Care About - Xmas Special

Escrito por Annelise Stengel | Revisado por Pepper

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   se olhou pela milésima vez no espelho. A roupa devia estar boa. Depois de trocar umas dezessete vezes, aquela combinação devia servir. Usava uma leggin preta com um moletom branco largo e grande que chegava até a metade de suas coxas, e no pé calçava uma ankle boot também preta. Seu cabelo estava escovado e ajeitado, e uma tiara com um laço branco impedia-o de cair por sua cara. A maquiagem era bastante simples, porque era tudo o que ela sabia fazer com um lápis de olho e um delineador. Respirou fundo e pegou a bolsa, se preparando para sair de casa.
  Era véspera de Natal. Era o primeiro Natal que ela passaria ali, e também o primeiro que passaria com . Ela não estava acostumada a passar as festas longe de sua família, então seu estômago não parava de dar voltas desde que ela acordara, pensando naquele dia e no dia seguinte. À noite haveria uma festa de confraternização para os funcionários do café Coffie&Coffie, em que ela e iriam juntos. Mas no dia anterior, sugerira que eles fossem para a casa dele que era mais próxima do local, e saíssem juntos no dia 25.
  E concordara.
  Obviamente agora ela estava se perguntando se tinha titica de calopsita na cabeça quando respondeu, porque eles não estavam juntos há tanto tempo para que passassem a noite juntos e a ideia de que qualquer coisa pudesse acontecer a deixava nervosa. É claro que ele vinha quase diariamente na casa dela, e era surpreendente que ainda não tivessem enjoado um do outro ou se matado a facadas, mas nunca considerara a possibilidade de ir algum dia na casa de .
  Principalmente por causa daquela criatura assustadora que ela imaginava que vivia com ele, também conhecida como mãe de .
  Deu uma última espiada no armário para ver se não havia uma outra roupa melhor que aquela e as últimas dezessete, mas não teve tempo para analisar porque seu celular apitou com uma mensagem.

  Estou aqui. Desce logo.

  Sempre delicado. rolou os olhos e bufou, perguntando-se por que ele não havia subido se já tinha chegado. Na semana passada, a atazanara tanto sobre uma cópia de chave que ela finalmente cedera e lhe entregara uma, com avisos de que se ele invadisse no meio da noite e ela achasse que ele fosse um ladrão, ela não se responsabilizaria por nada que fizesse.
  Pegou tudo que precisava - incluindo o presente dele e de Miki - e saiu rapidamente, descendo as escadas a pé. Olhou antes para a porta de Travis, que estava fechada desde que ele havia se mudado. Parecia que um tempo depois que tudo dera errado entre eles, o rapaz havia achado um emprego melhor em outra parte da cidade, que inclusive era perto de onde estudava, então ele acabou se mudando. Pelo que soube, ninguém ainda havia se mudado para o apartamento em frente, então ela era a única no andar.
  Chegou no hall e despediu-se do zelador e do porteiro que conversavam sobre futebol, e saiu ao vento frio da noite. Olhou em volta, procurando os familiares cabelos bagunçados de , mas não pôde encontrá-lo em lugar nenhum. Antes que pudesse pensar em xingá-lo ou algo do tipo, ouviu uma buzina curta e outra longa, e olhou na direção do som.
   estava acenando para ela com um sorriso, de dentro de um carro chique de uma marca que ela provavelmente teria que pagar só para pronunciar. Meio abestada, ela seguiu até ele e espiou por trás do vidro.
  - Desde quando você tem um carro? - foi a primeira pergunta que atropelou-se para fora de sua boca.
   pareceu desapontado.
  - Eu apareço vestido assim - ele apontou para a camisa social branca dobrada nos cotovelos e o colete preto por cima dela, que já confessara amar - com um carro legal desses e essa é sua primeira fala? Você não devia elogiar ou algo do tipo?
  - Eu só consigo pensar em todas as vezes que você me deixou chegar atrasada no trabalho quando tinha um carro pra me ajudar! - ela reclamou, depois riu e abriu a porta. - Posso?
