Courage and Faith
Escrito por Danielle | Revisado por Natashia Kitamura
Prólogo
“Se tiverdes fé do tamanho dum grão de mostarda, direis a este monte: ‘Transfere-te daqui para lá’, e ele se transferirá, e nada vos será impossível.” – Mateus 17:20.
Minhas malas estavam prontas – elas jaziam num canto da sala esperando seu momento de passar para o porta-malas do táxi e então para o avião que me levaria de volta para casa. No entanto, eu não estava pronta. Eu não queria voltar para casa. E acabei descobrindo isso tarde demais. Essa verdade pesou no meu peito exatamente quando percebi que tudo o que eu mais gostaria na vida era de ficar ali, naquela cidadezinha sem graça que ainda conseguia ser a capital de algum estado americano. Eu sairia de Baltimore para nunca mais voltar dentro de poucas horas – quatro, para ser mais precisa – e não havia mais tempo para despedidas, lágrimas ou reconciliações. Não se ele estava do outro lado do país a essa altura. Não depois de eu ter me esforçado tanto para ser uma vaca e impedi-lo de guardar qualquer boa lembrança de mim.
Meu celular vibrou dentro do meu bolso. Passei o dedo na tela para atendê-lo me certificando de que era quem estava me telefonando realmente – por que eu ainda tinha dúvidas quanto a isso nem eu saberia dizer.
- Oi, flor. – Atendi tentando conferir alguma alegria ao meu tom de voz.
- E aí? Alguma notícia dele?
- Não haverá mais notícias dele, . Só esquece isso, ok? Eu e o acabamos, não tem volta, não tem esperanças. E eu provavelmente não quero que tenha mesmo.
- Ah, entendi. Você está na fase “repita uma mentira para si mesma várias vezes e ela se tornará verdadeira o bastante para que você acredite nela”, certo? Sim, porque não há outra explicação para essa idiotice agora! Caralho, , pra começar eu ainda nem entendi porque você falou aquele monte de merda pra ele ontem. – O tom de voz de era o mesmo revoltado da noite anterior quando lhe contei todos os detalhes mórbidos da minha briga definitiva com , a briga que colocou o ponto final no que tínhamos.
- Eu já te disse ontem os motivos. Não preciso repetir, preciso? – Respondi também com raiva.
- Não, mas eu não aceito nenhum deles. E tenho certeza de que o também não aceitaria...
- E foi exatamente por isso que eu precisei terminar o que a gente tinha daquele jeito! – Interrompi minha melhor amiga. – Olha, eu vou tomar um banho. Em três horas precisamos estar no aeroporto e eu ainda estou um lixo. Vou deixar a porta destrancada pra você, combinado? – Falei disposta a acabar com aquela discussão sem sentido.
- Ok. Em dez minutos eu chego aí. Beijo.
- Beijo. – Eu disse e me arrastei para o banheiro implorando a Deus para que me desse forças para chegar ao Brasil antes que a fase depressiva e cheia de lágrimas, que aconteceria assim que a minha revolta passasse, tivesse seu inevitável início.
1. Fevereiro
Maryland era um dos estados mais ensolarados dos Estados Unidos. Mas, para combinar com o meu humor, o dia estava chuvoso quando cheguei à cidade. Ser recepcionada daquela forma só contava mais pontos contra aquela mudança, com certeza. O que mais me irritava em tudo aquilo, no entanto, era a falta de solidariedade da minha melhor amiga e da minha mãe – as duas nem tentavam esconder sua empolgação.
- Vamos pegar as aulas no meio do semestre, mas vai ser um bom motivo para grudar nos universitários norte-americanos lindos que virão pela frente. – tagarelou do banco de trás do carro. Rolei os olhos.
- , não fique tão mal humorada. É só um ano. Essa promoção será excelente pra nós principalmente quando voltarmos para o Brasil, e estudar um ano de Arquitetura na Universidade de Johns Hopkins também vai dar um tom diferente ao seu currículo. – Minha mãe repetiu a mesma coisa que disse quando chegou em casa anunciando que nos mudaríamos por um ano para uma das cidades mais apagadas do norte da América. O que aconteceu um mês antes que a tal mudança ocorresse, durante as minhas férias de fim/início de ano e quando as coisas finalmente estavam caminhando entre mim e . Ai, ... Pensar nele fazia meu coração doer quase que literalmente.
Minha história com era a mais típica e comum possível. Crescemos juntos – moramos na mesma rua desde os seis anos de idade, passamos pelas mesmas escolas, mesmas turmas, tínhamos os mesmos amigos... Imaginar minha vida sem ele era impossível porque eu não sabia viver de outra forma. Desde sempre pude contar com para tudo, e ele me garantiu que nada mudaria entre nós agora que eu passaria alguns meses na ponta oposta a dele no continente. Mas eu o conhecia bem o bastante para saber que, por mais que ele quisesse me prometer isso, ele estava tão inseguro quanto eu com relação ao que aconteceria conosco dali para frente.
