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#033 Temporada

Car's Outside
James Arthur



Car's Outside

Escrito por Li Santos

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  Arrumar as malas sempre foi algo divertido, porém, parece que hoje o dia está mais triste. Não poderia ser menos que isso.
  Sou o , vou trintar em breve, eu consegui uma nova oportunidade de emprego muito mais satisfatória que a anterior, tenho bons amigos, uma família legal, saúde está em dia. Tempos felizes, certo? Até poderia, mas também tenho o dia de hoje.
  Nesse momento estou me preparando para viajar até Londres. Atualmente moro nos EUA com minha namorada de infância e grande amor da minha vida.
  .
  A minha que sempre esteve ao meu lado.
  Por que agora seria diferente?
  — Já está pronto? — disse sentada em sua poltrona favorita, a mesma que escolhemos juntos quando nos mudamos para esta casa.
  — Acho que sim — respondi meio desnorteado com sua decisão. — Nem desfiz as malas desde nossa última viagem. — Sorri brevemente, logo morrendo meu sorriso para dar lugar novamente à minha tristeza.
  — e seus desleixos. — Sorri também o deixando morrer logo.
  — No fim, tornou-se útil. Arrumar todas as minhas coisas me daria o triplo de trabalho.
  — Argumento válido — concorda, respirando fundo em seguida antes de prosseguir. — Lembrou de pegar os remédios de asma?
  — Nunca saem da minha mochila.
  — Ótimo. — O olhar de caiu ao chão, distante. Parecia buscar palavras para continuar o assunto, mas não há muito o que dizermos. Ela já tomou sua decisão e eu não estava incluída nela.
  — É engraçado você se preocupar tanto. — me encarou.
  — Não vai começar com a velha discussão que tivemos ontem, não é?
  — Sabe minha opinião.
  — Sua opinião é infantil, , cresce! — alterou a voz, irritada com a minha insistência.
  — Pode até ser infantilidade minha, mas também é um descaso seu. Você nem considerou a nossa história, nossos sentimentos, ! — Também me alterei, me aproximando dela que havia se levantado. — Quase quinze anos, amor, quinze anos! — Segurei seu braço, seus olhos vermelhos me encararam.
  — Já falamos sobre isso, . Eu não vou com você pra Londres, eu tenho minha vida aqui, meu trabalho-
  — Eu consegui um trabalho melhor para você também, uma grande oportunidade para você também crescer em sua carreira de atriz — argumentei. Eu havia conseguido contato de um produtor londrino que busca novos talentos, rostos novos para seu grupo de teatro. Era a oportunidade perfeita para . — Eu não quero te amar de longe, querida — pedi, choroso e mesquinho.
  — Sabe que não posso simplesmente largar tudo e ir com você. Meus pais precisam-
  — , você se desgasta demais com seus pais. Eles já são adultos crescidos e você precisa viver a sua vida e não a vida deles. Será que não vê que-
  — Chega, ! Chega! Eu não vou e pronto! — Ela se desvencilhou de mim e se afastou até o balcão da cozinha. A segui até lá. — Sei que meus pais podem se virar sozinhos, vivem muito bem, mas eu me sinto na obrigação de estar por perto. Será que não entende isso?
  — Eu entendo, só não consigo te ver jogar sua vida fora por conta disso. … — Parei por um instante para respirar, estou sufocando. — Não vou embarcar sem você.
  —
  — Por favor, vem comigo! — implorei, segurando suas mãos, tão pequeninas igual a ela.
  — Me perdoe, amor… me perdoe, mas eu não posso ir. — O som da buzina do táxi que chamei mais cedo interrompeu nossa discussão. — Seu táxi chegou, melhor você se apressar ou vai perder o voo. — Fungou, enxugando algumas lágrimas.
  A vi se afastar novamente para pegar minhas malas. Nesse curto espaço de tempo pensei em toda a nossa vida separados e juntos, todo o sentimento que se criou e fortaleceu com o tempo. Tudo, absolutamente tudo que me deixa atualmente feliz de verdade está aqui e está com ela ao meu lado. , a garota baixinha que se sentou ao meu lado na aula de ciências do ensino médio, a mesma , agora mulher, que fortalece com seu bom-humor e incentivos a cada dia. Eu não podia…
  — ! — Assustou-se ao me sentir abraçá-la forte pelas costas.
  — Eu não vou te deixar.
  — Não entendi, fala mais alto — pediu e eu a virei para mim, segurei seu rosto e repeti.
  — Eu não vou te deixar.
  — , não-
  — Eu não quero mais te deixar — repeti. — Se você não pode vir comigo, não há por que eu ir sozinho. Eu seria infeliz lá, seria infeliz sem você.
  — Mas é uma grande oportunidade que-
  — Não me importo — reforcei verbalmente o que meu cérebro me disse nas últimas horas. — Não quero viver bem-sucedido no emprego e infeliz por te amar de longe.
  — … — fechou os olhos e me afundou o rosto em meu peito. — Você é louco…
  — Sou louco por você, .
  Eu não poderia me enganar, perdendo essa oportunidade talvez não me surgisse outra tão cedo, mas, afinal, qual o preço que eu pagaria pelo sucesso empresarial estando longe de tudo e todos que me amam? Estando longe de ?
  Talvez eu soubesse lidar, talvez não fosse tão ruim e até poderia ir me visitar sempre. Mas meu coração não estava disposto a pagar para ver.
  Não, eu não vou deixar você, minha .

Fim