Dark Knight
Escrito por Andie P. | Revisada por Lelen
É uma noite fria em Londres. Noite de ano-novo. O céu negro está embaçado pelo acúmulo de nuvens cinzentas. Elas não deixam os fogos de artifício que vez ou outra riscam o céu aparecerem. Eu só ouço o estouro. Ainda não é meia-noite. A neve ameaça cair a qualquer instante.
Desço as escadas do edifício e aperto o sobretudo negro contra o corpo, na esperança de que ele seja o suficiente para me manter apartado da baixa temperatura que é cruel naquele horário. Meus sapatos bem engraxados e lustrosos produzem um eco sombrio contra as paredes de pedra da cidade na medida em que dou meus passos firmes na direção de meu Porshe. O vento assobia em meus ouvidos, gelando minhas orelhas descobertas. O gel deixa meu cabelo penteado cuidadosamente para trás.
Eu não perco o tempo de apreciar o mundo ao meu redor. As pessoas passam ao meu lado, apressadas, fugindo do frio, buscando o conforto de suas casas com calefação após um longo dia de trabalho. Levam sacolas nas mãos, provavelmente contendo o alimento que encherá suas mesas na ceia. Mal percebo suas presenças insignificantes. Entro em meu carro e não me preocupo com as consequências desastrosas do excesso de velocidade.
Eu não pertenço a esse mundo insosso e rotineiro.
Estou acima de todos eles reles humanos, pobres vermes esperando pelo dia da arrebatação divina. Algumas, entretanto, esperam por mim, pela minha arrebatação.
Eu tenho um padrão.
Mulheres.
De 28 a 35 anos.
Altas.
Morenas.
Casadas.
Infiéis.
A pequena fortuna deixada por meu pai me permite o luxo de passar meus dias e noites na espreita.
Uma vítima por mês.
Sem deixar rastros ou pistas.
A incompetente Scotland Yard jamais chegou perto de descobrir minha identidade. Tudo o que eles têm é o meu padrão de escolha. Eles não sabem meu modus operandi, pois não tenho um. Baboseira que os vermes assistem em programas da TV paga.
Criminal Minds é uma mentira.
A parte da caça é interessante. Não mais do que a sedução ou a ação efetivamente. Dentre as três fases, eu prefiro a segunda. Seduzir é quase uma arte, em meu conceito. Uma arte na qual tenho pleno domínio e invejável habilidade. É um prazer inexplicável vê-las sorrindo de soslaio, mexendo nos cabelos, batendo pestanas recheadas de rímel caro, sussurrando obscenidades que dizem não mais poder compartilhar com seus maridos.
As mulheres da alta sociedade são as mais vulneráveis. Elas se casam com homens que são casados com seus próprios negócios. São as presas mais fáceis. Geralmente são belas, graciosas e tão sedentas por sexo que é impossível resistir a todo o encantamento que produzo sobre elas. Eu as desprezo, as odeio, então as mato.
Eu tenho um motivo.
Minha mãe foi uma delas. Foi uma dessas mulheres ricas entediadas demais com suas próprias vidas perfeitas. Foi uma dessas mulheres que buscaram em um homem mais jovem aquilo que alegava meu pai não ser mais capaz de prover. Meu pai, entretanto, a amava demais para suportar o peso de uma traição.
Ele se matou.
E eu a matei.
Matei porque meu pai foi a única pessoa pela qual eu cheguei perto de criar algum sentimento positivo durante toda a minha vida.
A minha vingança tinha que continuar, entretanto.
Um jovem rico demais para sua própria segurança, sem distrações... A cabeça fraca leva a caminhos perigosos. Eu me tornei um serial killer por puro prazer. Apenas tenho que eliminar todas elas, a escória da alta sociedade, para evitar que partam mais corações e destruam mais famílias com seu egoísmo nojento.
Eu caço nos restaurantes requintados, hotéis luxuosos, pubs bem frequentados, shoppings, clubes... Elas não se dão conta, mas eu estou ali, o tempo todo, espiando, buscando informações, traçando metas e resultados. Eu sei o horário que saem, o horário que têm academia, cabeleireiro e manicure. Algumas buscam os filhos na escola. Outras passam a tarde toda trancadas em um motel barato com seus amantes desprezíveis. Eu sei a hora em que voltam para casa. Descubro seus nomes, idades, endereços, hobbys, preferências. Sei se preferem champanhe ou vinho tinto. E principalmente, sei o tipo de abordagem que as deixam excitadas como cadelas no cio. Prontas para mim.
Eu só paro quando avisto a entrada da mansão dos Carson. A festa de ano novo pulsa animada. O manobrista estende a mão enluvada para uma gorjeta e apenas meu olhar afiado o avisa do cuidado que precisa tomar com meu Porsche.
O grande e bem cuidado jardim está bem iluminado hoje. Eu o adentro sem chamar muita atenção. Reparo na pequena fonte infestada de querubins. Ela ganhou uma decoração especial que envolve pedaços de pano branco e rosas vermelhas. Carson sabe ser brega quando quer. Eu rolo os olhos e continuo meu caminho. Não faço questão de cumprimentar ninguém ao meu redor. A maioria das pessoas se encontra dentro da mansão. Nem todos gostam de enfrentar um frio londrino de final de dezembro apenas para apreciar o espetáculo sem graça de fogos de artifícios.
