Come Back... Be Here
Escrito por Maria Daniela | Revisado por Mah
- Mãe, sem drama. Eu vou, mas eu volto...
- Promete me ligar toda noite, filha?
- Farei o possível, mãe.
“Atenção passageiros do voo 169, com destino a Nova York, embarque liberado no portão 06...”
- Mãe, preciso ir, quando eu chegar lá eu ligo – dei um último abraço nela e segui rumo ao avião.
Me acomodei em minha poltrona, que por sorte era na janela, daqui a algumas horas estarei realizando meu sonho, finalmente vou cursar o que eu amo, Arquitetura.
Liguei meu iPod e a música tomou conta dos meus pensamentos, “City of Angels”, Nova York não era a cidade dos anjos, mas era a cidade onde eu realizaria o que eu desejo.
Depois de tantos meses de espera, recebi a confirmação da minha bolsa, apesar de alguns membros da minha família não acreditarem no meu potencial, finalmente consegui entrar para a grande universidade de artes, New York University. Pode parecer bobeira uma simples garota alemã sonhar tão alto, mas o que importa é eu estar aqui...
Diante dos meus devaneios peguei no sono.
- Senhorita, iremos pousar, aperte os cintos.
- Okay, obrigada – e sorri gentilmente para a moça.
Assim que ela sumiu do me campo de visão me ajeitei na poltrona, e logo o avião pousou.
...
Minha colega de quarto é muito doida, se chama , tem um sotaque engraçado pelo fato de ela ser irlandesa e por sorte ela também cursava arquitetura. Assim que me instalei fui dar uma volta pela universidade, como meu hobby favorito era desenhar levei comigo meu caderno de desenho e um lápis, preferiu ir procurar algo para comer.
Caminhei até um banco que ficava em uma praça em frente ao campus, observei cada detalhe procurando algo para desenhar, passei os olhos por algumas pessoas até que um em especial me chamou a atenção, ele estava sentado embaixo de uma árvore com um violão, dedilhando alguma música, quando vi já estava colocando aquela imagem no papel, observei cada detalhe possível daquele garoto, ele parecia estar concentrado no seu violão, me peguei pensando o quanto ele era bonito, ainda mais o seu sorriso, e QUE SORRISO... mas peraí... Aquele sorriso era para mim? Acho que fiquei o olhando por tempo demais. Desviei o olhar para o desenho, fechei o caderno e rapidamente me levantei... continuando a caminhar pelo Campus.
...
- O que você desenhou ali? – Ouvi perguntar, estava arrumando minhas roupas no guarda-roupas.
- Ah, nada de mais.
- Posso ver?
- Acho melhor não. – Sorri, indo até minha cama e pegando o caderno.
- Ah, qual é, ? Eu deixo você ver os meus.
- Não é nada demais, só um desenho sem importância.
- Se fosse sem importância você deixaria eu ver! – Ela levantou vindo em minha direção, antes que eu pudesse dizer algo, ela tirou o caderno da minha mão –Nossa, que garoto bonito, acho que eu conheço ele.
- Já viu? Agora me dá! – tentei pegar, mas ela virou na direção oposta que eu.
- Para de ser chata, você desenha bem.
- To vendo que você não vai me devolver... Vou ligar para minha mãe. – Falei vendo ela se sentar em sua cama ainda olhando o desenho do garoto - daqui a pouco o desenho rasga de tanto você olhar.
- O que é bonito é pra se olhar.
- Oi mãe!
- Oi querida, como chegou ai? Já se alimentou? Fez amizades?
- To bem mãe, já comi sim, e hm... – olhei pra , que sorria ainda ao olhar para o mesmo desenho – Acho que sim.
- Que bom filha, mas e ai, já conheceu algum menino gatinho?
- Mãe! Que isso. Acabei de chegar, mal conheço o lugar, ainda mais garotos!
- Sei, sei. Sempre tem um garoto bonito no primeiro dia, posso estar velha, mas não sou burra.
- Eu não disse que a senhora era burra. – falei na defensiva – Mãe, tenho que ir, depois te ligo.
