Chelsea Girl

Escrito por Li Santos | Revisado por Natashia Kitamura

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Prólogo

  No quarto do

  A cabeça do rapaz lateja e ele mal consegue manter os olhos abertos. Ao fechar os olhos, as imagens da noite anterior em que saiu com seus amigos para se divertir, são mostradas em sequência. Uma delas era frequente: o beijo em .
  O beijo que tanto lhe excitou, mas que ele considerou errado assim que o interrompeu e em seguida foi para os braços de Aimi, a moça com quem conversou por semanas antes de se encontrarem pessoalmente. Estão se conhecendo e se dando bem, não quer “estragar” isso. Sem contar o fato de que sua amiga tem atração por ele e ele saber disso. Sentiu-se abusador em se aproveitar dessa atração dela em um momento de fragilidade.
  A última coisa que ele quer é magoar a . Ele precisa se desculpar.

  No quarto do

  No quarto ao lado, se lamenta pela noite anterior. Por vários motivos:

  1) Bebida em excesso = realmente ele não deveria ter bebido tanto. Sua cabeça e seu estômago estão sofrendo as consequências de seus atos;
  2) Socar o rosto de seu melhor amigo = a briga com foi algo que não deveria ter ocorrido;
  3) Não ter socado o rosto do irmão = se há algo que merecia ontem era um soco na cara e quis muito ter dado, mas controlou-se. Ele magoou sua querida e isso era imperdoável;

  E, por falar em , o último arrependimento tem a ver com ela.

  4) Não ter prosseguido com a = esse é o fato que mais dói em . Sua paixão secreta pela amiga lhe tira o sono desde que ficou mais intensa, há alguns anos. Ter apenas beijado ela ontem foi algo que ele não vai se perdoar.
  Por outro lado, ele não quis forçar a barra e ficar com a em um momento de fragilidade dela, mesmo ela demonstrando sentir o mesmo tesão naquele momento.
  A última coisa que ele quer é magoar a . Ele precisa se desculpar.

  No quarto do

   mal dormiu à noite. Rolou pela cama, mudando inúmeras vezes de posição. Chegou até a deitar no carpete, mas estava frio, então voltou para cama, ainda sem sono. Acorda hoje com a cabeça ainda fervilhando em pensamentos, todos eles envolvendo sua melhor amiga.
  Ter beijado foi algo que ele sempre quis desde adolescente, porém, a promessa que fez junto com e o impedia disso. No entanto, a noite de ontem e as circunstâncias o jogaram nessa situação. Foi inevitável. O que ele não esperava, foi ter pensado alto demais e estragado tudo. A reação dela foi mais que compreensível.
  A última coisa que ele quer é magoar a . Ele precisa se desculpar.

  No quarto da

  A moça desperta com o corpo dolorido do tanto que dançou ontem. Os pés latejando e a cabeça pesada são um sinal disso.
  Boceja ainda com sono e, estranhamente, lembra-se do gosto da boca dos seus melhores amigos. Ter beijado os três em uma só noite foi surreal para ela. Não que ela achou ruim e não faria novamente, mas as circunstâncias foram novas para ela.
   nunca os viu agirem daquela forma com ela, cada um de um jeito diferente mexeu com a moça. Mas, sem dúvidas, o beijo dele foi o mais apaixonado que ela sentiu.
  Será difícil encarar os três amanhã no trabalho, mas ela terá que lidar com isso daqui para frente.
  É inevitável.

Capítulo 1 - Ressaca pós “Night Parade”

  “Night Parade” foi a festa do ano, a festa no ferro-velho que os quatro amigos frequentaram ontem e que tanto mexeu com eles. Acordar nessa linda manhã de domingo, em que o sol reina no céu e a temperatura indica que se deve sair de casa com um casaco leve, é difícil para os quatro.
  No apartamento dos irmãos , cada um deles ainda está em seu quarto. O mais velho, , encara a janela de seu quarto e vê o lindo dia que faz na cidade. Apesar de estar com dor de cabeça e nos olhos, ele não pôde deixar de contemplar essa linda manhã. Gira o corpo para o lado e observa suas roupas que usou na noite anterior jogadas pelo chão. Corre o olhar até a mesa de cabeceira ao lado da cama e estica o braço para pegar o celular. Ao desbloquear o aparelho, sorri involuntariamente ao ver a mensagem de Aimi:

7:45 Bom dia, ! ❤️
Espero que tenha dormido bem.

8:33 Bom dia, Ai-chan! ❤️
Eu dormi bem, apaguei ontem à noite, mas acordei com dor de cabeça 🙁

8:34 Ah, pobrezinho 🙁

8:34 🙁

8:34 Vou tomar banho para ver se eu melhoro.

8:35 Toma café também, .

8:35 Você comeu?

8:35 Ainda não, acabei de acordar.

8:35 😮

8:36 ! Vai comer agora!
Precisa se cuidar mais.

8:36 Sim, senhora ❤️

8:36 Seu bobo!

8:36 Já volto.

8:36 Está bem. ❤️

8:36❤️

   bloqueia a tela com um sorriso no rosto. Aimi é a moça com quem conversa há semanas e ele está gostando mesmo de conversar com ela. A meiguice dela conquistou o rapaz que já está pensando até em casamento.

[💻]

  No outro quarto do apartamento, o mais novo encara o teto pensativo. pensa em um jeito de pedir desculpas para sem demonstrar que gosta dela, mas também sem deixar a entender que não sente atração pela moça, pois seria mentira. O rapaz gosta dela desde adolescente, quando seus hormônios fervilhavam mais que hoje, ele começou a notar a beleza de e nutriu durante todo esse tempo um sentimento forte por ela. Paixão, bem-querer, tesão e uma vontade de estar sempre perto dela. Mais que uma amiga...
  O toque do celular dele lhe desperta os pensamentos, o faz levantar da cama, ajeitando a roupa e os cabelos enquanto procura o aparelho. Ao achar, desbloqueia, é uma mensagem de :

8:37 Tá aí, ?

8:38 Diga

8:38 Não esperava que fosse responder…
8:38 Depois de ontem… 🙁

8:39 Me desculpe pelos socos.

8:40 Eu quem comecei a briga, cara.
8:40 Me perdoa? Eu não quero ficar brigado com você 🙁

8:41 Você é tão sentimental, !
8:41 😂
8:41 Te perdoo sim. Tá tudo bem.

8:41 😍❤️
8:42 Te amo, cara! ❤️

8:42 Também amo você, seu idiota brigão!
8:42 😂

8:43 Olha só quem fala!! 😂

  A notificação da mensagem de faz ir para a conversa da moça imediatamente. O coração dele com mais batidas que o normal, todas descompassadas.

8:43 -chan?
8:43 Acho que temos que conversar sobre ontem…

8:43 -chan… Oi 👀
8:43 Concordo. Quer vir aqui em casa?

8:44 Acho melhor não…
8:44 Vamos ao parque hoje? Só eu e você! 😁

8:44 Claro!

8:44 Combinado! 10h, está bom?

8:44 Perfeito! 😍

8:45 Ok, então, mas não conta nem para o nem para o , tá?

8:45 👀 Ok.

8:45 E NÃO SE ATRASE!! 👀

8:45 😂 Sim, senhora!
8:45 Vou me arrumar.

8:45 Eu também. Antes de sair, me avise.

8:45 Ok ❤️

   bloqueia o celular e suspira.
  O que será que quer falar com ele? Ele imagina que seja a respeito do beijo deles ontem, é uma oportunidade perfeita para ele se desculpar sem e por perto. O nervosismo que ele sentiu ontem, antes de beijar sua melhor amiga, está voltando agora. Em sua mente, o rapaz prepara seu discurso de desculpas.

[💻]

  O dia ensolarado está extremamente convidativo para um passeio no parque e é justamente isso que faz. Bom, ele não está em condições de sair de sua cama, mas a mensagem de o faz mudar de ideia de imediato e agora ele a espera em pé logo na entrada no parque. As cenas do que aconteceu ontem vão ser difíceis de esquecer, toda a tensão e o tesão que sentiu naquele momento, todo o sentimento que ele tem por ela só o faz ter certeza de que enfrentará dias difíceis. As imagens de passando as mãos por suas costas levantando seu casaco; os beijos cheios de malícia que eles deram e o quase ato que cometeram, tudo isso jamais sairá da mente de . Mas, o que ele quer mesmo é repetir tudo aquilo, só que com um final diferente.
  — Ora, ora... — a voz de o distrai das imagens quentes de ontem que ainda passam em sua mente em looping. — Alguém sabe usar o relógio — zomba ela e dá um soquinho no ombro de .
  Ao virar o rosto para a moça, ele vê o quão linda ela está nessa manhã quente de domingo. Ela usa uma saia que cobre seus joelhos, nos pés um tênis bem confortável, completando o look com uma blusa de mangas curtas e os cabelos avermelhados totalmente soltos.
  — Vai me olhar com essa cara de bobo até que horas, ? — indaga ela e o distrai novamente.
  — Desculpa... — responde ele um pouco desnorteado.
  — De uns tempos para cá você anda muito distraído, irmão do — provoca ela, recebendo o olhar entediado de que odeia ser chamado dessa forma.
  — Pode parar, Mori! Sua chata! — reclama ele e cutuca a barriga dela.
  — Isso faz cócegas, — ele intensifica os cutucões e ela ri, até o momento em que ela começa a bater nele. — Seu bobo, para!
  — Você quem começou, chatinha! — ele ri também e ajeita os cabelos dela para trás de sua orelha.
  Eles param de se provocar, ainda rindo levemente, e começam a caminhar pelo parque à procura de um lugar tranquilo para conversarem. O conteúdo da conversa ainda é um mistério para , mas logo esse mistério será revelado.
  Ao encontrarem um lugar calmo, e sentam-se no banco comprido de uma das praças do parque, a que tem menos gente, e iniciam a tão esperada conversa.
  — O que quer exatamente conversar, ? — questiona muito curioso.
  — Eu quero entender o que deu em você ontem, ? Por que... por que você me beijou?
  Mais direta que isso, não poderia ser e não esperava menos vindo dela. O olhar confuso e aflito dela encara o rapaz, ansioso por uma resposta seja ela qual for.
  — Eu gosto de você — a resposta veio mais rápida do que pôde imaginar.
  — Hã? — espanta-se ela, o vento bagunçando seus cabelos.
  — É... eu... eu... , eu gosto... bom, eu acho você bonita — ele se embola nas palavras e se odeia, pois não foi assim que ele ensaiou antes de chegar aí.
  — Obrigada, ... — sente o rosto corar, ficando sem jeito e sem saber o que dizer.
  — Eu te...
  — ... eu preciso te dizer algo — ela diz, interrompendo ele que de imediato se cala, sem jeito.
  — Diga.
  — Eu... ontem eu beijei o — revela ela e vê arregalar o olhar, antes dele dizer algo, ela prossegue: — E eu beijei o também.
  — Hã? Você beijou os três? — ele diz, óbvio, e revira o olhar.
  — Algum problema com isso, ?
  — Não... nenhum, .
  — Que bom — diz ela e completa: — Mas não era isso que eu queria dizer...
  — O que era então?
  — Eu não me arrependi de ter beijado vocês três — começa ela e sente a garganta se fechar aos poucos. — Na verdade, eu senti coisas diferentes em cada beijo — ela ri de leve. — O que deu em vocês ontem?
  — Acho que foi a bebida... — ri sem graça.
  — Deve ter sido... — olha para frente e observa os pássaros voando baixo próximos à árvore perto a eles. — Teve um beijo que me fez sentir algo mais intenso...
  — Foi? — indaga ele, curioso em saber de qual dos três beijos ela dizia.
  — Foi... senti algo diferente e intenso demais, algo que intensificou também o que eu já sinto aqui dentro de mim — ela põe uma das mãos próxima ao coração e sorri voltando seu olhar para o amigo. sente seu coração saltitar dentro do próprio peito.
  — E, desculpa perguntar, mas qual dos três te fez sentir isso?
   não sabe se está preparado para saber a resposta. Por um lado, se ela disser que foi o beijo dele que a fez sentir-se daquela forma, tudo que ele fará é agarrar e beijá-la novamente. Por outro, se ela estiver falando ou do ou do , certamente isso acabará destruindo o coração dele.
  Por segundos, ele quis não ter perguntado, mas já é tarde.
  — O .
  A resposta é dura de ouvir. As chances de ela dizer o nome dele eram poucas, ainda tinha esperança, mas ouvir o nome do seu amigo ao invés do dele é um golpe pior do que ele imaginava. tem vontade de chorar, de gritar, de sair correndo dali, mas, ao invés disso, ele faz uma expressão incerta na face.
  — ? — questiona , o trazendo de volta à realidade.
  — Desculpe — diz ele, sem jeito e força um sorriso. — Você gosta do ? — perguntar isso dói no coração dele.
  — Gosto — mas, ouvir a positiva de dói ainda mais. — Você acha que eu deveria dizer a ele?
  — Hã? — a encara, espantado e sentindo sua garganta quase o sufocando.
  — Acha que devo dizer ao que eu gosto dele?
  — Ah, ... eu não sei, você gosta muito dele?
  — Gosto, acho que sempre gostei.
  — Entendo...
   suspira bastante frustrado e com vontade de sumir dali. O coração diminuindo de tamanho dentro do peito, a garganta o sufocando mais, a angústia em fugir dali e não mais ouvir sobre o quanto a mulher que ele gosta ama outro. Ama o seu melhor amigo.
  Traidor.
  Mas que culpa tem de a gostar dele? Nenhuma. sabe disso, mas seu coração quer culpar alguém pela frustração que ele sente agora e que ele sabe que o acompanhará por um bom tempo. Ele se sente em dois estados: um que faz o sangue dele ferver e outro que mantém sua compostura. Ele está com raiva por dentro e calmo por fora. Enquanto fala sobre o quanto gosta de e desde quando, mantém sua expressão serena, mas seu interior grita em desespero pelo fim dessa conversa.
  No final, ele aconselha a amiga a contar o que sente para , mesmo que isso signifique que ele a perca, que ele perca a oportunidade de tê-la como namorada, o que possivelmente acontecerá. não está preparado para isso. Nunca estará.

[💻]

   entra novamente no apartamento que divide com o irmão mais novo e já sente o clima estranho no ar. O fato de estar tudo escuro e estar tocando uma música romântica vinda do quarto do mais novo são indícios disso. Ele acaba de chegar de uma tarde muito agradável com sua agora namorada, Aimi, finalmente ele pediu a moça em namoro e ela aceitou. É a primeira vez que pede alguém em namoro, assim como é a primeira vez que ele vê o irmão nesse estado.
  Ao entrar no quarto dele, o vê largado em sua cama com cara de derrotado.
  — Desliga a luz, ! — grita , reclamando ao quase ser cegado pela luz acesa em seu quarto. — E aumenta a música! Quem mandou abaixar?
  — Estava alta demais, vão reclamar — diz , simplesmente, referindo-se aos vizinhos.
  — Ranzinza — reclamara e se vira de bruços na cama, o rosto enfiado no colchão.
  — O que aconteceu? — se aproxima da cama do irmão e aguarda uma resposta. — Fala, ! — ele dá um tapa nas pernas do irmão o forçando a falar.
  — A gosta do — responde , abafado.
  — Quê? Fala direito, .
  — A gosta do !!! — ergue o corpo e fala mais alto.
  — Oh... do ? — indaga o mais velho, confuso.
  — É... foi o que ela me disse hoje, me chamou para ir ao parque para me dizer que está apaixonada pelo .
  — Sinto muito, meu irmão. Sei que você... — diz , compadecido, mas é interrompido pelo irmão.
  — É, está tudo bem.
  — Tem certeza?
  — Não sei, mas vai ficar. Tenho que ficar... senão irei enlouquecer...
  O mais novo sente os olhos voltarem a arder e a vontade de chorar voltar, então ele enterra se rosto no travesseiro e se deixa levar pelas emoções. realmente nunca havia visto o irmão dessa forma, tão triste assim por quem quer que seja.
  Há alguns anos, seu irmão mais novo confessou para ele que estava apaixonado pela , uma paixão que ele controla desde adolescente; a amizade com se dá desde que eles eram crianças, ainda no ensino fundamental, desde então eles nunca mais se separaram. Quando a adolescência chegou, os hormônios de todos ficaram aguçados demais; os de não seriam diferentes, por muito tempo ele achou que era apenas algo físico, mas quando ele viu com seu vestido de formatura do ensino médio, quando ela ainda estava provando a peça, ele percebeu que aquilo ia além do físico.

  Flashback On – Anos atrás, casa da

   chega na casa de , após ela ligar para ele pedindo sua ajuda com urgência. Ao entrar no quarto da amiga, ele a vê usando seu lindo vestido azul-água, os cabelos avermelhados presos para o alto, o rosto iluminado ao ver a figura atônica do amigo parado próximo a porta de seu quarto.
  — -chan! — ela diz muito feliz ao vê-lo e chega próxima a ele. — O que acha desse vestido para a formatura? Estou indecisa...
  Ela questiona e não consegue pronunciar nada, seus pensamentos estão fervilhando, seu coração erra as batidas de maneira boba e suas mãos estão suando mesmo sendo outono e fazer frio lá fora.
  — ! — ela chama a atenção dele novamente.
  — Oi... — ele diz, abobado.
  — Esse vestido está bom em mim para a formatura? Me ajuda!
  — Você está linda, ...
   diz muito abobalhado. Mas, mesmo estando em estado de choque ao ver a amiga tão linda assim, ele não consegue perder a piada.
  — Essa cor de vestido... — ele inicia sua fala e já o encara sabendo que virá algo engraçadinho a seguir — parece uma água-viva ambulante — conclui ele e ri.
  — ! Seu bobo!!! — ela começa a bater nas costas do amigo que continua rindo, ele se vira e segura os braços dela, dando um abraço forte em seguida.
  — Pode me apertar, morder, bater… só não muito porque eu posso me apaixonar.
  — Cala a boca! Seu bobo! — ela ri, divertida.
   “Mais do que eu já estou…”, pensa em tom melancólico e sente a garganta embolar. Mesmo sentindo que seu coração deteriorava cada vez que ele abraçava sem poder confessar seus sentimentos, ele adorava sentir o calor do corpo dela. O acalmava.
  Ele não sabe quanto tempo irá suportar ficar longe dela mesmo estando tão perto, mas não quer se afastar, pois sabe que será pior para ele.
  Seria sua destruição.

  Flashback Off

[💻]

caminha calmamente pela grande praça que há em frente ao prédio onde trabalha no centro da cidade. Ela e seus amigos são desenvolvedores na empresa de TI Seven. e são desenvolvedores FrontEnd, basicamente eles são responsáveis por desenvolver por meio de código a interface gráfica de um site, responsáveis por toda a parte visual de um site. Para isso, eles usam as linguagens de programação como JavasScript, HTML e CSS. Já e são desenvolvedores BackEnd, que são responsáveis por trabalharem com ferramentas de linhas de comando, deixar o site mais dinâmico – através do HTML –, análise de dados, entre outros. e se formaram primeiro, e, um ano depois, e se formaram. entrou na faculdade junto com os amigos, mas, pelo fato de ter perdido um semestre, ele acabou se formando junto com a . Quando entraram na Seven, foi estagiar no setor de , que foi seu senpai – seu mentor –, e foi estagiar no setor do , que foi o senpai dele.
  Há sete anos que os quatro trabalham na Seven como desenvolvedores, foram responsáveis pelo design e desenvolvimento de inúmeros sites de empresas importantes do país e fazem a manutenção deles até hoje. Nessa linda manhã de segunda-feira, a moça já sabe que tem um grande trabalho pela frente: um dos sites que são de responsabilidade de sua equipe precisa de manutenção urgente, pois a função de login, a mais importante, não está funcionando. Aparentemente seria algo simples, mas eles ainda não conseguiram resolver o problema.
  Ao entrar no escritório de longo corredor, onde há baias com mesas dispostas por todo o local, cada desenvolvedor acomodado em seu “mundinho” resolvendo os problemas dos clientes, cumprimenta seus colegas de trabalho com um gesto de cabeça conforme vai passando por eles. Todos a acham muito bonita e atraente, mas não se atrevem a chamá-la para sair por causa de , e .
  “A Mori é dos ’s e do . Melhor não mexer com ela”. É o que todos dizem, até para os novatos da empresa.
   odeia esse rótulo, mas não consegue evitar as piadinhas feitas por seus colegas, então, resolveu ignorar todos. Após passar pela copa, a moça chega até o seu setor e encontra seu amigo e senpai sentado na mesa ao seu lado.
  — Bom dia, — ela diz, sorridente. O rapaz vira o corpo junto com a cadeira onde está sentado e abre um lindo sorriso ao ver a amiga.
  — Bom dia, meu amor — ele diz de maneira galanteadora, como sempre.
  — Safado... — diz rindo e dá um beijo na bochecha do amigo. — Hm, está cheiroso — comenta ela.
  — Sou um homem cheiroso, — diz dando de ombros.
  — Convencido! — ele recebe um tapa no ombro. — Você está aprontando alguma...
  — Eu? Imagina, , eu sou um santo — a carinha de inocente dele não a convence.
  — Santo do pau oco!
  — Olha, o pau pode até ser oco, mas é bastante eficiente — ele ri ao fim da frase.
  — !
   ri e bate nele novamente.
  — Seu safado!
  — Ai, , isso dói — ele volta a rir e completa: — Vou contar para minha namorada que você está me agredindo.
  — Namorada? — questiona ela boquiaberta.
  — Sim — dá de ombros e sorri de canto.
  — Quem é a felizarda que conseguiu te fisgar?
  — Aimi — responde ele e faz uma cara confusa.
  — Aimi? Eu a conheço?
  — Não, eu estou conversando com ela há algumas semanas e, ontem, eu a convidei para ser minha namorada e ela aceitou.
  — Ah, , estou tão feliz por você!!!
   faz o rapaz se levantar e o abraça forte, se aproveitando na situação, ele dá um beijo no pescoço dela que sente a pele se arrepiar sem querer.
  — Obrigado, — diz com um sorriso. — Por falar nisso, queria pedir desculpas pelo que fiz sábado... o beijo...
  — Está tudo bem, meu amigo — diz ela um pouco sem jeito. — Eu... eu acabei beijando o e o também.
  — O também? Oh... — se pergunta mentalmente se o irmão sabe desse detalhe — o eu sabia, mas o ... wow.
  — Eu gosto dele...
  — Está apaixonada?
  — Sim — ela responde com um sorriso fofo no rosto.
  — Já contou a ele?
  — Ainda não. Estou nervosa, , será que devo realmente contar?
  — Se você tem certeza do que sente, meu amor, conta.
  Ele sorri para ela mesmo sabendo que isso pode deixar o irmão dele ainda mais triste do que já está. agradece ao amigo e o abraça novamente com carinho.
  Durante seu horário de trabalho, a moça pensa em uma maneira de contar para que gosta dele; na hora do almoço, ela decide chamar o amigo para comer junto com ela, eles sempre almoçam juntos, mas dessa vez à sós.
  — Ainda estou envergonhado por sábado — diz , no meio da conversa. Eles estão comendo a sobremesa.
  — Já disse que está tudo bem, — responde , tranquilizando-o. — Eu preciso... ai, eu preciso falar.
  — O quê?
  — Sábado eu queria te dizer que eu não estava interessada no , que era só algo físico, porque na verdade eu... , você... — ela não conseguia concluir a frase, as palavras se engasgavam em sua garganta e o nervosismo lhe paralisa.
  Compadecido, segura as mãos dela com carinho e sorri.
  — , você quer sair comigo? — ele diz, de repente.
  — Hã? – indaga ela, abismada.
  — Vamos sair mais tarde, após o trabalho. Só nós dois.
   não consegue falar, volta a ficar paralisada encarando o rapaz a sua frente. tem o olhar sereno e um sorriso singelo no rosto. Ele faz gestos com os dedões nas costas das mãos dela, carinhoso. sente arrepios constantes percorrerem seu corpo a deixando desnorteada.
  O horário de almoço acaba.
   se despede de com um beijo carinhoso e demorado na bochecha dela. não consegue mais se concentrar na parte da tarde, a emergência com a função de login do site que está cuidando parece ser pífia perto da grandeza do momento que viveu durante o almoço com . Ela ainda processa o fato dele tê-la chamado para sair, a moça está nervosa e sente-se uma adolescente de novo.
  A ansiedade toma conta dela.

  Horas depois...
   aguarda a chegada de na praça em frente ao trabalho deles. O rapaz teve que ficar um pouco além de seu horário normal de trabalho, mas já mandou uma mensagem para a moça avisando que já está terminando. Enquanto espera por ele, sair do enorme prédio comercial e pensa em chamá-lo, mas desiste ao ver a expressão tristonha dele e, logo atrás, a figura de caminha apressado até seu o encontro.
  Ao ver a cena e imaginar do que se trata, apressa o passo para sair logo dali.
   cumprimenta com um beijo leve no rosto e se desculpa pelo atraso. Eles caminham pela enorme praça com destino às ruas próximas dali onde têm muitos restaurantes. Após escolherem um, eles fazem o pedido do jantar e conversam sobre coisas aleatórias. explica que se atrasou, pois, seu supervisor solicitou uma reunião de última hora com toda a equipe. Eles jantam e continuam a conversarem sobre coisas do dia a dia, do trabalho, de suas vidas pessoais que são bem conhecidas um do outro pelo fato de estarem sempre juntos.
  Após o jantar, e decidem caminhar pela praça que há ali próxima ao restaurante. O ar frio da cidade faz a moça sentir frio e o rapaz a abraça, após eles pararem para sentarem-se em um dos muitos bancos que há ali. O toque de em seu corpo faz sentir-se acolhida por ele e ela toma coragem para falar sobre seus sentimentos pelo rapaz. Porém, a interrompe, antes mesmo dela dizer qualquer coisa, e faz uma pergunta:
  — Você quer namorar comigo?
  Definitivamente, não era isso que esperava ouvir vindo de já que essa era a pergunta que ela pretendia dizer agora. O que ela queria ouvir dele era apenas um “sim” ou uma rejeição que fosse. Mas, mesmo contrariada por ter sido pedida em namoro, estragando seus planos de tomar a iniciativa, abre um sorriso e responde positivamente a . O beijo que eles dão a seguir é melhor do que o de sábado, pois não há bebida envolvida, ambos estão sóbrios e sabem perfeitamente o que estão fazendo. Nesse beijo de agora, sente ainda mais o sentimento de , mais do que no beijo de sábado, muito mais intensamente e isso a deixa leve e feliz por saber que é correspondida pelo rapaz. Seu grande amigo e agora namorado.
  Ambos não poderiam estar mais felizes e essa felicidade só tende a aumentar.
  Será?

Capítulo 2 – Minha destruição é você

  Meses depois...
  Os dias para têm sido extremamente difíceis. e assumiram o namoro para todos e isso está destruindo o aos poucos, ele não consegue mais se concentrar direito no trabalho e vem levando inúmeras broncas de seu chefe por conta disso. O fato de trabalhar no mesmo setor de só atrapalha, pois ele presencia todo dia as visitas que faz ao namorado e a troca de carinho entre eles. Durante os fins de semana, o rapaz evita sair com os amigos justamente para não precisar ver esse carinho todo também durante suas folgas.
  Tudo isso dói demais em , mas ele sabe que se ficar próximo, ficará pior. Será destroçado por ver sua amada ao lado de outro, mesmo que ela esteja feliz.
  O fato que não consegue ver é que não está totalmente feliz no relacionamento. Recentemente, vem se mostrando “frio” com ela, até mesmo indiferente em alguns momentos e isso está intrigando a moça que não contou para ninguém o que está sentindo.

[💻]

   chega em casa, após mais um encontro com sua namorada Aimi, por quem está perdidamente apaixonado, e encontra tudo escuro.
  — Meu Deus, de novo? — ele diz para si mesmo e joga as chaves do carro na mesinha que fica em frente à porta. — ?! — ele chama pelo irmão, mas não obtém resposta imediata.
  Já sabendo o estado do irmão, adentra mais o apartamento e caminha até a segunda porta do corredor que é onde fica o quarto dele. O rapaz bate à porta.
  — ?! — diz novamente.
  — O que quer, ? — ele ouve a voz do irmão gritar do outro lado da porta.
  — Posso entrar?
  — Você vai entrar de qualquer maneira... entra logo! — berra arrancando uma risada alta do irmão que abre a porta.
  — Você está mal-humorado demais, ... — diz o mais velho ao entrar no quarto e ligar a luz. — Está virando um vampiro?
  — Que mania você tem de ficar ligando a luz do meu quarto — reclama ele. — O que quer? — indaga ele arriando o celular que está em sua mão.
  — Ainda está assim por causa do e da ?
  — Como queria que eu ficasse? — questiona ele num tom óbvio. — Se fosse a Aimi quem aparecesse namorando outro cara, você ficaria bem? — provoca o mais novo.
  — Certamente eu ficaria mal — inicia . — Porém, se a Aimi estivesse feliz com outro cara, mesmo sabendo que eu a amo, eu ficaria feliz por ela — responde num tom calmo.
  — Eu me declarei para ela naquela época e ela pareceu ignorar. Disse que amava o ...
  — Sinto muito, meu irmão, mas acho que você não deve ter sido tão claro assim com ela.
  — Como assim?
  — Se fosse, a poderia considerar ficar com você. Pelo que me contou dos amassos que deram na Night Parade, certamente ela sente algo por você.
   suspira em frustração.
  — De que adianta... ela ama o . Estou conformado com isso — diz ele.
  — Não parece — encara o irmão, ainda em pé próximo à cama dele.   — Achei que você fosse meu maior empecilho... — comenta baixinho.
  — Eu?
  — Eu achava que ela amava você, mas pelo visto eu me enganei.
  — Eu amo a , mas é como amiga, você sabe — responde e completa: — Além do mais, sou louco pela Aimi.
  — Eu sei — suspira novamente. — Acho que era só tesão reprimido que ela sentia.
  — Bom, o beijo que demos foi bem quente... — abre um sorriso safado no rosto e se irrita.
  — !
  — Desculpa — o mais velho ri da reação do irmão.
  — Não quero mais falar disso, por favor — ele ignora a presença do irmão e volta a digitar no celular.
  — Está conversando com alguém? — indaga , curioso.
  — Sim — responde sem tirar os olhos na tela do aparelho.
  — Eu conheço a moça?
  — É a Harumi.
  — A secretária da Seven? — questiona espantado.
  — Sim — responde tranquilamente.
  — Hm, não sabia que você estava interessado nela.
  — E não estou.
  — Não parece...
  — Estamos apenas conversando sobre o trabalho, ergue o olhar entediado para o irmão.
  — Trabalho... sei — o mais velho ri e joga um travesseiro nele que logo agarra o objeto.
  — Sai daqui e me deixa em paz, -san — pede .
  — Depois quero saber mais sobre sua conversa de trabalho com a Harumi, tá? — provoca .
  — Sai, ! — joga outro travesseiro no irmão.
   ri da irritação do irmão, mas deixa o quarto dele. não admitiria, mas está tendo uma conversa muito além do trabalho com a Harumi sem que ninguém saiba.

  O final de semana chega e com ele mais um convite para os amigos irem juntos à uma boate, só para desestressar do trabalho intenso que vem tendo durante a semana. Dessa vez, resolve aceitar o convite para ir à boate, após ameaçar contar para todos o motivo dele ter se afastado. Irritado, o mais novo termina de se arrumar e vai até a boate. Seu irmão havia ido até a casa de Aimi para buscá-la, portanto ele vai de táxi sozinho.
  Ao chegar na porta do local, que já está bastante movimentado, o rapaz aguarda pela chegada dos amigos. Certamente será uma noite difícil para ele. Primeiro, ele será castiçal de dois casais, Aimi e e ; segundo, ele estará sozinho e sem saco para se envolver com ninguém; terceiro, ver a e dançando juntos enquanto são um casal feliz.
  A noite será longa.
  — ! — a voz de faz o corpo de arrepiar-se por inteiro e ele se vira para encará-la.
  Ela vem caminhando quase em câmera lenta. Está tão linda. Usa um vestido cor de vinho, com mangas longas e bufantes, que vai na altura de seus joelhos; usa um colar no pescoço e os cabelos vermelhos presos no alto de sua cabeça.
  — Meu amigo, que saudades de você! — comenta ela e o abraça. Ele não tem reação e mantém os braços colados ao corpo. Ela se afasta um pouco. — Você está estranho, . Está muito calado — ela diz um pouco desconfiada.
  — Eu? — ele finalmente reúne forças para falar. — Não, imagina, , é apenas estresse do trabalho — ele sorri sem jeito.
  — Ah, você está estranho sim. Notei isso desde que comecei a namorar o — diz ela e se engasga com o ar que respira.
  — Não — responde ele, após se recuperar. — Impressão sua, — ele sorri novamente ainda mais sem graça.
  — , não subestime a minha inteligência — ela estreita os olhos e ele enrijece o corpo.
  — Desculpa, eu...
  De repente, a voz de outra pessoa interrompe :
  — Me desculpem o atraso! — é o que chega correndo, os cabelos balançando enquanto corre, e ajeitando os óculos de grau sobre o nariz. logo abre um sorriso ao vê-lo.
   fica sério.
  — ... — ela diz carinhosa e sente a garganta dá um nó.
  — Oi, amor — o rapaz dá um selinho rápido nela e se vira para . — Oi, cara.
   demora um pouco para responder.
  — Oi...
  — Chegamos! — anuncia e nunca ficou tão feliz ao ver o irmão.
  — Finalmente, ! — brinca risonha. — Aimi! Como vai?
  — Muito bem, e você? — diz a moça sorridente.
  — Bem também. Ah, eu preciso te contar algo! — diz , animada.
  — Eu também! Vem, vamos entrar — comenta Aimi e as duas entram na boate deixando os rapazes para trás.
  — Vamos logo antes que elas se percam lá dentro — comenta e todos concordam.
  Os três amigos adentram a boate e logo encontram as moças que já estão com as pulseiras para poderem circularem pelo interior do local. vai diretamente para o bar e pede um drink para iniciar a noite, mesmo que seu irmão o tenha alertado para maneirar na bebida. Porém, tudo que quer hoje é se divertir e beber para tentar ignorar a presença do “casal feliz”.

  Minutos depois...
   está aéreo, mas tenta prestar atenção no que sua cunhada conversa com seu irmão. Os três estão sentados em sofás confortáveis, há uma mesa redonda à frente deles onde estão seus copos e taças com suas bebidas, no centro há uma garrafa de tequila que foi pedida por . Enquanto observa o nada, o mais novo dá alguns goles em sua cerveja, seus ouvidos totalmente alheios ao que é falado por Aimi e que está bem ao lado dele. De repente, o olhar certeiro de cai sobre o casal e que estão dançando na pista. Agora, está tocando uma música bem, digamos, sensual, e ambos estão dançando bem colados um ao outro. Ao ver a cena, o mais novo enrijece o corpo de raiva e aperta a garrafa que segura nas mãos. Os movimentos sexys feitos por ao alisar o tórax de enquanto suas pernas dobram para baixo e seu rosto erguido com uma expressão ainda mais sexy observa com desejo, deixam irritado e com inveja do amigo. Ele não pode negar que quer estar no lugar de , isso ele não pode. Mas, o que ele também não pode é desejar a namorada do seu melhor amigo, mesmo que ela seja o grande amor de sua vida. Não, ele não pode.
   percebe a reação de seu irmão e sussurra em seu ouvido.
  — Fica frio, ...
  E recebe o olhar irritado dele. Rendendo-se à raiva, se levanta bruscamente e se perde em meio à multidão.

[💻]

  A visão de está turva e ele sente uma pressão em sua cabeça. Seu nariz está doendo e, ele não sabe como, suas costelas doem como se ele tivesse caído ou algo parecido. Bom, o “algo parecido” pode ser explicado pelo grupo de três caras que o rodeia agora. não lembra o motivo, mas, nesse momento, tem três caras batendo nele.
  Após concluírem o serviço sujo, os três saem e fecham a porta do box onde está, saindo do banheiro masculino em seguida, deixando sua vítima caída no chão, sangrando. ainda está bêbado e agora está com dores por todo o corpo. O chão frio e sujo do banheiro o incomoda, mas ele não tem tanta força para se levantar totalmente, apenas consegue ergue um pouco o corpo e se recostar na divisória de um dos boxes. Ele tenta respirar fundo, mas sente seu pulmão doer também. A boca sangrando, o nariz dolorido indica que está quebrado, suas costelas do lado esquerdo certamente estão fraturadas pela intensa dor que ele sente desse lado do corpo. Ele passa uma das mãos pelos cabelos, jogando-os para trás, e fecha os olhos sentindo-os arder um pouco. Ah, ele está todo quebrado.
  O rapaz tenta puxar pela memória as cenas que explicam melhor o estado atual dele. Minutos após, ele consegue se lembrar de alguns fragmentos aleatórios. Primeiro, se lembra de ter ficado puto por ter visto dançar com e ter saído na direção do bar novamente. Lá, ele pediu doses absurdas de tequila, mesmo que tivesse na mesa com seu irmão, e as bebeu em seguida e bem rapidamente. Totalmente embriagado e com raiva, o rapaz saiu se batendo nas pessoas que via pela frente, até o momento em que se deparou com um grupo de encrenqueiros que não gostaram de ser incomodados por um bêbado desiludido e o cercaram.
  A cena seguinte já é no banheiro, no chão sendo chutado e socado por três homens enraivados. Um, dois, três, quatro, cinco socos seguidos e não se importava mais com os golpes que levava. A dor de apanhar de três caras era quase nada comparada à desilusão que ele sentia. De certa maneira doida, isso o confortou.
  A tosse vem e com ela um pouco de sangue é expelido por que se vê naquela situação, agora que está levemente mais sóbrio, e percebe o quão patético ele está. Ele encosta a cabeça na divisória do box e põe sua mão na testa, apertando um pouco o local que está latejando. Então, ele escuta um barulho de porta se abrindo.
  — ? — a voz de é um tremendo alívio para o mais novo.
  — ... — ele responde baixinho e tosse em seguida expelindo mais sangue. — Droga... — resmunga ele para si mesmo.
  — ? Cadê você? — questiona enquanto caminha lentamente pelo banheiro.
  — Aqui... — reúne suas últimas forças e chuta a porta do box, abrindo-a para fora, revelando sua localização.
  Ao chegar perto, pôde ver a situação do irmão.
  — Por Deus, ! O que houve com você? — indaga espantado e agacha-se ao lado dele.
  — Eu apanhei... — ele responde, rindo sem humor e tosse mais uma vez sentindo as costelas fraturadas reclamarem de seu esforço.
  — Jura? Nem reparei... — diz , sarcástico. — Sério, cara, o que aconteceu? Quem fez isso?
  — Três caras — examina rapidamente o estado do irmão e logo percebe o que motivou isso.
  — Você procurou briga de graça de novo? — diz ele, retoricamente. — Você é impossível, !
  — Falou o bonzinho da família... — zomba e ri de leve. — Eu só preciso dormir, amanhã estarei melhor.
  — Seu idiota! Já disse para ou você se esquecer da de uma vez ou lutar por ela!!! — brada e completa: — E parar de arrumar briga por aí!
  — A briga que me arruma, meu irmão.
  — Não é hora para brincadeiras, ! — se irrita e dá um tapão nas pernas do irmão que geme de dor. — Idiota, vamos embora! Vem, eu te ajudo.
  — Não conta para ninguém... — pede o mais novo.
  — Eu não vou contar para , não se preocupe.
  — Não estava falando dela...
  — Tá, tá, vamos logo.
  Apoiado nos ombros do irmão, o mais novo dos caminha devagar até a saída da boate sem que os outros amigos o vejam, apenas Aimi acompanha os dois e fica bastante preocupada com o cunhado que se tornou um irmão para a moça. Cansado e ferido, vai para casa com dores maiores do que as físicas. As palavras do irmão sobre ele se esquecer da ou lutar por ela, estão flutuando na mente dele. E, pelo visto, ele não irá se esquecer delas tão cedo.

[💻]

  Na segunda-feira, no trabalho, tenta evitar ao máximo contato visual com as pessoas, o que se torna extremamente difícil para ele. Mas, a pessoa que ele mais evitou durante todo o dia, o encontra quase ao fim da tarde, no corredor que leva os funcionários até a copa.
  — ! — diz e se aproxima dele, apesar do rapaz tentar se esquivar. — O que houve com você? — ela nota o machucado visível próximo aos lábios dele e as feridas no supercílio e nariz.
  — Nada — ele responde e sai andando na direção oposta à dela.
  — Como nada, ?! Olha o seu rosto... — ela o puxa pelo braço e ele quase perde o equilíbrio, parando bem em frente a ela.
  — Não foi nada demais, — ele diz e evita encarar a amiga. O olhar dela penetrando o dele o faria falar a verdade e ele não quer que ela saiba de nada.
  — Odeio quando você tenta me enganar com coisas óbvias, ! — brada ela, irritada. — Vem comigo — ela o puxa novamente, mas ele se esquiva.
  — Eu estou bem, .
  — !
  — Me deixa, , já disse que estou bem! — ele aumenta o tom de voz, se soltando dela de maneira bruta, falando grosseiramente e se arrependendo no segundo seguinte.
  — Não precisa falar assim comigo, idiota! — irrita-se ela e lhe dá um tapa no braço.
  — Me desculpe...
  — Idiota! Me deixe te ajudar, vem logo!
   o puxa novamente o levando até a copa e trancando a porta em seguida.
  — O que vai fazer? — questiona ele, após ela empurrá-lo para se sentar na cadeira livre.
  — Cala a boca, e fica quieto — manda ela.
  — , não precisa...
  — Quieto! — enfatiza e se cala.
  Ele observa a moça pegar um kit de primeiros-socorros no armário que fica preso na parede. está bem bonita hoje, seu perfume marcante e doce serve de anestesia para deixar imóvel enquanto ela cuida dos machucados do rosto dele. O vestido branco com pequenos ramos de flores vermelhas espalhadas, o sapato de salto não tão alto, um colar com um pingente de gatinho pendurado (em homenagem ao seu gatinho, o Kuruma) e os cabelos avermelhados soltos.
  — Você arrumou briga na boate, não foi? — ela pergunta o óbvio e não responde. suspira — Você é um idiota brigão, — diz ela. — Desde criança você não consegue parar de arrumar briga por aí, idiota. Quer me matar de preocupação? — ele não diz nada, apenas se deixa levar pelo cheiro do cabelo dela que penetra suas narinas de forma avassaladora. — Agora está quieto, né?
  — Você pediu para eu ficar quieto e eu estou — responde ele e abre a boca em espanto à audácia dele.
  — Bocó... — ela aperta com raiva a gaze no canto da boca de e ele geme.
  — Isso dói, Mori! — reclama ele.
  — Que bom que doeu — sorri sarcástica e volta a ficar séria. — Senta aí que eu não terminei — ela empurra-o de novo na cadeira e volta a passar remédio no canto da boca de .
  De repente, ele nota algo diferente no olhar dela, algo que ele só tinha visto uma vez em todo tempo que a conhece: um olhar triste. A única vez que tinha visto tal olhar foi quando conheceu ela, quando ainda estavam no ensino fundamental. Todos tinham entre 8 e 11 anos, apesar de serem de séries diferentes, os quatro se encontraram em uma atividade feita interclasses. Os professores deles pediram para que se juntassem em duplas, misturando as turmas, e desenhassem uma paisagem que gostassem. Um desenho para cada dupla. era muito tímida e não falava com quase ninguém, as únicas garotas com quem conversava fizeram duplas com outras pessoas e a menina ficou sozinha e tristonha, sentada ao fundo da sala. se recorda que ela usava um casaco rosa com pelos no capuz, os cabelos na época pretos presos num rabinho de cavalo. Enquanto desenhava sozinha, viu que, uma cadeira à sua frente, havia um garoto desenhando sozinho também, mais tarde ela descobriu que esse era . Ela pensou em falar com ele, mas, antes mesmo dela se aproximar do garoto, ela viu outros dois se aproximando e apenas observou o que fariam. Um deles chegou perto e ia pegar a caixinha de suco de que continuava desenhando, depois ela descobriu que esse era . apareceu e puxou o braço do irmão e pediu, através de gestos, que ele o seguisse. Arteiro, fingiu que desmaiou e logo é amparado por . Inocente, achou que era verdade e deu o suco para o amigo beber e se recuperar. viu a cena e quis contar para toda a verdade e dizer que ele tinha sido enganado pelos amigos, mas, quando viu dando um cascudo em ao perceber a mentira, ela viu que se tratavam de amigos e estava tudo bem entre eles. Então, ela soltou uma risada que foi notada pelos três. O primeiro a encará-la foi que viu o rosto arredondado de se avermelhar enquanto ria. Tão fofinha.
  Eles foram conversar com a garota e, desde então, nunca mais se separaram.
  — Você está bem, ? — questiona , deixando as lembranças boas do passado se esvaírem de sua mente e voltando a se concentrar no olhar triste da moça à sua frente.
  — Hã? — ela diz, distraída. — Estou, por que pergunta?
  — Eu conheço você — diz ele, simplesmente. — Você está triste ou preocupada. Ou ambos...
  — Está tudo bem, — o sorriso falso de quem está tentando parecer bem é facilmente percebido pelo homem que resolve não forçar.
   sabe que se insistir será pior, se fechará num casulo e não contará o que está acontecendo de verdade. Ela sempre foi assim, desde que a conhece, porém, sabe que em algum momento, quando se sentir confortável com o assunto, se abrirá.
  Após terminar os curativos nos machucados de , tenta arrancar dele a verdade sobre a briga na boate, mas ele não quis dizer, apenas disse que brigou com alguns caras porque estava bêbado. O motivo de sua bebedeira, ele não diz. Ele nunca irá dizer.
   e voltam para seus setores, a moça volta a ficar pensativa com suas próprias preocupações. está muito distante dela e não entende o motivo, apesar de já ter perguntado inúmeras vezes para o rapaz que nega veementemente ter se afastado. Seu companheiro de trabalho e amigo, , logo nota a distração constante da amiga, mas apenas a observa sem dizer nada.
  Do outro lado da Seven, no setor de BackEnd, tenta não pensar em mais nada além do trabalho. Ele percebe, após o encontro com , que terá que arrumar outra tentativa para se esquecer dela: se enfiando no trabalho. Sentir o perfume da amiga tão perto sem poder beijá-la foi torturante para ele. O nunca imaginou que ficaria assim por causa de uma mulher, muito menos por causa da Mori.
  — -chan... — braços finos e de pele macia envolvem o pescoço de e o distraem, fazendo-o olhar para a dona deles.
  — Harumi... — sussurra ele ao ver Harumi envolta em seu pescoço, muito próxima de sua boca.
  — Preciso de sua ajuda, -chan — diz ela de maneira sensual demais para uma secretária que quer ajuda com o trabalho.
  — Em que posso ajudar? — indaga voltando seu olhar para a tela do computador, suas mãos ainda estão sobre o teclado.
  — O meu computador parou novamente. Não quer ligar. Pode me dar uma mãozinha? — ela volta a usar o tom sensual e se arrepia involuntariamente.
  — Cof cof... — pigarreia ele. — Por que não chama o pessoal do TI?
  — Ah, eles estão sempre reclamando, dizem que eu os faço perder tempo sempre — reclama ela. — Você sabe mexer com esses códigos de computador, deve mexer com isso também.
  — Não quero ser grosso, mas não tem a ver — ele diz, sério.
  — Como não?
  — Harumi, eu sou desenvolvedor backend e não suporte técnico, há muita diferença. Apesar de eu saber como resolver o problema... — antes dele continuar, Harumi o interrompe.
  — Ah, então me ajuda, -chan! — diz ela, manhosa e dá um beijo na bochecha dele, ignorando tudo que ele acabou de dizer.
  Nesse momento, olha de esguelha para a cena e sorri de canto.
  — Harumi, por favor, estamos no trabalho — pede ele, sem jeito.
  — Não seja tão casto, -chan, sei que não é assim — ela diz com o sorriso malicioso nos lábios e volta a beijar o rosto de que se esquiva vermelho de vergonha.
  — Está bem, eu vou olhar o seu computador.
  Vencido pelo cansaço, se levanta e vai acompanhado de Harumi até a mesa dela. No caminho, a moça agarra o braço do rapaz e começa a beijar a bochecha dele, como se estivessem passeando num parque como namorados. Ao passar pelo setor onde trabalha, desvia o olhar, mas os olhos de caem diretamente na cena de Harumi o beijando e agarrada a ele. A Mori não sabe o motivo, mas sente a garganta se fechar e uma onda de raiva tomar conta dela.
  Há muitos sentimentos rondando os quatro amigos, principalmente o trio formado por , e . Sentimentos esses que nenhum deles compreende direito ainda, mas que os deixam confusos e desnorteados.
  Mas, algo irá acontecer. Algo ainda mais confuso, mas que será, de alguma forma, esclarecedor para um deles.