As portas duplas de vidro me recebem, deixando que o calor produzido pelo potente aquecedor relaxe meus músculos retesados. Um mordomo guarda meu sobretudo, e eu finalmente posso me ajeitar em meu terno negro. Pego uma taça de champanhe com um dos garçons e sinto uma excitação me queimar por dentro.
Ela está aqui.
Minha vítima atual foi cuidadosamente selecionada em um passeio pela London Eye. Estranho, porque não é o meu local favorito em toda Londres e nem o local em que costumo agir, mas ela me chamou a atenção de imediato. Eu já a havia visto duas vezes no clube de golfe. Em tais ocasiões eu estava engajado em outras vítimas. Desde a primeira vez em que a vi, entretanto, sabia que era uma vítima em potencial.
Ela estava saindo da quadra de tênis. As pernas longas e bem torneadas eram deixadas à mostra pela saia branca. Curta. Curta demais para uma mulher de 33 anos que se orgulhava de dizer que era bem casada, depois eu vim a saber. O decote de sua blusa de marca azul clara não era exagerado, mas na medida certa. Fez minha cabeça trabalhar, imaginando como seriam seus seios despidos. Pareciam belos e proporcionais, de mamilos rosados e redondos. Eu a quis naquele instante. Mas não poderia agir. Havia outra missão ainda na espera para ser cumprida.
Eu a segui, no entanto, sem me importar de parecer um real psicopata atrás de sua próxima vítima. Ao lado dela ia o professor de tênis. Um jovem alto e forte, imponente e exalando testosterona. Assim como eu. O modo como ela tocava o braço dele quando falava e como colocava o cabelo atrás da orelha quando sorria fez meu estômago revirar.
Era o sinal.
Eu não perdi os dois de vista e quando me dei conta, tinha acesso livre a um filme pornô da vida real. Atrás do vestiário masculino.
Dois meses depois eu a vi novamente. Em um pub requintado do norte de Londres. Ela estava rodeada de amigas da mesma idade e mesmo padrão. Pareciam comemorar um aniversário. Era como um ninho de cobras. Um paraíso para mim, é claro, recheado de vítimas em potencial. Àquela altura eu já havia coletado algumas informações sobre ela.
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33 anos. Casada com John , milionário do ramo da publicidade. Nenhum filho. Ela não suporta crianças. Joga tênis e tem um caso com o instrutor, como pude observar naquela interessante primeira vez.
chamava mais a atenção masculina do pub do que qualquer outra mulher ali presente. Era alta e esguia e o salto gigante em que apoiava os pés elevava sua elegância a um nível invejável para qualquer outra do sexo feminino ali presente. O sorriso branco e rodeado de covinhas dela reluzia e iluminava o local. Sua risada era sonora e rouca. Os olhos brilhavam. As bochechas avermelhadas pelo frio eram destacadas pelos cabelos negros presos em um coque frouxo. Uma franja caía solta por sua testa e a obrigava a retirá-la dos olhos com as pontas dos dedos vez ou outra. O decote era do mesmo tamanho daquele primeiro. Tão misterioso e excitante quanto. Mais uma vez eu a quis.
Então um rapaz do mesmo porte do instrutor de tênis se aproximou. Ele não tardou a levar o prêmio para o banheiro mais próximo.
Na terceira vez eu não deixei a oportunidade passar. Em frente ao Big Ben foi o momento em que a vi. A partir de então, não a deixei escapar. Ela estava acompanhada de uma amiga. Estrangeira, a julgar pelo encantamento patético com que encarava o Palácio de Buckingham. Na London Eye, eu entrei no mesmo compartimento que elas. Não foi difícil puxar um assunto. sorriu para mim no instante em que me viu. Foi devasso e doce ao mesmo tempo. Pela terceira vez eu a quis. E não fosse pela amiga estrangeira deslumbrada, pela London Eye lotada, pela falta evidente de privacidade... Talvez eu a tivesse possuído ali mesmo. Tenho certeza de que ela não se oporia. era capaz de causar estranhas reações em meus hormônios. Reações que nenhuma outra chegara minimamente perto de produzir.
era especial.
Por isso merecia que eu reservasse algo especial para ela.
Consegui seu telefone. Uma noite de bebedeiras em um pub descolado do centro, um lugar que não seria frequentado por ninguém da alta sociedade. Em seguida, ao fim da noite, sexo sem pudor no banco de trás do meu Porsche. Um jantar em um restaurante reservado, que também não seria frequentado por ninguém da alta sociedade. E então veio provavelmente a noite de sexo mais louca e intensa que já provara em minha vida. Em minha casa. Eu nunca as levava para minha casa. Mas era diferente.
era especial.
Ela trocou o instrutor de tênis por mim e quem vivia o filme pornô da vida real atrás do vestiário masculino no clube de golfe era eu. Todas as tardes de terça e quinta. Nas sextas à noite ela se refugiava em minha cobertura luxuosa no centro, enquanto o marido imbecil jogava pôker com os amigos.