  - Deve, antes que nos atrasemos. Você demora muito pra se arrumar. - ele quase a puxou pelo braço, e lançou um olhar satisfeito para a roupa dela. - Eu esperava um vestido sexy, mas até que você caprichou. Só espero que tenha uma lingerie bem bonita embaixo disso tudo. - ele sorriu malicioso e sentiu o rosto explodir feito um vulcão, quente e vermelho. Controlou-se para não socá-lo agora que ele estava dirigindo, então limitou-se a comentar:
  - Está muito frio pra vestidos. - resmungou. deu a risadinha típica dele e continuou em silêncio.

  Dirigiram por alguns poucos minutos até chegarem no local onde a confraternização seria realizada, e escolheu deixar o presente de no carro, no chão do banco que ela havia se sentado. Pegou o de Miki e viu que também segurava um embrulho.
  - Você não vai colocar um casaco?! - ela brigou, vendo-o arrepiar-se e fazer uma careta de frio.
  - Vou, mamãe, vou. Espere ai. - deu o presente para que ela segurasse e então correu de volta pro carro, abrindo o banco de trás e vestindo o casaco quente e formal. Voltou para o lado dela e antes de pegar o presente distribuiu três selinhos pelos lábios avermelhados dela.
  - Ui, está gelada. Vamos logo! - ele pegou a mão livre dela e a puxou, então entraram no lugar.
  Era um restaurante simples, que disponibilizava pequenas salas justamente para esse tipo de situação, confraternizações pequenas e encontros estudantis. Por ser Véspera de Natal, não estava muito cheio, e eles seguiram tranquilamente para onde os outros se encontravam.
  - Olá, olá! - cumprimentou a todos animado, levantando a mão que segurava a de , automaticamente fazendo-a cumprimentá-los também. Ela riu e deu oi para todos, corando à cara animada de Takahashi Miki, sua chefe e maior shipper do namoro de e .
  Além de Miki, estava seu marido, John Brooks, um inglês com ar brincalhão, cabelos loiros grisalhos e dentes meio tortos. Na frente dos dois estavam sentadas Tabitha e Louise, as duas garçonetes da manhã, e Martha, Jeanne e Paola, as três cozinheiras.
  - Vocês vieram juntos? Você a pegou de carro, ? -chan, você está tão bonita! - Miki não conseguia parar para respirar enquanto conversava com os dois e todos riram, sentindo-se animados.
  Louise puxou conversa com , porque era dois anos mais velha e estava acabando o mesmo curso que ela fazia, então deu diversos conselhos e ofereceu ajuda. Nunca tinham tido a chance de conversar muito, porque sempre chegava atrasada e as duas já tinham saído, e quando se viam o tempo que havia era para distribuir cumprimentos e sorrisos simpáticos. ouviu atentamente todos os conselhos, sem recusar uma ajuda de uma veterana.
   e o Sr. Brooks engataram numa conversa de carro que todas as outras não entendiam nada e os deixaram de lado. Miki, Martha e Tabitha comentavam como esperavam que o ano seguinte fosse ainda melhor para o Coffie&Coffie, e os planos da chefe para ele.
  As horas passavam rapidamente, com as pessoas conversando em diferentes grupos e assuntos, a comida e bebida indo rapidamente. sentia-se mais confortável depois de um tempo de estar perto de publicamente - na maior parte do tempo, o relacionamento deles era restrito às paredes do apartamento dela e ao trajeto até lá. Durante o trabalho eles se tratavam com menos afinidade, nada que prejudicasse o atendimento. Porém nessa noite, durante aquele momento com pessoas que se aproximara e gostava, sentia-se livre de encostar-se nele ou fazer comentários normais, mesmo que isso implicasse em Miki fazendo comentários escandalosos e alegres.
   também parecia confortável, e feliz, e vê-lo daquele jeito fazia aliviada e feliz. Ela imaginava se alguma vez ele teria tido um Natal daquele jeito, porque sabia como havia sido a vida dele.
