Christmas Losses
Escrito por Danielle | Revisado por Mah
“Você não imagina o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno infinito. Eu não o trocaria por nada nesse mundo. Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados, e sou muito grata por isso.”
– A culpa é das estrelas.
Prologue
(Hoje)
24 de Dezembro de 2013
Eu estava me esforçando para não pensar – juro que eu estava. Era a forma que eu havia encontrado para lidar com aquilo quando todas as alternativas falharam. Não havia meios de preencher o vazio que a partida de me causara, então decidi que ignoraria o buraco no meu peito o máximo que isso fosse possível. Mas todas as coisas ao redor estavam atuando contra mim. Cada árvore de Natal, cada casa decorada com luzes pisca-pisca e enfeites vermelho e branco, cada boneco do Papai Noel ou até mesmo a neve cobrindo a cidade.
- Feliz Natal! – a atendente do caixa da Starbucks onde eu havia parado para comprar um chocolate quente, na tentativa de me aquecer um pouco naquele dia gelado, disse ao passo que eu encarava seu gorro vermelho com a bolinha branca no topo. Eu a odiava por ser mais um lembrete, embora soubesse que ela nada tinha a ver com a minha desgraça.
- Obrigada – respondi, recusando-me a repetir a frase usada por ela por mais inofensiva e desprovida de culpa que fosse.
Natal para mim era sinônimo de despedida e dor desde que meu namorado, o amor da minha vida, a melhor pessoa que eu conhecera neste mundo partiu exatamente naquela data – 25 de Dezembro. Estávamos agora na véspera do aniversário de um ano do dia mais doloroso da minha vida, então eu realmente não tinha motivos para me sentir feliz.
1. Goodbyes
(Um ano e três meses antes)
24 de Setembro de 2012
Acordei com o cheiro de café invadindo meu quarto. Quando abri os olhos, estava passando pela soleira da porta com uma bandeja linda nas mãos; a primeira coisa que vi foi um jarrinho com uma tulipa vermelha, minha flor favorita, e isso já bastaria para que meu dia começasse da forma mais linda possível.
- Bom dia. – ele disse enquanto eu me sentava na cama e liberava espaço para que colocasse o café da manhã diante de mim.
- Bom dia. – respondi sorrindo. – Que surpresa maravilhosa é essa?
- Você fala como se eu nunca tivesse feito uma coisa dessas antes. – falou aproximando-se de mim para me dar um beijo. E, bom, ele estava certo: eu não deveria me surpreender tanto.
era o rei das surpresas fofas. Quantas vezes eu já havia recebido buquês de flores completamente fora de datas típicas no escritório onde estagiava? Provavelmente já tinha perdido as contas. Bombons, livros, uma caixa de cerveja na hora do intervalo da faculdade... sempre sabia aparecer com a coisa certa no momento certo para fazer com que eu me sentisse a pessoa mais especial, querida e feliz do mundo.
- Eu te amo. – eu disse assim que ele se afastou de mim depois do breve beijo.
- Eu te amo também, . E você é linda até quando acorda. – foi então que me lembrei que meu cabelo devia estar um desastre, minha cara amassada, os olhos borrados pela maquiagem do dia anterior que eu não havia tirado por preguiça. Não que ele nunca tivesse me visto ao despertar, mas o comentário fez com que eu ruborizasse de vergonha, porque agora eu tinha consciência do quão deplorável minha aparência estava.
- Você é um mentiroso. – respondi e ele riu. Voltei minha atenção para a bandeja de café da manhã e peguei o copo do meu cappuccino favorito que ele havia comprado. Mordisquei um pedaço do bolo, e então percebi que havia se calado e estava apenas me observando. – Não vai comer também? – perguntei.
- Eu comi enquanto preparava o seu café. – ele respondeu e acariciou meus cabelos.
- Hmmmm... Isso está ótimo, amor! Obrigada. – dei-lhe um beijinho no rosto; sorriu amarelo para mim, mas não seu sorriso alegre. – Você está bem?
- Estou. Eu só tenho uma notícia um pouco chata.
- Qual? – questionei deixando o café e o bolo de lado para prestar atenção nele.
- A empresa quer que eu vá para a Suíça amanhã, para um treinamento.