De repente, eu desejei que as coisas não tivessem deixado de ser apenas amizade entre nós quando anunciei que sairia do Brasil por alguns meses. Balancei a cabeça de um lado para o outro detestando ter pensando aquilo, afinal, os beijos que aconteceram entre nós, os momentos de romance e as carícias eram as melhores lembranças que eu já havia fabricado na vida. Mas de que adiantava tudo isso agora que eu estava tão longe? Qual era o propósito de ter começado algo que eu nem entendia o que era direito e provavelmente não poderia terminar? não me pediu em namoro e, no fundo, eu sabia por que: ele não queria um compromisso tão difícil de manter.
- Chegamos. – minha mãe declarou fazendo-me engolir o choro e voltar minha atenção à tarefa seguinte, que incluía desencaixotar objetos e tentar fazer do novo apartamento meu lar pelos próximos 12 meses.
2. Abril
Não demorou muito para que eu e nos enturmássemos na universidade, e todo o crédito a isso poderia ser direcionado à minha melhor amiga e praticamente meia irmã. Perguntei-me de novo o que eu faria da vida sem e novamente nem consegui imaginar uma resposta.
era um ano mais velha do que eu – e, portanto, tinha 19 anos -, e morava comigo e minha mãe desde que sua mãe faleceu quando ela só tinha 17. O pai de concordou de bom grado que minha mãe cuidasse dela, embora ele mantivesse a sua guarda perante a justiça até a maioridade da filha. De acordo com Roberto, ela seria muito mais feliz conosco, e ele não estava errado embora sua maior justificativa com certeza fosse a falta de estrutura para lidar com uma adolescente àquela altura de sua vida. Assim, minha mãe cuidava de tudo o que precisava exatamente como fazia isso por mim. Minha melhor amiga estudava Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais onde eu fazia Arquitetura. Nós duas estávamos no segundo período de nossos respectivos cursos, e foi o fato da minha mãe ser promovida no trabalho que nos levou à Maryland, onde ela deveria trabalhar por mais ou menos um ano antes que pudéssemos voltar para o Brasil e cuidar de nossas vidas normalmente de novo.
- Então, quais são os planos de vocês para o final de semana? – Summer, colega de em alguns cursos e uma das primeiras amigas que fizemos em Baltimore, perguntou quando nos sentamos no restaurante para almoçar.
- Eu pretendo dormir a maior parte do dia. – Respondi como quase sempre.
- Caramba, , isso só pode ser uma doença. Você só pensa em dormir, garota! – Phoebe, minha amiga querida e que só dizia isso porque passava mais tempo acordava que um vampiro, comentou.
- Tem coisa melhor do que isso no mundo?
- Tem. Sexo, comer... – Summer rolou os olhos como isso fosse óbvio. – Mas enfim. Tem um show da banda do irmão da Liza esse final de semana. Eles já são famosos e tal, mas como é irmão de amiga nossa é bem provável que a gente consiga área VIP e tudo mais mesmo estando em cima da hora. E aí? Querem ir?
- E qual é a banda? – questionou com olhos brilhantes como se isso realmente importasse. Ela iria a qualquer lugar só para não ficar em casa afundada no tédio, como costumava dizer sempre que não saía no sábado à noite. Provavelmente era o fato de eu e sermos tão diferentes que acabávamos sendo tão parceiras.
- All Time Low. – Summer respondeu.
- Uou, peraí. – Parei de bebericar minha Coca quando ouvi o nome da banda. Há muito tempo eu não ouvia as músicas deles, mas ainda me lembrava de passar o dia com a voz do na minha cabeça há uns dois anos quando descobri a existência do quarteto que tocava um dos melhores pop-rocks que eu já escutara. – Por que ninguém me disse antes que a Liza é irmã de um dos integrantes do All Time Low? Eu conheço e gosto dessa banda, cara!
- Não sabia que você era fã deles, . Você não tem cara de quem gosta dessas coisas... Além do mais, você não sabia que o All Time Low é daqui da cidade? – Sum perguntou.
- Eu não costumo me apegar a esses detalhes... – dei de ombros.
- Nem fã sabe ser essa daí. – apontou para mim e balançou a cabeça como quem desiste de algo.
- Eu nunca disse que era fã deles. Eu só falei que gosto da banda.
- , flor, você precisa parar de ser tão indiferente quanto ao mundo e às coisas. Eu já te disse que ter alguns sentimentos não mata ninguém. – falou em seu tom de voz fraternal dando-me tapinhas nas costas.
A verdade era que sentimentos matam sim. Se você pode ter a pessoa que ama, você é capaz de ser feliz, de viver em paz. Mas se a única opção possível é ficar longe dela, os sentimentos só servem para provocar dor e frustração. E o pior de tudo é que você ainda precisa conviver com a ideia de que aceitar esse fato é a única escolha possível.
Foi exatamente isso o que aconteceu comigo durante os últimos dois meses desde a mudança. Aos poucos eu perdi contato com todas as minhas amigas do Brasil – compartilhar ou comentar algo em comum no facebook de vez em quando não contava como manter contato para mim –, e o mesmo aconteceu com . Às vezes ainda nos falávamos pelo telefone, mas ele não havia sido corajoso o bastante para me dizer que estava se envolvendo com uma de suas colegas da faculdade, o que eventualmente acabei descobrindo através de outras pessoas. Nós tínhamos o mesmo círculo social, então me surpreendeu ver que ele sabia que eu descobriria, mas não foi honesto o bastante para dizer isso por si mesmo. E eu já estava tão cansada de incluir as pessoas na minha vida e acabar me decepcionando com elas que tudo o que eu menos queria era colocar mais alguém para dentro da minha bolha.
