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#015 Temporada

Slow dancing in the dark
Joji



Dançando (nem tão) sozinho

Escrita por mercury | Revisada por Songfics

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  Deviam ser três horas da tarde. Gabriel Goularte estava de pé, na frente do imenso espelho que cobria toda a porta do seu guarda-roupa branco de madeira, tentando arrumar a maldita gravata do terno slim preto que estava usando. Mesmo que o baile começasse apenas às oito horas da noite, ele queria deixar tudo preparado. Nada iria estragar a sua noite.
  Desistiu de arrumar a gravata e apenas a deixou sobre o ombro, abrindo os botões do paletó. Analisou-se dos pés à cabeça e soltou um riso abafadiço, se achava um completo idiota daquele jeito. Ainda não tinha lhe caído a ficha de que ele usava um terno pela primeira vez por causa de uma garota, tal garota que nem se lembrava da sua existência até semana passada, quando foi rejeitada pelo garoto mais bonito da escola de Beverly Hills.
  O baile de formatura era literalmente a coisa mais importante daquela escola toda. Os alunos estudavam os três anos todos com um único objetivo, e quem não conseguia, armava um plano mirabolante para entrar na escola e conseguir entrar no baile. Goularte nunca se importou com isso na verdade, mas quando foi convidado por Priscila para ir ao baile – e ele não podia negar, de qualquer forma, ela meio que estava o obrigando a ir –, ele ficou animado.
  Ao todo, menos de cem alunos estavam convidados a comparecer ao baile, já que em casa sala tinham pelo menos quarenta alunos e nem todo mundo havia passado com uma nota boa. O que era bom, teria muita bebida e comida – e parecia que era só isso que importava para a maioria.
  Ah, também teria o “rei e rainha” do baile, o que animava mais os convidados. O famoso clichê estava finalmente acontecendo, e com certeza, Gabriel iria aproveitar que tudo aquilo era realidade, não história.
  Goularte tinha a roupa perfeita – se conseguisse arrumar aquela maldita gravata –, a acompanhante perfeita e o melhor amigo do mundo para lhe ajudar.
  O que poderia dar errado?

· · • • • ✤ • • • · ·

  — Você o que?! – Gabriel perguntou indignado.
  Eram seis horas da tarde. Goularte estava de frente para a tela do computador, olhando a cara de desapontado de seu melhor amigo, Rodrigo.
  — Desculpa. Eu tentei conversar com a minha mãe, disse que o baile era a coisa mais importante pra mim e ela simplesmente me ignorou e me deixou de castigo. – Murmurou, batendo as próprias costas no encosto da cadeira.
  — Que droga, Saiko! Você não pode ficar um dia sem ser exposto?
  Rodrigo desviou o olhar. Era um garoto que já esteve com metade dos alunos da escola, e sempre terminava os seus relacionamentos de uma forma não muito inteligente: Deixando uma carta no armário delas. No dia seguinte ele sempre estava com outro, e sempre tinha alguém que contava para a mãe dele sobre isso porque, bom, ele meio que merecia.
  O problema era que ele e Gabriel queriam ir naquele baile desde que se conheceram, juntos, como melhores amigos mesmo (mesmo que eles já tivessem namorado por dois meses), e agora ele simplesmente tinha ficado de castigo!
  — Desculpa, você vai ter que ir sem mim – Rodrigo disse de um jeitinho triste, com um bico nos lábios.
  — É óbvio que eu vou sem você, Saiko. Eu vou com a Priscila, esqueceu? Não posso perder essa chance. – Disse de braços cruzados. – Ela é a garota mais bonita da escola, e se ela me chamou foi porque gosta de mim, não é?
  Saiko revirou os olhos, concordando com a cabeça.
  — Cara, ela tá tão na sua... – murmurou de um jeito irônico, imitando a voz do Greg de “Todo Mundo Odeia O Chris”. Goularte revirou os olhos.
  Podia ser meio iludido as vezes, mas ninguém tocava no seu ego. Era óbvio que Priscila só tinha chamado ele para o baile pois era outra com o ego inflado, e também Gabriel estava perto dela na hora da discussão que teve com seu antigo parceiro; mas ele se recusava a acreditar que tudo aquilo foi no momento.
  Depois de alguns minutos discutindo com Saiko sobre seu ego não ser nada inflado, Goularte pode finalmente desligar a bater a cabeça contra a mesa de carvalho.
  Okay, ele podia não ter o melhor amigo, porém ainda tinha a roupa perfeita e a companheira perfeita.