- Ok filha, mas ainda quero saber dos garotos!
- Que garotos, mãe?! Vai dormi vai, se cuida, te amo.
- Vou mesmo, porque aqui já é tarde, também te amo, bebê.
Desliguei o telefone e fui até tentar tirar o caderno dela.
- AHÁ, SABIA QUE CONHECIA ELE! – gritou do nada.
- Do que você ta falando, abobada? – perguntei confusa.
- Esse garoto, sabia que conhecia ele, vi ele hoje no campus!
- Legal... – disse.
- Por que desenhou ele, ?
- Não sei , apenas gostei da imagem...
- Gostoso , estuda música, e está no último período do curso.
- Hahahaha ai, ai, ai , gostoso? Meu deus, menina. Ele é bonito, charmoso... mas gostoso?
- Sim, muito gostoso e lindo... e um Deus Grego...
- Pare de falar merda e vai dormir, .
- Mas ...
- Boa noite, sua chata assanhada e pervertida. Até amanhã.
Desliguei a luz e fui dormir, deixando-a falando sozinha.
...
No dia seguinte saí antes da para pegar meus horários, ao sair da reitoria esbarrei com um ser, minhas coisas foram rumo ao chão...
- Merda – sussurrei.
- Desculpa – Disse o garoto.
- Não olha por onde anda não? – disse rude me abaixando para pegar minhas coisas, ele teve a mesma atitude, me ajudando a apanhar meus materiais.
- Foi mal... - falou em tom sincero.
Nesse momento eu vi que meu caderno de desenho estava na mão dele, oh merda 2 vezes. Olhei para ele e ai meu deus, era o garoto do violão. E. Ele. Tava. Olhando. O. Desenho. Que. Eu. Fiz. Dele. ONDE EU ENFIO MINHA CARA?!
Rapidamente tomei meu caderno de suas mãos e terminei de pegar minhas coisas, ele apenas me observava, ai que vergonha, me levantei e saí de perto dele.
- Hey, espera! – Gritou para mim.
Eu ignorei, mas ele foi rápido demais, segurou minha mão livre, assim me fazendo parar para encará-lo.
- Esse desenho era meu? Desculpa ser enxerido, mas é impossível não notar e se interessar por uma arte como essa... – Ele falou.
- Deve ser... apenas desenhei. Não reparei que era você – Falei na defensiva desviando o olhar para qualquer outro ponto e tentando esquecer o fato de que ele estava segurando a minha mão.
- Você desenha muito bem... se importa se eu ver? – Perguntou.
- Hmmm – hesitei antes de retornar a falar – você quer ver um desenho de uma estranha no meio do campus?
- Bem... Podemos resolver isso. Sou . . – Se apresentou sorrindo docemente. – E você é...?
- ... Stronberg – respondi devolvendo o sorriso.
- Estamos devidamente apresentados... Então agora você aceita ir tomar um café comigo? Assim você deixa eu ver o desenho... – disse de um jeito travesso.
- Eu tenho aula agora, . – falei.
- Ah... – disse decepcionado – que tal mais tarde então? Me passa seu número? Sei lá... poderíamos marcar algo... aí você me mostra seu talento...
- Ah... Humm. Claro.
Peguei minha agenda e marquei meu número num pedaço de papel.
- Toma – disse entregando a ele.
- Foi bom te conhecer, – me deu um abraço (que ousado...) e se foi.
Fui para a minha aula de introdução.
...
Já se passava das 11 da noite, tinha ligado para mamãe e, bem, ficamos uma hora conversando sobre assuntos alheios, já estava no seu 15º sono, e eu aqui deitada, mas sem conseguir pregar o olho por conta daquele garoto, .
Só o tinha visto duas vezes e não o tirava da cabeça... minha mente dizia “Não se apegue”, porém eu já estava me apegando.
Senti meu celular vibrar, uma mensagem, peguei-o rapidamente e li:
“Oi , sei que está tarde... mas realmente estou muito curioso para ver seu desenho de mim. Pode me encontrar, tipo, agora?
