Daddy Christmas

Escrito por Viviane Santos | Revisado por Beezus

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  - Mamãe, conta uma história para mim? – A pequena menina de cinco anos, com cabelos claros e olhos brilhantes pediu para a mãe, que olhava com tamanha fé para a filha, que criou com muito esforço.
  - Está bem, Emma. – A mãe ajeitou-se na cama após cobrir a filha com o lençol e começou a fazer um carinho nos cabelos de Emma. – Era uma vez uma linda garota que sonhava em encontrar seu príncipe encantado, como nos contos de fada...

   estava sentada na beira da praia enquanto ouvia uma canção do Oasis ser cantada por um de seus colegas do colégio para todos os outros que estavam sentados em volta da fogueira. De vez em quando, pegava um punhado de areia e deixava escorrer os grãos por entre seus dedos finos e magros. Ela pensava em Tristan quando fazia isso. O jovem de cabelos escuros e olhos cor do mar habitava seus pensamentos desde quando era muito nova, ela tinha uma paixão secreta por ele desde o primário e agora era possível vê-lo aos amassos com uma garota qualquer da equipe de torcida do colégio. Se estava sendo doloroso para ela? É claro que sim, mas ninguém precisava saber disso. Ou pelo menos ela achava que ninguém sabia.   Sentiu uma mão grande e forte pegar em seu ombro e levantou o olhar para a figura que a encarava com um sorriso encantador nos lábios. Era o novato do colégio. Luke Hemmings. Ela não sabia nada sobre ele, mas tinha a certeza que ele possuía o sorriso mais lindo que já vira em toda sua vida.
  - Olá. – E a voz rouca mais deliciosa também, concluiu quando ele lhe saudou. –Posso sentar-me aqui com você?
  - Claro. – Sorriu fraco.
  - Você é , correto? – Luke questionou franzindo o cenho, mas o sorriso não saiu de seus lábios por nenhum momento, percebeu. – Desculpe, não gravo muito bem os nomes.
  - Não, você está certo. Sou , mas pode me chamar de se preferir. – Deu de ombros e voltou a brincar com a areia, o que chamou ainda mais a atenção de Luke.
  - Você está triste. – Ele percebeu e deu um sorriso triste para ela. – Sei não que não a conheço muito bem, mas você é uma garota tão bonita. Nunca deveria deixar a tristeza tomar conta de si.
  - Obrigada, Luke, de verdade. Mas você não entenderia.
  - Você pode até ter razão, mas nunca irá saber se eu entenderia se não me contar. – Ele deu de ombros e encarou o mar à sua frente. – Às vezes é mais fácil desabafar com estranhos. Mas só às vezes. – Ele sorriu e ouviu-a rir também.
  - Tudo bem. – Ela olhou para ele e por um momento ficou estática, apenas olhando fundo nos olhos de Luke. Além de ter o sorriso mais lindo e a voz mais deliciosa, tinha o olhar mais brilhante que ele já pôde admirar. Ele era lindo. – Eu... Não... – Gaguejou e pigarreou antes de desviar seu olhar dele, na tentativa de organizar seus pensamentos. – Tem um garoto, na verdade. Eu o conheço desde moleca e digamos que sou apaixonada por ele desde essa época, também. Mas parece que ele mal para mim. Quero dizer, somos amigos mas, ele não me vê do jeito que eu vejo ele. – Ela suspirou e olhou para onde Tristan estava, agora abraçado com a garota e com um sorriso nos lábios. – E ali está ele se divertindo. Nem passa pela cabeça dele sobre meus sentimentos por ele.
  - Bem, o que eu posso dizer? Não escolhemos por quem nos apaixonar. Mas podemos fazer outros tipos de escolhas.
  - Por exemplo?
  - Viver. – Luke olhou para e sorriu. –Tem gente que deixa de viver por causa de uma decepção amorosa ou até mesmo pela falta dela, pela falta do amor. Apaixonar-se, , não é para sempre. O amor é para sempre. Então se temos apenas uma vida, devemos vive-la da maneira mais intensa que pudermos. E apaixonar-se significa que você está vivendo. Você irá se apaixonar várias vezes, irá se decepcionar várias vezes, mas apenas uma vez valerá a pena. A vez que você perceber que é amor.
  - Você é algum tipo de filósofo? – perguntou, reprimindo um sorriso e ao mesmo tempo sentindo-se tocada pelas palavras do rapaz.
  - Não. – Ele riu e pegou um punhado de areia na mão, deixando os grãos escapar por seus dedos, como fizera há minutos atrás. – Sou apenas mais um nesse mundo dos loucos.