  Perto da meia noite, o atendente bateu na porta deles avisando que logo fechariam, então todos se prepararam para retornarem às suas casas. Os presentes foram entregues e surpreendeu-se em receber não só um de Miki, como também de Tabitha e Louise. Sentiu-se um pouco mal por não ter comprado nada para as duas meninas, mas era péssima com presentes e não as conhecia bem o suficiente para arriscar algo. Para Miki, comprou um conjunto de cozinha rosa com desenhos de flores para que ela usasse em casa, já que ouvira que ela precisava de um novo. Recebeu da chefe um vestido que sorriu alegremente ao ver, que era branco e meio curto, com alguns detalhes florais bordados em amarelo e laranja na barra. De Louise recebeu vários livros importantes para o futuro do curso que salvou-a de comprá-los, e de Tabitha um conjunto de joias que combinavam com o vestido que ganhara.
  Todos se despediram alegremente e seguiram para fora do restaurante, e indo juntos para o carro dele. Sentaram-se e ele ligou o motor, e a garota - que todo esse tempo estava distraída com a animação dos colegas - lembrou-se para onde iriam, e imediatamente a sensação no estômago voltou.
  - Aliás. - chamou-a e ela o olhou, sentindo-se corar sem nem ter feito alguma coisa. - Eu teria te buscado e levado do trabalho e faculdade quantas vezes quisesse, mas eu ganhei esse carro hoje. Acho que minha mãe resolveu me compensar pela catástrofe do aniversário. - deu ombros. - Agora vou te levar pra todos os lugares do mundo. - sorriu. rolou os olhos.
  - Você tem noção que moramos numa ilha, certo? - ela alfinetou e ele fez careta, voltando a prestar atenção no trânsito.
   observou a parte da cidade que não estava acostumada a ir, toda iluminada e enfeitada com brilhos de Natal e outras coisas. Uma fina camada de neve cobria tudo, e embaçava de leve as janelas do carro. Após algum tempo, estacionaram na frente de uma casa enorme.
  Mais uma vez, a garota sentiu que seu estômago caiu alguns centímetros dentro de seu corpo, e sua mão tremeu de leve ao destrancar a porta do carro e sair. Logo que pisaram para fora duas empregadas correram em direção aos dois, ainda retirava coisas do banco de trás, e cumprimentaram com uma reverência. olhou em volta, nervosa, esperando que dissesse como devia reagir. Ele pareceu cansado.
  - Margot, Emily, eu não disse que era Natal e que vocês deveriam ir para casa? - retrucou, cansado, chegando ao lado de e apoiando uma mão nas costas da garota, que parecia congelada no lugar sem reação. - Suponho que nem Edward nem Dino foram para casa também? Nem os seguranças?
  - Não, Mestre . Ordens da senhora para que ficássemos. - uma das empregadas, morena e com lindos olhos azuis e sardas espalhadas pelo rosto, respondeu respeitosamente. sentiu uma formigação estranha ao ouví-la chamando de Mestre . Ele suspirou.
  - Obedeçam a quem quiserem. Saiam logo do frio para não se resfriarem, andem. Boa noite pras duas. - acenou e elas mais uma vez fizeram reverência, enquanto ele usava a mão na cintura de para empurrá-la para dentro da casa gigante.
  Seguiram em silêncio e ela sentia-se insegura, não gostava de não poder antecipar o que aconteceria, e mesmo que ela pudesse qualquer coisa que vinha em sua mente a deixava ainda mais nervosa. deve ter percebido, porque quando entraram no grande hall, ele parou e a olhou.
  - Por que é que você está tão dura? Está com medo? - ela negou rápido com a cabeça, o que foi praticamente uma confirmação. - , o que você acha que eu faço nessa casa? Trago garotas e mato elas pra comer a carne no almoço seguinte? - ele rolou os olhos e apertou a bochecha dela com força, fazendo-a reclamar, mas de certa forma aquela atitude dele a relaxou. - Já fui diversas vezes na sua casa, não há nada de diferente em você vir aqui. Sinta-se confortável, por favor.
   queria muito fazer aquilo, mas tinha uma coisa que não parava de incomodá-la e era o que de verdade lhe dava mais medo.
  - Mas... sua mãe...
  - Ela não mora aqui. - ele apressou-se em dizer, e arregalou os olhos.
  - Não?