Eu sabia todos os gostos e segredos dela. Sabia todas as suas angústias, suas infelicidades, suas insatisfações. Eu a escutava atencioso, abrindo o sorriso reconfortante quando achava necessário; afagando a cabeça e beijando a testa de modo carinhoso quando parecia conveniente; satisfazendo todas as suas necessidades sexuais a ponto de deixá-la exausta adormecida sobre meu corpo.
Um mês se passou. E o fim estava próximo.
Na festa de ano novo dos Carson ambos estaríamos presentes. Ambos pertencíamos à alta sociedade londrina. Combinamos de nos encontrarmos no quarto de hóspedes do terceiro andar da mansão. Passaríamos a virada do ano juntos. Ela tinha planos de deixar o velho e viver comigo. Eu assenti e sorri como se estivesse satisfeito quando ela fez a proposta. Ela me olhava com adoração, com paixão. Eu a tinha na palma de minha mão.
Mal sabia ela que perderia a vida pelas mãos que um dia lhe confortaram em seus momentos de dor.
Não demora muito tempo e eu a avisto. O vestido de cetim negro faz suas curvas perfeitas reluzirem. Ela está deslumbrante.
Como sempre.
O sorriso que sustenta nos lábios carnudos pintados de vermelho é falso. Eu já a conheço o suficiente para saber que sou o único que recebe um daqueles com sinceras intenções. Os olhos parecem dois faróis reluzentes em meio ao breu. Estão pintados de preto. A bochecha dela está naturalmente corada. Seu colo se destaca pelo decote em 'V' que forma o vestido. A perna esquerda está à vista pelo corte da saia que vai até a metade de sua coxa. Mordo meus lábios e reprimo um sorriso devasso.
Ao lado dela, com as mãos nojentas apoiadas em sua cintura fina e bem torneada, está o velho . Vinte anos mais velho e trinta quilos acima do peso. Por um instante tenho vontade de matá-lo e não a ela. Um vacilo de minha mente perturbada que vai embora tão rápido quanto chega. Eu não posso perder o foco.
é especial.
Mas isso não quer dizer que eu posso deixá-la impune por seus pecados. Ela é uma mulher infiel e merece pagar. Mesmo que o marido não dê a mínima para ela, mesmo que o marido a maltrate sem precedentes, mesmo que ela esteja sofrendo...
Ela não merece viver.
E não há questionamentos quanto a isso.
Quando os olhos felinos dela cruzam com os meus, um brilho de satisfação passa a dominá-los. O sorriso que era falso ganha aquele tom reluzente de quando ela sorri só para mim. Eu sorrio de volta, de lado, daquele modo misterioso recheado de malícia que a deixa fervendo por dentro. Eu sei que ela está excitada apenas com a minha presença, pois passa a acariciar a nuca inconscientemente. Ela tenta, mas não consegue despregar os olhos de mim. E então ela muda para o grande relógio que está próximo de anunciar a meia-noite.
A virada do ano finalmente se aproxima. Pego a última taça de champanhe da noite e não hesito em caminhar na direção das escadas. Dou uma última olhada para trás e pisco uma vez para ela, que sorri e morde o lábio inferior com força. A lâmina da faca pesa em meu bolso.
As escadas me levam aos andares superiores. O quarto de hóspedes do terceiro andar é o último no corredor ao lado direito. Caminho até lá calmamente, apenas repassando em mente os planos que tenho para .
é especial.
Os fogos de artifício já começam a iluminar o céu quando ouço a porta do quarto abrir. Estou na sacada, bebericando minha taça de champanhe. Eu não me viro. Espero ela vir até mim. Seu perfume doce lhe anuncia de antecedência. Um sorriso de satisfação se forma em meus lábios sem que eu me dê conta.
Os saltos dela batem contra o piso da sacada, denunciando que se aproxima. Fico estático, esperando pelo primeiro passo dela. Não demora muito até que suas mãos macias e delicadas envolvam minha cintura. Ela me abraça com força e deposita um selinho demorado em minha nuca, antes de sussurrar com sua voz rouca e baixa em meu ouvido:
- Feliz ano novo. - ela diz, e morde com leveza meu lóbulo. Eu me arrepio de imediato.
Mais uma vez, não sou capaz de evitar a aparição de um sorriso. Tomo mais um gole de meu champanhe e pego uma de suas mãos entre as minhas. Dou um beijo demorado em sua palma antes de finalmente me virar para me deparar com ela.
- Feliz ano novo. - é o que eu sussurro em resposta, beijando a parte de cima de sua mão dessa vez.
O sorriso que está nos lábios dela não pode ser medido. É belo e característico de uma mulher plena e satisfeita. Satisfeita porque está comigo.
ergue a taça de champanhe que tem em mãos e sorri, me chamando para um brinde:
- A um novo ano.
- A um novo ano. - repito suas palavras.
Ela se aproxima novamente e envolve meu pescoço com seus braços. Minhas mãos prendem sua cintura e puxam seu corpo para mim. Seu perfume agora me domina inteira e completamente. Não sou capaz de me desviar de seu olhar. Seus dois globos parecem dois espelhos que refletem os meus.