   engoliu em seco após a memória invadir sua mente e respirou fundo. Olhou para Emma, que dormia de forma serena e pôde notar alguns dos traços do pai nela. A linha de seus lábios carnudos, a marcação no queixo, a forma como a filha sorria, a cor dos cabelos da pequena. Emma tinha poucas coisas de , talvez o sua personalidade forte fosse da mãe ou alguns traços que poderiam passar despercebidos. O resto era dele. De Luke Hemmings. E só ela sabia disso.    deixou sua cabeça pender em um dos travesseiros que havia na cama de Emma e deixou a sonolência tomar contar de si.

  - Mamãe, acorda! –Emma dizia, balançando o braço de , que estava mergulhada em sono profundo. – Mamãe! Tem alguém batendo na porta. – A menina balançou-a mais uma vez, dessa vez com um pouco mais de força e viu a mãe dar um pulo para trás, caindo no chão logo em seguida, o que arrancou gargalhadas da menina.
  - Emma? – chamou-a levantando do chão e soltou uma risada fraca. – Já está acordada?
  - Tem alguém batendo na porta, mamãe. – Emma apontou com o dedinho para fora e beijou a testa da filha.
  - Vou ver quem é. Fiquei aqui, tudo bem, querida? – Ela sorriu ao ver Emma assentir freneticamente com a cabeça.
   passou a mão em seus cabelos desgrenhados, puxou a blusa branca de renda que usava para baixo e abriu a porta, dando de cara com os olhos azuis de Tristan, a encarando com uma expressão divertida. Ele deu um passo a frente antes de envolvê-la em um abraço confortável, que fez com que soltasse um suspiro fraco.
  - Como você está? – Tristan perguntou a olhando ternamente, embora ambos tivessem a mesma idade, ele agia mais como um pai para ela.
  - Muito bem, obrigada. – Ela sorriu e deu espaço para que ele entrasse. – O que faz aqui tão cedo, Tristan?
  - Uau! Venho visitar minha amiga na véspera de natal e olha como sou bem recebido! – Ele abriu os braços e sorriu. – E são onze da manhã, . Acha isto cedo? Você realmente não tem uma noção normal do tempo.
  - Cale a boca, Tristan. – jogou uma das almofadas que havia em cima do sofá no amigo e bufou. – Trabalhei a até tarde ontem. Cheguei cansada e ainda tive colocar Emma para dormir com direito à historinhas.
  - Você é um exemplo de mãe, querida. – O homem tocou levemente o nariz de e sorriu. –E por falar na Emma, onde está minha pequena?
  - No quarto. Acordou me jogando da cama. – deu de ombros e logo riu junto com Tristan, que seguia para o quarto.
  Tristan era apegado à Emma de uma maneira que sempre achou adorável. Ela nunca conseguiu entender a ligação que havia entre aqueles dois. Desde muito pequena, Emma sempre amou Tristan. Era como se ele preenchesse o vazio que todos sabiam que tinha tanto para Emma quanto para . O vazio de um pai. E Tristan sempre soubera responder positivamente as expectativas que Emma depositava nele, sempre a levava para passeios no parque quando estava sol, o que era difícil de acontecer na cidade, ele quem deu a primeira bicicleta da menina e quem a ensinou a andar nela, era com ele e com a mãe que ela passava as datas comemorativas, era à ele que ela se referia quando o dizia “pai”, quando começou a falar.
  E achava aquilo uma coisa tão linda que deixava-a sem palavras. Além do fato de Tristan aceitar tudo aquilo sem reclamar ou pedir algo em troca, ele simplesmente fazia por prazer. Porque amava Emma como uma filha.
   parou ao lado da porta do quarto da filha para observá-la pular no colo de Tristan e soltar uma gargalhada gostosa quando o homem a ergueu em seus braços. Era sempre assim. E amava ver aquela cena. Mas o vazio continuava ali, por quê afinal, era para ser Luke ali. Pegando a filha nos braços e fazendo-a rir como um pai faria. Porém, fora ele quem quis assim. Ele quem resolveu abandoná-la. Se não fosse por ele, eles poderiam ter sido uma família como desde sempre planejavam ser.