- Caramba! Mas qual é a parte chata disso? Suíça é um país lindo. E é uma ótima oportunidade. Se querem investir em um treinamento assim é porque realmente gostam do seu trabalho e enxergam um bom futuro pra você dentro da companhia.
- Sim, eu sei. Mas é um treinamento de três meses. Eu só volto pra Nova Iorque no Natal.
- Ok... – eu disse. É claro que não gostei daquilo, que eu morreria de saudades dele e aqueles seriam provavelmente os meses mais longos da minha vida. Mas o que eu poderia fazer? – Vou morrer de saudades, mas... Bom, você precisa ir.
- Sim, eu preciso. – assentiu e pegou minhas duas mãos, colocando-as junto às suas. – O voo está marcado para as cinco da manhã. O que você acha de matarmos aula hoje à noite para nos despedirmos devidamente? – ele sugeriu me lançando um olhar que me deixou animada instantaneamente.
- Eu acho que preciso dar uma passadinha na Victoria’s Secrets. – falei depois de pensar por alguns segundos, como se eu fosse mesmo capaz de recusar uma proposta daquelas, e recebi o sorriso mais lindo do mundo como resposta: o sorriso de .
Parecia que cada célula do meu corpo sabia que eu precisava me abastecer de uma dose grande de para ser capaz de ficar sem ele pelos próximos 90 dias. Aquela noite, cada beijo, cada carícia, cada toque que trocamos foi diferente.
- Certo, agora me explique: como vou conseguir ficar sem você? – perguntei em seu ouvido, ainda ofegante quando nos deitamos lado a lado encerrando a segunda sessão de sexo da noite.
- Eu vou sofrer mais do que você, garanto isso. – ele respondeu arrancando-me uma risada.
Acariciei os cabelos molhados de suor no alto de sua testa e então ele se virou na cama para me encarar com aqueles olhos incríveis.
- Eu vou sentir muito a sua falta. – falei sentindo-me verdadeiramente depressiva com a viagem dele pela primeira vez.
Desde que me dera a notícia sobre sua viagem, eu havia me concentrado em tornar aquela última noite que passaríamos juntos até o próximo Natal na melhor noite das nossas vidas, em uma lembrança boa, que nos daria ânimo quando a saudade realmente apertasse. Agora estava sendo difícil não pensar que ele não estaria comigo no meu próximo aniversário, que não estaríamos juntos daquele jeito na semana seguinte, ou no próximo mês. Desde que começamos a namorar há mais de dois anos, nunca havíamos nos separado por tanto tempo, e eu precisava admitir: aquilo me assustava. Não que eu duvidasse do tamanho dos nossos sentimentos ou da nossa maturidade para lidar com aquela situação. Mas algo me dizia que aquela viagem traria consequências muito maiores para nós do que estávamos prevendo agora. Alguma coisa no fundinho da minha mente insistia para que eu fosse egoísta e pedisse que ele ficasse até que cedesse à minha vontade. É claro que, no final, não fiz isso. E é mais óbvio ainda que me culpei várias vezes por não ter feito, por mais que eu soubesse que essa atitude só pioraria as coisas e em nada ajudaria.
- O tempo vai passar rápido, você vai ver. – ele tentou me animar. – Eu vou voltar, .
- Você jura? – perguntei como uma garotinha boba.
- Eu juro que vou voltar. – respondeu. Ficamos em silêncio pelos próximos segundos, e por mais que eu estivesse me esforçando, não consegui conter as lágrimas totalmente. secou a gotinha que escapou dos meus olhos com o polegar e depositou um beijo na minha testa, que fez com que a minha vontade de chorar ficasse ainda maior. Precisei prender a respiração e contar até dez para manter a compostura. – Tive uma ideia. – ele disse. Arqueei as sobrancelhas, incentivando-o a prosseguir: - Me escreva cartas. – eu ri alto em resposta.
- , acho que e-mails chegarão muito mais rápido e a um custo menor também.
- Posso acabar de falar, senhorita ? – pediu fechando a cara.
- Ok, senhor . – assenti com outra risada.
