Chemistry

Escrito por Camylla Martiniano | Revisado por Any

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  Play (opcional): Chemistry, One Night Only.

  - Vamos logo, ! - mandava ansiosa, me puxando pela mão para dentro do táxi. - Entra logo!
  - Calma! - pedi aos tropeços por causa das minhas botas de salto agulha de quase 15 centímetros. - Não precisa ter tanta pressa! Vai tirar o pai de forca?
  Era sexta-feira e eu cheguei em casa super cansada. Tinha tido uma semana do cão com tantos relatórios de finanças para fazer. Meu patrão enchia meus colhões até não poder mais e eu ainda tinha que driblar a porra da minha TPM.
  Eu precisava de uma bebida. De verdade.
  Bastou eu colocar os pés em casa e ver andando como uma louca atrás dos seus sapatos Chanel - que ela comprara numa liquidação - que eu entrei sem nem perguntar nada, para trocar de roupa e retocar a maquiagem.
  Já sabia que ela iria ao Llama Lounge - um Pub muito bem frequentado, diga-se de passagem, no centro de Londres. - pois ela adorava aquele lugar. Eu particularmente só tinha ido lá umas duas vezes, mas não cheguei a me tornar uma frequentadora assídua, não me pergunte o por quê. Lá era sempre cheio de homens lindos e bem educados.
  O caso era que estava uma pilha, ansiosa - mais do que o normal. - e chata! A cada segundo ela ficava me perguntando:
  - Estou feia? Meu cabelo está brilhante? Meu vestido está bom? Não seria melhor eu mudar para aquele pretinho que eu usei no seu aniversário?
  E eu sempre respondia que não.
  Ela estava linda, o cabelo estava tão brilhante que quase chegava a me cegar e o vestido estava mais do que ótimo, marcando seu corpo curvíneo!
  - Ai, meu Deus! - ela pareceu respirar pela primeira vez na vida quando entramos, vasculhando todos os cantos do bar que sua visão de raio laser podia alcançar. Eu fui andando atrás, sorrindo sem graça pelos olhares curiosos sobre nós. Claro, com uma louca daquelas, quem não olharia? - Onde ele está?
  - Ele quem? - olhei ao redor também depois que nos acomodamos em duas cadeirinhas do bar. - Afinal de contas, quem é que você está procurando?
  - , é claro. - ela respondeu, tomando uma dose considerável da vodca com tônica que o barman botara em nossa frente. - .
  - ? - repeti. - Aquele que você conheceu na festa da Lilian na semana passada e que te deixou em casa depois por você não se aguentar em pé de tantas misturas de álcool? - ela assentiu, dando um sorriso idiota. Arregalei os olhos, agora entendendo porque ela estava naquele estado. - Por que você não me disse, sua vadia? Agora vou ficar chupando dedo!
  - Não, eu não vou encontrar com ele. - falou num muxoxo e segundos depois seus olhos brilharam como de uma criança que acabou de descobrir onde estão seus presentes de natal. - Zoe me disse que ele vem hoje! Ele é tão gato! Tenho esperanças de que venha puxar papo!
  - Você é doida! - revirei os olhos, achando a atitude dela engraçada. - Completamente maluca!
  - Eu posso te apresentar algum amigo dele... - sugeriu com um sorriso esperto, como se aquilo fosse me fazer mudar de ideia.
  - Não, obrigada. - lhe dei um sorriso irônico, abanando a mão. - Na última vez que eu deixei você me apresentar um cara, tive que sair correndo por causa do mau hálito dele.
  Meia hora depois o tal ainda não tinha dado sinal de vida. Cheguei a duvidar da autenticidade da informação de Lilian, mas deixei quieto. e eu ainda estávamos bebendo nossa quarta vodca com tônica, conversando e falando mal dos outros - nosso passa tempo preferido - quando ela avisou, desanimada, que iria ao banheiro.
  Pedi mais uma rodada de bebida pra gente. Eu ainda estava sóbria e parecia que a bebida não faria efeito nenhum naquela noite, logo no dia em que eu queria perder toda a vergonha na cara e agarrar um cara bem gostoso para aliviar o meu stress!
  A porta foi aberta, com um salvo de ?Aleluia? de alguns caras sentados perto do bar, chamando minha atenção. Dois homens tinham acabado de entrar, chamando atenção não só minha, mas de boa parte da população feminina que se encontrava ali. Não só por causa da gritaria, e sim porque eram bem atraentes.
  Um deles passou por mim, sério, com um maravilhoso par de olhos mais lindos e brilhantes que eu já vira na vida, os fixando em mim enquanto passava, deixando o rastro de loção masculina que tomou conta das minhas narinas e por um instante, fiquei viajando, imaginando se aquele cheiro tinha em todos os lugares do corpo dele. Sorri involuntariamente, desviando meu olhar, dando atenção ao meu drinque que o barman acabara de me entregar.
