Colorful Tears

Escrito por Bruna Villanueva | Revisado por Natashia Kitamura

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Parte do Projeto Songfics - 12ª Temporada // Música: Misguided Ghosts, por Paramore

  Seu último pedido foi que tocasse a nossa música no funeral.
  Eu lembro que ela estava na cama do hospital, calada. De repente me olhou e...
  Flashback ON - Em 3º pessoa
  - - virou a cabeça para o lado em que o garoto estava.
  - O que foi? Está bem? - Ele estava cochilando, estava ali a mais de três horas, o acidente havia sido feio e ele não aceitou ficar em casa e deixar no hospital sozinha.
  - Estou, mas, se nem tudo acabar bem... - ele não a deixou terminar de falar.
  - Tudo vai ficar bem e em breve nós vamos pra casa. Eu prometo - levantou de onde estava e beijou a testa pálida de .
  - Não, você não pode prometer o que não sabe - ele olhou-a triste - se eu morrer, hoje ou amanhã, ou sabe-se lá quando, quero que no meu funeral toque Misguided Ghosts do Paramore, ok?
  - Claro, mas não se torture pensando que vai morrer. Eu não quero isso. - estava abatido, quase tanto quanto . Ela havia sofrido um acidente de carro, um caminhão que vinha na contramão bateu no carro e ela tinha ficado ruim mesmo.
  - Não estou me torturando, só me preparando para o pior, os médicos disseram que pode acontecer a qualquer momento, eu posso entrar em coma ou posso... - deixou uma lágrima cair, já tinha várias rolando pelo rosto.

  Flashback OFF -

  Poucas horas depois, eu estava lá embaixo na cantina, tinha acabado de descer pra beber um café, insistiu para que eu bebesse algo e comesse. Acho que ela me esperou descer para não morrer na minha frente, seu espírito foi embora depois do pedido que ela fez, só sei que quando uma enfermeira veio me pedir pra subir, eu subi certo de que a alma dela já estava olhando pra mim, onde quer que ela esteja, eu sempre terei seu sorriso comigo.
  Quando entrei no quarto, o médico estava ao lado da cama, a mão de estava fechada, os olhos do jeito que ela costumava dormir; ela estava dormindo, mas sem nenhum batimento cardíaco. Fechei seus olhos por completo e agarrei sua mão, dentro da mesma estava o anel. O anel que dei a ela no dia em que a pedi em namoro. Peguei o anel delicado em minha mão. Eu não queria chorar, mas não tinha como. As lágrimas caíam enquanto eu apertava com força o anel em minha mão. Como ela dizia, eram as minhas lágrimas coloridas, que só saem quando é de alegria que se está chorando. Minha alegria naquele momento era saber que ela não estava aqui comigo, mas estava olhando pra mim.
  Os médicos me pediram pra sair e eu fui levando meu coração despedaçado junto.
  [Uma semana depois]
  A primeira saída depois da morte de foi hoje. Fui à padaria.
  Noite passada eu vi , estava olhando as estrelas e ela apareceu do meu lado. Como uma projeção de fumaça. Nós costumávamos olhar as estrelas e eu dizia que os olhos dela brilhavam mais que todos aqueles pontinhos juntos. E ela me dizia que um dia eu iria esquecer a cor dos olhos dela. E eu respondia que ela também esqueceria os meus. Tudo isso agora não passa de mentiras, porque eu nunca irei esquecer os olhos dela. Continuei olhando as estrelas com a mão cinzenta dela entrelaçada na minha.
  O engraçado é que só percebemos o quanto faz falta, quando não se sente mais a vida pulsando entre as veias. E que veias? Tudo aquilo pode ter sido uma imaginação minha.
  Olhei pra frente e percebi que o balconista da padaria me olhava assustado.
  - O que foi? – perguntei, meio irritado.
  - Nada, o senhor está se sentindo bem? - ele perguntou como se tentasse tranquilizar.
  - Sim. Obrigado. - Paguei o pão e saí. Joguei o saco para um mendigo que implorava por um na calçada. Pergunto-me se serei louco pro resto da vida, minha loucura não faz sentindo se não tiver um motivo, mas eu tenho, vejo um fantasma. Esquecer é minha tarefa principal agora.

  Ele não me quer mais. Não desse modo.
  Quem quer um fantasma na consciência? é que não! Tentei de todos os modos voltar à vida, porque assim que parti, percebi que nem a morte teria sentido sem ele. E consegui voltar, não inteiramente, mas voltei. Porque eu prometi a mim mesma que nunca o deixaria só. E agora ele pretende me esquecer, uma das coisas que aprendi em poucos dias na vida-após-a-morte foi que fantasmas ou almas sem rumo podem ouvir tudo. Até os pensamentos mais obscuros dos humanos. Não tenho um corpo, mas minha alma ainda pode vagar por onde quer que seja, e eu planejava segui-lo pela eternidade, até ele vir se juntar a mim.
  Mas agora sei que serei esquecida, e mais machuco minha alma se continuar tentando me reintegrar à vida humana, se ele não me quer mais não posso continuar aqui, machucando o que restou de um fantasma perdida. Vagarei eternamente em busca de um lugar, onde eu me sinta tão bem quanto me sentia ao lado de . As lágrimas coloridas já não existem mais para mim.

  Narração em 3º pessoa
  Um pequeno bilhete voava pelo cemitério de West Ville. Só parou quando chegou á sepultura de . havia jogado o bilhete nos ares, assim que viu sua amada na forma atual. A forma de um fantasma cinzento, o que ela seria para sempre. Aquela era sua carta de despedida, o passo final para esquecer de vez que um dia amou alguém.

A Carta

  "Você deve estar bem longe de onde eu planejo deixar isto, mas se um dia chegar a ver.
  Quero que saiba que foi a única que amei, mas hoje não me pertence mais esta tarefa. Um dia encontrarei você e poderemos continuar nossa jornada juntos, olhando as estrelas e sendo fantasmas perdidos. Eu te amo e nunca esquecerei a cor de seus olhos.

   ."



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 Fanfic feita em base da música Misguided Ghosts - Paramore.