  - Luke, vamos lá! Por favor. – A garota implorava segurando na barra da camisa de Luke, que a encarava com uma expressão divertida no rosto.
  - , por favor... Eu não levo jeito com crianças. Elas não são minha praia. Acho que você pode dar conta de cuidar dos seus sobrinhos, não acha?
  - Eu só quero uma ajuda, Hemmings. Poxa, custa ajudar uma amiga em apuros? – largou a camisa de Luke e cruzou os braços na altura dos seios, moldando sua boca em um bico. – Até parece que vai cair alguma parte do seu corpo...
  - ... – Luke disse contrariado, estava realmente tentado a ajudar a melhor amiga, mas não se dava muito bem com crianças pequenas. Não tinha a menor ideia do que fazer para trocar uma fralda. E sim, ele achava aquilo ridículo para um garoto de dezoito anos, mas era sua realidade.
  - Deixe de ser chato! – brigou o olhando feio. – Não vai ser tão ruim assim.
  - Tudo bem... – Ele suspirou e logo pôs um sorriso sacana nos lábios. – Mas com uma condição.
  - Tenho uma leve impressão que irei me arrepender de perguntar, mas lá vai: qual condição?
  - Só vou se me der um beijo.
  - Está brincando, não é? – revirou os olhos, já acostumada com as brincadeiras fora de hora do amigo. Também já estava acostumada à conviver com a beleza estonteante do mesmo.
  - Você já superou aquela paixão pelo Tristan, não já? – Luke segurou-a pela cintura, mantendo o sorriso nos lábios. – Por que não?
  - Porque você é meu melhor amigo. – Ela empurrou-o levemente para trás e ouvi-o soltar uma gargalhada alta. – O que foi, garoto?
  - Você realmente não existe, . – Disse antes de passar um braço pelo ombro da menina e guiá-la até a aula de literatura.

  - Ai meu Deus, ! – Luke gritou horrorizado enquanto olhava para suas mãos grudentas. – Eu disse que não levava jeito para isso! – Gritou mais uma vez, esticando as mãos para longe. – Estou cheio de cocô de neném. Meu Deus!
  - Luke. – gargalhou de forma histérica ao ver o amigo dando um ataque por que não havia obtido êxito na tarefa de trocar a fralda de sua sobrinha. Era a quarta vez que ele tentava e dessa vez, ele tinha sido pego de surpresa pelo cocô do neném. – Isso não é o fim do mundo.
  - Você que pensa. – Disse em um tom frustrado.
  - Imagina como vai ser quando você for pai. Como acha que irá ajudar sua futura esposa na tarefa de cuidar dos seus filhos?
  - Bem, isso vai ser com você. Ou poderá me ajudar com nossos filhos é claro. Mas acho que serei um ótimo um pai, ok? – Luke disse de forma orgulhosa e sorriu.
  - Você pretende que eu seja a mãe dos filhos? – questionou em tom de ironia.
  - Não só pretendo, como irá ser, querida. – Deu uma piscadela para ela e saiu do quarto, indo em direção ao banheiro para lavar suas mãos. Enquanto isso, encarava o local onde há poucos minutos ele estava, pensando no que Luke havia acabado de dizer.

