  14h03

tu falou que era perto do tubo mas não falou exatamente a rua
  dai eu não consigo chegar na tua casa
  14h04

tu desce a rua depois do japonês
  14h05

 aquela em diagonal
  14h05

 kkkkkk
  14h05

Ta
  14h06

Tem como pelo menos me esperar na frente da tua casa?
  14h06

To descendo
  14h07

To descendo tb
  14h07

Ta
  14h07

Ta
  14h08

 Daniel pode ser bonito, mas tem uma memória de onça do mato, ou seja, nem sei se existe. Não conversamos tanto ontem para chegar ao ponto de ele me passar a rua que ele morava. Apenas sabia que era perto do tubo do ônibus no alto da avenida e só. Caminhava com minha mochila que continha meu notebook velho e meu caderno rua a baixo, olhando para as casas e pensando em qual delas ele morava.
  Logo após eu passar uma rua, escuto alguém me chamando e olho para trás.
  - OH, ! - Ele estava na esquina da primeira rua.
  - Hey.
  - Tava indo aonde? - Ele pergunta enquanto eu ainda ia em sua direção.
  - Ué… Você falou para eu descer a rua.
  - Não pensei que ia correndo. - Chego em sua frente sem saber o que fazer. - Eu mandei uma mensagem no Whats para tu falando que era pra esperar aqui na esquina, pois eu já tava saindo.
  - Ha… - Pego meu celular. Havia uma notificação de uma mensagem que eu não havia percebido ter chegado.
  - Bom… Mas tu já tá aqui, então vamos.
  Andamos por alguns metros até chegar na casa dele, um triplex amarelo. Ele abre o portão me deixando entrar primeiro e logo vamos a porta de entrada. Estava super (hiper, mega) nervosa, pois estava entrando na casa do crush pela primeira vez. O coração estava à mil, pois muito provavelmente os pais dele estariam em casa. Logo na entrada estava a sala e sentada no sofá estava uma menina.
  - Bem vinda à minha casa. - Ele diz logo após fechar a porta. - Aquela ali é minha irmã. - Ao falar, a menina tira os olhos da TV onde passava Winx.
  - Oi.
  - Oi. - Respondo retribuindo o pequeno sorriso.
  - Vou avisar minha mãe que você chegou e já volto para subirmos. - Ele fala e sai do cômodo passando por um corredor.
  Fico sem graça e me encosto na parede bordô esperando-o e assistindo o desenho nostálgico que passava.
  - Vamos? - Ele surge de repente fazendo que minha atenção seja inteiramente sobre ele.
  Concordo com ele e o sigo subindo a escada até chegarmos no ático da casa, ou seja, o quarto dele.

---

 Estava sentada em sua cama jogando Candy Crush enquanto ele terminava a parte dele do último slide da apresentação. Já era 17h23 pelo o que o celular mostrava e finalmente estávamos finalizando aquele trabalho que sugou todas as nossas energias.
  - ACABEI! - Ele exclama até que alto demais. - Vem cá ver.
  Pulo da cama e vou ao seu lado me agachando para ficar na altura do notebook.
  - Senta aqui. - Ele se move um pouco da cadeira deixando um espacinho para que eu possa sentar. - Não é tão grande o espaço, mas as pernas não vão tremer.
  Me sento, observando ele voltar até o primeiro slide para que possamos ver como ficaria a apresentação por inteira. O contato entre nossos corpos era a maior que já obtivemos e fazia os meus pelos se arrepiarem por inteiro. Ele se acomoda na cadeira, após ter colocado os slides em modo apresentação, para tentar ficar mais confortável no pequeno espaço que dividimos. Enquanto ele apertava a setinha para que os slides aparecessem, sinto ele colocando seu braço esquerdo sobre meus ombros e tento não dar cara que minha respiração havia falhado no momento em que Daniel me puxou um pouco mais próxima de seu corpo.

Respira.
  Inspira.
  Não pira.

 A cada vez que ele apertava a setinha, cada vez chegava mais próximo do fim da apresentação, o que significava que aquele momento estava chegando ao fim e eu não queria aquilo. Queria continuar naquela posição. Queria continuar sendo abraçada parcialmente por ele. Queria continuar sonhando que havia algo entre nós, mesmo sendo algo quase inexistente.
  - Então… O que achou? - Não havia percebido que havia acabado até ele chamar minha atenção.
  Levanto um pouco minha cabeça para olhar para ele e respondê-lo, mas fico perdida naqueles olhos de cor castanha, que a única coisa que consigo dizer é:
  - Eu gosto de você.