  - Claro que não. Você acha mesmo que eu ia querer dividir a casa com aquela bruxa? - ele disse, desistindo de ficar na porta e começando a puxá-la para mais dentro da casa. Ela deixou-se ser levada, ainda confusa.
  - Mas as empregadas...
  - Essa casa é controlada pela minha mãe. Mas só eu e os empregados moramos aqui. A casa que minha mãe mora é bem maior e com mais gente. Pra mim é bem melhor ficar aqui, sozinho. Não ia aguentar tê-la o tempo todo perto de mim. - ele explicou e então abriu uma porta. , ainda surpresa, demorou um tempo para observar o cômodo que se encontravam. Quando finalmente se tocou, sua boca caiu alguns milimetros.
  O quarto era grande, branco, com uma cama que tinha lençóis e cobertores pretos bem no centro da parede à direita. Havia almofadas que pareciam sozinhas mais confortáveis que o colchão velho que dormia em seu apartamento, e a madeira escuro da cama e de todos os outros móveis - que não eram muitos - fazia contraste com as paredes impecavelmente brancas. Uma escrivaninha, um armário e uma cômoda com espaço no meio para uma televisão enorme era o que preenchia o quarto, além de um tapete felpudo no chão de carpete que - pelo que podia sentir através da ankle boot que usava - era aquecido.
  - Parece com essa cara de pobreza, . Seu apartamento é muito mais confortável que toda essa tralha aqui. - comentou rindo e ela corou, baixando a bolsa que levava. - Se quiser tomar banho, ali é o banheiro. - ele apontou para uma porta quase imperceptível no canto oposto à cama. Sorriu malicioso. - Posso te mostrar o caminho se quiser.
  Aquilo despertou a garota do transe e ela negou rapidamente com a cabeça, corando violentamente.
  - Mas o que é que você tem hein? Por que está tão quieta e tão nervosa?! - ele reclamou, indo até ela e prendendo-a pela cintura com seus braços longos.
  - Hm... eu... nunca estive num quarto assim. - ela murmurou. - É muito bonito. Mas falta um pouco de cor, acho. - ela disse. Agora desejava ter vindo com algum vestido colorido, porque as cores que ela usava eram exatamente iguais às que ele via todo dia e aquilo a fazia sentir-se insignificante, como parte da mobília.
  - Também acho. Por isso gosto muito mais do seu apartamento. Além de que tem você lá. - ele sorriu e beijou-a na bochecha, fazendo-a sorrir também. Ela finalmente passou os braços pelo corpo dele e olhou-o.
  - Se gosta tanto do meu apartamento, por que é que não fomos lá? - ela ficaria bem menos nervosa se estivesse no seu cantinho conhecido. Aquilo tudo, aquele mundo de era demais para ela. Como ela não o conhecera numa situação que envolvesse a família e a riqueza dele, era difícil associá-lo com esse mundo. Para ela, o namorado era apenas um rapaz que trabalhava numa cafeteria e gostava de lamen, e acabava aí.
  - Porque queria que você conhecesse um pouco desse meu mundo. Já que logo vou deixar boa parte disso para trás. - ele sorriu. voltou a ter seu cérebro confundido e encarou-o, esperando por mais.
  "Estou me mudando dessa casa na primeira semana de Janeiro. Vou começar o novo ano diferente, e fazer que esse que está vindo seja bem diferente desse que passei. Fiz muitas coisas idiotas e esse tempo todo não me preocupava com nada da minha vida, mas coisas aconteceram e eu percebi que preciso mudar e seguir um caminho diferente."
   continuava a olhá-lo, um pouco assustada com toda a determinação que ele exibia. beijou-a nos lábios por alguns segundos e depois se afastou, ainda olhando-a.
  - Você aconteceu, .
  Ela sentiu seu coração bater mais rápido àquelas palavras e então segurou um sorriso.
  - Mas... o que você vai fazer? Só se mudar?