Meu maior defeito sempre foi amar obsessivamente as pessoas que eu amava, e eu deveria ter me lembrado disso nas semanas seguintes quando, sem perceber, transformei em mais uma dessas pessoas.
xx
Aquele foi o melhor show da minha vida. Talvez fosse porque eu assisti tudo à beira do palco, em um local que me mantinha a centímetros de distância do vocalista. Talvez fosse porque as fãs norte-americanas – mais especificamente as fãs nascidas em Baltimore, o berço dos “ATGuys” – eram mais animadas que tudo pareceu ainda mais contagiante. Ou talvez eu só quisesse mesmo me afastar do redemoinho emocional que costumava criar dentro de mim mesma. Eu era uma pessoa complicada, mas isso nunca foi exatamente culpa da vida. O fato era que eu gostava de bagunçar minha mente, de me preocupar com tudo, de tomar decisões extremas e nunca desistir delas. E aquele show me fez esquecer de tudo e de todos, me fez pensar apenas no momento e em como cada detalhe à minha volta estava perfeito.
Ganhei um autógrafo de cada integrante da banda distribuídos em meus DVDs e CDs. Liza – a irmã de , como descobri na véspera do show -, Summer, Phoebe, e eu tiramos uma foto em conjunto com os garotos. E como o meu preferido sempre foi o , fiz questão de pedir uma foto exclusivamente com ele também.
- Para onde vocês vão agora, Liza? – , o guitarrista do All Time Low, perguntou.
- Não combinamos nada para depois do show, .
- Nós vamos a uma boate e acho que todas aqui são maiores de 18, certo?
- Sim. – A pergunta era para Liza, mas e Summer responderam juntas a mesma coisa.
- Querem ir com a gente? Nós prometemos que deixamos as mocinhas em casa até às seis da manhã inteiras e sem nenhuma tatuagem. – disse provocando uma risada em cada uma de nós.
- Bom, eu disse à minha mãe que vou dormir na casa da Liza hoje, então, se a Liza for, eu vou. – Sum manifestou-se.
- Eu posso ir. – Phoebe falou.
- Nós também queremos ir. – disse e me puxou pelo braço.
- Queremos, mas não podemos. Nós temos hora pra chegar em casa, gente, e é daqui há exatos trinta minutos. Pedimos desculpas, mas terá que ficar para a próxima. – Falei fechando a cara para . Eu sabia que mentalmente ela estava me xingando de todos os palavrões do mundo, mas ela era grata demais à minha mãe para tentar revoltar-se contra as regras impostas pela senhora Tânia .
- Que pena, meninas. A gente se vê na faculdade segunda então? – Liza perguntou.
- Claro, claro. Obrigada, Liza. Foi tudo incrível hoje.
e eu abraçamos os garotos e as nossas amigas antes de irmos embora e recebi um gelo da minha melhor amiga pelo resto do final de semana por ter mais juízo na cabeça do que ela.
xx
- Senhorita , Liza e estão aqui na portaria. – Steve Stinson, meu porteiro, anunciou com sua voz fraca e mansa de sempre. Quase perguntei se ele estava caducando de vez, mas consegui me conter.
- Eles podem subir, Sr. Stinson. Obrigada. – respondi ainda sem entender nada.
Liza era mais amiga de do que minha amiga, mas não teria ido ao shopping com a minha mãe se tivesse combinado algo com Liza na nossa casa. E por que , o louro gostoso e baixista do All Time Low, veio trazer sua irmã era uma pergunta ainda mais difícil de decifrar.
A campainha soou e impediu que eu bolasse respostas para aquela situação.
- Oi, Liza. Oi, . – eu disse e então percebi o rosto vermelho e os olhos inchados da garota. – Está tudo bem, pessoal? – perguntei preocupada.
- A está em casa, ?
- Vamos entrar, gente. – Indiquei a sala de estar e fechei a porta atrás dos dois. – A foi ao shopping com a minha mãe, mas eu posso ligar pra ela e ela volta o mais rápido possível, Liza.
- Eu não quero atrapalhar. – Ela disse e enterrou o rosto nas mãos.
- , eu só vim trazer a Liza... – apontou para a porta e sibilou alguma coisa que eu não entendi, provavelmente porque, por reflexo, tentei entender as palavras no bom e velho português que eu mal escutava e do qual ainda sentia falta.
Segui para o corredor do meu andar rezando mentalmente para que ele me explicasse alguma coisa.
- Desculpe aparecer assim. A Liza tem uma história com um viado aí... – começou a dizer, mas o interrompi automaticamente quando o choque foi grande demais para ser possível reprimi-lo.
- O quê? Ela tem uma história com um...