O que mais podia dar de errado?

· · • • • ✤ • • • · ·

  Sete e meia.
  Ainda estava muito chateado com o fato de Saiko não poder ir e de não poder dirigir até a casa de Priscila para busca-la, como nos filmes. E era óbvio que ela não gostaria de andar a pé, eram pelo menos meia hora da sua casa até a escola.
  Então, para não se atrasar, ele optou por ir de ônibus. O problema era que era sábado, e depois das seis horas da tarde os ônibus só deixavam as pessoas do terminal e voltavam para a garagem.
  Estava dando tudo errado, ele tinha perdido a vontade de ir ao baile.
  Entretanto, algo dentro dele implorava para que ele fosse mesmo com todas as desgraças acontecendo. Além de que era apenas uma noite normal e que era o último dia de “aula”, coisas legais poderiam acontecer!
  — Pensamento positivo, Gabriel... – tentou se auto animar, se levantando do banco do ponto de ônibus e saindo de lá com pressa.

Poderia melhorar, certo?

  Chegando lá, as portas duplas da quadra de basquete estavam abertas, iluminando o corredor escuro que dava acesso a elas. Desde o momento que entrou na escola, conseguiu ouvir uma música eletrônica bem alta. Era uma festa de adolescente, é lógico que teriam músicas que estouravam as caixas de som.
  Gabriel já não tinha mais o terno perfeito, ou sequer seu cabelo estava arrumado. Enquanto falava para si mesmo que tudo melhoraria andando pela calçada a caminho da escola, um carro numa velocidade muito alta passou por uma poça de água, que era a única na rua e adivinha só? Bem ao lado de Goularte! Ele ficou tão chateado (e ensopado da cabeça aos sapatos pretos e bem caros que ele tinha se esforçado para juntar dinheiro e comprar), nem queria ir mais.
  No entanto ainda tinha esperanças. Esperança de que tudo fosse melhorar e que ele seria o rei do baile, que Priscila ficaria orgulhosa e que tudo ficaria bem.
  Ao passar pela porta, já foi logo recebido com olhares carregados de nojo e risadas pelo seu estado. Não que ele se importasse, mas era horrível quando você, um dia, está lá no seu canto lendo um mangá qualquer, e no outro estar todo molhado e com vários olhares conhecidos para cima dele.
  — Gabriel, que merda é essa?
  Mordeu o lábio e se virou, vendo uma garota de cabelos bicolor, separados em duas partes nas cores perto e vermelho escuro. Seu vestido vermelho era digno de uma princesa, com direito a uma saia bufante e detalhes de coração que mais pareciam diamantes de verdade; ela usava um par de all star vermelho, e era possível ver já que ela estava segurando a saia para não a molhar. Todos os olhares eram direcionados a ela, e Gabriel parecia estar hipnotizado.
  — Uau, você está lin-
  — Você está ridículo. – Cortou o maior, que apenas abaixou a cabeça. – Eu disse para você vir com um terno vermelho para combinar comigo! – bufou enraivecida. – Eu te mandei mensagens, Gabriel, trinta e cinco mensagens!
  Goularte suspirou decepcionado.
  — Eu não te disse que meu celular caiu na privada? Eu tentei te chamar no facebook, mas você nunca aceitava minha solicitação de amizade.
  As pessoas em volta olhavam o quase-casal, cochichando coisas que com certeza manchariam a reputação de Goularte. Mas que reputação ele tinha a perder? Há três semanas atrás ele só era um garoto otaku que ficava o dia todo na biblioteca, recusando convites de garotas para sair. Agora ele era só um garoto sortudo saindo com a popular da escola, o que não era grande coisa.
  Priscila deu de ombros, não se importando nada com a resposta de Gabriel e o puxou para perto do grupinho de amigos populares, perto da mesa de bebidas.
