Choose Me

Escrita por Maria Eduarda | Revisada por Luh

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   corria apressadamente pelas ruas de Londres. Ele precisava impedir o que estava prestes a acontecer. Bolaria algum plano no caminho, mas naquele momento, ele não podia ser nada menos do que rápido.
  Aquele momento era precioso, não só para ele. Alguns poderiam dizer que ele era egoísta pela atitude que estava prestes a tomar. Porém ele rebateria dizendo que era amor. Sim, era amor e infelizmente ele só se dera conta desse fato nos momentos finais.
  Aos vinte e cinco anos e diretor de publicidade em uma renomada empresa, ele nunca pensou que chegaria ao seu extremo. Mas o motivo valeria a pena.
  Finalmente depois de tanto correr e correr, precisou parar e retomar o fôlego. Foi quando se deu conta de que havia chegado. Ele deveria esperar na porta e escutar a famosa pergunta, mas não esperou. Foi entrando sem se importar com os olhares.
  — , você não pode se casar com ele — suas palavras saíram implorando.
  Ele se retraiu quando viu todos os olhares da igreja se voltarem para ele. Mas não estava se importando. O amor da sua vida estava prestes a se casar com outro, e ele faria tudo o que estava ao seu alcance para impedi-la.
  Do outro lado do altar, sentiu seu coração acelerar. O que raios ele pensava estar fazendo? Foi o que sua consciência perguntou. Com vinte e quatro anos, ela estava prestes a dizer sim para seu noivo. E era isso o que faria se seu melhor amigo não estivesse agora na sua frente e de centenas de pessoas implorando para que ela não se casasse.
  — Eu só preciso de alguns minutos — olhou para o noivo ao seu lado. Ele com relutância concordou. — Obrigada.
  Segurando a barra do vestido longo, ela caminhou em direção ao amigo parando frente a frente a ele. Ele estava ofegante e pareceu correr por muitos quilômetros, pensou. E sem dúvida alguma, ela não estava errada.
  — O que você está fazendo, ? — perguntou o olhando aflita. — É o meu casamento e você chega dizendo que eu não devo me casar, você está pensando o quê?
  — Me desculpe, — murmurou. — Mas eu não posso deixar que você se case sem antes falar com você.
  — Falar o quê? — sussurrou nervosa. — O que é tão importante que você não podia esperar?
   colocou as mãos no rosto dela e olhou fundo nos seus olhos. Se ele pudesse transmitir o que sentia através do olhar, ela teria entendido há muito tempo. Mas como não poderia fazer isso, ele precisaria falar.
  — Eu amo você, — lambeu os lábios. — Eu amo você e percebi isso há algum tempo. Mas eu fui covarde demais para dizer que estava apaixonado.
  — ... — ela tentou dizer.
  — Só me deixe falar, tudo bem? — perguntou e viu a amada assentir. — Eu me lembro de ter passado a vida inteira com você. Quando éramos pequenos, dividíamos nosso lanche na escola. Você odiava o sanduiche que sua mãe preparava pra você levar de lanche, mas não tinha coragem de dizer, com medo de magoar ela. Então eu dividia o meu lanche com você, se lembra, ? — perguntou e assentiu se recordado das lembranças.

  — Um dia você vai precisar contar pra ela — falava enquanto repartia seu sanduiche ao meio, dando a metade para a amiga.
  — Eu sei — falou chateada. — Mas não quero que ela fique mal. Eu sei que ela se esforça.
   deu uma mordida no seu sanduiche de presunto. Adorava a comida da mãe e não se importava de dividi-la com a melhor amiga.
  — Eu sempre vou repartir meu lanche com você — ele sorriu.
   sorriu envergonhada e então de agradecimento, deu um beijo na bochecha do garoto que corou.

  — É claro que eu me lembro — ela sorriu emocionada.
  — A gente foi crescendo e mesmo assim, nunca deixamos um ao outro. Houve na quarta série, a feira de ciências. O meu trabalho havia sido escolhido como um dos melhores e iria para a votação. Mas a outra garota que também concorria, tentou estragar o meu trabalho e você acabou com ela — sorriu orgulhoso da amiga. — Eu nunca esqueci aquele dia, você me defendeu e acabou se dando mal por isso. Foi o dia da nossa promessa, lembra ?

