Couldn't Resist
Escrito por Biiah Fletcher - Siga a autora no Twitter
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Música: Good Girls Go Bad, por Cobra Starship ft. Leighton Meester
Era uma noite agitada na Tropic. A casa noturna estava lotada, como uma típica sexta a noite. Uma fila grande na frente da porta, dois seguranças dando conta do recado. Gente sendo colocada para fora depois de brigar e quebrar mais taças do que poderiam pagar. Parecia tudo normal para os meninos. Depois de um longo show, tudo o que eles precisavam era de um chop bem gelado para desanuviar e algumas bundas passando com suas micro saias até uma pista de dança fervendo de hormônios. Requisito muito bem preenchido pela Tropic. Os garotos Já chegaram fazendo estardalhaço, Alex queria uma mesa perto da pista de dança, Rian queria um balde de cerveja, Jack queria dar uma volta no fundo da pista e Zack procurava alguma nova vítima.
Sentaram, tomaram uma rodada, comeram alguns petiscos servidos aleatoriamente e observavam. Era o que eles mais faziam ultimamente, observar. Zack varria o salão percebendo seus pequenos cantos e suas áreas demarcadas. Uma pista de dança com luzes loucas, coloridas e ritmadas, com pausas curtas entre uma cor e outra. A iluminação era baixa, o espaço entre uma pessoa e outra era ínfimo, pessoas dançavam em grupo de desconhecidos e nem se importavam. Todos se misturavam na batida de Rihanna, braços pro alto, copos balançando, bebida sendo derramada. Um lugar quente, superlotado, com música boa e gente bonita. Dava uma sensação diferente em Zack. Não uma que ele não conhecesse, afinal sentir-se com vontade de fazer uma loucura era normal para qualquer um dos quatro. Loucuras era o que eles mais faziam.
Jack já estava dançando sentado, fazendo com que a cadeira andasse praticamente. E Zack se mordia para não rir. Algumas garotas bonitas passaram por eles abanando como sempre. Os olhos deles logo foram direcionados a pista. Tocava algum remix de "Neon Lights e muitas mulheres dançavam rebolando, deixando a vista mais apreciativa. Talvez isso fosse tudo culpa de Zack, afinal ele olhava para todas com o mesmo olhar clínico, examinando cada passo achando todas muito apelativas e gostosas, de fato. Ele não deixava de olhar para todos os cantos, não podia deixar de olhar. E foi correndo os olhos pelo local fechado e escuro que encontrou ela. Uma garota de lindos cabelos compridos e enrolados nas pontas, com um vestido colado no corpo que descia até dois palmos antes do joelho, quase muito comportado. Ela estava rodeada por outras cinco ou seis garotas também muito bonitas, mas Zack não sabia dizer se eram realmente ou se era a beleza da morena que deixa as outras mais bonitas também.
Sorriu internamente e começou a arquitetar seu plano maligno. Chamou um garçom, escolheu um drink do cardápio e pediu para entregar na mesa dela. Enquanto olhava diretamente para a mesa, sem intenção nenhuma de disfarçar. Ela pegou o drink da bandeja, sorriu, agradeceu e olhou para a mesa dele. Com os olhos vidrados na mesa, vidrados em Zack, ela bebericou um gole do drink transparente. Três garotas que acompanhavam a morena levantaram e se dirigiram a pista. Dançavam remexendo os quadris e balançando o tecido que cobria a "retaguarda". Homens vibravam com cada mexida, e chegavam perto para uma dança furtiva. A morena continuava sentada ao lado de uma loira com grossos cachos e um vestido branco. Zack não conseguia ver a roupa da morena, mas também já não se importava muito com isso, poderia estar pelada, de biquíni, baby-doll, não fazia diferença.
***
- Você aceitou mesmo essa bebida? - A loira perguntou.
- Por que não? Tem gosto de cereja. - A morena respondeu sorrindo.
- E já sabe quem te mandou? - Ela encarava a amiga brincando com o copo.