  Se sentiu tão pequeno quanto uma formiga naquele meio. Eles só falavam de coisas caras, notas boas, viagens, números com mais de três dígitos nas redes sociais... Tudo o que Goularte não tinha. Maldito Rodrigo, ele saberia exatamente o que dizer, ou para onde puxá-lo nesses momentos de pura vergonha. Pegou um copo de plástico vermelho com um ponche verde-limão e levou até os lábios, pensando em um jeito de escapar dali o mais rápido possível.
  — E você, Goularte? – Um dos garotos do time de basquete, Victor Schiavon, perguntou, mas o loiro estava ocupado demais virando o copo para responde-lo.
  O grupinho achou aquela atitude muito sem classe, trocaram olhares carregados de indiferença, o que fez Priscila rir nervoso e puxar o braço de seu par para baixo, fazendo com que ele largasse o copo.
  — O Victor falou com você Gabriel, agora – provocou sorrindo de um jeito falso. Goularte franziu o cenho e encarou o jogador por um breve tempo.
  — Perguntei se já viajou para algum lugar.
  — Ah – mordeu o lábio. – Eu viajei da minha casa até a cidade vizinha para ir em um evento de games. Conta essa?
  Schiavon, sem saber com que cara olhar para o mais baixo, apenas sorriu nervoso e assentiu com a cabeça, sussurrando “como assim ele nunca foi para a Grécia?” para si mesmo.
  Goularte voltou seu olhar para Priscila, que estava quase arrancando a parte preta do próprio cabelo.
  — Eu já volto, okay? Não sai daqui, POR FAVOR! – gritou brava, puxando os amigos pelos braços para algum outro canto do baile.
  Ele apenas deu de ombros e ficou ali, como ela mandou, não queria se misturar com os “burgueses” amigos da garota e passar uma má impressão, e também porque ele não era que nem aquela gente, nem teria sentido tentar fazer amizade. Não era do mesmo “nível” que eles.
  Foram minutos ali, sozinho, só bebendo ponche e comendo uns brigadeiros ali e uns bombons aqui. Até que o ritmo da festa foi ficando mais lento. Os casais se abraçavam e podiam curtir a deixa deles para viver um momento de romance como nos filmes, dos mais bem vestidos convidados até aqueles que só estavam com roupas normais e rindo de toda aquela besteira que era o baile de formatura. Aqueles eram os alunos que não tinham terminado o colegial e tinham dado um jeito de entrar.
  Mas seu coração parou quando seu olhar chegou em Priscila, com um outro garoto a conduzindo na dança lenta. Ela parecia tão feliz com aquele garoto, mas Gabriel estava de coração partido. Tinha colocado tantas expectativas nela, e no final foi trocado muito rápido.
  Bom, Rodrigo estava certo.
  Rafael Lange, um dos garotos que sempre sentava ao lado de Gabriel nas aulas de química, estava inquieto procurando seu parceiro. Andou até o amigo e parou ao seu lado, aproveitou e pegou uma bebida. Precisava se acalmar.
  — Ei Gou, cê viu o Al-- — Parou de falar assim que percebeu que o mais novo não prestava atenção no que dizia. Revirou os olhos e deu um grande gole no ponche esverdeado.
  — Eles parecem felizes...
  Lange fez uma cara confusa, logo desviando o olhar para onde o outro o tinha. Revirou os olhos em seguida. Com certeza Gabriel estaria sofrendo pela garota mais tarde até toda a água do seu corpo acabar.
  — A Pri e o Felps?
  — Felps?! Felipe Zaghetti?! – perguntou um pouco assustado, agora encarando Rafael.
  — É, você não sabia que ele viria? – Franziu o cenho. – Ele é um dos candidatos a rei do baile.
  Totalmente chocado, Goularte focou o olhar no novo companheiro de Priscila. O tal Felipe agora estava todo diferente, parecia mais comportado, mostrava mais seu sorriso em forma de coração e as pontas da sua franja cheia de cachinhos eram pintadas de roxo, o que combinava com sua gravata.
