By Your Side

Escrito por Dana Rocha | Revisado por Jacqueline

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  Left, left, left, right left

  - Ah, qual é todo mundo acha o Saporta hiper gostoso!
  - Eu não duvido, só não concordo. - Arqueei uma sobrancelha para ela, usando, como ela dizia, a minha melhor expressão de metido. - Eu acho que sou mais gostoso do que ele.
  Ela riu e repeti o gesto, achando aquela risada a coisa mais gostosa do mundo.
  - Ah, claro.- Rolou os olhos, acomodando-se no meu peito.
  Era intervalo das aulas e estávamos no nosso lugar preferido, logo abaixo de um carvalho bem velho, na grama. Aquele lugar era pouco movimentado e gostoso e ficava ainda melhor quando estava tão perto de mim que eu podia sentir as batidas calmas de seu coração.
  Olhei para ela e vi sua testa levemente franzida enquanto ela parecia distante.
  - Hey, tá tudo bem? - Perguntei fazendo-a olhar para mim.
  - Tudo. - Mentiu. Depois pareceu perceber que não me enganara e rolou os olhos. - Esqueci que você me conhece bem demais.
  - Você sabe que pode me contar qualquer coisa que estiver passando nessa sua cabecinha oca, né? - Franzi o cenho para ela, preocupado. Ela parecia mal, mas sorriu com a minha brincadeira idiota.
  - E se for algo ruim?
  - O quão ruim, raio de sol? - Chamei-a pelo apelido que sua mãe costumava usar e que eu adotei também e ela mordeu o lábio.
  - Você confia em mim?
  - Claro. - Respondi sem sequer pensar.
  - Então você espera? Até que eu esteja pronta para te contar a verdade? E promete não me julgar?
  - , você tá me assustando.
  - Você tem que prometer. Eu aceito que qualquer um me odeie, menos você. - Seus olhos estavam quase transbordando com lágrimas e não saber o que estava acontecendo me matava por dentro.
  Mil coisas passavam pela minha cabeça naquele momento e nenhuma delas me agradava, então tranquei todos os meus pensamentos em algum lugar no meu cérebro e suspirei.
  Era a ali, me pedindo basicamente o que eu sempre prometi a ela: a minha amizade, mesmo sobre algo ruim que ela não queria me contar.
  - Hey. - Segurei seu rosto, fazendo-lhe carinho com meu polegar. - Eu nunca te machucaria, você sabe. - Ela assentiu, deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto. - Eu te protejo, não se preocupe.
  - Obrigada. - Sorriu. - Você é o melhor amigo do mundo. - Dizendo isso enterrou o rosto no meu peito. Senti uma pontada com aquela frase, porque mesmo depois de todos aqueles anos, era duro saber que a mulher que eu amava só conseguia me ver como o melhor amigo em quem ela chorava suas lágrimas.
  Eu deveria ficar feliz com isso, mas ser somente o seu colo não me bastava ultimamente.

  Virei-me novamente na cama, sentindo o cobertor cair no chão.
  Aquela conversa de mais cedo não me deixava dormir e já cogitara ligar para ela e exigir respostas umas cinco vezes, mas sempre voltava atrás.
  Eu não fazia ideia do que não quis me contar, mas eu ficaria ao lado dela, como prometera.
  - Mesmo que isso me destrua, eu serei mais forte por ela. - Repeti isso para mim mesmo umas cinquenta vezes, até que sentisse a frase palpável.
  Não sei exatamente quando peguei no sono, mas ela com certeza estava em cada um dos sonhos que eu tive.