Xx – ”
Que sem noção cara! Olhei no relógio e era 4h da manhã! Mal dormi... mas...
“Isso são horas, ?!”
“Desculpa, eu até tentei esperar até o amanhecer... Porém...”
“Okay, onde quer me encontrar?”
“No meu dormitório, quero te mostrar uma coisa incrível, tenho certeza que vai amar”
Ai. Meu. Deus. E se ele me estuprar e sumir com o meu corpo? Senhor, livrai-me de todo mal!
“Tudo bem. Onde fica?”
“Estou do lado de fora te esperando. Não demore, to congelando aqui hahaha”
Não respondi mais, levantei, vesti algo confortável e deixei um bilhete para dizendo que estava com e que se eu não desse notícias até as 9h da manhã ela teria que me procurar.
Peguei meu caderno e um lápis, assim saí de fininho.
Avistei-o bem perto do dormitório das meninas, fui ao seu encontro.
- Você tem sérios problemas, querido. – Disse tremendo de frio – Espero que tudo isso valha à pena.
- Eu disse que tava frio.
- Vamos? – Ignorei o que ele tinha falado.
Ele apenas assentiu.
Logo estávamos em seu quarto, ele me deu passagem e eu entrei.
Observei tudo, para variar, vi o violão daquele dia... e seu quarto tava uma zona.
- Não repare na bagunça, a beleza não ta aqui dentro, mas sim lá fora, vem – Pegou na minha mão, mas que mania!, pensei.
Ele me conduziu ate uma janela que dava visão para uma linda paisagem, o sol estava nascendo timidamente, daria um belo desenho com certeza.
- , se importa se eu desenhar?
- Óbvio que não, eu realmente gostaria que desenhasse... – falou sorrindo, MAS QUE SORRISO MEU DEUS - Se importa se eu ver o desenho?
- Ae... Toma – disse entregando o maldito desenho a ele.
Enquanto ele analisava o desenho que lhe entreguei... eu desenhava a paisagem...
Algum tempo se passou, não sei ao certo dizer quanto, mas finalmente ficou pronto.
- Terminou? – Perguntou atrás de mim.
Senti minha nuca arrepiar, instantaneamente fechei os olhos... mas me recompus rapidamente.
- Sim... Hmmm quer ver? – Perguntei com voz entrecortada.
- Posso? – Perguntou.
- Claro – Me virei para ele e estiquei o caderno, mas em vez de pegá-lo ele segurou minha mão. Olhei para ele e, bem... Ele estava me encarando na maior cara de pau, reparei nos seus olhos brilhantes. Por que será que toda vez que ele pega na minha mão eu sinto como se tivesse tomando um pequeno choque? Ele pegou o caderno com a outra mão.
- Uau, esse desenho está tão lindo quanto o original. – Ele disse com um sorriso discreto nos lábios, e que lábios.
- Não exagera também, né.
- Está perfeito... assim como você. – Ele olhou pra mim, me perdi por um minuto naqueles lindos olhos.
- Para de falar bobagem vai. – Tentei disfarçar minha timidez.
- Posso fazer uma pergunta? – Já comentei que ele ainda segurava minha mão?
- Você já fez, mas vou dar um crédito. – sorri de forma brincalhona.
- Por que me desenhou? – Ele estava sorrindo, como ele era fofo, por que eu desenhei ele? Eu não faço a menor ideia.
- Ah... Érm... Não sei, quando vi você tocando violão não consegui imaginar uma cena mais linda, quando dei por mim já estava te desenhando...
- Você me acha lindo?
- Sim... quer dizer, é, ah chega de perguntas, !
- Você é linda. – Ele disse simplesmente.
- Você bebeu?
- Não, sei exatamente o que quero.
- Do que você está falando, garoto? – perguntei já confusa.
- Desde que olhei você pela primeira vez no campus, não consigo te tirar da cabeça! Não consegui pregar os olhos pensando em como você é linda, como seu sorriso é lindo, sei que é cedo pra dizer isso, mas eu gosto de você.