  Houve mais uma avalanche de gritaria na mesma mesa, enquanto bebia distraidamente, esperando por .
  - O parece uma garotinha se arrumando! - um deles reclamou, dando uma gargalhada.
  No automático, olhei para os homens, mas não pude distinguir quem era o tal por causa da quantidade de homens.
  - Desculpa pela demora, a fila do banheiro está enorme. - se desculpou, sentando ao meu lado.
  - Imagino. - comentei, sorrindo. - Acho que o seu chegou.
  - O quê? - ela se agitou toda, esticando seu pescoço como uma girafa. - Onde que eu não estou vendo?
  - Você está olhando pro lado errado, idiota. Ele está ali com os caras daquela mesa. - apontei discretamente com a cabeça para a mesa do outro lado. - Por favor, seja discreta.
  Como já era de se imaginar, ela não foi. Não existe a palavra ?discrição? no dicionário da . Nunca existiu. Ao contrário, ela esticou mais o pescoço, o máximo que pôde, e por um momento pensei que fosse deslocá-lo.
  - Que discrição! - ironizei, evitando olhar para o mesmo ponto. - Qual deles é o ?   - O de chapéu. - ela respondeu, agora olhando de rabo de olho. - Ele não é lindo?
  - É, ele é bem bonito. - concordei aliviada por não ser o de olhos . Aquele já era meu!
  - O também veio! - quase me puxou da cadeira de tanta excitação. - Perfeito! Agora você pode ficar com ele. É a sua cara!
  - Menos, , menos! Quase nada... - sussurrei, reprimindo um sorriso. É claro que o tal era a minha cara! - Ou então vão achar que você é louca.
  - Ok, ok. - ela fingiu indignação.
  Seguiram-se mais dez torturantes minutos, onde não desviada os olhos de águia de . Tentei puxar assunto, mas o máximo que ela falava era ?sei? ou ?aham?. Desisti.
  Era isso. Eu terminaria minha bebida e voltaria para casa, para assistir a reprise de Bones, na Fox.
  Que sexta-feira de merda!
  - Boa noite, meninas. - uma voz masculina falou atrás de nós e só faltou ter um AVC quando viu quem era. - Boa noite, .
  Era o tal . Ele olhava para como se a devorasse com os olhos e um belo sorriso estampado do rosto estilo lobo mal.
  Bom, pelo menos alguém vai ser dar bem hoje!
  - O-Oi, . - ela quase gaguejou, forçando um sorriso tímido. - Essa é minha amiga, .
  - Oi, . - ele falou comigo, mas logo desviou os olhos para . - Como você está? Depois da festa da Lilian nunca mais nos falamos...
  - Tô ótima! - respondeu entusiasmada. - Nem me passou pela cabeça que você estaria aqui.
  Eu tive vontade de rir, mas reprimi o impulso, apenas soltando um pouco de ar pela boca para disfarçar.
  Eles não pareciam me notar ali, bem perto. E eu muito menos me importei com isso.
  Sem perceber, meus olhos foram parar na mesa onde os amigos de estavam. Aproveitei que não estava olhando na minha direção e tratei de observá-lo melhor. Bonito não era a melhor palavra para definir sua aparência, mas sim, extremamente bonito. Seu cabelo o deixava com um ar bem despojado, no estilo ?acabei de acordar?, que me agradou, e muito. Ele já não estava mais usando a jaqueta de couro quando chegou, deixando seus belos braços a mostra. Não eram bombados, mas ainda sim eram definidos e musculosos, de certa forma. Perguntei-me se o peito dele era tão bonito quando parecia pela blusa regata branca.
  Ele sorriu, mostrando todos os seus dentes, e eu senti que seu sorriso preencheu todo o pub.
  Um tesão, diga-se de passagem.
  Eu tive vontade de ronronar como uma gatinha com a risada dele.
  Provavelmente ele sentiu que tinha alguém o olhando fixamente, pois logo seus olhos cruzaram com os meus. Senti um arrepio estranho subindo do meu pé até a raiz dos meus cabelos, e depois fazendo o mesmo caminho. Meu rosto esquentou e me vi obrigada a desviar, sem graça.
  Tive vontade de sair correndo dali.
  - , vamos sentar ali na mesa do . - avisou, levantando com seu copo na mão. - Que vir com a gente?
  - Ah, não. Vou terminar minha bebida e voltar pra casa. - é claro que eu não vou sentar ali, o acabou de me pegar no flagra! fez um bico e eu logo tratei de acrescentar: - Mas tenho certeza que o pode te fazer companhia, não é?
  - Claro. - ele assentiu, sorrindo, colocando uma mão nas costas dela. - Se mudar de ideia, estaremos logo ali.
  Levantei o meu copo em sinal de ?Ok? e eles se afastaram. Eu quis xingar , mas não consegui. Afinal eu nem mesmo cheguei a perguntar o que ela estaria fazendo aqui hoje. Mas custava falar? Vaca maldita!
  , você se fudeu!
  Bom, pelo menos alguém vai ser dar bem hoje!
  - Posso acompanhar você? - me arrepiei toda ao ouvir uma voz rouca atrás de mim, e logo seu dono estava do meu lado.