~o~

  Dia seguinte, hora da entrada.
  Primeira aula do dia: química com o zarolho.
  Avistei , que parecia nervosa sentada em um banco qualquer. Fui até ela forçando um sorriso.
  - E aí, pequena? - Ela olhou para mim e sorriu levemente. Bati em seu joelho de leve para que ela me deixasse sentar ao seu lado.
  - Tudo bem? - Ela me perguntou com uma voz fraca.
  - Eu quem deveria perguntar.
  - ... - Ela começou, com um tom que significava vou contar tudo agora, prepare-se. Mas isso nunca chegou a acontecer porque o imbecil do Wayne chegou exatamente nessa hora, nos olhando com um sorriso mais imbecil ainda.
  - O que você quer, otário? - Cuspi com raiva.
  Apesar de ele ser filho do meu chefe (sim, eu trabalhava por meio período numa lanchonete por perto), eu o odiava com todas as forças.
   e eu costumávamos zoá-lo quando não havia ninguém por perto.
  - Já vi que você não contou pra ele. - Ele sorriu para ao invés de olhar para mim, e aquilo me fez tremer de raiva. O que tinha para ser contado?
  - Contar o que?
  - Wayne...
  - É Chris, . - Ele possuía um ar de deboche no rosto. Eu queria matá-lo. Desde quando ele podia chamar a minha pelo apelido?
  - Chris... - Ela suspirou. Olhei para ela incrédulo. Chris? -Ainda não é um bom momento e...
  - É claro que é! Você é minha namorada, sempre é um bom momento para nós. Ouçam galera. - Ele gritou, chamando atenção de toda a escola.
  Tudo o que conseguia ouvir era o você é minha namorada latejando na minha cabeça.
  - Eu e a aqui estamos namorando! - Ele estendeu a mão para ela, que a aceitou sem olhar para mim. O Wayne sim olhou e ainda sorriu vitorioso para mim antes de pegar cintura e beijá-la.
  Na merda da minha frente.
  Eu quis tira-la dali naquele momento, mas ela o correspondia. Ela queria aquilo.
  Antes que fizesse alguma merda, corri para qualquer lugar longe dali, sorrindo mórbido ao ver que inconscientemente eu fora parar embaixo do carvalho.
  Christopher e eu nos odiávamos desde os sete anos e a sabia disso, como ela pode?
  É claro que eu não esperava que ela fosse ficar sozinha para sempre, e de certa forma eu já esperava que o que ela fosse me dizer tivesse esse sentido, mas o Wayne era demais. Eu jamais poderia aceitar aquilo.
  -, espera! - Me virei a tempo de ver correndo em minha direção. Respirei fundo.
  Eu tinha uma promessa a cumprir, mas não seria fácil.

  ~'s POV mode on~

  Encontrei-o exatamente onde eu imaginara: sob o nosso carvalho. Ele parecia estranho, mas eu não o culpava.
  Havia 10 anos de ódio entre ele e Christopher e nada mudaria aquilo.
  Olhando em seus olhos naquele momento, fiquei com medo que ele me odiasse também.
  Tomei coragem, pois precisava fazer aquilo para o bem dele. Mesmo que ele não pudesse saber a verdade.
  - Eu sinto muito que você tenha descoberto assim. - Disse com a voz mais forte que consegui usar, forçando na postura também.
  - Você sente que eu tenha descoberto assim? , como você...
  - Você disse que ia me entender!
  - Então me explique por que não dá pra entender isso. Não com ele! - aumentou a voz, me assustando.
  Ele sempre fora o forte na nossa amizade, cuidando de mim eu chorava, nunca o vira fragilizado assim.
  - Eu... Eu...
  - Isso não podia acontecer agora. Não com tudo o que eu 'tô passando com a minha mãe. - Ele dizia mais para ele mesmo do que para mim.
  Pensei na Sra. , doente no hospital, tendo somente e o irmão para cuidar dela, uma mulher que me acolhera como filha desde a primeira vez que eu fora à sua casa, aos 13 anos e assim consegui a coragem que precisava.
  - Eu gosto dele. - Disse totalmente decidida, com uma determinação que surpreendeu a mim mesma. Ele me encarou atônito.
  - O que?
  - Eu me apaixonei. Sinto muito.
  - Você se apaixonou? - A voz dele estava diferente, fria e sem emoção. Ele me segurou pelos braços. - Você se apaixonou? - Ele aumentou a pressão com que me segurava e levantou uma mão para chegar ao meu rosto. Algo em mim pensou que ele fosse me bater naquele momento e eu tremi.
  Isso pareceu afetá-lo, porque ele franziu o cenho parecendo ter dor ao olhar para mim uma última vez e se afastar.
  - Eu achei que você fosse entender, era você quem sempre dizia que o amor nos faz fazer coisas difíceis! - Gritei para ele, sentindo raiva.
  Raiva porque, apesar do que ele sempre dizia, ele não estava do meu lado agora que eu precisava.
  Ele ficou em silêncio após minhas palavras, sem me olhar. estava alguns passos à frente, de costas para mim.
  - Eu... Eu entendo. - Novamente, sua voz soara sem nenhuma emoção a não ser, talvez, dor.
  - Então aonde você vai? - Voltei a gritar ao ver que ele se afastava cada vez mais, dirigindo-se para o muro da escola.
  Ele parou de andar e eu pude praticamente vê-lo dar um sorriso torto, enquanto ele dizia:
  - Vou tentar aceitar isso. - Eu não disse mais nada e nem ele.
  Logo pulara o muro, deixando-me sozinha e perdida, até sentir uma respiração quente contra a minha nuca e um par de mãos em volta da minha cintura.
  - Não esquenta, amanhã ele volta te pedindo perdão.
  - Não enconsta em mim, Christopher. - Sai de perto dele, sentindo raiva. Ele sorria.
  - Você agiu bem, até eu acreditei que você gosta de mim. - Ele riu. - Estou orgulhoso de você .