- Mesa de trás, calça jeans preta, cabelo castanho, ombros largos, com outros três caras, não conheço. - A morena largou o copo na essa e virou de frente para a pista, dando uma visão de perfil a Zack.
- É bonito, mas toma cuidado. Não tem cara de bom moço. - A Loira disse sorrindo sugestiva.
- Lorena, em uma festa como essa ninguém tem cara de bom moço.
- Pensei que era isso o que buscava.
- Eu não busco nada, não tenho a intenção nem de levantar daqui.
- Para! Nós estamos na despedida da Jenny, apenas se divirta.
- Estou me divertindo.
- Então vai falar com ele.
- 'Tá louca, Lore? Eu não.
- Vocês não vem? - Uma menina ruiva se aproximou das outras duas, se curvou sobre elas deixando o corpo sobreposta a mesa.
- Estava tentando convencer a a aproveitar a noite.
- Isso mesmo Lore. Vamos , vamos dançar.
- Ela não estava falando de dançar, Jenny. E sim de me jogar nos braços de um desconhecido.
- Que desconhecido?
- Mesa de trás, calça preta, cabelo castanho, ombros largos.
- Bonito, mas tem cara de mal. Não é uma boa ideia.
- Obrigada.
- Jenny assim você não ajuda em nada.
- Lorena, ela nem conhece esse cara, e se for o maníaco da machadinha?
- Ele teria vindo sozinho, com um coturno, cabelo desgrenhado e sujo, um trench coat negro até os pés, seria horripilante.
- Não tem como você ter certeza.
- , relaxa. Ele é bonito, ninguém disse que você precisa deixar de ser virgem hoje, apenas sentar e conversar.
- Lorena!
- Bom, pensando por esse lado ele me parece o tipo certo de cara errado. Bem o estilo de cara que você curte, .
- Valeu Jenny!
- Vamos, ! Que mal tem? É só uma conversa, um beijo talvez. Você não tem como saber.
- Vou pensar nisso, mas não vou fazer nada agora.
- Certo, vamos dançar! - Jenny ergueu os braços e logo puxou Lorena para a pista.
- Aproveitem, vou na próxima. - apenas gritou.
- Tem certeza? - Lore perguntou segurando Jenny um pouco. ergueu sua bebida a amiga sorrindo e bebeu um gole assentindo.
ficou ali sozinha, curtindo a batida e bebericando seu drink doce e suave. Era seu primeiro drink da noite, e estava meio desanimada. Jenny, uma de suas melhores amigas estava indo para a Austrália por tempo suficiente para fazer uma falta tremenda, e sabia que mais cedo ou mais tarde, aquelas cinco começariam a chorar. Seja pela música, pela saudade que a garota deixaria ou pela bebedeira, e ela precisava coloca-las num carro e dirigir para a casa mais próxima. Motorista da rodada! Ela não percebeu quando o cara de cabelos castanhos levantou de sua mesa e começou a se aproximar. Mas parou quando um loiro de 1,80m parou em frente a sua mesa. Ela olhou para ele com indiferença e continuou bebendo enquanto ele a cantava com todo o charme que tinha.
- Oi, sozinha?
- Não!
- Mas eu não tô vendo ninguém aqui contigo.
- Deve estar ficando cego. Acredito que tenha mais de 250 pessoas nesse salão.
- Na verdade queria saber se está acompanhada.
- Não.
- Gostaria da minha companhia?
- Também não.
- E se eu te pagar um drink?
- Já estou bebendo um.
- E uma dança?
- Não quero.
E assim, o loiro que mais parecia uma modelo da Abercrombie, foi chutado, negado, largado. Zack que estava perto, já não sabia mais se era uma boa chegar na garota ou voltar para sua mesa. Mas resolveu investir. Antes mesmo de chegar a mesa, outra garota sentou com a morena. Ela usava um vestido rosa claro grudado no corpo e tinha os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo.
- Jenny e Lore me contaram do cara que te pagou uma bebida.