JULHO

 Aos quase 17 anos e no último ano do Ensino Médio, temos que nos preocupar com vestibulares e ENEM e , mas eu tenho que estragar tudo e admitir que gosto do crush. Já faz exatamente 20 dias desde aquele fatídico dia em que fui à casa de Daniel, terminamos nosso trabalho e falei o que sentia por ele. Após ter percebido o que havia falado e visto o olhar de confusão em seu rosto, me assustei e levantei da cadeira que dividíamos, logo pegando minhas coisas e falando que tinha que ir embora pois já estava tarde, aproveitei que a irmã dele estava na sala e pedi para que ela abrisse o portão para mim.
  Ele não veio atrás.
  Eu descia a rua, voltando para casa, com o coração apertado e com as bochechas super coradas.

Ele não veio atrás.
  Mas por que ele iria vir atrás?
  Ele não sente nada por mim mesmo.
  Eu sou apenas a amiga do colégio para ele.
  Não há nada entre nós.
  Ele não veio atrás de mim.
  Ele nunca iria se declarar para mim.
  Eu sou nada para ele.

 As memórias daquele dia se repetiram milhares de vezes em minha mente e ficar escutando Taylor Swift não havia me ajudado muito. Passamos a semana seguinte apenas conversando sobre os pouco detalhes finais do trabalho por WhatsApp. No dia da apresentação fomos extremamente profissionais, pelo menos da minha parte, pois não conseguia conversar sobre outras coisas com ele por mais de 10 segundos sem que o coração disparasse e minha mente ficasse uma bagunça e para que eu ficasse com sentimentos estocados em meu corpo, o professor havia comentado no final da apresentação que havia adorado tudo e que nós possuíamos uma ligação, uma química juntos. O pessoal da sala ficou zoando nós dois o resto do dia e ainda continua.
  Fim de bimestre era tenso em algumas matérias, então tentei me concentrar em tentar estudar para aquelas que estava tendo dificuldade e para me sufocar, meu aniversário estava chegando.

Primeira Semana

Tay criou o grupo SUPER FESTA 08-07
Tay colocou Dani <3 no grupo
Tay colocou Daniel no grupo
Tay colocou 41 99542-9090 no grupo
Tay colocou Gaby no grupo
Tay colocou 41 99874-3132 no grupo
Tay colocou Bels no grupo
Tay colocou você no grupo
Tay colocou 41 98124-7531 no grupo
Tay colocou Pedro no grupo

Tay
  GENTE!
  Vamos fazer uma festa para comemorar o fim desse terror de semestre
  Na minha casa
  22h

