Carnaval



Escrito por Nara Souza | Instagram | Twitter
Revisado por Natashia Kitamura

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  Segunda-feira de Carnaval – 2023

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  Chovia lá fora, mas nada impedia os foliões de seguirem fantasiados os bloquinhos de carnaval que passam pela Avenida Paulista. Mas eu e não estávamos entre eles, preferimos ficar no sossego do apartamento da minha namorada.
  Passava do meio-dia, eu estava me espreguiçando na cama, quando olhei na direção do banheiro e vejo saindo de lá de dentro:
  Seus cabelos escuros estavam molhados e caíam sobre os ombros, seu olhar que parecia querer me capturar para dentro dele, aquele infinito azul estava mais atento, mais doce em minha direção.
   não usava nada além de uma camisa social branca meio aberta. Era como ver um pedaço de céu. Minha namorada veio para a cama, sentou-se entre as minhas pernas, segurou meu rosto e, antes de me beijar, me disse aquelas 4 palavras:
  — Você é meu carnaval.
  Ela não estava dizendo que era efêmera ou que não fomos feitas para durar, mas sim que eu lhe causava euforia, alegria, vontade de se apaixonar, vontade de viver, dançar. Bom, pelo menos é assim que eu gosto de pensar.
  Mesmo assim, naquela manhã, eu tive que ir embora, porque eu precisava encontrar um lugar onde as coisas fizessem sentido, onde eu me reconhecesse sem ela, numa cidade que não me afogasse como São Paulo fazia.

  Hoje é carnaval de novo. Um ano se passou.
  Não estamos mais juntas, nenhuma de nós sabe o real motivo da minha fuga. Estou dentro de um táxi, toca uma bossa nova bem baixinho no rádio.
  Sinto demais a falta de , mais do que meu coração pode suportar. Do seu sorriso, seu calor, do ritmo das batidas do seu coração quando se deitava no meu peito, seu cheiro de mar mesmo sem ter pisado na praia.
  Eu não sabia nem sequer onde minha ex-namorada estava neste exato momento, se ela ainda se lembrava de mim, se guardava amor ou rancor.
  Me restava apenas a lembrança de que, em fevereiro passado, eu fui seu carnaval.

FIM