Capítulo 3 – Amizade X Amor

  Algumas semanas se passam e está com o coração um pouco mais tranquilo. Ele vem cumprindo a promessa que fez a si mesmo de se dedicar ao trabalho para tentar esquecer-se um pouco do relacionamento entre e . Com esse afastamento, ele acabou se aproximando bastante da Harumi e até saíram juntos algumas vezes, saídas essas que terminaram em beijos muito quentes entre eles. O anda tão ocupado com Harumi e o trabalho que mal tem tempo para sair com seus amigos, o que é um alívio para ele, pois sempre tem uma desculpa para dar quando é chamado para passeios no parque, cinema e boates. A última coisa que ele quer é ver e juntos.
  Finalmente termina a última linha de código e salva o projeto novo no computador. Ele se espreguiça e fecha os olhos por um instante, sentindo o corpo estalar com seu gesto.
  — Vamos almoçar, querido... — a voz sensual e sussurrante de Harumi diz ao pé do ouvido de e ele sorri abrindo os olhos em seguida.
  — Olá — ele dá um selinho rápido nela.
  — Vamos sair mais tarde? Tenho uma surpresa para você.
  — Vamos sim — responde ele já imaginando qual seria a surpresa que ela tem para ele que, sinceramente, não está tão interessado assim como imaginou que ficaria.
  — — a voz de invade o local e o rapaz olha para o irmão, virando-se um pouco na cadeira e se livrando do abraço de Harumi.
  — Vai almoçar agora, ? — questiona ele.
  — Vou. Vim te buscar.
  — Vamos todos, então — anuncia . — Vai também, ? — ele olha para o amigo que está se levantando de sua cadeira, ele o encara com o olhar assustado.
  — Si-Sim — responde, parecendo nervoso e angustiado com algo. resolve ignorar.
  — Vamos.
  Todos vão para o refeitório e logo se servem com a comida. Após sentarem-se na mesa e começarem a comer, eles engatam uma conversa animada. De repente, o nome de é citado aleatoriamente.
  — Por falar nela... — inicia Harumi com o olhar curioso. — Ela não veio hoje, não é? — questiona a moça olhando para os amigos de que levantam o olhar para encará-la.
  — Não — responde e o olha surpreso. O rapaz anda tão focado em outras coisas que não reparou que a amiga não havia ido trabalhar. — Ela me disse que está em período menstrual — conclui ele e come mais um pouco de sua comida.
  — Sério? — indaga , muito surpreso.
  — Oh, esse período é terrível — comenta Harumi que está ao lado de mais uma vez agarrada ao braço dele.
  — Ela não me disse nada... — diz para si mesmo, porém alto o suficiente para que todos escutem e o encarem espantados.
   diz isso, pois, em todos esses anos de amizade, a sempre disse para os amigos quando estava em período menstrual. Eles costumavam ir até a casa dela, os três, e passavam a tarde com ela conversando, distraindo a moça da cólica que sentia que sempre foi muito forte e incômoda. O mais novo sente-se um pouco magoado por não saber desse detalhe, mesmo sabendo que ela não lhe deve satisfações de nada.
  — -kun... — diz Harumi, de repente, e chama a atenção de todos para si. — Você, como namorado dela, deveria ir lá fazer-lhe uma visita.
  Todos os olhares agora se voltam para que fica rubro de vergonha.
  — E-Eu? — diz ele apontando para si mesmo.
  — E a tem outro namorado? — rebate Harumi, sarcástica, rindo em seguida.
  — Harumi tem razão, cara — diz e recebe o olhar do amigo. — é sua namorada e está precisando de apoio. Não é mais como se tivéssemos 15 anos e fôssemos visitar nossa amiga. Ela é sua namorada agora... — lembra o rapaz e come mais um pouco de seu almoço de maneira despretensiosa.
  — Eu acho que passarei lá mais tarde — diz , finalmente quebrando o silêncio.
  — Acha? — comenta pela primeira vez após ter ficado pensativo. o encara.
  — Eu tenho algumas coisas para fazer, mais tarde irei até a casa dela. Afinal, ela é minha namorada, né?
  O olhar e a fala de foram mais para que se calasse e não se metesse na vida dele com a . Pelo menos é isso que entende ao receber o recado do amigo e resolve se calar, voltando a ficar pensativo. Os pensamentos dele só têm um alvo: .

[💻]

  São 14h e caminha apressado empurrando o carrinho de compras pelo mercado. Minutos atrás ele passou na sala de seu chefe de setor e solicitou o resto da tarde de folga, pois tem pouco trabalho para fazer, já que adiantou a maior parte dele. Como é um excelente funcionário e estava realmente com pouco trabalho, conseguiu sua folga. Aproveitando isso, ele resolve visitar sua amiga , quebrando toda a promessa que fez semanas atrás. A aproximação dela, tão intimamente, indo até o apartamento da moça certamente será difícil para , ele sabe disso, porém, não pode ignorar o fato de que ela possa estar precisando do colo do amigo. A visita de será como amigo e nada além disso. Como amigo... ele repete essa frase na mente, como um mantra.
  Ele sai do mercado com duas sacolas pesadas cheias de guloseimas e alguns artigos para aliviar o mal-estar que está sentindo, vide o histórico de períodos menstruais dela. Ele entra no carro e segue rumo ao apartamento da moça que não é longe dali. O caminho até ele é tão nostálgico, apesar de fazer mais ou menos um mês que o rapaz o fez pela última vez. O tempo que ficou longe de fez bem ao , ajudou o rapaz a colocar as ideias dele no lugar e, principalmente, seus sentimentos.
  A campainha é tocada.
  Enquanto aguarda abrir a porta, tenta equilibrar as sacolas pesadas nas pontas dos dedos. Segundos depois, o celular dele toca. Apoiando as sacolas no chão, ele pega o aparelho no bolso. É uma mensagem da .

  14:22 ? Você está aqui na porta ou eu tive uma alucinação por causa da dor?

14:22 HAHAHAHA
14:22 Sou eu sim, . Abre a porta. Estou aqui na frente. 😁

  14:23 O que veio fazer aqui, seu bobo?

14:23 Não posso mais sumir por semanas e depois sentir vontade de ver a minha melhor amiga? 👀

  14:23 HAHAHAHA IDIOTA
  14:24 O código da porta é 0207, por favor, não repara a bagunça e não deixa o Kuruma fugir! 👀
  14:24 Ele está tentando a semana inteira👀

   sorri com a última frase escrita por ela e guarda o celular no bolso da calça novamente, carregando as sacolas em uma das mãos enquanto a outra digita o código no painel eletrônico da porta do apartamento de . Após destrancar a porta, entrar e voltar a trancá-la, é recepcionado por Kuruma, o gatinho laranja da , que logo se enrosca pelas pernas do rapaz. Ele adentra ao apartamento da amiga, que obviamente tem o cheiro dela em todo canto, e tenta não se afetar com isso.
  — Onde você está, ? — questiona ele andando até a sala após ter tirado os sapatos.
  — No quarto! — ela grita de volta e caminha até a cozinha, deixando as comidas que levou para em cima do balcão. Ao finalizar ele vai até o quarto dela.
  — Oi — ele diz, um pouco tímido, e para na porta do quarto.
  — Oi, né? Seu idiota... — briga ela e completa: — Entra logo, .
  — Está brava comigo? — indaga ele ao entrar no quarto, Kuruma o segue subindo na cama da dona que usa uma faixa na cabeça para prender os cabelos avermelhados, soltos, com orelhinhas de gato. acha que ela fica muito fofa com essa faixa.
  — O que você acha? — devolve em tom ainda bravo — Aii... — ela geme e põe a mão na barriga por debaixo do edredom.
  — Tomou remédio? — senta-se na ponta da cama ao lado de .
  — Já, mas parece que hoje a dor está mais forte. O remédio não está dando conta — reclama ela e suspira.
  — Vim ver como você está. Trouxe algumas coisas para comermos, mas antes vim aqui ver se está viva — diz ele em tom zombeteiro.
  — Bobo — faz um biquinho com os lábios e ri.
  — Fofa — ele diz sorrindo.
  — Achei que tivesse muito trabalho hoje lá no Back... — comenta ela, referindo-se ao setor de e surpresa em ver o amigo ali a essa hora.
  — Não! — apressa-se ele. — Na verdade, estamos com pouco trabalho. Todos nós adiantamos a remessa que tínhamos para a semana e, devido a isso, eu pedi a tarde de folga — responde ele e sente a garganta dar um nó de repente, mudando a expressão. — O que foi? — pergunta , notando a mudança da amiga.
  — É que o disse que... bom, ele disse que não poderia vir porque estava com muito trabalho para fazer... — o tom tristonho dela quase parte o coração de que, sinceramente, está com vontade de partir o queixo de ao meio.
  — Disse?
  — É... bom, ele deve estar com algum trabalho atrasado, né? — ela ri sem humor e evita encarar , ele sabe que ninguém em seu setor está com trabalho atrasado.
  — Bom, vamos comer?! — ele diz, mudando de assunto para o bem dela e dele também que sente que a raiva está lhe consumindo.
   apenas assente com a cabeça, ainda com um biquinho triste nos lábios, e a expressão ainda mais cabisbaixa. Suspirando, vai até a cozinha e prepara sanduíches para eles comerem, após tudo pronto, ele volta para o quarto com a bandeja cheia de comida.
  — Wow! Obrigada, ! — agradece ela, animada.
  — Tudo para ver você sorrindo — ele diz, abobado e se repreende mentalmente por ter falado nesse tom.
  Os dois saboreiam os sanduíches enquanto conversam, como nos velhos tempos. até se esquece da raiva de que começava a lhe consumir anteriormente. Ele sabe que o amigo mentiu para , só não entende o motivo da mentira, mas logo descobrirá, a curiosidade que cresce nele é maior e não permitirá que ele fique sem perguntar à o que está havendo de verdade. pode suportar muita coisa calado, mas, uma coisa que ele não tolera é que façam a de boba ou que a façam chorar.
  — Sabe, , eu sinto sua falta — diz no meio da conversa. — Você está muito distante de mim.
  — Me desculpe, eu...
  — Fiquei magoada quando você sumiu da boate naquele dia e depois apareceu na empresa com o rosto todo arrebentado — comenta. — Poxa, , eu sou sua amiga há anos, gosto de estar ao seu lado. Você não gosta mais de mim? — ela questiona em tom magoado. sente a garganta apertar novamente.
  — Claro que eu gosto de você, — responde ele, rapidamente. “Até demais...”, ele pensa em lamento.
  — Não parece... — ela fala com a voz manhosa e fecha os olhos com força, gemendo em seguida.
  — Está doendo muito? — pergunta após se dobrar ao meio com as mãos na barriga.
  — Uhum... — resmunga ela.
  — Em breve o remédio fará efeito, não se agite muito — alerta ele que volta a sentar-se mais perto dela na cama.
  De repente, puxa a mão de e a conduz por debaixo do edredom, embaixo da blusa dela.
  — ! — espanta-se ele com o olhar arregalado.
  — Só um pouquinho... sua mão está tão quentinha...
  Pede ela e não tem reação a não ser ajeitar a mão para melhor esquentar a barriga dela. Ele tenta ignorar o fato de sua mão estar muito próxima à virilha de e de que isso está, de alguma forma, excitando-o. Aos poucos, a expressão de dor que tem no rosto vai se esvaindo e dá lugar a uma de alívio.
  — Está passando?
  — Sim...
  A manha na voz dela faz sorrir de canto, os olhos fechados dela e a cara fofa que ela está fazendo agora aquecem o coração do homem que começa a pensar em coisas que ele não deveria, não agora. Coisas que ele prometeu a si mesmo que deixaria para lá, que esqueceria. Porém, quando está próximo assim da , não consegue evitar em pensar nelas, em pensar como seria sua vida se ele não se acovardasse e contasse com clareza para ela que a ama, que seu sentimento é real e forte demais para ser ignorado ou deixado no passado. Não é apenas um amor adolescente. Algo casual. Ele a ama de verdade e não quer mais seguir a promessa que fez a si mesmo.
  Distraído em seus conflitos internos, ele sente o corpo ser puxado para frente.
  — ?! — ele diz, espantando e se apoia com sua mão livre no colchão, ao abrir os olhos ele vê o olhar dela o encarando tão perto.
  — ... — ela diz baixinho, seus olhos passeando pelos olhos dele.
   tira sua outra mão debaixo do edredom e segura o rosto de , puxando-o para si e, num movimento delicado, ela o beija com carinho.
  Fechando os olhos com força e se controlando para não se declarar ali mesmo, o homem se deixa levar pelo beijo de .
  Que beijo acolhedor..., pensa anestesiada pelos lábios do amigo.
  Convicto, toma uma decisão importante.

[💻]

  Assim que o irmão atravessa a porta do apartamento, fechando-a em seguida e joga suas chaves em cima da mesinha que há à frente da porta, tem a forte sensação de que ele aprontara algo somente em observar atentamente a expressão que ele faz agora.
  — Que cara é essa? — questiona assim que se senta no sofá, o mais velho estava caminhando de volta para a sala com uma tigela de sopa nas mãos que logo é apoiada por ele na mesinha de centro.
  — A minha, ué — diz, simplesmente.
  — Não... essa não é sua cara normal — está muito desconfiado de que o irmão tenha feito algo errado, pois ele está com a mesma feição de quando brigava no colégio. — O que você aprontou? — conclui o pensamento.
  — Nada — o mais novo solta uma risada abafada.
  — E por que você está rindo? — ele estreita os olhos e bate nas pernas do irmão, aproximando-se mais dele.
  — Não posso mais rir?
  — Não! Fala o que você aprontou, ? — insiste .
  — Eu não fiz nada, juro — defende-se o mais novo.
  — ...
  — Tá!!! — vencido pela insistência do irmão, confessa: — Eu fui na casa da hoje à tarde.
  — Ahh, por isso você sumiu da empresa. Como ela está?
  — Bem... — abre um sorriso extremamente sugestivo que logo é percebido por .
  — Ah, não, o que aconteceu? — questiona ele, espantado.
  — Eu e ela... bom, não foi culpa nossa, foi o momento... — ele hesita.
  — ! — o apressa.
  — Nós nos beijamos. Ela teve a iniciativa — abre a boca e faz um barulho surpreso.
  — Você e a ?! Se beijaram de novo??? Ela ainda é namorada do , sabia?! — dispara o mais velho a perguntar.
  — Infelizmente, sei sim.
  — Cara, que loucura! — ele finalmente senta-se no outro sofá, de frente para o que está sentado e pega sua tigela de sopa. — E como foi?
  — Foi ótimo — eles riem levemente, o sorriso de mais animado e feliz que o do irmão.
  — Hmmm, mas eu não devo te incentivar com isso.
  — , foi você quem disse para eu lutar ou me esquecer dela — lembra ele.
  — Decidiu lutar?
  — Sim, e foi antes do beijo — afirma .
  — Sei... bom, não faça nada para acabar com o namoro deles — a grande preocupação de é justamente essa: que o irmão troque os pés pelas mãos e faça realmente de tudo para ficar com a .
  — Eu não sou assim! — alerta o mais novo e completa: — Bom, talvez eu nem precise ir tão longe assim.
  — Como assim?
  — mentiu para ela hoje.
  — Quê?
  — Sim... disse que estava atolado de trabalho.
  — Vocês não tinham quase zerado a demanda do mês? — indaga , confuso e levando mais uma colher cheia de sopa até sua boca.
  — Sim, quase zeramos — confirma.
  — Nossa cara, por que ele fez isso?
  — Não sei, mas logo irei descobrir.
  — , vai com calma... — ele volta a alertar.
  — Eu estou calmo — responde , aparentemente tranquilo.
  — Tenho medo dessa sua calmaria, irmão.
   sorri e fica pensativo de repente. Não é a intenção dele “destruir” o namoro dos amigos, porém, ele não pode ficar omisso a certos fatos. Como por exemplo, o fato de ter mentido para ao dizer que estava com muito trabalho quando todos sabiam que não é verdade. Os pensamentos diversos do rapaz os fazem fechar os olhos por um instante para poder raciocinar direito. Seria tão errado comemorar que o namoro do seu melhor amigo pode estar por um fio de acabar? Bom, a mente dele está dividida entre “sim, é muito errado ficar, de certa forma, satisfeito com o possível fim do namoro”; e “não, nem é tão errado ficar feliz porque, afinal, ama a e tudo que ele mais quer é ficar com ela”. Porém, se e realmente terminarem, algum dia, o que garante que ficará com após isso? Nada.
  E é esse último argumento de sua razão que faz o rapaz pensar em uma possibilidade que a emoção não lhe deixara ver antes.
  — Pensando bem aqui... — ele diz cortando o silêncio — Será que ela realmente quis me beijar?
  — Como assim? — leva à boca a última colherada de sopa, finalizando assim sua janta.
  — Ela poderia estar fragilizada por causa do período menstrual dela... por isso me beijou.
  — , ela pode realmente gostar de você e por isso te beijou — pontua .
  — Para de me iludir, — ele solta um suspiro ansioso.
  — Estou falando a verdade, seu idiota. Presta atenção... — inicia o mais velho e continua: — a relação dela com o está estremecida. Sabemos que ele tá mentindo para ela e sabemos que ela já sabe disso.
  — Mas eles ainda namoram. Eu não vou criar expectativas.
  — Você já criou, meu irmão — rebate e solta uma risada abafada e em tom óbvio. — Dá para ver nos seus olhos e no sorriso idiota que você fez ao me contar do beijo.
  — Cala a boca!
  Ambos riem abertamente. Não há como esconder essas coisas de , até tenta, mas o irmão sempre percebe quando ele está mentindo ou escondendo algo. É inevitável e quase impossível para ele não demonstrar que ama a amiga. Está tão nítido que ele teme que até a própria já tenha notado e o esteja ignorando ou, de certa forma, o evitando por isso. não quer pensar nessa possibilidade, seu único objetivo agora é focar em conquistar a ou, pelo menos, confessar devidamente o seu amor por ela. Mas, para isso, ele terá que rever certa companhia em sua vida: Harumi.

[💻]

  O dia seguinte veio e a ainda não retornara ao trabalho, sua licença menstrual vai até amanhã, então ainda se sente na obrigação de ir vê-la mais tarde. Mas, antes de ir visitar sua amiga ou amor da sua vida, ele se sente ainda mais na obrigação de saber o motivo de ter mentido para ela. O rapaz aguarda durante todo o expediente, na hora do almoço ele mal toca em sua comida, o que gera grande curiosidade por parte de Harumi e de que sabem que ele é bastante comilão e dificilmente recusa comida ou deixa de comer.
  Após o almoço, todos retornam aos seus setores e, durante o restante da tarde, alterna seu olhar entre e um ponto qualquer no chão próximo a ele. Se não fosse pelo óbvio fato de ser namorada de , não estaria sentindo, no fundo de seu interior, um leve arrependimento de seu ato da tarde passada. A ansiedade por saber o porquê da farsa de está consumindo o nesse momento. Sua vontade é de arrastar até o canto do escritório e forçá-lo a confessar a verdade.
  Ao fim do expediente, todos decidem ir a um bar para um happy hour no meio da semana, já que hoje é quarta-feira. havia ligado para Aimi para que ela os encontrasse no bar também, assim que a moça chega, cumprimenta o namorado e senta-se ao lado dele, logo o homem pede uma bebida para ela e prosseguem com a conversa. , até agora, não emitiu nenhuma palavra, ele apenas lança olhares raivosos para que, assim como nas outras vezes, nota as encaradas do amigo.
  — Há algo errado, ? — pergunta , no meio da conversa, todos já levemente alcoolizados. O outro o encara.
  — Você quem vai me dizer — lança ele, bebericando sua cerveja.
  — Você me encarou o dia inteiro, creio que seja você a ter algo a me dizer — eles estão um de frente para o outro na grande mesa escolhida para acomodar todos.
  — Eu não tenho nada para te dizer, já você, ah, você tem muito a explicar — provoca .
  — , por favor... — pede , sentindo que o irmão pode perder o controle a qualquer minuto.
  — , controle seu irmão porque ele é um idiota.
  — Ah, eu sou um idiota? — levanta-se da cadeira e o segue, faz o mesmo.
  — Para, , por favor... — volta a pedir pondo uma das mãos no peito do irmão.
  — O que você quer de mim, ? — diz , irritado. A discussão começa a chamar a atenção das pessoas ao redor.
  — Quero que você pare de ser tão cínico e conte a verdade — insiste ele.
  — Mas de que verdade você tanto fala?
  — Por que você mentiu para sua namorada hoje? — indaga , finalmente revelando o motivo de sua irritação. engole em seco.
  — Não sei do que está falando...
  — Não seja cínico, ! — grita .
  — Ok, já chega! — grita , puxando o irmão para trás. — Vocês dois, reunião agora! — ele aponta para o irmão e para e sai da mesa puxando o irmão consigo para longe dali.
   vai arrastando para fora do bar e, ao chegar do lado de fora, observa que os seguia. O mais velho solta a jaqueta do mais novo que consegue respirar livremente sem a pressão exercida anteriormente pelo irmão. O peito dele infla de raiva sentida pelo amigo que agora está encarando os dois aguardando por um posicionamento, qualquer que seja.
  — Agora que estamos só nós três — começa , recompondo-se. — Você pode explicar, , o motivo de ter mentido para a — a menção da mentira faz se remexer no próprio eixo, incomodado com a descoberta. — Estou esperando a explicação — reforça.
  — Fala de uma vez, cara, e não minta para gente — diz em tom raivoso.
  — , para — pede , mas é ignorado já que a postura de continua firme e irritadiça.
  — Eu não sei explicar, tá legal?! — dispara e balança a cabeça negativamente.
  — Cara, a gente se conhece desde a infância — inicia novamente. — Sabe que pode nos contar qualquer coisa, .
  — , eu juro que nem eu sei direito o que estou sentindo.
  — Sabe pelo menos o que não está sentindo? — indaga .
  — Acho que sim... — ele diz, inseguro.
  — Meu Deus, , alguma coisa você tem que saber.
  — Espera, do que vocês estão falando? — questiona , confuso com a conversa paralela deles. — O que você não sabe estar sentindo, ? A tem a ver com isso?
  — Tem — responde ele, simplesmente e solta um suspiro longo. — Ela...
  — Você não tem certeza se gosta dela, não é? — lança e recebe o olhar de surpresa imediato de ambos.
  — O quê? — diz, espantado e volta seu olhar para . — Cara, como assim?
  — Ele não sabe se ama a de verdade — responde pelo amigo, em tom de amargura, ainda encarando-o com muita raiva. A vontade crescente de quebrar o nariz dele é grande.
  — Isso é verdade, ?
  — É... eu não sei... — ele suspira, frustrado. — Eu não sei se realmente amo a , não o suficiente para namorar com ela.
  — Eu vou matar você!!! — segura pela camisa e aparta o princípio de briga.
  — Chega! Chega!!! — o mais velho diz energicamente.
  Segundos depois, enquanto tenta se controlar, ouve a pergunta quase sussurrante de .
  — Você vai contar para ela? — o olhar do volta a recair sobre o outro.
  — Eu não tenho coragem... — ele responde, com sinceridade. Realmente ele não saberia nem como começar essa conversa, por mais que isso o beneficiasse.
  — Mas, você vai — enfatiza. — Seja homem e conte para ela ou eu vou te dar uma surra inesquecível nem que isso acabe com a minha amizade com a , porque sei que ela me odiaria — a raiva excessiva do faz sua voz tremer enquanto fala, faz também suas mãos suarem e ele sente o descontrole voltar, soltando a respiração profundamente para aliviar a tensão.
  — Eu não sei como dizer isso...
  — Se a derramar uma lágrima por sua causa, eu mato você — ameaça , novamente.
  — Calma, — diz , quebrando o próprio silêncio.
  — Eu entendi — responde , sem jeito. — Não vou fazê-la sofrer.
  As palavras proferidas não convencem . Envergonhado, o rapaz retorna à mesa, deixando os irmãos à sós. não culpa por sentir tanta raiva e querer socar a cara do amigo, ele mesmo sente essa vontade, porém não tem mais coragem de fazer isso, pois acaba, de certa forma, entendendo . Por outro lado, ele sente muito em ver o irmão se consumir em amor e raiva, amor e amizade. O dilema no coração do mais novo é grande e tem uma leve impressão disso. Ele quis saber como ajudar, mas, o que lhe resta de fato, é apoiar o irmão e orientá-lo da melhor forma para que ele não se perca e não acabe com a amizade que tem com e com a também.
  Sentindo que não há mais clima para nada, resolve ir embora sem nem se despedir de ninguém.

Capítulo 4 – Fontes Termais

  Sexta-feira, prédio da Seven
  O andar calmo, porém, firme da moça e o ar superior que ela transmite, mesmo que sem querer, preenche o ambiente e atrai olhares. caminha e confere a hora no celular, são 7h26 da manhã, ainda dá tempo de tomar um cafezinho antes do início do expediente. É justamente para a copa da Seven que a moça vai sabendo que os amigos ainda não chegaram, já que têm o costume de chegar bem em cima da hora.
  — Chegou cedo, cabelo de fogo — a voz grave de invade a copa que só é ocupada por e a faz olhar para o rapaz parado na porta do local.
  — Bom dia, — ela sorri e apoia a xícara de volta na mesa à sua frente.
  — Está melhor, meu amor? — indaga ele enquanto se aproxima.
  — Muito, obrigada por se preocupar.
  — Sempre irei me preocupar — diz ele e segura a mão dela dando um beijo carinhoso no local. — Nossa, hoje você caprichou, viu? Dá uma voltinha para mim — ele puxa a moça para que ela se levante e ele possa ver direito o seu look.
  — Estou normal, bobo — diz , envergonhada.
  — Se esse é o seu normal, imagine quando você realmente se arrumar bem.
  Ele analisa a roupa dela: uma saia xadrez em tons de rosa e marrom, cintura alta e com um suspensório que usa da maneira normal – em cima dos ombros; uma blusa de manga longa branca e os cabelos vermelhos soltos em cima dos ombros.
  — Você está maravilhosa, . Eu pegaria — brinca ele, rindo.
  — ! Seu safado! — ela bate no ombro dele.
  — Sabe que eu só tenho olhos para a Aimi, meu corpo e alma são dela, mas...
  — Não tem “mas”, ! Idiota — ela ri e bate nele de novo. — Como vai o seu namoro?
  — Maravilhosamente bem. Aliás, a Aimi ficou preocupada com você também — diz o rapaz.
  — Oh, ela é uma fofa. Me mandou mensagem ontem — avisa e volta a se sentar, a acompanha e também pega uma xícara de café para si, jogando sua mochila na cadeira vazia ao lado.
  — Ela é fofa mesmo — o ar apaixonado de faz sorrir.
  — Quem diria que se apaixonaria algum dia, estou surpresa ainda — brinca ela fazendo rir.
  — É, até mesmo o mais galinha dos caras pode se apaixonar. Nada me impedia — ele diz, simplesmente.
  — Awn, , que romântico — eles riem.
  — Hm... — engole o gole de café que deu e completa: — Quem não está mais namorando é o — informa ele, de repente, atraindo a atenção de .
  — estava namorando? — questiona, surpresa.
  — Bom, namorando é uma palavra muito forte. Na verdade, ele e a Harumi estavam...
  — Harumi? A secretária? — interrompe .
  — Sim, ela mesma — explica. — Eles estavam saindo há algumas semanas, mas ele me disse que terminou essa relação — completa voltando a tomar mais um gole de café enquanto observa atentamente a reação da amiga.
  — Ah... que pena, né?
  A última frase proferida por não convence . Apesar de ela dizer se lamentar pelo término da relação de com Harumi, a expressão que ela faz agora diz o contrário, afinal, o sorriso discreto que estampa o rosto dela indica que ela está bem feliz com a notícia. O mais velho resolve não indagar a amiga sobre tal sorrisinho, ele vem notando certo ciúme dela com o irmão que ela negaria até à morte caso ele a questione.

  Horas se passam, e estão em seu setor trabalhando em um novo projeto. Na verdade, os projetos finalizados do setor BackEnd agora passaram para o FrontEnd e precisam ser finalizados por eles. está agora pesquisando paletas de cores que combinem com a identidade visual da empresa-cliente, enquanto conclui os últimos detalhes do site de seu cliente.
  — ? — a voz de faz a moça encarar o namorado parado na porta da baia dela. O olhar de cãozinho abandonado dele a faz amolecer, mesmo estando chateada com ele.
  — ... oi — diz ela com as mãos suspensas no ar ainda na posição como se fosse digitar algo no teclado do computador, ainda o encarando.
  — Podemos conversar? — diz o rapaz. observa a conversa em silêncio, fingindo que não há mais ninguém ali além de seus companheiros de setor.
  — É... pode ser após o almoço? Já está na hora, né?! — pede ela e pigarreia — , vai almoçar agora? — questiona ao amigo.
  — Vou, estou apenas finalizando aqui — avisa ele sem tirar seus olhos da tela do computador.
  — Vamos logo, levanta da cadeira e puxa o ombro de para trás, fazendo ele rir.
  — Calma, não precisa me derrubar da cadeira. Já estou levantando — diz ele, risonho, e se levanta da cadeira. — E aí, ? Está tudo bem? Me parece apreensivo — o olhar semicerrado de recai sobre o amigo que lança um olhar irônico juntamente com um sorriso de canto.
  — Estou bem — responde , simplesmente.
  — Vamos almoçar, rapazes — diz e sai na frente deixando os amigos sozinhos.
  — Vai contar para ela? — questiona baixinho, segurando o braço de antes deles seguirem a amiga.
  — Pretendo — responde o outro com a voz também baixa.
  — Não a faça sofrer — avisa num tom sério. — Senão eu mesmo cuidarei de te bater — ameaça ele e sai andando na frente.
   suspira soltando um pouco da tensão que sente por toda a situação. Ele está decidido a falar para sobre seus sentimentos confusos. Sentindo-se com a mente cansada, o rapaz caminha em direção ao refeitório pensando no discurso ensaiado na noite anterior, o discurso do término. Ao encontrar os amigos, já acomodados em uma das mesas, ele pega uma bandeja e serve-se do almoço, caminhando em seguida até a cadeira vazia ao lado de .
  Durante o almoço, todos conversam assuntos aleatórios que não são do interesse de . A mente dele está totalmente voltada para a conversa que terá com em alguns minutos. Essa conversa pode acabar não só com o namoro deles, mas também com sua amizade com a mulher. Só de pensar nisso o coração dele se aperta dentro de seu peito.
  Mesmo alheio aos assuntos abordados na conversa de sua mesa, consegue perceber e sentir os olhares fulminantes que lança para ele vez ou outra. Se sentindo desafiado a rebater, devolve os mesmos olhares para o amigo. Ele detesta brigar com os irmãos , desde crianças, porém ele não leva desaforo para casa quando se trata desse assunto. Ele sabe que gosta da e que só está esperando uma oportunidade para dar em cima dela. Mesmo sabendo ser errado, sente vontade, esporadicamente, de manter o namoro com a só para não dar o “gostinho” de vitória ao . Só para não dar a ele a oportunidade desejada de ficar com a . Egoísta da parte dele? Sim, ele tem consciência disso. Justamente esse lado consciente que lhe berra por dentro, pedindo para ele ser racional e terminar o namoro porque, por mais que ele não queira dar esse gostinho ao amigo, ele ama a e a última coisa que ele quer é fazê-la sofrer.
  Após o almoço, retorna ao seu setor e pede para que a espere no hall de entrada da empresa enquanto ela pega algo em sua mesa. Na verdade, ela quer perguntar algo ao e não quer que o namorado ouça.
  — , espera! — chama , puxando o braço do amigo que para e a encara.
  — Você está bem, cabelo de fogo?
  — Quero te perguntar algo.
  — Diz, meu amor.
  — e brigaram enquanto eu estive de licença? — questiona ela fazendo enrijecer o corpo de tensão.
  — Não que eu saiba — ele mente.
  — , sério. Eles brigaram? — repete ela sem acreditar nas palavras do amigo, ela sabe que ele está mentindo.
  — Eles devem estar estressados com o trabalho, certamente.
  — Para de mentir, — ela puxa o braço dele mais forte, aproximando seus corpos. O olhar fulminante de às vezes assusta .
  — Não me olhe assim... — pede ele. — Eu não sei se eles brigaram, mas ultimamente eles estão se falando menos — ele encontra uma solução para evitar contar a verdade.
  — Sei...
  — Não se preocupe com isso, se eles tiverem brigado, em breve estarão de bem de novo — assegura ele.
  — Está bem — diz ela, soltando o braço do amigo. — Vou me encontrar com o , me cobre lá no Front? — pede ela fazendo um beicinho. ri.
  — Não precisa fazer beicinho, meu amor — diz ele segurando o queixo da amiga. — Faço tudo que você mandar — ele pisca e dá um beijo na testa dela. — Demore o tempo que precisar e... — antes de concluir a frase, ele dá uma rápida pausa, engolindo em seco — se precisar, me liga, tá? Estarei atento ao celular — o encara, confusa.
  — Por que eu precisaria?
  — Apenas me ligue, se precisar — reforça ele.
  Sem mais perguntas, assente e pega o elevador até o térreo. Chegando lá ela encontra que já está a sua espera e eles vão até a praça que fica em frente ao prédio da Seven. Após se acomodarem em um dos bancos da praça eles mantém o silêncio, até que resolve quebrá-lo.
  — Eu queria...
  — ...
  Ambos falam, atravessando a fala um do outro e riem da situação.
  — Fala você primeiro — diz .
  — Não, fala você, eu quem te interrompi.
  — Está bem... — ele tenta voltar à coragem de segundos atrás. — Eu queria te pedir desculpas, .
  — Pelo quê?
  — Eu estou ausente ultimamente, como namorado — ele diz, tímido.
  — Ah, isso — olha para ele, sorrindo suavemente. — Um pouco.
  — , eu sei que estou devendo muito, mas é que...
  — Não fique preocupado com isso, . Eu tenho uma solução para esse problema.
  — Tem?
  — Tenho — responde, convicta. — Em alguns dias nós faremos seis meses de namoro — arregala o olhar, pois ele não está atento a datas.
  — Oh...
  — Eu sei que você esqueceu, óbvio — ri, dando de ombros. — Mas, acho que devemos ter uma noite só nossa.
  — Hã? Como assim?
  — Como assim o quê, ? — ela diz em tom óbvio. — O que namorados fazem em uma noite só para eles? — arqueia as sobrancelhas e aguarda ele responder.
  — Dormem juntos? — indaga ele, confuso.
  — Dormir só se for depois — ri novamente e solta uma risada sem humor.
  — Mas, ... a...
  — Não me venha dizer que tem compromisso? Ah, pode desmarcar! — alerta ela. — Não quero desculpas, ! — ela faz um biquinho com os lábios e dá um tapinha no braço dele. — Sem desculpas!
  — Ah... ah... — resmunga ele.
   mal sabe o que dizer. A revelação da noite de amor que irá preparar para comemorarem os seis meses de namoro acaba quebrando a linha de raciocínio dele. Assim como um programa de computador, o cérebro de dá um bug e para momentaneamente. O homem apenas concorda com um gesto de cabeça e lhe abraça animada, dando-lhe um longo beijo apaixonado.

[💻]

  Dois dias depois...
  O clima gélido entre e segue o mesmo.
   desiste de tentar entender o motivo da briga entre os amigos, ela apenas observa a troca de olhares atravessados e meias palavras. Eles malmente se dão “bom dia” ao se esbarrarem pelos corredores da empresa. Tal briga já é de conhecimento dos demais colegas não tão próximos a eles. Por falar em colegas de trabalho, ontem, Harumi deu a ideia de nesse final de semana eles fazerem uma viagem para fontes termais. A moça sugere de quem quiser irem até uma cidade próxima para aproveitarem o final de semana. A ideia inicial é todos viajarem após o expediente, na sexta-feira, e retornarem domingo à noite. Até agora, as pessoas que confirmaram presença no passeio são: , Harumi, Ayumi – outra desenvolvedora do BackEnd –, , e Aimi – como convidada e namorada de . não tem certeza se vai, segundo ele, terá um compromisso no final de semana. Tal compromisso que não faz ideia de qual seja, mas resolve não questionar para evitar outro aborrecimento entre eles.
  No dia da viagem, todos aguardam a chegada de Aimi, que precisou trabalhar um pouco além do seu horário habitual. acaba de mandar uma mensagem para .

  18h44 -chan, me perdoe, mas eu não poderei ir ao passeio. Saí mais cedo do trabalho para resolver um problema de família. Espero que não fique chateada comigo e saiba que irei te recompensar, eu prometo. Por favor, aproveite o passeio, está bem?!

  Ao finalizar a leitura da mensagem, ela não o responde, bloqueia o celular e o guarda no bolso do casaco, soltando um longo suspiro em seguida.
  — Desde quando você tem segredos comigo, seu idiota? — sussurra ela para si mesma, levemente cabisbaixa.
  — Está tudo bem, meu amor? — a voz grave de a assusta levemente. olha para o amigo que está bastante bonito hoje. Ela sorri de leve e balança positivamente com a cabeça.
  — Sim — a voz super embargada dela não o convence.
  — não vem, né?
  A simples menção do nome dele a faz não segurar mais suas emoções, abaixa o olhar e põe uma das mãos na boca, na tentativa de segurar seu grito de raiva e seu choro. se aproxima e envolve seu braço na cabeça da amiga, puxando-a para seu peito, se aconchega ali. De longe, assiste a cena com uma ponta de inveja do irmão, ele quer estar no lugar dele, mas a sua paixão pela amiga o impede de se aproximar dela sem sentir vontade de beijá-la e tomá-la em seus braços. não quer faltar com o respeito, então prefere ficar distante, mesmo que isso lhe destrua ainda mais.
  — Boa noite, pessoal! Desculpem o atraso! — diz Aimi assim que se aproxima de todos. Ao ouvir a voz da namorada, vira o rosto, ainda abraço a , e sorri para ela.
  — Ai-chan — diz o homem, contente por ver a namorada ali. — Você vai ficar bem? — ele sussurra para a amiga.
  — Vou — ela sussurra de volta e se afasta do abraço do amigo, enxugando as lágrimas e sorrindo de canto. — Vai ficar com a Aimi.
  — Qualquer coisa me chama, tá? Ou pode chamar o também — sugere o homem.
  — Pode deixar, . Eu vou ficar bem — avisa a mulher, sorrindo.
   vai até a namorada e lhe dá um beijo de boas-vindas, será a primeira viagem deles juntos, ainda que estejam com mais pessoas acompanhando, mas é importante para ambos. Harumi alugou uma van para levar todos até à cidade onde está localizada as fontes termais, ela alugou também diárias em um hotel bem aconchegante da região que possui uma dessas fontes. A viagem não é longa, dura cerca de duas horas e logo eles chegam ao seu destino.

Já no hotel, eles se dividem em pares: os irmãos ficam juntos no mesmo quarto; Harumi divide o quarto com Ayumi; e Aimi e dividem o último quarto. Todos eles com duas camas de casal e um banheiro particular, além de acesso à uma parte exclusiva das fontes.
  — Estou tão feliz por ter chegado a tempo de viajar com vocês — comenta Aimi enquanto desfaz sua mala, arrumando cuidadosamente cada peça retirada em cima da cama.
  — Sim — responde , sem emoção, com o olhar perdido em algum ponto entre sua cama e suas roupas que ela também desarruma de sua mala.
  — Será uma grande viagem — continua Aimi com a mesma empolgação. — e eu planejamos uma viagem só nossa em breve, espero que seja tão boa quanto creio que essa será — conclui ela e volta o olhar para a amiga, percebendo sua tristeza. — Está tudo bem, ?
  — Hã? — ela diz, distraída.
  — Você está assim porque o não veio? — questiona a mulher e se aproxima da cama da amiga, sentando-se na ponta ao lado da mala.
  — Está nítido, não é? — sorri sem humor.
  — Não fique assim, amiga — Aimi afaga as costas da amiga com carinho. — Ele com certeza tem uma justificativa para não ter vindo.
  — Dizendo ele que teve um assunto de família para resolver — explica.
  — Então... deve estar tudo bem. Não se preocupe.
  — Nosso namoro está diferente do que era no início — confessa ela, de repente.
  — Diferente como?
  — Frio... — sente um nó se formar e ficar cada vez maior em sua garganta.
  — Ah, amiga, eu sinto muito — diz Aimi, solidária e completa: — Não há nada que vocês possam fazer para reativar a chama do início do namoro?
  — Eu pensei em uma noite só nós dois — diz com um leve sorriso. — Em alguns dias faremos seis meses juntos.
  — Oh, parabéns por isso, amiga!
  — Obrigada... — responde, não tão animada assim. — Eu pensei em uma noite só nós dois, sabe?
  — Oh!! Entendo — diz Aimi, entendendo o que a amiga quis dizer. — Vocês nunca...
  — Ainda não — revela fazendo a amiga sorrir. — Você e o já?
  — Já — diz Aimi, envergonhada, e ri pondo as mãos na boca.
  — Ahh, safadinhos! — também ri, esquecendo-se por alguns segundos de sua chateação.
  — Amiga — chama Aimi, segurando uma das mãos de —, tenta não pensar nisso esse final de semana, tá? Deixa para resolver esse problema quando voltar para a cidade.
  — Vou tentar, amiga. Obrigada por se preocupar — agradece a mulher. — Você e são perfeitos um para o outro, são excelentes conselheiros — elas riem.
  — Obrigada pela gentileza, — diz Aimi, ficando envergonhada novamente. — Posso te confessar uma coisa?
  — Pode.
  — Antes de conhecer você pessoalmente, me falava muito da melhor amiga dele e de como ele ama e se importa com você — inicia a mulher. — Mas, depois que a gente saiu juntos e eu os vi pessoalmente, pude entender melhor a relação que vocês dois têm. Eu tinha muito ciúme seu, , mas hoje não tenho mais, pois sei que o ama você como uma amiga — conclui ela, deixando surpresa.
  — Desculpe por lhe causar ciúme, Ai — diz do fundo de seu coração. — e eu somos tão próximos e, às vezes ao olhar estranho, pode parecer que temos algo a mais.
  — Não é culpa sua, ! Eu sei que o carinho que sentem é inocente, apesar de também saber que ele é um grande safado — comenta ela, rindo. — Ele ainda “dá em cima” de você, não é?
  — É... sim, às vezes, mas eu sempre o repreendo! — apressa-se a explicar. — Desde que começaram a namorar que eu o repreendo por isso.
  — Eu não ligo, eu ligava antes, mas hoje não mais — diz Aimi, convicta. — Sei que é só um jeito exagerado dele demonstrar que te ama, comigo ele age de maneira diferente.
  — Como? — pergunta , curiosa, fazendo Aimi sorrir de maneira maliciosa.
  — é bastante efervescente quando estamos a sós.
  — Oh! — leva as mãos à boca, surpresa e ri em seguida.
  — Ele é muito bom de cama, se é que me entende — Aimi também ri. — E eu sinto que ele me ama até mesmo quando estamos transando. Então sei que o que ele sente por mim é de verdade.
  — Sério?
  — Sim, nunca sentiu isso?
  — Não... — a mulher para por alguns instantes para pensar sobre. Realmente ela nunca se sentiu amada quando transava com alguém, por mais que os seus parceiros anteriores a tivessem declarado amor.
  — Sinto muito, , mas tenho certeza de que quando estiver com o sentirá isso.
  — Você acha?
  — E você não? — Aimi rebate a pergunta.
  — Não sei...
  — Bom, não pense nisso agora! Vamos terminar de desarrumar as malas e descer para jantar, ok?
  Aimi percebe que a amiga fica desconfortável e pensativa com a afirmação que ela dá e muda de assunto, voltando para sua cama e terminando de retirar suas roupas da mala. Porém, a tentativa de fazer não pensar nisso é totalmente em vão, já que é a única coisa que ela consegue pensar durante toda a noite.

  Na manhã seguinte...
  Aimi e descem até o refeitório do hotel e já encontram os demais amigos lá. chama a namorada para sentar-se perto dele e senta-se ao lado da amiga, Ayumi ao seu lado. e Harumi sentados do outro lado da mesa bem de frente para eles. Todos estavam tendo uma conversa antes das mulheres chegarem e, logo após elas montarem seus pratos e começarem a comer, eles retomaram o assunto.
  — ! Acho que você pode nos ajudar num questionamento — diz Harumi, de repente. , que está comendo um pedaço de queijo, para o movimento que faz com a mão para encarar a moça.
  — Sobre? — ela questiona e põe o queijo na boca, mastigando-o.
  — Estávamos falando sobre namorados e suas funções — introduz.
  — Harumi... — tenta parar a fala da mulher, porém ela o ignora completamente.
  — Sobre o que exatamente, Harumi? — diz já sabendo onde a outra quer chegar.
  — Você não acha que, por exemplo, um bom namorado deveria acompanhar sua namorada aos lugares? — ela apoia os cotovelos na mesa, os dedos cruzados em apoio ao queixo, enquanto encara com o olhar superior, analisando a reação da mulher.
  — Harumi! — repreende , mais veementemente.
  — Acho que se o casal entrar em consenso não é necessário que sempre estejam juntos em todos os lugares — responde . Discretamente, Aimi sorri de orgulho da resposta da amiga.
  — Hm, interessante — Harumi dá de ombros e completa: — Então você e o -kun entraram nesse consenso? — indaga, curiosa.
  — Harumi, chega! — diz e bate na mesa, chamando a atenção de todos. — O namoro da com o só diz respeito aos dois, para de fazer esse tipo de questionamento! — finaliza, irritado.
  — Ah, -chan, por que está tão irritado? Isso também não lhe diz respeito — rebate a mulher com os olhos semicerrados e um sorrisinho nos lábios.
  — Eu não deveria, mas vou te responder Harumi — diz e todos a encaram.
  — Você não precisa, — alerta .
  — É, , você não precisa responder. A Harumi quer saber demais — reforça .
  — Mas eu irei — diz . — Não, eu não fiz nenhum tipo de acordo com o e, mesmo se eu fizesse, eu sei que ele não abriria a mão de ajudar a família dele se fosse algo urgente — conclui, convicta e em defesa do namorado.
  — Nossa! — espanta-se Harumi. — Me desculpe por perguntar, então — ela sorri de maneira falsa e volta a tomar um gole de seu suco.
  — Com licença — levanta-se da cadeira onde está, respirando fundo para controlar sua raiva.
  — Aonde vai, amiga? — indaga Aimi.
  — Vou me trocar para entrar na fonte.
  — Mas você nem comeu...
  — Não estou com fome. Com licença.
  Sem dizer mais nada, deixa o refeitório visivelmente chateada com as provocações de Harumi. Irritado demais para ficar na presença dela, também se levanta.
  — ! — alerta prevendo que o irmão iria atrás de .
  — Vou para o nosso quarto, , não se preocupe — responde ele, simplesmente e segue o caminho até o quarto.

  Ao chegar ao quarto, se joga na cama e pega o celular. A primeira ideia é mandar uma mensagem para e perguntar o que ele está fazendo agora, somente para saber se a história que ele contou é verdade. detesta sentir que há algo errado, detesta desconfiar do e detesta mais ainda sentir-se assim tão impotente a respeito. Ela fecha os olhos com força e solta um longo suspiro de frustração. Seria tão mais simples se não tivesse com tantos segredos com ela nas últimas semanas...
   levanta-se da cama e vai até sua mala, procura seu biquíni e vai até o banheiro do quarto se trocar. Nesse meio tempo, Aimi retorna ao quarto e faz o mesmo. Quando ficam prontas, as amigas vão pelo acesso exclusivo até a piscina formada pela água quase fervente das fontes termais que é compartilhada com mais dois quartos. Um deles é o compartilhado por Ayumi e Harumi.
   tenta ignorar a presença de Harumi e as indiretas que ela lança vez ou outra. Aimi pede para que ela não ligue e se concentre em relaxar um pouco, mas é quase impossível fazer isso com a Harumi falando sem parar. Em determinado momento, as ocupantes do outro quarto se aproximam até o local da piscina onde e Aimi estão.
  — Tenta não cair na conversa dela, amiga — alerta Aimi antes das outras chegarem.
  — Estou sem paciência, Ai — avisa revirando o olhar.
  — Ahh, o dia está tão bonito, né? — comenta Harumi assim que chega perto das duas.
  — Olá, meninas, tudo bom? — diz Ayumi, educada.
  — Tudo sim — responde Aimi com um sorriso amigável.
  De repente, ninguém fala mais nada. Minutos depois, Harumi volta a praticar seu esporte favorito: provocar .
  — Dizem que as águas daqui fazem bem para a pele — comenta ela, alto, para que todas escutem.
  — Sério? — indaga Ayumi de maneira inocente.
  — Sim! E eu quero ficar com a pele de pêssego — o olhar dela recai sobre e completa sua fala: — Preciso me preparar, pois o gosta da minha pele bem macia — ela sorri, ardilosa e a encara.
  — ? Oh, o -san do BackEnd? — indaga Ayumi.
  — Estamos nos entendendo novamente e sinceramente preciso estar relaxada para ficar com ele. Se é que me entende — Harumi solta uma risada significativa e encara novamente.
  — Vocês estão juntos de novo? — questiona , curiosa.
  — Amiga... — sussurra Aimi sabendo que possivelmente é uma mentira contada por Harumi.
  — Ah, ele não te contou? — provoca. — Estamos sim, anteontem tivemos uma conversa definitiva e acabamos que... bom, nós transamos de novo — conclui Harumi e Ayumi espanta-se.
  — Que cínica... — diz de maneira audível e a outra a encara.
  — Está falando de mim, querida?
  — Se a carapuça lhe serve, querida — rebate .
  — , por favor — pede Aimi, sentindo que a amiga pode a qualquer concluir a discussão com algum tipo de agressão física.
  — Nossa, que ríspida. Ainda bem que eu não sou assim, não gosta... — diz a outra com um ar de quem sabe tudo.
  — Desde quando você sabe algo sobre o que ele gosta ou não? Você não o conhece! — as mãos de estão tremendo e ela sente a mesma onda de raiva que sentiu quando viu Harumi agarrada no braço de , andando pela empresa, meses atrás.
  — Você tem inveja de mim — Harumi ri, debochada.
  — Por que eu teria?
  — Porque eu pego um dos caras mais desejados da Seven!
  — Eu também! — rebate . — , e são os mais desejados e os três são MEUS amigos. Sendo o o meu namorado! — a voz dela sai trêmula.
  — Mas você queria pegar o ! Confesse! — provoca Harumi.
  — Querida, eu já peguei o e pegaria novamente se me desse vontade! — rebate no mesmo tom provocativo.
  — Ah, sua invejosa!
  O temor de Aimi acontece. parte para cima de Harumi, estapeando-a no rosto, antes mesmo da outra tentar algo contra a Mori. Aimi e Ayumi tentam apartar a briga, mas é quase impossível.