- Toda vez que você sentir minha falta, que a saudade for muito sufocante, me escreva o que você estiver sentindo. Coloque no papel tudo o que você estiver pensando naquele momento, mesmo que seja só um parágrafo ou menos. Daí, quando eu chegar de viagem no dia 25 de Dezembro, você me dá todas as cartas como presente de Natal.
- Eu ia te comprar alguns jogos de videogame como presente de Natal, mas se você só quer algumas cartas... – brinquei.
- Me dê as cartas junto com os videogames. – ele falou e eu ri de novo. – E então, o que acha?
- Gostei da ideia. Você vai fazer o mesmo?
- Você é quem tem o dom de escrever bem aqui, . Eu vou demonstrar o meu amor de outra forma. – respondeu movendo-se na cama de modo a ficar sobre mim.
- Hmmm, é mesmo?
mordiscou minha orelha e fez um rastro de beijos até o meu queixo. Cada poro do meu corpo se arrepiou com aquilo – era incrível como ele sabia me deixar louca.
- Vamos de novo? – ele perguntou no meu ouvido, e ficou a centímetros de distância do meu rosto, nossas bocas quase se tocando. Minha resposta foi acabar com o espaço que ainda restava entre nossos lábios.
2. Letters
03 de Outubro de 2012
Amor,
Fui ao cinema com a hoje e senti a sua falta. Não porque vimos a um filme romântico nem nada assim, mas porque compramos pipoca e eu me lembrei que a sua é a melhor do mundo. Sério: qual é o segredo? Você devia confiar em mim e me contar, só acho isso, sabe? Enfim, eu queria você aqui, agora, esquentando a minha cama e fazendo com que eu me sinta protegida. Eu queria te abraçar e ficar perdida naquela sensação incrível de tudo-de-bom-que-há-na-vida que só o seu abraço transmite. Eu queria estar ansiosa pelo Halloween, porque combinaríamos a fantasia e faríamos sexo na cabine de fotos. Eu queria você, mesmo sabendo que já tenho.
20 de Outubro de 2012
Hoje nós tivemos nossa primeira briga desde que você foi embora, e, eu sei, já conseguimos resolver o problema – eu entendo que você não pode deixar de conviver com a Louisa Vadia e eu confio em você, então vamos conseguir fazer isso funcionar por mais que eu queria matar essa piranha. Bom, o que eu quero dizer mesmo é que essa discussão só fez com que eu me apaixonasse novamente por você – e consequentemente, sentisse uma vontade absurda de te abraçar, beijar e jogar na minha cama/banheira/mesa/sofá/tapete/etc. de novo. Já ouviu falar que a distância é como o vento: apaga o amor pequeno e inflama o grande? Acho que entendo isso agora.
Amanhã é nosso aniversário de 29 meses de namoro, daqui cinco dias faltarão só dois meses para a sua volta, e eu só quero que você saiba que te amo mais do que minha própria vida e que a única coisa que quero do Papai Noel este ano é poder passar mais um Natal ao lado do maior presente que ganhei da vida: você.
03 de Novembro de 2012
Este foi o aniversário mais triste ever porque você não estava aqui.
Minhas amigas da faculdade me compraram bolo, cantaram os parabéns, e eu as adoro por serem tão legais. Mas eu daria um dos meus rins por um beijo seu hoje. Eu sei, você vai me dar uns tapas (ui!) quando ler isso. (risos) Acho que bebi licor de chocolate demais, então leve este fato em consideração. A verdade é que a bebida me fez dar boas gargalhadas no início, mas agora a única coisa que quero é pegar o próximo voo para a Suíça e te dar um abraço esmagador. Eu te amo e queria muito que você estivesse aqui.
P.S: Sabe o que eu acho? Você devia esquecer essa merda de trabalhar e voltar logo. Preciso mais de você do que seus chefes sanguessugas.
24 de Dezembro de 2012
Eu sei, o intervalo desde a minha última carta até hoje foi muito grande. E, veja, eu escrevi apenas quatro, contando com esta! Talvez você pense com isso que eu não senti sua falta tanto assim, que no último mês particularmente a saudade não me enlouqueceu tantas vezes... Mas eu parei de escrever sobre isso exatamente porque chegou num ponto que eu não sabia como colocar em frases o que a sua falta representava.