- E o que tem Mel?
- Se for o cara de ombros largos que eu estou pensando, cai fora.
- Como assim?
- Lembra da Juddy?
- Lembro.
- Por que acha que ela foi pra Montana com o irmã mais velho?
- Porque estava com saudades?
- Porque se apaixonou por um cretino com carinha de malvado, ombros largos e crápula que a largou no dia seguinte.
- Oh my! Ela se mudou por causa dele?
- Sim, e eu não quero que o mesmo aconteça com você .
- Mas eu não pretendo me mudar Mel.
- Eu não quero que um cretino quebre seu coração assim como fez com a Juddy.
- Não se preocupe comigo, estou bem, vacinada contra crápulas e não pretendo dar mole hoje. Ok? - já limpava pequenas lágrimas que caiam dos olhos castanhos da amiga.
- Promete que vai resistir? - Mel a abraçou forte.
- Eu vou resistir Mel. -Ela correspondeu ao abraço.
- Ok, tudo bem. Acho que vou voltar pra pista. - se afastou do abraço e limpou melhor os olhos. - OH MY! EU AMO ESSA MÚSICA! - E Melissa saiu com as mãos erguidas para o fervo.
Zack se preguntava se o cretino de quem as duas falavam era ele mesmo. Se fosse, ele ficaria magoado por algumas horas, beberia até não poder mais, esqueceria e acordaria no dia seguinte com a ressaca do século. Se não fosse ele, bom, ele ainda sim acordaria com a ressaca do século.
Depois de relutar, em pé, em sua mente se deveria ainda sim ir a mesa dela, Zack se tomou por vencido e deixou seus pés caminharem até lá. Estava cansando ficar de pé, e mesmo que não quisesse admitir, a mesa em que a bela morena estava sentada, estava muito mais próxima do que a de seus amigos.
- Oi, posso me sentar aqui? - Ele fez uma cara de cansado, um pouco abatido, se não fosse pela luz precária, ainda daria para ele deduzir que estava meio abatido.
- Hmmm, errr, acho que... - Ele não lhe deu tempo para responder direito e se jogou no banco circular roxa em que ela estava sentada.
- Sei que parece estranho, mas estou tentando fugir de algumas... Pessoas. - Pessoas? Estava fugindo de Rian mesmo.
- Pessoas? Ou mulheres? - Ela questionou.
- Meus amigos na verdade. Jack e Alex podem ser bem persuasivos, mas o pior de todos eles é Rian. Quando abre a boca para reclamar... Faz você desejar que um caminhão lhe atropele. - Abaixou a cabeça percebendo o quanto aquilo era verdade.
- Por Deus, ele é tão terrível assim? - Ela ria comedida ainda sem olha-lo diretamente.
- Oh sim, e muito pior se ficar se respostas da namorada. - Um assunto, ótimo, mesmo que seja seu amigo.
- E ele ainda tem uma namorada? - Ela finalmente olhou para ele, e seus olhos castanhos pareciam uma novidade.
- Me fiz a mesma pergunta quando descobri. - Ele puxou uma gargalhada baixa. - Zack! - Se apresentou estendendo a mão.
- ! - Ela sorriu comedida, sem mostrar os dentes ou estender de mais os cantos dos lábios. - E obrigada pelo drink. Qual o nome?
- Gostou? Que bom. Na verdade é uma mistura de cereja, Martini e açúcar cristalizado. - Ele se deu a liberdade de limpar o pouco de açúcar que soltou da borda da taça e se grudou ao canto dos lábios dela.
Ela abaixou o olhar simplesmente porque não estava acostumada com situações como essa. Ele sentara do seu lado, iniciara uma conversa despreocupada e dera uma investida sutil nela. Bom começo, mas como reagir a isso, ela se perguntava.
- Posso lhe pagar outo se desejar. - Ele tirou a mão de seu rosto depois de erguê-lo.