41 99542-9090
  Super apoio.
  Eu vou
  22h01

Pedro
  Vamos fazer sim.
  Eu levo a catuaba
  kkkkk
  22h02

hahaha
  22h02

Dani <3
  Vamos ?
  22h02

Q hrs vai começar?
  22h03

Tay
  Sla
  22h03

41 99874-3132
  Vam 22h pq dai dá pra todo mundo ir de boas
  22h04

Tay
  ISSO!
  22hrs
  Sem hora de ir embora
  22h05

Okay.
  22h05

Dani <3
  Vai mesmo?
  22h05

Vou
 . Dai falo para minha mãe que vou dormir na tua casa.
  22h05

Tay
  OOOOO resto do pessoal aê que to vendo que ta vendo
  22h08

Bels
  Q?
  22h09

Tay
  Vocês vão?
  22h09

Bels
  Vou
  22h09

Daniel
  Vou
  22h10

Gaby
  Vou tbb
  22h10

41 98124-7531
  C tiver os drinks loucos to confirmadisimo.
  22h12

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 Havia chego na casa de Tayná que não ficava tão longe da minha há pouco tempo.
  - Me conta o que rolou entre tu e o Daniboy. - Dani falava enquanto sentava no puff rosa ao meu lado.
  - Gahhh… Não me faz lembrar disso, Danielle.
  - Mas eu quero saber. Vocês ficaram… sei lá como vocês ficaram, mas ta estranho. - Ela comenta e toma um gole da skol beats que estava em sua mão.
  - Nós estávamos dividindo a cadeira para ver como a apresentação iria ficar, daí depois que ele terminou de passar tudo me perguntou como tinha ficado e eu falei que gostava dele. - Senti minha bochechas queimarem.
  - Sério? - Ele se aproxima de mim quase derrubando sua cerveja.
  - É. - Deito um pouco mais no puff preto que estava.
  - E ele fez o quê? - Sua face mostrava que ele estava super curiosa sobre o que eu havia passado.
  - Não sei.
  - Como não sabe? Você não estava lá? Para de ser sacana, e me conta logo. - Ela me da um tapa no braço que começou a arder segundos depois.
  - Eu não sei, pois eu fui embora depois. Me levantei e fui embora. - Olha pra Dani e a vejo abrindo a boca indignada.
  - NÃO ACREDITO NISTO! VOCÊ DEVERIA TER LASCADO UM BEIJO NELE NA HORA, !
  No momento em que eu ia responder que nunca teria coragem de fazer isto, escuto vozes se aproximando e logo aparece o resto do pessoal e entre eles Daniel. Nos encaramos por alguns segundos, mas logo desviamos.
  - AÊÊÊ, GALERA! Já ta todo mundo aqui, então vamos começar logo com essa festa. - Tayná exclama e aumenta o volume da música que tocava pelo speaker.
  Passamos por horas jogando conversa fora, bebendo e algumas vezes dançando. Apesar de estar no mesmo ambiente que Daniel por várias horas não me sinto incomodada por estar com amigas para tirar minha concentração dele. Apesar de não ser fã de bebidas alcoólicas, bebo umas garrafas de cerveja que havia lá.
  - Ein… Vamos fazer algo diferente? - Escuto alguém falando.
  - Tipo o quê? - Pedro pergunta.
  - 7 minutos no paraíso. - Hugo fala sorrindo maliciosamente.
  - PARTIU! - Dani fala logo sentando no chão. - Ta todo mundo embriagado então ta de boas. - Sentamos em um formato de círculo. - Mas ó… Se a pessoa não quiser, não vale forçar. - Ela encara todos com um olhar ameaçador.
  Dani esvazia a garrafa que estava tomando e coloca a mesma no meio da roda girando-a. Podemos chamar de destino ou podemos chamar de sacanagem da vida, pois logo que a garrafa no centro para ela apontava para mim.
  - Ta de sacanagem, né? - Olho para Dani ao meu lado que sorria maliciosamente para mim. Eu estava toda mole por causa do álcool em meu organismo. - Ta… É pra ir pra onde?
  - Vai lá ali no quarto da bagunça. - Tayná apontou para o quartinho que ficava perto de onde estávamos. Vou andando lentamente até lá. - E É PRA FICAR COM OS OLHOS FECHADOS!
  Não respondo nada e abro a porta deixando as luzes apagadas, me sento na cama fazendo perna de índio e aguardo a pessoa com os meus olhos fechados. Eu torcia internamente para que fosse alguma das meninas para que assim pudéssemos ficar conversando bobagem por sete minutos. Depois de alguns segundos eu escuto risadas e fico nervosa. A porta se abre e logo sinto o colchão afundar em minha frente. O coração tava disparando cada vez mais por vontade de saber quem era, mas não queria abrir os olhos, pois daí ficaria sem graça a brincadeira. Se fosse uma das meninas, a pessoa já teria se manifestado. O meu corpo gelava a cada segundo que se passava pois só conseguia pensar que era ele na minha frente. E como eu queria que fosse ele na minha frente.
  - Hm… - Escuto. Era um menino, mas só com isto não dava pra saber qual era. - Eu também gosto de você… - A respiração falha, o coração para e por um momento acho que vou desmaiar. - Muito mesmo… Não sei quando que comecei a ter estes sentimentos por você, mas você é maravilhosa. A cada momento que passei ao teu lado nas últimas semanas não sei explicar o que sentia, mas lá no fundo eu sabia que crescia de pouco em pouco. - Eu não queria abrir os meus olhos e perceber que tudo o que eu escutava era somente um sonho e que sim havia cochilado e sonhado. - Você é maravilhosa, . Você é bonita do jeitinho que você é e isto me faz ficar completamente louco por ti. - Sinto meus olhos marejarem e vou abrindo meus olhos aos poucos para finalmente encarar Daniel a minha frente. - Eu gosto de você e irei te beijar agora.
  Após, eu apenas sinto seus lábios encostarem os meus. Não sabia o que fazer pois era a primeira vez que beijava, mas com ele eu apenas seguia o ritmo. Parecia que com ele tudo era certo, que tudo era lindo, era real. Tudo ficou diferente pois de repente, ele havia me notado. Tudo o que eu sentia não era recíproco naquele momento e eu apenas apreciava cada segundo como se fosse o último, pois estava sendo cada vez mais perfeito.