  — Sua mãe vai te deixar de castigo murmurou sentando ao lado dela na sala de espera da diretoria.
  — Eu sei — ela deu de ombros.
  — Você não devia ter puxado o cabelo daquela menina — ele balançou os pés. ¬— Agora você vai acabar de castigo e a culpa é minha.
  — A culpa não é sua, — ela tocou os ombros dele. — Você teria feito o mesmo por mim.
  — Eu teria mesmo — ele sorriu.
  — Então vamos fazer uma promessa — ela sugeriu.
  — Que promessa? — o menino perguntou confuso.
  — Nós sempre iremos proteger um ao outro, não importa do que for — ela estendeu o dedo mindinho. — Promessa feita?
  — Feita — sorriu levando o seu dedo mindinho até o dela.

  — Na sexta série, eu dei o meu primeiro beijo — limpou as lágrimas dela que já insistiam em cair. — E quando você perguntou como foi, eu fiz uma careta e disse que tinha sido a coisa mais nojenta do mundo.   Mas você nunca soube que tudo aquilo que eu falei, foi porque eu sabia que se você ficasse curiosa, ia querer beijar alguém também. Eu não queria que você beijasse ninguém além de mim — riu negando com a cabeça. — Então eu te fiz aquela proposta.

  — Eu não sei — a garotinha falou receosa.
  — Por que não ? — tentava convencer a amiga. — Você quer beijar alguém, mas eu sei que você não acha ninguém bom o bastante. Eu sou seu melhor amigo e faço qualquer coisa por você.
  — Esse vai ser nosso segredo, não é? — perguntou encarando o amigo.
  — Pra sempre — ele sorriu.
   se aproximou da amiga nervoso, ele só beijará alguém uma única vez e não tinha certeza de que sabia como fazer. , sentiu lábios macios colarem no seu, ainda assustada permaneceu imóvel. Quando percebeu que havia fechado os olhos, fez o mesmo. Depois de ficar mais relaxada, ela se permitiu aproveitar.
  O seu primeiro beijo. E ela se lembraria dele para sempre.