  - Não; vou trocar de casa, isso é. Já tenho um lugar em mente. Aliás, é capaz de eu ficar um pouco afastado depois de amanhã, lidando com tudo isso. Por isso queria poder passar mais tempo com você. - ele explicou, andando para trás e puxando-a junto, até que se sentassem na cama. - Depois de me mudar, vou resolver a faculdade. Só tenho mais um semestre para terminar, mas preciso começar a focar melhor em tudo. E também, meus seis meses com a Miki acabaram. - ele, que todo esse tempo falava encarando a parede, voltou seus olhos para ela. sentiu-se perdida por um momento. pararia de trabalhar no Coffie&Coffie? O que seria o trabalho dela sem ele lá? Ela tinha se tornado incrivelmente dependente dele lá, não que ele a ajudasse em tudo, mas a presença dele enquanto estava no expediente era extremamente reconfortante, e ela não conseguia imaginar como seria sem ele lá.
  - Mas...
  - Eu sei. Na verdade já acabou faz um tempo, mas eu quis continuar trabalhando ao seu lado por um tempo. Porém, ano que vem, não vou mais poder fazer isso. - ele sorriu e acariciou o rosto dela, pegando uma mecha de cabelo e bagunçando-a um pouco. - Não sei por que está tão preocupada. Até parece que estou terminando com você.
  - Você...
  - Não estou. - ele não a deixaria terminar nenhuma das frases enquanto não tivesse dito tudo. decidiu que se calaria. voltou a beijá-la. - Pelo amor de Deus, não estou. Não ache isso. Eu quero ficar com você e pra poder ficar com você é que preciso fazer tudo isso. Não posso deixar minha mãe atrapalhar tudo e te fazer alguma coisa, e é por isso que por um tempo tenho que fazer algumas coisas que ela quer. Já estou me mudando e irei ficar sem empregados ou vigias, então ela não está satisfeita. Mas vou começar a tentar fazer minha parte na empresa, para que ela pegue mais leve. Desculpe por não ser tão fácil assim. - seus olhos estavam preocupados, aguardando a reação da garota, mas ela compreendeu. Dentro do seu coração, ela sabia o que significava tudo aquilo, e sabia que estava se esforçando e que tudo ia ficar bem. Ela o olhou com orgulho, feliz por ele estar tomando rumos na vida.
  - Não tem o que se desculpar. - ela finalmente pôde dizer. - Você sabe que o que você precisar, eu vou estar aqui pra você. Vou te apoiar em qualquer coisa que você quiser, .
  Ele sorriu como se estivesse aliviado e então puxou-a para um abraço apertado.
  - Obrigado. Eu te amo. - ele a manteve em seus braços e ela ficou tranquila. - Não pense que vou parar de te levar lamen quatro vezes por semana, está me ouvindo? - ela riu, sua risada abafada no ombro largo dele.
  - Tudo bem. Vou cobrar isso.
  Eles se afastaram, apenas para que seus lábios pudessem ser colados. entrelaçou suas mãos às dela, e o beijo era carinhoso, não desesperado, apesar dos dois estarem juntos em cima de uma cama.
   deitou-a calmamente e hesitou, mas o jeito que as mãos de ainda estavam nas suas a tranquilizavam. Não havia por que se preocupar. Era . Seu .
  Logo as mãos deles não estavam juntas, mas sim um no outro, brincando com as barras existentes. O beijo continuava carinhoso, mas - agora por cima da garota - deixava transparecer uma certa voracidade que , que antes teria se desesperado, agora achava um pouco de graça.
  Ele separou seus lábios por um tempo, deixando sua respiração quente tocar a bochecha de , e ela aproveitou esse tempo para preparar-se psicologicamente pro que viria a seguir. Ela sabia o que era, e não estava mais com medo. Por quê?
  - ... - a voz dele era suave e doce e ela sorriu, olhando-o nos olhos . Dessa vez ela quem colou os lábios dos dois.
  Porque era .


  Janeiro
   acordou e ficou uns cinco minutos encarando o teto antes de virar-se para o seu celular e checar se havia algo novo. Não havia.
   não dera notícias desde que ela deixara sua casa no dia 25 no fim da tarde, e ela sabia que era porque ele estava ocupado com a mudança e tudo mais, mas seu coração doía um pouco cada vez que pensava em tudo que eles fizeram e que ele não se dera o trabalho de mandar uma mínima mensagem.