- Ao melhor ano da minha vida. - ela dá um beijo em meu queixo.
- Como pode ter certeza de que será o melhor ano da sua vida? - pergunto, tentando não parecer tão sombrio.
- Eu estarei com você, como poderia não ser? - outro sorriso se abre nos lábios dela.
Eu deposito um breve selinho ali, esperando abafar aquela voz em minha cabeça que grita para que eu a mande embora.
Agora.
Antes que seja tarde demais.
De repente meu instinto assassino resolve entrar de férias.
Eu entro em um leve estado de desespero.
Não posso voltar atrás. Mas quero voltar atrás. Não sei o motivo.
Não posso.
é especial.
- Eu prometo fazer desse o melhor ano de sua vida. - sussurro em seu ouvido e a sinto estremecer entre meus braços.
Minha boca deixa um rastro de beijos quentes e demorados pela pele perfumada de seu pescoço. Então eu a mordo com delicadeza, provocando arrepios que deixam seus poros eriçados em minha visão.
O sorriso que se abre em meus lábios agora é devasso e mal intencionado. Possuí-la torna-se uma necessidade vital a ser sanada a partir dali.
De mordidas no pescoço dela eu subo os lábios para que beijem sua mandíbula. Mordo seu queixo e sua bochecha, provocando nela um riso de satisfação que é rouco e sonoro. Como na vez em que a vi naquele pub.
aperta meus ombros e sobe as duas mãos em direção à minha nuca. Sinto unhas me arranhando e arrepio outra vez. Então ela puxa meu cabelo porque finalmente chego aos seus lábios. Sinto a textura macia da pele de porcelana de seu rosto entre meus dedos, enquanto minha boca roça na dela, em uma provocação que a deixa de respiração pesada e falha. Minhas mãos não economizam na força ao apertar a cintura e os quadris dela. Mordo seu lábio inferior e lhe arranco um gemido mínimo da garganta antes de iniciar o beijo.
O encaixe de nossas bocas é a estranha perfeição de sempre. A estranha perfeição selvagem de sempre. Há um tipo de paixão primitiva e animalesca. Nossas línguas se encontram e um turbilhão de sensações invade meu corpo a partir dali. A luxúria e o ódio, em uma antagônica combinação ideal. Eu quero tê-la e matá-la ao mesmo tempo.
Ela é doce e quente, e espalha desejo pelo meu corpo a cada movimento. Seja de suas mãos que puxam meu cabelo ou arranham minha nuca. Seja de seu corpo que ela pressiona com vontade contra o meu. Seja de sua boca que sabe beijar a minha como ninguém. Eu me perco na sua essência, levando minhas mãos por todas as partes dela que me são alcançáveis. Desço de sua cintura aos glúteos e suas coxas. Então subo às costas, e agarro seu longo cabelo e passo a ditar o ritmo do beijo, que não para. O ar falta e eu ofego. Tiro forças de um local desconhecido para me separar dela.
Eu abro os olhos e encontro os seus fechados, de modo que deixa seu rosto belo dominado por uma estranha paz. Um pequeno sorriso brinca nos cantos dos lábios de . O batom vermelho agora está borrado e eu tenho certeza de que uma parte dele está em minha própria boca. Quando ela abre os olhos, finalmente, eu deixo que outro sorriso escape. É difícil não sorrir quando estou com ela, por mais contraditório que isso pareça à minha consciência deturpada.
- Talvez esse não seja o melhor ano da minha vida, mas começou melhor do que eu poderia pedir. - ela sussurra e sorve um longo gole de seu champanhe.
Meus olhos acompanham atentos cada movimento dela, e não perdem a oportunidade de assistir a queda de uma gota de champanhe que escapa por seu lábio. A gota percorre seu queixo lentamente e eu vejo seu lábio erguer um sorriso malicioso. Busco seus olhos e encontro sua sobrancelha arqueada em uma expressão provocativa que causa um frio em minha barriga. Quando volto a acompanhar o caminho da gota de champanhe ela já escorre por seu pescoço, então seu colo delicado. Engulo em seco quando a gota atinge a curva do seio de .
Eu a pressiono contra mim outra vez sem qualquer delicadeza e minha língua refaz o caminho que a gota de champanhe sensualmente fez. A curva de seus seios é acariciada por minha língua. Sua pele é tão doce quanto seu beijo. Então vou ao seu colo e seu pescoço, de modo que finalmente chego a seu queixo e lábio. Ela o morde e aperta minha nuca. Eu tenciono beijá-la mais uma vez, porém não permite. Ela se afasta e deixa um sorriso libidinoso no ar.
Meus olhos se perdem em uma análise minuciosa das curvas que formam o corpo dela. De suas costas descobertas, aos ombros delicados, então à bunda que se destaca pelo modelo justo do vestido. Não percebo quanto tempo levo na análise da perfeição visual que é seu corpo. Só retorno ao planeta Terra quando o dedo dela entra em meu campo de visão. Sua unha comprida e vermelha me chama.