- Não, o cara não é gay literalmente. Quero dizer, acho que não. Enfim, minha irmã é cheia de frescuras mesmo quando o assunto é esse garoto. Os dois brigaram mais cedo pelo que eu entendi e eu encontrei a Liza aos prantos se empanturrando de sorvete. Daí eu tentei conversar com ela, e ela por fim disse que seria bom ver a . Mas nós devíamos ter ligado antes de vir, é claro. – coçou a nuca mantendo a expressão séria. – Você acha que compensa deixar que ela espere a ou é melhor nós dois irmos embora?
- Vocês não precisam ir embora. Quero dizer, o shopping é perto daqui, então acho que seria bom se ela esperasse mesmo. – dei de ombros perguntando-me quão estranha minha primeira frase soou.
- Certo. Diga pra Liza me ligar quando quiser ir embora que eu a busco aqui, ok?
- É estranho ver você na cidade. – Comentei por reflexo. – Bom, não é como se eu morasse aqui desde sempre, né... Mas sei lá. Acho que eu só tinha imaginado os rockstars viajando o tempo todo até hoje.
- Na verdade nós viajamos a maior parte do ano mesmo, mas vamos ficar uns três meses em Baltimore resolvendo coisas do próximo disco, ensaiando para a próxima turnê e eventos baseados no novo álbum e tal. – respondeu educadamente.
- Hum, entendi. Bom, eu digo pra Liza te ligar. – falei louca por encerrar a conversa. Era legal falar com , mas eu acabava dizendo besteira demais, pelo visto. Iniciar um assunto perguntando o que ele estava fazendo em Baltimore definitivamente só me fez parecer lesada.
- Ok. – Ele respondeu e se virou caminhando rumo ao elevador. – Ah, ! – me chamou enquanto eu abria a porta.
- Sim?
- Eu até diria que você sempre foi daqui. Quero dizer, você tem pouco sotaque e é meio pálida para uma brasileira, né? – ele disse sorrindo. E aquele sorriso fez meu coração dar um solavanco, batendo tão rápido e forte dentro do meu peito que tive medo que pudesse ouvir mesmo estando há cinco metros de distância.
Eu ia responder alguma coisa, dizer que Minas não tem mar, então eu não tenho razões para ser bronzeada mesmo. No entanto, o elevador chegou e eu continuei paralisada em frente à porta, ainda enxergando apenas o sorriso incrível de na minha frente.
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Liza chorou horrores no meu colo. A história dela com um tal de Ian era típica, mas horrível. Eu nem conseguia me imaginar passando por aquela situação e saindo dela com alguma dignidade.
- Eu sou uma estúpida, né? – Liza disse e fungou, o rosto mergulhado na almofada que repousava sobre as minhas pernas.
- Flor, isso acontece com as garotas mais inteligentes. Você não é a primeira nem será a última a passar por isso, acredite. E eu diria que o idiota é o Ian por não ter dado valor a uma garota linda, esperta e com um futuro brilhante pela frente como você. – respondi sinceramente.
- Tudo o que ele queria era transar comigo, ! No fundo eu sabia disso, mas ainda assim eu concordei. Ele insistiu muito e eu concordei. Cara, como eu me odeio! – ela falou com a voz um pouco elevada pela raiva.
- Sabe, Liza, eu gosto de pensar no seguinte, pelo menos em casos como o seu.
Ela levantou a cabeça e fitou o meu rosto curiosa, esperando que eu continuasse.
- Tire a virgindade e a primeira vez do pedestal.
- Como assim?
- Nós costumamos colocar isso como fundamental e importante demais, e quando fazemos alguma besteira envolvida a isso, qual é a nossa tendência? Desmoronar, porque as coisas não saíram do jeito perfeito e maravilhoso que imaginávamos que deveriam ser. Então, pense o seguinte: você não vai deixar de encontrar aquela pessoa incrível e ter a sua primeira vez com ela simplesmente porque as coisas deram errado com o seu primeiro namorado. Nenhum cara que te mereça vai te rejeitar por isso. Cometer erros é normal. Você só precisa aprender com eles para evitar repeti-los no futuro, ok?
Liza enxugou as lágrimas de seu rosto com as mangas da blusa de frio fina que usava e me abraçou subitamente.
- Obrigada, . Você é mesmo um gênio! – Ela falou e a sua sinceridade fez com que eu me sentisse lisonjeada e bem por ser útil, ao mesmo tempo.
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- Eu não sei qual mágica você fez, mas minha irmã está bem de novo. – disse sem me cumprimentar. Eu estava sentada a uma das mesas de um Starbucks perto da universidade com vários papeis à minha frente, alguns cupcakes de um lado e um copo grande de café ao alcance da minha mão direita.
- Como você me encontrou aqui? – perguntei.
- Dei uma carona pra Liza até a faculdade, estava indo embora, te vi aqui e decidi parar para agradecer. – Ele respondeu. – Posso me sentar ou atrapalhei um momento de super concentração? – A expressão de “fudeu, atrapalhei tudo” de e o modo como ele paralisou no lugar com a mão na cadeira me fez rir.
- Não, não atrapalhou nada. Eu nem estava estudando...
- Ironia?