[💻]

  Poucos minutos antes...
  Literalmente do outro lado do muro que separa os quartos, e estão dentro da sauna, ambos de sunga e com uma toalha branca envolvendo suas cinturas.
  — Você não pode ficar dessa forma toda vez que falarem sobre o namoro dos dois ou quando o faz merda — diz . — Se bem que até eu tenho vontade de esmurrar o quando eu vejo a triste por causa dele. Infelizmente isso está mais frequente.
  — Então não me julgue por querer matá-lo — rebate , irritado e recosta na parede, os cabelos já molhados por estarem ali há mais ou menos quinze minutos.
  — Espere para ver se ele vai falar com ela sobre...
  — Ele não vai falar — afirma . — Ele é um covarde imaturo.
  — É, mas não será você o informante, por favor — alerta . — Não me faça te dar uma bronca na frente de todos.
  — Não comece, — ele revira o olhar, pondo as mãos no rosto por um instante.
  — Eu sei que você ia atrás dela naquela hora — diz .
  — Você não sabe de nada, -san — provoca sabendo que o irmão não gosta de ser chamado assim. Como previsto por ele, leva um tapa na cabeça.
  — Sou o mais velho, me trate com mais respeito — ri de leve. — Seu idiota.
  — Não tanto quanto o ...
  Ambos se olham brevemente e riem não resistindo a piada do mais novo. Eles sentem o corpo reclamar do tempo que estão ali na sauna e resolvem sair. Assim que colocam os pés para fora o local, ouvem gritos vindos do outro lado do muro.
  — ! Parem com isso, por favor! — grita Aimi em desespero.
  — Ai-chan? — questiona, confuso.
  — O que será que está acontecendo? — indaga , tão confuso quanto.
  De repente, faz-se silêncio por alguns segundos e depois vem o grito de Aimi ainda mais desesperado.
  — Amiga! Não, ela não sabe nadar! ! Alguém ajuda!
  Os irmãos se olham, aflitos, e saem correndo quarto à dentro rumo ao quarto das mulheres. Pelo caminho, por estarem molhados da sauna, eles escorregam no piso e quase caem. Ganhando a corrida, chega primeiro e logo vê a namorada em volta da piscina da água quente apontando para seu interior.
  — Ai-chan! — grita ele e a moça se vira assustada. — O que está acontecendo?
  — ! A está ali no meio, ela está se afogando! — explica ela, desesperada por não conseguir ajudar já que ela também não sabe nadar.
  — ! — antes mesmo de correr para ajudar a amiga, ele vê a figura rápida e aflita do irmão passar por ele.
   se joga na piscina sentindo a água queimar sua pele pelo impacto repentino. Ele mergulha com os braços abertos e logo encontra o corpo desfalecido da amiga e amada, trazendo-o para cima. Ele puxa o ar com força e respira fundo, movendo-se até a beira onde já os aguarda para retirá-los da água.
   coloca a amiga deitada próximo à beirada e sai da água para acudir . Afastando o irmão, o mais novo afasta os cabelos avermelhados e molhados de de seu rosto e, num gesto imediato e instintivo, encosta seus lábios no dela empurrando ar para dentro de sua boca, fazendo-lhe respiração boca a boca.
  De repente, ela abre os olhos e cospe água, sentindo o corpo tremer de frio em seguida.
  — ... — sussurra ela ao vê-lo tão próximo de sua boca.
  — Você está bem? — questiona ele ainda bastante aflito.
  O olhar dele lhe transmite uma preocupação excessiva. Não só de um amigo que está preocupado com sua amiga. Ela não sabe explicar, mas o olhar de para ela está diferente e, por algum motivo, ela gosta disso.

Capítulo 5 – A primeira e última

   e ainda se encaram, o olhar de para ela ainda é algo que intriga a moça, apesar de ela gostar bastante desse “novo olhar” do amigo. O corpo dele ainda está sobre o dela, os braços do rapaz apoiados no chão e seu rosto perto do dela, os cabelos molhados pingando no corpo da moça.
  — -chan! — diz Harumi com a voz estridente e sente seu corpo ser, literalmente, puxado para trás. Assim ele sai de cima de que se vira para o lado, sentindo o rosto esquentar.
  — Harumi... — ele diz com a voz cansada. A mulher está agarrada em seu pescoço.
  — Fiquei preocupada, que bom que salvou a — diz Harumi.
  — Que falsa! — grita Aimi, irritada, chamando a atenção de todos. — Foi você quem empurrou a para a parte funda e você sabia que ela não sabe nadar. Nem fez nada para ajudar, sua falsa! — conclui a moça em defesa da amiga.
  — Ai-chan... — se aproxima da namorada, surpreso com a atitude defensiva dela, sorrindo orgulhoso. Harumi a fuzila com o olhar. se livra do abraço dela.
  — Isso é verdade, Harumi? — pergunta já imaginando a resposta.
  — Não foi bem assim, eu...
  — , espera!
  Aimi grita ao ver que a amiga sai correndo dali e tal grito interrompe a explicação de Harumi. faz menção de ir atrás da amiga, mas Harumi o segura pelo braço impedindo-o de sair. olha para a namorada e ela pede para que vá atrás de , que está tudo bem. Rapidamente o mais velho corre em direção ao local de fuga da amiga. Ao sair do quarto que e Aimi dividem, acha a amiga cambaleando pelos corredores do hotel.
  — Hey, minha pequena — ele diz, carinhoso, assim que se aproxima dela envolvendo os braços em seus ombros.
  Ele conduz a amiga até o quarto que divide com o irmão, trancando a porta assim que eles entram ali. senta-se na cama enquanto aguarda voltar com toalhas secas e roupas dele para que ela possa vestir. Ela se enxuga devagar, mas perde as forças e começa a chorar. acolhe ela em seu abraço e afaga os cabelos molhados dela.
  Minutos depois, já deitados na cama, ela já está mais calma e acaricia o rosto dela.
  — Você está assim porque o não veio ou porque a Harumi estava agarrada ao ? — a pergunta de faz a moça encará-lo, confusa.
  — Eu não tenho certeza de nada, ... — a voz cansada e confusa da amiga parte o coração do rapaz que aperta mais o abraço carinhoso que dá nela.
  — Meu amor, você está confusa com o quê?
   se afasta um pouco e o encara. Ela sabe que pode contar qualquer coisa ao amigo que ele não contará aos outros, sabe que em ela pode confiar.
  — Estou chateada com o porque eu sinto que ele está mentindo para mim — inicia ela. — Não posso provar, mas eu sinto, , e isso está me enlouquecendo — o rapaz sente a garganta apertar mais uma vez.
  — Não queria que você passasse por isso, minha pequena — diz ele e completa: — Eu meio que já sabia, pois eu o seu diário dia desses... — ele diz com o olhar inocente.
  — Você o quê?! — espanta-se .
  — Eu não queria, meu amor, mas...
  — Não me diga que o diário se jogou aberto na sua cara? — zomba ela e ele ri.
  — Não, mas eu acabei abrindo e uma coisa ou outra — confessa com uma expressão fofa na face.
  — O que exatamente?
  — Sobre o estar estranho com você.
  — Você leu isso!? Ai, !
  — Me perdoe, meu amor — ele dá um beijo na testa dela. — Ele te tratou mal?
  — Ele mal conversa comigo... — revela com um nó na garganta.
  — Sinto muito, . Eu achei que o realmente gostava de você...
  — Mas ele gosta, eu sei que ele gosta — defende ela. — Mas, eu não sei, tem algo que trava ele, que o faz recuar de alguma forma.
  — No relacionamento?
  — Sim — diz ela e suspira. fica tentado a contar a verdade, que na realidade não sabe se realmente a ama, mas isso não lhe diz respeito, afinal. Mesmo ele sendo amigo dela, ele é amigo dele também.
  — Você quer que eu fale com ele?
  — Não precisa, . Eu mesma irei resolver isso, mas obrigada pela preocupação.
  — Sempre irei me preocupar com você, pequena — ele diz, carinhoso e completa: — Só posso te dar um conselho?
  — Todos que quiser — ela sorri de leve.
  — Ouve seu coração, ele saberá o que fazer — ele também sorri, carinhoso.
  O homem se aproxima do rosto dela e beija sua testa, depositando vários beijos ali; depois ele desce até as bochechas dela repetindo o processo; por último, ele deixa alguns beijos no queixo dela, simulando mordidas no local. Ao se afastar, ele diz:
  — Pensa com carinho no que te falei, sobre ouvir seu coração... — ele diz e sorri malicioso. — Esse coração que bate por trás desse lindo par de seios — ele ri com sua fala e dá um tapa em seu braço.
  — ! Aimi é minha amiga, vou te matar, seu safado!
  — Eu não resisti, , me perdoe — defende-se , vendo que sua tática de quebrar o clima tenso dá certo. — Não trairia a Ai-chan e muito menos o meu irmão.
  — não está merecendo essa consideração — diz a moça.
  — Eu estava falando do .
   sorri e dá um beijo longo e carinhoso no rosto dela. , em seu interior, vive o conflito e a confusão de sentir certa atração pelo homem. Toda vez que ele está perto dela, ela sente o corpo agir de maneira diferente. E hoje, quando sentiu os lábios dele tocarem sua pele, ela teve uma sensação incrivelmente boa e quis mais disso. Mas é errado pensar nele assim, afinal, é seu melhor amigo.
  Espera, ?!

[💻]

   voltou para casa sozinha, ela não quis mais ficar no hotel mesmo após a longa argumentação de e Aimi que quase a convenceram, mas não surtiu efeito. Ela chegou domingo pela manhã e resolveu ir diretamente até o apartamento de , sabia que ele possivelmente estaria em casa, já que seu compromisso seria apenas no sábado. Mesmo se ele não estivesse em casa, ela tinha o passe para entrar, através de um cartão reserva para a porta eletrônica – o sistema de trava da porta do apartamento do é diferente do dela, por exemplo.
  Mori caminha devagar, arrastando sua mala enquanto pensa nas sensações que teve ao ser beijada por , ainda que através de uma respiração boca a boca. Imediatamente ela é transportada até o dia da festa da Night Parade, onde teve um momento bastante íntimo com ele. De fato, se ele não tivesse interrompido aquele beijo, certamente eles teriam transado e ela queria tanto isso. Ela ainda quer? E por que ela está pensando nisso agora enquanto vai ao encontro de seu namorado? Só em pensar nisso o corpo de já se sente estremecido.
  Ela balança a cabeça, espantando os pensamentos libertinos que acaba de ter com o seu melhor amigo e segue o caminho pelo estacionamento até o prédio onde mora. Na outra mão ela carrega uma sacola com alguns legumes e carne, pretende cozinhar algo para almoçar enquanto espera o namorado chegar. Antes mesmo de terminar de virar o corredor do terceiro andar, avista uma mulher saindo do apartamento de , uma jovem mulher, cabelos curtos e pretos, muito bonita. Ela crê ser alguma parente dele, mas ao ver ela tentando beijá-lo na boca, muda de opinião. se segura para não interromper o beijo, se é que há um beijo, pois, no ângulo que está, não consegue ver , que está escondido pela porta – antes do quase beijo, ele estava um pouco visível e deu um passo para trás ao ver o avanço da moça. Já a moça está parcialmente à vista e dá um passo para frente com o rosto erguido na direção do rosto de .
   respira fundo, controlando-se, a vontade que tem é de jogar sua mala na cara dele e exigir uma explicação imediata, mas ela não faz. Espera alguns segundos e ouve passos vindos em sua direção, rapidamente ela entra na porta que dá na escada de emergência e aguarda a tal mulher ir embora. Quando isso acontece, ela volta para o corredor do terceiro andar e caminha praticamente marchando até à porta do apartamento de , tocando a campainha.
  Ele abre a porta rapidamente.
  — Hanna, eu disse que... — inicia ele e, quando ergue o olhar e vê parada o encarando, muda sua expressão e tom de voz. — ? Oi, amor...
  — Quem é Hanna, ? — pergunta ela, fuzilando-o.
  — Ah... é uma... uma amiga — responde ele, hesitante. — Você não ia voltar à noite? Eu ia te...
  — Que amiga, ? — interrompe ela, furiosa e largando a sacola do chão com muita força.
  — Uma amiga — responde, dando de ombros. — Por que voltou mais cedo? Entra, vamos conversar.
  — Eu não tenho o que conversar com você... aliás, tenho sim! — ela o empurra que mal se move, segurando suas próprias emoções para não se exaltar. — Vamos falar do beijo que deu na Hanna — ele arregala o olhar.
  — Eu não a beijei.
  — Não minta para mim, ! — ela o empurra novamente para dentro do apartamento.
  — Mas eu não a beijei, ! Você entendeu errado... — diz, angustiado.
  — Errado? Não subestime a minha inteligência, ! — a voz dela começa a embargar. — E eu... ah, , por quê?
  — , calma, vamos conversar... — ele tenta segurá-la pelo braço, mas ela se esquiva.
  — Me deixa...
  — Espera, ! — ele tenta mais uma vez e ela o empurra com mais força.
  — ME DEIXA EM PAZ, !
   sai dali correndo, pega sua mala que havia deixado na porta da saída de emergência e vai embora ouvindo os chamados de e os ignorando. Depois daí, tenta ligar inúmeras vezes para ela, que continua o ignorando.
  Se arrependimento matasse...

[💻]

   acomoda sua mala no chão de seu quarto e se joga na cama em seguida, sentindo o corpo reclamar pelas horas de viagem sentado no banco não tão confortável da van que os trouxe. Depois da partida de , pela manhã, eles apenas almoçaram e resolveram voltar um pouco mais cedo, chegando duas horas antes do previsto, mas ainda assim, à noite. Ele desbloqueia seu celular e lê as mensagens, há muitas mensagens de e alguns ligações perdidas dele também. Ao ler o conteúdo, ele liga de imediato para o amigo.
  — O que aconteceu, ? — questiona antes mesmo de responder qualquer coisa do outro lado.
  — e eu brigamos e ela saiu daqui muito chateada — explica. — Ela não está me atendendo, , eu estou preocupado.
  — Sabe para onde ela foi?
  — Se eu soubesse não te pediria ajuda, né? — responde , irritado.
  — Não fale assim comigo, seu cretino — rebate .
  — Me desculpe, cara, eu estou nervoso.
  — Estou vendo... vou tentar falar com a cabelo de fogo e te aviso, ok?
  — Ok, cara, fico aguardando.
   tenta diversas vezes ligar para , mas sempre chama e cai na caixa postal. Começando a se irritar com a falta de notícias, ele manda alguns áudios para ela, que visualiza. Então, ele resolve ligar.
  — O que houve com sua voz? Você estava chorando? — pergunta ele assim que atende, notando a mudança na voz da amiga.
  — Talvez... responde do outro lado com a voz bastante embargada, ela havia chorado de fato.
  — Aonde você está, ? Você bebeu, não foi?
  — E se eu tiver bebido, algum problema, ? — ela grita, debochada. — Por que me ligou, ?!
  — Você está bem? Me diz onde você está... — insiste ele. — O disse que...
  — EU NÃO QUERO FALAR DISSO! — berra ela. — Eu quero ficar...
  — Você não vai ficar sozinha, . Não! — determina .
  — , eu não... — ela sente a voz falhar e as lágrimas voltarem a cair.
  — Aonde você está, ?
  De repente, silêncio.
  — ?! !?
  Ouvindo os gritos vindos do quarto do irmão, aparece na porta, preocupado.
  — O que houve, ?
  — ?! — grita antes da ligação ser desligada por ela. — Que inferno! — brada o homem. ainda o encara, aguardando por uma explicação. — Aconteceu alguma coisa com a . ligou, disse que eles brigaram e ela saiu do apartamento dele muito nervosa.
  — O que ele fez a ela? — questiona num tom irritado.
  — Agora não é momento para isso, , temos que encontrá-la — alerta o mais velho.
  — Está bem... eu vou procurar por ela — revira o olhar e se vira para sair do quarto.
  — Eu também vou.
   e saem à procura da amiga.
  Algumas horas se passam e finalmente um deles a encontra em um bar perto da casa dela, após receber a ligação do garçom do bar que ligou para o último número que havia na lista de ligações do celular da moça, pedindo para irem buscá-la e que ela não estava assim tão bem.
  — O que pensa que está fazendo, Mori?! — brada , cutucando-a no ombro.
  — ! — ela diz, animada e com os braços abertos, levantando-se da mesa e abraçando o pescoço do amigo.
  — Nossa... — diz ele ao sentir o cheiro de álcool vindo dela. — Quanto você bebeu? Eu não acredito que bebeu por causa do ... — repreende ele e leva um tapão na cabeça.
  — Eu não bebi por causa dele! — brada , irritada.
  — Que seja, vamos embora — ele a puxa para fora da mesa, mas ela resiste.
  — Não quero ir, está cedo, ! — reclama ela.
  — Cedo para você continuar com essa palhaçada de encher a cara por causa do idiota do . Eu não sei o que ele fez, não me interessa agora, o que eu quero é que você venha comigo agora, Mori!
   ergue o corpo, assustada com o sermão dado por ele que nunca havia agido assim antes. Mesmo estando magoada pelas palavras de , ela resolve acompanhá-lo. paga a conta do bar e leva até o apartamento dela. Ele liga para o irmão e avisa que encontrou , mas que é para o mais novo voltar para casa, que ele cuidaria de tudo sozinho. insiste em ir vê-la, mas não permite, diz que é melhor ele ficar longe pelo menos por enquanto.
  A missão do mais velho agora é fazer com que tire suas roupas e entre embaixo do chuveiro. Ela está resistindo bastante.
  — Você precisa tomar um banho, Mori! — grita ele tentando fazer levantar-se e parar de puxar suas pernas. — Não seja tão teimosa assim!
  — Não quero, . Sai! — ela grita de volta e tenta morder a canela dele, que se esquiva.
  — Eu deveria ter deixado você me morder só para machucar seus dentes! Oh, mulher teimosa! — brada. — Yah, você precisa tomar banho, !
  — Vai ter que me dá banho se quiser que eu tome! Chato! — ela mostra sua língua para ele e começa a rir ainda agarrada às pernas do homem.
  — Não me desafie, cabelo de fogo... — avisa . — Olha que eu te dou banho mesmo, hein!
  — Duvido, -san! — provoca .
   estreita o olhar e solta um suspiro. Dando de ombros, o homem puxa para ficar de pé e agarra ela, levando-a até o box do chuveiro. Esperneando muito, a mulher é carregada por ele e colocada gentilmente dentro do box. liga o chuveiro e a água respinga em .
  — Está frita a águaaaaaa, !!! — berra ela sentindo o frio tomar conta e tentando sair dali, mas é barrada por ele.
  — Assim você acorda — rebate ele. — Anda, tira a roupa!
  — Não! — ela volta a mostrar a língua para ele e ri novamente.
  — Vai tomar banho sim, tira a roupa, ! — ele volta a mandar. — Ora essa, beber todas por causa do ...
  — Já disse que não foi por causa dele! — ela volta a ficar séria e chorosa.
  — Ah, não? Por que então? Por mim? — ele diz em deboche.
  — Não, seu idiota... por mim — ela abaixa a cabeça e recosta na parede, sentindo o corpo pesar.
  — Como assim? — ele entra no box e fica na frente dela.
  — Porque eu sou uma idiota, . Porque ainda acredito que o gosta de mim de verdade... — ela começa a chorar novamente.
  — Hey, não chore, meu amor. Não se sinta assim, ele não merece — abraça ela.
  — E ainda tem esse maldito ciúme! — ela diz, de repente.
  — Ciúme do ?
  — Pior que não... eu não sei o porquê, mas estou com ciúmes do seu irmão.
  — Do ? — questiona ele, confuso.
  — E você tem outro irmão, ?! — ela dá um tapa no peito dele.
  — Por que está com ciúmes do meu irmão? — ele diz, já percebendo que a amiga sente algo a mais pelo irmão mais novo.
  — Se soubesse o motivo, ficaria feliz — lamenta-se e solta um suspiro. — Só sei que, quando a Harumi disse que o beijou e que... ahhh eu quis voar no pescoço dela e quis bater nele também. Mas que ódio, , por que estou sentindo isso sem querer sentir?? — indaga soltando o corpo e fazendo uma expressão triste e emburrada. — E ao mesmo tempo eu tenho ciúme do também! Argn, odeio ser eu agora!
  — Eu não sei, meu amor, só sei que você pode contar comigo para o que você precisar — diz , carinhoso. — Eu amo você — ele aperta o abraço.
  — Você pode me dar banho, por favor? — ela pede, baixinho.
  — Hã?
  — Me ajuda a tomar banho, só enquanto eu choro, por favor...
  — Está bem.
  Nesse momento, deixa de lado qualquer tipo de brincadeira que ele possivelmente faria em outra circunstância. Vendo sua amiga tão frágil assim, como ele nunca havia visto nesses anos de amizade, ele apenas a ajuda a retirar suas roupas e a deixa apenas de lingerie. Ele tira suas roupas também e fica de cueca, entrando no chuveiro junto com a , ele volta a abraçá-la com carinho. afaga as costas dela com um pouco de sabonete até que forme espuma, deixando escorrer a água por toda sua extensão. Enquanto dá banho nela, ele a ouve chorar e o motivo de seu choro é o , melhor amigo de ambos. não sabe o que fez para deixar dessa forma, mas ele sabe que o rapaz tem muito a se explicar e, dessa vez, para .
  Ele pode até admitir que não saiba o que está sentindo, mas ele jamais permitirá que sofra durante o processo de descoberta.

[💻]

  No dia seguinte...
  Hoje é aniversário do .
  Também é aniversário de seis meses do namoro entre e .
  Ambos os eventos coincidem e só esse fato é o suficiente para deixar irritado. Ele chega mais cedo ao trabalho, sendo recepcionado por alguns colegas que lhe dão parabéns pela data. Apesar de chateado, o rapaz está aliviado por seu irmão ter achado a ontem e ter cuidado dela – mesmo que ele mesmo tenha sentido vontade de cuidar da moça. O rapaz senta-se em sua cadeira e inicia mais um dia de trabalho. Há pouca demanda, então ele resolve aperfeiçoar os códigos de demandas já entregues, uma espécie de update dos dados.
   adentra pelo corredor que dá acesso ao seu setor de maneira arrastada. Além de estar de ressaca, a moça sente uma frustração enorme por dois motivos. O primeiro é que ela não sabe se é realmente certo ela sentir ciúme do , afinal de contas ele é seu amigo e é solteiro, ele não deve nenhuma satisfação para ela de quem ele transa ou deixa de transar. O segundo é a incerteza do relacionamento com , mesmo o amando ela sente que ele mente para ela, que esconde algo importante; mesmo sentindo vontade de terminar tudo, o sentimento pelo rapaz ainda é forte; na verdade, começa a achar que esse sentimento está apegado ao de meses atrás, talvez de anos atrás, um que não mentia.
  Na hora do almoço, nota que está com a mesma roupa de ontem e se questiona internamente se ele passou a noite fora de casa. Ela cogita a possibilidade de perguntar a sobre isso, mas certamente ele iria zombar dela dizendo que está com ciúme. Mas, ora essa, e ela não está? Sim, está, mas isso não vem ao caso agora. Ela caminha até o rapaz para poder lhe desejar feliz aniversário, quer dar um abraço apertado nele e poder sentir seu cheiro novamente. Parando para pensar, nota que faz algumas semanas que ela não o abraça, não de verdade. E isso faz tanta falta. Muita falta.
  Antes de se aproximar de , a mulher percebe a presença de Harumi literalmente pendurada no pescoço dele. Mesmo vendo que ele está desconfortável com os beijos que ela lhe dá pelo rosto, sente uma enorme raiva e uma enorme vontade de enterrar o rosto de Harumi na tigela de lámen, porém, ela prefere respirar fundo, dar meia volta e retornar para seu setor. Mais tarde ela fala com o , quem sabe passe no apartamento dele e compre uma pizza.
  — ... — a voz de faz a mulher arrepiar-se involuntariamente. Seus pensamentos, que estavam em , são transferidos para seu namorado que está parado na porta de sua baia.
  — ... — responde ela friamente.
  — A gente pode conversar? — pede ele com o olhar pidão.
  — Se quiser falar comigo, , me mande um e-mail — ela volta seu olhar para a tela de seu computador e continua seu trabalho.
  — Prometo que será rápido — insiste .
   nem olha para ele, continua aparentemente concentrada em seu trabalho, mas pensa inevitavelmente em falar com , afinal ele lhe deve uma explicação.
  — Melhor voltar outra hora, — diz notando o clima tenso instaurado.
  — Mas eu... — inicia , mas é interrompido por .
  — Está tudo bem, — diz ela, sorrindo para o amigo. — Já que o quer tanto conversar, vamos lá! — conclui ela, virando a cadeira na direção de e levantando-se.
  — Tem certeza? — insiste com o olhar preocupado.
  — Tenho sim — ela sorri para ele, se aproximando do amigo e lhe dá um beijo na testa. — Obrigada, .
  — Qualquer coisa me liga — ele diz no mesmo tom preocupado de seu olhar. apenas assente.
   caminha na frente, passando por , e o rapaz a segue. Eles caminham até o elevador, apertando o andar térreo; passam pela portaria e saem do prédio, caminhando até um dos bancos da praça, sentando-se em um deles.
  — Fale de uma vez porque eu não tenho tempo, — diz assim que eles se sentam no banco. engole em seco.
  — Você está bem? — pergunta ele com certo medo.
  — Agora você quer saber? — o olhar revoltado de tem o poder de travar o corpo de na posição em que está agora.
  — Eu fiquei preocupado ontem, você não me atendia — diz ele genuinamente preocupado. — me ligou e disse que tinha te achado no bar, você bebeu?
  — Virou meu pai agora, ? — indaga , irritada. — Fala logo o que você quer, eu tenho dois projetos para finalizar hoje e não estou...
  — Eu não beijei a Hanna — diz ele, de repente. o encara, o coração acelerado e as mãos trêmulas.
  — Não? — indaga com deboche.
  — Ela é apenas uma mulher que eu ajudei naquele dia, ela me pediu ajuda para ir até a casa do ex-namorado pegar algumas coisas, pois ele estava sendo estúpido com ela — explica e completa: — Hanna estava apenas me agradecendo com um beijo no rosto, provavelmente você deve ter visto essa parte.
  — Na verdade... — começa a sentir-se culpada por pensar errado de . — Eu não cheguei a ver vocês se beijando, a porta estava na frente...
  — Eu jamais trairia você, — diz aparentemente sincero. o encara novamente já com os olhos marejados e a cabeça ainda mais confusa.
  — Me desc...
  — Não precisa pedir desculpas, você não fez nada errado, — há um nó na garganta de desde ontem, um nó que não para de crescer.
  Sem dizer mais nada, o rapaz apenas abraça a namorada com força, afagando seus cabelos avermelhados sobre suas costas. De repente, a mente de é invadida pela lembrança do discurso do término que ele havia ensaiado há algum tempo, por que pensa nisso justo agora? Não, ele não quer que seja assim. Não foi assim que ele planejou. Na verdade, não sabe bem se ele quer terminar. Ele não sabe de mais nada.
  Sobre a história que ele conta para , ele não mente quando diz que não beijou Hanna nem sobre o ex-namorado da moça que está sendo estúpido com ela. Isso é realmente verdade. A mentira está na parte que ele diz sobre a amizade deles. Hanna e se conheceram meses atrás e ele vem, secretamente, trocando mensagens com ela todos os dias, até mesmo quando está por perto. A moça está altamente interessada em ficar com ele por se tratar de um homem lindo e solteiro. Esse detalhe sobre a existência de é omitido por assim que ele conheceu Hanna.

[💻]

   não consegue falar com durante todo o expediente, parece até que ele está fugindo dela ou que o destino acha engraçado separá-los justamente hoje. Ao sair do prédio da Seven, ela caminha até a estrada para poder chamar um táxi, ajeitando sua mochila no ombro. Seu destino é o apartamento de seu namorado. Ela havia esquecido da surpresa que preparou para para comemorar os seis meses de namoro: uma noite de amor. Eles, até então, não chegaram a transar. Não por falta de oportunidade, mas por falta de vontade. Bom, vontade – ou tesão – sempre houve, porém sempre falta algo para justificar a transa dos dois. Confuso, não? É, nem eles mesmos sabem explicar direito.
  — Oi, — diz assim que abre a porta de seu apartamento para que ela entre.
  — Oi, — eles se beijam rapidamente e a moça entra no apartamento.
  — Está pronto para a noite de hoje, amor? — diz ela, super animada e sorri sem jeito.
  — O que preparou para nós? — questiona o homem, interessado.
  — Apenas aproveite, !
  O sorriso de sempre foi algo que deixou calmo, mas, por algum motivo, o sorriso que ela mostra em seu rosto agora o angustia, quase o sufoca. Assim que se senta no sofá da sala do apartamento, a mulher pede o jantar deles pelo aplicativo do restaurante. Não demora muito e a comida chega, eles jantam e conversam um pouco sobre como se conheceram, ainda na escola, e de como e quando começaram a se interessar um pelo outro. Nessa parte, é a que mais fala, já que o primeiro interesse partiu dela. Em sua mente, pensa no que ele realmente quer fazer e no que ele deve fazer, ambas sendo coisas diferentes e ambíguas. O que ele quer fazer é manter o namoro com , quem sabe ele consiga sentir algo mais forte após uma noite de amor com ela. Ontem, quando se encontrou com Hanna, ele disse para a moça que queria dar um tempo na relação deles, pois estava confuso com seus sentimentos. Não deixa de estar errado – mas, ele deveria ter dito sobre a , detalhe importante, ! E o que ele deve fazer é terminar o namoro, ele não ama a do jeito que ele achou que amava. Não é amor de homem para mulher, é amor de amigo, um carinho enorme que se confundiu perfeitamente com amor verdadeiro. Como ele esteve engano todo esse tempo, cego pelo sentimento, cego pelo seu egoísmo em não deixar solteira para que não a pedisse em namoro. Mesquinho, essa é uma boa palavra para definir agora.
  O casal se beija com fervor enquanto caminha até o quarto de , ele já está sem camisa e também. beija o pescoço dela enquanto sua mão abre o botão da calça que ela usa. Ao chegarem no quarto, ela deita-se na cama, retirando sua calça completamente, ficando apenas de lingerie. a observa com o olhar predador e retira sua calça; ele aproveita para pegar uma camisinha já que precisará em breve. O rapaz fica de joelhos por cima de e faz menção de retirar a calcinha dela, mas, justamente agora, sua consciência começa a berrar em seu ouvido.
  PARE!   Não, por que agora? Ele está tão excitado e ele quer transar com ela, mas sua mente não deixa, seu coração não deixa. Ambos sabem que o ato pode até ser prazeroso no momento de sua execução, porém será doloroso após, quem sabe até destrutivo para ambos os corações envolvidos. não quer isso. Ele não pode fazer isso. Não com ela....
  — Eu não posso... — sussurra ele afastando-se de .
  — ... o que houve? — ela senta-se na cama, enquanto vê ele se afastar mais e ficando de pé.
  — Eu não posso, — repete ele com mais clareza. — Não posso fazer isso com você, não com você — diz o rapaz, sentindo o nó em sua garganta lhe sufocar, aquele mesmo nó de mais cedo.
  — Do que está falando, ?! Está me assustando — o coração dela saltita dentro de seu peito de maneira descoordenada e dolorosa. A mente pensando mil coisas, todas ruins.
  — Eu não amo você, — revela ele da maneira mais seca e direta possível.
  — O quê? — começa a ofegar, suas mãos tremendo ainda mais. — Co-Como assim, ? ... — ela se sente fraca e aperta os olhos com força.
  — Eu... eu achei que poderia te amar de verdade com o tempo, mas eu não consegui — explica. — O amor que eu sinto é amor de amigo — ele ri sem humor e continua: — Eu não queria... meu Deus, , eu não queria ter te enganado tanto tempo. Eu me odeio tanto por isso...
  — Cala a boca! — ela grita pondo as mãos nos ouvidos e apertando o local. — Eu não quero mais ouvir!
  — — ele tenta se aproximar, mas ela levanta-se da cama e começa a catar as próprias roupas. Ela só quer sair dali. — , espera, vamos...
  — Me solta! — ela faz um movimento brusco com o braço, livrando-se de e continua vestindo sua calça, procurando com o olhar sua blusa que está na sala. Ao lembrar-se o paradeiro da peça, ela caminha até a porta, mas é barrada por . — Já disse para me soltar, ! — grita novamente.
  — Dessa vez você não vai sair daqui dessa forma — ele segura o braço dela. — Precisamos...
  — Cala a porra da boca, ! — berra . — Se é para falar merda, melhor ficar calado, por favor!
  — Eu não queria, , eu não... — ele segura o outro punho dela, que resiste e se sacode falando por cima dele na tentativa de não o ouvir. — Eu nunca quis magoar você, mas eu não consigo controlar meus sentimentos. Eu sentia ciúme quando você ficava com outros caras — revela ele, continua se debatendo em seus braços. — Quando você ficou com o eu quis surtar de ciúme, eu quis matar ele por ter ficado com você mesmo sabendo que eu gostava de você — tenta não ouvir, mas acaba ouvindo cada palavra e sentindo-se cada vez mais irritada e desesperada para sair dali. — E quando você ficou com o ... foi o cúmulo da minha raiva, meu ciúme foi mais intenso e eu deixei minhas emoções tomarem conta de mim e eu bati nele — o olhar de recai sobre e ela para de se debater, fuzilando o rapaz que a encara de volta. — A gente brigou feio naquela festa da Night Parade, ele me disse que procuraria você e te beijaria. Eu não podia deixar, eu tinha que evitar isso, — os olhos dela brilham agora, mas é um brilho de raiva, os lábios dela tremem e o choro é inevitável. — Eu não podia perder você para o ...
  — O quê?! — ela o interrompe com a voz esganiçada. — Você começou a namorar comigo porque o estava interessado em mim? É isso mesmo, ?!
  — Não foi isso que eu disse...
  — Cala a boca! Cala a porra da boca! — berra ela e se solta dos braços de .
  — Eu comecei a namorar você porque eu achava que meu amor era grande suficiente para passar por cima da nossa amizade.
  — Do que está falando? — questiona ela, confusa.
  — Eu achei que meu amor por você, mulher, fosse maior do que meu amor por você, minha melhor amiga.
  — E desde quando ambas as coisas precisam estar separadas, ?! — grita , chorando muito.
  — Eu sei que não... — responde ele com a voz fraca e ofegando. — Eu estava errado em tentar separar, mas isso serviu para eu perceber que eu apenas amo você como amiga — repete ele com um tom de pesar.
   não consegue dizer o que está entalado em sua garganta. Ela quer cuspir na cara dele que ele é um covarde, um garoto mimado, um grande imbecil, que ele não sabe amar ninguém, que ele é um péssimo namorado, que ele não merece a namorada que ela foi para ele, mas ela não consegue. Simplesmente ela não consegue falar tudo o que quer. apenas ergue uma de suas mãos, ainda trêmulas, reunindo toda a força que lhe resta para estapear o rosto de . O rapaz não reage, apenas põe a mão no lugar atingido e volta a encarar que diz mais uma coisa, antes de sair pela porta do quarto de .
  — Está tudo acabado entre nós.

[💻]

  No apartamento dos
  O olhar atento de no ponto branco do teto de seu quarto parece entreter o rapaz que está deitado na mesma posição desde que saiu do banheiro, após tomar banho, e se jogou na cama para pensar. Ele está bastante chateado pelos acontecimentos de hoje, mesmo tendo recebido felicitações de todos seus colegas de trabalho e ter ganhado uma minifesta durante o expediente, não recebeu os parabéns dela. Até agora não lhe desejou parabéns, ela sempre foi uma das primeiras pessoas a lhe mandar uma mensagem ou ir até sua casa acordá-lo com gritos de felicidades. Ele odeia acordar cedo, mas quando era a , ele não se incomodava, ela nunca incomodou.
  Ding dong
  O toque da campainha não faz se mexer na cama, seu olhar ainda está direcionado ao teto de seu quarto e sua respiração ainda está profunda e cansada.
  Ding dong
  O segundo toque já começa a incomodar o rapaz que se questiona o que o irmão está fazendo que não atende essa maldita porta. Ah, claro que está ocupado, afinal sua namorada está no quarto com ele neste momento.
  Ding dong
  Dando um grito irritado, levanta-se de sua cama e vai até a porta, abrindo-a com rapidez. Ao mesmo tempo, abre a porta de seu quarto.
  — Eu já ia atender — diz vendo o irmão caminhar pelo corredor bem na sua frente.
  — Ah, que se dane, , deixa que eu atendo essa merda — ele está de camisa regata e o short do pijama. Assim que atende, ele dá de cara com . — ?
  — Posso dormir aqui? Não quero ficar sozinha hoje — ela pede com a voz fraca.
  A moça está com sua mochila em frente as pernas, segura por suas mãos, a expressão triste na face. Seus cabelos bagunçados e soltos cobrem parte de seu rosto. sente sua garganta fechar-se e sabe que aconteceu algo com ela, imagina até quem é o causador de tudo isso.
  — Claro que pode, — diz . — Você já é de casa — ele toca no ombro dela, mas ela se esquiva parecendo assustada. O rapaz recua sua mão e sorri sem jeito. — Fique à vontade, — ela percebe que exagera e apenas sorri sem graça por sua atitude repentina.
  — Entra — convida caminhando até ela e pegando sua mochila. Aimi ouve a voz de sua amiga e vai até à sala.
  — ... — diz a moça ao ver a amiga parada no meio da sala.
  — Oi, Ai... — a voz de demonstra toda sua melancolia agora. Todos sentem que aconteceu algo e preferem não tocar no assunto.
  — Quer roupa emprestada, amiga? — oferece Aimi enquanto a amiga senta-se no sofá com as mãos sobre as pernas.
  — Não precisa, Ai. Eu trouxe — aponta para sua mochila nas mãos de e se sente mal por lembrar o motivo de ter roupas limpas em sua mochila.
  — Vai tomar um banho, meu amor, eu vou preparar algo para comermos — diz , carinhoso e entrega a mochila para ela, dando-lhe um beijo fraterno na testa da amiga.
   sorri e vai tomar banho, assim que eles ouvem a porta do banheiro ser fechada, começa uma discussão. ouve o vaso decorativo que há em cima da mesa de centro ser atingido pela almofada jogada com toda a força por , a expressão de ódio que ele tem no rosto assusta qualquer um.
  — Calma, — diz baixinho para que não escute.
  — Ele fez algo, — inicia o mais novo. — E se for o que estou pensando eu não irei perdoar — ameaça o rapaz sentindo as mãos trêmulas de raiva.
  — Não fala sobre isso agora. Ela está frágil, melhor falar depois — pede .
  — tem razão, — Aimi diz e ambos olham para ela. — Deixa para falar depois, vamos apenas ouvir a hoje, está bem?
   não diz nada, apenas assente com a cabeça e respira fundo fechando os olhos com força. A raiva que sente é tão grande que, se não fosse por estar em seu apartamento agora, ele certamente iria até para esmurrar a cara dele, assim como prometeu.
   demora um pouco para sair do banheiro, tempo suficiente para que termine o jantar rápido que ele prepara para todos. Enquanto comem, os três tentam conversar coisas aleatórias para fazer se distrair. Vez ou outra ela esboça um sorriso, mas logo ele some dando lugar novamente à sua cara de tristeza. Sua mente fervilha pensamentos de culpa e de raiva. Como que ela não conseguiu enxergar antes que não a amava? Ela estava assim tão cega? Tão apaixonada ao ponto de não ver o óbvio? Vislumbres do que aconteceu horas atrás passam em sua mente agora. O momento em que e ela começaram a se beijar, quando estavam na cama dele, quando retiraram suas roupas, ela apenas de lingerie e ele de cueca, o tesão que sentiu quando o beijou, mas aí veio o golpe...
  Ao lembrar das palavras de , de como se sentiu usada por ele todos esses meses, levanta bruscamente do lado de Aimi e vai para o quarto de hóspedes, que está previamente arrumado por , o que deixa todos boquiabertos, porém ninguém tem coragem de impedir a moça. Todos vão para seus quartos e o apartamento fica escuro e silencioso novamente.

  Minutos depois...
   volta a encarar o teto de seu quarto, dessa vez a luz está apagada e apenas o abajur ilumina parte do cômodo. Ele pensa no que possa ter acontecido com , na verdade ele sabe o que aconteceu, apenas quer saber como aconteceu. De qualquer forma, ele disse a que o mataria se este fizesse sofrer e é isso que ele pensa agora. Maneiras de matar sem que descubra.
  Batidas à porta...
   encara a porta com o olhar confuso e, antes de perguntar quem é, ouve mais uma batida.
  — , sou eu... — diz a voz de , levemente abafada.
  Rapidamente, o rapaz levanta-se de sua cama e liga a luz do quarto, abrindo a porta em seguida.
  — Posso dormir aqui? Eu realmente não quero ficar só — pede ela, sem jeito.
  — Claro, entra — ele dá passagem para ela, que entra no quarto. fecha a porta e se vira para só agora notando o pijama que ela veste: listrado em azul marinho e branco, a blusa meio decotada e o short curto no mesmo estilo da blusa. — Parece uma jogadora de beisebol. Isso é muito sensual, ... — diz ele com a voz arrastada, segurando o tesão que está quase explodindo.
  — Bobo — apenas diz isso e senta-se na ponta da cama dele, ignorando a cantada que o amigo acaba de fazer. A chateação com ainda é grande.
  — Bom, pode ficar com minha cama, vou pegar um edredom para mim — ele diz e caminha até seu armário.
  — Não precisa, — diz ela. — Você pode dormir na cama também, só tem que se comportar — ele a encara sorrindo de canto.
  — Prometo me comportar — promete ele, beijando os dedos cruzados em sinal de promessa.
   solta uma risada nasal e engatinha até a parte de cima da cama, no momento que sua bunda fica empinada, a encara inevitavelmente e sente um arrepio tenso lhe percorrer o corpo.
  Eles tentam conversar um pouco, mas acabam decidindo dormir. desliga o abajur e deixa tudo escuro, ambos estão um pouco afastados na cama, bem nas pontas. Faz frio esta noite e eles estão embaixo do edredom. Seus pensamentos são diversos, tenta não pensar no e tenta não pensar em sua melhor amiga – e seu grande amor – de pijama deitada a poucos centímetros dele.

  Minutos depois...
   está inquieta na cama, resolve manter seus olhos fechados para não cair em nenhum tipo de tentação que possa causar-lhe arrependimentos futuros. De repente, ele sente o corpo de se esbarrar nele. Ao abrir os olhos, vê os cabelos dela bem perto de seu rosto.
  — Desculpa, — ela diz e se afasta um pouco, mas põe a mão em sua cintura, paralisando seu movimento.
  — Tudo bem, — ele recua sua mão e segura com força o lençol que cobre sua cama, se reprovando mentalmente pelo que acaba de fazer.
  — Minha cabeça está fervilhando em pensamentos — comenta ela, baixinho.
  — Imaginei que estivesse precisando de algo.
  — Te odeio por me conhecer tão bem...
  — É o meu dom! — eles riem e ele prossegue num tom mais sério: — Posso fazer algo para te ajudar a dormir?
  — Aquele cafuné que eu amo — ela pede, manhosa.
  Sorrindo, puxa o braço dela para que se aproxime mais. A moça vira-se de costas para o amigo, se ajeitando perto dele. começa a fazer cafuné na nuca dela, subindo até sua orelha, tal carinho sempre acalmou quando ela fica nervosa ou ansiosa, assim como está agora. Com os olhos fechados e sua outra mão em seu rosto, tenta se controlar. A respiração dele está pesada e o cheiro dos cabelos de são como uma droga que o vicia ainda mais. Fazendo um leve movimento, ele chega mais perto dela e consegue sentir mais de perto o calor da moça. Seus lábios muito próximos do pescoço de , ele faz um movimento de erguer sua mão direita para afastar os cabelos dela dali, mas recua um pouco. Segundos depois ele resolve realmente afastar os cabelos de de seu pescoço e os põe por cima do travesseiro; o rapaz encosta levemente seus lábios na nuca dela, a boca meio aberta, a respiração pesada, sua mão direita por cima do ombro de fazendo desenhos no local.
  — ... — sussurra ela com a voz fraca pelos arrepios causados dos beijos de .
  — Hm...
  — Você não está se comportando... — ela diz sentindo as mãos tremerem e outras partes de seu corpo clamarem por mais beijos dele.
  — Quer que eu me comporte? — questiona o rapaz ainda beijando a nuca dela.
  — Não...
  O homem começa a de fato beijar o pescoço dela, beijos extremamente molhados e cheios de tesão. A mão de , que repousava nos ombros de , agora passeia pelo braço dela, passando por sua barriga e arranhando com leveza o local. Tudo isso causa muitos arrepios e suspiros na mulher que não resiste em virar-se de frente para .
  — Tem certeza? A gente não vai conseguir parar...
  — Eu não quero parar, — pede. — Eu quero fazer amor com você, . Por favor, eu quero você! — implora ela, o que deixa o homem extremamente excitado.
   avança agarrando os lábios de com os seus num beijo feroz, suas mãos apertam o corpo dela contra o seu enquanto o beijo acontece, as mãos ferozes de percorrem toda extensão das costas de e suspende sua blusa puxando-a em seguida por cima da cabeça dela, retirando a peça e revelando seus seios. Ele retira a própria camisa enquanto encara retirar seu short, após fazer isso ele vai com as mãos diretamente nos seios dela, juntando os dois em seu rosto enquanto dá um chupão entre eles. solta um suspiro tenso, passando as mãos pelos cabelos dele, significa que ela está gostando. Empolgado, ele começa a chupar cada seio dela com apetite, provocando suspiros prolongados da mulher que puxa com firmeza os cabelos de .
  — ... o e Aimi podem... eles podem ouvir — diz em sussurros.
  — Já ouvi demais do meu irmão — ele a encara e deita ela na cama, subindo sobre seu corpo. — Agora é a vez dele me ouvir um pouco.
  — Mesmo assim não é certo... — insiste ela e apenas passa a mão pela calcinha dela, fazendo-a encará-lo mais incisivamente.
  — Então a gente geme no ouvido um do outro, ok? — ele alisa a intimidade dela, ainda por cima de sua calcinha, abre as pernas instintivamente. — Geme no meu ouvido sussurra, próximo ao ouvido de e ela agarra seu pescoço com ambas as mãos.
  O homem passa os dedos por dentro da calcinha dela, indo diretamente na umidade da intimidade da mulher que o encara com a expressão libidinosa na face. Ele penetra os dois dedos centrais na intimidade dela com jeito para não machucar. Assim que sente os dedos dele dentro dela, abre sua boca e solta um suspiro prolongado, fechando os olhos em seguida e encostando a testa na de que acelera um pouco os movimentos de seus dedos.
  Logo o homem troca de tática, ao invés de penetrar com seus dedos, ele faz isso com sua língua. E a língua de é tão boa chupando sua intimidade quanto beijando seus lábios, disso tem plena certeza. A mulher se contorce na cama, gemendo a cada sugada dada por ele, as pernas dela repuxam instintivamente na tentativa de se esquivar ou sair dali, mas as puxa de volta, prendendo-as com suas mãos, e chupando a intimidade de com mais vigor que antes. O prazer que ele sente é tão grande que ele acaba chegando ao seu orgasmo mesmo sem penetrá-la.