- Estou aqui em cima. - ela diz, e não deixo de notar sua expressão convencida quando meu olhar finalmente se pousa sobre o dela.
- Não pode me culpar por te olhar desse jeito. Você é linda. - dou de ombros.
Um sorriso maroto é meu cartão de visitas nesse momento. Ela cora levemente e isso me satisfaz de diferentes maneiras.
Quero beijá-la e penetrá-la fundo.
Quero ver o rubor tomar toda sua pele enquanto a invado e cubro seu corpo com o meu.
Meu membro dá o primeiro sinal de vida. A faca pesa em meu bolso mais uma vez.
- Não acha que está perdendo tempo olhando para um pedaço de tecido? - a sobrancelha dela está arqueada mais uma vez. Seu tom é provocativo e mal intencionado. Eu puxo a gravata em meu pescoço, que naquele momento parece me sufocar. - Que tal me ajudar a tirar isso? - ela indica o zíper do vestido.
- Com todo o prazer. - faço uma pequena reverência, arrancando dela um riso entretido.
Cubro em poucos instantes a distância de cinco passos que nos separa. Nossos olhares se cruzam por um longo momento. Minha língua umedece minha boca, porque a dela chama a minha atenção de imediato. Quero beijá-la mais uma vez. Mas antes tenho um trabalho importante a fazer.
As pontas de meus dedos fazem o desenho da omoplata dela, se deliciando com a sensação de seda que é sua pele. Meus olhos acompanham cada centímetro de pele que tenho a sorte de tocar. me olha de lado, e seu sorriso é misterioso. A respiração dela é calma, mas sua ansiedade se espalha pelo ar.
Eu tiro a cortina negra e vistosa que são seus cabelos de meu caminho, colocando-os com delicadeza por sobre os ombros dela. Meu dedo indicador direito percorre a nuca de , descendo por sua espinha, e é inevitável não constatar que ela estremece. Em seguida finalmente atinjo o zíper de seu vestido. Com uma calma cirúrgica eu o abaixo, e aos poucos vou revelando o restante das costas dela. O zíper termina em seus quadris, e a imagem parcial de seus glúteos redondos faz uma nova onda de excitação dominar meu corpo.
Ódio e luxúria reunidos novamente.
Com delicadeza eu abaixo a alça esquerda do vestido. Um beijo demorado é depositado em seu ombro esquerdo. Repito a ação em seu ombro direito, após abaixar a alça direita. O vestido agora só continua em seu lugar porque o mantém preso pelos braços, cruzados em frente aos seios. Ela ainda me olha de lado, o sorriso ainda é recheado de mistério.
Aproximo meu corpo do dela, e minhas mãos envolvem sua cintura. Colo meu peito em suas costas e faço questão de pressionar meu quadril contra ela. Acaricio sua barriga enquanto meus lábios vão em direção ao seu ouvido:
- Não posso negar que fica linda nesse vestido. Gosto dele principalmente porque não exige o uso de um sutiã. - eu sussurro, e sei que deposito a carga máxima de sedução em meu tom intencionalmente rouco – Mas é infinitamente mais linda sem ele.
sorri quando mordo seu lóbulo e beijo o pé de seu ouvido.
- Eu poderia viver com a visão do seu corpo nu pelo resto da vida. - digo em seguida.
- Estou proibida de usar roupas a partir de agora? - ela pergunta.
Seu tom é baixo e rouco como o meu.
- Não é uma questão de proibição, é uma questão de necessidade. - respondo.
Minhas mãos em sua cintura a obrigam a se virar para mim. Encontro seu rosto ruborizado e os diamantes que são seus olhos brilhando contra a meia luz. Com delicadeza retiro os braços dela que ainda sustentam o vestido a cobrir-lhe. O tecido cai ao seu redor no chão. Mordo os lábios quando tenho a visão perfeita de seus seios tão próximos. Redondos, não muito grandes, perfeitos para as palmas de minhas mãos. Os mamilos são redondos e macios, como eu imaginei na primeira vez em que a vi.
- O jeito que você me olha... - diz, e chama a minha atenção. Volto para seus olhos outra vez – Parece um desejo tão desesperado... - conclui.
Fecho os olhos quando as mãos dela se infiltram entre meus fios de cabelo e arranham meu couro cabeludo.
- Há algum problema em te desejar desesperadamente? - pergunto.
- Não. - as mãos dela se guiam até meu rosto e o acariciam com delicadeza. Abro os olhos e a encontro tão próxima que consigo contar as pequenas sardas que marcam seu nariz. - Porque eu me sinto assim com relação a você também.
- Acho que posso cuidar para que satisfaça esse desejo. - é o que respondo.
Roço meu nariz no dela e lhe arranco um sorriso singelo. Ela retira os fios de cabelo que caem sobre minha testa, enquanto analisa clinicamente cada um de meus traços. Estranhamente eu me sinto bem.
- Esse é o tipo de desejo que se renova e que nunca pode ser satisfeito inteiramente.
- Não vou me cansar de tentar. - digo, e a cada palavra proferida, meus lábios roçam nos dela.