Algumas pessoas diriam que é dramático demais falar que alguns dias a sensação de não estar com você era a mesma de estar congelando aos poucos. O inverno chegou e a impressão que tenho é de que há neve por todos os cantos desse apartamento. O frio só vai passar quando o seu calor trouxer o conforto que eu preciso. E da mesma forma que um corpo fica petrificado quando submetido a temperaturas baixíssimas, a saudade me petrificou nas últimas semanas. Eu não queria me lembrar da falta que você fazia porque doía demais pensar nisso, e escrever só pioraria as coisas.
Sei que nos falamos todos os dias, mais de uma vez até. Sei que sua ausência tem data de validade. Sei que você está fisicamente do outro lado do oceano, mas isso está prestes a mudar – para o meu alívio, só faltam algumas horas! Mas sei também que você entende que a sua partida doeu.
Acordei com um mau pressentimento hoje e só estou escrevendo isso para provar para mim mesma amanhã, quando você chegar, que eu estou errada, que estaremos abraçamos diante da lareira do nosso apartamento a essa hora do dia 25 escutando os coros de Natal vindos da rua e esperando que o chocolate quente fique pronto. Mas a expectativa de te ver me deixa tão nervosa que meu maior medo é que algo dê errado e isso não aconteça.
Eu te amo, . Eu sinto muito a sua falta.
3. Change of plans
25 de Dezembro de 2012
Não consegui pregar os olhos durante a noite toda, e eu sabia que estaria morta durante o dia, mas a ansiedade não me deixou descansar. Eu veria meu namorado dali poucas horas e essa perspectiva já enchia meu estômago de borboletas. Assim, fui ao supermercado comprar os últimos itens que faltavam para nossa ceia de duas pessoas, e mantive os olhos no relógio de pulso lembrando-me mentalmente a cada meia hora do voo de que se passava que logo ele estaria ali de novo e toda aquela agonia passaria.
Cheguei em casa antes das dez da manhã, mas já coloquei a mão na massa. Pus o peru que demoraria três horas para assar no forno e me dediquei à preparação das outras coisas que serviria. me telefonaria assim que desembarcasse, por volta do meio dia. Portanto, quando meu telefone tocou meia hora antes, imaginei que talvez fosse Deus me presenteando com a chegada antecipada do meu namorado. O número desconhecido foi o que começou a acabar com as minhas esperanças.
- Alô. – atendi no terceiro toque depois de enxugar as mãos num pano de prato.
- Srta. ? – uma voz desconhecida disse seriamente do outro lado da linha. Meu “sexto sentido” disparou meu coração instantaneamente.
- É ela.
- Temos uma notícia para dar. – o homem disse e suspirou. - O senhor deixou seu telefone para contato na companhia aérea, e infelizmente a aeronave na qual ele se encontrava se envolveu em um acidente...
A próxima coisa da qual me lembro é de acordar no sofá no meu apartamento, com e outras das minhas amigas ao meu redor. Não sei quanto tempo passei desmaiada, nem como elas foram parar ali. O que eu sei é que meu namorado, a pessoa que eu mais amava na vida, tudo o que eu mais tinha medo de perder no mundo, estava morto, e com ele se fora também a minha vontade de viver.
Epilogue
(Hoje)
25 de Dezembro de 2013
- Feliz Natal, amor. – falei ajoelhando-me sobre o túmulo de . Depositei um beijo na lápide e coloquei a caixa de presente diante de mim. – Eu sei, estou um ano atrasada. Bom, eu queria ter colocado essas cartas dentro do seu... paletó de madeira. – sorri para a expressão embora meus olhos estivessem cheios de lágrimas.
Era mais fácil dizer aquilo do que a palavra caixão. Pensá-la já era difícil demais. Meu estava em um caixão. Precisei balançar a cabeça de um lado para o outro várias vezes até conseguir recobrar o que dizia antes de formar essa frase em pensamento.
- Enfim, eu não estava em condições mentais boas o bastante para fazer isso ano passado. Acho que não estou agora também, mas eu precisava te entregar, certo? Fizemos um acordo, então eu tinha que cumprir a minha parte.
Abri a caixinha azul que continha as cartas do ano anterior e as duas que eu havia escrito em 2013.