  Minutos depois...
   está abraçando por trás, o rosto colado na nuca da mulher, dando beijos molhados no local enquanto sua mão direita passeia pelo corpo dela, apertando suas coxas erguendo levemente sua perna para poder penetrar melhor; passando pela barriga da mulher e subindo até seus seios apertando-os com carinho; seu caminho finaliza quando a mão de chega até o rosto de segurando seu queixo, virando o rosto dela um pouco para trás para assim ele possa beijá-la e a luxúria desse beijo os excita ainda mais, fazendo acelerar as estocadas que dá agora. empina a bunda para sentir com mais firmeza o membro dele dentro de si.
  — Você é única, . Eu te amo tanto... — diz para ela em meio as estocadas.
   não responde nada, apenas ofega bastante pelo ato libertino e pensa nas palavras dele. Então, ele a ama? Amor? Como? Desde quando? Tantos questionamentos em meio à transa acabam distraindo um pouco a moça, que não percebe o momento em que troca de posição, colocando-a com as pernas erguidas e penetrando-a com força.
  — Diz meu nome... — ele pede, encarando-a.
  — Irmão do — provoca , rindo debochada, e recebe um apertão nas coxas. — Aiii...
  — Meu NOME, ... — ofega , acelerando seus movimentos.
  — Ah... ... — ela geme, manhosa.
  — Isso...
  Enquanto transam, e sentem a mesma coisa, mas não compartilham verbalmente. Sentem-se realizados por estarem finalmente se entregando um para o outro, desde a festa Night Parade que eles têm essa vontade mais aflorada e, se não fosse por ter parado naquela vez, eles já teriam realizado tal desejo. Em seu interior, pensa nas palavras que Aimi lhe disse ainda na viagem para as fontes termais, em como se sentiria quando dormisse com alguém que a ama de verdade, que se sentiria amada. Ela sente isso agora. O jeito como a trata, tão carinhoso, é diferente como a tratava. Não que ele não fosse carinhoso com ela, mas é diferente. é mais gentil, preocupado com o bem-estar dela e, ao mesmo tempo, ele é quente, libidinoso, um pecado ambulante. Efervescente. E sente-se amada a cada estocada que ele dá, a cada beijo recebido com ardor, a cada gemido que dá em seu ouvido e agora, quando ele chega a seu orgasmo e a abraça com força beijando seu pescoço, ela também se sente amada. Muito amada.

[💻]

   volta da cozinha com duas xícaras de café e fecha a porta de seu quarto, trancando-a em seguida. Ele entrega uma das xícaras para enquanto bebe o conteúdo da outra. A toalha molhada em seu pescoço aparta os pingos que caem de seus cabelos, ele acaba de tomar banho, logo após sair do banheiro. Ela também está enrolada na toalha, mas sentada na cama, observando-o tomar café. Os cabelos alongados de caindo sobre seus olhos sempre foram um charme do homem.
  — Está me encarando, Mori? — diz sem olhar para ela.
  — Estou. Não posso? — questiona ela, bebendo um gole de café sem tirar os olhos de cima de .
  — Seria melhor pegar, não? — o olhar sedutor e semicerrado dele recai sobre ela, a mão livre jogando os cabelos para trás de sua cabeça. ergue a sobrancelha.
  — Vem aqui na cama para você ver se eu não pego — chama ela. ri.
  — Aiii, Mori...
  Dando uma boa golada no café, coloca a xícara na mesinha próxima à porta e caminha até a cama. já coloca a xícara em cima da mesinha de canto perto da cama.
  — Posso escovar os dentes antes?
  — Vai negar meu beijo? — ela faz beicinho e ele dá um selinho nela, rindo em seguida.
  — É rápido.
  — Também serei rápida — dando-lhe um puxão, dá um beijo ardente no rapaz.
  — Você é mesmo uma labareda — comenta ele, após o beijo, sorri.
  — Vai escovar os dentes e volte logo. Acho que a gente precisa conversar.
  A tão temida frase é dita. Conversar. É, eles realmente precisam ter uma conversa séria, não dá mais para adiar. Enquanto escova os dentes, pensa em possíveis perguntas que ela fará e já se prepara para responder cada uma delas.
  — Voltei — anuncia ele ao voltar para o quarto, fechando a porta e trancando-a de novo.
  — Senta aqui — ela aponta para o lugar vazio ao lado dela na cama, já está vestida novamente com seu pijama e também já está vestido.
  — Sobre o que exatamente quer conversar, ? — ele sonda antes de sair falando algo que possa se arrepender.
  — Sobre nós dois — diz a moça e completa: — Como... , a gente transou e nós somos amigos há tantos anos... como que fica nossa relação agora? — puxa o ar com força para dentro de seus pulmões.
  — Sugiro que a gente vá com calma — diz o homem. — Eu esperei esse tempo todo por você, posso esperar mais — ele sorri docemente.
  — Eu literalmente acabei de terminar meu namoro, você entende isso, não é?
  — Claro que eu entendo, . Jamais te cobraria nada, você me conhece.
  — Eu sei... Eu achei que conhecesse o também... — inicia ela, mas é interrompida por .
  — Eu não sou ele — ele diz num tom levemente ofendido.
  — Não quis comparar vocês dois, desculpe.
  — Eu sei, eu sei, não vamos brigar — ele se aproxima e abraça ela, dando-lhe um selinho em seguida. — Eu espero por você, minha labareda — eles riem.
  — Posso te perguntar outra coisa, ? — indaga ela, tímida e com a cabeça encostada no ombro dele.
  — Pode.
  — Desde quando você me ama? Você sabe... como uma mulher — ela diz e engole em seco. Essa pergunta ele já estava esperando.
  — Desde antes do nosso primeiro beijo — revela ele e tenta puxar na memória e lembra-se exatamente da cena.
  — Na nossa formatura do ensino médio — diz ela e concorda com um gesto de cabeça.
  — Você estava linda vestida de água-viva — zomba ele, rindo, e lhe dá uma tapa no braço que envolve sua cintura.
  — Bobo! — ela ri também. — Você ainda tem um beijo acolhedor assim como eu senti naquele dia — comenta e a encara de canto.
  — Tenho é? — diz , gabando-se levemente. — Bom saber.
  — Não seja convencido, mais novo — ri de seu comentário. Ele odeia ser chamado assim.
  — Não me provoque, labareda — ele sorri de canto. — Sabe, ...
  — Hm...
  — Sabe o que mais me doía quando eu te via com o ? — questiona ele e o encara de volta com o olhar arregalado.
  — O quê?
  — O fato do aniversário de namoro de vocês ser no mesmo dia do meu aniversário — revela ele levemente amargurado.
  — Me perdoe, ...
  — Está tudo bem, você não tem culpa — ele acaricia o rosto dela com doçura.
  — Então, quando nos beijamos e quase transamos na Night Parade, você já me amava? — ele concorda com a cabeça. — Por que nunca me contou, ?
  — Sempre que cogitava contar para você sobre isso, eu me acovardava — diz ele. — Não me orgulho disso. Na verdade, eu te disse, no parque depois da festa, que gostava de você, mas acho que você estava tão empolgada em me contar sobre o que não prestou atenção nisso e eu também não consegui mais repetir — completa.
  — Ah...
  — Foi difícil para mim — revela o homem e sente sua garganta se fechar e repousa sua mão no rosto de .
  — Eu sinto tanto por não ter visto isso antes — diz ela do fundo de seu coração.
  — Agora você sabe, eu não consigo mais esconder que te amo — o olhar apaixonado de penetra o olhar de e a faz sentir calafrios no estômago. — Eu faço questão que você saiba e sinta o meu amor por você, minha labareda — ele dá um selinho nela que sorri com a fala dele.
  — Por que me chama de labareda? — indaga, curiosa.
  — Por causa da cor do seu cabelo e porque você é totalmente efervescente quando está transando, melhor do que imaginei nos meus melhores delírios — explica e sente o rosto corar. — E seu rosto fica vermelho quando você chora ou sente vergonha, assim como agora — ele aperta a bochecha dela. — Fofa!
  Ela se aninha no peito dele e reflete sobre as palavras que ouviu. Ambos se ajeitam na cama, para ficarem mais confortáveis e desliga a luz do abajur que estava acesa. deita novamente no peito dele enquanto recebe o afago do amigo, o melhor e mais aconchegante afago que ela tanto adora. não sabe como ficará sua relação com daqui para frente, só sabe que não quer se afastar dele, não quer que essa relação fique estranha, que eles se afastem.
  É a última coisa que ela quer e é a primeira coisa que ela fará questão de abolir.
  Ela adormece pensando no homem com quem acabou de ter relações sexuais e que tem o melhor colo do mundo.

Capítulo 6 – Dejà vu

  A manhã seguinte ao seu aniversário parece ser ainda melhor do que foi a noite anterior. desperta sentindo a presença de ao seu lado ainda adormecida. O calor do corpo dela junto ao dele deixa o rapaz abobado de amor, o sentimento dentro de si crescendo mais e mais. Ele dá um suspiro longo e olha a hora no visor do celular, já estava na hora de se levantar. Devagar, o rapaz deixa a cama e vai ao banheiro fazer sua higiene matinal, após ele vai direto para a cozinha preparar o café. Ninguém mais havia acordado, ainda não estava na hora costumeira para se levantar; quando Aimi está lá, ele costuma fazer isso ainda mais tarde. continua a preparar cuidadosamente o café da manhã que levará para ele e degustarem em instantes. Minutos depois, já com tudo pronto, o rapaz ajeita tudo em cima da bandeja e leva até seu quarto. Mas, para sua surpresa, sua cama está vazia; bagunçada, mas vazia. Ele apoia a bandeja na mesinha ao lado de sua cama e vai até o banheiro, onde escuta barulho da água do chuveiro caindo. Pelo barulho vindo do quarto do irmão, ele crê que quem está no banheiro seja . Com um lindo sorriso malicioso nos lábios, ele entra no banheiro trancando a porta em seguida.
  — Que susto, ! — reclama ao ouvir o barulho da porta. — Achei que fosse o — ela diz enquanto esfrega os cabelos com shampoo.
  — Ele não é louco de entrar aqui e te ver pelada — ele diz.
  — Ele já me viu de lingerie.
  — Quando? — ele arqueia a sobrancelha.
  — Depois te conto — ri e vê o rapaz começar a tirar a própria roupa. — Por que está se despindo, ?
  — Vou tomar banho — diz retirando sua calça. — Daqui a pouco temos que ir para o trabalho.
  — E quem disse que você pode tomar banho comigo? — indaga ela, de olhos fechados e passando as mãos nos cabelos embaixo d’água para retirar o shampoo.
  — Achei que poderia me dar meu presente de aniversário atrasado, já que ontem você sequer me mandou uma mensagem — pede o rapaz tirando a cueca e entrando no box do banheiro.
  — Presente? — diz e surpreende-se ao sentir agarrá-la pela cintura e dar um chupão em seus seios. — !
  — Eu amo tanto eles — diz ele, referindo-se aos seios da mulher. — São deliciosos assim como você, labareda — brinca o rapaz, beijando o pescoço dela.
  — Vamos acabar nos atrasando, ... — alerta sentindo arrepios pelo corpo.
  — Um dia não fará mal.
  As mãos dele deslizam pelo corpo da mulher, enquanto seus lábios a beijam em todas as partes alcançáveis. Esse é o melhor presente de aniversário que já ganhou na vida.

  Minutos depois...
  Após tomarem café no quarto de , ele e vão para a sala, já arrumados para o trabalho, e encontram Aimi e também já prontos. O look de trabalho da é bem simples, porém ela não deixa de estar linda. Uma blusa estilo cropped, calça verde-musgo, tênis e óculos escuros, os cabelos presos para o alto e a franja avermelhada.
  Os quatro deixam o apartamento dos e se dirigem ao carro de , primeiro ele deixa a namorada no trabalho e depois segue para a Seven. Eles chegam antes do horário de trabalho e passam na copa para tomar café e conversarem um pouco, os três. Nenhum comentário é feito sobre o ou sobre a noite que e tiveram. A mágoa em ainda é grande e ela não sabe se quer ver ou conversar com agora, dando graças a Deus do setor dele estar longe do dela, pelo menos assim ela pode evitar a presença do rapaz, apesar de sentir em fazer isso. Ela ainda tem sentimentos por , um carinho muito grande, afinal eles são melhores amigos.

  8h04AM
   caminha na direção de seu setor. Ontem ele estava ocupado passando uma noite de amor e prazer com a que nem teve tempo ou oportunidade para se irritar com o que o fez a ela. Enquanto conversavam ontem, desabafando, a contou para o amigo o que disse e em qual situação. A vontade que teve foi em largar tudo, ir até a casa de e socar a cara dele, mas ele não teve coragem de deixar a sozinha naquele momento. Ele jamais teria essa coragem. Porém, hoje após essas horas pensando no que fazer, com a cabeça mais fria – se é que podemos assim dizer – ele pode pensar na raiva acumulada que tem pelo amigo. Bem lá no fundo, não deseja o mal para , ele apenas quer que ele seja sincero, mas ao mesmo tempo ele sabe que a covardia e lerdeza do amigo é acentuada demais para fazê-lo tomar atitudes que podem parecer óbvias para outras pessoas, até mesmo para . Assim que chega ao setor de BackEnd, enxerga a figura de de costas sentado em sua cadeira. Um outro colega o cumprimenta, mas o objetivo do é um só e nada o tirará de seu foco. O movimento feito por ele é certeiro: ele puxa o ombro de fazendo a cadeira dele girar e desfere um belo e forte soco no nariz do amigo. A surpresa pelo golpe faz cambalear ainda sentado e sentir o nariz arder pelo impacto, o gosto de sangue lhe vem à boca e ele sente um pouco lhe escorrer para fora de seu nariz.
  — Mas que... — ele ia falar algo, mas é erguido por que o puxa forte pelo casaco, encarando-o com muita raiva no olhar.
  — Você é um covarde! — brada , as pessoas em volta observando a cena sem entender nada. — Como ousou dizer aquilo para ela naquela circunstância?! Seu imbecil! — ele cospe as palavras e entende que já sabe o que ele fez.
  — Então você sabe? — indaga ele, retoricamente, rindo um pouco e sem humor. — Eu não quis...
  — Não ouse dizer que não quis magoá-la porque sabíamos que faria isso de qualquer maneira, ! — sacode , apertando ainda mais o casaco vestido pelo amigo.
  — Como descobriu isso? Ela te contou?
  — Contou. Ela estava tão arrasada ontem... você não tinha o direito de...
  — Cala a boca, ! Quem é você para falar alguma coisa de mim?! — brada , perdendo a paciência e leva uma sacudida de , mas dessa vez ele também segura o casaco do amigo e o sacode de volta. — Você quer brigar, não quer?
  — O que você acha? — sibila .
  Antes mesmo de haver mais falas, dá um soco no queixo de e eles se soltam, o leva a mão à boca e parte em seguida para cima de desferindo mais um soco. A briga se instaura e os colegas de trabalho começam a gritar, pedindo para que parem de brigar. Alguns tentam separá-los, mas a força de ambos é surreal e não permite que ninguém tenha êxito. Os dois acabam caindo no chão e continuam se batendo. consegue montar em e começa a sequência de socos.
  Um, dois, três, quatro, cinco...
  A sequência que faz o rosto de pender de um lado a outro e o sangue sair por sua boca e continuar saindo de seu nariz, manchando o carpete da empresa. Por dentro, sente muito em socar a cara do amigo, ainda é seu amigo, ele gosta muito dele. Mas, porra, ele não pode ignorar o que ele fez a . Não, ele não pode e ele não consegue perdoá-lo. Pelo menos não agora.
  O sexto soco é impedido por que segura com firmeza o punho do irmão, puxando o mais novo consigo o mais velho levanta e continua segurando . tenta se levantar e se sente tonto, cuspindo um pouco de sangue involuntariamente.
  — Me solta — diz para o irmão, o peito arfando de cansaço.
  — Melhor não...
  — Não vou mais bater nele — diz o rapaz e o solta sabendo exatamente o que o irmão faria a seguir. No fundo, ele mesmo queria bater em .
  Antes do se levantar totalmente, se aproxima e dá mais um soco em seu rosto e ele volta a cair.
  — Imbecil! — brada o e ajeita a roupa em seu corpo, deixando o setor.
   está com uma enorme dor de cabeça, sente os músculos de seu corpo reclamarem e, principalmente, o seu rosto doer. Um colega de trabalho o ajuda e o leva até a enfermaria. acaba sabendo da briga e corre para o BackEnd para ver como os dois estão, mas não encontra ninguém ali, apenas um dos novatos que avisa que eles foram para a enfermaria. O jovem estagiário se referia ao , mas o primeiro pensamento de é saber como o está e ela acha que quem está na enfermaria é ele.
  — !? — diz ela, afobada, ao entrar na enfermaria e dá de cara com o .
  — Não é o ... — ele diz, simplesmente, e continua a se olhar no espelho, passando a gaze no machucado próximo ao seu olho.
  — ... — hesita , respirando fundo e adentrando mais o local. — Você está bem?
  — Não importa — responde num tom amargurado.
  — Não seja assim, me deixe cuidar disso — ela tenta tomar a gaze da mão dele, mas puxa com brutalidade.
  — Não precisa — diz ele, ríspido. — Vai atrás do . Aquele traidor...
  — , não fale assim, ele é seu amigo. Nosso amigo! — ela se aproxima mais uma vez, mas sente a mão de empurrar a sua.
  — Mas ele quer ser mais que seu amigo, né?
  — Isso não tem importância agora, vem aqui... — tenta mais uma vez cuidar dos machucados dele, mas brada irritado:
  — Me deixe em paz, ! Vai atrás do , vai!
  — Não seja estúpido, ! — grita . — Vai continuar sendo um imbecil mesmo em momentos assim? Hm?!
  — Eu estou com raiva!
  — Mas não precisa descontar a sua raiva do em mim, idiota! — ela branda num tom magoado e completa: — O que houve entre vocês?
  — Não consegue imaginar?
  — Se eu conseguisse, eu não te perguntaria!
  — Pois não serei eu a te dizer. Só te digo que o só quer dormir com você e nada mais — diz ele, amargurado e sabendo que o que diz é mentira.
  — Ele não precisa mais querer — inicia e a encara com o olhar espantado. — Porque já dormimos juntos — finaliza ela sem entender o porquê de ter contado isso.
  — Eu não acredito — ele ri, em deboche. — Não achei que você fosse tão rápida e fácil assim, Mori!
  — Hã?
  Horrorizada pelas palavras de seu ex namorado, apenas dá um tapa no rosto de , o momento em que o estapeou na festa Night Parade lhe vem à memória de imediato. O mesmo sentimento lhe toma agora, uma raiva tremenda...
  — Imbecil!
   deixa a enfermaria e sai andando pelos corredores da Seven sem rumo definido. Sua mente fervilhando e a raiva lhe consumindo ainda mais. Como ele pôde dizer aquilo? Por quê? O quão imbecil é capaz de ser? Será que ele sempre foi assim e ela nunca notou? Tantas perguntas sem respostas imediatas que a deixam ainda mais irritada, as lágrimas escorrendo por seu rosto.
  O destino a leva até a copa da empresa, lá dentro ela encontra e Harumi, a outra pendurada no braço do rapaz alisando os machucados no rosto dele. A presença de é vista por ele, que empurra Harumi para longe e se levanta.
  — ! — ele chama por ela, mas a moça sai da copa sem dizer nada.
   vai atrás dela e, assim que a alcança, ele a puxa pelo braço.
  — Solta! — exige e a solta imediatamente.
  — Eu não fiz nada.
  — Eu não perguntei, — sibila ela e se vira, puxando-o consigo.
  — Para onde...
  — Cala essa boca, !
  Ela volta a exigir e o puxa até o alojamento dos funcionários que há na Seven. É uma sala que serve de dormitório para os funcionários descansarem após o almoço ou até mesmo se estiverem com algum mal-estar, eles podem descansar ali. Há alguns beliches e camas individuais além de um kit de primeiros-socorros. É justamente ele que pega, depois de empurrar para uma das camas individuais.
  — O que houve? — indaga ela sem encarar enquanto separa algumas gazes e o remédio para colocar nas feridas.
  — Eu discuti com o ... — ele diz de maneira óbvia e o encara.
  — Isso eu percebi, . Quero saber o porquê?
  — Porque ele é um idiota — diz e vê colocar uma gaze molhada com soro no canto de sua boca. — Eu sou um idiota...
  — Também sei disso — sente sua boca arder.
  — Aiii, — reclama ele.
  — Para de se mexer, ! — ela reclama também e lhe dá um beliscão com a mão livre.
  — Isso dói, sabia?! — dá de ombros e ele prossegue. — Eu sei que... que eu não deveria, mas eu fui falar com ele sobre o que rolou entre vocês ontem — aperta a gaze, involuntariamente, no rosto de . — Aii!
  — Por que fez isso?! — indaga ela com os olhos saltados.
  — Me perdoa, ...
  — Idiota! Que droga, ! Ah, agora o vai achar que...
  — Ele não vai pensar nada — interrompe ele. — E se ele pensar, problema dele!
  — Na verdade, ele já pensou, mas deixa isso para lá. Vem cá — ela puxa o rosto dele, o mantendo parado e continua passando o remédio no rosto do amigo. — ...
  — Hm?
  — Esquecendo um pouco o ... você e a Harumi... vocês...
  — O que tem?
  — Já ficaram juntos? — a olha com o olhar suspenso, mantendo o rosto parado.
  — Já saímos algumas vezes, mas nada além disso.
  — Já se beijaram?
  — Sim — ele responde, mas não entende onde a amiga quer chegar.
  — Hm... — resmunga em resposta e aplica um curativo no machucado próximo aos lábios de .
  — Por que pergunta?
  — Curiosidade...
  — ...
  — O que é? Eu não posso perguntar se você tem algo com a Harumi? Virou crime agora? — ela diz, mudando de humor, de repente.
  — Não é nenhum crime...
  — Eu vi vocês dois tão íntimos na viagem às fontes termais e agora a pouco ela estava bem à vontade no seu pescoço — ela diz, irritada.
  — Está com ciúmes de mim?
  — Não se gabe, ! — ela aperta novamente outra ferida do rosto dele, que geme de dor. — Bestão! Aposto que queria dormir com a Harumi ontem de novo, ao invés de ter dormido comigo.
  — Nós nunca dormimos juntos! — defende-se .
  — Ah, , conta outra. Ela já me disse que...
  — Ela mentiu! — interrompe ele. — Eu nunca dormi com ela e nem pretendo — ele a abraça, de repente, e se afasta em seguida. — Eu amo você, . E eu só quero dormir com você.
  — ...
  O rapaz dá um beijo nos lábios de , surpreendendo-a.
  — ... eu não quero mais ser sua amiga — ela diz, após o beijo e o rapaz arregala o olhar.
  — Hã?
  — É... eu não posso mais ser sua amiga — repete ela e põe o curativo que ia colocar em em cima da caixa de primeiros-socorros novamente, balançando a cabeça em negação.
  — , como assim? — indaga ele, angustiado. — Por favor, me perdoa, eu fui um idiota, eu não deveria ter...
  — ! — ela segura o rosto dele, o firmando de frente para o seu. — Eu não quero mais ser sua amiga porque gosto de você como homem.
  — Hã?
  — Eu demorei para perceber, acho que eu me autossabotei para não me deixar enxergar meu sentimento por você — inicia ela, ainda segurando o rosto do rapaz. — Me apeguei tanto ao que eu achava sentir pelo que eu me ceguei ao sentimento por você. Eu comecei a sentir cada vez mais ciúmes seu. Quando eu te via passando pelos corredores com a Harumi pendurada em seu braço eu queria esmagar os dois. Eu queria sair gritando para ela se afastar de você, ... — confessa ela e não consegue interromper, ele não consegue nem pensar direito, tentando processar tudo que ouve. — Eu não quis entender que era ciúme, eu não consegui associar que o que eu sentia pelo era diferente do que eu sinto por você. Eu demorei tanto, ...
  — ... — sussurra , hesitante e fecha os olhos por alguns instantes. — Você...
  — Eu quero tentar, . Quero tentar esse sentimento por você, quero deixá-lo aflorar mais.
  — ...
  — Ontem eu senti o seu amor por mim, vi a sinceridade e a pureza nele. Eu me senti tão amada por você, , e eu senti o meu sentimento crescer também a cada toque seu, a cada beijo e a cada vez que você sussurrava em meu ouvido.
  — ... — a emoção a cada vez que pronuncia o nome dela cresce e faz ele embargar a voz, sentindo-se incapaz de pronunciar qualquer outra palavra.
  — Eu quero tentar, eu quero de verdade tentar...
  — ...
  — Você vai ficar falando meu nome até quando, ? — ela diz, irritando-se com a falta de palavras dele. — ?! Eu acabei de me declarar para você e...
   a cala com um beijo quente, as mãos dele envolvendo a cintura de com firmeza e a emoção tomando conta da mente e corpo do rapaz. Ao fim do beijo, ele a encara com os olhos levemente marejados.
  — Eu te amo, ! — declara-se ele. — Eu aceito tentar algo com você!
   sorri com a afirmação dele e o beija com carinho. Dentro da moça o alívio em confessar seus sentimentos, com a certeza da existência deles, a deixa relaxada. O beijo carinhoso vira um beijo quente, tão efervescente quanto os beijos que deram ontem ou na Night Parade, meses atrás. afasta a caixa de primeiros-socorros, a colocando para o lado, e se deita na cama puxando consigo. Ele beija o pescoço dela enquanto segura sua cabeça, os dedos entrelaçados nos fios dos cabelos de , a respiração ofegante e o tesão aumentando.
  — ... estamos no trabalho...
  — E? — indaga ele, ainda beijando o pescoço dela, a mão livre adentrando a calça de .
  — Alguém pode entrar aqui e pegar a gente se agarrando — alerta em tom óbvio.
  — Hm... quer que eu pare agora? — ele distribui seus beijos pelas bochechas dela, sua mão agora dentro da calcinha da moça.
  — Sim... — responde , mas logo muda de ideia. — Ah, está tão bom... — ela diz e ri com a reação dela. — Mas para, para! — ela o empurra, retirando a mão dele de dentro de sua calça. sorri de canto.
  — Podemos continuar depois, labareda.
  — Em casa — completa ela.
  — Quer ir para casa comigo?
  — Quero — eles riem de maneira cúmplice e dão um selinho rápido.
   teve incertezas por muitos meses, enquanto namorou . Porém, agora que está se permitindo tentar algo com , as certezas de seus sentimentos e da reciprocidade deles são nítidas para a mulher. Ela detesta comparar os dois, mas consegue ver com mais clareza que o fazia um grande esforço para retribuir o que ela demonstrava sentir. Já é diferente, é natural, ele não precisa se esforçar em nada para mostrar para ela que a ama. Ela sente em cada gesto dele.
  O casal, que ainda não dá um nome à relação, volta para seus postos de trabalho e prossegue com o dia. evita olhar para que está bem atrás dele, sua concentração está na tela de seu computador e no código que precisa terminar hoje. Na verdade, ele não precisa terminar, já que essa é a demanda do mês que vem, porém o homem quer tanto esquecer da briga que teve com mais cedo, ele quer concentrar-se no que sente por , quer viver a relação que inicia com ela hoje de maneira leve e, para isso, ele precisa esquecer-se da raiva que sente de .
  Mas é tão difícil para ele...
   sabe que, algum dia, ele conseguirá olhar para novamente sem sentir vontade de quebrar a cara do amigo com socos, mas, esse dia certamente não é hoje.

[💻]

“Funk-a-style!!!
  A grande festa no ferro-velho. Dessa vez maior e com mais horas de som!
  Garanta seu ingresso!”

  Esse é o flyer de divulgação da festa que acontecerá em algumas horas. Quase dois meses se passaram desde que e iniciaram a relação deles que ainda não tem um nome definido. Isso não os incomoda, na verdade ambos preferem ainda não denominarem nada, estão apenas curtindo os momentos juntos. termina de se arrumar para a festa e manda uma mensagem para avisando que está pronta. Seu look é composto por uma blusa curta de alça fina e preta, com uma estampa que simula duas mãos segurando seus seios; um short preto, na altura do meio de suas coxas; botas pretas de cano curto; os cabelos soltos com sua franja habitual e as laterais trançadas; um gorro preto com uma argola na lateral completa o look de .
  Ela deixa seu apartamento e aguarda a chegada de e os outros. Ela sabe que também vai à festa, mas por conta própria. Pelo menos não terá que vê-lo logo de cara ainda no carro. Faz algumas semanas que ela nem sequer olha para o rapaz, lhe dói muito esse gelo, mas toda vez que ele chega perto dela é para tentar convencê-la de que não quer nada sério com ela. Parece até que está descrevendo a si próprio meses atrás. Sem credibilidade, não dá bola às palavras do amigo e sempre o ignora.
   buzina, chamando a atenção da amiga, que sorri ao vê-la.
  — Gatíssima! — exclama o rapaz assim que se aproxima do carro e faz menção de entrar.
  — Espera!!! — grita , ainda dentro do carro, o que assusta a fazendo parar seu movimento. Ele desce do carro, dando a volta e segura uma das mãos dela. — Nossa… — ele faz com que ela dê uma volta mostrando toda sua produção para a festa de hoje. — Você está maravilhosa, labareda — elogia ele, puxando o corpo dela para si e a beijando. — Maravilhosa!
  — Obrigada, — ela diz, sem jeito e sente o olhar dele pender para seus seios. — Meus olhos são aqui em cima — alerta ela.
  — Estou com saudades deles — o rapaz sussurra e mordisca a bochecha dela.
  — Vocês vão entrar ou preferem subir para transar antes da festa? — sugere pondo a cabeça para fora do carro.
  — ! — reclama Aimi, rindo, e puxa o namorado de volta para dentro do carro.
  — Mais tarde a gente segue a sugestão do meu irmão — diz e volta a beijar a moça. — Você não me escapa, labareda.
   pisca para ela que solta uma risada, ela também quer muito transar novamente com ele, afinal já faz três dias que isso não acontece. O rapaz abre a porta traseira do carro, dando passagem para a entrada de . Assim que ela entra, ele fecha a porta e dá a volta no carro também entrando no veículo. Com todos dentro do carro, segue até o destino: festa Funk-a-style!
  O anúncio do flyer não mentia quando dizia que a festa teria mais horas de som e mais espaço. O ferro-velho onde ocorre a festa de hoje é certamente três vezes maior que o anterior, onde aconteceu a Night Parade. Assim que entram no local, os dois casais seguem para a pista de dança. A música alta entrando em suas mentes e os fazendo dançar freneticamente. A noite está apenas começando.

  Horas depois…
  Apesar da festa estar lotada de gente, acaba encontrando os amigos. Claro que o clima tenso entre eles ainda existe e o rapaz conversa apenas com e Aimi que não o deixam sozinho. e apenas bebem enquanto dançam um pouco, a mão do rapaz envolvida na cintura dela e o rosto colado ao de . A cena está, de alguma forma, irritando que mal consegue prestar atenção no que os outros falam com ele, o olhar fixado em ; no movimento que a cintura dela faz esfregando-se em ; a mão dele agarrada na cintura da moça com firmeza; a raiva que sente é inevitável para ele e a confusão de seus sentimentos também.
  Após um tempo, e se afastam e acabam sumindo de onde estavam. Irritado com a dispersão do amigo, o intima a contar o que está sentindo.
  — Você sempre foi o mais fechado — inicia o mais velho, dando um tapa no ombro de , que finalmente volta a encará-lo.
  — Hã? — diz , ainda disperso.
  — Por que não fala o que está sentindo, ?! — instiga . — Porra, eu sei que você está chateado, fala de uma vez!
  — … — o rapaz solta um suspiro. — Eu ainda não consigo ver os dois juntos, é estranho.
  — Não me diga que se arrependeu? — o olhar horrorizado de faz tremer.
  — Não é isso, é que… — ele hesita um pouco. — É que eu nunca achei que isso fosse possível.
  — O quê?
  — Eles dois juntos…— solta uma risada genuína.
  — Achou que meu irmão nunca seria capaz de confessar seus sentimentos por ela?
  — Talvez.
  — Ah, , você é estranho — comenta , ainda rindo. — E irritante também — completa. — Agora eu consigo entender a raiva que o sentia de você. Sente, na verdade.
  — É recíproco.
  — Você não deveria sentir raiva dele.
  — Por que não? — rebate .
  — Porque quando você namorava a , meu irmão nenhum só dia foi capaz de “furar o seu olho” — ele faz o sinal de aspas com as mãos. — Ele respeitou seu relacionamento e, principalmente, os sentimentos da . A decisão dela em ficar com você.
  — Até parece que eu não estou respeitando…
  — Ficar encarando eles dois juntos com a sua cara irritada não é bem respeitar, — rebate . Aimi apenas observa a cena bebendo seu drink.
  — Não tenho o direito de sentir ciúme, então?
  — Ciúme? — gargalha. — Você não está com ciúmes, . Isso é orgulho ferido — determina o mais velho.
  — Quê?
  — Está com o orgulho ferido porque a descobriu a sua mentira descarada e agora está enxergando e dando uma chance para o amor que meu irmão sente por ela — diz ele. — E nós todos sabemos que é verdadeiro.
   não diz mais nada. Apenas dá um gole em sua bebida. Daí em diante ele não profere mais nenhuma palavra.

  Em outra parte da festa…
   agarra a por trás enquanto caminham apressadamente. As mãos apertando os seios dela. Eles estão em uma parte do ferro-velho onde há apenas carros, teoricamente nem é para eles estarem ali, mas isso não os impede de estarem. Ansiosos para terem um ao outro e sem conseguir esperar até chegarem em casa, eles chegam a um dos carros encostando no veículo. O corpo de é pressionado contra o carro enquanto é explorado pelas mãos e lábios de . Antes mesmo de entrar no carro, a mulher já está sem sua blusa e dois dos três botões que compõem seu short estão abertos. abre a porta traseira do carro e deita no banco, subindo um pouco para dentro para dar espaço para que ele entre também. O homem deita-se em cima dela, fechando a porta em seguida, e volta sua atenção aos seios de ; realmente ele os ama demais e ama ainda mais tê-los em sua boca. O seio direito é o primeiro a receber o mimo de ser sugado pelos lábios apetitosos e quentes do homem que o faz com vigor. solta suspiros enquanto agarra os bancos do carro, abrindo as pernas pedindo por outra coisa.
  Após terminar de chupar o seio direito, o lambe e diz:
  — Já volto, ok?
  Tal fala faz rir, mas logo ela volta a contorcer-se com as sugadas fortes que dá em seus seios. O homem desce com uma trilha de chupões pela barriga de , fazendo-a gemer alto, e chega até a virilha dela. Sem tirar o olhar da mulher, termina de desabotoar o short dela, retirando-o e desabotoando a própria calça. Ele faz um malabarismo para tirar a calça e aproveita para tirar sua cueca também, colocando um preservativo em seu membro que já está enrijecido há bastante tempo, a calcinha de é a última coisa que ele tira antes de introduzir seu membro na mulher que geme com o gesto.
   não consegue controlar os gemidos e muito menos os espasmos em suas pernas que tremem com o impacto causado pelas estocadas que lhe dá agora. A força e o tesão emanam do homem que segura com firmeza a nuca dela enquanto solta gemidos roçando a boca entre os seios dela. A transa dura pouco, mas o suficiente para fazer ambos chegarem aos seus orgasmos, em tempos diferentes.
   se permite relaxar um pouco, o membro ainda introduzido em que tem o peito arfando de cansaço. A mão dela está repousada sobre a cabeça dele, fazendo gestos de carinho enquanto puxa levemente os cabelos da parte de trás da cabeça do homem. ainda está com muita vontade, então começa a rebolar a intimidade em que a encara com o olhar cheio de tesão.
  — Preciso de um tempinho, — ele diz, ofegante. — Para me recuperar — pede ele e começa a chupar o seio dela.
  — Ah, então vou procurar o — diz e sente ele parar de chupá-la imediatamente. A moça se arrepende do que acaba de dizer. — Desculpa, , desculpa…
  — Eu vou jogar essa camisinha fora — ele levanta bruscamente e retira seu membro de dentro dela, voltando seu olhar para a camisinha. — Está melequenta, eca — ele ri sem humor.
  — , eu… — tenta pedir desculpas novamente, mas parece ignorar que ela lhe disse qualquer coisa que o magoasse.
  — Se veste — ele diz. — Alguém pode aparecer. Não quer ser pega sem calcinha, né? — ele ri novamente sem humor.
  O homem sente sua garganta fechar, ele mal consegue respirar, mas mantém a expressão amena; ele pega sua cueca e veste após tirar a camisinha usada e amarrá-la ao meio. Em silêncio, veste toda sua roupa e deixa o carro, fechando a porta, o vê caminhar para uma parede de carros que há atrás deles.
   se encosta em um desses carros que formam o paredão e olha para o nada jogando a camisinha para longe com força, ele não consegue pensar em outra coisa a não ser uma: não gosta dele. Por mais que ele perceba e sinta que a amiga retribui todo o tesão que eles trocam durante o sexo e todo o sentimento que ele tem por ela, ele não consegue ignorar a fala dela. Perguntas inevitáveis pairam em sua mente agora, perguntas que ele não tem coragem de fazer para . Ele apenas chora baixinho, fechando os olhos.
  Após se vestir, deixa o carro e vai até , puxando-o pelo casaco.
  — Me perdoa, , me perdoa! Eu agi feito uma babaca — ela volta a pedir em tom desesperado. — Eu não deveria ter…
  — Está bem — ele a interrompe com a voz embargada.
  — o abraça com força, mas não retribui, apenas fica parado com os braços arriados, inertes a qualquer movimento que seu cérebro o mande fazer.
  — Melhor a gente conversar depois, né? — diz, sem emoção e completa: — Vamos voltar para a festa.
   segue o caminho que fez minutos atrás com em seus braços com o sentimento inverso ao de antes. A tristeza e incerteza o dominam e não o deixam pensar racionalmente, ele está totalmente no automático.
  Sem perceber, ele caminha sozinho até próximo a parte onde acontece a festa de fato, a música alta e a quantidade excessiva de pessoas são um indício disso. Só então ele vê que está sozinho.
  — … — sussurra ele para si mesmo.
  O olhar atento dele percorre todo o perímetro enquanto ele caminha de volta para onde estava com a , ao chegar lá ele não encontra ninguém. resolve voltar para onde está acontecendo a festa e percorre pelo meio das pessoas em busca da moça. Logo ele consegue avistá-la, os cabelos avermelhados são um excelente meio de achá-la mais rápido.
   está com uma garrafa de bebida na mão, ela entorna eventualmente a bebida para dentro de sua boca com os olhos fechados. Próximo a ela, vê um homem mais alto e mais forte que ele dar em cima de , literalmente ele está a cercando. Irritado, o se aproxima e empurra o cara que o olha de cima de maneira esnobe. O homem tenta puxar pelo braço, mas estapeia a mão dele e, em seguida, desfere um soco em seu queixo.
  — ! — espanta-se .
  O grande homem também bate em e começa uma briga mais feia que a que ele teve com meses atrás. É preciso três pessoas para separar os dois, durante a confusão apenas gritava e tentava afastar , tudo em vão.
  — Nunca mais encoste na minha namorada! — o rapaz grita, irritado. — Me solta! — pede ele para a pessoa que o agarra para que não volte a brigar.
  Depois que é solto, puxa a mão de e a arrasta consigo para longe dali.
  Já longe, próximo a um quiosque de comida, o rapaz encosta na parede dali e o abraça.
  — Você está bem? — questiona ela, analisando a boca partida dele.
  — Sim e você? — devolve a pergunta.
  — Estou sim — responde e aperta o casaco de , sentindo as lágrimas rolarem. — Me perdoa, .
  — Já disse para falarmos disso depois,
  — Mas eu preciso me desculpar, ! Eu fui tão…
  — Você está bêbada, eu também estou, é melhor a gente falar depois, por favor — volta a pedir e segura o rosto dela.
  — Eu não sei por que disse aquilo. Não sei por que falei do … — ela fecha os olhos e tenta se impedir de perguntar, mas é tarde demais.
  — Você só está comigo para esquecê-lo? — abre os olhos de imediato, os olhos saltados de surpresa.
  — O quê?!
  — Pode dizer, a gente só transou porque você quis esquecer-se do , não é? — repete a pergunta e sente a onda de raiva lhe invadir.
  — Não seja… não seja estúpido, ! — brada ela com a voz embargada e empurra as mãos dele para longe, afastando o corpo um pouco para trás. — Eu quis transar com você porque eu sinto atração por você, porque eu me importo!
  — Se importa? — ele ri, em deboche. — Isso é pré-requisito para transar com alguém agora? Eu também me importo com todos os meus amigos e nem por isso eu saio transando com cada um.
  Antes de pensar numa resposta, dá um forte tapa no rosto de .
  — Seu idiota!
  Ela nem dá espaço para que ele diga algo, caminha na direção da saída do ferro-velho sozinha. fica tão arrependido e desnorteado com o que disse e com o tapa que recebeu, merecidamente, que não tem reação de ir atrás dela pedir perdão, quando esse estalo lhe bate no cérebro, ele já não consegue mais saber para onde ela havia ido.
  Irritado consigo e com a situação, o mais novo corre para fora da festa à procura de sua amada amiga. Como ele está arrependido de ter jogado isso na cara dela, se arrependimento matasse…
  Há uma pracinha perto do ferro-velho, está mal iluminado no local, mas consegue ver uma pessoa subir no escorregador infantil e entrar na cabaninha que há ali. O homem corre até lá e sobe no escorregador.
  — ? — ele chama em tom baixo. — , me deixa entrar — pede.
  — Me deixa, , vai embora! — grita, chorosa. Vendo que se trata de uma porta de plástico e fácil de se abrir, abre a portinha e entra na pequena cabana. — Quem disse que era para você entrar?! — ela começa a bater nele, mas ele segura suas mãos com firmeza.
  — A pracinha é pública, labareda — ele ri com o seu comentário e começa a acariciar os punhos de , que tenta se livrar dele.
  — Me deixa, … — volta a pedir com a voz embargada. — Você é um idiota, não sei por que eu ainda perco o meu tempo me declarando para você! O que quer?
  — Quero que me perdoe. Eu não deveria ter dito sobre você ter ficado comigo para esquecer o .
  — Não mesmo! Você foi estúpido! — brada a mulher.
  — Eu sei, mas você também foi quando disse que procuraria o para transar com ele — rebate e o encara, emburrada.
  — Eu já pedi desculpas! — grita. — Mas que inferno, o que mais você quer que eu diga ou faça?
  — Já te perdoei, minha labareda — ele diz, carinhoso e se aproxima mais dela, segurando suas mãos e depositando um beijo em cada uma.
  — Seu chato, idiota, estúpido… — ela começa a chorar e se compadece, abraçando-a.
  — Não chore, meu amor — o homem afaga a cabeça dela.
  — O que eu posso fazer para te provar?! Quer que eu diga que eu te amo? Pois ok, eu digo: EU TE AMO, ! — grita ela de maneira abafada e a afasta, de repente.
  — O quê? — o encara, percebendo o que havia dito e eles ficam alguns segundos em silêncio.
  — Eu disse que eu amo você, — repete ela de maneira mais firme e convicta.
  — … — ele volta a ficar no modo confuso e sem palavras, assim como ficou quando ela disse que queria tentar algo com ele.
  — Quer ser meu namorado?
  — Hã?
  — Estou te pedindo em namoro, ! — ela diz, levemente irritada. — Não é para você dizer “hã”. É para você responder se quer ou não — completa.
  — Eu…
  — Vou te ajudar: se você quiser namorar comigo, você vai…
   não precisa pensar. Não há o que pensar. Ele a cala com um beijo ardente e apaixonado, o beijo do sim. Após sua resposta, ele se afasta e diz:
  — Eu aceito ser seu namorado, minha labareda — responde a pergunta de verbalmente e ambos sorriem.
  — Agora eu preciso arranjar um apelidinho para você também — ela ri.
  — Vou aceitar com prazer.
  Com o olhar safado, agarra a agora namorada e a beija com paixão. é totalmente sincera quando diz que o ama, ela realmente o ama. Agora ela tem plena certeza disso, não há mais os questionamentos de “e se?” ou “mas por quê?”. A Mori apenas aceita o que seu coração grita para seu cérebro há alguns meses: ela ama o e esse amor é incontrolável.

Capítulo 7 – O jogo da discórdia

  Três meses depois...
   está adormecida na confortável cama de seu namorado, ela sente o calor do edredom que lhe cobre, porém não sente a presença de ao seu lado. A moça estranha, mas resolve apenas espreguiçar-se manhosamente, virando o corpo para cima. Enquanto estica as pernas, as sente serem puxadas por duas mãos que seguram seus calcanhares. assusta-se, mas vê parte do corpo de adentrar o edredom pela ponta da cama e ri com a cena.
  — Minha raposinha voltou para toca — brinca ela, chamando-o pelo apelido carinhoso que lhe deu.
   não responde e apenas segue seu plano de acordar a namorada. Ele distribui beijos molhados pela extensão de ambas as pernas de , arrepiando-a com cada beijo. Ao chegar na altura das coxas, o homem deixa um chupão em cada uma, arrancando um quase grito dela que o faz rir.
  — Isso dói, ! — ela reclama, mas ele parece não se importar e continua dando pequenos chupões em cada coxa dela. — O que está fazendo, raposinha? — insiste a mulher sem obter uma resposta falada.
  O resolve responder a namorada de outra forma: agindo. veste um baby-doll rosa claro e uma calcinha da mesma cor. Apesar de adorar vê-la com ele, retira a calcinha de e ela não o impede, pois sabe o que ele fará a seguir. Ela sente uma das mãos dele apertarem sua coxa ao mesmo tempo em que a outra alisa os dedos por dentro de sua intimidade a fazendo suspirar longamente. Segundos depois é a língua de que faz o serviço e os chupões dessa vez são dados em seu clitóris, em movimentos ora circulares ora penetrantes, a deixando excitada. levanta o edredom, colocando o rosto para dentro, e encontra o olhar penetrante de seu namorado a encarando com concentração. Ela se cobre completamente e sorri para ele, levando ambas as mãos aos cabelos de , acariciando os fios e os jogando para trás, aprovando cada chupão dado e cada passada de língua. O ato dele é interrompido pelo próprio que deixa irritada.
  — ! Por que parou? — diz ela com raiva e manha na voz. O homem sai debaixo da coberta e encara a namorada.
  — Vem comigo, labareda — ele a puxa pela mão, fazendo levantar-se ajeitando o baby-doll em seu corpo.
  Ela o segue até o banheiro onde a banheira já está preparada para o banho. Há uma camada de espuma em cima dela e o cheiro é bastante agradável. Sem dizer nada, ele massageia as costas de , ela estando muito próxima ao homem. As mãos deslizando pelo corpo da namorada enquanto seus lábios deixam beijos por locais aleatórios dela. Sorrateiro, suspende o baby-doll de , retirando-o e a deixando nua. O homem a vira para si e deixa um beijo em sua testa piscando em seguida. Ele a conduz para entrar na banheira. está desconfiada que essa é mais uma das surpresinhas que ele gosta de fazer, desde que começaram a namorar de fato, ele já fez, pelo menos, cinco delas. Ela nunca desconfia. Dessa vez não é diferente. Depois de retirar a própria cueca e antes entrar na banheira, pega uma sacolinha enfeitada, bem bonita, a escondendo atrás das costas.
  — O que tem aí, raposinha? — pergunta com a sobrancelha arqueada, já vendo que ele esconde algo.
  — Já irá saber — responde , simplesmente, e termina de sentar-se dentro da banheira, aumentando mais o nível da água. — Feliz aniversário, minha princesa!
  O aniversário de já passou, foi há dois dias, e já lhe tinha dado um presente: um buquê de tulipas azuis junto com uma caixa de chocolates. Além claro, de um dia inteiro de passeios e a realizações de seus desejos – coisa que já faz normalmente.
  — Outro presente? — indaga ela, confusa, e pega a sacolinha que tem uma tulipa azul desenhada na frente com bastante brilho decorando-a.
  — Você merece todos, amor — diz, em tom apaixonado. — Abre — incentiva e é justamente isso que ela faz.
  — Hm, vejamos... — abre o pacote que há dentro da pequena sacola e encontra duas pulseiras com pingentes diferentes. — Que lindinhas, amor! — ela sorri, encarando ele que lhe retribui.
  — Quer usar comigo? É para demonstrar nossa união e nosso amor — sente seu rosto esquentar levemente e deixa um sorriso mais largo e genuíno tomar conta de seu rosto.
  — Claro, meu amor — diz a mulher e estende o pacote para ele. — Quer qual das duas: estrela ou lua? — questiona ela, referindo-se aos pingentes de cada pulseira.
  — Estrela — responde e pega a pulseira que contém esse pingente e estende para ele que logo a pega. — Me dá a outra para eu colocar em você — ele coloca a pulseira de estrela presa em seus dentes, mordendo-a, e cata a outra das mãos de , colocando em seu pulso direito. Fazendo o mesmo consigo, mas colocando a pulseira no pulso direito.
  — Eu adorei, amor, obrigada — agradece, passando a mão pelo objeto em seu pulso.
  — Veja — alerta e conecta ambos os punhos com um estalo do imã que há pendurado em cada uma das pulseiras. — Conectados!
  — Oh, adorei! — eles riem e selam os lábios, aproximando-se mais um do outro.
  — É só uma lembrança, um objeto qualquer, mas representa um pouquinho do que sinto por você. Do que sentimos um pelo outro. Hoje eu sinto que você me ama, labareda, e nada me convencerá do contrário — declara-se. — Me desculpe por qualquer besteira que eu tenha falado, eu espero ser o homem que fará você feliz e que será feliz ao seu lado.
  — Ah, amor... — emocionada, o beija segurando seu rosto com a mão livre. — Eu amo você, minha raposinha.
  — Uma raposinha tarada — completa ele e puxa a mulher para si, envergando o corpo para trás e espalhando água para fora da banheira.
  — ! — eles riem e se beijam novamente. — Vamos tomar logo banho e ir para o trabalho.
  — Não... primeiro eu vou terminar o que comecei no quarto.
  Avisa ele e desliza a mão da pulseira por dentro da água, passeando até a virilha da namorada que imediatamente o encara e sorri. Porém, batidas à porta são ouvidas.
  — , ligaram urgente da Seven! Estão convocando o back e o front imediatamente! — alerta em tom firme e suspira, irritado.
  — Já vamos! — ele grita de volta e retoma de olhar para . — Mais tarde você não me escapa, labareda.
  — Estarei aguardando ansiosa, raposinha.
   adora quando ela embarca nas provocações dele. O homem ri, beijando os lábios de , e eles terminam o banho com mais rapidez. Logo todos estão prontos e partem rumo ao trabalho no carro dirigido pelo mais velho.