A vontade de beijá-la é dominante mais uma vez. Sem provocações ou hesitações eu a encaro dentro dos olhos. Uma das mãos que estão em sua cintura vai à sua nuca e eu prendo seus fios de cabelo entre meus dedos. Meu olhar vai dos olhos aos lábios dela e evitando a cerimônia, choco nossas bocas com urgência e agressividade.
Luxúria e ódio.
Minha língua busca a dela de imediato e encontra resposta com o mesmo tanto de fervor. Entramos em uma batalha, explorando cada canto remoto de nossas bocas. O gosto de se espalha em mim e eu só consigo pensar que preciso buscar mais. Quero toda a essência dela em mim. Minha mão dita o rumo do beijo, puxando os fios de cabelo dela de modo que a faz ofegar e fincar as unhas em meus ombros. Então em meu peito e meus braços. Eu desço a outra mão por sua cintura, chegando à bunda, à coxa. Depois subo pela lateral de seu corpo, e finalmente atinjo seu seio. Ela morde meu lábio inferior quando aperto seu mamilo entre meu polegar e indicador.
O ar falta e ofegamos em conjunto. O beijo se rompe por um milésimo de segundo. O milésimo de segundo necessário para lançar aquele olhar invasor que só ela tem. Demonstra todo o desejo que a domina. O desejo por mim. Dessa vez agarra minha nuca e retoma o beijo na mesma urgência anterior.
Eu viajo me perdendo nas curvas de seu corpo macio e quente. Minha mãe se guia lentamente até a intimidade dela. Eu aperto sua bunda entre meus dedos antes de atingir o ponto que anseio. Ela está úmida e sua essência se espalha entre meus dedos. Eu a toco com calma, apenas estimulando seu sexo. Tenho outros planos para ela.
O beijo se estende por um longo tempo. Não tenho mais pressa. De repente quero adiar tudo. Quero senti-la em totalidade quanto mais puder. Porque sei que sentirei falta de tê-la entregue em meus braços, sussurrando em meu ouvido o quanto a faço feliz. O pensamento herege é apagado de minha mente assim que nossos lábios se separam mais uma vez. Sou capaz de pensar com maior coerência quando ela não está tão próxima, tão íntima.
sorri para mim, retirando meu paletó e o jogando sobre a cama. O peso da faca se vai. Sua mão puxa a minha gravata e me arrasta em direção à cama. Não me oponho às suas intenções. Ela me empurra no colchão e sorri devassa. Acompanho seu gesto, e apoio a cabeça nas mãos cruzadas, esperando pelo que ela tem preparado para mim. Eu nunca me decepciono com .
Por entre meus olhos cerrados eu a vejo engatinhar sobre a cama. Um sorriso no canto dos lábios. Um brilho libidinoso no olhar felino. Ela senta sobre meu membro e o pressiona com seus quadris. Fecho os olhos com força e reprimo um gemido. Meus lábios são maltratados por meus dentes.
Quando volto a encará-la, ela já encaminha as mãos habilidosas na direção de minha gravata. O nó é desfeito com calma e maestria, elevando minha ansiedade a um nível alarmante. Ela jamais deixa de sorrir e penetrar fundo em meus olhos com os seus. Não me dou conta quando a gravata é retirada de meu pescoço e colocada cuidadosamente ao lado da perna dela. Só consigo prestar atenção no fato de que as unhas vermelhas dela agora se encaminham para os botões de minha camisa negra.
- Eu até poderia elogiar o quanto você fica lindo e charmoso nesse terno... – diz, enquanto brinca com o primeiro botão – Mas nós dois sabemos que a ausência dele me agrada muito mais. – então o botão é aberto – Sou a favor de nenhum dos dois usar roupas o quanto for necessário. – ela pisca.
- Concordo. – respondo, enquanto minhas mãos se encaminham na direção da cintura dela. – Ainda temos muitas posições para testar... – sorrio de lado.
- Vou te dar um Kamasutra de aniversário. – ri, se deliciando com o carinho que faço em sua cintura. Ela abre o botão seguinte de minha camisa.
- Eu tenho o Kamasutra decorado. De onde acha que eu tirei toda essa habilidade sexual?
- Quem disse que você tem habilidade sexual? – outro botão é aberto. E outro logo em seguida.
- Seus gemidos dizem mais do que mil palavras. – respondo e aperto sua cintura entre meus dedos.
Ela rebola sobre meu membro mais uma vez, quando finalmente abre o último botão da camisa. arranha meu peito e abdômen sem dó, de modo que suas unhas deixam dez rastros vermelhos em minha pele. Solto um suspiro pesado e sorrio mordendo o lábio. Ela faz o mesmo enquanto tira minha camisa.
- Alimentei demais seu ego. – ela rola os olhos.
Assisto bastante interessado os lábios dela que se curvam em um sorriso caminharem lentamente até meu peito. Ela me beija calidamente. Seus lábios pegam fogo contra minha pele. Os dentes dela me arranham e sua língua me acaricia.