~o~

  's POV mode ON~

  Voltei para a escola depois de dois dias sem aparecer por lá.
  Tentei me convencer de que tudo estaria normal e o que houve antes fora somente um pesadelo, mas eu sabia que não era.
  Fui pegar meus livros no armário, que por sinal ficava perto do de . Mesmo que quisesse, não tinha como evitá-la.
  Logo que cheguei lá a vi, rodeada por algumas garotas que eu sabia que ela não gostava nenhum pouco, mas não me meti. Do jeito que estavam as coisas, elas podiam ser melhores amigas agora.
  Abri o armário para pegar os livros e me concentrei em ouvir a conversa.
  - Então agora você tá pegando o Chris? - Essa era a Vic, a abelha rainha.
  - O que ele viu em você ein? - Uma das operárias completou indignada.
  - Não sejam idiotas, depois que ela for pra cama com ele, isso acaba. - Vic voltou a dizer, sorrindo venenosa.
  - Experiência própria? - perguntou sorrindo e eu tive que me segurar para não rir.
  - Hm, nervosinha ein, vai me dizer que vocês já...
  - Já chega. - Entrei na conversa, assustando as quatro garotas ali. Vic foi a primeira a se recuperar e sorrir para mim enquanto me olhava estranho.
  - Querido, você voltou. - Vic fingiu animação. - Você a defende ainda? Tipo, mesmo depois de ela te trair?
  - Não é da sua conta. - Resmunguei. - Agora vai embora. - Disse para as três tentando não ficar tão irritado.
  Eu não me intrometera para preservar a integridade da , eu não queria mesmo era ouvir sua resposta para a pergunta de Vic. Porque mesmo que ela mentisse, eu saberia reconhecer a verdade.
  - Ok, estamos indo, gostosão. - Vic disse aquilo sorrindo e me mandando um beijo no ar. Suspirando, virei-me para .
  - Obrigada. - Disse baixinho.
  - Ok. - Me forcei a sorrir, tirando uma mecha de seu cabelo do rosto. Ela sorriu de volta.
  - Ah, ai está a minha garota. - Christopher surgiu do nada e, assim que se virou para ele, a tomou pelo quadril e a beijou.
  De novo, na minha frente.
  Bufei e fui embora antes que arrancasse a merda da cabeça dele e seu pai me demitisse.
  Já me perguntara mil vezes por que eu continuava trabalhando para os Wayne, mas não conseguia nada melhor e com minha mãe doente, não podia me dar ao luxo de não trabalhar.
  - ! - me alcançou e me forçou a parar. Daquela vez eu tinha resposta para ela. - Quando você me defendeu com as garotas, eu achei que estava tudo bem, que você tivesse aceitado.
  Suspirei.
  - Olha , eu vou ficar do seu lado e te proteger de qualquer coisa, como eu sempre fiz. Eu não vou falar nada sobre e vou fingir que esta tudo bem. Mas não me peça para aceitar, ok? Não me peça para concordar e ficar assistindo isso porque eu não posso. - Ela chorava e eu não devia estar longe disso. De longe, vi Christopher sorrindo e aquilo me encheu de ódio.
  Eu poderia matá-lo.
  Ainda com esse pensamento na cabeça, fui para a sala de aula agradecendo que o sinal tivesse tocado bem naquela hora.