  Já dentro da empresa, os três seguem diretamente para a sala de reunião, onde os demais colegas aguardam o início da fala de seus chefes. Dentre eles, que, durante todo esse tempo, não vem falando muito nem com , nem com , apenas conversa com ele em momentos aleatórios. A urgência em chamar todos para a empresa é simplesmente o ataque hacker sofrido por um dos clientes mais importantes da Seven, o que havia afetado boa parte de seu banco de dados, corrompendo os arquivos e desconfigurando o site do cliente. Ansiosos, o trio se divide e seguem para seus setores, após absorver as ordens de seus superiores. Ainda não tinha dado 8AM, mas todos sabiam que seria um longo dia.

  Horas depois...
  Passa das 4PM e finalmente termina a manutenção no site do cliente atingido pelo ataque hacker. Ela, e sua equipe conseguem reverter as desconfigurações feitas pelo vírus instalado e deixam a parte visual do site de volta ao que era. É o momento de descanso da moça e ela aproveita seu café com leite, enquanto come um pedaço de bolo. A porta da copa é aberta e, apenas após ela ser fechada, a encara vendo a figura de seu namorado parado à porta.
  — Oi, amor... — diz a mulher e vê se aproximar com uma xícara de café em uma das mãos.
  — Soube que o front conseguiu sucesso com o vírus — diz ele e senta-se ao lado de , deixando um beijinho na bochecha dela.
  — Sim, deu muito trabalho, mas conseguimos arrumar tudo — ratifica ela. — foi o que mais teve trabalho, coitado — ela ri ao fim da frase ao mesmo tempo que dá um gole em seu café.
  — Tenha pena de mim que tenho que aturar o estagiário novo colado em mim o dia inteiro — ele rola o olhar e ri ainda mais.
  — Awn, ele está tirando seu coro? — zomba a mulher, ainda rindo. a olha de canto.
  — Não me provoque, cabelo de fogo — ele diz e abre a boca, incrédula.
  — Virou o agora? — ela põe ambas as mãos sobre o peito, fingindo-se de ofendida.
  — Deus me livre! — ela ri com o comentário de e o vê repousar sua xícara sobre a mesa. — Ah, vai ter jogo de basquete depois de amanhã, você vai poder ir e me ver jogar? — ele faz um beicinho com os lábios e uma carinha fofa.
  — Vou pensar no seu caso, raposinha — debocha ela.
  — Covardia, amor. Por favor?! — insiste .
  — Que horas vai ser?
  — 19h — ele aguarda por uma positiva que logo vem.
  — Está bem, mas só se fizer uma cesta de três pontos para mim — pede ela, manhosa.
  — Gananciosa essa minha namorada — eles se beijam. — Pode deixar, labareda. Faço até três cestas de três pontos para você! — ele pisca ao fim da frase e volta seu olhar para o prato à frente de . — Posso? — pergunta o homem, referindo-se ao bolo da namorada.
  — Pode — ele pega o garfo e, antes de espetar um pedaço de bolo, ele o leva vazio até sua boca, deixando-o cair no chão propositalmente.
  — Droga... — se finge de lerdo e escorrega seu corpo para debaixo da mesa, catando o garfo que cai aos pés de . Aproveitando estar tão perto de seu alvo, o homem deixa o garfo no chão e literalmente enfia seu rosto por entre as pernas da namorando, fazendo-a soltar um grito de espanto.
  — ! O que... para... ! — ela ri ao mesmo tempo que o pede para interromper as leves mordidas que ele dá em suas coxas. — ! — insiste sem obter sucesso.
  Ele suspende a saia dela e deixa caminho livre para conseguir afastar a calcinha de para o lado, chupando a intimidade dele em seguida. controla seus gemidos, tampando sua boca com ambas as mãos e tem espasmos com as pernas. as segura e intensifica as sugadas mantendo sua boca fechada o suficiente para que a sucção seja bastante forte. Completamente entregue ao namorado, ergue uma das pernas apoiando o pé no apoio para os braços da cadeira. afasta mais a entrada da vagina dela e volta a chupar o local com mais vigor que antes, pois sente que o orgasmo de está próximo de acontecer. Porém, de repente, a porta da copa é aberta. abaixa sua perna e, poucos segundos antes, ouve um barulho forte de algo batendo na mesa. Na porta ela vê a figura franzina de um jovem rapaz que tem no pescoço o crachá de estagiário.
  — Posso ajudar? — pergunta ela, tentando fingir que nada estava acontecendo.
  — Eu... é... — gagueja o rapaz e assusta-se ao ver sair debaixo da mesa, sentando-se na cadeira ao lado de . — Senhor !
  — Ah, oi, Ichiro! — tenta ser o mais natural possível. — Caiu e eu fui pegar — ele sorri e coloca o garfo de volta na mesa, longe do prato de que o olhar de canto, controlando-se para não rir.
  — Eu... — Ichiro ia falar, mas o interrompe.
  — Não te apresentei minha namorada — diz, apressado. — Essa é a Mori, minha namorada e uma excelente desenvolvedora FrontEnd sorri com o elogio.
  — Prazer em conhecê-la, senhora Mori! — o rapaz diz, admirado.
  — Apenas , por favor. Não me chame de senhora — ela lhe dá uma leve bronca e ri em seguida.
  — Oh, me perdoe, por favor! Eu não sabia que...
  — Está tudo bem, Ichiro. Ela está brincando com você — esclarece e o jovem vê que ambos estão rindo o que o deixa sem jeito, sorrindo sem graça.
  — Ah... — ele solta o ar em forma de risada nervosa. — Bom, eu vou voltar para sala.
  — Como está lá? O Kobayashi já colocou fogo em tudo? — zomba referindo-se ao chefe direto dele.
  — O senhor Kobayashi está bastante nervoso — informa ele. — Ele... ele mandou procurá-lo, senhor .
  — Então por isso invadiu a copa sem antes bater na porta? Interessante... — o olhar de dessa vez não havia nenhum sinal de brincadeira. Pelo pouco tempo que vem passando com ele como seu supervisor, Ichiro sabe que ele está muito irritado com sua interrupção.
  — Me perdoe, senhor, eu... — o jovem arregala o olhar. Ele tinha ouvido falar da fama briguenta de seu supervisor e, por isso, sente todo seu corpo paralisar de medo somente com o olhar dele.
  — Ichiro-kun, ele está brincando com você — diz , rindo. — Não está, ? — ela olha incisivamente para o namorando que rola seu olhar para ela.
  — Estou — ele sorri de canto e volta a encarar Ichiro. Definitivamente está irritado com Ichiro.
  — Eu já vou. Com licença — ele curva o corpo, trêmulo, e sai da copa voltando a fechar a porta.
  — Você assustou o rapaz, — diz e dá um beliscão no tórax dele por cima da camisa.
  — Ele mereceu por ter se atrevido a interromper a nossa conversa — ele dá de ombros e rola o olhar.
  — Não faça nada com o pobre rapaz, te conheço bem, — a Mori semicerra o olhar e faz o mesmo.
  — Não prometo nada — ele diz, simplesmente.
  Ainda a encarando, desliza sua mão pelas pernas de e vê a expressão dela mudar para a anterior: excitação. Ele une seus lábios em um beijo ardente enquanto penetra os dedos centrais na intimidade dela que joga o quadril para frente auxiliando-o ao mesmo tempo que faz movimentos rápidos e intensos. Mas, ele mesmo interrompe o beijo e as investidas de seus dedos e encara a namorada totalmente insaciada.
  — Hora de trabalhar, bebê!   Com uma piscadela, ele ajeita a calcinha de novamente e abaixa sua saia. Ela o encara com raiva no olhar e um desejo enorme de concluir o ato, mas o deixa partir da copa e retoma ao seu setor minutos depois. Mas é óbvio que mais tarde, em sua cama, terá o seu troco e será dado bem lentamente.

  Dois dias depois...
  O clima no ginásio está fervoroso. Pelo menos uma vez por mês é realizado um jogo de basquete entre todas as equipes da Seven, como uma espécie de torneio que começa às 15h e termina quase às 22h. Em dias como esse, o expediente é encurtado ao período da manhã, assim como foi hoje. São quase 19h e ambos os times, do Front e BackEnd, se arrumam no vestiário do grande ginásio que há no bairro vizinho à empresa. O torneio é levado à sério e eles fizeram até uniformes. O do BackEnd é azul-marinho e do FrontEnd verde-escuro.
  Enquanto prende o cabelo em um coque para cima, deixar o vestiário sem que mais ninguém veja. Ele fica desconfiado, mas resolve ignorar e se concentrar no jogo.
   caminha apressadamente pelo corredor e, antes de chegar à arquibancada, dá de cara com o seu objetivo.
  — ?! — diz , espantada por vê-lo ali. O homem ofega, mas logo recupera o ar.
  — ... eu, eu preciso falar com você — ele diz, sendo o mais direto possível.
  — Comigo? — indaga, confusa. — E o que seria?
  — Me perdoa! — impulsivamente, o se lança em cima de e a agarra pela cintura com toda força.
  — ! Para! — ela tenta impedir que seus lábios se toquem. enxerga no olhar dela o medo e espanto que ela sente e recua.
  — Por favor, , me perdoa... — ele dá um passo para trás, se arrependendo de sua atitude e se distanciando dela. O homem leva as mãos à cabeça, bagunçando o cabelo.
  — ! — grita e leva a mão à boca, incrédula com a atitude dele. — Não é assim que terá o meu perdão! Olha o que você está fazendo, ! Você quase me beijou...
  — Eu… — ele fica atordoado com o que quase fez. Ele nunca foi assim, ele não é assim.
  — O ficou meses me amando e não deu em cima de mim em nenhum momento. Ele respeitou o nosso namoro, por favor, respeite a mim e a ele também. Respeite a nossa amizade, — a voz chorosa de é o sinal que precisa para perceber a enorme burrada que ele fez. O rapaz balança a cabeça e leva as mãos aos cabelos.
  — Eu sou um idiota... — ele diz com a voz embargada e ergue seu olhar para , vendo a mágoa estampada em sua face. — Você está certa, me perdoa... eu... eu vou te deixar em paz.
  Atordoado demais para continuar ali, vira seu corpo e caminha de volta para o vestiário, virando na curva seguinte. se mantém parada, tentando entender o que acabou de fazer e o motivo. Nenhum dos dois havia notado, mas a conversa deles foi vista e ouvida por um integrante importante desse trio: .

  Minutos depois…
  O jogo já está em sua metade e o time azul está ganhando por uma diferença de seis pontos. cumpre sua promessa e faz quatro cestas de três pontos, mais do que havia prometido, todas dedicadas à que está com o coração divido entre torcer para o time do seu setor ou para o time de seu namorado. Em quadra, a cabeça de fervilha pensando no quase beijo que presenciou entre e , ele tem plena consciência de que a culpa não é de , sabe que tinha sido o iniciador de tudo e ele pensa em um modo de confrontá-lo. Ao mesmo tempo, o sabe da covardia e da capacidade de se esquivar de assuntos que o tem, então resolve se vingar de outra maneira. Enquanto todos estão distraídos com o ataque do time dele, dá um forte soco na barriga de junto com um encontrão, ato que o derruba ao chão. O outro encara que está parado ao seu lado, o mesmo estende a mão para ele que a segure, mas se abaixa para ficar na altura dos ouvidos de .
  — Isso é para você aprender a não tentar beijar a namorada dos outros, seu traidor de quinta! — sibila e puxa com força desproporcional o corpo de de volta à posição ereta.
  Ele disfarça e segue sua corrida para frente deixando atordoado no meio da quadra, ainda recuperando-se do soco e da fala do amigo. O que passou pela mente dele ao tentar beijar ? Talvez ele estivesse enlouquecido, mesmo assim não justifica sua atitude deplorável. Disso, ele tem consciência e se arrepende amargamente. Sua tentativa de ganhar o perdão dos amigos está um pouco mais complicada após isso e volta à estaca zero – quem sabe até negativa.
  O jogo termina e o time do BackEnd vence por uma diferença de nove pontos e todos comemoram, incluindo a torcida, que invade a quadra. Ainda há mais um jogo depois desse, o último da noite, mas resolve não ficar. Ele retorna ao vestiário e toma uma ducha rápida, troca de roupa e caminha com sua mochila nas costas até a saída. Antes de chegar ao seu carro, ele tem seu ombro puxado para trás.
  — Eu não... — ele interrompe sua fala ao notar que não se trata de , como havia pensado, e sim de Hanna que o encara com o olhar sereno. — Hanna?
  — Precisamos conversar, — o rapaz ameaça esquivar-se do pedido dela, mas logo é interrompido por uma fala mais incisiva da moça. — Agora!
  Intimidado o suficiente para não reclamar, ele se dá por vencido e a convida para ir até seu apartamento para conversarem melhor. Hanna dá a volta no carro de e entra no banco do carona, o homem senta-se ao volante e liga o carro, partindo diretamente para sua casa. O que será que Hanna quer com ele? saberá em breve.
  Enquanto isso, em um dos cantos do vestiário do ginásio de esportes, e conversam.
  — Raposinha, por que você bateu no durante o jogo? — questiona , no meio da conversa e disfarça desviando seu olhar para os lados.
  — Você viu? Ah... achei que tivesse sido discreto — ele dá um sorrisinho de canto e ela semicerra seu olhar.
  — Discreto? Amor, você deu um baita soco nele e o derrubou no chão, muita gente viu, sabia? — ela diz, retoricamente. ergue os braços ainda sorrindo.
  — Culpado! — ele ri abertamente e balança a cabeça em negativa.
  — Por que bateu nele?
  — Eu vi que ele tentou te beijar — diz, voltando a ficar sério e a Mori desmancha sua expressão de sermão dando lugar para uma apreensiva.
  — Ah...
  — Não precisa falar nada, eu vi toda a conversa e sei que foi ele quem deu em cima de você — avisa e solta a tensão de seus ombros, relaxando um pouco.
  — Que bom, amor.
  — Achei fofo você me defender naquela hora — ele dá um sorriso fofo e o abraça, dando um beijo em seus lábios. — Obrigado, labareda.
  O casal se beija mais uma vez enquanto trocam carícias. Ao fim, repousa seu queixo no ombro esquerdo do namorado e fecha os olhos tendo ainda mais certeza de que o ama e de que é com ele que quer ficar por muitos e muitos anos de sua vida.

[💻]

   dá passagem para que Hanna possa entrar em seu apartamento. A última vez havia sido no dia em que a moça descobriu a farsa dele que mentiu sobre já estar em um relacionamento, na época com a .
  — Quer beber algo? — oferece , colocando o cartão eletrônico em cima da mesinha em frente à porta junto com as chaves de seu carro, e retirando seus sapatos.
  — Água está bom, obrigada — responde Hanna também retirando seus sapatos e pendurando sua bolsa no suporte ao lado da mesinha. apenas coloca a mochila ao lado, no chão mesmo.
  — Pode entrar, fique à vontade. Eu já volto — diz ele, solícito, e se encaminha com seu celular no bolso da calça até a cozinha.
  A mulher entra mais pela sala e logo senta-se no sofá acomodando a coluna em seu recosto. De imediato, as lembranças da sua última vez que esteve nesse mesmo sofá lhe invadem a mente, lhe traindo de maneira terrível, a transportando para o mar de sensações boas que teve naquele dia. O sentimento terno que crescia em seu coração direcionado apenas para . Mas, a quem ela quer enganar? Hanna ainda está apaixonada, é justamente por essa paixão, por esse sentimento, que ela está sentada novamente nesse sofá. Após toda a confusão e gelo que lhe deu, Hanna havia jurado para si que nunca mais se deixaria enganar por ninguém. Porém, após algumas mensagens enviadas de foram o suficiente para ela dar uma chance a ele. Uma chance. Percebeu que não haviam realmente conversado sobre tudo que aconteceu e em como chegaram àquele ponto.
  — Aqui está sua água — diz e Hanna eleva seu olhar para o rapaz, pegando o copo d’água.
  — Obrigada, — ela lhe oferece um sorriso meigo em agradecimento, observando a garrafa e taça nas mãos dele. — Vai beber agora?
  — Vou — responde, dando de ombros e repousa a garrafa de vinho tinto em cima da mesinha de centro, em seguida a taça.
  — Achei que iria trabalhar amanhã — pontua Hanna com a sobrancelha suspensa.
  — E vou — responde o rapaz com o olhar concentrado em retirar a rolha da garrafa. — Mas isso não me impede de beber hoje, não é? — exibe um sorriso no rosto e olha rapidamente para ela que balança levemente a cabeça em negativa. — Bom, por que você resolveu me dar uma chance de me explicar? — ele inicia o assunto e Hanna se ajeita no sofá, repousando o copo de água no colo após dar um gole no líquido.
  — Boa pergunta — ela solta uma risada abafada, vendo sentar-se na poltrona à sua frente. — Creio que tenha notado que nunca chegamos a conversar realmente sobre o que aconteceu.
  — Sim, não conversamos, né? — ele diz, apoiando a taça de vinho no apoio da poltrona e cruzando as pernas. — Acho que eu lhe devo uma explicação.
  — Tenha certeza disso, — corrige ela e sorri.
  — É...
  — Sou toda ouvidos. Explique-se — intimida a mulher e solta o ar na tentativa de ficar relaxado.
  — Bom, eu te disse que eu tenho três grandes amigos, né?
  — Disse.
  — A minha ex-namorada é um deles — Hanna suspende as sobrancelhas, fingindo surpresa. — Acho que já sabia, né? — ri sem humor e continua falando: — Nos conhecemos no fundamental e, desde lá, não nos separamos mais. Quando ficamos adolescentes eu comecei a perceber que, toda vez que estava por perto, eu sentia algo diferente, sabe? Meus hormônios estavam à mil e certamente era tesão reprimido ou algo assim, mas eu confundi tudo.
  — Como assim, ? — ela o interrompe rapidamente, tempo suficiente para dar um gole em seu vinho e limpar a garganta em seguida.
  — Eu achava estar apaixonado por ela. Na verdade, eu acho que realmente me apaixonei pela , mas era estranho porque era diferente do que ela dizia sentir por mim — explica o homem, ficando envergonhado de repente. — sempre foi uma boa namorada, mas eu nunca conseguia retribuir o amor e carinho que ela me dava e me sentia cada dia mais impotente por causa disso.
  — Você chegou a falar isso para ela? — Hanna sente um nó se formar em sua garganta.
  — Não — ele ri novamente sem humor. — Minha covardia não me permitiu contar nada. Não sei como ela reagiria, talvez tivesse até terminado comigo antes e nada disso teria acontecido. Talvez eu não tivesse nem conhecido você — ele volta seu olhar para a mulher que paralisa momentaneamente. — Eu só comecei a falar com você para tentar entender o que eu sentia pela de verdade.
  — Você me usou? — indaga ela, de maneira retórica.
  — Sim — ele responde mesmo assim ainda a encarando. — E me arrependo amargamente por ter feito isso, por ter te magoado desse jeito.
  — Isso não se faz, . Não se faz... — sua voz sai embargada dessa vez e sente-se ainda mais arrependido. — Se você tivesse simplesmente falado com a na época e resolvido tudo, não estaríamos tendo essa conversa.
  — Eu sei disso. Hoje, eu sei disso, Hanna — a voz de também sai embargada e um nó também é formado na garganta do .
  — E ela sabe disso?
  — Não. Ela ainda não me deu abertura para isso. Na verdade, eu não sei como abordar esse assunto — confessa ele.
  — Chega para ela e diz. É muito simples, — Hanna diz de maneira óbvia. — Pensa comigo: você, possivelmente, já é odiado pela e pelos seus outros amigos. Não lhe custa nada ser direto pelo menos uma vez em sua vida, ! — ela o põe contra parede, de maneira metafórica, fazendo pensar um pouco.
  — Acho que tem razão... — o olhar dele vaga pelo carpete de sua sala. Ele fecha os olhos com força em seguida.
  — ... — ela chama por ele, que logo abre os olhos e ergue seu rosto para Hanna. — Você sente algo por mim?
  O corpo de está paralisado agora. Ele não queria ter que responder sobre isso agora, não assim. Ele sabe o que sente por Hanna, percebeu pouco antes de ensaiar seu discurso do término com . Ele gosta da Hanna. Isso é um fato para , mas, por mais que o sentimento exista dentro dele, o medo de todos pensarem que lhe é conveniente dizer que gosta dela é maior e o paralisa. Sua consciência lhe diz que é ponderável esperar mais e, após conseguir o perdão dos amigos, tentar reconquistar Hanna. Ao mesmo tempo, seu coração e o resto de seu corpo imploram para que ele diga a verdade agora mesmo e acabe com esse sofrimento todo.
  — ... — ela o chama, interrompendo seus pensamentos, e a encara. — Sente aqui do meu lado — Hanna põe seu copo em cima da mesinha e ajeita o corpo no sofá. ainda está no dilema se deve ou não ir.
  — Acho melhor não, Hanna — o homem solta o ar com força e sente seu peito comprimir-se ainda mais.
  — , vem cá — Hanna chama mais uma vez e ele se dá por vencido, levantando-se da poltrona e sentando-se ao lado dela no sofá. — Me diz, olhando nos meus olhos: o que sente por mim? — ela o encara, os olhos brilhantes dela o hipnotizam e sente seu maxilar tremer levemente.
  — Hanna... — ele solta novamente o ar, percebendo seu autocontrole se esvair pouco a pouco. Hanna está muito perto dele.
  — , me responde — ela retira a taça das mãos dele e a põe na mesinha, ao lado de seu copo d’água. Após, ela segura o rosto de com ambas as mãos. — Olha para mim... — sussurra ela.
  Ele fecha os olhos com mais força que antes e seu coração acelera ainda mais, quase o fazendo chorar de dor no peito. É loucura para ele sentir algo assim por alguém, algo tão intenso que ele achava sentir por que nem se compara a tal sentimento. não quer mais abrir seus olhos, não quer encarar a mulher a sua frente e dizer a verdade, por mais que ele saiba que é o certo a ser feito. O único ato que o faz abrir os olhos é o leve puxão que Hanna dá em sua nuca, aproximando seus rostos e, ao toque de seus lábios, abre totalmente os olhos para fechá-los em seguida, curtindo o beijo em Hanna.
  — Hanna... — ele diz, levemente ofegante, ao terminar de beijá-la, ainda de olhos fechados. — Por que me beijou? — ele a encara, abrindo os olhos.
  — Porque você é meio lerdinho, — diz ela com um sorriso. — Se eu fosse esperar você decidir se gosta ou não de mim, jamais sairíamos dessa sala.
  — Ah, Hanna... — ele consegue sorrir levemente mesmo com a vergonha avermelhando seu rosto. — Eu...
  — Eu sei, . Sei que está envergonhado por só notar agora o que realmente sente.
  — Você percebeu?
  — Percebi. Está nítido em seu rosto mesmo que não seja capaz de dizer em palavras.
  — Eu gosto de você, Hanna — ele fala, de repente, quase atropelando as palavras e a faz sorrir abertamente.
  — Eu também gosto de você, — declara-se Hanna e volta a segurar o rosto de . — E eu sei que gosta muito de seus amigos e sente falta deles, não é?
  — Demais — ele não consegue segurar sua emoção e começa a chorar baixinho. — Eu queria... eu só queria o perdão deles, Hanna. Eu só queria conseguir dizer que eu me arrependo pelo que eu fiz, que eu me arrependo por ter magoado a por tanto tempo, por ter mentido para ela, por ter mentido para o e ter tentado acabar com o namoro deles. Ainda por cima eu coloquei o no meio disso tudo, ele deve me odiar também — ele desabafa, ainda chorando, e Hanna o puxa para um abraço aconchegante. — Sou um amigo horrível...
  — Não, , você não é um amigo horrível — ela tenta acalmá-lo, o afastando um pouco de seu abraço e segurando em seu rosto com firmeza. — Hey, olha para mim — pede a mulher e fixa seu olhar no dela. — Você foi imaturo sim, muito imaturo, mas isso não te faz um amigo ruim. Você se importa com eles, eu sei que se importa — ele apenas concorda com um gesto de cabeça.
  — Eu não sei o que posso fazer para convencê-los a me ouvir. Nem o me dá tanta abertura mais.
  — Calma. Dê um tempo para eles e tenta se aproximar aos poucos. Não vai ser de vez que conseguirá retomar a confiança deles, entenda que eles estão magoados demais e com toda razão — relembra ela.
  — Eu sei... — concorda , cabisbaixo.
  Hanna fica mais um pouco abraçada a e lhe aconselhando. Todos os conselhos dela são coisas que já havia pensado e que procura maneiras de executar sem parecer forçado de sua parte. Mas, parece que vindas de uma pessoa de fora de toda a situação, as palavras faladas por Hanna tornam-se algo inovador e despertam na mente do rapaz uma luz de como dizer tudo o que sente de maneira clara e compreensível.

[💻]

  No dia seguinte...
   está determinado.
  Após sua conversa com Hanna ontem, ele conseguiu formular bem seus pedidos de perdão para os amigos. Ela sugeriu que comece sua missão por , por ter sido o menos afetado pelas trapalhadas sentimentais dele. O caminho que percorre agora dá diretamente no setor onde o amigo está, mas, antes de chegar lá, ele encontra vindo em sua direção. Antes dela chegar perto dele, seus olhos a veem cambalear, segurando-se na parede próxima e quase cair no chão. Assustado, apressa seus passos para alcançá-la.
  — ! — exclama ele ao chegar perto e segurar no braço dela, erguendo-a de volta. — Você está bem?
  — Um... um pouco tonta — responde a moça com a voz arrastada.
  — Vem, eu te ajudo.
  O sustenta o corpo da amiga em seus ombros, passando seu braço por eles e envolvendo sua mão direita em sua cintura. Eles caminham devagar até à copa e senta em uma cadeira, fechando a porta em seguida. Ele vai até o filtro de água, pega um copo descartável e o enche com água gelada.
  — Toma, bebe um pouco — ele oferece a água para que segura o copo com dificuldades.
  — Obrigada, — agradece a moça ainda com a voz arrastada e bebe um gole da água.
  — O que estava sentindo?
  — Tontura e enjoo — responde.
  — Comeu algo estranho hoje?
  — Não. Na verdade, eu não consegui comer pela manhã. até tentou me convencer a comer, mas eu não consegui engolir nada — explica e a atenção de se distrai rapidamente para o anel que usa na mão direita. Seu anelar abriga um anel branco que contém marcado um coração em meio as linhas que simulam um batimento cardíaco. Anel esse que lhe foi dado por que tem um igual, mas da cor preta.
  — Entendi — ele diz, dispersando seus pensamentos. — Quer que eu te leve na enfermaria?
  — Não precisa, já estou melhorando — diz ela e sorri para o amigo. — ...
  — Sim?
  — Nada... não é nada — parece espantar os próprios pensamentos.
  — Quer que eu te acompanhe de volta para o Front? — ele oferece companhia de maneira despretensiosa.
  — Não precisa, mas obrigada pela gentileza, — ele sorri para ela.
  — Eu já ia lá no front mesmo, tenho que conversar com o .
  — Com o ?
  — Sim. Na verdade, ... eu gostaria de falar com você também — revela ele e a moça lhe encara com espanto. — Eu queria conversar com você sobre tudo o que eu deveria ter dito desde o início. Me arrependo de não ter...
  — — ela o interrompe. — Outro dia conversamos sobre isso, está bem?
  — Está bem — ela diz e dá um sorriso sem graça. — Eu vou... bom, eu falo com o outra hora. Tem certeza de que está melhor?
  — Tenho sim, obrigada — repete .
  — Se precisar, não hesite em me chamar. Sei que não estou merecendo confiança agora, mas eu ainda me considero seu amigo e tenho um carinho enorme por você, .
  A mulher o encara e sente os olhos marejarem. Ela não quer ter essa conversa agora, não agora em que está sentindo seu estômago revirar e sua cabeça girar no eixo contrário. Percebendo que é o momento de encerrar o assunto, deixa a copa e retorna ao seu setor. está bem atrás dele, concentrado em seu trabalho, e se pergunta se ele sabe que havia passado mal. Espantando seu pensamento, o rapaz volta a se concentrar em seus códigos, porém, parte de seu pensamento está voltado a . Então, ele manda uma mensagem para o amigo.

13h57 ? Será que podemos conversar após o trabalho? Eu preciso falar com você, é urgente.”

  Segundos depois, responde:

  13h57 “Eu vou ao cinema com a Aimi às 20h. Se quiser, podemos conversar enquanto ela não chega.”

13h58 “Sem problemas, se isso não te incomodar... Te acompanho até lá e vamos conversando pelo caminho.”

  13h58 “kkkkkkk”
  13h58 “Ou podemos parar em algum bar perto do cinema.”

13h58 “kkkkkkk está bem, então.”
13h59 “Passo aí no front e descemos juntos.”

  13h59 “Combinado.”

Capítulo 8 – Gostosuras sem travessuras

  Horas depois...
  18h15

   e chegam ao bar e restaurante que há próximo ao shopping onde o encontrará sua namorada às 20h. Os dois homens se acomodam em uma mesa e fazem pedidos distintos: pede um chopp bem gelado enquanto pede ao garçom para que lhe traga uma dose de tequila com limão e sal e, logo depois, uma dose de whisky com gelo.
  Não demora e os pedidos chegam.
  — Se contar para a Aimi que eu estou bebendo, eu te mato — alerta , virando o copinho de tequila na boca e chupando o pedaço de limão em seguida.
  — Acha que ela não saberá assim que beijar você? — questiona , retoricamente e rindo. ri junto e faz uma careta sentindo a tequila subir muito rápido ao seu cérebro.
  — Ah, tanto faz — eles riem mais um pouco ao mesmo tempo que o dá um gole em seu chopp. — Estou estressado — comenta ele e o encara. — Hoje foi um dia daqueles, em plena sexta-feira... Preciso beber.
  — Te entendo bem — concorda e também solta um suspiro cansado. — Lá no back tivemos tanto trabalho quanto. Odeio hackers!
  — Por mim, todos seriam eliminados do planeta — ri de seu comentário e o acompanha.
  — Concordo — ele ergue seu copo para brindar com o amigo e o acompanha, tintilando os copos e bebendo em seguida.
  — Mas, me diz, , o que você queria conversar de tão urgente?
  — Já quer falar? — o desenvolvedor ri, ele esperava iniciar o assunto quando tivesse um pouco bêbado, só para ter mais coragem. suspende as sobrancelhas, surpreso.
  — Que horas pretendia falar? Quando tivesse bêbado suficiente? — ele ri novamente com seu comentário e o encara surpreso.
  — Me conhece bem, afinal.
  — Somos amigos, , óbvio que eu te conheço. Anda, fala logo, para de enrolar — intima .
  — É sobre toda a confusão envolvendo a e o meu namoro com ela — introduz.
  — Imaginei — se ajeita na cadeira e pega seu copo de whisky bebendo um pouco do líquido. — Sabe que não é para mim que deve falar algo, não sabe?
  — Sei, mas eu quero que os três saibam de tudo — diz .
  — Entendo.
  — Claro que minha conversa com o e com a será diferente, mas quero que você também saiba, .
  — Ok, sou todo ouvidos, pequeno — diz , zombando do apelido que tinha quando eles eram crianças.
  — Sabe que eu sempre senti atração pela , né? — apenas concorda com um gesto de cabeça. — Eu nunca quis magoar ela, mas acho que a minha confusão sobre os sentimentos, que perambulavam em meu peito, me confundiu e eu achei que a amava como mulher, entende? — o outro não responde nada e apenas o encara, sério. — Tentei terminar com ela, antes de completarmos seis meses de namoro, mas eu fui mesquinho nesse momento.
  — O que você fez para se considerar mesquinho?
  — Eu quis manter minha relação com ela por puro capricho, apenas para que não a conquistasse — revela e arregala o olhar.
  — ! — grita — Nossa, por essa eu não esperava, não de você — espanta-se.
  — Nem eu esperava, — diz , cabisbaixo, mas aliviado por estar desabafando. — Foi canalhice minha, eu sei disso e eu me arrependi assim que vi o olhar de me desejando naquele dia.
  — Vocês iam transar, né?
  — Sim — ele sorri sem humor. — Ia ser nossa primeira vez.
  — Cara... — inicia , sentindo sua calma ir embora mais rápido que o efeito da tequila subiu ao seu cérebro. — Sabe o jeito que a chegou ao meu apartamento naquele dia? Ela estava arrasada, o que você disse para ela? não quis me contar — despeja ele.
  — Eu disse que eu não a amava como mulher. Disse a verdade, mas acho que não era o melhor momento.
  — Você acha? — indaga o mais velho de maneira retórica. — Nossa, , você se superou na lerdeza, de verdade!
  — Não te culpo por sentir raiva de mim, acredite que eu também sinto — ele dá mais um gole em seu chopp.
  — Também não precisa se martirizar, caramba! — irrita-se e põe seu copo na mesa e jogo o corpo para frente. — Somos adultos, , e somos amigos de infância. Não temos segredos um com o outro ou pelo menos não deveríamos ter. Já te disse várias vezes que você deve externar o que sente, guardar as coisas só lhe faz mal.
  — E eu já te disse que é fácil demais dizer — rebate e os olhares dos amigos se cruzam no ar.
  — Ok... — volta a encostar na cadeira, passando as mãos pelos cabelos rapidamente. — Imagino que contar isso para mim seja difícil.
  — Muito! — confirma .
  — Você sabe que será pior contar ao , não é? — o encara.
  — Nem sei se ele vai querer falar comigo.
  — Podemos dar um jeito nisso — para um instante para refletir.
  — Vai me ajudar? — o outro o encara novamente.
  — Vou — ratifica ele e completa: — Meu irmão é um cabeça dura esquentado, mas daremos um jeito dele conversar com você. Só não garanto que ele não queira te matar durante a conversa.
  — Nossa, obrigado pelo incentivo, ! — ironiza .
  — De nada, amigo — eles riem. — Falar com a também será difícil, mas ela é a mais compreensiva de nós e a mais sensata. Ok que às vezes, quase sempre, ela é impulsiva e não pensa direito — ele ri sozinho. — Mas ela não faz por mal, tadinha, a convivência com você a fez ficar meio lerda.
  — !
  — Estou brincando, cara, relaxa! — sorri e volta a beber seu whisky. — Hm... — alerta ele e engole o líquido antes de falar. — Podemos armar a sua conversa com o na festa de Halloween que terá na empresa, o que acha?
  — Boa ideia! Com a confusão em minha mente eu acabei me esquecendo da festa.
  — Pois eu não! — eles riem. — Aimi está animada e me manda todo dia fotos de fantasias que podemos usar juntos.
  — Ela também vai? Que legal!
  — Vai sim — confirma.
  — Eu tinha combinado com a de irmos com fantasia de casal também. Bom, isso foi antes, né?
  — Óbvio...
  — Acho que vou levar uma pessoa para a festa. Acha que seria estranho? — exibe um olhar quase infantil, como o de um garotinho que pede permissão aos pais para sair com o amigo.
  — Acho que já passou da hora de você arrumar uma namorada — brinca . — Quem é a felizarda?
  — Ela não é minha namorada — fica tímido e seu rosto fica avermelhado na altura das bochechas. — O nome dela é Hanna, a conheci há alguns meses.
  — Hm... é bonita ela? — encara o amigo com a sobrancelha arqueada. — Calma! Só perguntei! — ri.
  — Te conheço bem, — diz . — Mantenha suas asinhas apenas na Aimi.
  — Ficou bravo o ! Está apaixonado mesmo — zomba , rindo.
  — Babaca... — bebe o último gole de seu chopp, repousando de volta o copo em cima da mesa. — Acho que vou pedir outro.
  — Pode pedir, por minha conta!
  — Oh, obrigado!
  — Pela sua coragem em me contar a verdade e estar disposta a retomar a nossa confiança. Vai ser difícil? Vai, mas estarei aqui para te ajudar, ok? — lança seu corpo para frente novamente e dá um tapinha amigável no ombro de que sorri em agradecimento.
  — Seu apoio é de grande ajuda, cara, obrigado! Obrigado por ter me perdoado também.
  — Quem disse que eu perdoei? — ri, logo desmanchando sua cara séria. — Brincadeira, eu não tenho nada para perdoar, cara. Fiquei com raiva de você, na época, e minutos atrás quando me contou as coisas, mas já passou.
   ri e relaxa seu corpo na cadeira. pede mais bebidas para eles e olha em seu relógio. O tempo passa rápido e está quase na hora dele se encontrar com Aimi. Os amigos tomam a saideira, pagam a conta e deixam o local seguindo rumos diferentes. Enquanto o vai para shopping encontrar sua namorada, liga para Hanna e a convida para sair, quando ela aceita, ele se dirige até o apartamento dela e espera pela moça com seu carro estacionado do outro lado da rua. Ele está aliviado em ter contado tudo a , aliviado também por ter o apoio do amigo em sua missão. Agora faltam apenas dois para que ele tenha o perdão de todos e, quem sabe, a confiança dos amigos de volta.

[💻]

  No dia seguinte...
  Sábado, 7h29AM

  Hoje é mais um dia em que acorda enjoada e sentindo-se extremamente cansada, parecendo até que ela não descansou nada durante à noite. Além disso, sua cólica a incomoda, ainda que fraca e ela resolve se higienizar, trocando de absorvente. A mulher estranha a coloração do sangue da menstruação, mas está tonta e cansada demais para se preocupar com isso agora. Ela terminar de se arrumar e pega um táxi em direção à Seven. Como já tinha concluído seu trabalho no dia anterior, não havia necessidade de ela estar ali hoje, havia sido liberada por seu chefe imediato, mesmo assim quis ir para ajudar sua equipe com o caso do hacker. Eles haviam resolvido boa parte do problema, mas havia detalhes a serem reparados.

  1h depois do início do expediente...
   caminha cambaleante na direção do banheiro, sua visão está levemente turva e sua tontura a deixa confusa comprimindo sua cabeça, a fazendo doer. Por um instante, ela vê tudo escurecer e suas pernas fraquejarem. Porém, antes de atingir o chão, a moça sente dois braços fortes te sustentarem e então, ela desmaia.
  Minutos se passam e acorda sentindo um colchão embaixo de si, abre os olhos e confirma estar deitada numa cama. Seus olhos rolam para o lado e logo enxerga sentado na ponta da cama.
  — Está melhor? — pergunta ele em tom preocupado.
  — Um pouco tonta e enjoada ainda, mas... como eu vim parar aqui no dormitório? — indaga e dá um sorriso contido.
  — Eu te trouxe para cá, você estava quase caindo no chão quando eu cheguei — explica. — Sorte que me deu vontade de tomar café.
  — Salva pelo seu vício em café — eles riem um pouco e senta-se na cama, encostando o corpo na parede ao lado.
  — , não é normal você ficar passando mal dessa forma. Ontem aconteceu e hoje também. Tem certeza de que nada de errado aconteceu com você? — insiste o homem, ainda preocupado.
  — Bom, eu venho tendo essas tonturas faz algumas semanas. Duas ou três mais ou menos — ela diz.
  — Além de tontura e enjoo, o que mais você sente?
  — Hoje eu senti dor de cabeça, uma bem forte — confessa ela e completa: — Sem contar as cólicas, mas é normal porque estou em período menstrual.
  — Hm, entendo... — fica pensativo, reunindo as informações que acaba de ouvir e tenta concluir o diagnóstico. Um questionamento lhe vem à mente, mas ele não sabe se deve perguntar sobre isso.
  — O que houve, ? Está com uma cara estranha... — desconfia a moça e ele volta seu olhar para ela.
  — Eu posso te fazer uma pergunta indiscreta?
  — Depende...
  — Antes de mais nada, saiba que eu gosto de outra pessoa — diz ele, de repente.
  — Hã? Sério? — surpreende-se .
  — Sim. É a Hanna...
  — A Hanna? A mesma Hanna que era a sua amiga? — ela ironiza e ri em seguida. — Nossa, então eu estava certa em minha suspeita.
  — Me desculpe por isso. Ainda vamos ter a oportunidade de conversar com calma sobre isso e eu poderei te dizer tudo, agora não é o momento — concorda com um gesto de cabeça e desmancha sua cara de zoação.
  — Enfim... estou feliz que esteja feliz, ...
  — Obrigado — ele agradece, tímido e ambos sorriem.
  — Pode perguntar, .
  — Você e o ... bom, vocês sempre... sempre se protegem, né? — finalmente ele pergunta e arregala os olhos.
  — Claro que sim!
  — Que bom... — sente seu rosto avermelhar-se por ter perguntado isso, mas não se sente incomodado em saber que o casal de amigos tem relações sexuais. Fato que antes lhe incomodava de alguma forma, talvez tenha sido orgulho ferido, afinal. estava certo.
  — Ah... — suspira chamando a atenção de .
  — O que foi?
  — Teve uma vez que... que a gente não usou.
  — Hm, e ele... ele... bom, ele... — o rapaz simplesmente não consegue concluir a frase.
  — Sim, ele gozou dentro — conclui por ele e completa: — Mas eu tomei a pílula do dia seguinte e minha menstruação veio normalmente. Atrasada, mas veio sim.
  — A cor do sangue veio normal?
  — ! Virou ginecologista agora?! — retruca a mulher.
  — Calma, ! É porque tem mulheres que engravidam e a menstruação continua descendo, mas com uma cor diferente.
  — Ah... — ela leva as mãos ao rosto e balança a cabeça levemente.
  — O que houve?
  — Está mais escuro — revela ela olhando para pela fresta de seus dedos. — Será que estou... Ahhh! — ela começa a balançar as pernas em sinal de desespero somente em pensar estar grávida.
  — Calma, , fica calma — pede ele novamente e se levanta.
  — Aonde vai? — ela segura o braço dele o impedindo de sair.
  — Comprar um teste de gravidez para você.
  — Não! — ela o puxa, fazendo sentar-se desengonçado na cama.
  — Prefere que eu te leve ao hospital para fazer o teste de sangue? — ameaça ele e semicerra os olhos, soltando o braço do amigo.
  — Não demore, vou esperar aqui.
  Ele deixa o dormitório e literalmente corre até à farmácia mais próxima da empresa, compra o teste e retorna em quinze minutos. Quando ele entra novamente no lugar, está chorando e, assim que vê , corre para abraçá-lo, revelando estar com medo.
  — Vai dar tudo certo, calma — ele afaga as costas dela.
  — E se eu estiver grávida? ... — ela se afasta do rapaz para olhá-lo. — disse que não quer ter filho agora. Ele vai...
  — Ele vai ser o homem mais feliz desse mundo quando souber — a interrompe, segurando o rosto dela com ambas as mãos de maneira carinhosa. — E tenho certeza de que ele vai amar saber, ele seria louco se não amasse.
  — ... — ela diz, chorosa.
  — Ele te ama, . Ele te ama...
  Com as palavras de rebatendo em seu cérebro, afunda seu rosto no peito do amigo e o abraça forte. Eles se mantêm assim por alguns minutos e então vai fazer o teste, indo até o banheiro. Poucos minutos são o suficiente para ter o resultado. Ao retornar, a resposta de ao seu questionamento de qual é o resultado é dada em forma de um leve sorriso e um abraço, além da resposta verbal.
  — Positivo.

[💻]

   está encostado na cabeceira de sua cama e tem sua linda e manhosa namorada deitada em seu colo. É início da tarde de sábado e eles voltaram mais cedo do trabalho, que termina oficialmente às 12h, pois tinha passado mal e ainda estava com tonturas. Nesse momento, o homem afaga os cabelos de enquanto rola seu dedo pela tela de seu celular, seu olhar está perdido assim como os pensamentos de sua namorada.
   havia pedido para não contar nada a , que ela mesma contaria. Mas, a mente dela fervilha ao pensar em uma maneira de contar. Como ela havia dito a , lhe confessou que não quer ter filhos agora, apesar de sempre lhe mostrar fotos de roupinhas de bebê, ele diz que é apenas por diversão e que gosta de imaginar um bebezinho com o rosto da dentro das roupinhas, porém, ele também diz que não tem maturidade para ter um filho agora, apesar de já estar com 32 anos.
  — Ainda está enjoada, amor? — ele pergunta, de repente, e atrai a atenção de que ergue a cabeça para cima, ainda deitada no colo de .
  — Um pouco, vai e volta — afirma ela.
  — Estranho. Não me lembro de você ter enjoos quando está menstruada — ele diz e olha para ela.
  — É... — apenas concorda, mas não tem coragem de falar mais nada.
  — Deveria ir ao médico, labareda — sugere ele e apenas concorda com um gesto de cabeça, voltando seu rosto para baixo novamente. intensifica o cafuné na cabeça da namorada.
  — Desse jeito vou acabar dormindo, amor — ela diz, manhosa.
  — Bom que você descansa um pouco. Pode dormir — diz e se aninha mais. Porém, a cutuca, colocando o celular na mesinha ao lado de sua cama e deitando-se. Ele puxa para deitar-se em seu peito e logo ela se aninha ainda mais manhosa. — Fofa...
  — Só quero ficar quieta um pouco, não vou dormir — ela diz de olhos fechados.
  — Tudo bem, meu amor. Você botou o absorvente?
  — Botei.
  — Ok. Descansa, vou ficar aqui com você.
   dá um beijo terno na testa dela e abraça , aconchegando-se nela. A mulher está com o coração partido em não contar para ele sobre a gravidez. Ao mesmo tempo que ela sabe que deve contar, o medo de uma reação adversa a deixa em pânico e a faz recuar. De qualquer forma, não quer pensar nisso agora. Apenas quer curtir o calor emanado pelo namorado e agora pai de seu filho.
  Meu Deus, um filho!

