Cartas Pra Você
Escrita por Julia B. | Revisada por Songfics
20 de fevereiro de 2010
Ninguém nunca sabe como vai morrer.
Ou sequer como vai viver.
A gente só vai vivendo, de pequenas alegrias e superando as tristezas.
Vamos conquistando sonhos, dando o nosso melhor, seja por nós ou pelos outros.
Eu nunca vi muita graça em batalhar pelos meus sonhos, eles pareciam tão insossos...
Não sei explicar bem, nunca fui muito bom com as palavras e cê sabe disso, mas prometo tentar não cagar nas cartas também.
Sinto sua falta.
Precisava botar isso pra fora de uma vez antes que me sufocasse, antes que eu precisasse engolir mais uma vez em seco pra não deixar as lágrimas descerem bochechas abaixo e molhar minha camisa.
Mas por que não?
Você mesma vivia falando que homem também sofre, chora não é mesmo? Vivia me incentivando a colocar meus sentimentos pra fora ao invés de acumulá-los, e preciso te agradecer por mais uma das milhares de coisas que me ajudaram a não sucumbir quando você se foi.
Lembrar de você é como um vislumbre de sol de dentro de uma caverna; acolhedor e agoniante ao mesmo tempo. É como algum tipo de anestesia pra minha alma.
Você foi uma das melhores e mais coloridas aparições nessa minha vida preto e branca.
Obrigada por isso.
Com amor, aquele que um dia foi seu.
20 de fevereiro de 2010
Oi, amor. Tô aqui de novo, porque esqueci de te falar algumas coisas.
Sou enrolado e esquecido, cê sabe.
É estranho falar como se você estivesse aqui, mesmo sabendo que não tá.
É como se meu coração se aquecesse um pouco, nem que por alguns minutos.
Depois dói de novo, como nada nunca doeu na vida, mas tudo bem porque o mínimo de tempo com você com certeza valeu muito mais do que nenhum valeria; e eu faria tudo de novo sem hesitar, principalmente se isso significasse ver seu sorriso para o resto da vida.
Não sei se tô fazendo o mínimo de sentido, mas vamos lá.
Se lembra quando decidimos fazer tatuagens iguais pra um não esquecer do outro mesmo que nos separássemos? Eu lembro como se fosse hoje...
Bebemos muito, você me convenceu de que eu tinha pudores demais, e que deveríamos fazer algo significativo para os dois. E desde então, eu tenho um unicórnio bem no coração e você levou o seu no quadril consigo.
Você me estragou para qualquer outra.
E não digo em relação à tatuagem.
Digo em relação ao modo de ver a vida.
É como se eu tivesse sido moldado pra ser o seu contrário, ou você o meu, vai saber; e agora que uma das partes não está mais por perto eu sinto como se fosse uma parte solitária de um coração, que não funciona direito, continua batendo mas nunca parece ser o suficiente.
Tenho vontade de gritar sempre que me lembro que não vou poder mais ver o seu sorriso, suas caretas, ter seus beijos e gemidos; e isso dói mais do que eu achava que podia suportar.
Dói tanto que não vou conseguir continuar escrevendo, me perdoe.
Ich liebe dich.
28 de fevereiro de 2010
Desculpe o sumiço.
Pensei muito em você esses dias, mas não consegui escrever. Não sei o que deu em mim, é como se tivesse me dado um apagão e nada de bom pudesse sair de mim. Eu sentia, mas não conseguia expor. Espero que entendas.
Estava lembrando ontem de quando bebíamos o liquor dos seus pais e nos escondíamos no telhado da minha casa, semi bêbados, pra falar de como seríamos felizes unidos e com nosso 4 filhos.
Eram 4? Desculpa, eu não consigo lembrar com clareza; se naquela época tivéssemos alguma noção de que nosso futuro seria separados, talvez não tivéssemos feito tantos planos...
A quem quero enganar?
Provavelmente faríamos tudo exatamente igual, somente por valer a pena.
Ainda dói.
E eu não sei o que fazer com essa dor.
Por favor, me dá uma luz.
See ya.
01 de março de 2010
Sonhei com você. Não sei o que você falou, mas me deu paz.