~o~

  ~'s POV mode ON~

  Duas semanas se passaram. Duas malditas semanas que eu poderia classificar como as piores da minha vida.
  Eu queria vomitar cada vez que o Christopher tocava em mim ou me beijava.
  Estar longe de me matava.
  Quero dizer, ele estava sempre por perto, cuidando de mim, mas estava mais distante do que nunca.
  E quem podia culpá-lo.
  Nessa noite Christopher me arrastaria para uma festa na casa de Vic.
  Me arrumei de um modo que não fizesse parecer que eu estava ali contra a minha vontade e fiquei esperando Christopher me buscar.
  A música ali estava alta demais e muita gente já caia bêbada no chão.
  Christopher me segurou pela cintura e me guiou para dentro assim que chegamos.
  Enquanto ele cumprimentava um pessoal da escola eu procurava com os olhos, mas não o encontrava.
  A festa inteira foi uma merda, com Christopher tentando me embebedar e me forçando a dançar com ele.
  E eu não via em lugar algum.
  Então Christopher me levou para fora para um lugar deserto.
  Só havia nós dois ali e meu alerta perigo começou a soar.
  Mas eu estava razoavelmente bêbada para conseguir me livrar dele para dentro quando ele começou a me beijar e passar aquelas mãos sujas pelo meu corpo.
  - Christopher, me solta! - Me esquivei dele, mas ele ainda tinha o meu corpo prensado entre ele e a parede.
  - Ah, qual é , você quer isso. - Ele começou o meu pescoço, mas eu não deixei.
  - Eu nunca quis. Nada disso.
  - E o que você vai fazer, desistir?
  - Eu...
  - Porque seria péssimo que o perdesse o emprego com o irmão fora da cidade e tudo o mais. - Eu nunca senti tanto nojo de algo como eu tinha daquele cara.
  - Isso não fazia parte do acordo.
  - Agora faz. E se você não fizer o que eu mando, as coisas vão acabar mal. - Ele esperou por uma resposta que eu não dei e, sorrindo, voltou a beijar o meu pescoço, enquanto eu pensava no que fazer.
  Fechei os olhos, sentindo sua mão por baixo da minha blusa e logo ele não estava mais lá.
  Assustada, abri os olhos a ponto de ver dar um belo soco na cara de Christopher, que cambaleou uma vez e depois ficou olhando para ele sem saber o que fazer.
  - Sai daqui. - A voz de estava cheia de ódio. Tremi. Suas mãos fechadas com força e seu corpo tenso me fizeram ver que as coisas não acabariam bem.
  - Acho que você não entendeu, se a não ficar comigo, você perde o emprego e bye-bye tratamento da mamãe.
  - Ótimo, eu me demito.
  - , não! - Corri para ele, abraçando-o por trás. Ele não demonstrou nenhuma reação.
  - Some daqui antes que eu te bata mais. - Algo na expressão de deve ter realmente deixado Christopher com medo, porque ele saiu de lá com um sorriso nervoso e as mãos para cima, como que se rendesse.
  - Tudo bem, você quem sabe. - Disse antes de nos deixar sozinhos. se virou para mim.
  - Por que não me disse aintes?
  - Porque eu sabia que você não aceitaria e eu não podia permitir que você fizesse algo estúpido. ? Disse me forçando a olhar para ele. Estava tonta.
  - Mas , isso é ridículo, não... Não dá pra aceitar que você... - Ele não terminou porque tremia de raiva.
  - Eu sabia que você me colocaria primeiro e a sua mãe não pode ficar sem o tratamento, não me julgue por querer ajudá-la. - Ultimamente nossas conversas sempre incluíam lágrimas e dor e aquela não era diferente.