  Dias depois...
  Chega o dia da festa de Halloween da Seven. Durante esse tempo, a menstruação de já havia ido embora e seus enjoos diminuíram. Ela fez um exame de sangue e comprovou aquilo que o teste de farmácia já havia acusado: ela está grávida de dois meses e meio. a acompanhou nesse dia, aliás, ele tem sido um grande amigo. Nesse meio tempo, eles tiveram a tão esperada conversa e pôde pedir perdão e confessar tudo que realmente sentia e nunca teve coragem de contar a ela. chorou bastante, o acusou de ter sido negligente com os sentimentos dela e egoísta também. O acatou todas as acusações calado, pois sabia da existência de sua culpa. No fim, o perdoou por tudo e eles recomeçaram a amizade. A mulher não pode negar a si mesma nem a ninguém que sente falta de ter por perto, um amigo sempre tão querido e companheiro. Esse companheirismo se faz presente até hoje, quando ela precisava de ajuda com sua fantasia para a festa e pediu para lhe comprar o acessório que faltava.
  — Demorei? — diz o rapaz assim que abre a porta de seu apartamento revelando o figurino dele.
  — Nossa, que pirata mais fofo! — espanta-se ela ao percorrer seu olhar da cabeça aos pés do homem. — Entra, — ela o conduz para dentro do apartamento e fecha a porta em seguida.
  — Você está linda, — comenta. — Aqui está sua peruca preta — ele entrega a sacola com a peruca que ela pediu e a segura.
  — Obrigada, ! Salvou minha vida! — agradece e lhe dá um beijo na bochecha, o fazendo corar. — Fica à vontade, eu já volto.
   deixa a sala e volta para seu quarto. senta-se no sofá ajeitando seu figurino. Sua fantasia consiste em: um pirata zumbi. Usa botas e calça pretas; camisa branca surrada; um sobretudo marrom sujo de tinta para dar efeito de desgastado; os cabelos penteados para trás deixando apenas um topete charmoso; a maquiagem de zumbi realçando seus olhos – que ele colocou uma lente de contato mais clara que a cor natural de seus olhos para destacar –; e, por fim, um tapa olho preto com um símbolo de pirata bordado. Originalmente, deveria ir com uma fantasia combinando com a de , mas, como não estão mais namorando, ele resolveu mudar. A fantasia dela é a Wednesday, mais conhecida como Wandinha, da Família Adams. Ele iria vestido de algum outro personagem dos Adams, mas acabou desistindo.
  Por falar em , a figura imponente da mulher retorna à sala, já totalmente caracterizada de Wednesday. A meia calça preta totalmente fosca cobre toda sua perna; seus pés são vestidos por sapatos pretos bem lustrados; o vestido listrado em preto e braço, colado ao corpo, de mangas curtas; a maquiagem para clarear mais sua pele e a sombra preta para realçar seus olhos, deixando-os ainda mais escuros e nítidos; a peruca preta trazida por é o toque final, já que o cabelo de é vermelho e ela não quis pintá-lo, resolveu aderir à peruca que ela só fez duas tranças em maria-chiquinha.
  — Wow... — deixa escapar assim que a vê voltar à sala e sorri, ajeitando a franja da peruca.
  — Como estou?
  — Perfeita! — exclama o homem. — Aposto que o irá adorar te ver assim.
  — Certamente ele vai — ela ri sem jeito.
  — Ele vai de Família Adams também?
  — Não. Ele irá de vampiro, um vampiro gostosão — eles riem com o comentário final dela.
  — Se fossem de casal, seria melhor vocês irem como os pais da família, né? O senhor e a senhora Adams.
  — Aii, , nem me lembre sobre pais...
  — Desculpe, não foi minha intenção — apressa-se ele.
  — Eu sei, eu sei...
  — Precisa contar a ele, volta a aconselhar e levanta-se do sofá, colocando seu celular no bolso da calça.
  — Eu sei, acho que contarei hoje ou amanhã.
  — ...
  — Melhor amanhã, hoje você vai falar com ele sobre tudo que rolou e eu não quero encher a cabeça dele com mais coisas — decide ela e apenas dá de ombros.
  — Você quem sabe, querida, mas saiba que eu estou aqui, tá? — ele dá uma piscadela para a amiga.
  — Eu sei, obrigada pelo apoio sempre — se aproxima o abraça e ela sente o celular dele vibrar em seu bolso. — Espero que isso tenha sido seu celular, — ela brinca e eles riem.
  — E foi... espera um pouco, deve ser a Hanna — ele tira o celular do bolso e confirma ser Hanna, que agora é sua namorada oficialmente. — Ela disse que já está pronta. Vamos?
  — Awn, ele está tão apaixonado que até brilha os olhinhos quando fala da Hanna. FOFO! — zomba , deixando sem graça.
  — Sua boba! Vem logo, vai!
  Eles riem e deixam o apartamento indo até o carro de que está na garagem do prédio de . Após passarem na casa de Hanna para buscá-la, os três seguem até a Seven. , e Aimi também já estão prontos e também estão indo rumo à empresa. O mais novo está vestido de vampiro tradicional. Os cabelos grandes do mais novo estão soltos, porém jogados para trás fixados com gel. A maquiagem dele está bem acentuada e foi feita por sua cunhada Aimi que está vestida de bruxa, sentada no banco da frente do carro; ela usa um vestido roxo e com renda preta que o cobre inteiramente, indo até a altura de seus joelhos; usa também uma meia-calça preta do modelo arrastão; toda furada e um botinha de salto; seus cabelos presos em um rabo de cavalo alto deixando acentuada sua franja. Já o mais velho está vestido de mago; usa uma capa lilás bastante comprida e com desenhos de astros e estrelas na cor prata brilhante; os cabelos jogados para um lado de seu corpo, também fixados com gel; usa uma camisa e calça jeans ambas na cor preta; e um cedro de acessório, que agora está com Aimi para não atrapalhar sua condução do carro.
   manda uma mensagem para assim que chegam ao estacionamento da empresa.

18:03 “Chegamos, amor!!! Estou louco para te ver de Wednesday. Você fez tanta surpresa que eu acabei sonhando com você vestida assim, mas foi um sonho erótico...”
18h03 “Onde está? poderia ter ido te buscar também”
18h03 “Não demore, labareda. Estou com saudades, amo você!”

  Horas depois...
   está bastante chateado com os amigos. Isso porque parece que todos resolveram empurrar o rapaz para uma conversa amigável com . Antes de saírem de casa, o aconselhou, de maneira nada despretensiosa, de que ele deveria dar uma chance ao velho amigo e ouvir o que ele tem a dizer. Porém, se conhece bem e sabe que não aguentaria cinco minutos no mesmo ambiente de sem querer socar a cara dele. O mais novo mal sabe como resiste a isso durante os dias de trabalho. Vendo que está quase sem saída, o rapaz praticamente arrasta sua namorada para longe, a levando até o banheiro feminino e se trancando com ela lá dentro.
  — Amor! Esse é o banheiro feminino, alguém pode nos pegar aqui! — alerta ela, rindo da loucura cometida pelo namorado.
  — Seria interessante fazer amor com você com toda a adrenalina de sermos pegos no ato — ele termina de trancar a porta e se vira para que dá alguns passos para trás.
  — Você vai me morder, vampirão? — provoca ela e vira o pescoço para o lado sentindo um arrepio atingir sua nuca, o calor tomando conta de suas pernas.
  — Quer que eu morda você, Wednesday? — ele aproxima-se devagar dela que para encostada na parede fria do banheiro. — Está tão gostosa vestida assim, amor...
  — O seu sonho era algo parecido com isso, raposinha? — relembra ela e sorri de canto.
  — A realidade é muito melhor porque eu posso tocar você — ele finalmente para na frente dela e a segura pela cintura puxando-a para si. — Está tão cheirosa... — aspira o perfume dela perto de seu pescoço e afasta a trança da peruca.
  — O que fará comigo? — solta o ar ao fim da frase jogando a cabeça para trás e inclinando o pescoço para que o namorado por ter o caminho livre, sua mão desce sorrateiramente até o membro dele. O gesto o faz sorrir novamente.
  — Tudo que você quiser, meu amor.
  Sem perder mais tempo, deixa um chupão no pescoço de a fazendo massagear o membro dele sobre sua calça. Logo ela retira sua mão dali e diminui o espaço entre sua virilha e a dele, erguendo sua perna esquerda que rapidamente é segura por que a prende em seu braço junto de sua cintura. Ele ergue o vestido colado dela revelando a lingerie preta de cintura alta que ela usa. Após olhar rapidamente para a intimidade da namorada, volta sua atenção para os lábios de , beijando-os com vigor e pressionando seu corpo no dela que se comprime na parede. As mãos do homem massageiam os seios de agora e logo uma delas se separa e desce até a intimidade da mulher, alisando-a sensualmente. A Mori sente o ar lhe faltar e começa a puxá-lo com mais força, o calor aumentando e subindo por suas pernas, incendiando seu interior. está tão empolgado que nem percebe que não está normal como sempre fica quando é beijada por ele. sente-se sufocada e parece que irá desmaiar a qualquer instante, mas o tesão que lhe toma conta é tão forte que ela não quer interromper o beijo e o toque do namorado. Porém, ela não consegue controlar sua tontura e é vencida pelo peso de seu corpo.
  — Amor! — finalmente percebe que há algo errado e segura o corpo de a tempo, antes dela cair no chão. — Amor, o que houve? ? !? — chama ele, desesperado. Os olhos dela estão semiabertos, piscantes, e a pele de começa a esfriar rapidamente, algumas gotículas de suor se formam em seu corpo. — Amor...
  — Ah... minha cabeça está girando — ela diz, ofegante, e ainda tonta.
  — Vem, senta um pouco — ia colocá-la no chão, mas o impede.
  — Preciso de ar, está quente demais aqui — avisa ela segurando o braço dele com força.
   a conduz para fora do banheiro e a leva para um lugar mais fresco. Ele corre até o bar da festa, pegando uma garrafa de água gelada e retorna ao local onde deixou a mulher e lhe oferece a água. Após beber e jogar um pouco em seu rosto, retirando a peruca, consegue recuperar sua lucidez e sorri para .
  — Obrigada, amor — agradece ela e a abraça com carinho.
  — O que você teve? Isso não é normal, labareda. Estou começando a me preocupar...
  — Não se preocupe, está tudo bem — garante a mulher com um meio sorriso.
  Ele não se convence tanto disso, mas apenas assente com um gesto de cabeça. Os dois retornam à festa e volta a beber os drinks que degustava antes de saírem dali. Mais uma vez a insistência de e Aimi para que ele converse com o irrita e o faz beber mais.
  — Beba devagar, — alerta .
  — Pare de me regular, -san — debocha o mais novo dando um último gole em seu drink e pegando outro na bandeja do garçom que acaba de passar por ele. — Bebe um pouco, amor — ele estica a taça para que põe a mão na frente, barrando-o.
  — Não quero, amor. Obrigada — recusa a mulher e faz uma careta.
  — Só um golinho — ele faz um beicinho fofo. — Você está muito tensa ultimamente e isso lhe fará bem, bebe — insiste o homem voltando a esticar a taça para ela.
  — Não quero, ...
  — Só um golinho...
  — Eu disse que eu não quero, !!! — ela berra, chamando a atenção de algumas pessoas em volta que a olham assustados.
  — Desculpa, eu bebo... — desmancha seu beicinho e fica sério no mesmo instante em que ela grita, sentindo um imenso nó lhe formar na garganta e arrependido de ter insistido.
  — Me desculpa, amor...
  — Eu já volto.
  Ele deixa a roda de amigos e ameaça ir atrás dele, mas a impede dizendo que é melhor ele ir. A mulher leva as mãos ao rosto, sentindo-se culpada por ter estourado, apesar de saber que é insistente demais quando quer convencer alguém a fazer algo.
  — Por Deus, ! — exclama Aimi para a amiga. — Você precisa contar para ele...
  — Eu sei, mas eu não tenho coragem — repete com a voz embargada. Todos já sabem da gravidez, menos o pai da criança. — Ele disse várias vezes que não quer ter filhos. Como vou contar?
  — Com a boca, ! — Aimi diz de maneira óbvia e segura a amiga pelos ombros.
  — Não é tão simples, Aimi...
  — É sim, Mori! Não aja assim! Conta para ele... — diz ela sacudindo os ombros de . — Você viu como ele está chateado com seu silêncio, certamente ele está paranoico de novo assim como ficou na festa Funk-a-style, lembra? — recorda-se Aimi referindo-se ao dia que ficou quando enfiou em sua cabeça que havia transado com ele apenas para esquecer-se de .
  — Eu... eu vou contar.
  — Conte, mas não espero para contar quando sua barriga estiver enorme e totalmente visível! — briga ela.
  — Aii, para Aimi! — brada , nervosa e se afasta um pouco da amiga. — Está me deixando mais nervosa!
   deixa algumas lágrimas caírem e sente-se ainda mais nervosa e trêmula. Sua mente quase explodindo pensando em maneiras de contar para que ele será pai mesmo que ele não queira ser. Deus, por que é tão difícil? Ela pensa antes de seu olhar encontrar o namorado caminhando de volta, com atrás dele como se o escoltasse, fazendo-a paralisar.
  — ... — ela diz baixinho assim que ele se aproxima.
  — Hm — ele resmunga em resposta.
  — Podemos... dar uma volta?
  O homem apenas assente que sim e vai caminhando na frente. olha rapidamente para Aimi e que a incentiva com um beijo terno em sua testa e sussurra.
  — Força, meu amor!
  Com essas palavras, ela toma coragem e segue por entre as pessoas. O caminho termina no mesmo lugar onde estavam antes na hora de passou mal. É uma sacada de um dos terraços do prédio da Seven, que tem quatro no total, um em cada ponta. se aproxima de que está de costas encostado na mureta que cerca o local, ao tocar no ombro dele, o homem se esquiva delicadamente se virando se frente para .
  — Você quer conversar? — indaga em tom nitidamente magoado. abaixa seu rosto por um breve momento e o ergue segundos depois.
  — Preciso te contar algo muito sério, — ela diz e ele a encara, pensando mil possibilidades terríveis para ele.
  — Diz.
  Ela não fala mais nada e apenas remexe sua bolsa atrás de algo. observa o movimento e a vê retirar um envelope de dentro da bolsa, o entregando em seguida.
  — O que é isso? — pega o papel e olha para ele, confuso.
  — Um teste de gravidez.
  Não é preciso de mais explicações. não é burro. Seu olhar logo se volta para a namorada e ele sente suas mãos tremerem, suas pernas vacilarem e uma onda de choro lhe invadir.
  — Grávida.... — sussurra ele, fechando os olhos e os sente queimar nas órbitas. Ao abri-los, ainda o encara, ansiosa por qualquer outro tipo de reação que logo acontece.
  — Amor... — surpreende-se ao ser abraçada com força por , quase a derrubando. Ela retribui o abraço e ela nota que ele está choramingando. — Não chore, raposinha...
  — Por que não me contou antes? Você sabia a mais tempo, não é? — questiona ele, ansioso.
  — Há poucos dias eu tive a certeza quando fiz o teste de sangue — explica.
  — E por que demorou para me contar? — repete a pergunta.
  — Você estava tão estranho, tinha me dito que não queria ter filhos e...
  — Que besteira, amor, achou que...
  — Achei — ela diz. — Achei também que você já soubesse e por isso estava tão esquisito e distante de mim.
  — Eu? Distante?
  — Faz algum tempo que não transamos e eu achei...
  — Amor... — ele a beija rapidamente e a encara em seguida. — Sua boba, eu estava cansado por causa do trabalho. Eu não sabia de nada, como eu saberia?
  — O poderia ter te contado, briguei com ele achando que ele tinha lhe dito algo.
  — Não me contou nada... — de repente, agarra mentalmente um detalhe da frase anterior que tinha lhe escapado. — Espera! O sabia? E eu não? ! — ele diz, levemente irritado e magoado.
  — Ele acabou descobrindo porque eu passei mal algumas vezes e ele me ajudou. Lembra no dia do ataque hacker? — ele concorda com a cabeça. — Eu passei mal naquele dia e ele acabou vendo.
  — E você não me disse que tinha passado mal...
  — Desculpe, não quis te preocupar — suspira, cansado e prossegue. — No dia seguinte eu também passei mal, acordei enjoada e com dor de cabeça, tontura... achou estranho e me aconselhou a fazer um teste de gravidez. Na verdade, ele meio que me obrigou a fazer.
  — Fala sério... — resmunga , enciumado.
  — Ele tem sido um ótimo amigo — diz ela o fazendo encará-la.
  — Era por isso que você estava estranha? — ele ignora a fala dela sobre a ter ajudado e indaga mais uma vez.
  — Pensei que não fosse querer ter um filho agora — rapidamente, volta a abraçar a namorada, colando seus corpos e deixando apenas espaço suficiente para se olharem sem esforço.
  — Eu jamais te deixaria sozinha, ainda mais agora você estando grávida. Eu amo você — ele dá um beijo amoroso nela.
  — Também te amo... — sussurra as palavras, emocionada.
  — Sou o homem mais feliz e eu vou amar cada instante estando ao seu lado e ao lado do nosso filho.
  — Bem que o disse que você ficaria assim...
  — Pare de falar do ... — pede ele, controlando o ciúme.
  — Desculpe, amor — ele aninha o rosto dela em seu peito e afaga seus cabelos.
  — Você já foi ao médico ver como está o bebê e sua saúde?
  — Não. Eu quis te contar primeiro, mas eu estava com medo e...
  — Não precisa ter medo, tá? Amanhã mesmo iremos ao médico resolver isso. Você tem passado muito mal ultimamente e isso não deve ser normal... ah, meu Deus, !
  — O que houve? — assusta-se ela.
  — Você menstruou dias atrás! Será que... — hesita ele, temeroso.
  — Calma, amor. Não é tão comum uma mulher grávida menstruar, mas é normal. O sangue desce em uma cor diferente e com menos intensidade, mas não se preocupe. É normal.
  — Ah...
  — Por isso eu não desconfiei. Eu também não sabia sobre isso, mas o me disse que era uma possibilidade — rola os olhos ao ouvir o nome do outro. — E as cólicas são mais comuns nas primeiras semanas devido ao crescimento do bebê e a adaptação do útero a este desenvolvimento, né? — conclui a explicação.
  — Hm... que bom que não é nada anormal. Fico mais aliviado, mas mesmo assim vamos ao médico amanhã.
  — Não estou doente, !
  — Mas está grávida e eu conheço você, Mori. Sua teimosia é maior que o mundo, estarei de olho na senhorita!
   faz um bico com os lábios que logo são mordidos levemente por , a beijando em seguida. Eles ficam abraçados ali por mais um tempo, aproveitando a brisa fria dessa noite de Halloween. Apesar de ter sido difícil para ter escondido por todo esse tempo a verdade de , contar tudo foi mais fácil do que ela imaginou que seria. Com tudo resolvido entre eles, a mulher fica mais aliviada e consegue não guardar mais segredos com o namorado. Tudo que ela quer agora é ver seu filho crescer dentro de si e viver feliz ao lado de . Mas, ainda há uma coisa para resolver: convencer o cabeça dura brigão do namorado a, pelo menos, conversar com .
  Essa tarefa será a mais complicada.

Capítulo 9 – 3X amor

   havia dormido na casa de seu namorado e hoje eles vão para a primeira ultrassom após o rapaz saber da gravidez dela.
   está tão ansioso por isso que mal dormiu à noite e agora está terminando seu banho para poder ir ao hospital acompanhado de sua linda namorada. Ele retorna ao seu quarto onde veste a blusa para completar seu look de hoje. Uma blusa azul marinho de manga rodada, caída nos ombros no estilo canoa, a estampa de estrelas e luas, a saia curta na cor branca e uma sandália rasteira completam a vestimenta dela.
  — Como eu não percebi antes, hum? — diz ao se aproximar da namorada, abraçando-a por trás e depositando um beijinho nos ombros dela.
  — Eu escondi direitinho — brinca .
  — Pois não deveria, labareda — ele faz um de seus famosos beicinhos e volta a beijar a extensão dos ombros dela, correndo até sua nuca e lhe causando arrepios. — Será que nosso bebê terá a mesma cor do seus cabelos?
  — E os bebês nascem com cabelos vermelhos, ? — indaga de maneira retórica e risonha. — Seu bobo, não estamos em um anime!
  — Uma pena — ele ri. — Adoraria estar no universo de Dragon Ball e poder virar um Super Saiyajin. Você seria a minha Bulma já que eu sou o Vegeta — comenta ele, virando a namorada de frente para si.
  — Achei que seria o Goku…
  — Por quê? — ele a encara, confuso.
  — Porque você é um pouco mais alto que eu e extremamente bobão — abre a boca de maneira indignada e começa a rir abertamente.
  — Amor! — exclama ele.
  — Estou brincando, raposinha — diz , mas ainda mantém sua expressão indignada.
  — Sua labareda safadinha… — o homem começa a fazer cócegas na lateral de sua barriga, fazendo a mulher se retorcer em seus braços.
  — Pare, amor, pare! — ela ri enquanto suplica por uma trégua. — Amoooor!
  — Se eu sou o Goku, então eu sou pirracento, não vou parar! — ele também ri, divertindo-se com a reação dela que, na tentativa de escapar, se joga na cama, mas é tomada de volta pelo abraço de .
  — Raposinha, por favor… — pede ela, manhosa, os cabelos já totalmente desgrenhados, caindo por seu rosto.
  — Só paro porque me pediu com jeitinho, minha Bulma — enfatiza e dá um beijo carinhoso nos lábios dela. — Amo você!
  — Também te amo, meu Vegeta!
  — Ahh, agora eu sou o Vegeta, né?
  — Claro, não vou deixar esse papel para outra pessoa — dá de ombros e sorri encarando o namorado.
  — E se tivermos uma filha? Terá que me dividir com ela, pode ter certeza que eu serei bastante babão com nosso bebê — avisa .
  — Então ela será a Bra — lembra ela referindo-se a filha dos personagens Vegeta e Bulma.
  — É verdade… — concorda , dando uma mordiscada no nariz dela. — Falar nisso, será que na ultrassom de hoje vai dar para saber o sexo do bebê?
  — Ainda está cedo, somente no quarto mês dá para saber.
  — Hum… bom, vamos logo para o hospital. Estou ansioso! — diz , levantando-se da cama e puxando consigo.
  O casal termina de se arrumar e deixa o apartamento, indo até a garagem do prédio onde mora com o irmão. Eles entram no carro e deixam o local partindo em direção ao hospital. No caminho, eles conversam sobre o futuro. menciona morar juntos para terem mais espaço para criar o bebê e concorda com ele e, por isso, sugere que eles morarem no apartamento dela, já que seria difícil “despejarem” do atual apartamento que mora com . Sem contar que isso está fora de cogitação, né?
  Ao chegarem ao hospital, o casal se direciona até a recepção, preenchem a ficha de entrada e são orientados a aguardar na sala de espera do quinto andar do prédio, que é onde será realizado o exame. Alguns minutos depois e eles são chamados pela enfermeira que prepara para o procedimento.
  — Desculpa perguntar, senhora Mori… — inicia a enfermeira.
  — Senhorita — ela a corrige.
  — Perdão — desculpa-se a enfermeira e prossegue: — A senhorita estava aqui há algum tempo para um exame de gravidez, não estava? Você e aquele lindo rapaz — diz ela e arqueia a sobrancelha, ficando atento à conversa.
  — Sim! Ah, você me atendeu naquele dia, me lembro de você — recorda-se , sorrindo para a moça.
  — Ele não veio hoje, né? — ela diz o óbvio.
  — Não, dessa vez veio meu namorado — aponta para que ainda mantém a sobrancelha arqueada, bastante sério. A enfermeira olha para ele.
  — Ah, que bom que conseguiu vir, senhor — diz a mulher, curvando-se levemente para cumprimentá-lo. apenas assente brevemente, ainda sério.
  — O é meu amigo, te expliquei isso, lembra? — tenta esclarecer a história, mas, para , tudo está ainda mais confuso e essa confusão o intriga e, principalmente, o irrita.
  — Oh, lembro sim. Um amigo muito lindo, diga-se de passagem — a enfermeira deixa escapar uma risada travessa e não segura o riso também.
  — Ele é bonito realmente, mas infelizmente ele tem namorada — avisa e a encara.
  — Infelizmente? — indaga ele de maneira mais séria que antes, se é que isso é possível. apenas o encara ficando séria também.
  — Infelizmente mesmo — comenta a enfermeira sem perceber a tensão entre o casal. — Bom, em breve a doutora estará aqui para fazer seu exame, senhorita Mori — avisa ela e deixa a sala.
  — Infelizmente? — repete a pergunta, aproximando-se da maca onde está.
  — Agora não, — ela diz, simplesmente. — Não é possível que eu tenha que te explicar isso.
  — Eu… — o barulho da porta se abrindo novamente e a presença da médica inibe a fala dele que logo recusa, ficando apenas ao lado da maca e tentando sorrir sem demonstrar sua irritação e ciúme totalmente desnecessários.
  A médica cumprimenta o casal e começa o exame posicionando a ponta do aparelho de ultrassom na barriga de . Logo o gelado do gel usado para facilitar a visualização da imagem não incomoda mais a mulher, assim que ela vê as primeiras imagens borradas de seu bebê, a emoção toma conta dela. Já olha para o pequeno monitor com imagens em preto em branco de maneira confusa, sem saber direito o que exatamente representa o seu bebê, mesmo assim, ele não deixa de estar feliz por vê-lo. Ele já o ama tanto.
  — Hm… — resmunga a médica, de repente.
  — Algo errado, doutora? — indaga .
  — Não necessariamente — comenta ela sem tirar os olhos do monitor. — É que eu estou suspeitando algo e não consigo confirmar com as imagens de agora — conclui ainda com sua atenção voltada à tela.
  — Que suspeita, doutora? Algo errado com nosso filho? — indaga , aflito.
  — Já digo para vocês, mas não é nada grave, não se preocupem — informa ela, olhando agora de um para o outro com um breve sorriso nos lábios. — Vou fazer uma transvaginal em você, certo ? — diz ela.
  — Ok, doutora — a médica prepara a outra ponta do aparelho.
  — A senhora vai colocar isso na ? — indaga vendo a largura do aparelho usado para passar na barriga dela. A médica solta uma risada abafada.
  — Não, não, senhor — apressa-se ela. — Esse aqui — ela mostra o aparelho — é apenas para barriga. Na verdade, irei usar este aqui — ela mostra o outro aparelho que lembra muito um brinquedo sexual. arregala o olhar.
  — Pelo amor de Deus, doutora, é muito comprido! — espanta-se ele, perdendo o equilíbrio das próprias pernas.
  — ! — assusta-se ainda rindo da reação exagerada do namorado. — Você está bem, amor? — pergunta ela, preocupada.
  — Estou… — responde ele, voltando ao normal.
  — Fique calmo, senhor , não vai machucá-la — avisa a médica tentando não rir e introduz a ponta mais adequada do aparelho em .
  Nessa hora, vira o rosto para não ver. Enquanto mexe o aparelho dentro de , a médica se atenta ao resultado mostrado na tela do monitor. Poucos minutos depois, ela balança a cabeça, comemorando sua suspeita.
  — Como eu suspeitava… — diz ela, quebrando o silêncio.
  — O que, doutora? — anseia .
  — Parabéns, vocês vão ter trigêmeos!!! — anuncia ela e o casal solta um gemido surpresa ao mesmo tempo. — Ou trigêmeas!
  — TRÊS?! Como assim três bebês???? — quase grita ao perguntar.
  — Tem certeza, doutora? — está com o coração disparado e as mãos trêmulas, ainda segurando a mão de que também está trêmulo e com taquicardia.
  — Absoluta. Vejam só — ela chama a atenção para o monitor e o casal olha com aflição para ele. — Aqui está o primeiro feto.
  — É apenas uma manchinha, meu Deus… — comenta com a voz falha.
  — E aqui os outros dois: aqui o primeiro — a médica mostra uma pequena mancha ao lado da primeira que havia mostrado — e aqui o segundo — conclui ela mostrando o último feto um pouco mais atrás, os três parecendo embolados uns nos outros.
  — Deus do céu… — solta . — Três…
  — Acho que vou precisar de um aumento de salário — comenta e, dessa vez, a médica ri com as palavras dele.
  — Serão muitas fraldas, certamente — diz ela. — Ainda não dá para saber o sexo de nenhum deles, talvez na próxima ultra a gente consiga identificar, caso eles colaborem — informa a mulher e retira o aparelho de dentro de . — Parabéns!
  — Obrigado… — agradece timidamente.
  O casal está estático, quase sem palavras para descrever o sentimento deles e a surpresa pela notícia dos trigêmeos. Definitivamente eles não esperavam ter três filhos de uma vez. Enquanto se troca para ir embora, a aguarda do lado de fora da sala de exames e é abordado pela mesma enfermeira de antes.
  — Com licença, senhor … — chama ela, tímida.
  — Oh, pois não? — indaga ele ainda atordoado pela notícia.
  — Eu gostaria de me desculpar com o senhor pelo que disse mais cedo, percebi que não ficou contente em saber que… bom, me desculpe, por favor! — pede ela, curvando-se levemente para desculpar-se.
  — Não há necessidade, por favor, levante-se — ele a puxa de volta pelos ombros, fazendo-a ficar ereta novamente. — Não se preocupe, eu já entendi o que houve.
  — Que bom, senhor!
  — Mas, me diga uma coisa, por que pensou que o… — ele hesita em falar, mas acaba dizendo — — ele pigarreia e prossegue: — era o namorado da ?
  — Ah, porque ele me pareceu ser gentil com ela e normalmente são os pais das crianças que acompanham as mães na ultrassom… — comenta ela de maneira inocente, mas logo percebe que possa ter dito algo errado e se apressa em desculpar-se. — Oh, perdão, senhor , eu…
  — Não se preocupe! — diz . — Está tudo bem.
  — Oh, eu achei que ele era o pai do bebê da senhorita Mori, mas ele logo me desmentiu e disse que ela tinha namorado e que este sim era o pai — informa ela. — Ele foi bastante companheiro e um bom amigo em ter vindo com ela até aqui, ela estava muito nervosa na época, me lembro bem. Mas o a apoiou bastante e a todo momento dizia que o senhor a amava e que ficaria tudo bem.
  — Ele falou de mim? — pergunta , surpreso.
  — Sim, ele disse que o senhor era apaixonado pela senhorita Mori e que por isso ela não devia temer em contar da gravidez para o senhor.
  Por essa não esperava ouvir. Ele fica estático e pensativo que nem percebe quando a enfermeira despede-se dele, deixando-o sozinho no corredor. Nos pensamentos dele pairam a ideia de que poderia ter sustentado a história e dito que ele era o pai da criança, mas não o fez. Por quê? Por outro lado, por que ele mentiria? Não ganharia nada com isso, já que logo o desmentiria. De qualquer forma, não consegue confiar no , não depois de tudo que ele fez a e nem depois daquele beijo roubado.
   sai da sala de exames e sorri ao vê-la. Ele sugere um passeio pela praça próxima para relaxarem um pouco após a notícia dos trigêmeos que estão por vir. aceita e eles deixam o hospital já com a próxima ultrassom marcada para o mês que vem.

  O casal caminha pela praça cada um com um potinho de sorvete nas mãos, pelo caminho eles encontram uma mulher muito bonita que cumprimenta de longe com um largo sorriso. não diz nada, mas arqueia a sobrancelha quando vê a alegria excessiva da moça ao cumprimentar seu namorado. Mais alguns passos e outra mulher se aproxima deles, que param um pouco de andar, e engata uma conversa com que deixa bem irritada, já que, desnecessariamente, a mulher fala sobre o passado entre ela e o que tenta de várias formas dizer que está comprometido, tudo em vão. Quando acha que finalmente se livrou dessa mulher, aparece outra dando um beijo no pescoço de ao abraçá-lo por trás. Essa é a gota que faltava para transbordar o copo de paciência da Mori.
  — Mas que merda é essa?! — brada levantando-se do banco onde parou para concluir seu sorvete. a acompanha. — Isso é jeito de cumprimentar alguém? — conclui ela dirigindo-se a mulher que a encara com o ar risonho e debochado.
  — Calma! Eu só estava dando um oi para o — explica-se a mulher com os braços erguidos e rindo.
  — Calma, amor… — inicia , mas é interrompido pelo olhar fulminante de que o faz dar um salto no próprio corpo.
  — Ninguém cumprimenta ninguém dessa forma se não quiser algo a mais — estreita os olhos, encarando a mulher.
  — E se eu quiser, quem me impedirá de ficar com…
  A frase nem é concluída pela mulher, já que joga o restante do sorvete no chão e se lança em cima dela, mas logo é envolta por que a segura por trás, pedindo para ela se acalmar. Rindo debochada, a mulher vai embora deixando o casal sozinho novamente.
  — Amor, calma, por favor… — pede abraçando-a com delicadeza, mas firmemente para ela não ir atrás da outra. — Pode fazer mal para as crianças…
  — Não fale dos nossos filhos! — brada ela, irritada. — Por que deixou ela te beijar no pescoço, hein ?! — ela começa a bater no peito de que não segura o riso. — Pare de rir, seu idiota!
  — Amor, amor, amor, calma… — enquanto implora pela calma da namorada, ri descontroladamente do ciúme dela.
  — Imbecil! Não fala comigo! — desvencilha-se dele, batendo os pés, deixando ele sozinho.
  — Labareda, espera por mim — a segue e, assim que a alcança, a segura pelo braço. — Não fique brava comigo, eu nem vi ela se aproximando, me desculpa por não ter falado nada, mas eu fiquei sem reação na hora — explica-se.
  — Não me importa mais — dá de ombros e vira o rosto, fazendo um bico com os lábios.
  — Awn, ela está com ciúme e nem esconde — brinca ele.
  — Não é ciúme! São os hormônios da gravidez! — diz , ainda irritada.
  — Boba, vem, vamos para casa — ele dá um selinho nela e completa. — Vem, bicudinha.
   apenas o encara com o olhar semicerrado e o acompanha até o carro, voltando para casa.

[💻]

  Semanas depois…
  A barriga de já está visível e o casal já sabe o sexo das crianças: serão três meninas! É claro que todos à volta do casal -Mori estão radiantes com a notícia e já planejam como será a festinha de um aninho das meninas mesmo que ainda nem tenham nascido. Já são quase seis meses de gravidez e tem tido dias normais de trabalho durante esse período. Mas, vez ou outra, ela pede dispensa para recuperar-se de algum mal-estar normal da gravidez. Hoje é um desses dias em que ela está em casa e , como um bom namorado e pai preocupado, pediu a tarde de folga para poder ficar com a namorada. Ele está em seu apartamento arrumando algumas roupas para levar ao apartamento de , já que pretende dormir lá com ela. De repente, a campainha toca e o homem se pergunta quem seja já que, nesse horário, todos sabem que não há ninguém em casa.
  — Você?! — diz assim que abre a porta e dá de cara com a última pessoa que esperava encontrar parado na porta de seu apartamento.
  — Posso entrar? — pede encarando o amigo, o coração dele acelerado demais dentro de seu peito.
  — O que faz aqui? não está em casa…
  — Eu sei, trabalhamos na mesma empresa, esqueceu? — debocha .
  — Parece que quem se esqueceu disso foi você — rebate . — O que faz aqui então?
  — Vim falar com você — responde . — Já que está fugindo de mim feito fazia quando éramos crianças e você não queria me emprestar seus jogos — relembra o rapaz ficando saudosista daquela época.
  — Fala o que você quer — repete o ainda segurando a porta aberta sem convidar para entrar.
  — Já que você não pediu, com licença… — mesmo assim, entra no apartamento, esbarrando em e rapidamente chega até o sofá.
  — Quem mandou você entrar? Não seja intrometido, ! — brada ele, irritado com a atitude do outro. Mesmo assim ele fecha a porta do apartamento.
  — Não vai me oferecer água ou café? — debocha e dobra a perna sobre a outra exibindo um sorriso de canto de boca.
  — Que audácia! — diz , surpreso. — Sai da minha casa, agora! Eu já estou de saída…
  — Não pretendo demorar, tenho que voltar ao trabalho — rebate . — Senta — aponta para o sofá maior que há na parede perto da janela, ele está sentado no sofá menor.
  — Mas que idiota… — sussurra o , sentando-se no outro sofá. — Estou esperando, fala logo o que você quer — diz ele em voz alta demonstrando sua falta de paciência.
  — Vim falar sobre o que aconteceu entre a e eu quando namorávamos — inicia e solta uma risada nasal.
  — Por que quer falar disso? — indaga ele. — Pra quê?
  — Porque nós dois — ele aponta para e para si mesmo — brigamos por causa das minhas atitudes naquela época e eu quero esclarecer as coisas com você.
  — , você não me deve explicação de nada e eu não te pedi explicação alguma — devolve . — Se tem alguém que merecia ouvir alguma explicação, esse alguém seria a e não eu.
  — Eu já falei com o e com a também. Já fui perdoado por eles — rebate . ergue ambas as sobrancelhas, surpreso.
  — Hm, ótimo para você — ele se levanta do sofá. — Se era só isso — aponta para a saída, mas se mantém sentado, recostado no sofá.
  — Eu não terminei, — diz , sério. — Senta.
  — Você não manda em mim, oh ! Abaixa esse tom para falar comigo — ele aponta o indicador para o outro, fechando a cara ainda mais e volta a se sentar. — O que quer exatamente? Seja franco! Quer meu aval para falar com a de novo? Eu não preciso te dar essa permissão, a faz o que quiser, ela é livre para escolher as amizades dela…
  — Não quero isso — o interrompe, perdendo um pouco a compostura. — Eu quero que você me ouça e me perdoe pelo que fiz a ela. Sei que você sempre a amou…
  — E você furou o meu olho, né? — diz com um tom magoado. — Na primeira oportunidade que teve você foi lá e ficou com ela mesmo sabendo que eu sempre a amei! — o tom de voz dele começa a se alterar.
  — Nunca foi minha intenção,
  — E qual era então? — berra ela, de repente. — Me irritar? Me deixar maluco de ciúme? Queria que eu passasse o resto da minha vida vendo vocês dois cheios de sorrisos enquanto eu penava em meu sofrimento por isso?! Diz! FALA, ! — está gritando, muito irritado.
  — Não, eu nunca quis isso — responde , mantendo o tom calmo. — Eu gostava dela, eu queria namorar ela sim, mas…
  — Essa parte eu já sei, não precisa me dizer — interrompe ficando um pouco mais calmo. — Eu percebi assim que você começou a ficar estranho com ela, se afastou, ficou monossílabo, não quis mais sair em nossos rolês… eu notei sim — diz ele, amargurado. — Sabe o que mais me deixou puto com você? — pergunta de maneira retórica. — Você ter se acovardado feito um bebezão e ter fugido dela. Sabe quantas vezes eu peguei a chorando pelos cantos da empresa por sua causa? Porque ela estava insegura achando que tinha feito algo errado…
  — Ela nunca fez nada errado — diz com a voz embargada.
  — Mas é claro que não! E mesmo que tivesse feito, bastava conversar com ela. Será que você não é capaz de conversar com uma pessoa?
  — Eu tentei, juro que eu tentei contar o que eu estava sentindo, mas você bem sabe o quão é difícil expressar o que se sente a alguém.
  — Não me compare a você, ! — brada o .
  — Eu sei que eu fui errado, eu sei que eu deveria ter dito a ela o que eu sentia, mas… mas toda vez que eu via a aproximação entre você e ela, eu ficava com ciúme…
  — Ciúme? — ironiza , rindo em seguida. — Não seja ridículo, ! Para ter ciúme de alguém é preciso, no mínimo, gostar da pessoa e esse com certeza não era seu caso.
  — Era orgulho ferido — contesta ele, fato que surpreende genuinamente.
  — Então finalmente admite isso? Nossa, parabéns — volta a ironizar o outro, batendo palmas teatralmente, e completa: — Você não faz ideia da raiva que eu senti de você naquela época, da raiva que eu sinto agora.
  — Eu faço uma leve ideia, — afirma . — Eu só queria que me perdoasse por tudo, de verdade, eu estou arrependido do que fiz.
  — Ah, não faz não — rebate o mais novo ainda com o sangue quente. — Eu queria mesmo era te dar uma surra… — ele fecha os olhos, passando as mãos pelo rosto apertando suas têmporas.
  — E por que não faz isso? — provoca e ergue o olhar para ele.
  — Não seja idiota, . Eu não vou te bater.
  — Se isso vai te fazer melhor, bate — abre os braços. — Estou indefeso.
  — Eu não sou um covarde, !
  — Eu quase acabei com a sua felicidade, ! — ele volta a provocar. — Eu sei que mereço sua raiva por mim, sei que quer me bater de novo, eu quase beijei a quando vocês já estavam namorando… e eu, naquele momento, queria beijar ela mesmo — ele continua sua provocação e o descontrole de aumenta.
  — Cala a boca, — pede com a voz trêmula. Seu corpo inteiro treme de raiva.
  — Quer saber? Eu estou cansado também, cansado de implorar seu perdão, cansado de correr atrás de você e te ver fugir de mim feito um covarde! — brada o mais velho, irritando-se.
  — Do que me chamou?
  — Você está surdo agora?! Covarde! Você fala de mim, mas nunca teve a coragem de chegar na minha cara e dizer tudo que sentiu em relação a mim — se levanta e também. — Toda essa raiva acumulada, esse ódio por mim e você nunca se dignou a me dizer — ele aponta para si mesmo e faz menção de sair da sala.
  — Pois eu vou te dizer o que sinto agora!
  O objetivo de é atingido.
   parte para cima de que recebe o primeiro soco de bom grado que o faz pender seu corpo de volta ao sofá, mas revida, empurrando o amigo para o outro lado do sofá. O volta a ficar em cima de e desfere mais alguns socos, todos defendidos pelo que realmente está de saco cheio de buscar o perdão do amigo, apesar de ainda o querer. O soco forte que lhe dá agora faz cair no chão e ter o amigo em cima dele, disparando socos em seu rosto. O gosto de sangue em sua boca já é presente faz tempo e ele começa a sentir-se tonto, vendo que não adiantaria mais continuar batendo no amigo, interrompe a sequência de socos e se levanta de cima de , ofegante.
  — Levanta — lhe estende a mão, mas não a segura. Ele se apoia no sofá, ainda tonto, e senta-se nele com dificuldade. — Está satisfeito agora? — indaga tentando controlar sua respiração.
  — Sai da minha casa, — diz com apenas um olho aberto já que o outro está impedido de se revelar por conta do inchaço em seu supercílio direito.
  — Não seja orgulhoso,
  — Sai da minha casa! — brada ele fazendo menção de levantar, mas a tontura o impede.
  — Está bem…
  Sem dizer mais nada, deixa o apartamento. deixa o corpo relaxar, caindo no sofá e mantendo seus olhos fechados. A raiva que sente de ainda é grande e a vontade de ir atrás dele para revidar os socos que levou também, porém, a tontura que sente é maior e o vence por completo. O celular dele está tocando, mas ele não tem forças para atender, o mais novo apenas deixa cair na caixa postal. Ele precisa cessar a adrenalina de seu corpo antes de ir encontrar a namorada ou certamente perceberá que há algo errado.

  Quase 1 hora depois…
   brinca com seu gatinho, Kuruma, enquanto aguarda a chegada de . Faz horas que ele disse que já estava quase acabando de se arrumar e até agora não deu sinal de vida, mesmo assim resolve esperar. A mulher sente dores nas costas e por isso pediu dispensa do trabalho, sem contar os enjoos constantes. Sua barriga de pouco mais de seis meses carrega as trigêmeas que ainda não têm nome, mas que já são muito amadas pelos pais.
  A campainha é tocada e estranha. Quem será? tem as chaves reservas e sabe o código de acesso principal, sem contar que ela não está esperando mais ninguém além dele, quem poderia ser? Ela levanta-se devagar, espantando Kuruma do sofá, e caminha até a porta, abrindo-a e tomando um susto com o que vê.
  — ! Meu Deus, o que houve com você?! — espanta-se ela ao ver o rosto do namorado cheio de machucados.
  — Eu preciso de um remédio para dor de cabeça, amor — diz ele ao entrar no apartamento e fechando a porta atrás de si.
  — Você foi assaltado? Te fizeram mal? Meu Deus, amor… — o puxa para que pare um pouco de desviar do olhar dela e ela possa ver os machucados dele. não consegue mentir diante da preocupação demonstrada por ela.
  — Eu briguei com o — confessa ele e dá um leve empurrão nele.
  — Por que diabos você brigou com o ?! — dispara ela, irritando-se. — Por que foi provocá-lo?!
  — Ele quem me provocou! — rebate ficando mais exaltado, mas arrependendo-se de seu ato ao sentir sua cabeça latejar. — Ah, inferno…
  — Vem cá, vou pegar o kit de primeiros-socorros na cozinha — diz , acalmando-se e conduzindo o namorado até o sofá, onde ele sente recostando a cabeça na almofada atrás dele.
  — Traz remédio para dor também, amor — pede ele, manhoso. Segundos depois, volta à sala com a maleta nas mãos.
  — Me conta o que aconteceu para vocês brigarem? — pergunta ela pacientemente, sentando-se ao lado dele e abrindo a maleta.
  — Ele foi até lá em casa para confessar os pecados dele — responde num tom de remorso. — Acredita que ele teve a coragem de me chamar de covarde? — diz ele, irritado.
  — E por que ele falou isso? — comenta a mulher enquanto prepara o soro para limpar a ferida do supercílio dele.
  — Disse que eu não tive coragem de falar na cara dele o que eu sentia — ele ri ao fim da frase de maneira debochada. — Até parece!
  — Mas você realmente não disse que estava com raiva dele, apenas ficou soltando indiretas toda vez que o encontrava — rebate e vira o rosto, ainda com a nuca repousada na almofada, e diz:
  — Até você, labareda? — dá de ombros.
  — , e isso por acaso é mentira? — o homem não responde e volta a olhar para cima. — Pois é, nós dois sabemos que o é meio lerdo para perceber certas coisas, basicamente temos que desenhar para ele entender.
  — Tisc… que seja — resmunga ele. — Ai, minha cabeça vai explodir…
  — Não se mexe, vou limpar seu supercílio — avisa ela e encosta a gaze molhada de soro o supercílio ferido dele que geme com o gesto, tendo um espasmo para se afastar. — Disse para ficar quieto, !
  — Está ardendo, amor — diz ele com manha.
  — Fica quietinho, raposinha — pede ela com fofura e para de se mexer. — Você e o fizeram as pazes?
  — Quê? — ele se vira bruscamente e recebe um cutucão da namorada. — Desculpa… ai… — geme o homem.
  — Vocês brigaram, discutiram, falaram tudo o que tinham para dizer um para o outro, mas quero saber se fizeram as pazes? — repete a pergunta ainda passando a gaze no rosto dele.
  — Não — ele diz, simplesmente.
  — Por quê?
  — Porque eu estava irritado e não queria ver a cara dele na minha frente, aí eu o mandei desaparecer dali — responde enquanto gesticula com as mãos. — Por favor, amor, não vamos mais falar disso, está bem? Eu estou com dor…
  — Está bem, amor, depois falamos sobre isso, mas não vou me esquecer de perguntar sobre isso depois, ok?
  — Hm…
  — Brigão… achei que tinha parado com isso — diz ela, emburrada.
  — E parei, mas quando o disse que… eu não me segurei — confessa , suspirando ao fim da frase. — Deixa isso para lá… — diz ele. — Me diz, amor, você está melhor do mal-estar?
  — Estou sim, mas minhas costas ainda doem um pouco — revela.
  — Ah, então deixa que eu termino aqui — ele ergue o corpo, tomando a gaze da mão de . — Encosta um pouco no sofá — diz ele segurando os ombros de .
  — Eu termino, amor…
  — Não precisa, labareda! Não seja teimosa, encosta aí que eu termino — insiste e se dá por vencida, finalmente encostando no sofá.
  O homem se levanta, controlando o corpo para não desmoronar de dor, e vai até o banheiro levando consigo a maleta de primeiros-socorros, terminando assim os curativos em seu rosto. Ao fim, ele retorna à sala e encontra a namorada repousando no sofá. O homem se aproxima e a chama para encostar-se no corpo dele, abraçando por trás e massageando os ombros dela. Enquanto faz isso, dá beijinhos no pescoço dela e pensa nas palavras de . Será que ele está realmente arrependido? Ou é tudo encenação?
  Que se dane isso agora, espanta os pensamentos e concentra-se em aliviar as dores da namorada.