- Vou ler todas para você. – eu disse deixando algumas lágrimas caírem, mas sorri para a lápide que trazia o nome de , o ano de seu nascimento e de sua morte e a frase preferida dele: “O que fazemos para nós, morre conosco. O que fazemos pelos outros e pelo mundo, continua e é imortal.” - Albert Pine.
Comecei pela primeira carta que escrevi depois da viagem dele, passando pelas próximas que a seguiram. Engasguei com meu próprio choro algumas vezes, e até consegui dar risada da carta do meu aniversário de 21 anos, a que escrevi quando não estava absolutamente sóbria. Então, cheguei à carta que escrevi para desabafar após a morte de .
- Esta eu escrevi no dia primeiro de Janeiro deste ano. Havia uma semana desde que você se foi. Diz:
,
Você sempre cumpriu as suas promessas, mas é como já ouvi tantas vezes: todas as pessoas nos decepcionam neste mundo.
Eu precisava que você voltasse. Precisava da sua presença aqui, assegurando minha sanidade, me permitindo viver. Eu esperei pelo dia 25 de Dezembro para te abraçar de novo, ouvir sua risada pessoalmente outra vez, olhar nos seus olhos perfeitos e sentir seus lábios nos meus. Eu esperei pelos três meses que você me pediu, eu acreditei de verdade quando você me prometeu que iria voltar. Mas tudo o que eu tive foi seu corpo gélido e vazio sobre o qual me debruçar. Tudo o que eu fiz foi chorar até perder as forças por completo porque você não voltaria mais, não havia formas disso acontecer. Então você mentiu para mim, você me abandonou, e o que me resta agora? Sentir sua falta pelo resto dos meus dias e pedir a Deus para que eles não sejam tantos, porque sentir saudade de você machuca, e machuca muito.
E você? Sentirá minha falta também? Vai esperar por mim onde quer que você esteja agora?
- Sim, amor, acho que eu estava mesmo um pouco louca. Talvez eu ainda esteja, na verdade. A segunda carta deste ano eu escrevi ontem. Vou ler para você:
Meu anjo,
Eu sinto sua falta. Não sei onde você está agora – talvez no céu olhando para as besteiras que faço a cada dia que passa, talvez em outro plano com a que existe nele (é bom que você esteja comigo, não com outra mulher, porque se não, já sabe: um dia eu te encontro e o “Big ” deixará de fazer parte do seu corpo assim que nossos caminhos se cruzarem), talvez esperando para reencarnar daqui algum tempo e começar de novo, me conhecer de novo, recusar qualquer viagem que inclua avião ou algo do tipo. Mas aonde quer que você esteja, saiba que eu te amo. Saiba que eu esperei e esperaria a eternidade por você. Saiba que cada dia que passamos juntos foi muito mais do que eu pediria a Deus, se tivesse essa chance. Você me fez a pessoa mais feliz do mundo, e eu sei que ainda estaria aqui, sendo o mesmo cara perfeito, se isso dependesse da sua vontade. Eu sei que se você pode sentir que não estamos juntos, você também sente a minha falta. Eu sei que você também esperaria para sempre para se encontrar novamente comigo, se isso fosse necessário.
Você se lembra de quando discutimos sobre O morro dos ventos uivantes? Você disse que a história era muito mais dramática do que Romeu e Julieta, que não conseguia encontrar o romance em meio àquela tragédia infinita. Em Romeu e Julieta os personagens tiveram momentos lindos juntos – em O morro dos ventos uivantes os dois passam a maior parte do tempo declarando ódio um pelo outro, tomando decisões erradas e só lhes resta sofrer por não estarem juntos, no final. Eu concordo com você neste ponto. Mas eu entendo o que o Heathcliff diz sobre o amor ultrapassar as barreiras da morte.
Sempre será inverno em nossas vidas, enquanto estivermos assim, separados. Continuará nevando em nosso apartamento, eu continuarei petrificada pela solidão, pela saudade, pela dor. Talvez você queira que eu siga em frente, que eu conheça outra pessoa, que eu tente de novo. Mas isso é algo que eu nunca irei lhe prometer. Agora, eu só sei sentir a sua falta.