- Não. – Eu ri de novo. – Eu tive uma ideia durante o lanche e não quis esperar chegar em casa para desenhar.
- Posso ver?
- Eu ainda não terminei...
- Por favor? – juntou as mãos como quem implora e sorriu de leve. Como negar um pedido tão bobo a alguém tão divino?
Estendi a folha com o prédio e o jardim frontal desenhados. Ainda faltavam vários detalhes, mas dava para ter uma ideia do que eu queria dizer.
- Uau. – Ele disse fitando o desenho. – Você desenha muito bem. O talento é mais pra edifícios e paisagens ou você já desenhou outras coisas?
- Eu desenhava de tudo quando era mais nova. Eu adorava posicionar meus brinquedos, principalmente os ursinhos de pelúcia, e de desenhá-los. – Uma onda de nostalgia me atingiu quando relembrei isso. Desenhar sempre seria a parte mais fácil e natural da minha vida, certamente.
- Sabe uma coisa que eu adorava quando era criança também?
- Torturar as Barbies da Liza? – perguntei.
- Hahahaha. – fez uma careta ironizando a risada. Gargalhei alto. – Ela te contou isso, foi?
- Não, eu deduzi mesmo. Você parece ser do tipo de irmão que fazia isso.
- Você só me viu mimando minha irmã até hoje. De onde saiu essa teoria? – ele questionou ultrajado.
- Compensação. Você era um irmão terrível na infância da Liza. Agora é um irmão fofo na adolescência.
- Só não digo que você devia fazer Psicologia porque você é incrível desenhando, mocinha.
- Obrigada. Mas o que você ia dizer? Sobre gostar de fazer na infância?
- Corrida de kart. Eu era o melhor do mundo. – ele gabou-se.
- O melhor dos Estados Unidos porque do Brasil, a melhor era eu.
- Sério? Você dirige kart? – perguntou com os olhos brilhando de excitação.
- Você e os meninos têm planos pra sexta, ? – falei de supetão.
- Não...
- Então acho que temos uma competição de kart pela frente!
3. Maio
Convidar para sair foi a coisa mais impulsiva que eu já fiz na vida. É claro que aquilo não foi um encontro, mas eu terminei o dia me sentindo como se tivesse sido. Nós dois estávamos cercados de amigos, no entanto, por diversas vezes a única pessoa que eu enxergava era ele. A única pessoa com quem eu conversava era ele. A única pessoa que, para mim, realmente importava ali era ele. Eu só cheguei a essa conclusão, contudo, duas semanas depois, quando me convidou para um encontro de verdade. A essa altura nós já passávamos horas conversando no Starbucks perto da Hopkins U, ele me dava carona para casa quase todos os dias, e ainda nos falávamos pelo telefone quando não estávamos perto um do outro. Como eu simplesmente abaixei a guarda, como eu pude não perceber entrando na minha vida mesmo que fisicamente ele claramente me afetasse, eu jamais saberia dizer.
- Parque? – perguntei desejando ter vontade e coragem suficientes para dizer não ao convite.
- Se você não quiser, podemos ir a outro lugar. – ele disse. – Quero dizer, se você não quiser ir a lugar nenhum...
- Eu adoro parques, . – falei rapidamente. – Que horas você vai me buscar na quarta?
- As sete eu passo aí. – ele respondeu com um sorriso na voz.
Estar com era tão impossível e surreal que isso provavelmente me distraía de tudo o que aquela aproximação significava. É claro que essas questões me ocorriam quando ele estava longe, quando o seu cheiro e a sua voz não bagunçavam tanto a minha mente que eu mal pensava com clareza nas respostas ao que ele dizia. Mas quando estávamos ali, comendo algodão doce no parque, andando de montanha russa, atirando em alvos para ganhar brinquedos, conversando sobre nossas vidas e rindo o tempo todo, nada parecia fazer sentido ou ter relevância.
- ! Ai, meu Deus, são quase meia noite! Eu tenho aula às sete da manhã amanhã! – eu disse pulando do banco em que estávamos sentados comendo pipoca.
- Ok, ok, ok. Vou te levar pra casa. – Ele anunciou e me pegou pela mão. Andamos até o carro ainda de mãos dadas, pegou a maçaneta da porta do veículo para abri-la para mim, mas desistiu logo em seguida. – ... – a voz dele próxima ao meu rosto quando disse o meu nome era só um sussurro, soando tão provocante e deliciosa que eu não consegui me conter por mais tempo. Coloquei as duas mãos na nuca de e puxei o seu rosto para o meu, juntando os nossos lábios e iniciando o melhor beijo da minha existência.
4. Novembro
Meu 2012 foi exatamente tudo o que eu jamais poderia imaginar. A mudança para outro país pareceu mínima perto da quantidade de modificações que eu sofri por dentro. desapareceu dos meus pensamentos assim como a vontade de sequer falar com ele deixou de existir em mim. Eu me vi num relacionamento em que meu namorado estar fora do país era algo real, em que eu contava os dias para vê-lo de novo e fazia isso feliz, com a sensação de que a espera valia a pena. Definitivamente eu não era a mesma que chegou aos Estados Unidos em fevereiro.