  - Mamãe! – Emma falou alto, chamando a atenção da mãe para si. – Tristan estava falando com a senhora.
  - Está tudo bem, ? – Tristan questionou preocupado, observando atentamente a mulher que estava parada na porta com uma expressão vaga no rosto.
  - Está sim. – Sorriu fraco. – Só... Estou cansada.
  - Tem certeza que é só isso?
  - Absoluta. – Aproximou-se de Emma e de Tristan e apertou as bochechas da criança. – Você poderia ficar com ela por algumas horas enquanto dou uma saída rápida? Preciso comprar alguns presentes de natal. Posso fazer logo o café da manhã e deixá-la assistindo algum desenho, assim poderá ficar sossegado e...
  - . – O homem a chamou e balançou a cabeça. – Está tudo bem. Pode ir. Eu fico aqui com Emma sem problema algum. Não precisa pedir duas vezes. – Ele disse e viu sorrir agradecida.

  A mulher andava pela loja de brinquedos completamente perdida naquele mundo encantador. simplesmente não sabia o que comprar para filha. Quando entrava em uma loja de brinquedos, parecia uma criança de tão deslumbrada que ficava ao ver a variedade de brinquedos que havia para comprar, e de repente queria poder levar todos ali para Emma.
  Encantou-se com uma cachorrinha um pouco grande de pelúcia que mexia-se ao toque humano e quis levá-la imediatamente, tinha certeza que Emma iria amar. O problema era que o brinquedo estava em uma prateleira alta demais para ela. olhou para os lados para ver se havia alguém por perto, e ao constatar que estava sozinha naquela sessão, começou a dar grandes pulos para pegar o brinquedo. Tudo o que conseguiu foi derrubar algumas barbies que estavam ao seu lado, porém, continuou tentando pegar a cachorrinha, quando ouviu uma risada um pouco longe. Virou-se rapidamente e encontrou um homem alto e forte de mais ou menos sua idade a encarando com um sorriso divertido nos lábios. Ela achou a forma que ele sorria familiar demais, mas resolveu ficar quieta ao vê-lo pegar o brinquedo que ela tanto desejava e entregá-la.
  - Era só pedir, moça. – Ele disse ainda sorrindo e foi então que ela percebeu. Aquela voz rouca... O sorriso... – Deixe-me ajudá-la a pegar isto. – Disse abaixando-se para pegar as barbies que havia derrubado. Olhou para ela e viu que ela permanecia estática. – Está tudo bem, moça?
  - Acho que sim. – Ela sussurrou e o olhou novamente para ele. Não podia ser...
  - Que bom. – Levantou-se e dirigiu-se até um carrinho de compras próximo à , que estava repleto de brinquedos. Ele olhou para a cachorrinha nas mãos da mulher e franziu o cenho. – Para sua sobrinha?
  - Minha filha. – respondeu após tomar fôlego. Era simplesmente inacreditável que ele estava ali, parado na sua frente depois de anos. Ela tomou mais ar em seus pulmões antes perguntar: - Luke?

  A noite passada iria ficar marcada para sempre na mente de . Sempre negou os sentimentos que sentia por seu melhor amigo, sempre recusava pensar na hipótese de estar apaixonada por ele, mas aquela era a verdade. E a noite que passaram juntos foi suficiente para prová-la que ele era o certo para ela.
  Todo o amor, todo o carinho, toda a calma e toda paciência que Luke tivera com ela na cama a fez entender que não importava o quanto negasse que não o queria, ambos sabiam que ela o desejava mais que tudo, que ela o amava mais que tudo. E foi isso que a fez acordar com um sorriso bobo nos lábios. A certeza de que deveriam ficar juntos.
   levantou-se de sua cama rapidamente, pronta para arrumar-se para ir ao colégio e finalmente poder jogar-se nos braços dele após a noite maravilhosa que tiveram.
  Saiu sem mesmo tomar café e seguiu para colégio dando “bom dia” para todas as pessoas que conhecia que passavam na rua. Cruzou os portões do colégio onde estudava com sorriso mais largo no rosto, ela até achava que as pessoas pensariam que havia um cabide em sua boca e riu com o pensamento.
  Percorreu o colégio inteiro à procura de Luke, que deveria estar esperando-a no campus, mas era como se ele tivesse simplesmente evaporado.
estava pronta para desistir de sua procura, foi quando olhou pela brecha de uma porta entre aberta.
  E o viu.
  Seu coração deu um solavanco em seu peito e já era possível sentir as lágrimas escorrendo por seu rosto. Luke Hemmings, o seu Luke, encontrava-se aos beijos com a mesma garota da equipe de torcida com quem Tristan estava há meses atrás. Ela perguntou-se se aquilo era um tipo de piada ou brincadeira de mal gosto. Mas não era. Aquilo era real. E ela só sabia afirmar que doía muito.
   soluçou alto e viu quando Luke e a garota pararam os beijos. Ela pôde ver a reação horrorizada de Hemmings ao olhar para ela e logo depois o arrependimento preencheu seus olhos, mas aquilo não era o suficiente para . Luke correu em sua direção para tentar explicar-se, mas tudo que a garota fez foi empurrá-lo para longe e correr. Ela correu dele no dia que pensava em correr para ele.
  E desde esse dia, e Luke Hemmings nunca mais se falaram. Nem que fosse para dizer que estava esperando uma criança.