Sorri feito boba diante da sua declaração, ele se aproximou e, bem... me beijou. Senti uma sensação eletrizante, correspondi ao beijo... paramos por falta de ar. Nos encaramos e sorrimos um para o outro.
Não faço ideia se isso vai dar certo. Só sei que quero aproveitar o máximo dessa sensação nova.
...
Passaram duas semanas, eu e somos o casal do momento, hoje iríamos jantar juntos, ele disse que tinha que me contar algo sério. Aqui estou eu me arrumando... um pouco nervosa pelo que ele tem para me dizer... Vamos que vamos.
- Amiga, você ta uma gatinha – Disse .
- Obrigada , nos vemos depois – beijei a bochecha dela e fui.
estava me esperando.
- Uau , que gata... – Falou me fazendo corar levemente.
- Obrigada, .
Caminhamos de mãos dadas até um restaurante próximo da Universidade, o jantar foi incrível, rimos, brincamos, trocamos carícias...
Mas nem tudo é perfeito...
- , preciso te contar uma coisa... – disse quando nos sentamos em um banco de praça.
- Pode falar, anjo. – disse sorrindo.
- Bem... eu vou embora. Amanhã. – Soltou a bomba.
- Mas... hmm... tipo... Como assim? – Perguntei confusa.
- Eu recebi uma proposta para tocar em uma banda, para isso terei que estar em Londres amanhã de manhã. , eu recebi a proposta há pouco tempo... Estive pensando em mil maneiras de te contar, mas eu simplesmente não sabia como. Eu não podia recusar... – Disse descontroladamente.
- Eu não sei o que pensar. – Falei com lágrimas nos olhos.
- Eu sinto muito , não queria que acabasse assim.
- Boa viagem, – Disse já me levantando e indo rumo ao meu dormitório.
...
Passei a minha noite chorando e me remoendo... Justo quando eu estava me apaixonando ele tinha que ir embora?! Por quê?!
Tóc tóc tóc tóc
Alguém batia na porta, prontamente abriu, se virou para mim e disse:
- , é para você – assim saiu porta à fora me deixando com aquele que vai embora.
- O que está fazendo aqui, ?
- Eu vim para isto – veio rapidamente para perto de mim e me lascou um beijo.
- O que foi isso? – Perguntei depois que ele me soltou.
- Um último beijo, se cuide pequena, eu amo você. – Disse se distanciando – ? – chamou-me – Espero que um dia me perdoe. – Saiu.
Ele se foi.
I told myself: "don't get attached"
But in my mind I play it back
Spinning faster than the plane that took you
...
5 Anos depois...
Sim, 5 anos se passaram desde a última vez que vi , 5 anos que demos nosso último beijo, 5 longos anos que trocamos nossas últimas palavras.
Estou em casa, sim, já terminei a Universidade, estou contente por ter finalmente voltado...
Estava andando pelas belas ruas de Berlim, onde várias vezes havia desenhado, enquanto caminhava refleti sobre tudo que me aconteceu nesses últimos 5 anos, e aí você deve estar se perguntando:
“O que aconteceu com ?”
? Aquele de cinco anos atrás? O bom e velho , o famoso que faz parte da melhor Boyband do mundo? Bom, ele esta em turnê em algum lugar da Alemanha. E, por incrível que pareça, eu nunca esqueci ele, claro que ele mudou, todos mudam, mas mesmo com todas essas mudanças eu sei que ele continua sendo o mesmo garoto do meu desenho, pois é, guardo o mesmo até hoje.
Deixei meus devaneios de lado e prestei mais atenção na rua, em um ponto especifico, onde havia uma amontoação de garotas e fotógrafos, pude jurar ver ele, mas acho que estava tendo alucinações, dei mais alguns passos e agora eu tive certeza, ele realmente estava ali, mais lindo do que a última vez, ali estava me encarando, sorrindo para mim, e com um simples sorriso eu soube. Aquele não era o fim.
“Come back... be here”