- Quando você vai tirar essa venda dos meus olhos? – perguntei deixando a nostalgia de lado por um instante e me lembrando da bendita surpresa aprontada pelas minhas amigas.
- Você esperou nove meses para nascer, . Mais alguns minutos não farão diferença. – Liza respondeu. O restante da viagem foi um completo silêncio e eu imaginava o quanto aquilo estava sendo difícil para as meninas.
, Liza, Summer e Phoebe me conduziram por um caminho completamente desconhecido aos meus pés. Imaginei todas as coisas possíveis – de um bolo gigante com um stripper dentro a um quarto escuro onde eu ficaria trancada para pensar nos últimos 19 anos de ingratidão com a vida. Certo, elas não fariam algo assim no meu aniversário... Provavelmente.
- Agora fique aqui parada quieta. – disse e o silêncio voltou a pairar.
- Gente, eu posso tirar a venda agora? – aguardei pela resposta pelos próximos dez segundos, mas ela não veio, então arranquei o pano preto que cobria os meus olhos.
Minhas vistas demoraram um pouco para se adaptarem, mas isso nem seria necessário para ser possível dizer como aquele lugar estava lindo. As luzes eram opacas, fornecidas apenas por diversas velas espalhadas na sala. Eu nunca havia entrado naquele apartamento antes, mas arrisquei percorrer o corredor que seguia a sala de estar onde minhas amigas haviam me deixado.
- ? – chamei, mas não obtive resposta. Cheguei ao final do corredor e a porta do cômodo estava aberta. A única coisa que enxerguei dentro do quarto foi a cama enorme coberta de balões em formato de coração.
- Feliz aniversário. – disse por detrás de mim provocando um susto e fazendo-me saltar em seu pescoço, cobrindo seu rosto de beijos.
- Pensei que só fosse te ver semana que vem.
- Na verdade, a turnê acabou ontem... – ele falou com as mãos na minha cintura e fitando meu rosto admirado.
Pensei em reclamar, dar-lhe alguns tapas e dizer como eu odiava surpresas pelos próximos minutos. No entanto, minha saudade de tocar era tão grande e eu estava tão feliz por não ter encontrado uma festa, mas sim ter algumas horas sozinha com o meu namorado que tudo o que fiz foi beijá-lo.
Nossos beijos nunca eram serenos, delicados e cheio de romance. Quando e eu tínhamos contato era o mesmo que colocar uma centelha de fogo em um fio de pólvora. Apesar disso, a nossa primeira vez – a minha primeira vez – ainda não havia acontecido.
- Eu não fiz isso pra te pressionar, ok? – disse com os lábios colados na minha orelha. Um arrepio percorreu minha espinha e eu tremi.
Coloquei minhas duas mãos sobre o abdômen perfeito dele e fiz o caminho até o seu peito. Ele fez o mesmo logo em seguida e se livrou da minha blusa também.
- Você não está pressionando. Eu quero. – respondi aos sussurros e nós não conversamos muito mais por algumas horas.
5. Janeiro
Meu celular tocava freneticamente, mas não me movi para atendê-lo. Eu havia passado a noite anterior em claro, ainda processando todas as coisas e incapaz sequer de chorar. As palavras da minha mãe pesavam um milhão de toneladas sobre as minhas costas. “Semana que vem voltamos para Belo Horizonte”. Semana que vem toda a vida que eu construí com tanta facilidade nos Estados Unidos já não importaria mais. Eu sabia que esse momento chegaria, e ainda assim preferi descartar todas as coisas que inevitavelmente voltariam a constituir o meu mundo. A culpa era toda minha por agora ser tão difícil ir embora.
- ? – chamou e bateu na porta do meu quarto. Ela não costumava respeitar tanto o meu espaço, mas deveria estar imaginando que eu não queria socializar.
- O quê? – consegui responder.
- Posso entrar?
- Entra. – eu disse e continuei deitada de bruços na mesma posição que estava há horas. Meus braços imploravam para que eu me sentasse, deitasse de outra forma ou qualquer outra coisa que os livrasse, mas eu não encontrava ânimo para fazer isso.
- A Liza, a Sum e a Phoebe vão dar uma festa de despedida pra gente no dia antes da nossa viagem para o Brasil. Elas querem saber se você quer que convide alguém em especial?
- Não quero falar disso agora, .
- Eu imaginei, mas precisava de um motivo para ver como você está.
- Eu vou ficar bem. Agora me deixa dormir, vai... – falei e meu celular voltou a tocar.
- Não vai atender seu telefone?
- , por favor, me deixa sozinha. – praticamente implorei. E então saiu do meu quarto, fechando a porta atrás de si.
xx
O lar de era Baltimore. Enquanto eu vivesse ali, nós dois nos veríamos todas as vezes que uma turnê acabasse. Passaríamos semanas afastados sim, mas nos reencontraríamos eventualmente. Seria uma ilusão imaginar que continuaríamos juntos quando eu fosse para o outro lado do continente. Eu sugaria sua felicidade e energias por algum tempo – o tempo que ele tentasse manter as coisas como eram antes entre nós – e então nós dois sairíamos daquele relacionamento tão magoados que as boas lembranças desapareceriam tão depressa quanto surgiram. E eu não suportava a ideia de esgotar a melhor pessoa que já havia conhecido na vida daquela forma.