  - Olá. – Luke sorriu e coçou a nuca, sem graça. – Desculpe mas, não lembro seu nome.
  - Mudei tanto assim, Hemmings? – A voz de saiu rouca e quase chorosa tamanha era a quantidade de sentimentos que a invadiam naquele exato momento. Ela viu a expressão de Luke mudar para reconhecimento e arregalar os olhos, sem saber o que dizer. – Como vai?
  - ? – Perguntou ainda estático, tentando manter sua voz firme. – Você é... Eu não... Meu Deus! – Levou as mãos à cabeça e piscou algumas vezes. – Você não sabe o quanto eu te procurei depois de terminarmos o colegial! Não faz ideia do quão louco eu fiquei querendo te encontrar e agora você... Ah, meu Deus!
  - Bom te ver também. – colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. – Da última vez que nos falamos não foi uma ocasião muito legal.
  - O quê? – Ele levantou as sobrancelhas assustado. – Você realmente não sabe o que aconteceu naquele dia? Nunca soube? – Perguntou incrédulo e soltou o ar dos pulmões de forma brusca, balançando a cabeça em seguida como se quisesse esquecer aquele assunto. – Esquece isso. Não vamos discutir isso aqui. Você já está indo?
  - Sim. Tenho que voltar logo, prometi à Emma que não demoraria.
  - Emma?
  - Minha filha. – Nossa filha, era o que deveria dizer, mas se conteve. – Tenho que preparar as coisas para o natal ainda. – Deu de ombros e começou a caminhar até o caixa para pagar as coisas, Luke andava atrás dela de forma atrapalhada.
  - Eu... Eu posso ir com você? Sei que você deve estar muito brava comigo ainda, mas você não pode imaginar o quanto eu esperei por esse momento. Eu não estou pedindo muito.
  - Tudo bem, Luke. – Ela suspirou enquanto pegava o dinheiro para pagar o brinquedo da filha. Após recebê-lo embrulhado no papel de presente, esperou Luke pagar todos os outros brinquedos e o viu sair da loja com um amontoado de sacolas nas mãos. – Para quem é esse tanto de brinquedos?
  - Meus sobrinhos. – Ele riu e olhou para as sacolas. – Não os vejo há muito tempo e eles irão passar este natal lá em casa. Resolvi vir eu mesmo comprar os presentes.
  - Isto é um grande passo para quem não sabia trocar uma fralda.
  - Eu mudei, . – Luke olhou sério para ela e suspirou.
  - Vamos lá, Luke. – andou depressa e respirou fundo. Aquele seria um longo dia.