  Gabriel sempre foi muito apaixonado por Zaghetti desde quer cursaram a sétima série juntos. Ele nunca havia contado sobre aquela paixãozinha para ninguém, pensava que era algo passageiro, mas durou seis anos, os seis anos mais estranhos da vida dele. Mesmo que tenha ficado com outras pessoas, nunca conseguiu colocar outra pessoa em seu coração sem que se lembrasse de Felipe, nunca conseguiu esquecer de todos os detalhes que faziam com que ele se apaixonasse infinitamente por ele.
  — Eu vou indo, Goularte. Boa sorte e valeu pela “não-ajuda” – Rafael disse de um jeito irônico, batendo de leve nas costas do mais novo e saindo em busca do seu par de novo.
  O loiro ficou parado, quieto, sem tirar os olhos de Felipe. Quem o visse poderia jurar que ele estava completamente apaixonado por Priscila, mas não era, nem de longe.
  Antes da música parar, o olhar de Felipe cruzou com os olhos azuis de Goularte e seu sorriso se abriu. Foi automático, Goularte sentiu uma flechada no peito, sua garante travou e a bebida não desceu, ele se engasgou por causa de um sorriso, um simples sorriso que talvez nem fosse para ele.
  Os casais que estavam dançando pararam para um breve recesso, tinha muita gente cansada de dançar e, lógico, precisavam desfrutar daquela bebida e da comida que havia ali. Seria a última dança lenta da noite, e Goularte se sentia completamente sozinho, como se estivesse dançando no escuro consigo mesmo num pesadelo. E que pesadelo.
  Sua noite boa fora totalmente estragada e o que lhe restava eram ponches de limão, cereja e morango.
  — Ei, quer dançar?
  — Você não estava a com a Pri?
  — Sim, mas ela estava pisando no meu pé – riu. – Daí ela ficou potassa comigo por eu ter falado e saiu com uma garota pro banheiro.
  — É, eu vi sua cara de dor. – Riu sem graça, bebendo o resto da bebida não alcoólica que restava no seu copo.
  A falta de álcool em seu organismo não estava lhe dando coragem de pegar a mão de Zaghetti e ir para o meio da pista, ele estava com medo até. Medo de conversar com um garoto no qual ele tinha uma quedinha – ou melhor, abismo.
  Felipe, sem tirar os olhos do rosto de Goularte, pegou em sua mão livre e o puxou de leve, despertando-o.
  — Vamos lá, vai...
  — Você deveria estar com ela, Felipe. Eu não posso competir. – Suspirou, olhando atentamente para as mãos juntas. – Eu... Eu não quero lutar com ela pela sua atenção.
  — Gabriel, no nosso último dia de aula no oitavo ano, eu te olhei como se você fosse mais um, você não percebeu? Você não ligou para o meu tom, nem quis ir para casa depois da nossa briga – Gabriel sentiu um arrepio na espinha ao lembrar da sua última “conversa” com Zaghetti. Eles brigaram feio no último dia de aula por um trabalho mal feito que poderia ter dado uma nota muito boa para ambos. Uma coisa simples que machucou o rosto de Gabriel, mas ele não gostava de se lembrar daquilo. – Eu não quero te deixar sozinho, e não quero que volte para a sua casa, não agora.
  — O que você quer dizer com isso? – perguntou um pouco confuso, vendo Felps sorrir de lado.
  — Se sente incomodado em dançar com um garoto? – Como se fosse óbvio, Goularte negou com a cabeça, dando de ombros. – Então dança comigo, Goularte.
  Sabe quando um sentimento bom de conforto, paixão e tranquilidade invade seu corpo e você passa a ter um pensamento positivo sobre tudo? Era esse o modo que Gabriel se sentia.
  A quadra tomou uma cor verde marinho com bolinhas verde-pastel. O clima parecia ser bem agradável para os dois – apesar de ser um pouco atrapalhado por alunos que pegavam as bebidas.