Segunda Semana

 Uma semana havia se passado e por conta do que havia rolado na festa tentei me focar inteiramente na preparação da minha festa de aniversário que aconteceria hoje. Havia convencido minha mãe de fazermos uma festa aqui em casa para comemorar meus 17 anos e ela deixou desde que eu organizasse tudo por minha conta, pois ela estaria muito atarefada com a reforma no restaurante.
  Quando eu e Daniel saimos do quarto, logo Dani veio me perguntando o que tinha acontecido, apenas falei que ficamos conversando e que nada demais havia rolado. Obviamente ela havia ficado aborrecida e por estar levemente embriagada não descobriu que eu tinha mentido. Daniel e eu não conversamos mais durante a noite, apenas via ele bebendo e bebendo e sabia que não iria se recordar de nada depois, então engoli a tristeza goela abaixo e fui tentar aproveitar o resto da noite.
  Estava com o estômago embrulhado por não saber se ele viria. Não conversamos nesta semana, até porque eu não havia ido todos os dias ao colégio, pois as férias já estavam chegando e alguns professores já haviam fechado as notas.
  - SAASAAAA! - Escuto alguém da porta de casa gritando meu apelido que era só de Danille. - Feliz aniversário, minha gata! - Vou em sua direção para recebê-la. - Você tá linda nesse vestidinho. Ta maravilhosa, ta fina.
  - Calma, Dani! - Rio de sua animação. - Tava bebendo? - Abraço um pouco mais forte e logo a solto para pegar o meu presente.
  - Eu? Não… Bebi só suco detox para caber nessa roupa.
  - Acredito.
  - Só chegou eu? - Ela pergunta se sentando no sofá.
  - Sim.
  - O Daniel vem? - Ela pergunta como se não quisesse nada.
  - Não sei… Não nos falamos muito. - Respondo sentando ao seu lado.
  - Ontem ele nem foi, então não sei também.
  Ao terminar de falar, o assunto Daniel acaba e ficamos conversando sobre o novo clipe da Katy Perry até os outros convidados chegarem. A cada pessoa que chegava na frente de casa, era um nervosismo a mais que eu sentia.
Ele não iria vir.
  Ele não se lembra nada do que aconteceu, então não iria se preocupar de vir.

  Estava quase na hora de cantar o parabéns para você e minhas esperanças eram nulas de que Daniel iria comparecer, então tentei tirar ele da minha cabeça interagindo com minhas amigas e amigos que haviam vindo.
Pelo menos eles se importavam comigo.
  - , vamos cantar parabéns para cortar o bolo logo? - Minha mãe aparece na sala perguntando e assim que concordo, ela vai em direção à garagem onde havíamos colocado a mesa com o bolo.
  Hora de cantar parabéns, o pior momento para a aniversariante. Aquela hora que seus pais descobrem quem é o garoto que você gosta. Pelo menos ele não estava aqui. Todo mundo havia se posicionado na frente da mesa e eu, o centro das atenções do momento, havia ido pro outro lado da mesa. Minha mãe acende as velas que formavam o número 17 e em seguida todos começam a cantar.

Parabéns pra você
Nesta data querida
Muitas felicidades
Muitos anos de vida

 Todos cantavam a plenos pulmões e eu não sabia para quem olhar sem ficar com as bochechas queimando, então resolvo olhar para o bolo em minha frente. As chamas ainda acesas balançavam de um lado para o outro e meus pensamentos viajavam no tempo até chegar neste mesmo dia do ano passado. Tanta coisa havia acontecido, eu havia melhorado em diversos aspectos. Havia crescido, amadurecido, me tornado em uma pessoa diferente. Havia me apaixonado, mas tudo não havia passado de um dia em que eu acreditava que poderia ter se tornado verdade. Tudo era apenas um eu ou você, nunca nós.
  2017 até agora foi um ano de altos e baixos e por causa disto tudo parecia ter mudado. Ele havia me mudado.

É pique, é pique
É pique, é pique, é pique, é pique
É hora, é hora
É hora, é hora, é hora

 As felicidades desses anos vieram e se foram e tudo se resumiu àqueles segundos (ou foi minutos?) em que nós estávamos nos beijando. Olhei para cada um dos presentes no momento e sorria para cada, mas no fim da cantiga minha atenção é voltada inteiramente a pessoa que estava parada atrás de todos com um pequeno embrulho em mãos.
Ele veio.
  Super atrasado, mas veio.

  Ele sorria de uma forma contagiante que eu sorri também. Ele podia não ter mencionado em nenhum momento o beijo, mas ainda assim era especial para mim.