  Assim que entrou, viu duas pessoas correndo euforicamente pela casa e jogou a cabeça para trás, revirando os olhos, enquanto Luke observava a cena de cenho franzido.
  - Eu não sei quem é a criança aqui. Tenho sérias dúvidas sobre seu grau de maturidade, Tristan. – falou um pouco alto e viu Tristan alcançar Emma e pegá-la no colo, girando-a pela sala enquanto ambos gargalhavam.
  - Deixa de ser chata, . A menina precisa se divertir. – Ele riu e colocou Emma no sofá, foi quando olhou para a porta e viu os dois parados ali. Travou a mandíbula e olhou com raiva para Luke. – O que ele está fazendo aqui?
  - Calma, Tristan. – entrou e gesticulou para Luke fazer o mesmo e colocar as coisas no chão. – Não aconteceu nada.
  - Mas vai acontecer, ! – Tristan bufou bagunçando os cabelos. – Parece que esqueceu o que esse cara fez para você!
  - Ei! – Luke chamou. – Quem é você para falar de mim? O cara que nunca deu bola para ela quando ela dizia que estava apaixonada por você? Você não é melhor que eu, Tristan.
  - Te garanto que sou.
  - Parem os dois! – falou alto e pegou Emma no colo. – Estão agindo feito crianças. Vocês não são mais aqueles dois adolescentes. E isso não é sobre mim.
  - Sempre foi sobre você, . – Tristan disse frustrado. – Só espero que não faça nada que possa se arrepender depois. Lembre-se de Emma. – Olhou para Luke e bufou. – E você, poderia agir feito um homem pelo menos uma vez na vida? Eu agradeceria. –Disse com raiva e saiu da casa, batendo fortemente a porta.
  - O que ele quis dizer, ? – Luke questionou confuso.
  - Não é nada, Luke. Nada com que precise se preocupar. – Suspirou e sentou-se no sofá, ainda com Emma no colo.
  - Vocês brigaram, mamãe? – Emma perguntou para , chamando a atenção de Luke.
  - Não, minha filha, não brigamos. Tristan irá voltar, não se preocupe. – Sorriu carinhosamente para a filha e apertou uma das bochechas da criança, que agora olhava fixamente para Luke.
  - Oi! Qual é seu nome? Você é amigo da minha mãe? – Emma perguntou rapidamente e ouvi-o soltar uma risada abafada. Luke chegou perto da menina e abaixou-se em sua frente, observando cada detalhe dela. Emma era a criança mais linda que já havia visto.
  - Oi, Emma. – Ele sorriu e segurou em sua mão, fazendo com que prendesse a respiração. – Me chamo Luke. E sim, sou um velho amigo de sua mãe. – Olhou para e respirou fundo. – Você tem quantos anos, Emma?
  - Tenho cinco, Luke. E você? – Ela sorriu e duas covinhas se formaram em suas bochechas. Luke lembrou-se que também tinha aquelas duas covinhas.
  - Cinco anos? – Perguntou de repente. Olhou para os olhos da menina e viu que eram da mesma cor que os seus. Olhou para e deixou a boca entre abrir um pouco. – Emma tem cinco anos, ?
  - S-sim.
  - Você sabe o que aconteceu há quase seis anos atrás? – Luke levantou rapidamente. Não podia ser... – Quem o pai dela, ? Tristan não pode ser...
  - Não é o Tristan. – Colocou uma mão no rosto. – Por que você quer saber, Luke?
  - Só me responda! – Ele disse alto. Mas ela não respondeu.
  O silêncio que seguiu no cômodo foi o suficiente para que Luke pudesse entender o que acontecia ali. Ele não podia acreditar que ela fizera aquilo. Era demais para ele. Ele nunca imaginou que logo ela, sua , mentiria daquela forma para ele. Ele não queria acreditar que...
  - Ela é minha filha, ? – Perguntou reunindo todas as suas forças para manter-se firme. E mais uma vez ela não respondeu. Luke berrou. – Você não tinha o direito de esconder isso! Não tinha!
  - Luke, por favor... – Lágrimas rolavam pelo rosto de , ela sabia que aquele dia iria chegar, sabia que mais cedo ou mais teria que enfrentar a verdade.
  - Por que fez isso? – Luke soluçou bagunçando os cabelos. – Eu tinha que saber, . Era meu direito... Meu direito como pai. Ah, céus! Você não sabe o que eu passei nesses anos... Eu só queria encontrar você e agora isso.