- Não, muito obrigada. Ainda nem terminei este aqui. - Ela ergue a taça e bebericou um gole e com um guardanapo solto na mesa, limpou os lábios. Junto com mais um pouco de açúcar, se foi também seu batom cor de boca, deixando evidentes seus lábios pequenos e um pouco vermelhos pelo esfregão do papel.
- Se incomodaria se eu pedisse algo para mim? - Ele encarava seus lábios, e não seus olhos.
- Fique a vontade. - Ela disse largando seu drink na mesa e aproveitando a distração para finalmente analisa-lo. E ai estava o problema. Ele era o tipo de cara que ela sempre acabava confiando. Com braços fortes, ombros largos, cabelo bagunçado, olhos profundos e tattoos cobrindo várias áreas.
- Amigo!
E então ele pediu, uma cerveja gelada, bem gelada ele ressaltou. Quando o garçom se afastou pela segunda vez, deixando uma garrafa verde de Heineken a garota não segurou mais a pergunta que queria a tanto fazer.
- Zack - começou hesitante. – Por que está sendo tão controlado? Por que está falando comigo tão contido, afinal, sei bem o que veio procurar aqui?
- Sabe? - Quis saber. Queria conseguir segurar o riso, mas ele escapou por seu nariz, meio anasalado e sedutor. - O que acha que vim fazer aqui?
- Tenho minhas dúvidas. Algumas opções me rondam a cabeça, mas nenhuma delas é de fato, falar sobre política, ou o tempo. - A garota bebericou sua bebida mais uma vez. Nunca chegava ao fundo daquela taça idiota.
- Está certa. Não me interesso por política, nem ao menos votei nas últimas eleições, e também não me importa o tempo, nunca fico muito tempo no mesmo lugar.
- O que você provavelmente acredite que seja uma ótima desculpa, não?
- Desculpa?
- Sim, para seus casos de uma noite.
- Isso é um problema. - Ele escorregou para mais perto dela afundando mais o estofado roxo.
- Sim... Quer dizer, não. Ao menos que esteja pensando em aderir meu nome a sua extensa lista. - Ela mexeu em suas unhas mostrando nervosismo.
- Não sou de recusar. É o que me parece mais interessante no momento. Alternava seus olhos entre o pescoço dela, que agora tinha mais o cheiro de um jardim do que de uma parte do corpo.
- Pois eu sugiro que se levante e volte a seus amigos. Aqui não vai conseguir o que espera. - Ela apontou com o queixo para a outra mesa.
- Por que está tão certa disso? - Ele tinha mesmo que erguer a sobrancelha? Aquela sobrancelha?
- Porque não pretendo me tornar só mais um casinho, muito menos entrar para sua lista essa noite.
Ele vendo que a batalha seria mais difícil do que imaginava se aproximou... mais um pouco.
- Pode se afastar por favor? Está difícil...
- Respirar, pensar, recusar?
- Do que está falando?
- Ora . Pensei que estivesse claro. Vim aqui conversar com você, conhece-la melhor. - Aquelas tatuagens eram tão chamativas.
- Pra quê? - desviou os olhos dele.
- Amizade, talvez? - ele desdenhou com o ombro.
- Zack, eu não quero sua amizade, poderia sair da minha mesa? - Onde estavam suas amadas amigas que não a deixaram em paz um segundo se quer, mas justo agora resolveram sumir.
- Bom, até que você seja legal comigo, não foi sair daqui. - Ele a viu se recostar ao estofado do sofá redondo e roxo, com sua taça na mão praticamente escondendo seu rosto.
- Você não sairia daqui nem arrastado. - Ela murmurou.
- Talvez, se você me arrastasse. - Com um sorriso de escárnio no rosto ele se jogou mais fundo no estofado, grudado ao lado dela, ombro com ombro.
- Petulante. - Ela abaixou a cabeça bebendo mais um pouco do drink. Se ele pudesse enxerga melhor, veria o quanto vermelha ela estava, não era culpa da bebida que ela estava remando para terminar.
- Que tal uma dança?
