Cab Crisis

Escrito por Fernanda Gonçalves e Mariana Soleo | Revisado por Bella

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  Depois de um agitado dia na universidade, tudo o que eu queria era voltar para casa, entrar na banheira e relaxar.
  A quantidade de carros na rua ia aumentando cada vez mais, mas eu estava com muita preguiça de andar até a estação de metrô, então resolvi caminhar até a esquina da rua onde estava para poder pegar um táxi. Dei o sinal e um carro amarelo parou ao meio fio. Quando fui abrir a porta, alguém pegou na maçaneta.
  – Ahn... – olhei para o lado dando de cara com um rapaz da minha idade, mais ou menos, e cabelos loiros. – Realmente não faço ideia de qual de nós deu o sinal primeiro. – disse e correu uma mão pelos cabelos, tentando se livrar da situação incômoda.
  Pelo sotaque, pude perceber de que ele não era daqui. Irlandês, talvez, ponderei comigo mesma.
  – Nem eu. – respondi dando de ombros. Eu estava cansada, mas não era mal educada.
  – E se dividíssemos a corrida? – sugeriu com um sorriso. – Eu não fico muito longe daqui. E então eu pago até o meu caminho.
  Naquele momento, aquela era a melhor opção, então concordei com a cabeça e entrei no táxi, deslizando para o outro lado do assento.
  – A propósito, sou Niall. – disse estendendo a mão para mim.
  – . – respondi sorrindo de lado a apertando sua mão.
  Os primeiros 10 minutos da corrida foram totalmente pacatos e entediantes. Um sorriso aqui, um comentário ali, mas nada mais do que isso.
  A velocidade do carro foi diminuindo, mas pelo visto ainda não estávamos onde o tal do Niall desceria, pois ele olhava ao redor como se algo estivesse extremamente errado.
  – Aparentemente o carro foi cercado por umas garotas. – o motorista disse virando-se para nós.
  – Como? – perguntei confusa e passei a olhar para os lados. Na hora que o carro parou no semáforo, uma horda de garotas se aproximou e agora circundava o táxi. – Mas por quê?
  Ninguém precisou responder devido aos gritos do lado de fora.
  – NIALL!!!!!!
  – NIAAAAAALL!!!!!
  Era cada um mais exagerado que o outro.
  – Tudo isso por você? – comentei olhando para ele e segurando o riso. – Uau.
  Niall jogou a cabeça para trás e fechou os olhos enquanto eu ia juntando todos os pontos e percebendo quem ele era: se chama Niall, sotaque irlandês, todas essas garotas gritando por ele...
  – Ah! Mentira que você é o Niall Horan do One Direction! – exclamei sorrindo e ele apenas concordou com a cabeça – Minha irmãzinha adora a sua banda!
  Niall sorriu de lado a sacou o celular do bolso. Pude vê-lo clicar no ícone do twitter.
  – É sério que você vai tuitar agora?
  – Pedir para elas saírem da rua, ué. – disse como se fosse a coisa mais óbvia. – Se eu abrir a janela é possível que elas me puxem para fora do carro.
  – Moço, entra aqui na Broadway mesmo. – disse me virando para o motorista.
  – Mas nessa hora vai estar lotado de carro. – respondeu como se eu estivesse ficando louca.
  – Então o senhor imagina quantos táxis amarelos estarão por lá? – respondi com um sorriso no rosto.
  Assim que o semáforo abriu, o motorista virou à esquerda e logo já parou num mar de carros. Aquela era a primeira vez que eu ficava agradecida pelo trânsito de New York.
  – Niall, agora você abaixa aí para que ninguém te veja aqui dentro. – e foi só eu terminar de falar para que a massa de adolescente que nos seguia passar correndo pelo carro.
  – Acho que vou ficar por aqui mesmo. – Niall disse se levantando e tirando a carteira do bolso. – Não deve estar muito longe da Madison Avenue.
  Olhei-o e ri. Definitivamente ele não fazia ideia de onde estava.
  – É melhor eu te acompanhar, Irish Boy, ou você vai acabar se perdendo por aqui. Ainda tem uma longa caminhada até lá. – sorri de lado e paguei pela metade da corrida.