Ignorei as chamadas de durante os próximos dias o máximo que pude. Eu não queria falar pelo telefone que iria embora, e pedi a Liza que me deixasse dar a notícia. Mas a verdade era que nem eu pretendia dar dizer a ele que estava indo embora. A minha mudança jamais seria razão suficiente para que ele desistisse de mim, então eu sabia que se quisesse colocar um ponto final na nossa história para o bem dele, essa não deveria ser a minha justificativa.
A turnê que havia levado o All Time Low para o oeste do país acabaria duas semanas depois que eu fosse embora, então atendi o telefone três dias antes da minha partida apenas para pedir a que fosse para Baltimore.
- Eu vou ver com o Mark se será possível... Aconteceu alguma coisa?
- , - eu disse e suspirei alto – eu sei que não dá pra te trazer pra casa quando eu quero, e eu nunca pedi isso. Eu preciso conversar com você, e preciso que seja pessoalmente até quinta à noite, no máximo.
- Você vai me explicar por que tem me evitado desde a semana passada então?
- Me avise se você puder vir, ok? Até mais. – Desliguei o telefone antes que ele se despedisse também, mas não ligou de volta. Provavelmente já estava cansado de brincar de gato e rato.
O dia da tal festa de despedida chegou rápido, mas eu já não sabia se queria que o tempo se arrastasse ou corresse. De repente, isso não parecia fazer diferença mais.
- Você ainda está assim? – perguntou chocada quando me viu metida em moletons e com o cabelo parecendo um ninho de sabiás.
- Eu disse que não iria à festa.
- Caramba, , elas estão fazendo isso por nós! Você não se preocupa em ferir os sentimentos das suas amigas que te acolheram tão bem aqui?
- Elas vão nos levar ao aeroporto amanhã, . Vou deixar as despedidas para esse momento. Eu já conversei com as meninas e tenho certeza que elas entenderam. Agora pare de tentar fazer com que eu me sinta pior do que já estou e vá se divertir. – Forcei um sorriso para a minha melhor amiga e ela me abraçou.
- Certo. E não faça nada do que vá se arrepender depois, hein? – aconselhou-me. Mas, se eu me arrependeria depois ou não isso seria uma preocupação futura. Minha decisão já havia sido tomada e eu não costumava voltar atrás quando me convencia de algo.
Não estava nos meus planos tocar , mas isso foi impossível de impedir. Ele me abraçou de supetão assim que abri a porta da minha casa e beijou meus ombros e o alto da minha cabeça. Seus lábios se aproximaram dos meus, mas, depois de reunir toda a minha força de vontade, desviei o rosto e me afastei dele, cruzando os braços sobre o meu peito.
- Eu senti sua falta. – disse puxando um dos meus braços para pegar a minha mão.
- Também. – Respondi frio e secamente.
- Certo, eu não aguento mais isso. Me diz de uma vez porque você está tão estranha. O que eu fiz pra merecer um gelo de duas semanas?
Respirei fundo e deixei que o silêncio pairasse entre nós por alguns segundos perturbadores.
- Isso é um erro, . Eu demorei pra perceber isso, mas eu percebi. – falei por fim, virando-me para ficar de costas para ele. me rodeou plantando os pés na minha frente de novo.
- O que é um erro? – ele perguntou fitando meu rosto.
- Nós. Eu não aguento mais esse relacionamento. Nós estamos tentando sustentar algo que não tem jeito...
- Quando você vai voltar para o Brasil? – ele me interrompeu.
- O quê? – fingi-me de desentendida.
- Essa conversa não tem outra explicação! Olha, , eu entendo você estar com medo com relação a nós porque está indo embora, mas eu já te disse que nós podemos fazer isso dar certo... – pegou meu rosto com as mãos fazendo-me engolir em seco. Reuni toda a raiva que sentia de mim mesma pelo que havia planejado fazer para ter coragem de executar meus planos.
- Eu não quero fazer isso dar certo.
soltou meu rosto lentamente e deixou seus braços pendendo paralelos ao seu corpo. Sua expressão se contorceu em dúvida e dor.
- A pior coisa que eu fiz esse ano que passei aqui foi ter me envolvido com você. Porque isso me fez querer criar raízes aqui, e o meu lugar não é aqui! Eu adoro o Brasil. Todos os meus sonhos surgiram lá e eu não sinto necessidade de sair de lá para realizá-los. Eu não quero perder minha identidade, , e você só faz com que eu me sinta como se eu não fosse eu mesma. Não uma melhor, aprimorada. Eu sou outra quando estou com você, e eu me cansei disso. – cuspi as palavras.
- Mas eu me apaixonei pela garota que chegou aqui. Eu nunca quis ou tentei mudar nada em você... – ele murmurou.
- Eu não estou te culpando de nada. Eu só preciso me reencontrar, e eu nunca vou conseguir isso se continuar com você. Acho que o melhor pra nós dois é fingirmos que nada existiu entre a gente, que nunca fizemos parte da vida um do outro...