- Não gosto de dançar, obrigada.
- Não gosta? Duvido!
- Não que eu não goste... Apenas não sei.
- Não sabe? É algum tipo de brincadeira ou quer mesmo que eu acredite? O quê, você faz o tipo boneco de posto? - Ele precisou rir do que imaginou.
- É claro que não. Que infantil da sua parte.
- Então prove.
- Não tenho que te provar nada. - desviou o olhar para a mesa do dj.
- Bobinha.
- Será que dá pra me deixar em paz? - Ela não entendia porque ele estava sendo tão persistente. Por Deus, mais um pouco e não conseguiria dizer não.
- Hey, calma. É só uma dança. Não estou te pedindo em casamento.
- Disso eu tenho certeza que não.
- Você está com medo?
- O quê? Claro que não!
- Você está com medo de mim. - ele a observava de canto, sorrindo safado.
- Eu não tenho porque ter medo de você. - Tomou o resto de seu drink em um gole, finalmente.
- Então dança comigo. - ele virou de frente para ela, chegando bem perto, tirando sua taça das mãos suaves dela.
- Eu não quero. - A garota simplesmente não sabia o que fazer, ele chegou tão perto que só pode se encolher.
- Mentira, eu vi você da minha mesa, está louquinha pra dançar. - ele colou os lábios ao ouvido dela, respirando pesado e soltando o ar quente em seu lóbulo.
- Não sei... - Ela mordeu os lábios, pelo menos ele não teria como ver.
- Vamos . Vem, o que te de mais? - Ele se afundou no pescoço dela tentando sorver tudo que podia do seu perfume.
- Tudo bem, só uma dança. - Ela se rendou pela segunda vez. Não tinha consciência disso no começo da noite, mas quando acordou na manhã seguinte, ela soube. Mas essa não foi sua sentença de morte.
- Você quem manda.
Ele se ergueu do sofá tão rápido quanto uma raposa pronta para atacar e se agarrou a ela como uma cobra rondando sua preza. Ela se via meio perdida e tonta.
Eles se esgueiravam entre os corpos molhados por suar que se esfregavam e se debatiam na pista. Por incrível que pareça, todos pareciam inertes na mesma sintonia, como se todos os movimentos individuais fizessem parte de uma coreografia muito mais elaborada e grupal, que dava uma sensação de querer se jogar, de querer fazer parte. Ela era guiada pelas mãos grandes e calejadas de Zack em sua cintura. Ele finalmente a viu por inteiro com um vestido preto com uma gola redonda, bem colado ao corpo e fechado em cima por um tecido transparente que deixava muito a imaginação e um corte nas laterais, um recoste ovalado que deixava a pele "respirar". Foi ali que ele repousou as mãos, os dedos calosos pelas cordas do baixo, mãos ásperas e firmes. Ela adorava mãos grandes, podia se apoiar nelas. Era tudo que queria. Quando estavam chegando a uma parte mais livre da pista, a música trocou para algo mais "quente".
Zack aproveitou e a puxou para mais perto. As costas dela bateram no peito dele, e seus músculos fortes eram perceptíveis até para seus ombros. Não tinha como não sentir as ondulações dos braços dele se aproveitando das costas lisas dela. Os braços dele se estreitaram ao seu redor e ele afundou o rosto no cabelo castanho com cheiro de baunilha. Ele a balançava, conduzia cada movimento dela e a fazia requebrar o quadril ainda com as mãos nas entradas do vestido. Eles dançavam tão próximos que pareciam uma só pessoa, dançavam colados, grudados, em um lugar pequeno e quente. A respiração ofegante dele era acompanhada pela dela, descompassada. Ela estava numa grande luta em sua mente, não sabia se queria virar de frente para ele, ver seu rosto e se deixar ser vista por aqueles olhos grandes e luminosos.
- Você não é tão ruim assim. - riu abafado pelos cabelos dela, de um castanho mais escuro que os dele.