[💻]

  Uma semana depois…
  Domingo de manhã
  Faz um lindo dia de Sol na cidade e todos resolveram ir à praia. É um evento importante: além da reunião dos amigos, será hoje também que o finalmente apresentará a Hanna oficialmente a todos como sua namorada. Na festa de Halloween, o fato de se manter ríspido em relaçãoa fez com que o rapaz ficasse longe dos amigos e malmente se falaram naquela noite. Os amigos estão ansiosos para conhecê-la melhor e, aparentemente, apenas não demonstra tanta animação assim.
  — Está tudo bem, amor? — indaga que está sentada na cadeira ao lado dele.
  — Sim — ele responde com simplicidade, ajeita os óculos escuros no rosto e puxa o ar profundamente, soltando-o em seguida.
  — Seja educado quando eles chegarem — pede ela.
  — Hanna não tem nada a ver com a situação — apressa-se ele. — Meu problema é outro.
  — Você pode, por favor, se comportar hoje — insiste encarando-o incisivamente.
  — Posso tentar — ele dá um sorrisinho e sela seus lábios aos dela.
  — Olha quem chegou! — alerta , animado ao ver e Hanna caminhando na direção deles.
  — Olá! — diz ao se aproximar.
  — Quem é vivo sempre aparece! Achei que chegariam somente após o almoço — brinca dando um abraço rápido em . — É um prazer conhecer oficialmente a namorada do -chan — depois cumprimentando Hanna com um beijo no rosto e um abraço.
  — Chega — sussurra para o amigo e sorri disfarçando. ri.
  — Bom te ver de novo, Hanna — diz Aimi levantando-se da cadeira para cumprimentar a mulher.
  — Digo o mesmo, Aimi — responde Hanna, educada.
  — e , essa é a minha namorada, Hanna — completa as apresentações oficiais. apenas faz um gesto de cabeça para Hanna que sorri de volta. Já se levanta para abraçar a mulher.
  — Prazer, Hanna! Seja bem-vinda oficialmente ao nosso círculo de amizade — recepciona a mulher sendo gentil e a outra sorri genuinamente. — Não ligue para o , ele está emburrado hoje — ela sussurra para Hanna que apenas assente.
  — é, de lavada, a mais emotiva da turma — revela , brincalhão e volta a sentar-se na cadeira embaixo da tenda armada para protegê-los do Sol forte.
  — E você o mais safado! — rebate mostrando a língua para ele.
  — Ah, eu concordo, amiga! — diz Aimi risonha.
  — Amor! — resmunga o mais velho e Aimi solta um beijinho para ele. — Sua sorte é que eu sou totalmente apaixonado por você, sua boba — diz ele, agarrando a namorada na frente de todos, enchendo-a de beijos.
  — Não ligue para eles, Hanna — avisa . — Se deixar, eles ficam assim o dia inteiro. Dois coelhos, praticamente — conclui ela fazendo todos rirem, incluindo Aimi e .
   e Hanna se acomodam nas cadeiras que sobram e todos engatam uma conversa aleatória. No meio do papo, Hanna é questionada sobre sua vida e de como conheceu . Ela conta que o conheceu no dia em que a revista para que trabalha foi até a Seven para fazer uma matéria sobre a empresa. Durante essa visita, Hanna conheceu , na época ele ainda namorava a e isso é a primeira lembrança que vem à mente de ao ouvir a história. Fato que lhe dá uma ponta de raiva na espinha. Hanna é jornalista e colunista da revista que fez a matéria sobre a Seven, apontando-a como a melhor empresa de tecnologia do país por ter clientes importantes espalhados pelo país. Desde então, Hanna e mantêm conversas diárias, inicialmente sem ter conhecimento da existência do antigo namoro dele e o resto todos já sabem.
  Poucas horas se passam e todos já estão bastante entrosados, até mesmo se arrisca trocar algumas palavras com a nova integrante do grupo, o que faz a cara amarrada que ele fazia se desmanchar. Em dado momento, se levanta para ir um pouco até a água.
  — Vou com você, amor — diz o homem também levantando-se de sua cadeira.
  — Fica aí, raposinha. Não vou demorar — avisa ela já de pé.
  — Ok, tenha cuidado.
   assente e caminha devagar até a água, o trajeto é relativamente longo considerando o fato de ela estar andando mais devagar por conta do peso de sua barriga adicionado ao peso das três filhas. Hoje, particularmente, ela acordou com dores nas pernas, leves, mas ainda incômodas. Talvez se mexer um pouco na água resolva parcialmente seu incômodo. A mulher entra no mar que está tranquilo e com poucas ondas, a água gelada refrescando seu corpo do calor escaldante é um grande alívio para que tenta relaxar um pouco enquanto boia na água. Porém, o movimento que ela fez ao andar até lá depois de ficar muito tempo sentada gera cãibras em sua panturrilha. Imediatamente ela perde o controle de seu corpo, a dor intensa de uma cãibra na perna não a deixa se equilibrar direito dentro d'água fazendo-a debater-se enquanto busca pelo chão de areia.
  De longe, corre com seu olhar pela água, no mesmo ponto onde viu a amiga entrar, e a avista pedindo por ajuda. Sem pensar, o homem deixa a conversa que tinha com os amigos para ir de encontro à antes que aconteça algo ruim. Ao ver o movimento dele, também avista sua namorada e sai correndo até ela. corre mais rápido e chega primeiro na água, entrando no mar e nadando até o ponto onde está . Já teve a desvantagem de tropeçar na areia e cair de cara no chão, mas logo recupera-se e continua sua corrida até o mar.
  — , me ajuda! — pede que já havia conseguido se apoiar no chão, mas ainda sente dor na perna.
  — Se apoia em mim — chega perto dela, passando o braço pelas costas da amiga, segurando-a com firmeza. — Vem, eu te ajudo — assegura ele e nada, levando consigo, até à beira.
  — Amor! Amor, você está bem? — diz com afobação ao ver carregando no ombro. — Deixa que eu assumo daqui — ele fica sério e pega no outro braço da namorada, apoiando em seu ombro.
  — Eu ajudo, cara. Ela não consegue andar direito — aponta .
  — Não precisa. Eu levo ela — insiste.
  — Ah, !!! — brada , irritada e com dor. — Deixa o ajudar também, eu não consigo andar direito… aii… — ela geme ao fim da frase, pois a cãibra volta a retorcer os músculos de sua panturrilha.
  — Vem, vamos logo! — os apressa e faz o sinal para carregar nos braços também.
  Os dois homens carregam pela areia, cada um apoiando de um lado, e se apressam para chegar até a tenda. Assim que chegam lá, os outros ajudam a acomodar na cadeira e pega gelo para colocar na panturrilha da amiga. Aimi dá água para enquanto Hanna ajuda a enrolar o gelo na toalha, colocando-o sobre a perna da mulher. Um pouco afastados, os irmãos cochicham.
  — Fica frio, — implora o mais velho. — só quer ajudar.
  — Fiquei com ciúmes… — confessa o óbvio.
  — Jura? — ironiza recebendo o olhar de canto do irmão. — está apaixonado pela Hanna. Será que não percebe a diferença para a época em que ele namorava a ?
  — Como assim?
  — Perceba os olhares dele para a Hanna, o jeito que ele a trata… é diferente, irmão. Vai por mim, sei identificar quando alguém gosta de outro e, com toda certeza, o ama a Hanna. Amor de verdade.
  — Será? — desvia seu olhar para que está ao lado de Hanna ajudando a namorada a colocar mais gelo na compressa da perna de . — Deve ser bobagem minha…
  — Sentir ciúmes do ? Ah, é sim, maninho — dá uns tapinhas nas costas do irmão e completa: — A ama você e logo as meninas irão nascer e você esquece essa história besta de ciúme. Ainda mais do — ele ri e solta uma risada abafada.
  — Tem razão — o mais novo sorri de leve e volta a olhar para a namorada.
  Ele solta um suspiro e caminha até a parte traseira da cadeira onde está, agachando-se atrás dela e abraçando os ombros da namorada. pergunta se ela está bem, se sente algo e afirma que está apenas com dor na panturrilha ainda por conta da cãibra. Eles se beijam e o homem começa a reparar, discretamente, nos sinais que disse a respeito das atitudes de com Hanna. Quase de imediato ele nota o olhar diferente que lança para Hanna. É o mesmo olhar que o faz quando olha para .

[💻]

  Dois dias depois…

  Aparentemente é mais uma terça-feira normal para , ele desliga seu computador e arruma sua mochila para deixar o trabalho. Finalmente esse dia exaustivo no trabalho acabou e ele pode ir para casa descansar. Se bem que hoje ele irá visitar sua namorada e mãe de suas três filhas no apartamento dela. Ainda é uma loucura para saber que em breve ele terá três filhas para cuidar, uma tremenda loucura.
   teve sua licença maternidade antecipada por recomendação médica. Nos últimos dias, as meninas têm se mexido bastante causando certo incômodo na mulher, sem contar o fato delas estarem ocasionando muitas náuseas na mamãe.
  Com tudo arrumado, joga sua mochila nas costas, pega seu celular e deixa seu setor caminhando até o elevador. Não demora e ele já está na praça em frente ao prédio da Seven acenando para um táxi, já que seu irmão irá sair com a Aimi, então levará o carro deles. Minutos depois e o desembarca do táxi perto de uma floricultura que ainda está aberta. São 18h20 quando ele compra um pequeno buquê de margaridas para dar de presente para . Após comprar, ele caminha de volta ao prédio dela, cumprimenta o porteiro e sobe até o apartamento da namorada, abrindo-o com a senha de acesso.
  — Amor?! Cheguei! — anuncia ele, fechando a porta atrás de si e sendo recebido pelo Kuruma. — E aí, garotão! Cadê sua mãe, hm? — indaga ele ao gato que apenas mia de volta, roçando-se nas pernas dele.
   vai até a cozinha, pegando uma vasilha de vidro para colocar as flores na água e largando sua mochila no sofá da sala assim que conclui sua tarefa.
  — Amor? — ele chama novamente ao mesmo tempo que caminha pelo corredor que leva aos quartos.
  — No quarto, raposinha — diz , gritando de dentro do quarto. Assim que chega à porta do quarto de , quase tem um ataque cardíaco.
  — Wow! — exclama ele parando na porta, surpreso com a cena de agora.
  — Surpresa, amor! — diz a mulher com a voz sensual.
  Desde que começou a namorar que não a vê dessa forma tão sexy. veste uma lingerie de couro preta, onde a parte da frente contém fitas trançadas que servem para prender as partes da peça e dar um ajuste melhor. as usa folgadas por causa de sua barrigona. Ela também usa luvas de couro da mesma cor de sua lingerie que vão até acima de seus cotovelos. Em seu pescoço ela usa uma gargantilha com tachinhas e sua maquiagem está carregada em sombra preta nos olhos e batom da mesma cor.
  Encantado com a imagem à sua frente, o homem caminha até a namorada.
  — Alguma ocasião especial que eu possivelmente esqueci? — indaga ele envolvendo a barriga dela com ambas as mãos e depositando três beijos ali.
  — Só quis apimentar nossa relação, amor — informa ela, rindo. — Dessa vez o senhor não se esqueceu de nada.
  — Ufa… — ele suspira aliviado. — Você deveria estar descansando, mocinha — alerta ele enquanto a puxa para abraçá-lo, deixando beijos pelo braço dela.
  — Prometo transar deitada — ela sorri de maneira safada e ri alto, puxando o ar entre os dentes.
  — Você ainda vai acabar comigo, labareda…
  — Estou contando com isso — provoca o afastando dele.
  — Aonde vai?
  — Deita e assista.
  Ela não diz mais nada e empurra na cama. tira as meias dele, jogando-as longe e desliza suas mãos pelas pernas do namorado, por cima da calça, e chega até o seu feixe, abrindo-o e descendo a peça com a ajuda dele. Após, ela passa as mãos por cima da cueca dela apertando o membro do namorado que solta um gemido longo, fazendo-a sorrir satisfeita. dá o sinal para que ele tire sua camisa e prontamente obedece, ficando apenas de cueca. Ele queria tomar banho e se refrescar, mas ele não tem audácia de sair da cama agora, não com sua amada e sensual namorada despindo-o. A mulher se afasta da cama e começa a afrouxar ainda mais as fitas de sua lingerie e depois puxando uma de suas luvas de maneira bem lenta enquanto lança um olhar sexy para que assiste a tudo boquiaberto, louco de vontade de tomá-la para si neste instante. Porém, ele não tem pressa, quer aproveitar cada milésimo de segundo desse momento. faz o mesmo e continua provocando . Agora ela desliza as mãos pelo corpo, tocando-se de maneira bem sugestiva. Os suspiros de tesão emitidos por ele a fazem rir e são combustível para que ela continue. retira uma de suas luvas e faz o mesmo processo lento para retirar a outra. Assim que se livra das luvas, a mulher volta a tocar o próprio corpo de maneira provocativa, mas dessa vez não aguenta apenas ver a cena, ele precisa tocá-la também. Ele ergue seu corpo, sentando-se mais na ponta da cama e estica os braços para agarrar as mãos da namorada, puxando-a com ânsia.
  — Cheguei ao meu limite — avisa ele, simplesmente.
   não se opõe à atitude dele e apenas se deixa ser tomada pelos braços fortes de que a apertam enquanto os lábios do homem passeiam por sua pele exposta. A mulher se deita no colchão, engatinhando para trás para acomodar-se melhor e vê o namorado abaixar as alças da lingerie e retirá-la aos poucos, desprendendo a parte debaixo dela para facilitar sua retirada. Assim que se livra da lingerie, consegue ver a magnitude do corpo dela nu. Ele passa alguns segundos admirando a visão e depois desvia o olhar para os olhos de que o encaram suplicando por mais um toque dele. Sem demora e ainda encarando-a, percorre seus dedos pela coxa dela, subindo até sua virilha e parando na intimidade de que suspira com o gesto. Mas, não são os dedos dele que sente tocarem a região, e sim os seus lábios. Em um movimento rápido e certeiro, se agacha na frente dela, abrindo delicadamente suas pernas, e dá a primeira lambida na intimidade dela.
  O gemido entredentes dado por é música para os ouvidos de que apenas sorri e parte para o segundo ato.

Capítulo 10 - Nova Chance

  Alguns dias depois…
   e têm muitas questões a serem resolvidas antes do nascimento das trigêmeas que está perto de acontecer. Os principais deles são: onde eles irão morar e o nome das meninas. Nesse momento eles estão no apartamento do homem, no quarto dele assistindo a um filme. Ou pelo menos tentando, não é?
  — Eu estava aqui pensando… — inicia , inquieto com seus pensamentos. Sua mão distraída no cafuné que faz nos cabelos de que está aninhada em seu peito, a barriga repousada lateralmente em um travesseiro entre eles.
  — Em quê, amor? — indaga com o olhar atento ao filme que passa na TV pregada na parede do quarto.
  — Em alguns nomes para as meninas — responde ele e ergue um pouco o rosto para olhá-lo.
  — Em quais pensou?
  — São três, né? — lembra ele com um tom risonho. — Pensei em dois nomes só, sou um péssimo pai, meu Deus — ele ri ao fim da frase, balançando a cabeça.
  — Claro que não, amor, não seja exagerado! — adverte em tom repreensivo, mas acaba rindo depois. — Me diz, quais nomes você pensou?
  — Sora e Sayuri — ele diz e imediatamente se manifesta.
  — Desculpa, amor, mas eu não gostei — abre a boca, surpreso.
  — Por que não?
  — Não vou botar o nome de “céu” em uma de nossas filhas — ela diz referindo-se ao nome “Sora” que significa “céu”. — E eu não gostei de Sayuri também — completa ela fazendo uma expressão fofa para amenizar o que ela acaba de dizer, já que claramente isso chateia .
  — Ok, tem nomes melhores, então? — ele usa um tom debochado, quase desafiador e logo percebe que ele realmente está chateado.
  — Que tal Hikari? — sem se controlar, solta uma gargalhada fazendo com que a expressão amena de suma e dê lugar a uma bastante irritada. — !
  — Não vou dar o nome de “brilho” para uma de nossas filhas, Mori — rebate ele referindo-se ao significado do nome dito por ela.
  — Chato — resmunga ela vendo o namorado dar de ombros e continuar rindo.
  — Vamos pensar em outras opções que abranjam as três, temos que nos lembrar que são três pessoinhas a ganhar um nome — diz ele de maneira óbvia.
  — Ok, vamos pensar…
   sempre foi bom em apelidar as coisas, mas, ironicamente, quando é para dar nomes para suas filhas, o homem parece perder toda a habilidade nata de saber achar um bom nome para algo ou alguém. Tanto ele quanto entram em um acordo de escolherem juntos os três nomes, mas o problema é chegar nesse consenso já que ambos não têm unanimidade, pelo menos não tinham.
  — Amor! Acho que achei um nome, pelo menos um — alerta chamando a atenção de que já não presta mais atenção no filme que passa na TV.
  — Qual?
  — Akane, o que acha? — significa “vermelho brilhante”.
  — Eu adorei! — diz com um sorriso no rosto e também sorri.
  — Combina com você — ele segura o queixo de e solta um beijinho para ela que ri com o gesto.
  — Só por causa do meu cabelo, né?
  — De vez em quando eu gosto de ser óbvio — gaba-se ele, convencido.
  — Besta — diz ela, rindo, e logo muda a expressão para uma de surpresa. — Acabei de pensar em um nome ótimo!
  — Hm, estamos progredindo! — comemora ele. — Qual seria?
  — Yasu — significa “calma, tranquilidade”.
  — Oh, muito promissor! Adorei, labareda! — diz ele, se esticando para dar um selinho nela. — Espero que ela combine com o nome e seja uma criança tranquila.
  — Oh, também espero. Na verdade, espero que as três sejam tranquilas — ressalta ela.
  — Se elas puxarem meio por cento de nós dois, com certeza elas não serão tranquilas — pontua ele, rindo.
  — Ah, amor, vamos ter esperanças, por favor! — eles riem e concorda com a cabeça.
  — Hm, só mais um nome… — diz ele em voz alta. — Ah, já sei!
  — Bateu a inspiração! — a mulher ri com a rapidez do pensamento.
  — Shinju — significa “pérola”.
  — Aii, pérola, que amor! — diz com a voz manhosa e repousa a mão sobre o rosto de . — Eu amei, com certeza uma delas se chamará Shinju — sorri com a resposta.
  — Então está decidido o nome das três?
  — Sim, está sim — também sorri feliz por já terem resolvido pelo menos este problema.
  — Estou louco para que nossas Akane, Shinju e Yasu nasçam logo — diz ele, acariciando a barriga de que se arrepia com o carinho.
  — Eu também… — concorda ela de olhos fechados.
  — Amor… — chama o homem e responde com um resmungo. — Precisamos saber onde iremos morar.
  — Acho que estamos sendo muito burros, raposinha — comenta ela e ergue uma sobrancelha.
  — Por quê?
  — Porque temos o meu apartamento para morarmos — lembra ela e ergue a outra sobrancelha, espantado.
  — Meu Deus, verdade! — ele ri com o próprio esquecimento. — Acho que nosso nervosismo e toda a tensão nos fez esquecermos dele.
  — Sim — ela também ri e completa: — E já vamos acostumando o Kuruma com as bebês. Com você ele já está acostumado.
  — Hm, verdade — diz ele, pensativo e com o olhar perdido na parede ao lado da TV.
  — Oh, não…
  — O que houve? — olha para ela, piscando os olhos.
  — Você está pensativo. Não gosto muito do que vem depois dessa expressão — ela ri com o próprio comentário e lhe dá uma mordida no dedo de sua mão mais próxima a ele.
  — Boba — ele solta uma risada abafada e completa sua fala: — Sério, eu preciso de falar algo importante.
  — Não me enrola — pede a mulher com uma das sobrancelhas suspensa.
  — Mori, quer morar comigo no seu apartamento? — ele faz o pedido e não segura a risada.
  — Besta! — dessa vez é quem morde o namorado na altura do peito. — Quero sim, raposinha!
  — Ae! Mais um problema solucionado, não é à toa que somos desenvolvedores de sistemas, amor — comenta ele, orgulhoso. — Somos pagos, literalmente, para resolver bugs!
  — Bobo!
  Os dois começam a conversar sobre como e quando irão se mudar para o apartamento de e já pensam na montagem do quarto das trigêmeas que será no atual quarto de hóspedes que há lá. O filme da TV já não está mais na mira do casal há algum tempo e já até acabou, mas eles não notam já que estão entretidos com a própria conversa sobre o futuro de suas vidas e de suas três filhas.

  Mais algum tempo depois…
  O setor de BackEnd está a mil por hora e o motivo é um grande projeto. Todos estão com demandas além das que normalmente costumam receber, mas está com o dobro disso. Em semanas normais, o costuma ter entre cinco e dez partes do site para montar. No projeto atual, ele recebeu quinze na semana passada e mais quinze chegaram no seu e-mail hoje. Ele é o melhor programador do setor, ele daria conta de tudo facilmente, mas o problema é que ele não só não conseguiu concluir sua demanda da semana como não concluiu a da semana passada. Ele está quase surtando.
  Em cima da mesa de há uma garrafa de café que ele pegou mais cedo lá na copa e trouxe para tomar enquanto tentar concluir tudo para entregar ainda hoje nem que seja metade. As demandas atrasadas ele havia solicitado um pouco mais de tempo para concluir, já as dessa semana – que o prazo termina em algumas horas – ele não pode pedir mais tempo, pois são de extrema urgência. O principal – e quiçá único – motivo para ele não ter conseguido concluir tudo a tempo é a preocupação com a gravidez de e os preparativos para a mudança para o apartamento dela, que já começaram. não sente nenhum mal-estar ou algo do tipo, então está trabalhando normalmente sob a vigilância constante de que foi incumbido pelo irmão de cuidar de sua namorada já que ele não pode fazer isso durante todo o período de trabalho.
   não percebe, mas é vigiado também. o observa trabalhar em um ritmo frenético, mais que o normal para o , e se preocupa. Mesmo estando com raiva pela teimosia em se recusar a perdoá-lo ou deixar de ser tão infantil, o rapaz se preocupa com o amigo e é por isso que vem fazendo algo para ajudá-lo. Tudo em segredo. teve a mesma demanda semanal que , a diferença é que ele concluiu todos os seus pedidos. Quer dizer, quase todos. Das trinta tarefas que recebeu nas duas últimas semanas, faltam apenas cinco para serem concluídas, porém são todas coisas simples que ele consegue fazer em algumas horas, caso se dedique inteiramente a isso. Ele ainda não o fez, pois está concluindo outras tarefas. Todos no setor de BackEnd têm acesso aos e-mails de demanda de todo o setor, o chefe deles é responsável por designar as tarefas igualmente para os desenvolvedores e cobrar os prazos de entrega. Quando um desenvolvedor conclui sua tarefa, ele marca no e-mail como “concluído” e todos ficam sabendo. Por isso, pôde saber quais as tarefas ainda não concluídas por e quais são as mais urgentes. É nelas que ele trabalha agora.

  Algumas horas depois…
  O nervosismo de está estampado em sua face, ele mal consegue se manter de pé em suas pernas. Mesmo assim, ele precisa dar uma satisfação ao seu chefe e, infelizmente, não poderá ser virtualmente. Ele levanta-se de sua cadeira, ainda observado discretamente por , guarda seu celular no bolso e caminha até a mesa de seu chefe que fica mais para o fundo do local.
  — Daisuke? — chama , ridiculamente tímido, e o outro resmunga de volta sem tirar os olhos da tela de seu notebook, uma das mãos apoiadas no queixo, coçando o local e a outra repousada no touch do aparelho.
  — Diga, — instiga Daisuke, percebendo a demora que tem para falar. — O gato comeu sua língua? — brinca ele e ri com sua piada agora sim encarando o funcionário e amigo de basquete.
  — Ah, não — ele ri sem jeito, coçando a nuca.
  — Senta — convida Daisuke apontando para a cadeira e observa sentar-se bastante nervoso. — O que houve?
  — Eu… cara, eu nem sei direito como te falar isso, eu nunca precisei de fato ter esse tipo de conversa com você…
  — Vai pedir demissão?! — afoba-se o chefe, com os olhos arregalados.
  — Não! — desmente . — Como poderia? Tenho três filhas para sustentar, não seria louco para te pedir demissão — ele ri sem humor ao fim da frase e Daisuke solta um suspiro aliviado, rindo em seguida.
  — Verdade! Por falar nisso, como vai a mudança e os preparativos para o nascimento delas? — questiona o homem, interessado.
  — Ah, indo bem — sorri de maneira contida. — Mas eu queria te falar algo importante, Daisuke — retoma ele.
  — Oh, sim, diga.
  — É sobre as demandas que vencem hoje — introduz.
  — O que tem elas? — diz Daisuke e, antes de abrir a boca para continuar, ele interrompe: — Ainda não olhei se estão funcionando, mas eu confio em você, sei que estão perfeitas.
  — Quê? Como assim funcionando? — o encara muito confuso. — Mas eu…
  — , você não precisa ser tão perfeccionista nos códigos, cara. Já conversamos sobre isso — relembra Daisuke e dá um gole em seu café, colocando a xícara sobre a mesa novamente. — Muitas vezes você entrega as tarefas com “atraso” por causa disso, pois eu sei perfeitamente que você as termina muito antes e fica enrolando, mexendo ali e acolá, criando um código gigantesco que só você entende, mas é surpreendentemente funcional — conclui o pensamento com o ar ainda de bronca, porém moderado.
  — Eu… do que você está falando, Daisuke?
  — Como assim do que estou falando, ? Você está bem? — rebate o chefe, também confuso. — Você me enviou as demandas no mesmo dia do prazo final, o que há demais? Quer que eu finja que não estão no meu e-mail para que você possa mexer nelas de novo? Ai, ai, , você é igual ao seu irmão — brinca Daisuke lembrando-se da época que foi chefe do setor de FrontEnd e tinha o mesmo problema com o e seu perfeccionismo nos códigos.
  — Mas eu não terminei elas — diz com um pouco de urgência na voz, aflito.
  — E o que são essas tarefas aqui, então?
  Daisuke vira o monitor do outro computador de sua mesa, afastando um pouco o notebook, e com a ajuda do mouse abre a tela do e-mail mostrando a os e-mails respondidos por ele para o chefe, todos com um arquivo em anexo. arregala os olhos bastante surpreso.
  — Mas como… eu não… — balbucia ele, atordoado e confuso. Será que ele esqueceu que fez as tarefas? Não é possível…
  — Você precisa descansar, irmão — sugere Daisuke. — Quer uma folga o resto do dia?
  — Hã? Não… eu ainda preciso terminar as outras…
  — Deixa para amanhã ou senão pode fazer de casa, não tem problema. Sabe que comigo não tem essa de funcionário ter que ficar no escritório para terminar nada — reforça Daisuke e conserta o monitor voltando-o à posição original. — Vai para casa, vai — repete.
  — Eu…
  — , vai almoçar, desliga tudo lá e vai para casa! — insiste o chefe e completa: — Se eu passar por lá e te ver na sua mesa, eu juro que jogo café no seu cabelo — ameaça Daisuke com um tom metade sério e a outra zombeteira.
  — Ok… obrigado… — agradece ainda confuso e se levanta.
  — Ah, mande lembranças minhas a — diz ele, sorrindo. — E quando as trigêmeas nascerem eu não quero vê-lo pela empresa, ok?
  — OK, Daisuke, entendi — ele solta uma risada abafada e sai dali.
   ainda não entende o motivo de terem aparecido todas as demandas urgentes no e-mail de Daisuke, prontas e no nome dele. Como é possível? Enquanto caminha de volta à sua mesa, o homem refaz todo seu processo de trabalho nas últimas semanas para tentar entender quando ele fez as metas designadas a ele. Tudo em vão. Ele não chega à conclusão alguma e fica ainda mais confuso. O homem joga o corpo em sua cadeira, passando as mãos pelos cabelos e jogando-os para trás, coçando um pouco a nuca. Sua expressão franzida estampa sua preocupação e confusão. De repente, ele tem um estalo mental e ergue seu olhar para mudando imediatamente sua expressão para uma de quem finalmente entendeu algo óbvio. Será que ele seria realmente capaz de ter feito isso? Não, não seria possível que tenha… se bem que ele sabe qual a senha do e-mail de e poderia ter…
  — Foi você! — levanta-se bruscamente da cadeira, apontando o indicador para que vira o rosto assustado para o outro.
  — O quê? — diz , confuso e ainda com suas mãos segurando o celular. Ele manda uma mensagem para Hanna para almoçarem juntos.
  — Você acessou o meu e-mail e entregou as minhas demandas como se tivesse sido eu! — ele diz o óbvio.
  — Ah, isso? Sim, fui eu — confessa , ajeitando os óculos no rosto, voltando a olhar para o celular e abre a boca, surpreso.
  — Por que fez isso? — indaga o homem.
  — Porque você precisava de ajuda e eu sei que você está atolado de coisa para resolver da mudança e o nascimento das meninas está perto — dá de ombros e levanta-se de sua cadeira, envia a mensagem para Hanna e bloqueia a tela do celular.
  — Não… não precisava ter… — inicia , mas é interrompido.
  — Não me custou nada ajudar.
   não dá margem para contra-argumentos, exibe um sorriso singelo e deixa o setor, caminhando até o elevador. não tem reação de segui-lo para confrontar , ele apenas o observa caminhar tranquilamente para encontrar a namorada. Ele passa as mãos pelos cabelos, ajeitando-os novamente atrás da cabeça, nessa altura do dia o gel que passou pela manhã já havia secado, deixando seus cabelos livres e bagunçados. O respira fundo e pega seu celular, mandando uma mensagem para , que logo responde:

12h03 Está livre já, amor? Vamos almoçar juntos! 😊

  12h03 Estou sim, raposinha. Me encontre no refeitório, já estou a caminho.

12h03 Ok, labareda! 🔥🥰

  Ele guarda o celular e vai até o refeitório. Ele ainda está bastante abalado e surpreso com a atitude de , vide o último encontro deles no apartamento de , ele achava que nunca mais teria oportunidade de voltar a falar com o , mas, pelo visto, ele não é tão imbecil assim.
  — Está tudo bem, amor? — indaga , percebendo a dispersão dele. Os dois já estão sentados à mesa, ambos com suas marmitas quentes e a de já está aberta. — Não vai comer? — completa ela vendo que a marmita de ainda está lacrada e sua feição continua avoada.
  — Eu estou confuso — diz ele e começa a comer.
  — Com o quê? — pergunta e leva um pouco de comida à sua boca.
  — O — diz e ergue seu olhar para o namorado. — Ele fez algumas demandas e entregou como se tivesse sido eu — explica o homem virando seu olhar para .
  — Hm, que legal da parte dele! — exalta . — Mas, por que ele teve que fazer isso? Você atrasou alguma demanda?
  — Todas — solta o ar, espantada. — Estou com a cabeça cheia por causa da mudança e o nascimento das meninas está perto, né? — lembra ele olhando para a barriga de quase oito meses de .
  — Está sim — ela alisa a própria barriga e completa: — Mas, por que ficou confuso com o ? Por ele ter ajudado o amigo dele? — ela diz de maneira óbvia e a encara com a feição entediada.
  — , sabemos que o é um idiota.
  — Mas é um idiota amigo — ela ri com sua afirmação, levando mais comida para a boca. — E ele ainda é seu amigo mesmo tendo sido idiota no passado — realça.
  — Tsc… — ele resmunga e retira a tampa de sua marmita. — Aquele idiota intrometido… não precisava ele ter feito isso para chamar a minha atenção — continua resmungando e apenas ouve atentamente enquanto come. — Ele invadiu meu e-mail para mandar os arquivos. Aposto que fez os códigos daquele jeito esquisito dele. Ahhh, vou ter que revisar todos! — lamenta-se, emburrado. — Tenho certeza de que estão funcionando, mas não gosto da maneira simplória que ele os constrói — segura o riso ainda comendo ao ouvir os resmungos do namorado. No fundo, ele já perdoou e só não quer admitir. — Assim que eu chegar em casa irei revisar tudo e mandar de novo, vou falar com o Daisuke. Vou mandar como update e pronto.
  — Você fala assim, mas adorou que o ainda se importa com você porque ele é um bom amigo apesar de toda a briga sem sentido e idiota que tiveram — diz, chamando a atenção de que a encara com a mão parada no ar segurando os hashis com o sushi que ia comer.
  — Como ousa achar isso, labareda?! — ele diz num tom falso de ofensa. — Tsc, eu não adorei nada que o fez por mim e a nossa briga não foi sem sentido, você sabe que eu tenho um excelente motivo para estar irritado com ele — contesta ele.
  — Você sabe que eu já o perdoei, não sabe?
  — Sei…
  — Se eu o perdoei, por que você não o perdoa também? — interpela. — Não seja tão chato assim, amor. O é seu amigo, ele é nosso amigo.
  — Não quero falar disso, amor… — desconversa o homem, colocando o sushi em sua boca e mastigando.
  — Ai, raposinha, por que você é tão teimoso? — repousa a mão sobre o rosto dele, acariciando o local e sorri. disfarça e continua mastigando.
  — Estou com a tarde livre — disfarça ele. — Vou aproveitar para buscar o berço das meninas e montar no quarto delas — diz ele e engole a comida.
  — Está bem, amor — não insiste mais e dá um beijinho no rosto do namorado que vira o olhar para ela. — Te amo — declara-se.
  — Eu te amo mais — aproxima seu rosto dos lábios dela e a beija.
   tem plena certeza, vide a reação de , de que ele já perdoou pelas desavenças que tiveram antes. Tudo tinha sido uma grande besteira, mesmo que no início tenha alimentado uma raiva enorme por , mas que se dissipou quando percebeu que a amizade deles ainda estava forte, apesar da distância, e que estava de fato mudado e arrependido do que havia feito com ela. O mesmo ocorre entre e ele. imagina que o namorado tenha sentido a mesma coisa que ela quando notou que havia entregado todas as demandas urgentes que ele tinha para hoje sem dizer nada a Daisuke sobre a real autoria das tarefas. A moça acha uma atitude muito nobre e fofa da parte do amigo e não duvida nada que ele tenha feito isso por bondade mesmo e não por querer se vangloriar para . pode ter sido um babaca em ter escondido seus sentimentos na época em que namoraram, mas ele não é mesquinho e muito menos rancoroso.
  Com o tempo, saberá enxergar isso no amigo novamente e verá que a amizade deles é maior que qualquer adversidade passada.

[💻]

  Dias depois…
   está terminando de arrumar as últimas roupinhas das meninas dentro da malinha que ela levará para o hospital quando chegar o momento certo. saiu para buscar suas últimas coisas que tinha deixado no apartamento que dividia com o irmão – que agora o mais velho pensa em dividir com Aimi, mas ainda não perguntou o que a moça acha disso. A mulher caminha com dificuldades, uma das mãos apoiadas na lombar que dói intensamente associada a outra dor no pé de sua barriga. O mal-estar só piora quando ela tem que abaixar para pegar uma das dez mantas que havia separado para levar para o hospital, o número exagerado, segundo ele, é porque “antes sobrar do que faltar”.
  — Ah, mas que droga! — brada ao sentir a dor aguda em sua barriga. — Ah, não… — ela leva a mão livre até suas pernas, passando a mão por sua intimidade e sente algo escorrer. Assim que confere a cor do líquido e percebe ser o líquido amniótico juntamente com sangue, a moça começa a surtar. — Ahh, não, filhas! Agora não!!! — reclama ela sentindo a dor crescer mais e mais.
  De repente, a campainha toca. olha para fora do quarto e aguarda pelo barulho da abertura da porta, mas nada dela abrir. Ela caminha com muita dificuldade até a sala e abre a porta.
  — ?! — ela diz com a voz urgente e dobra o corpo sentindo mais dor.
  — ! — a acode, segurando-a pelos ombros. — O que houve? Está sentindo dor? — verifica ele, ficando angustiado. puxa o ar e fala de uma vez:
  — As meninas estão nascendo…
  — Quê?! Oh meu Deus! — diz ele, afobado. — E o , onde está?
  — Ele foi… ah, ele… ah, , me ajuda, me leva para o hosp… AAA QUE DROGA! — ela berra sem conseguir concluir a frase, mas entende perfeitamente do que se trata.
  Sem perguntar mais nada óbvio, o rapaz a ajuda a encostar-se na parede por alguns segundos, somente o tempo de ele ir até o quarto das meninas e pegar a mala que estava finalizando minutos atrás juntamente com sua bolsa e celular. Assim que cata tudo, retorna correndo a sala, com a mala e a bolsa penduradas em seu corpo, e ajuda a caminhar até seu carro que está estacionado lá fora. É uma grande coincidência estar ali, já que ele estava indo encontrar a Hanna para irem passear e passou na casa de para ver pessoalmente como ela estava já que ela havia se queixado há dois dias que sentia dores nas costas diferentes das que sentia no início da gravidez. Durante esses dias, não teve oportunidade de verificar pessoalmente como ela estava, ele realmente só iria passar rapidinho na casa dela, vê-la por alguns minutos e ir embora. Mas, ainda bem que ele chegou bem a tempo de ajudá-la.
   já dirige a caminho do hospital mais próximo. Ele tenta ligar para , mas o outro não atende. Irritado, deixa uma mensagem de voz para ele.

“Cara, eu passei no apartamento da para vê-la e ela estava passando mal, sentindo muitas dores e ela me disse que a bolsa dela estourou. Eu a… calma , já estamos chegando, tá? Bom… eu estou levando-a para o hospital que tem perto do apartamento dela. Assim que ouvir esse áudio, vem para cá, ela precisa de você.”

  Ao fundo do áudio é possível ouvir o choro de dor dado pela moça que nunca tinha sentido dor igual na vida, porém ela não vê a hora de poder segurar suas filhas nos braços.

  Um hora depois…
  — Aonde ela está?! — indaga , afobado ao entrar na sala de espera do hospital e avistar sentado com os cotovelos apoiados nos joelhos e o queixo apoiado na palma de sua mão.
  — Calma, cara, ela já está na sala de parto — responde tentando acalmar o .
  — Eu quero vê-la, eu preciso vê-la! — diz ele com urgência.
  — Vem, eu te levo até o médico que atendeu ela.
   se levanta e conduz pelo ombro até o corredor, pelo caminho a mente do fervilha pensando em várias coisas sobre o nascimento de suas filhas. Talvez se ele não tivesse parado para ajudar a mudar os móveis de seu quarto de lugar, ele pudesse estar com quando ela sentiu a primeira contração e talvez ele já estivesse lá dentro com ela desde o início. Espantando os pensamentos de autossabotagem, finalmente é apresentado ao enfermeiro responsável pelo setor obstétrico. O enfermeiro leva até uma sala e lhe dá as roupas descartáveis para ele se equipar para o parto, como acompanhante, é claro.
  Assim que fica pronto, ele é conduzido pelo profissional até a sala de parto. Nem é preciso abrir a porta para ouvir os resmungos de dor dados por , tais sons cortam o coração do homem.

  Horas depois…
   retira a touca descartável da cabeça, deixando soltos seus cabelos e os bagunça um pouco. Seu rosto ainda está inchado do tanto que chorou durante o parto, mas no fim deu tudo certo: as trigêmeas nasceram! A primeira a nascer foi a Akane e a mais bochechuda também. A segunda foi a Yasu, nem chorou e já nasceu de olhos abertos. A última foi a Shinju que nasceu quietinha também, mas com os olhinhos fechados e resmungando um pouco. Agora, oficialmente, é pai de três lindas menininhas que, para a tristeza dele, não nasceram com a cor dos cabelos iguais a de , sua linda namorada, porém nasceram com os cabelos bastante pretos.
  Quando chega até a sala de espera, todos se levantam ansiosos por uma boa notícia.
  — Elas nasceram! — externa ele com um sorriso enorme estampado no rosto e logo é abraçado pelo irmão.
  Aimi, Hanna e também comemoram e se abraçam felizes pela notícia. Quando deixa o abraço de seu irmão, o olhar de recai sobre . De repente toda a nostalgia de quando eles eram crianças toma conta do que sente seu corpo paralisar sem nenhuma reação. Seu olhar treme ao olhar para que ainda sorri abraçando a namorada. Depois de alguns segundos, acaba percebendo a encarada de , dando um beijo rápido em Hanna, caminha até o homem.
  — É, parabéns, cara! — diz ele, bastante tímido.
  — A gente pode conversar…
  Dessa vez a paralisia corporal acomete que não tem reação imediata ao pedido do outro. O olhar do encara de maneira arregalada, surpreso, temeroso e curioso. Depois de mandar vários comandos diferentes para seu corpo, finalmente um deles é atendido e ele acena que sim com a cabeça, acompanhando o caminhar de até a parte externa do hospital. O vento batendo nos corpos de ambos, os fazendo se encolher levemente.
  — Sobre o que você… — inicia com os braços cruzados sobre o peito, mas é cortado por .
  — Você ajudou a hoje e eu queria agradecer pelo que fez — anuncia o homem sentindo um nó em sua garganta.
  — Não precisa agradecer — diz . — é minha melhor amiga e é minha obrigação ajudar quando ela precisa de mim, ela sabe que sempre pode contar comigo.
  — É, eu sei… — sussurra com seu olhar para baixo olhando próximo aos sapatos de .
  — Apesar de tudo, , eu ainda considero você meu amigo — a revelação faz encarar o com os olhos cintilantes.
  — Eu quero te fazer um pedido — diz , de repente.
  — Diga.
  — Você quer ser o padrinho de uma das meninas?
  O pedido realmente surpreende que solta o ar pela boca deixando escapar um gemido surpreso ao fim. Ele descruza os braços e os deixa relaxar, pendendo em seu corpo. O homem leva uma das mãos à nuca, coçando o local e desvia seu olhar do de que também desvia o seu, ficando tímido com o silêncio. está tão feliz pelo pedido de que a vontade dele é abraçar o amigo e gritar para todo o quarteirão ouvir que ele aceita sim e que será um enorme prazer, mas ele se contém. Ainda assim, quando ele consegue falar, sua voz sai trêmula.
  — Será um prazer — ele diz, finalmente.
  — Eu prometi que a primogênita, a Akane, seria afilhada do , então… — coça sua cabeça, rindo de leve e olhando para os lados.
  — Não tem problema — apressa-se . — Fico feliz em ser padrinho de uma delas — conclui o rapaz e engole em seco, sentindo sua garganta tremer pelo grito preso nela.
  — Você continua um emotivo, seu idiota…
   sorri e encara o outro. Novamente aquela nostalgia de quando ele e eram crianças lhe toma com tudo. Ele leva uma das mãos à boca, apertando um pouco o nariz e balançando sua cabeça, os olhos ardendo pelo choro iminente fixados no amigo. Os pensamentos dele agora raciocinam com outra visão tudo o que aconteceu, todos os conselhos que recebeu ao longo desses meses que durou essa birra burra entre eles. Não há mais motivos para eles ficarem separados, afinal, eles se amam e são parceiros, amigos de verdade, um conhece o outro como ninguém e não faz sentido, de fato, manter essa distância conscientemente. Palavras não precisam ser ditas para entender que havia sido perdoado e não precisam ser ditas para que entenda que esse sempre foi o desejo genuíno de . E é com um impulso do que o abraço acontece. Um longo abraço apertado, quente e cheio de amor. O amor dos amigos que nunca deveriam ter brigado.
  Agora, finalmente e deixam as lágrimas rolarem enquanto se abraçam na porta do hospital.