  , não saberia dizer o que estava sentindo naquele momento. Ela estava ali recordando todas aquelas lembranças que esquentaram seu coração por anos enquanto em sua frente, a olhava esperançoso. O mesmo que estava ao seu lado a vida inteira. aquele que a salvou de se afogar quando tinha dez anos. O gentil e bondoso que lhe deu um tão sonhado cachorro de aniversário. Aquele que foi o motivo do seu sorriso por tantos anos e agora estava ali, no meio da igreja onde acontecia seu casamento, para dizer que lhe amava.
  — Você se lembra do baile? — perguntou. — Você falou que não iria porque não tinha ninguém para te levar. Eu não acreditei muito nisso, você era a garota mais linda do colégio ,, os caras brigariam pra levar você naquele maldito baile.
  — Eu não queria ir com nenhum deles — foi a primeira vez que , se permitiu falar. — Eu queria ir com você.
   sorriu ao ouvir aquilo. Se culpou por ter demorado tanto tempo para dizer o que sentia. Ele poderia ter falado há anos atrás ou quando a amiga sempre o perguntava se ele estava gostando de alguém, ele deveria ter falado que a amava.
  — Me desculpe , — tocou os cabelos enrolados dela por conta do véu. — Desculpe por nunca ter falado o que eu sentia antes. Mas eu estou aqui agora. Estou aqui implorando ,, escolha a mim. Eu estou morrendo por dentro pensando que pode ser tarde demais.
  — Eu não posso fazer isso — sentiu o peito doer. — Não posso simplesmente magoar ele em troca da minha própria felicidade.
  — Mas pode me magoar? — se afastou sentindo os olhos incharem. — Você não pode magoar ele, porém pode me magoar, não é?
  — ... —tentou se aproximar, mas foi impedida. — você é meu melhor amigo desde que eu me conheço por gente e então de repente chega no meu casamento dizendo que me ama. O que você espera que eu faça? Largue tudo e diga que amo você também?
  — Era o que eu esperava — abriu os braços rindo irônico. Porém ele estava chateado. Por dentro, parecia morto.
  Estava claro a escolha dela, pensou. E não seria ele. Havia tomado coragem e se declarado para no final, continuar sozinho.
  — Me desculpe por ter estragado seu casamento — suspirou saindo pela porta da igreja. , sentiu a dor invadir seu corpo quando olhou ele partir. Ela limpou as lágrimas e voltou para o lado do noivo no altar, ignorando os olhares dos convidados.
  Há três anos, quando conheceu o chefe de cozinha alemão , , não imaginaria que estaria agora prestes a se casar com ele. Era um dia normal e ela resolveu que iria jantar no seu restaurante favorito. Ela merecia, pensou. Trabalha todos os dias sem folga e ainda arranjava tempo para ser voluntária em um orfanato. Seus pais estavam em um cruzeiro e seu melhor amigo lhe enviou uma mensagem dizendo que estava saindo com uma garota. Babaca, maldito, desgraçado, lindo e maravilhoso, pensou suspirando. Sentada em uma mesa de canto, ela bebericava o vinho italiano de ótima safra enquanto esperava o seu prato chegar.
  Não passou mais de cinco minutos quando o garçom a serviu. , olhou para o prato confusa, aquele não era o que pediu. Irritada se levantou e foi em direção a cozinha, aquilo não era permitido, mas quem se importava?
  — Quem é o responsável por essa droga? — gritou atraindo o olhar dos cozinheiros.
  Ela parecia soltar fogo pelas ventas, pensou assim que a viu.
  — Algum problema senhorita? — o chefe perguntou. — Esse é um lugar somente para funcionários.
  — O problema é que eu pedi um prato e me veio outro — ela gritou irritada. — Eu quero a droga do prato que eu pedi.
  — Podemos resolver isso — ele tentou apaziguar os ânimos. — Você parece não estar nos melhores dia hoje, então tentarei ao máximo me certificar de que seu prato chegue a sua mesa.
  — Eu não pareço bem? Olha só, eu estou cansada. Trabalhei o dia inteiro para clientes mal humorados que não sabem reconhecer o meu trabalho. Meus pais estão de férias em um cruzeiro a beira mar e meu melhor amigo, que eu queria que fosse mais que amigo deve estar sorrindo e se divertindo com uma garota que provavelmente é melhor que eu. Então eu acho que não estou no meu melhor dia mesmo. Mas quem se importa? Exatamente, ninguém.
  Uma hora depois, , estava bêbada desabafando com o chefe sentada no balcão da cozinhada daquele restaurante. Ela resumirá a sua vida toda em apenas uns minutos, porque no resto do tempo se assegurou de que ficaria louca o bastante para não lembrar de nada no dia seguinte.
  Agora observando o noivo ali, ela sentiu vontade de chorar. Ela o amava, mas não como deveria. Ela não sentia seu coração acelerar quando o via e nem seu corpo parecer queimar. Ela não se irritava facilmente com ele e achava que tudo nele era perfeito demais. Ela não se sentia com ele, como se sentia com o melhor amigo.
  Foi quando se deu conta de que amava o noivo como amigo e desejava que no lugar dele, fosse seu melhor amigo.
  — Se você se apressar acho que ainda consegue encontra-lo — apertou sua mão suspirando.
  — Do que está falando? — , o olhou confusa.
  — Você o ama — ele sorriu sem alegria. — Eu sempre soube disso, era claro a maneira que vocês se olham. Eu soube onde estava me metendo quando pedi você em casamento.
  — ...
  — Tudo bem — acariciou as mãos dela com o polegar. — Acho até que chegamos longe demais. Eu vou ficar bem, eu juro. Agora vai atrás dele.
  , não pensou duas vezes, levantou as barras do vestido, pronta para sair daquela igreja e ir atrás do cara que amava. Mas não antes de dar um beijo na bochecha de e dizer o quanto ele importava para ela.
  Abriu as portas da igreja e não se intimidou com o movimento da rua. Olhou para todos os lados perdida, para qual lado ele teria ido?
  — ! — gritou sentindo os olhos encherem de lágrimas. Torceu para que não fosse tarde demais. — Eu também amo você — sussurrou.
  Parado como uma estátua, observou os lábios de , dizerem as palavras que ele tanto sonhou. Deveria ter ido embora assim que saiu da igreja, mas queria a ver pela última vez. Sentado na calçada, ele escutou quando , gritou o seu nome e então em passos rápidos foi em direção a ela.
  — ,onde está você? — ela gritava olhando para todos os lados.
  — Eu estou aqui , — gritou indo em direção a ela. — Eu sempre estive.
  Os dois agora estavam frente a frente, sentiam o coração acelerado. Sem se importar com a plateia que se formará, envolveu , em um beijo apaixonado e gentil. Um beijo que dizia tudo o que eles sentiam e desejavam.
  Aquele não era um final feliz, era algo muito melhor.

FIM



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