- Adeus, . – simplesmente disse e saiu do apartamento praticamente correndo.
Eu queria chorar. Queria colocar para fora de algum jeito toda a agonia e dor que me invadiam o peito, mas as lágrimas fugiam dos meus olhos todas as vezes que eu precisava delas. Despenquei no chão como uma boneca de pano e voltei à imobilidade de algumas noites atrás, quando aquelas palavras absurdas foram a solução que encontrei para livrar do peso que eu seria em sua vida se continuássemos tendo esperanças quanto a nós dois.
- Então você basicamente jogou a sua felicidade pela janela? Não, você a empurrou do topo do Empire State! – esbravejou jogando as mãos para o alto depois que terminei de contar o que havia feito.
- Você não devia ter saído da festa para vir até aqui... – murmurei cataconicamente.
- Não deveria mesmo. Você procurou esse sofrimento com as próprias mãos, . Caralho, o que você tem contra ser feliz? Em deixar as coisas acontecerem?
- , você acha mesmo que eu teria feito isso se as coisas fossem tão simples? O não teria vida mais por minha causa. Assim que eu decolasse de volta para o Brasil amanhã, ele passaria a viver um terço da vida nas turnês, outro aqui em Baltimore e outro no Brasil comigo. Você acha mesmo que eu faria isso a ele?
- , entende uma coisa: o quem deve dizer o que é melhor pra ele, não você.
- O jamais conseguiria fazer isso.
- Tem razão. Porque ele te ama de verdade. – cuspiu as palavras. Se ela tivesse afundado um ferro quente na minha pele não teria doído tanto.
Nem me dei o trabalho de responder. Caminhei até o meu quarto com ela atrás de mim chamando o meu nome e fechei a porta em sua cara.
xx
Fizemos o check-in no aeroporto e nos dirigimos à sala de embarque onde ainda seriam necessários quase trinta minutos de espera para entrarmos na aeronave. Como músicas estariam fora de cogitação por um bom tempo e eu só tinha livros românticos e dramáticos demais, abri um dos joguinhos do meu celular e me distraí com ele pelo que pareceu uma eternidade.
Um furdunço próximo aos detectores de metal me fez pausar o jogo e despertou minha curiosidade.
- DANA! DANA! – A voz dele gritando o meu nome fez com que eu questionasse minha sanidade.
- , é o ... – disse andando em direção à confusão.
- Não pode ser. – murmurei seguindo-a, assim como várias outras pessoas por perto fizeram.
- Anda, vai lá falar com ele! - falou me empurrando.
- Você não parece surpresa por vê-lo aqui... – comentei desconfiada de que havia o dedo dela na aparição de por ali.
- Vai logo! – ela mandou sorrindo.
usava a mesma roupa da noite anterior, e seu rosto sugeria que não havia dormido desde então. O restante dos meninos da banda conversava com os funcionários do aeroporto, e um segurança segurava pelo braço.
- O que diabos você está fazendo? – perguntei chocada.
- Eu só quero conversar com essa moça. – disse ao homem que o barrava. Ele soltou o braço de , que correu em minha direção rapidamente.
- A me disse por que você me disse aquelas coisas ontem. – ele falou. – Mas eu preciso que você me diga se ela está certa, se você mentiu para me poupar. – pediu olhando dentro dos meus olhos.
- ... – coloquei as mãos no rosto completamente confusa, tentando encontrar a melhor forma de lidar com aquilo. – Eu...
- Vamos só tentar. Se não estiver dando certo, se você se sentir infeliz ou eu me sentir sobrecarregado, nós terminamos. Mas vamos tentar. Eu não suporto a ideia de viver pensando que poderia ter toda a felicidade do mundo, mas deixei que ela fosse embora para o Brasil só com passagem de ida. – ele falou e sorriu do mesmo jeito que disparou meu coração pela primeira vez e por tantas outras vezes depois daquela. – Eu te amo, e isso me faz ter fé em nós. Eu só peço que você também tenha um pouco de fé. – sussurrou aproximando-me de mim.
- Eu também te amo. – respondi por fim. E de repente essa certeza também me fazia acreditar que, apesar dos pesares, poderíamos ser felizes para sempre um dia.
HEY, LINDAS! Bom, essa shortfic (mais long do que short, na verdade, né) foi escrita um tanto às pressas para a minha amiga secreta, mas espero que vocês tenham gostado mesmo assim. (: Eu sou uma tremenda sortuda porque minha primeira amiga secreta foi uma pessoa maravilhosa que eu amo e admiro demais, e a minha segunda, apesar de não termos um grande contato, é uma das minhas autoras prediletas. Dana Rocha, eu quero que você saiba que escrevi C&F com todo o carinho do mundo para você e espero que a história tenha lhe agradado! CSWS, um dos seus grandes sucessos no ATF, é sem dúvidas uma das minhas fanfics preferidas, e para mim foi uma honra criar algo para você! <3
Beijos a todas as fofas que leram Courage & Faith, e um beijo especial à minha amiga secreta linda e absoluta, Danita! O ATF e as leitoras do site não seriam tão incríveis sem você, flor.