Não consegui ouvir sua voz, mas ainda consigo sentir seu sussurro na minha pele, como se você tivesse estado comigo não mais que noite passada.
Doeu, mas foi uma dor diferente, como se não mais me faltasse nada.
Por mais que eu saiba que sempre irá faltar. Falta sua risada comigo. Seus trejeitos.
E saber que isso não volta nem com uma ligação, dói.
Mas a sua presença comigo me fez sentir como se eu pudesse ser inteiro novamente.
Como se eu pudesse voltar a amar outra pessoa como eu amei você.
Espero que nos vejamos outras vezes, nos meus sonhos que seja.
Miss ya.
15 de março de 2010
Não sonhei mais contigo, mas sinto sua presença comigo as vezes.
Quando me sinto inseguro.
Indeciso.
Descrente.
Desanimado.
Doente.
Sinto como se você tivesse ido, mas sua energia havia ficado e agora tentasse me passar alguma força.
Como se pudesse, de algum modo, me consolar.
Hoje faz 15 anos. Que nos conhecemos. E 1. Da sua morte.
Joguei flores ao mar, e pedi que Iemanjá te guiasse à sua próxima jornada; por mais que saiba que provavelmente você já está nela.
Sabes que nunca fui ligado em espiritismo mas esses dias estava navegando pela internet, e vi algo sobre evolução de espíritos.
Achei a sua cara.
Queria poder te mandar o link pra que você mesma pudesse ler e talvez se sentir lisonjeada por eu ter lembrado de você, mas já que não posso vou escrever aqui o que entendi de tudo aquilo.
Seu espírito era evoluído demais, sempre foi e não é porque você se foi que irá deixar de ser porque o fluxo é justamente a evolução da evolução. Até poucos dias antes de sofrermos aquele acidente, aquele que me deixaria sem você, estávamos conversando sobre vida e morte pois você sempre foi assim: intensa além de qualquer suposto limite. E você disse que gostaria de ser cremada. Assim, como quem não quer nada, como se a conversa não envolvesse morte.
Eu perguntei por que aquilo e não enterro e você foi direta: porque era a sua vontade. Tudo bem se sua família, seus amigos e até mesmo eu, quiséssemos ser egoístas porque o egoísmo era parte da natureza humana; mas que levássemos sua opinião em conta também.
Você viu que eu respeitei seu pedido, não viu?
Ainda que sua mãe não tenha gostado muito, é exatamente o que você costumava dizer: uma hora ela se acostuma.
Morte e vida. Vida e morte.
Não sei qual palavra machuca mais, mas as duas me lembram você.
Bem ou mal, eu era mais seu do que você minha, mas sinceramente? Não me importei. Nem por um momento.
Ainda que ser do mundo te consumisse, ser seu me consumia.
Espero que nos vejamos algum dia.
All the miles that separate, they disappear now when I'm dreaming of your face
22 de março de 2010
...
Não faço mais ideia de como começar escrevendo algo pra você.
Por mais que eu saiba que nunca vais chegar a ler, gostaria de ser digno do tempo que dignou a ser minha.
Sei que disse em algum outro momento que nunca foi minha, mas sinto agora um peso no peito como se não tivesse dito a verdade.
E talvez eu realmente tenha exagerado.
Me desculpe por isso.
Sinto como se estivéssemos nos afastando pouco a pouco.
Não quero posso perder você.
Eu juro, juro por Deus que não sobrevivo.
E me sinto culpado por ter me interessado por outra mulher.
Em momento nenhum ela me lembrou você, e acho que isso é o que mais gosto nela.
Assim, posso manter sua memória intacta e criar algumas com ela.
Mas como manter intacta uma memória que não tem mais cor, sabor, sons?
Sinto como se estivesse te perdendo aos poucos, com uma pitada adicional de dor por nada em especial.
Espero que você possa me perdoar por estar deixando nossas memórias irem embora, mas não consigo evitar.
You're the best thing I never knew I needed
23 de março de 2010
EU SONHEI DE NOVO COM VOCÊ!
Como da outra vez, não ouvi sua voz ou ouvi sua risada como gostaria; mas senti a vibração da sua voz dentro de mim.