Em seguida desce seus beijos pelo meu abdômen, arranhando com os dentes e unhas. Sou tomado de arrepios nesse momento. Quando chega ao meu baixo-ventre ela para. Sua língua cobre de uma extremidade a outra nesse local, o que faz minha barriga encolher de ansiedade. Enquanto morde minha pele ela abre meu cinto. Ele voa pelo quarto em questão de segundos. Então é a vez de ela abaixar lentamente o zíper de minha calça. não parece ter pressa e a expectativa ruge em meu peito. Sei de sua habilidade. Sei o quanto posso ficar satisfeito por causa dela. Meu desejo é elevado.
retira minha calça, que vai parar no chão próximo ao restante de minhas roupas. Ela volta a engatinhar sobre mim e se senta em meu membro mais uma vez. Acompanho tudo calado, não deixando que seu olhar se desvie do meu. Ela busca a gravata que havia separado anteriormente e eu não protesto quando ela aproxima o pedaço de tecido de meus olhos.
- Que tal começar o ano inovando? – ela sussurra em meu ouvido, mordendo meu lóbulo. – Nada espiar. – então deposita um beijo em meu nariz.
Seu seio toca meu peito e eu aperto ainda mais sua cintura. Seus mamilos estão rígidos e eu sinto uma vontade de absurda de tomá-los em minha boca. Mas ainda não é o momento. Controlo meu instinto e deixo ela vendar meus olhos como bem entende. Não enxergo nada. Fico na expectativa quando ela se afasta e desce os beijos pelo mesmo caminho de pele arrepiada que havia feito antes. Então seus dentes chegar ao elástico de minha boxer. Ela o puxa levemente enquanto sua mão acaricia meu membro ainda por cima do tecido. O ar sai com força de meu pulmão. Minhas mãos agarram os ferros da cabeceira da cama.
Ouço um riso divertido de , e o som reverbera em meu interior, fazendo-o o formigar por inteiro. Mais uma vez sou obrigado a suspirar com força quando ela morde meu membro, ainda por cima do tecido. Suas mãos acariciam minhas coxas, suas unhas me arranham e sua boca cobre toda aquela extensão sensível de minha pele.
Quando seus dedos finalmente puxam minha boxer, um sorriso perpassa em meu semblante. Meu membro rígido está livre e é inicialmente tocado pelas mãos macias de fada de . Seus dedos o tomam por inteiro e eu mordo os lábios, contendo um gemido. Ela movimenta a mão com calma. Sobe e desce. A outra mão ainda arranha minha coxa, meu baixo-ventre. Imagino o sorriso devasso que toma os lábios dela. Os lábios que quero sobre meu membro, se movimentando na maestria que lhe é característica. Quando ela finalmente o faz, o gemido não pode ser contido. Minhas mãos se guiam até a cabeça dela e a sensação da boca dela me satisfazendo me enlouquece. Sua língua me acaricia e sua boca me recebe. Ela é paciente e sabe me tocar na extensão que faz meus hormônios entrarem em estado de ebulição. Eu aperto seus fios de cabelo entre meus dedos, sem me preocupar em ditar o ritmo dela. sabe o que é perfeito para mim.
Não demora muito para que eu atinja meu ápice. Meu corpo ferve então congela de uma vez. Estremeço e perco o controle de meus músculos, que sucumbem aos espasmos de prazer. Ela recebe toda a minha essência e beija minha boca enquanto ainda me recupero do momento de êxtase. Quando o beijo se desfaz eu retiro a gravata que impede minha visão e troco as posições. Estou por cima dela e acompanho ela sorrir misteriosamente. Faço o mesmo.
- Minha vez. – eu pisco e lhe beijo de modo breve.
Então beijo seu pescoço que cheira a flores e uma tarde de verão. Beijo sua mandíbula, beijo seu colo, e finalmente chego aos seios que tanto aprecio. Um deles tem o encaixe perfeito em minha mão. O outro tem o encaixe perfeito em minha boca. Enquanto minha língua cobre toda a extensão de seu mamilo, suspira. Uma das mãos se embrenha entre meus fios de cabelo. A outra faz o mesmo com seus próprios cabelos. Eu revezo o carinho de minha boca em seus seios. Vou de um a outro, sugando, lambendo e mordendo. Ela suspira com cada vez mais força. Um mínimo gemido escapa dos lábios dela quando eu passo a descer os beijos por sua barriga. Mordisco os arredores de seu umbigo e seu baixo-ventre. Ela me olha de cima, ansiosa. Eu dou meu sorriso mais devasso enquanto aliso suas coxas que se estendem para mim.
Quando meus olhos pousam em sua intimidade úmida e pronta para me receber, meu membro volta a dar sinal de vida. Ele enrijece quando eu toco com a ponta do dedo o clitóris dela quase rígido. Ela sorri, me incentivando a continuar. Eu massageio seu clitóris mais uma e duas vezes, antes de deixar que a minha língua passe a fazer esse trabalho.
O primeiro impacto de seu gosto é revigorante. Ela é doce e me deixa sedento por mais. Minha língua percorre toda a extensão de sua intimidade com calma, fazendo a pressão necessária para que ela agarre meus cabelos e chame por meu nome baixinho entre seus gemidos. Um sorriso me escapa, e meus dentes mordem seu clitóris. Então passo a acariciá-la por inteiro com minha língua. Rápido, e depois devagar, então rápido novamente quando ela quase implora com a voz falha.