  - Você também não tinha o direito de fazer o que fez depois daquela noite, Hemmings! E eu nunca passei isso na sua cara! – gritou. – Eu estava tão feliz naquele dia e você simplesmente o estragou! A minha mágoa toda é essa. Você não entenderia meus motivos.
  - Não briga com ele, mamãe. – Emma pediu deitando a cabeça no colo da mãe, que soluçava. olhou para a filha e engoliu em seco, sabia que a menina odiava gritos.
  - Dê-me ela. – Luke pediu e olhou-o confusa. – Quero pegar minha filha, . – Falou e estendeu os braços para Emma, que aceitou sem hesitação. Emma deitou a cabeça no ombro de Luke e fechou os olhos, sentindo-se confortável ali, nos braços do pai.
   olhou para a cena com atenção e sentiu seu coração apertar dentro do peito. Havia privado a filha daquele carinho paterno por puro egoísmo e agora sentia o arrependimento de ter feito aquilo.   Quando decidiu que não contaria para Luke sobre a criança, era por que desejava puni-lo pelo que fez com ela, mas nunca pensou em que consequências aquela decisão traria para sua vida. A dificuldade de criar uma filha sozinha, a falta de um lado masculino na família, a quanto Emma sentia falta de um pai, o quanto ela sentia falta de seu amor. não pensou em nada disso. E olhar Emma nos braços de Luke a fez vez ver que ela havia feito a coisa errada em esconder pai e filha. E tinha certeza que se pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente.
  - Ela dormiu. – Luke disse depois de um longo tempo. assentiu e gesticulou para ele segui-la. Entraram no quarto da pequena e Luke deitou a filha na cama, sentando-se ao lado dela. – Ela é muito linda.
  - Sim, ela é. – sorriu.
  - Eu nunca quis fazer aquilo com você, . – Luke disse de repente, olhando para um ponto fixo no quarto. – Eu iria pedir você em namoro naquele dia, queria fazer da maneira certa. Eu estava tão apaixonado por você, . Na verdade, quando vi você sozinha na beira da praia e resolvi me aproximar, quando olhei no fundo dos seus olhos, soube que estava perdido para sempre. – Suspirou. – Mas aquela garota... Ela agiu estranha comigo, cruzei os portões do colégio e ela simplesmente me agarrou do nada, sabe? Disse que deveríamos ir para uma das salas e a carne é fraca, . Me arrependo todos os dias de ter cedido.
  - Me desculpe por ter escondido Emma de você. Eu fui egoísta e não pensei em vocês dois. Eu achei que se fosse não ligou para os meus sentimentos e fez aquilo, imagina o que faria se descobrisse que eu estava grávida? Foi puro medo e egoísmo, Luke. – admitiu e fez-se um silêncio no quarto por alguns minutos até Luke se manifestar novamente.
  - Eu ainda te amo.
  - Eu também.
  - Fico feliz em ouvir isso. – Ele sorriu e acariciou a bochecha da mulher. – Será que poderíamos tentar mais uma vez? Eu posso fazer do jeito certo, . Prometo que não irei errar com você desta vez. Poderíamos ser uma família de verdade, você, Emma e eu. Você só precisa dizer sim.
  - Luke, eu... – fechou os olhos, pensando na proposta tentadora que o homem da sua vida estava fazendo no momento. Pensou nos prós e contras, mas por mais que quisesse negar o que sentia por ele, era impossível. Sentia que se recusasse a proposta, se arrependeria em um futuro não muito distaste. – Droga, tudo bem! Só não faça eu me arrepender, se não te mato, Hemmings.
  - Você nunca se arrependeu de mim, . – Luke sorriu antes de puxar para um beijo cheio de saudade e amor. Só Deus sabe por quanto tempo esperou por aquele momento e não o deixaria escapar por suas mãos outra vez. Se esforçaria o máximo para fazer e Emma felizes. Aquele era apenas o começo de uma linda história de amor. E Luke Hemmings faria o possível para que ela tivesse o final feliz.

FIM



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