- Mas eu sou grata a Deus, ao destino ou ao que quer que tenha te colocado na minha vida. Acho que depois de um ano eu aprendi a parar de ser ingrata, afinal, eu só sei reclamar por ter te perdido. O tempo que ficamos juntos já foi muito mais do que eu merecia, então eu deveria me lembrar disso. – acrescentei o que não estava rabiscado no papel manchado pelas minhas lágrimas, a epifania que tive durante o tempo que se passou desde que terminei de escrever a carta até aquele momento.
Afundei a pazinha do quite infantil para brincar na praia, que comprei antes de ir para o cemitério, na terra do túmulo de à minha frente, abrindo um buraco suficientemente grande para colocar a pequena caixa com as cartas dentro. Empurrei a terra para cobrir o buraco novamente e alisei o local, de modo que ficasse o mais impecável possível. Então, depositei ali um jarrinho com tulipas vermelhas dentro e finalmente me coloquei de pé.
- Eu te amo. – falei inclinando-me sobre a lápide para beijar seu ápice, meu jeito maluco de despedir-me da prova material da existência de .
O vento bateu forte contra o meu rosto assim que dei o primeiro passo para me afastar do lugar onde meu namorado estava enterrado há um ano, obrigando-me a fechar os olhos para protegê-los da brisa. Estranhamente, na minha mente, vi e eu juntos, sentados na arquibancada da escola onde estudamos e onde nos conhecemos, a mesma aparência que tínhamos quando dançamos no baile de formatura no Senior Year. Quando abri os olhos de novo, eu me sentia melhor, talvez no maior estado de felicidade que conseguira atingir desde que ele se fora. Voltei meu olhar novamente para o túmulo de e sorri.
- Obrigada. – agradeci a não sei quem, na verdade. Mas agradeci. Porque aquela lembrança tão vívida, tão real quanto se fosse algo material diante dos meus olhos, era um presente muito melhor do que algumas cartas carregadas de dor.
Não era um Natal feliz. Para mim, ainda era um Natal de perdas. Mas eu era grata pelos 20 Natais felizes que havia passado antes daquele. “Alguns infinitos são maiores que outros.”* Acho que eu entendia melhor agora o que isso quer dizer.
Fim
*Citação do livro “A culpa é das estrelas”, por John Green.
N/a:Olá, flores!
Eu sei, o Natal passou faz quase duas semanas, então que diabos é essa fic entrando agora? Bom, na verdade ela foi escrita inspirada no Desafio #002 do Fanfic Revolution. Eu quis colocar essa história aqui porque eu adoro o ATF e gosto de enviar todas as minhas fictions para o site (e a Mah me mataria se eu não mandasse). Surpreendentemente, essa fanfic me rendeu o livro "Deixe a neve cair" (que estou ansiosa para receber em mãos *-*), que era o prêmio para quem vencesse o Desafio. Digamos que Christmas Losses fez do meu (péssimo) 2013 um ano melhor.
Obrigada à Mah pela betagem perfeita e principalmente por ler esta fanfic assim que terminei de escrevê-la e me incentivar tanto com seus elogios maravilhosos. Te amo, sua linda!
E, por último, deixa eu fazer uma merchandising básica das minhas duas fics em Andamento aqui no ATF: Addiction {Outros, Andamento} e A Herança {Outros, Restrita, Andamento} (MINHA PRIMEIRA FIC RESTRITA, GENTE! *chora de emoção*).
Beijo grande, obrigada por ler e comente, por favor, ok? Ok. <3
N/b: Ok, deixem eu me achar diva porque a) eu estou na n/a; b) a Dani me ama e c) EU LI ESSA FIC ANTES MESMO DE ENTRAR NO FFR, 2BJS!
Tá, falando sério agora: Dani, você sabe como eu amo as suas fics, e mesmo uma que você tem a coragem de matar o lindo do John (ela escreveu com o John, galera, o JOHN!), consegue me conquistar, me fazer quase chorar e amar a história incondicionalmente. Só uma autora muito linda que nem você pra fazer algo assim!
Essa fic mereceu muito vencer aquele Desafio, e eu tô muito feliz de poder vê-la aqui no ATF também <3
Então comentem, galera, porque essa fic é puro amor!