  A música demorou um pouco para ser tocada, mas quando começou, os olhares se encontraram de novo, e dessa vez eles estavam na pista, juntos. Goularte segurava de leve a cintura de Felipe coberta pelo paletó, enquanto este apoiava suas mãos nos ombros dele e deitava sua cabeça na destra, deixando ambos os rostos bem próximos.
  Slow Dancing In The Dark, do Joji, tocava e muita gente só dançava para conseguir chamar a atenção dos professores, que estariam escolhendo casais para coroar rei e rinha do baile. Seria qualquer tipo de casal, menos os que entraram de penetra. Toda aquela animação que Goularte tinha sobre se tornar o rei do baile foi totalmente jogada no lixo, afinal, ele não precisava daquilo, estava com uma pessoa muito melhor que qualquer outra coisa naquela festa, ele nunca trocaria aquilo.
  — No que está pensando? – Felps perguntou com uma voz meio cansada, tirando Goularte do seu transe.
  — Se eu te contar, o clima vai ficar muito boiola.
  Felipe riu.
  — Eu gosto de coisas boiolas. Me conta, vai!
  — Eu estava pensando em você – sorriu tímido, vendo as bochechas do parceiro se avermelhando. – Você pode ficar comigo essa noite?
  Nem precisou pensar. Assentiu freneticamente com a cabeça e com um sorriso imenso, aquecendo o coração de Gabriel num nível absurdo.
  Não ganharam a coroa ou algum título naquele baile, nem ficaram até o final. Perceberam que estar ali era uma grande piada e não precisavam ficar populares por uma noite apenas para que fossem lembrados. No momento, Gabriel só queria ser lembrado por Felps por todas as bobagens que ele fazia para ver aquele sorriso de coração; por ter colocado seu paletó numa poça de água para que ele pudesse atravessar a rua deserta e chegar na sua residência. Goularte só queria ser lembrado, não por ser um garoto sozinho no baile de formatura, mas sim por ser um fodido de ego inflado que teve a melhor noite da sua vida por causa de Felipe Zaghetti.
  — Ei, Felps!
  O moreno se virou devagar, olhando o loiro segurando o paletó molhado sobre o ombro na frente do portão baixo. Já estava dentro do quintal da sua casa, e por causa do barulho que fizeram para abrir o portão e das gargalhadas descontroladas, as luzes da casa dele estavam ligadas.
  — O que foi? – perguntou com um sorriso.
  — Eu... Eu não... Ah, eu não quero ser só seu amigo, eu não quero mais esperar sozinho no escuro.
  Os olhos de Zaghetti se arregalaram, virou a cabeça para ver a irmã que estava parada na porta comendo sorvete, ela parecia estar entediada com tudo aquilo.
  — Vai lá dar um beijo nele, lerdão! – Falou em um tom alto e de bom som, o que só incentivou o irmão a tomar a iniciativa.
  Felipe correu até o portão de madeira baixo e se apoiou nele, ficando bem próximo a Gabriel.
  — Eu vou esperar você lá, e pode ter certeza que, no escuro, eu vou ser sua luz.
  E com um sorriso em resposta, Goularte puxou a nuca de Felipe e selou os lábios num beijo apaixonado, sem malicia nenhuma e só com uma intenção: Mostrar um pouco de amor um pelo outro.
  O beijo foi interrompido pela irmã de Felipe que gritou “arrumem um quarto!”, fazendo os dois gargalharem. Depois de dois ou três selinhos, Zaghetti finalmente conseguiu entrar em casa, com a mão no peito, um sorriso no rosto e rosto corado.
  Goularte continuou seu caminho sem preocupação, mesmo sabendo que ouvirias perguntas da mãe sobre onde esteve e com quem. Mas ele não se importava. Seu sorriso bobo e suas bochechas já deixavam isso bem claro.
  Ele sabia que, mesmo que se dançasse lentamente no escuro, Felipe viria com um holofote e lhe faria companhia naquela dança sem ritmo, entretanto, com emoção.