RÁ-TI-BUM
, ,
  …

 Agradeci a todos, cortei o primeiro pedaço do bolo, entreguei à minha mãe, tudo em modo automático e fui em sua direção, ele caminhava também lentamente ao meu encontro. Sentia que ambos estávamos nervosos, pois seria a primeira vez que estaríamos perto um do outro desde sábado passado.
  - Você veio. - Falo sorrindo assim que chego perto dele.
  - Não poderia deixar de vir no aniversário de alguém especial. - Ele fala olhando diretamente para mim sorrindo. - Comprei isto para você… Espero que goste. - Ele me entrega o pequeno embrulho e logo que pego, abro. - É… Tem como irmos um pouquinho mais afastados de todo mundo…
  - Por quê? - Pergunto confusa com a situação.
  - Só acho que você iria se sentir um pouco mais confortável sem que todo mundo esteja olhando.
  Nos afastamos um pouco do pessoal, indo para a área do quintal de casa e quando abro o presente tenho uma surpresa. Era uma caixinha que continha um colar de prata com uma borboleta de pingente.
  - Que lindo, Dani. - Admiro o colar delicado que ele havia me dado. - Muito obrigada.
  - Que nada… Apenas pensei que seria legal te dar algo que tivesse um significado por trás. - Ele estava ficando com vergonha.
  - Que significado?
  - Bom… - Ele ri um pouco tímido. - Como a borboleta, antes era uma larva e se transforma em borboleta, ou seja, fica mais hum… Bonita. Você mudou… É… A minha vida também.
  - Quê? - Falo rindo um pouco do que ele havia falado.
  - Esquece. - Ele ri mais ainda. - Foi muito brega.
  - Um pouco. - Ficamos rindo um pouco mais e percebo que ele havia pego um pequeno envelope no bolso de trás de sua calça.
  - Isto é para você também. - Ele me entrega o envelope e coloca as mãos para trás.
  - É para eu ler agora ou posso ler depois? - Pergunto enquanto abria para dar uma checada no que parecia ser uma carta.
  - O quanto antes, melhor para mim.
  Desconfio de sua posição e abro a carta completamente prendendo a respiração logo em seguida.


Você não sai dos meus pensamentos nem por um segundo depois do que aconteceu na festa. Tudo o que eu disse é verdade. Você é linda, maravilhosa, criativa, talentosa e muito mais. Você é você. To mó brega hoje. Confesso que eu só comecei a te reparar depois que você mandou aquela foto no snap, mas percebi depois que você é muito mais do que uma foto e me sinto um super idiota por não ter percebido tudo de você antes em todos os anos que estudamos juntos. Eu não sabia como falar me declarar para você, então resolvi escrever uma carta já que você tinha comentado uns dias atrás que declarações nos tempos atuais são tudo chatas e que se alguém fosse se declarar para você, você gostaria de algo mais à moda antiga e... bem. Aqui estou, te escrevendo uma carta, pois quero você ao meu lado não só fisicamente, mas emocionalmente também. Você se tornou muito mais do que uma amiga para mim e mesmo que nunca tivéssemos sido tão próximos como as outras pessoas, sinto que quero algo com você, pois tu me faz feliz. Você, , você me faz esquecer o resto do mundo por todo o momento que estou do seu lado. Não penso em nada além do que estamos conversando. Você mudou a minha vida. Você me mudou. Eu nem sei o que estou falando agora. Você é o que consigo pensar ultimamente e até não estar comigo só vai me fazer mal.
Então… Quer estar comigo? Quer namorar comigo? Deixarmos de ser um ‘eu e você’ e viramos um ‘nós’?
Daniel

 Assim que termino de ler a mini carta que ele havia escrito, com a respiração falha e o coração se apertando e olho para ele que me encarava tanto nervoso quanto timidamente.
  - Isso não é brincadeira, né? - Pergunto enquanto ainda estava desconfiava de tudo o que havia lido.
  - Não. E aí?
  - Isso é sério, sério, sério mesmo? - A emoção me contaminava a cada milésimo que se passava. Meus olhos se enchiam de lágrimas e eu sentia que estava em outro lugar que não fosse minha casa cheia de pessoas que presenciavam a cena.
  - Tudo é verdade, … Quer namorar comigo? - Ele segurou minhas mãos trêmulas e me olhou profundamente.
  Naquele instante, enquanto estávamos sob as estrelas da noite, eu não sabia o que estava fazendo, pois tudo o que queria era ele. Queria ele ao meu lado por tempos. Queria ele me fazendo feliz do jeito que ele já fazia. Queria ele me causando milhares de borboletas no estômago. Queria não… Quero.
  - Quero. Quero sim. - Respondo-o colocando minhas mãos em seus ombros e logo o beijando.
  Eu me sentia completa, ainda mais, pois ganhei o melhor presente de aniversário. Muitos mais do que um namorado, mas alguém em que estaria ao meu lado, seria muito mais do que um amigo ou melhor amigo. Minha vida deu uma guinada em poucos meses, pois em um momento era apenas eu, e de repente: nós.

FIM



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