  – Ok. Estamos andando há 5 minutos e eu já me perdi! – Niall disse quando alcançamos a esquina seguinte.
  – É normal. No meu primeiro dia de aula, levei uma hora e meia pra encontrar a universidade. – ele riu. – É assim em todos os lugares que você vai? – perguntei, tentando me manter séria.
  Porque aquela situação toda era meio louca, um cara tendo que fugir de centenas de adolescentes apaixonadas, a ponto de ter que vestir o capuz do agasalho para se esconder. O cabelo loiro dele se destacava muito no mar cinza que eram as calçadas da cidade.
  – Bem, não o tempo todo... Nós conseguimos circular como pessoas normais em Londres. Não sei se já estão acostumadas ou se as fãs são menos...
  – Loucas? – completei e ele riu.
  – E você? O que faz, ? – mudou de assunto rapidamente.
  – Bem, eu estudo música. Na Columbia University.
  – Sério? Isso é muito legal! Você também trabalha com música?
  – Mais ou menos. Trabalho na Dope Jams, é uma loja de vinis, sabe?
  – Wow! Que demais! Acho que você deve ter o trabalho mais legal da América! - disse e eu ri.
  – OK, isso vindo do cara que tem a banda mais bem-sucedida do planeta no momento. Acho que eu estou melhor do que pensava! – nós dois rimos.
  – É que eu realmente gosto de vinis. – respondeu.
  – Que pessoa em são consciência não gosta? – brinquei. – Mas o que eu quero mesmo é fazer música sabe? Não só escutar a música dos outros...
  Seguimos conversando durante todo o caminho. Só percebi o quanto realmente tinha gostado dele quando chegamos na Maddison Avenue. Não tinha percebido onde estávamos até ele dizer:
  – Bem, eu tenho uma reunião aqui perto, mas é rápido... Se você não estiver ocupada e... Bem a gente podia... – ele corria as mãos pelos cabelos. – Eu estava pensando se você não queria comer alguma coisa, ou beber, ou a podíamos fazer o que você quiser fazer... – ele estava mesmo nervoso? Tentei com todas as minhas forças não agarrá-lo ali mesmo.
  Obviamente, eu estava prestes a dizer que sim, mas a realidade me acordou, na forma de toques no meu celular. Olhei no visor. Meu chefe. Estava 15 minutos atrasada pro meu turno na loja.
  Como você pode totalmente se esquecer do tempo com uma pessoa que acabou de conhecer? Esquecer-se de tudo, na verdade.
  Sorri pra ele, resignada. A verdade era que em alguns dias ele ia voltar pra Inglaterra e eu ia ficar aqui estudando, eu tinha mesmo que parar de sonhar acordada.
  – Eu não posso, meu turno na loja começou há 15 minutos... – respondi sincera. – Tchau, Niall.
  Fiquei na ponta dos pés pra dar um beijo na bochecha dele e saí andando rápido antes que ele pudesse falar alguma coisa e também porque estava super atrasada. Não olhei pra trás.
  Cheguei na loja e me desculpei com o Tony, meu chefe. Ele não era do tipo que dava broncas então tratei de me ocupar logo com os clientes e encomendas que tínhamos naquele dia.
  Foram quase 20 minutos sem me perguntar se eu devia ter jogado tudo pro alto e ido com o Niall pra qualquer lugar, ao invés de vir pro trabalho.
  Eu já tinha esgotado todos os argumentos que usei pra convencer a mim mesma que tinha feito a coisa certa, quando começa a tocar One Thing no rádio. Reconheci a música favorita da minha irmãzinha, e aceitei o sinal do universo, me dizendo que eu tinha mais uma vez feito a escolha segura ao invés de realmente viver um pouco.
  Avisei ao Tony que iria buscar um café, porque precisava muito sair da loja. Fechei a porta e me virei.
  Niall estava parado em frente à loja com dois cafés na mão.
  – Eu fiquei curioso pra conhecer a loja. – ele disse, sorrindo. – Trouxe pra você.
  Ele me entregou um copo. Bebi um gole e percebi que ele se lembrou de que eu tinha dito que gostava sem açúcar.
  – Obrigada. – sorri para ele. – Na verdade, eu estava indo comer alguma coisa, você está com fome? – perguntei num surto de insanidade, decidida a escutar o universo dessa vez.
  – Eu estou sempre com fome! – respondeu e nós dois rimos e, quando começamos a caminhar juntos, ele segurou minha mão.
  De repente o futuro, as fãs loucas, os paparazzi, os sinais do universo não me assustavam mais. Eu só sabia que definitivamente não iria mais deixá-lo ir.

Fim.



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