  Levantou-se, tomou banho, e colocou uma roupa quente. Ouviu bastante barulho no corredor enquanto ia pra cozinha, e lembrou-se que nos últimos dois dias estava ocorrendo uma mudança e o apartamento que antes pertencia a Travis ia finalmente ser alugado. Pensou que depois teria tempo de conhecer a pessoa, então começou a tomar o café calmamente. Hoje era sua folga, então não havia nada para fazer, e desde que não mandava mensagens, a programação provavelmente era ficar o dia inteiro deitada vendo TV e comendo porcarias.
  Lavou a louça do café da manhã e guardou a louça, preparando-se para a maratona da primeira série que encontrasse no Netflix, quando a campainha tocou.
  Os barulhos haviam parado no apartamento ao lado então ela logo calculou que era o vizinho ou a vizinha vindo perguntar-lhe algo ou se apresentar. Suspirou, largando o controle, e foi até a porta.
  - Olá, vizinha! - assim que abriu, deu de cara com olhos incrivelmente e lindos, e cabelos bagunçados bastante familiares.
  - ?! - ela quase gritou, vendo o namorado ali, com o cotovelo encostado no batente e a outra mão na cintura, sorrindo largamente para a garota.
  - Bom dia~! - ele cumprimentou, quase se jogando em cima dela quando a abraçou. - Eu estava com saudad-
  Ele mal pôde terminar a frase porque no próximo segundo deu um pulo longe da garota, que começara a socá-lo.
  - Quase duas semanas sem receber uma mensagem sua e você acha que pode ter a cara de pau de aparecer na frente da minha porta e me abraçar, seu...! - ela dizia, tentando acertá-lo, enquanto ele fugia rindo e tentando segurá-la. Finalmente conseguiu controlá-la, segurando seus dois braços, e puxou-a até que seus corpos se colassem, depois empurrou-a até que ela ficasse presa contra a parede. Ela bufou, o cabelo bagunçado.
  - Quanta raiva. Era pra ser uma surpresa. Tcharam! - ele disse, com o rosto ainda avermelhado de tanto rir da reação dela.
  - Não foi engraçado! Por que você não mandou nenhuma mensagem?! Não precisava estragar a surpresa!
  - Ta bom, ta bom, me desculpe. Não achei que ia sentir tanta falta assim. - ele deu uma risadinha e corou, virando o rosto. Ele beijou a bochecha dela, mantendo seu rosto próximo ao dela. - Eu senti muito a sua falta. - ele sussurrou, fazendo-a se arrepiar. - Mas como eu disse, mesmo que tudo mude esse ano, não vou te deixar. Vou estar sempre aqui, pra você.
  - Você é um idiota... deixar aquela mansão... pra vir pra cá... - ela mal conseguia falar, vendo o quanto ele estava abrindo mão e ainda assim mantendo-a ali, perto dele, mantendo-se ao lado dela para que pudessem ficar juntos.
  - Eu tinha pensado em me mudar para o seu apartamento, mas achei que ia ser súbito demais. - "achei?" ela arqueou as sobrancelhas e ele riu. - Talvez possamos fazer isso mais pra frente.
  - Você ficou louco, ?
  - Sim, . - ele sorriu e beijou-a nos lábios, aliviando os braços que a seguravam. - Louco por você. - sussurrou, fazendo-a gargalhar e abraçá-lo pelo pescoço, enquanto corava por ter dito uma coisa tão idiota quanto aquela.
  Ficaram abraçados e então ela lhe deu um beijo na bochecha, e sem retirar os lábios da pele dele, murmurou algo que ele poderia entender a qualquer momento que ela dissesse.

  Eu te amo.

Fim



Comentários da autora


OLHA SÓ QUEM APARECEU *rebola*
Eu queria muito escrever uma fanfic de Natal mas não conseguia ter ideias de jeito nenhum, e então lembrei de CA e pensei em fazer algo especial.
Espero que tenham gostado dessa surpresa rapidinha, escrevi no dia mesmo e me animei em retomar essa história... não é uma parte dois, mas com todas essas ideias soltas aqui vai saber no que vai dar.
Comentem, por favor, e Feliz Natal gente ♥
xx Anne