Ele tirou as mãos do quadril macio dela e segurou os braços nus e lisos que se arrepiaram com o toque. Ele correu os dedos lenta e torturosamente sobre a pele deixando um rastro de arrepios e quando chegou aos ombros, como num impulso, virou a garota de frente. Ela ficou tão atordoada que mal se manteve em pé. Ele a afastou poucos centimentros quando sentiu que ela podia ficar de pé sozinha e tomou sua cintura novamente. Ele apertava a pele livre com a palma da mão sem querer usar a força e depois fazia um carinho circular com as pontas do dedos. A música trocou para uma mais conveniente ainda. Ele aproveitou a batida e a voz do cantor que por coincidência dizia tudo o que ele estava pensando. Tomado pela vontade a puxou para mais perto e correu um braço entorno da cintura fina dela. Ela tinha um rebolado incrível e seu peito subia magistralmente dando espaço para o ar e descia apelativo quando esse a escapava.
Ele estava ficando maluco.
Ela sabia que não devia se entregar, mas estava sendo difícil com aqueles braços em sua volta. Já não conseguia contar quantas músicas se passaram, nem onde suas amigas estavam. Todas as músicas pareciam se emendar de forma certa, e as amigas não importavam tanto agora. Ela só conseguia pensar no corpo a sua frente se esforçando para apenas dançar. Ela podia ver a veia do pescoço dele saltada e já imaginava a luta interna que ele estava tendo. Ela também estava. E quando aquele braço a abraçou mais, o ar que ela queria tanto manter em seus pulmões se tornava escasso e um novo com um perfume forte de âmbar e madeira tomava suas narinas. Como pode? O perfume a estava invadindo, invadindo seu espaço. E aquelas mãos estavam tomando-a para perto. E aqueles lábios a estavam chamando, não literalmente, mas pareciam imãs, e não conseguia achar um motivo para não faze-lo. Era simplesmente um beijo, não? Era o que Lore tinha dito, e Lore geralmente tinha razão. Por que ela não conseguia se decidir? Não podia ser tão errado, não se fosse ao menos uma vez só. Só por alguns segundo, só hoje, só uma vez, só um beijo. E então ela sentiu um apertão na cintura. Um apertão tão forte e tão ameno ao mesmo tempo que precisou se agarrar aqueles ombros. Zack acreditou que era para "melhorar" a dança e instintivamente a apertou mais em seus braços deixando a testa bater no ombro coberto pelo tecido transparente do vestido dela. Ela encaixou o nariz no pescoço dele e respirou pesado puxando o ar que conseguisse. Ele se arrepiou, ela não só sentiu como viu, ou acreditou que viu. Com isso tomou liberdade para pegar com os dedos os poucos cabelos que ele tinha crescendo na nuca e os agarrou sem puxar, apenas os juntou entre os dedos e depois os soltou rosando as unhas na pele. E os pegou de novo soltando segundos depois. E repetiu, sem soltar dessa vez, mas arrastando as unhas da outra mão devagar pela nuca até o ombro esquerdo dele.
Ele invadiu seus cabelos castanhos com a mão direta a mantendo próxima apenas com a mão esquerda em volta daquele vestido preto. A viu erguer a cabeça arrepiada dos pés até o último fio de cabelo, não que ele puxasse, mas seus dedos calosos arrastaram uma sensação boa das suas costas até o couro cabeludo. Ele aproveitou e correu o queixo com a barba por fazer pelo maxilar dela, fazendo pinicar. Ela apertou mais a mão no cabelo dele. Isso só provara uma coisa. Ela havia se rendido. O corpo dela ficara mais leve, mais mole. Ele então a segurou com o braço, e ela se agarrou mais ao cabelo e ao ombro dele. Como se ele fosse a única coisa que a mantivesse de pé naquele salão.