[💻]

  1 ano depois…
  A casa do casal -Mori está em festa, afinal, hoje é aniversário das trigêmeas. Elas completam um aninho e todos foram convidados. Neste momento, as três estão dormindo após muito trabalho de seus pais que tiveram que fazer malabarismos para que as três dormissem. e se mudaram para uma casa maior faz alguns meses, assim que as meninas fizeram sete meses, eles se mudaram. A casa é grande e localizada em um bairro próximo ao antigo bairro que morava, mas bem maior. Tem um grande quintal onde as meninas já brincam, uma sala de estar e de jantar, a cozinha é praticamente do tamanho do antigo apartamento da que é o local favorito do Kuruma, há um quarto para as visitas e um banheiro comum, sem contar o quarto das meninas que é bastante espaçoso e a suíte do casal. É nela que toma banho agora. Ele está cansado, tanto do trabalho, quanto da intensa rotina de cuidar das filhas. Ele sempre disse que não tinha jeito para ter filhos, que não queria ter um tão cedo, mas, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, o homem está se saindo um pai excelente. Praticamente ele não deixa a fazer muita coisa além de mamar, já que ele mesmo não pode fazer isso, pois não produz leite – se produzisse, certamente ele disputaria com a namorada essa função.
  As três filhas do casal são bem diferentes uma das outras. Akane, a mais velha por ordem de nascimento, é a mais parecida com a : gosta de ter as coisas no momento que ela tem vontade, de vez em quando faz algumas birras, mas, no geral, é uma criança brincalhona e fofa. Já a pérola da família, a Shinju, foi a última a nascer e é a mais pimentinha. Definitivamente ela é igual ao pai e isso preocupa a e o também, se ela puxou realmente a ele quando era criança, o casal terá certo trabalho com o comportamento dela. Elas duas são afilhadas de . E a mais tranquila faz jus ao seu nome, Yasu foi a que nasceu entre as irmãs, a do meio, e é a mais quietinha entre elas. Meiga e tranquila, ela quase não chora, quase não faz birra e é a mais carinhosa e afilhada de que enche as três de presentes, mas tem a tendência de mimar mais a Yasu. A madrinha das três é a Aimi, já que não tem irmãs e nem parentes próximos para quem pudesse dar essa função. Apesar de que ela não pensaria em mais ninguém para tal cargo de madrinha de suas filhas.
  É, apesar de morarem juntos há um ano e terem três filhas, e não são casados. Pelo menos não oficialmente. Nunca houve um pedido específico além daquele em que pede para morar com ele, antes mesmo do nascimento das meninas. Tal fato não incomoda nenhum dos dois, pelo contrário, ambos já conversaram sobre e não se sentem na obrigação de casar-se oficialmente, pois já se sentem casados e até usam alianças na mão apropriada. Isso não é um problema.
  O problema agora é que está em um dilema.
  A mulher espia seu namorado tomar banho pela fresta da porta que está encostada. tem a mania de tomar banho com a porta do box aberta, mesmo que isso molhe parte do banheiro. Isso já foi motivo de uma discussão acalorada entre o casal, mas que logo se resolveu com promessas de mudança. Bom, tal mania do homem ainda é presente. Porém, no momento, não se incomoda com isso. Ela está pensando se invade o banheiro e envolve o corpo nu e molhado de seu amado ou se fica apenas na vontade, já que em breve os convidados irão chegar e o barulho de seus gemidos poderiam acordar as meninas. Se bem que ela consegue gemer baixinho…
  Ela sorri de canto e abre a porta devagar, mas algo a faz recuar. está lavando os cabelos e se vira, mesmo que de olhos fechados, para saber de onde vem o barulho. recua um pouco e volta a deixar a porta como estava antes. Ela espia, através da fresta, retirar o shampoo dos cabelos e lavar o rosto, retirando a espuma que ali estava. Ele desliga o chuveiro, puxando a toalha que está pendurada no suporte e a jogando no rosto, enxugando o local. Ele esfrega os cabelos e enxuga o restante do corpo de maneira desleixada, ainda deixando partes dele molhadas. O homem enrola a toalha em sua cintura e sai do box. Ao ver o movimento dele, sai da frente da porta e se joga na cama, pegando o celular e finge estar mexendo nele.
  — Amor, você estava me espiando? — a voz de sai de dentro do banheiro e, frações de segundos depois, a figura dele surge na porta.
  — Hm? — resmunga em resposta, ambas sobrancelhas erguidas juntamente com sua cabeça para olhá-lo.
  — Sua safada, estava sim! — diz ele, sorrindo divertido. — Por que não larga esse celular e vem aqui comigo, hm? — provoca.
  — Amor, as crianças estão dormindo — alerta ela, fingindo desentendimento.
  — Eu sei que você estava me espiando pelado, labareda — reforça e se aproxima da cama. — Vem cá com sua raposinha, vem — chama ele, esticando a mão e alisando a perna dela.
  — Você mesmo gosta, — diz ela, rindo e jogando o celular para o lado, erguendo o corpo em seguida. — Se eu começar a fazer o que quero fazer com você, eu não vou parar — avisa e ergue uma sobrancelha.
  — E quem te disse que eu quero que você pare?
  A provocação de é bem clara e direta.
   solta uma risada nasal e salta da cama, se aproximando do namorado. O toque da mão morna de sobre seu abdômen arrepia levemente a pele de que solta um singelo suspiro entre os dentes ao mesmo tempo que envolve suas mãos na cintura dela. O beijo acontece tão rápido que mal dá tempo de eles fecharem os olhos, o que acontece com delay. Com o impacto de seus corpos, a toalha que cobria a parte de baixo de afrouxa, ele pressiona a virilha na parte íntima de enquanto percorre as costas dela, parando uma de suas mãos em sua nuca, puxando-a com força para trás. Isso atiça a mulher que aproveita o embalo e interrompe o beijo, jogando o pescoço para trás. Tendo o busto dela exposto desse jeito faz o homem umedecer os próprios lábios e deixar alguns beijos em seu território, finalizando com um chupão no queixo de que a faz gemer baixinho. A mulher ergue novamente seu corpo, que havia sido jogado para trás com o impacto dos beijos, e empurra levemente para trás, indicando que ele deve retornar ao banheiro. Obediente, ele caminha, virando-se de costas para ela, e de maneira bem provocativa desfaz o nó da toalha e abre-a, ainda cobrindo sua bunda, esfregando a peça enquanto empina e rebola a bunda. solta uma risada e morde o lábio inferior, achando a cena bastante sexy.
  A Mori passa pela porta e a deixa encostada novamente para que possa ouvir caso uma das meninas chore chamando pelos pais. No momento, a atenção de está na bunda de que está totalmente exposta enquanto ele ainda rebola para a namorada. Antes de entrar no box novamente, ele se vira e pisca para ela, dando um rosnado que quase faz rir. O chuveiro é aberto novamente e a água volta a percorrer o corpo de que joga a cabeça debaixo d’água, molhando os cabelos, e os joga para trás, bagunçando-os um pouco para que a água penetre por entre os fios. Olhando fixamente para a namorada, o homem alisa o próprio corpo, provocando-a e chamando-a com o indicador para se juntar a ele. Sem tirar os olhos de cima do corpo do homem, começa a despir-se, retirando o vestido, calcinha e sutiã. Tudo em tempo recorde, a ânsia de tocar é grande e ela não pode mais esperar.
  Ela entra no box e caminha na direção dele, empurrando contra a parede fria, fazendo-o suspirar com o choque. Ela molha o próprio corpo involuntariamente, já que ele ainda está na direção da água. desliga o chuveiro e encosta seu corpo no dele, esfregando suas unhas pelas laterais do corpo de que toma os lábios dela sem ao menos tocar em seu rosto. Já as mãos de descem até o membro de , masturbando-se enquanto o beijo acontece. Unido a isso, há os gemidos discretos dele que fazem a mulher se satisfazer apenas em ouvi-los, mas quer mais. Muito mais.
  A mulher ergue uma de suas pernas, apoiando-a na parede fria do banheiro, e esfrega sugestivamente sua virilha em que logo interrompe o beijo, olhando fixamente para a intimidade de sua namorada. Ainda ofegante, ele leva sua mão até o local, esfregando-o do jeito que dá prazer a sua amada, não demora para que o encare com um sorriso nos lábios e verbalize que deseja mais que isso. O atende ao pedido dela e introduz os dedos centrais de sua mão na intimidade da Mori que suspira de prazer. treme seus dedos enquanto faz o movimento de entra e sai de sua mão, fazendo o movimento quase exato de um vibrador. revira o olhar, soltando o ar com força através de sua boca ao mesmo tempo que aperta os ombros de , pressionando as unhas ali.
  — Eu quero agora, amor — pede ela, sussurrando.
  — Pede com jeitinho, labareda — provoca e o encara fulminantemente.
  — Agora! — diz ela, incisiva.
  — Adoro quando manda em mim, sou todo seu, meu amor — diz ele, totalmente entregue a ela.
  Rapidamente ele tira os dedos da intimidade dela, levando-os até a própria boca e lambendo-os sem tirar os olhos dela. Ele retorna sua mão para baixo e manuseia seu membro na entrada dela, pressionando-o até que ele entre totalmente. toma as pernas de , erguendo ambas no ar e carregando a namorada no colo. Ela pressiona os joelhos no quadril dele para não cair durante o ato. Com muita força, vira-se e encosta o corpo de na parede, podendo assim pressionar seu quadril com força, introduzindo seu membro na intimidade dela. apoia os cotovelos nos ombros de enquanto tem todos os dedos penetrados nos cabelos dele, puxando conforme sente mais prazer. Neste momento, ela puxa a cabeça de para trás com bastante força, fazendo-o quase gritar, porém ele não pode ou acordaria suas filhas. Tudo tem que ser silencioso e, ainda assim, prazeroso.
  — Geme, amor — suplica , sussurrante. — Geme no meu ouvido, vai — ele encosta a testa no espaço entre o ombro e o rosto de e tem os cabelos ainda afagados por ela.
  — Aaah, minha raposa selvagem… — ela diz com a voz rouca e vacilante. — Me fode gostoso, amor… ahhh, … — o homem intensifica seus movimentos até que…
  — Que tesão, amor… que tesão… — geme ele, baixinho. — Aaah, eu vou goz…
  Ao atingir seu prazer supremo, faz uma careta que mistura dor e tesão. O tesão é óbvio, já a dor se dá em seus joelhos que foram bastante exigidos nessa transa. Ele deixa sua cabeça descansar nos ombros de e respira profundamente, ainda sustentando o peso dela no colo e sem retirar seu membro. Enquanto retoma o fôlego, o homem percorre um caminho de beijos pelo ombro e pescoço da namorada que solta alguns gemidos baixinhos. Ao chegar no rosto dela, ele morde levemente a bochecha de e depois toma os lábios dela novamente em um beijo indecente, mordendo os lábios dela ao fim do beijo, sorrindo de canto.
  — Te amo, labareda — declara-se ele.
  — Eu te amo mais, minha raposinha — retribui a mulher e o beija novamente.
  — Temos que nos arrumar… — lembra.
  — Daqui a pouco o pessoal chega e… — antes dela terminar, a campainha toca. — Acho que eles já estão aí — eles riem e logo ouvem o chorinho de uma das meninas.
  — Certamente a Akane acordou — deduz , pondo no chão e retirando seu membro de dentro dela.
  — Ou a Shinju — sugere a mulher. — Vou lá ver quem foi e atender a porta.
  — Não, fica aqui e toma banho — diz já saindo da área do box. — Eu já estou limpinho, apesar de termos transado — ele ri. — Toma banho, fica cheirosa e se arruma para a festa. Deixa o resto comigo, amor.
  — Certeza?
  — Absoluta — ele dá uma piscadela para ela e cata a cueca que havia deixado pendurada. — Mais tarde vamos repetir, adorei transar no banheiro com você no meu colo.
   ri abertamente e abre o registro do chuveiro, deixando a água lhe percorrer. veste um short e uma camisa qualquer, pegando o celular e vendo a ligação de seu irmão. Ele recusa a chamada e manda uma mensagem avisando que vai ver como as meninas estão, pois estão chorando, e que a está no banho. diz que aguardará e o homem vai direto no quarto das filhas, certificando-se de que a Akane está chorando, enquanto as irmãs continuam paradas apenas olhando para os brinquedos pendurados em seus berços. Ele segura a filha no colo, acalmando-a e, antes de deixar o quarto, dá uma olhada rápida nas outras duas. vai até a sala e abre a porta para o irmão.
  — Olha quem chegou, filha! — diz o homem tentando animar a filha que está com o rosto enfiado em seu ombro, ainda chorosa. — Seu padrinho está aqui, Akane.
  — Cadê a afilhada que o dindo ama?! — brinca e, só de ouvir a voz do padrinho, a menina vira o rostinho para vê-lo, esticando os bracinhos para que ele a carregue. — Vem cá, sua neném linda — a carrega e ela se aninha no colo do padrinho.
  — Já disse para parar de tentar roubar a minha filha, — diz , fingindo estar emburrado. — Entrem, sejam bem-vindos — e Aimi, que vem logo atrás com os presentes das afilhadas, entram na casa.
  — Olá, cunhado — diz a mulher, animada e dá um abraço em que a cumprimenta.
  — Vou trocar de roupa, a está no banho — diz ele e completa: — Vocês podem dar uma olhada rápida nas meninas?
  — Claro! — confirma Aimi. A campainha toca novamente.
  — Deve ser o e a Hanna — deduz e abre a porta novamente confirmando a suspeita do mais velho.
  — Chegamos muito cedo? — diz com um ar inocente e risonho.
  — Não! Chegaram na hora certa — responde enquanto os amigos adentram a casa. — Bem-vindos — ele dá um beijo e um abraço em Hanna e em seguida abraça com força. — Preciso que me ajudem a olhar as meninas enquanto eu e trocamos de roupa — pede ele.
  — Fiquem tranquilos, podem se arrumar.
  — Ah, preciso que olhem a porta também e não deixem o Kuruma sair, ele ainda tem a mania que querer escapar — completa o homem, arrancando uma risada de todos.
  — Vai logo se arrumar, dá um empurrão de leve nas costas do amigo. — E tome banho antes de trocar de roupa!
  — Eu já tomei banho — diz . — Um banho bem gostoso — enfatiza ele com um sorriso safado. Aimi e Hanna não entendem, mas e , que já o conhecem bem, fazem uma careta risonha.
  — Por Deus, , nos poupe dos detalhes — pede tampando os ouvidos de Akane que ainda está aninhada no ombro dele, os bracinhos envolvendo seu pescoço.
  — Não queremos saber, cara — reforça , rindo.
  — Nem se quisessem eu contaria — ele dá de ombros, rindo. — Já volto, fiquem à vontade!
   deixa a sala e retorna ao quarto encontrando sua namorada já se arrumando. A festa não será para muitas pessoas, mas será especial para o casal. Afinal, é o primeiro aninho de suas trigêmeas. O primeiro de muitos.

Capítulo 11 – Prova de amor

  3 anos depois…
  Hoje a manhã está agitada na casa de e . Não que os outros dias não sejam, mas especialmente hoje é um dia agitado e diferente na rotina de todos. As trigêmeas iniciam sua vida escolar hoje, aos quatro anos de idade. Todas estão ansiosas e não falam de outra coisa, ainda mais que terão a companhia dos pais e dos padrinhos que as levarão para o colégio que fica perto da casa e dá para ir caminhando.
   termina de arrumar as mochilas das três quando entra no quarto das meninas, abraçando-a por trás.
  — Tudo pronto com as lancheiras, amor — informa ele e dá um beijo no pescoço de afastando seus cabelos do local.
  — Obrigada, amor. Aqui também tudo pronto — diz ela, suspirando em seguida.
  — Já disse que está magnífica com o cabelo rosa? — comenta ele, referindo-se a cor nova que resolveu experimentar em seus cabelos.
  — Hoje não — ela diz, rindo. — Depois de anos pintando de vermelho, é bom mudar um pouco — conclui a mulher dando um beijo no rosto dele. — O seu também ficou incrível, raposinha.
  — Gostou, né? — os cabelos de agora estão na cor azul turqueza, ainda na altura das orelhas.
  — Adorei! — se vira para ele e o beija nos lábios, mas logo eles são interrompidos por um grito crescente de choro.
  — Akaneeeeeeee!!! — a voz chorosa de Yasu berra vinda da sala e vira o rosto para a porta, assustado.
  — Meu Deus do céu, elas vão acabar se matando — comenta e sai do abraço com .
  — Fica calmo, pede, prevendo o descontrole do namorado.
  Ela o segue até a sala e encontra a cena quase caótica que ali está. Akane é a mais mandona das três, praticamente gosta que as irmãs façam o que ela quer e na hora que ela deseja. Quando não fazem, ela briga e até puxa seus cabelos discretamente. Yasu, a do meio, é a que mais sofre com as birras e imposições da irmã. Por ser mais quietinha, a menina acaba tendo os cabelos puxados sempre e acaba chorando por não conseguir revidar. Foi exatamente isso que aconteceu agora. Já Shinju está alheia à situação e continua brincando com o mini-violão dado por seu pai.
  — Papai!! — diz a pequena Yasu com os bracinhos erguidos para cima pedindo colo do pai.
  — O que aconteceu, hein? Posso saber?! — questiona ao mesmo tempo que carrega Yasu no colo, ela afunda seu rostinho no ombro do pai.
  — A Akane, papai — dedura Shinju e os olhares de todos se voltam para ela. — Ela mordeu a Yasu.
  — O quê?! — exclama com a voz raivosa. se aproxima de Akane que olha com o olhar assustado para o pai.
  — Amor, calma — pede antes de se abaixar para ficar da altura da pequena. — Você mordeu sua irmã? — ela tenta manter o tom de voz sereno, sem descontrolar-se. A menina não responde e encara o olhar da mãe com as sobrancelhas erguidas.
  — Responde a sua mãe, Akane! — grita , assustando as três filhas que sobressaltam nos próprios corpos. apenas olha para ele, reprovando-o com o olhar.
  — Responde, filha — pede a mulher, voltando a encarar a filha que apenas afirma com um gesto de cabeça.
  — Por que fez isso, Akane? — indaga com a voz um pouco mais contida e procura em Yasu o local mordido.
  — A Yasu puxou meu cabelo — entrega a pequena tendo uma expressão inocente na face.
  — Yasu! — exclama , virando o rosto na direção da filha que ainda está no colo do pai, mas agora sem chorar e com o rosto culpado, olhando para baixo.
  — Você puxou o cabelo da Akane, filha? — indaga e não obtém uma resposta. Yasu apenas puxa a camisa dele de maneira distraída. desvincula sua camisa da mãozinha dela e a menina o encara. — Puxou ou não puxou? — ele repete a pergunta de maneira mais direta.
  — Puxei — confessa a pequena.
  — Por quê?
  — Ela ‘tava… ela ‘tava me abusando — Yasu faz um beicinho com os lábios que lembra a ele mesmo, o homem se contém para não esboçar nenhum sorriso.
  — Isso não é motivo para puxar o cabelo de alguém, Yasu — diz o homem firmemente.
  — Exatamente, Yasu — concorda e se levanta. — Vocês três são irmãs e têm que resolver suas diferenças conversando — enfatiza.
  — Já conversamos isso com as três, não lembram mais? — completa e recebe três olhares parecidos das filhas. Ele suspira, irritado. — Yasu, peça desculpas para Akane e depois a Akane vai pedir desculpas para a Yasu. Vamos — o homem põe a filha no chão e sai da frente das filhas para que se encarem. Nenhuma delas dá o primeiro passo.
  — Vocês não vão brincar enquanto não pedirem desculpas uma para a outra — lembra em tom firme.
  — Mamãe… — diz Yasu, manhosa.
  — Estamos esperando — cruza os braços sobre o peito e mantém a expressão séria. Yasu bufa e olha para a irmã.
  — Desculpa, Akane — diz a pequena, baixinho e com um bico enorme dos lábios.
  — Sua vez, Akane — incentiva .
  — Desculpa, Yasu — diz a mais velha, contrariada.
  — Podem voltar a brincar e que isso não se repita, entenderam? — adverte ainda sério.
  — Sim, papai — dizem as três, até mesmo Shinju mesmo não tendo participação nesta briga.
  Ele suspira, soltando os ombros no corpo, e olha para que apenas suspende as sobrancelhas também soltando um suspiro.
  A campainha toca.
  — Deve ser e os outros — comenta e caminha até a porta, abrindo-a em seguida. — Olá! — cumprimenta ela, alegremente.
  — Viemos buscar três pimentinhas para ir à escola! — diz com o ar divertido e adentra à casa.
  — Padrinho!!! — grita Shinju, levantando-se do chão, correndo até o padrinho.
  — Tio ! — Yasu também corre até o tio e o abraça juntamente com a irmã, ele carrega as duas, dando beijinhos em seus rostos. As meninas se retorcem nos braços deles, sentindo cócegas.
  — Olá! — diz entrando junto com Hanna.
  — ! Hanna! Que bom que vieram também — diz dando um abraço em ambos.
  — Não perderíamos esse dia por nada — responde , saindo do braço em .
  — Aconteceu algo com a Akane? — comenta Hanna, notando que a menina está calada, o que não é normal.
  — Acabamos de ter uma discussão em família — diz , aproximando-se.
  — Oh, o que houve? — indaga , curioso.
  — Akane mordeu a Yasu que, por sua vez, puxou os cabelos da Akane — resume .
  — Mas já está tudo bem agora — completa , tranquilizando-os.
  — Deixa que eu falo com ela — diz que também ouvia a conversa e coloca as outras no chão que logo correm para abraçar Aimi e os outros.
   se aproxima da afilhada, se agachando na frente dela.
  — E esse bicão aí, hm? — o homem cutuca a barriguinha de Akane que apenas se contrai sem esboçar nenhuma risada. — Não vai me dar um abraço? — instiga ele e a menina encosta os ombros e a testa no peito do padrinho. — Só isso? Que abraço sem graça, pequena — ele faz um biquinho com os lábios e a menina o encara com um singelo sorriso no canto da boca. — Estou com saudades, dindo — ele abraça a afilhada, esfregando o rosto no ombro dela.
  — Dindo… — ela diz baixinho.
  — Dá um abraço melhor, vai, por favor — ele pede novamente com a voz manhosa e começa a fazer cócegas nela.
  — Dindo, para! — ela começa a rir se contorcendo nos braços dele, até que finalmente se dá por vencida e abraça o padrinho.
  — Aaah, ela me abraçou e sorriu!!! Estou feliz de novo!!! — brinca ele, rindo e carregando a menina no colo, levantando-se.
  A menina ri e se aconchega no colo do padrinho. suspira aliviado por Akane não estar mais emburrada com a bronca que levou. Cada homem do grupo carrega uma mochila em uma mão e uma das gêmeas na outra. Já as mulheres seguem na frente da excursão guiando o caminho até a escola. O primeiro dia possivelmente será tranquilo, devido a animação das três.

  Dias depois…
  Tudo se desenrolou bem no primeiro dia de escola das trigêmeas. Elas se adaptaram bem ao novo ambiente e longe dos pais, até fizeram amiguinhos novos e querem ir todo dia para lá, incluindo os finais de semana. Para explicar para elas que, aos finais de semana, não tinha escola, foi uma tarefa difícil e que gerou muito choro por parte das três.
   planejou uma viagem para uma cidade próxima onde tem um grande lago que é cercado por montanhas. Ele quer que as filhas tenham experiências com viagens para visitar a natureza desde novas. Essa será a primeira viagem em família com que as meninas têm idade suficiente para entender o que estão vendo ao redor.
  O homem caminha até a mesa de seu chefe, pois esqueceu-se de pedir-lhe algo importante.
  — ! — exclama Daisuke antes mesmo do outro estar perto de sua mesa. — Eu queria mesmo falar com você — informa ele e se questiona mentamente o que ele quer falar.
  — Oh, o que houve? Algo está errado em algo que eu fiz? — indaga ao chegar perto da mesa. Daisuke aponta para a cadeira, sugerindo que ele se sente, obedece.
  — Preciso de updates para aquelas funções que você fez no site do último cliente, lembra? — diz ele, enquanto olha para a tela de seu notebook levemente distraído com a informação exibida.
  — Do projeto grande?
  — O próprio — confirma Daisuke.
  — Para quando você precisa?
  — Se possível, para terça-feira — arregala o olhar.
  — Nossa, já?
  — Sim — Daisuke encara o amigo. — O cliente informou um bug em uma das funções e creio que uma correção resolva o problema. Não é nada grave que tenha que ser feito às pressas, mas também nada que a gente possa negligenciar — conclui o homem em tom sério. — Algum problema? — ele percebe a aflição de .
  — Na verdade, creio que não — o olhar distraído de se volta para Daisuke, retomando seu foco. — É que eu planejei uma viagem com a para levar as meninas num passeio na cidade vizinha.
  — Oh, que legal! Quando será? — indaga Daisuke, genuinamente curioso.
  — Amanhã — o sorri sem jeito.
  — Nossa, entendo… precisa de mais tempo para fazer os updates?
  — Não, não preciso. Domingo as meninas vão passar o dia com os padrinhos, então terei o “dia de folga” — eles riem rapidamente.
  — Ok, então. Caso precise, me avisa, tá?
  — Aviso sim — diz . — Ah, Daisuke, será que eu posso sair mais cedo hoje? — Daisuke suspende o olhar para . — É que eu preciso comprar algumas coisas que faltam para a viagem.
  — Se eu te liberar às 17h é o suficiente?
  — 16h30 — negocia ele com um sorriso inocente no rosto. Daisuke balança a cabeça e ri.
  — Ok, . Nem um minuto a menos, hein? — alerta o homem. — Sou flexível, mas não abuse.
  — Eu nunca abusei da sua boa vontade, chefinho — brinca .
  — Sei… — Daisuke ri.
  Os dois se despedem e retorna para sua mesa. O relógio dia que são quase 14h, ainda há tempo de trabalho, então resolve iniciar os updates solicitados por Daisuke, interrompendo o projeto que já estava fazendo.
  Horas se passam e deixa a empresa. Antes de sair, ele relembra a sobre domingo, que ele deve buscar as meninas para o passeio que combinou com e os outros padrinhos. Ele praticamente implorou para que não se esquecesse disso. O estaciona o carro em um shopping para comprar roupas para as filhas. Ele passa alguns minutos escolhendo e, quando finalmente acha um modelo bom, compra três iguais. As meninas não costumam se vestir com a mesma roupa, e não incentivam muito. Mas, depois que foram para a escola, as três enfiaram na mente que querem se vestir com o mesmo modelo de roupa. E, para a viagem de amanhã, elas pediram para o pai roupas iguais. Rendido pelas filhas, obedece e cumpre suas vontades.
  Na porta da casa dos -Mori encontram-se Akane, Shinju e Yasu supervisionadas pela mãe que observa as três em pé na calçada, ansiosas pela chegada do pai. havia mandado uma mensagem para avisando estar perto, então todas foram esperar por ele que já disse trazer uma surpresa para as filhas. Ao verem o carro do pai estacionar na porta de casa, as três correm para abraçá-lo. O homem desce do carro e, ainda ao lado do carro, abraça as três de uma vez e as beija desengonçado. Ele se levanta um pouco para pegar as sacolas com as roupas delas e entrega uma para cada. se aproxima e dá um beijo em que também lhe entrega uma sacola com uma roupa nova para ela também. A mulher sorri e agradece o presente. Todos entram e experimentam as roupas novas, as meninas adoram porque são todas iguais e elas poderão passear combinando.
  A família se prepara para o jantar e degustam a iguaria preparada por que caprichou no jantar hoje. Após a sobremesa, as meninas vão brincar no quarto delas enquanto o casal vai para a suíte conversar e ajustar as últimas coisas para a viagem de amanhã. experimenta sua roupa, dessa vez apenas para o namorado que a encara com o olhar apaixonado. Ele está deitado na cama, o olhar fixado em , que passa a mão pela cintura ajeitando o vestido florido que ele comprou para ela e diz que escolheu essa estampa por combinar com a nova cor dos cabelos da namorada. deita-se na cama ao lado dele e o beija docemente, agradecendo novamente pelo presente. Nessa hora, as meninas entram no quarto chamando pelos pais.
  — Mamãe, papai, fome! — diz Shinju tentando subir na cama alta dos pais.
  — Já? Vocês acabaram de comer — diz , espantado se afastando um pouco de para carregar a filha, colocando-a em cima da cama.
  — Fome, mamãe — reforça Akane e Yasu concorda com a cabeça.
  — Já está tarde e vocês não vão comer — avisa em tom firme. — Querem suco?
  — Sim!! — as três concordam saltitantes.
  — Está bem — diz e se levanta da cama levando consigo Shinju e pondo-a de pé no chão. — Depois do suco as três vão escovar os dentes e vão dormir, entenderam?
  — Mas mamãe… — Akane tenta protestar, mas lança um olhar firme sobre a filha.
  — Dormir, Akane! Dormir! — repete a mulher e vê a filha emburrar-se.
  — Papai, tá dodói? — diz Yasu, de repente, aproximando-se do pai.
  — Está? — indaga com o olhar suspenso. não diz nada e apenas coloca as mãos no rosto e finge estar chorando.
  — Papai, não chora! — diz a menina com um bico nos lábios por ver o pai chorar.
  — Papai tá dodói — diz Akane, desmanchando o bico, e empurra o braço do pai que segue com as mãos cobrindo o rosto.
  — Papai, acorda! — Shinju, nada delicada, dá um tapa no braço de que geme de dor sentindo o local arder. — Acorda! — a menina grita e tem que segurá-la, afastando-a da cama, para ela não continuar batendo em .
  — Por que não vão pegar algo para ajudar ele a melhorar, hm? — sugere e vê o olhar de encará-la por entre os dedos dele. — Ele está doente, onde está o kit de médico que vocês ganharam do tio ? — o olhar dele estreita e sua perna tenta alcançar as pernas de que está próxima da cama. Notando a intenção do namorado, a mulher se afasta e segura o riso.
  — Boa ideia, mamãe! — exclama Akane.
  — Vamos, vamos! — anima-se Yasu puxando o braço de Shinju e saem correndo. Akane as segue.
  Assim que as meninas deixam o quarto, ergue o corpo, puxando para deitar com ele.
  — O que pretende com isso, mocinha? — ele diz agarrando a namorada que ri em seus braços.
  — Você começou com a encenação, não foi? — ela diz de maneira retórica. — Agora termine.
  — !
  — Elas estão voltando — alerta ela e se levanta da cama. — Seja um bom paciente, tá? — pisca para ele ao mesmo tempo em que as três voltam, cada uma com um objeto em mãos.
  Akane tem um estetoscópio de brinquedo pendurado no pescoço. Shinju com uma seringa de brinquedo e Yasu com um pano e uma bacia com um pouco de água, supostamente para colocar um pano molhado na testa do pai.
  — Papai não pode ficar dodói — diz Yasu e tenta alcançar o rosto do pai que voltou a deitar-se de maneira reta e está de olhos fechados, fingindo dormir. A menina acaba derrubando um pouco da água no carpete do quarto e finge não ter feito isso, jogando o pano no local molhado.
  — Tem que ir no passeio, papai — complementa Akane colocando a ponta do estetoscópio na perna de que, ao sentir o local onde a filha coloca o objeto, se segura para não rir.
  — Fica bom logo, papai, fica — completa Shinju e, num movimento muito rápido e forte, enfia a seringa de brinquedo na dobra do braço de que, ao sentir o impacto, dobra o corpo sentindo uma dor intensa no local.
  — Nossa, doeu! — exclama ele, não conseguindo controlar-se e começa a rir levando as mãos à boca. — Amor, não ria!
  — Isso foi engraçado — diz ainda rindo bastante. As meninas encaram a mãe e o pai sem entender nada. — Meninas, vamos, vão escovar os dentes para dormir. Papai precisa descansar para ficar bom logo.
  — Eba, papai vai ficar bom! — diz Akane, contente
  As três deixam o quarto após darem um beijinho no braço de , único local do corpo do pai que elas alcançavam e acabam esquecendo do suco que a mãe havia prometido. Na verdade, elas não estão com fome realmente.
  — Vou me vingar de você depois, labareda — ameaça voltando a puxar para a cama e mordendo o lóbulo de sua orelha.
  — Hmmm, o paciente está vingativo — provoca a mulher.
  — Ah, estou e a minha enfermeira irá me pagar por rir de mim — diz ele ao pé do ouvido dela. — Enfermeira malvada — ele passa a língua na orelha dela e volta a morder o local.
  Os dois se beijam provocantes e começam a se despir, porém, quando ambos estavam quase sem as partes debaixo de suas roupas, são interrompidos pelos gritos das filhas avisando estarem prontas para dormir. pede para colocá-las para dormir, pois a sua ereção não irá se desfazer tão facilmente assim, seria constrangedor para ele aparecer assim no quarto das filhas. Rindo bastante, a mulher vai ao quarto dar três.
  Ao retornar para a suíte, fecha a porta e encontra de cueca com a mão sobre o membro, alisando o local. pretende se vingar da namorada, mas não hoje. Agora, ele quer apenas degustar o prazer de tê-la dentro de si.

  No dia seguinte…
  As trigêmeas sempre chamaram atenção por onde passam, seja na companhia dos pais ou dos padrinhos, hoje não seria diferente. A família já está na cidade vizinha, escolheu um dos pontos turísticos mais conhecidos: um lago de água tranquila cercado por alguns rochedos bastante altos. As meninas andam soltas na frente dos pais, brincando umas com as outras, pulando felizes por estarem em um lugar tão diferente do cotidiano delas. Para chegarem até o pequeno cais onde atracam as balsas que levam os turistas por um passeio pelo lago, as meninas não conseguem descer direito os degraus, já que são um pouco altos demais para as pequenas pernas delas. as carrega, uma a uma, colocando-as lá embaixo. Ele faz o mesmo para colocá-las dentro da balsa, carregando uma a uma e pondo-as lá, por fim, ele faz o mesmo com que ri com o gesto dele. Após colocar o colete salva-vidas nas filhas e depois em si mesmo, o homem abraça a namorada, que também está com seu colete, e ambos aproveitam a vista assim que a balsa parte rumo ao passeio pelo lago.
  Ainda de olho nas filhas, o casal conversa.
  — Que vista maravilhosa, né amor? — comenta , sentindo a brisa refrescante tocar seu corpo, balançando o vestido que ganhou de presente de seu namorado que a abraça pelas costas, debruçados sobre a grade que cerca a balsa.
  — Não tão maravilhosa quanto você, minha labareda — responde , dando um beijo no pescoço dela, afastando os cabelos da mulher para o outro lado. — Gostosa — ele sussurra, aproveitando a proximidade do ouvido de que o olha de esguelha.
  — Não tanto quanto você, raposinha — rebate ela, surpreendendo o homem que solta uma risada genuína.
  — Sabe, amor, eu tenho algo para te falar — inicia ele e se afasta um pouco do abraço dele para poder virar-se de frente para , voltando a se aninhar no abraço do homem.
  — Sem enrolar, — ela ri ao fim da frase, ele a acompanha.
  — A gente tem uma linda família, né? — o olhar dele se vira para as filhas que estão ao lado deles, segurando na grade enquanto olham admiradas para o movimento da água do lago conforme a balsa se move por ali. — Eu amo você, estamos juntos há anos e eu sempre pensei nisso, apesar da gente ter acordado que não precisávamos oficializar nada.
  — Do que está falando exatamente, amor?
  — Casamento — ele responde com o olhar fixo nos olhos dela. — Eu sei que acordamos que não precisávamos disso, mas, amor, eu quero me casar com você — completa ele sem desviar o olhar.
  — Está me pedindo em casamento, ? — sorri, emocionada e põe as mãos sobre o peito dele.
  — Estou — ele diz simplesmente. — Você aceita?
  — O que aconteceu com o “casar é desperdício de dinheiro, não precisamos casar para provar o nosso amor”? — zomba a mulher com um sorriso de canto de boca.
  — Ainda acho que o dinheiro gasto em uma festa grande de casamento, a depender, é um desperdício, mas eu não deixo de achar maravilhosa a ideia de te ver vestida de noiva.
  — Sei…
  — O melhor será tirar o seu vestido na lua de mel — revela ele e ri abertamente.
  — Sabia que havia algo por trás! Quer se casar comigo só por causa disso?
  — Não, amor, não é isso — apressa-se ele. — Quero me casar com você porque eu te amo! E, convenhamos, eu ficarei gostoso com um terno — gaba-se e volta a gargalhar.
  — Prefiro você sem o terno — rebate.
  — Safada… — sussurra ele, mordendo os lábios. — Comprou a fantasia?
  — Comprei — ela ri, após responder. — Vamos mesmo deixar as meninas com o ?
  — Ah, vamos sim! — ele responde depressa. — Hoje será apenas você e eu e minha vingança será executada. Irei me vingar da minha enfermeira malvada — ele dá uma discreta mordida no pescoço dela, arrepiando o local.
  — Hm…
  — Mal vejo a hora de tirar a fantasia de você — ele dá outra mordida no pescoço dela, que ri com o gesto. — Não respondeu ao meu pedido, mocinha — lembra.
  — Obviamente eu aceito, minha raposinha — pisca e o beija confirmando a aceitação do pedido. — Te amo!
  Sorrindo, abraça a agora noiva e sente suas pernas serem agarradas por pequenos braços. Ao desviar o olhar do rosto de , ele vê os rostinhos das filhas que puxam sua calça, pedindo colo. Ele se afasta de e carrega Akane e Yasu, já Shinju é carregada por que beija o rostinho da filha. A família -Mori se aconchega, abraçados, e curtem o restante do passeio.
  Mas, ainda há algo que precisa fazer antes de terminar essa história.

– Epílogo –

"Eu apenas segui o seu cheiro, você pode apenas seguiu meu sorriso
[...]
Isso é irresistível, whoa, whoa, oh, yeah
Whoa, whoa, oh, yeah
Eu amo a maneira, eu amo a maneira
Eu amo a maneira que você me machuca, amor."

– Irresistible, Fall Out Boy –

  Naquele mesmo sábado à noite…
   e acabam de deixar as filhas na casa de . O combinado inicial era que o mais velho fosse buscar as sobrinhas amanhã, domingo, para um passeio apenas com os padrinhos, contando também com a presença de Aimi, Hanna e . Porém, ligou para ele ontem e pediu para deixar as filhas um dia antes na casa do irmão, pois ele tem algo importante para fazer apenas com sua agora noiva. nem quis saber detalhes, apesar de ter imaginação suficiente para deduzir sozinho o que o irmão fará com .
   estaciona o carro e eles desembarcam, adentrando à casa em seguida. O casal é recebido por Kuruma que mia alto ao vê-los retornar.
  — Ok, amor, estamos à sós em casa e você pode, finalmente, me dizer o que quer de mim — diz , sentando-se na ponta do sofá enquanto observa desabotoar sua camisa ainda de pé.
  — Não consegue adivinhar? — questiona ele, retoricamente. — Eu pedi para você comprar uma fantasia de enfermeira sexy, deixei as meninas na casa do , adiantei todo o meu trabalho que era para terça e já enviei para o Daisuke, justamente para ficar livre todo o final de semana — enfatiza ele retirando sua camisa totalmente, revelando seus músculos. morde os lábios ao vê-los.
  — Vai me punir por ter rido de você, né? — o homem apenas ergue as sobrancelhas em resposta. — Antes de você começar a minha punição por ter sido malvada com você — diz ela. — Será que eu posso fazer algo para amenizar a minha pena? — arqueia a sobrancelha.
  — Você pode tentar — responde o homem e sorri de canto. levanta-se do sofá e passa os dedos pelo tórax nu do noivo, soltando um beijinho para ele.
  — Já volto.
  A mulher vai até seu quarto e aguarda o retorno dela sentado no sofá. Sua mente viaja pelas ideias de punição sexual que ele pensou durante essas 24h. De tudo que pensou, a surpresa que comprou para a noiva é a sua favorita, definitivamente. De repente uma música começa a tocar, distraindo de seus pensamentos eróticos. coloca Bad Romance – Lady Gaga para tocar na Alexa, o som ecoa por toda a casa e já sorri sem ao menos ver a noiva. Mas, assim que bate os olhos em , ele morde os lábios e leva uma das mãos até seu membro, apertando-o num movimento instintivo. está divina. A fantasia de enfermeira sexy escolhida pela Mori possui um sutiã vermelho e branco com um lacinho vermelho entre os seios; a calcinha tem um babado que a circunda, simulando uma microssaia, a partir dele está conectado um suspensório que ela usa nos ombros; usa também uma meia calça branca na altura de suas coxas; para finalizar o look a mulher tem os cabelos em maria-chiquinha amarradas com um laço vermelho, contrastando com a cor rosada de seus cabelos, e segura um estetoscópio. A pose sensual que ela faz ao parar na direção de ajuda a aumentar o tesão que ele sente agora apenas em olhá-la. Imagina quando ele tocar
   começa a dançar seguindo o ritmo da música, ela não segue a coreografia original dela, apenas deixa seu corpo se mover conforme a melodia. Ela deixa o estetoscópio pendurado no pescoço enquanto rebola, descendo e subindo o corpo.

"Eu quero seu amor
I want your love
Amor, amor, amor, eu quero seu amor (hey)
Love, love, love, I want your love (hey)
Eu quero o seu drama, o toque da sua mão (ei)
I want your drama, the touch of your hand (hey)
Eu quero seu beijo cravejado de couro na areia
I want your leather-studded kiss in the sand"

  Nessa parte, a mulher continua rebolando, virando de costas para , batendo na própria bunda, arrancando um longo suspiro dele. vira o corpo de frente para ele novamente e rebola até o chão, voltando a subir e balança os seios, apertando-os com as mãos. precisa segurar-se no sofá com muita força.

"Amor, amor, amor, eu quero seu amor (amor, amor, amor)
Love, love, love, I want your love (love, love, love)
(Eu quero seu amor)
(I want your love)
Você sabe que eu quero você
You know that I want you
E você sabe que eu preciso de você
And you know that I need you"

  Dando sua cartada final, nessa parte da música, bate na própria intimidade seguindo o ritmo das batidas e depois aponta para que agora está com a expressão totalmente misturada, confusa. Seus hormônios estão enlouquecendo o homem, que cobre o rosto com uma mão enquanto a outra aperta a almofada do sofá, praticamente esmagando-a.

"Eu quero seu amor, e eu quero sua vingança
I want your love, and I want your revenge
Você e eu poderíamos escrever um romance ruim (oh-oh-oh-oh-oh)
You and me could write a bad romance (oh-oh-oh-oh-oh)
Eu quero o seu amor e toda a vingança do seu amante
I want your love and all your lover's revenge
Você e eu poderíamos escrever um romance ruim
You and me could write a bad romance
Oh-oh-oh-oh-oh, oh-oh-oh-oh, oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh-oh, oh-oh-oh-oh, oh-oh-oh"

  O refrão é o auge para que vê todo o seu autocontrole ser testado, massacrado neste momento. A visão de sua noiva brincando com os próprios seios, estalando o suspensório no corpo e “brincando de enfermeira” enquanto passa o estetoscópio por todo o corpo, tudo isso atrelado à expressão sexy que ela faz, realmente é o limite dele.
  Levantando-se num só impulso, o homem caminha apressado na direção de que não o vê aproximar-se já que está de costas rebolando. A mulher sente a cintura ser puxada para trás e imediatamente sente o membro de roçar em sua bunda. Com o impacto do corpo forte dele, o estetoscópio cai do pescoço de que nem percebe, apenas fecha os olhos curtindo o aperto de . A playlist continua tocando ao mesmo tempo que os lábios de abocanham o pescoço da noiva e suas mãos apertam seus seios e sua intimidade. suspira sentindo seu corpo amolecer com o toque dele. anda de costas, sem parar os beijos no pescoço de , e senta-se bruscamente no sofá puxando-a consigo. Ele coloca as pernas dela apoiadas no sofá e afasta uma delas, que pende para o chão, passando a mão sobre a calcinha de que puxa o rosto de para beijá-lo na boca. Um beijo indecente que contém algumas mordidas vindas de ambos. sente sua calcinha ser afastada pelos dedos de e rapidamente ele penetra-os na intimidade dela que contrai a barriga e se afasta um pouco dele para encará-lo. O tesão estampado em cada centímetro do rosto da noiva anima o homem que intensifica os movimentos de sua mão enquanto sua boca distribui chupões no busto de que suspira a cada chupada, a cada aperto, a cada pequeno estímulo recebido.
  A segunda música termina e o casal levanta-se do sofá, ainda sem interromper a penetração, e abraçados eles caminham com muita dificuldade até o meio da sala, onde pede para saltar sobre ele, agarrando-o com as pernas. obedece e logo tem a bunda sustentada pelo braço livre do noivo e solta um gemido já que os dedos dele penetram ainda mais dentro de sua intimidade. Voltando a ritmar seus dedos, caminha na direção do corredor voltando a parar no meio do cômodo e encosta na parede para assim poder encará-la melhor. Sua respiração ofegante, feita através de sua boca, e os espasmos dados por seu corpo são claros sinais de que ela está gostando e que está chegando próximo de seu ápice.
  Não demora a acontecer.
  Sem descer do colo de , aninha seu rosto no pescoço dele, envolvendo seus braços enquanto recupera o fôlego. O homem caminha devagar até o banheiro, deixando beijinhos no ombro dela mais próximo de sua boca. Ele apoia o corpo dela no chão e toma seus lábios para si num beijo carinhoso. Seu olhar encontra o dela ao fim do beijo e ele leva sua mão até o rosto dela, acariciando o local.
  — Amor, eu estou com um machucado aqui — a mesma mão que acariciava o rosto dela agora segura sua mão, descendo pelo corpo do homem até chegar a seu membro.
  — Ah, tá machucado? — diz , entrando na brincadeira, ainda recuperando seu fôlego.
  — Muito.
  — Está doendo, raposinha? — continua ela com a voz sexy e alisa o membro dele por cima da calça.
  — Muito — repete ele mais incisivamente. — Acho que ele está desmaiado, precisa de respiração boca-a-boca — segura o riso.
  — Pelo que estou sentindo no exame de toque — aperta com vontade o membro dele que morde os lábios em resposta. — Ele está bem acordado.
  — Ah, mas ele está desmaiado sim. Tem que fazer mais exames, enfermeira Mori — provoca.
  — O que me sugere?
  — Um exame com a boca talvez ajude — sugere com uma expressão sacana na face.
  — Ajuda, né?
   entende o recado e sobe sua mão até o tórax de , empurrando ele até a pia onde ele encosta. A mulher desabotoa a calça dele, descendo a peça e retirando-a. Ela se agacha e retira a cueca de e, assim que é retirada, o membro do homem pende para frente com força, batendo no rosto de que acaba rindo com o ocorrido. Voltando ao personagem de enfermeira sexy, a mulher começa o sexo oral pelos testículos de , chupando-os vigorosamente. suspira segurando o balcão da pia atrás de si. A playlist ainda toca e deve estar em sua quinta ou sexta música, o casal nem presta mais atenção. Todos seus sentidos estão concentrados em arrancar gemidos de prazer um do outro. Os lábios de envolvem o membro de em sugadas que preenchem sua boca, penetrando até sua garganta. Ao fim de cada sugada, deixa um leve chupão na ponta do membro dele, gesto que deixa extremamente feliz e excitado.
  De repente, interrompe tudo e volta a ficar de pé.
  — Não vai continuar? — indaga ele, em protesto.
  — Tenho outro exame para fazer, paciente. Já volto — ela ia se virando de costas para ele, porém tem novamente sua cintura puxada para trás e volta a sentir o membro ainda mais firme de seu noivo. — Vai me prender?
  — Sou um policial disfarçado. Você está presa! — brinca ele, mordendo o pescoço de .
  — Você desperta um lado meu que eu acho muito engraçado e pervertido, amor — ela ri, não aguentando mais manter o personagem.
  — Eu sei que você gosta, labareda — rebate ainda mordendo o pescoço dela.
  — Não… eu amo! — ela enfatiza.
   não percebe, mas a mão livre de se mexe atrás dele pegando um objeto que havia escondido ali previamente. Ele deu sorte de empurrá-lo justamente para perto do esconderijo de sua surpresa. Fazendo um movimento não notado pela noiva, pende um dos pulsos de com uma algema que ele comprou em um sex shop há alguns dias e estava apenas esperando uma oportunidade para usá-la.
  — Quando você comprou algemas, amor?! — indaga , espantada.
  — Tenho meus segredos — ele ri e puxa consigo, caminhando para fora do banheiro. — Ainda tenho algumas coisas para fazer com ela — ele refere-se à intimidade da noiva. — Antes de terminarmos nossa transa.
  Ele puxa até o quarto e a joga na cama, pedindo para ela subir até próximo dos travesseiros. prende o outro pulso dela jogando os braços da mulher para cima de sua cabeça. Com o busto de exposto, suspende o sutiã dela deixando os seios da mulher visíveis e palpáveis, ele também retira a calcinha dela e a joga longe. O homem sorri, safado, e se senta sobre suas pernas bem na frente da intimidade de que apenas observa os gestos do noivo. A primeira execução é uma longa lambida no clitóris de que solta um quase grito, remexendo-se na cama. sorri mais largamente, puxando as pernas dela para baixo novamente e inicia o sexo oral com chupões bem fortes, a boca pouco aberta e a sucção forte. Do jeito que gosta. Como esperado, a mulher se retorce na cama e ergue as pernas, apoiando-as no colchão e começa a rebolar o quadril. Movimentos de penetração com a língua são feitos por que, ao mesmo tempo que chupa sua noiva, se masturba manuseando seu membro.
  Poucos minutos são o suficiente para que alcance o seu orgasmo, quase inundando a boca de .
  — Caprichou hoje, labareda — comenta ele, que também chega ao seu orgasmo dois minutos após o dela. — Está excitada, não está?
  — Não… não faça… perguntas… idiotas, ! — briga, ofegante e contrai sua vagina tentando não surtar com os arrepios que ainda sente mesmo após o ápice ter passado. O homem ri. — Me dá seu pau aqui, vai — pede ela e encara o noivo que ainda está sentado sobre as próprias pernas ainda manuseando seu membro.
  — Você me quer dentro de você agora? — indaga ele, cínico.
  — Agora, ! Me dá ele aqui na minha boca, agora! — enfatiza a mulher que ainda tem as mãos sobre a cabeça, algemadas.
  — Você vai me morder. Sua cara não me engana, amor — cobre seu membro com ambas as mãos como uma criança cobre seu brinquedo favorito.
  — Está com medo? — provoca com um olhar penetrante.
  — Não tenho medo — ele dá de ombros.
  — Vou cuidar bem dele — a mulher lambe os próprios lábios como um predador antes de devorar sua presa. — Senta aqui — ela olha para os próprios seios indicando o local onde ele deve sentar. — Agacha aqui que eu vou cuidar bem do seu pau, amor, vem — finaliza ela, manhosa, porém com o olhar ainda predador.
  — Amor, se você me morder… — alerta o homem e é interrompido pela ordem dela.
  — Vem agora!
  Ainda hesitante, solta seu membro que volta a ficar enrijecido e engatinha sobre o corpo de , dando um beijo rápido em seus lábios. Após, ele fica de joelhos na cama, subindo seu corpo até o busto dela e posiciona seu membro perto da boca da noiva que dá um beijinho na ponta dele, mas, antes de passar a língua ali, ela dá uma mordiscada. recolhe seu membro e a fuzila com o olhar, reclamando que sabia que ela faria isso e ameaçando revidar mais tarde. promete se comportar e só então volta a posicionar a ponta de seu pau na frente dela, que logo o abocanha. sempre gostou de proporcionar prazer dessa forma a ele, por mais que ele prefira dar prazer à namorada – agora noiva – antes do próprio prazer. A mulher continua chupando o pau do noivo que a ajuda movendo seu quadril, fazendo os movimentos necessários para que aconteça o ato. Em nenhum momento o olhar de desviou dos olhos de que também não mudou o percurso de seu olhar. Ver a expressão de satisfação, do prazer crescente em suas írises é altamente delicioso para ambos.
   não espera seu orgasmo chegar.
  Ele não gosta que seja assim, sempre é mais prazeroso para ambos quando ele está dentro da intimidade de e é exatamente isso que ele quer agora. Porém, ele gosta também de sentir o corpo dela reagir ao prazer sentido e, nada mais justo do que soltá-la de suas algemas. Ele pega a chavinha das algemas na gaveta da mesinha ao lado da cama e livra os pulsos de delas. Assim que se vê livre, a mulher puxa o braço do noivo, afobada, para que ele se deite sobre ela. Mas, apesar de gostar de penetrá-la assim, decide fazer algo diferente para finalizar essa transa. não tem forças para puxá-lo para cima de si e sente seu corpo ser virado de bruços, sua cintura ser erguida e um forte tapa estalar em sua bunda. Sem avisos, penetra a noiva de uma vez, seu pau desliza para dentro dela facilmente devido a lubrificação perfeita. Ele segura a cintura de e estoca com muita força, obrigando a mulher a empinar ainda mais sua bunda, aumentando seu prazer. Os gemidos altos dela condizem com os arrepios e sensações que tem agora. adora quando a fode dessa força, sente-se ainda mais entregue quando ele pressiona seu quadril contra o corpo dele, assim como faz agora. A excitação de já estava bem preparada antes mesmo de penetrar , portanto ele sente que já está muito perto de gozar. Segundos antes disso acontecer, ele abaixa seu tronco e morde com muita força o pescoço de que solta um grito de dor misturado com prazer e dá um tapa forte em sua bunda, voltando a ficar com o corpo ereto e sentindo seu pau explodir dentro da noiva. O corpo dela sede primeiro na cama, seguido pelo de que se deita sobre ela ainda sem tirar seu pau de dentro. As respirações muito descompassadas, os corpos suados e espalhados sobre os lençóis.
  O homem afasta com uma das mãos as mechas de cabelo úmidas do rosto de e deposita ali um beijo carinhoso. Os olhares se cruzam, meio tortos, mas transmitem o prazer que ambos sentem e, obviamente, o amor intenso que toma conta de seus seres. O amor que nasceu lá atrás, ainda adolescentes, e que só cresceu, passou por tantos empecilhos, se fortaleceu e multiplicou-se.
   declara-se mais uma vez para , antes de fechar os olhos e repousar sua cabeça sobre os cabelos dela, sentindo o calor de sua mulher. Sua eterna menina.

“Oh, meu amor, minha menina!”
– Chelsea Girl, FLOW

FIM



Comentários da autora

  Nota da autora: Nossa, achei que não fosse conseguir terminar CG ainda nesse ano de 2022, mas VEIO AÍ! Se dependesse dos pps, a gente teria uma história tão longa quando o outro surto com o Take, por isso eu tive que controlar um pouco os ânimos deles, né? kkkkry Mas, creio que o resultado tenha ficado do jeito que eu esperava e do jeito que eles, pps, também esperavam. Tudo acabou bem, todos felizes e sem brigas (exceto pelas trigêmeas que tão sempre brigando, mas é coisa de irmãs hahaha passa logo).
  Gostaria de agradecer MUITO à Cami pela força e parceria nesse projeto, ela praticamente me ajudou a escrever muitas cenas de CG ao longo dos capítulos e, literalmente, a existência dessa long se deve à ela. Portanto, meu eterno agradecimento a você, amiga, te amo! <3 Obrigada também, CLARO, para minha raposinha que eu amo, meu Take-chan! Obrigada pelos surtos diários, você é incrível, Take <3 amo você.

  E, claro, obrigada a você que leu CG inteirinha, ééé gata, obrigada de verdade! E, se possível, deixa um comentário aí sobre o que você achou da história, ficarei feliz em responder. Convido vocês a leres minhas outras histórias e também aos spin-offs de CG ("Boys Boys Boys" e "Night Parade").

  1bj <3