Quando meu dedo indicador lhe penetra ao mesmo tempo em que lhe sugo as costas dela arqueiam sobre a cama. E seu quadril passa a se movimentar no mesmo compasso de meus movimentos. Ela arranha meus ombros e me pressiona em sua direção, até que finalmente a levo ao paraíso. Ela estremece, sua voz faz reverberar um gemido longo e satisfeito. O corpo dela está suado e seu peito ofega em um ritmo alucinante. Sinto seu coração bater forte contra a minha mão quando a coloco sobre seu peito. Outra vez não sou capaz de conter um sorriso.
Mas ele logo se desfaz.
O grande momento se aproxima.
abre os olhos e ali eu encontro sua alma. Ela é toda minha. Ela é devotada a mim. E eu sou devotado a ela, de certa maneira.
Minhas mãos são delicadas ao afastarem as pernas dela. Puxo seu corpo na direção do meu e pincelo sua entrada com meu membro já pronto para preenchê-la. Ela agarra minha nuca com força e me encara, esperando pelo momento em que estarei dentro dela por inteiro. Eu não hesito em invadi-la com força e autoridade.
morde meu ombro quando meu corpo se põe sobre o dela. Então eu inicio minhas investidas. São rápidas e precisas, e ela exige por mais. Ela clama por mais, chamando meu nome.
- Mais forte. – ela sussurra ao pé de meu ouvido.
Não sou capaz de lhe negar um último pedido. Nossos corpos se chocam em um ritmo alucinante. Ambos deslizam sob o suor, expressão pura do desejo que toma cada mínimo canto daquele quarto. Eu a penetro profundamente e não parece ser o bastante. Preciso me fundir a ela, então estarei satisfeito. Preciso deixar que minha essência passe a circular em seu interior que é quente e me acolhe fervorosamente.
Só existe e eu.
Só existe as mãos dela me apertando e me puxando em sua direção. Só as minhas mãos acariciando seus seios. Só existe minha boca roçando na dela, esperando pelo momento em que chegaremos ao ápice e poderemos então nos entregarmos a tal gesto.
Não haverá esse momento, entretanto.
Não sei por quanto tempo estive dentro dela, mas quis que fosse a eternidade.
Quando o momento chega meu coração que bate acelerado parece inchar dentro do meu peito, que dói como a própria morte. A morte que se aproxima.
Eu atinjo meu ápice pela segunda vez na noite. não tarda a fazer o mesmo. Meu corpo desaba sobre o dela e ali eu fico por alguns instantes. Minha cabeça descansa sobre seu peito ofegante. Dou um beijo da curva de seu seio e permito que meus olhos se fechem e eu apenas sinta a respiração dela contra minha, seu cheiro doce controlando meu olfato, sua pele de seda massageando a minha...
- Isso foi incrível. – ouço sussurrar.
Não sou capaz de respondê-la. As palavras se perdem em minha cabeça e ficam presas em minha garganta. Demoro a buscar a coragem que de repente me falta. Mas ela vem. Porque ao lado da luxúria anda sempre o ódio.
Levanto minha cabeça e busco pela última vez os olhos de diamantes dela. Eles brilham como verdadeiros diamantes, de fato, se destacando na parcial escuridão do quarto. O rosto de porcelana está corado e o sorriso nos lábios dela me parece inabalável. Ela está feliz e isso me conforta.
Busco a faca escondida em meu terno que agora jaz ao lado da cama. O cabo da lâmina pesa uma tonelada em minhas mãos trêmulas. Não posso voltar atrás.
- O que está pegando? – ela me pergunta.
O sorriso não se abala.
- Shiu... – pouso o dedo indicador sobre os lábios dela. Meu olhar sério faz o semblante dela se modificar.
E isso, de certa forma, acalma meu coração.
- Eu sinto muito . – é o que digo.
Minha voz está baixa e quase falha no final.
- Sente pelo quê? – a expressão dela é confusa.
- Prometo que vai passar logo.
Fecho os olhos por um instante. Então tampo a boca dela com a minha mão. Os diamantes se arregalam assustados. Ela me pergunta através deles “O que está acontecendo?”. A minha resposta vem da lâmina que brilha no escuro e com um golpe frio e direto corta o peito dela ao meio, atingindo em cheio seu coração.
se debate entre meus braços. Eu repito a facada mais três vezes. Naquele momento já não havia mais qualquer resquício de luxúria. Apenas o ódio. Ela não parecia nada mais do que uma mulher infiel que não merecia o dom da vida. Era eu o responsável por arrancá-la. E o fiz.
Os olhos dela se fecham aos poucos, à medida em que a vida vai lhe deixando o corpo. Depois de um tempo só sobra a casca que um dia abrigara a alma de . Seu sangue lava minhas mãos e os lençóis de seda branca.
Limpo minhas mãos no banheiro da suíte, lavo a faca e visto minhas roupas. Não há qualquer sinal de remorso. Não olho para trás.
Eu não amo. Eu não sinto.
Meu nome é e eu sou um psicopata.