Se conseguir resistir ele a beijou. Afastou o rosto dos cabelos e do pescoço dela e aproximou seu queixo do dela, arranhando-o, para logo cobrir os seus lábios com os próprios. Um movimento lento, mas decidido, como se estivesse conhecendo o local antes de travar uma batalha por ele. A segurava forte pela nuca, exclusivamente para que ela não tivesse como e nem para onde fugir, não que ele acreditasse que ela o fosse fazer, mas parecia o mais certo a fazer, segurar-lhe colada a ele. E também era capaz de ela cair no chão se ele a soltasse, de tão amolecida que ela estava. Soltou os lábios dela depois de terminar com um selinho. Ela desceu a mão do ombro dele e o apertou no braço, se segurando, correu até o pescoço dele agarrou a camisa que ela não tinha certeza se era azul ou cinza, pelo escuro do lugar, e se manteve grudada nele. Ele não atinha soltado, mas ela não conseguia se segurar em outro lugar. Ele a segurou colocando os braços dela ao redor de seu pescoço e a beijou novamente, mais voraz, mais forte.
E então ela ficou tonta, tonta com tanto contato, com tanto toque e se sentia sendo movida, mas não conseguia destingir para onde até sentir uma parede se bater contra suas costas. A música já mudara algumas vezes, mas essa ele conseguia ouvir e rira se pudesse. Ela tomou mais ação e consciência de seus atos e se agarrou forte aos cabelos dele, como se a música a tivesse dado um gás. Se afastaram os centímetros necessários para ofegar e buscar mais ar. Ele caiu na tentação de beijar seu pescoço com cheiro de rosas e bagunçar seu cabelo longo e já úmido, mas que ainda tinha cheiro de baunilha. Ele a beijava e mordia, como um castigo e um consolo. E ainda suspirava deixando o ar quente bater e arrepiar a pele dela. Ela agarrou o cabelo dele forte e começou a brincar com a orelha dele, que estranhamente estava quente. Ela envolveu a orelha com os lábios e a puxou para baixo, lambeu o lóbulo e suspirou em seu ouvido. Com isso a mão dele escorregou pelos cortes do vestido tocando a pele por dentro do tecido e a abraçando mais forte, tirando-a do chão. A espinha dela se curvou quando ele espalmou a mão meio gelada na pele que até então estava quente, dando um soco leve em seu ombro. Ele riu e a beijou novamente, mais selvagem. Com rapidez e força, como que mostrando um caminho e ela apenas seguia. Era só isso que ela fazia, seguia os passos dele. Mas foi ela que deu a cartada final.
- Vamos sair daqui. - Ele ouviu sair da boca aveludada e rosa que estava tomando para si naquela noite. Ela sugeriu ir embora dali. E eles foram.
I heard that you were trouble but i couldn't resist
Na manhã seguinte, Zack estendeu o braço para desligar o despertador que tocara ininterruptamente por 15 segundos. Ele deu um leve soco na parte de cima do eletrônico e com a mesma mão coçou os rosto. Coçou os olhos e afundou os dedos no travesseiro buscando esconder-se mais um pouco. Foi quando bocejou que sentiu um leve desconforto no lábio inferior. E como uma tempestade, memórias da noite passada choveram em sua mente torrencialmente. Cabelos castanhos, cereja, vestido preto, lingerie azul royal, baunilha e sangue. Sim ela mordera seu lábio inferior tão selvagemente a ponto de lhe arrancar algumas gotas de sangue.
Ergueu o tronco do colchão se estabilizando com os cotovelos e olhou para o travesseiro do lado esquerdo. Ela não estava ali. Procurou rapidamente com os olhos pelas roupas dela, mas nada. E então um bilhete, com o emblema do hotel no topo da folha se encontrava na mesa de café em frente a cama. "Você é perigoso, mas somente uma noite não seria tão errado! xoxo " e um e-mail. Sim um e-mail. Mas não parecia nada empresarial ou individual, talvez nem existisse.
Quando Zack se jogou novamente a cama, ainda nu, agarrou-se ao travesseiro que tinha um leve aroma de baunilha e dormiu por mais uma tarde inteira.
She was so shy
'til i drove her wild