  Olhei para bem perto de mim, ele sorriu e meu coração disparou.
  - Pode. - na verdade eu já nem precisava responder, porque ele já estava sentado.   Olhamo-nos por alguns segundos e o sorriso dele aumentou.
  - . - ele se apresentou, e mesmo eu já sabendo o nome dele, gostei de ouvi-lo falar. Soou bem sexy.
  - .
  Ele levantou a sobrancelha como se estivesse confirmando algo.
  - O que está bebendo, ? - ele frisou meu nome, seus olhos brilhando, me deixando hipnotizada.
   tinha um ar misterioso que me deixou desconsertada que por um tempo que eu pensei serem horas.
  Ele me acompanhou na vodca com tônica e logo estávamos conversando como dois amigos de infância. Contou-me que era músico e estava formando uma banda com , e que ambos estavam pensando em viajar pela Grã Bretanha a procura de um contrato com alguma gravadora, ficando espantando quando confessei, sem muito ânimo, que era responsável pela parte financeira de uma empresa de cosméticos. Quando contei a ele que era Irlandesa, ele sorriu, e disse que já desconfiava por causa do meu sotaque. Eu quase tive um ataque quando ele me contou que estava de olho em mim desde que chegara! É claro, eu fingi que não me animei muito, mas por dentro, eu gritava loucamente. Rimos de coisas muito idiotas, outras nem tanto. me contou suas várias situações engraçadas com e eu, é claro, não perdia a oportunidade de contar sobre as minhas com .
  Passaram-se horas e nenhum de nós percebemos. Estávamos muito envolvidos um com o outro, de vez em quando colocava sua mão sobre a minha, sorria, se aproximava para logo depois se afastar. A troca de olhares acontecia a todo o momento. Eu estava adorando aquela atmosfera flerte.
  - Leva sua amiga com você. - se referiu a , quando estava me convidando para assistir um ensaio qualquer dia desses. - Ela e estão se dando bem. A gente também pode, não é?
  Eu fiquei sem resposta. Não sabia se levava a serio ou não. Talvez estivesse tão acostumado a cantar mulheres que aquilo não significava nada. Por mais que eu estivesse morrendo de vontade de transar com ele, não queria que fosse só por uma noite. Queria conhecê-lo melhor.
  - O que você acha? - ele insistiu. Estávamos sentados um de frente para o outro, e ele chegou mais perto de mim, colocando, provocativo, uma das pernas entre as minhas. - Eu acho uma ótima ideia.
  - Talvez. - sorri, sem saber onde enfiar minha cara. Aquele movimento de fez meu corpo se arrepiar todo. Eu conseguia sentir aquela sensação em cada músculo do meu corpo. O final vermelho soou, eu poderia agarrá-lo agora mesmo! - Acho melhor eu ir embora, está tarde.
  - Mas você vai ao ensaio, não vai?
  - Tudo bem, eu vou sim. - levantei da cadeira e segurou minha mão.
  - Posso te levar até em casa? - ele se levantou junto comigo e nossos corpos se roçaram levemente.
  - Mas e o ?
  - Deixa pra lá. está muito entretido com a sua amiga, nem vai dar falta de mim. - vestiu sua jaqueta, jogando uma nota de 100 libras sobre o balcão para pagar nossas bebidas. - E eu quero saber onde você mora, assim posso te visitar de surpresa. - piscou, passando o braço sobre meus ombros.
  Saímos, sem nem ao menos falarmos com os outros. Continuamos andando pela rua, conversando, rindo, nos divertindo como antes. A distância do pub para o apartamento que dividia com era considerável, mas meus pés milagrosamente não reclamaram do salto. Quando chegamos em frente ao prédio de três andares, segurou minha mão, me puxando para perto de si e sussurrou ao pé do meu ouvido:
  - Foi uma noite ótima, . - disse, beijando minha bochecha com calma. - Quero te ver mais vezes. Vou te encher de ligações até você enjoar de mim.
  - Eu duvido muito que eu enjoe.
  Eu sorri, baixando meus olhos, envergonhada.

FIM



Comentários da autora

  Essa short já está pronta há séculos, mas hoje que me lembrei de mandá-la! São tantos arquivos aqui, que acabo me perdendo... Bom, a história surgiu por causa de uma cena que li num dos meus livros prediletos, Férias! Da Marian Keyes, autora também de Melância (aposto que, se não leram, já ouviram falar no livro) e o nome não resisti em colocar uma das minhas músicas prediletas do One Night Only em versão acústica *-* a versão de estúdio também é maaara, mas a mais lentinha combina mais, né? O final foi meio tosco, mas eu quis colocar uma coisa bem fofa e ao mesmo tempo um suspense... Será que ele ligou mesmo? Eles se viram depois desse dia? Fica na imaginação de vocês! Quem sabe eu vá fazer uma continuação? Vamos ver... Enquanto isso me acompanhem na minha longfic Another Life! Beijo, Mylla