Ainda lembro das palavras como sussurros ao vento "Não fique triste. Não se culpe. Por nada. Um dia seremos eu e você contra o mundo, mas eu precisei ir por enquanto. Nos veremos de novo. Ich liebe dich."
Acordei com uma sensação estranha no peito. Olhei em volta do meu quarto e senti como se não tivesse sido apenas um sonho.
Não sei como me senti, na hora, mas agora acho que entendi.
Me senti em um redemoinho de sensações, tão confuso que na hora parecia que eu não conseguia sentir nada. Mas as únicas coisas que lembro de ter feito depois foi sorrir, deitar e dormir novamente.
Acho que nunca dormi tão rápido.
Acho que nunca senti tanta paz.
Acho que nunca me senti tão leve.
Nunca te amei tanto quanto nesse momento, agora, agradecendo.
All of me loves all of you
20 de maio de 2010
Nossa... 2 meses se passaram.
Sinto como se tivesse se tivesse me sentado nessa cadeira ontem pra escrever pra você.
Minha vida mudou completamente e agora sim eu me sinto num furacão de acontecimentos.
Você melhor que ninguém sempre soube que eu nunca consegui lidar com muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, mas vou tentar ser breve.
1- eu me dei uma chance. Estou saindo com a Vanessa, não sei a que pé estamos mas ela parece ser uma garota legal, me distrai e eu sou grato por isso;
2- fui promovido no trabalho, e isso já é um puta motivo pra comemoração;
3- fui aprovado em todas as matérias na faculdade desde que você se foi, acho que nunca me senti tão útil na vida.
Sinto você comigo sempre que minha resolução ameaça falhar.
Sei que isso te desgasta (li em algum canto na internet esses dias) e queria dizer que agradeço muito, mas talvez esteja na hora de te deixar descansar.
Sempre admirei sua coragem de não ser egoísta e respeitar a vontade dos outros acima da sua, dizia que queria aprender a ser assim, mas fui egoísta. Estou sendo egoísta, te mantendo presa a mim sempre que me sinto mal, e finalmente me dei conta disso.
Me perdoa, amor.
Nunca achei que chegaria a esse ponto, mas agora finalmente vejo.
Queria dizer que vou parar de escrever essas cartas pra você, mas não sei se isso vai ser possível. Prometo tentar não te chamar.
Thanks for all the love. x
24 de dezembro de 2010
Véspera de Natal, e esse é o segundo natal da minha vida sem você.
No dia 24 de dezembro de 2009, eu me sentia como um grande saco vazio e sem propósito algum na vida.
Eu não via razão para querer viver sem você comigo. Não via razão em continuar vivendo, se não tinha você pra me servir de arco íris.
Hoje eu penso diferente.
Juro que tentei não te chamar, tentei não exigir muito de você, deixei que descansasse, mas ainda assim as vezes sem te chamar, eu te sentia perto de mim.
Finalmente eu entendi que absolutamente nada é como nós queremos que seja; elas são como devem ser. Como é o melhor pra nós.
Por mais que doa, por mais que machuque, por mais que você chore; uma hora tudo aquilo vai servir de aprendizado.
Hoje eu tento viver a vida o melhor possível. Com choros ou sem, com tristeza ou sem elas, um dia de cada vez. Um passo de cada vez.
Uma respiração de cada vez.
Megan é boa pra mim. Boa pra família que sei que vamos construir.
Sinto que terei você comigo, independente do caminho que escolher seguir, porque você é mais que um corpo.
Você foi, e sempre será, uma energia gostosa que vibra, ainda que não esteja exatamente presente; mas é como eu disse, finalmente entendi o que você dizia.
Nem tudo em que acreditamos podemos tocar.
O essencial nem sempre é visível, palpável, físico.
O essencial é além.
É ser feliz com uma flor, um beijo, uma carícia.
É saber que tem amor nos mais simples dos acontecimentos.
O essencial é viver, não esperando que algo extraordinário aconteça mas sim fazendo de cada pequeno acontecimento algo extraordinário.
Finalmente eu entendi que você sempre foi muito mais do que eu sempre soube expressar.
Talvez eu nunca saiba expressar corretamente.
Acho que estou fazendo desta carta uma despedida, mas quem sabe nos vemos no plano espiritual?
Acredito nisso.
Acredito em mim, agora.
Você me fez alguém melhor, amor. Obrigada por isso.
From the day that I met you, I knew that I would love you till the day I die
23 de dezembro de 2015
Nossa pequena Layla nasceu.
Ela me lembra você.
Não chorou, só observou o mundo em volta, sempre atenta em cada detalhe.
Ela sempre sorri quando olha pra mim, e eu morro de rir da careta de ciúmes que Vanessa faz quando isso acontece. Ela não chora com a mãe, só não é... Tão você.
É como se uma parte sua tivesse se transferido para o pequeno ser que cabe num abraço meu.
Espero que não se ofendas, mas nunca contei pra ela sobre você. Acho que Vanessa não entenderia, e eu nem esperaria isso dela.
Você é um segredo bonito meu, que eu guardo dentro do meu coração e por mais que tente, não consigo soltar.
Não consigo deixar ir.
Não quero deixar ir.
Você foi a época mais colorida da minha vida. Espero que sempre seja, mas espero também que não se ofendas quando disser que Layla tem um pouco dessa aquarela.
Ela faz meu mundo brilhar, de orgulho, de felicidade, de amor.
Um sentimento que eu nunca soube explicar, mas sempre dizia que não queria sentir novamente, nunca mais.
Mas eu descobri que o amor é bom. O amor é puro, não pede nada em troca, ele só é.
Não pede pra ser, simplesmente é.
Eu precisava te falar do meu pequeno pedacinho do céu.
Meu novo pequeno céu.
Precisava te falar que, depois de todo esse tempo, eu ainda sou seu.
E que nunca deixei de sentir você comigo.
Obrigada. Por tudo.
I know you're there; you could be my sanity; bring me peace
- Ô, filha - Layla estava no meu colo, mas estava reclamando.
Eu nunca a tinha visto reclamando.
Pelo menos, não quando estava comigo.
Estranhei aquele comportamento imediatamente e a pequena criança nos meus braços não parava de se remexer. Me levantei e saí andando, então ela foi ficando quietinha e quando me sentei no sofá da sala até sorriu.
- Ah, pequena danada - ri e ela riu mais, balançando os bracinhos na minha direção, como se quisesse ser posta em pé.
E foi isso que eu fiz.
Nossos olhos ficaram alinhados e ali eu vi um relampejo de algo.
Não sei dizer o que foi, mas a paz que eu senti, nunca havia sentido na vida.
Ah, meu pequeno anjinho...
The one that got away
(Aquele que foi embora)
Summer after high school
(No Verão, depois do fim das aulas)
When we first met
(No nosso primeiro encontro)
We'd make out in your Mustang
(Nós nos beijamos no seu Mustang)
To Radiohead
(Ouvindo Radiohead)
And on my 18th birthday
(E no meu aniversário de 18 anos)
We got matching tattoos
(Nós fizemos tatuagens iguais)
Used to steal your parent's liquor
(Costumávamos roubar bebida dos seus pais)
And climb to the roof
(E subíamos para o telhado)
Talk about our future
(Conversávamos sobre o nosso futuro)
Like we had a clue
(Como se tivéssemos noção)
Never planned that one day
(Nunca planejei que um dia)
I'd be losing you
(Eu perderia você)
"In another life
(Em outra vida)
I would be your girl
(Eu poderia ser sua garota)
We'd keep all our promises
(Nós manteríamos todas as nossas promessas)
Be us against the world
(Seríamos nós contra o mundo)
In another life
(Em outra vida)
I would make you stay
(Eu poderia fazer você ficar)
So I don't have to say
(E eu não teria que dizer)
You were the one that got away
(Que você foi aquele que foi embora)
The one that got away
(Aquele que foi embora)
(...)
"All this money
(Todo esse dinheiro)
Can't buy me a time machine, no
(Não pode comprar uma máquina do tempo, não)
Can't replace you with a million rings, no
(Não pode substituí-lo com um milhão de anéis, não)