  - Faz ideia de como eu me sinto? - Tentei colocar as mãos em seu rosto, mas ele segurou meus punhos e os apertou, me sacudindo. Gemi de dor inconcientemente.
  Só que dessa vez ele não me soltou.
  - Eu deveria cuidar de você e realmente achei que estivesse fazendo isso, enquanto na verdade você era quase uma...
  - Não termina. - Disse, sentindo raiva também. Ele não tinha o direito de me tratar daquela forma. Eu fizera aquilo por ele.
   me soltou e deu alguns passos para longe de mim, ficando de costas novamente.
  Ele tentava se acalmar.
  - Você não pode me proteger sempre, . Estamos juntos nessa. - Decidi que se eu me acalmasse, conseguiria fazer o mesmo com ele. - Encare como um favor retribuído.
  - Favor? eu nunca te fiz nenhum favor. Eu nunca quis nada de você pelas coisas que eu fiz. - Vê-lo chorando como uma criança na minha frente fez meu peito se fechar num aperto estranho. Sem saber mais o que fazer, o abracei.
  Ele não se moveu no começo, mas logo aceitou, escondendo o rosto no meu pescoço.
  Era estranho, porque ele era maior do eu e aquilo sempre fora o contrário, mesmo quando a mãe dele fora internada.
  Fui eu quem chorou loucamente naquele dia e ele foi meu ombro pra chorar, como sempre.
  - Você sempre cuidou de mim , uma vez me deixe fazer isso por você sem que eu me sinta mal. Essas semanas foram difíceis, mas eu prefiro pensar que de algum jeito o que eu fiz foi certo.
  - Sabe qual é o pior? - Ele me olhou com o rosto vermelho e inchado. - É que eu não suspeitei de nada. Eu estava tão cego que cheguei a pensar mal de você, enquanto você se deixava ser tocada por aquele imbecil!
  - Shiu, você não tem culpa. - Tentei fazê-lo voltar para os meus braços, mas ele resistiu.
  - É claro que eu tenho, eu disse que cuidaria de você.
  - E cuidou. Você está aqui agora e esteve quando eu precisei. Você fez tudo o que podia quando eu nem ao menos merecia.
  - Você merece mais que isso. - Ele negou, aceitando que eu o abraçasse novamente.
  Ele parecia melhor, porque seu abraço voltara a ser protetor e aconchegante, do jeito que eu gostava.
  Eu sentira falta daquilo, sentira falta dele. Do cheiro, do calor, de tudo. Vi que ele me olhava estranho e corei ao perceber que o encarara por todo aquele tempo.
  Eu não o que me deu naquele momento, mas logo eu estava na ponta dos pés, procurando seus lábios com os meus.
  Aquele foi beijo calmo e rápido, mas consertou todos os pedacinhos quebrados da minha alma.
  Foi ele quem rompeu o beijo e caminhou para longe.
  - , espera! - O chamei, mas não me movi. - Pra onde você vai?
  - Meu avião sai em 20 minutos - Ele gritou já longe e saiu correndo pela rua.
  Continuei parada ali tentando absorver tudo - inclusive aquele beijo -, até que um táxi parasse na minha frente com o motorista dizendo que um garoto lhe pagara para me levar para casa.
  - Quem? - Perguntei sorrindo enquanto entrava no carro. Não precisava da resposta, no entanto.
  - Alguma coisa . Trabalho pra família deles faz muitos anos. - Ele respondeu, me achando meio louca.
  Ele sempre cuidaria de mim.

  Left, left, left, right left

  's POV mode ON~

  Entrei no avião me sentindo ainda tonto por causa daquele beijo. Eu devia estar muito puto por tudo o que houve, mas aquilo espantou qualquer sentimento ruim dentro de mim, de modo que eu peguei aquele voo sorrindo.
  Meu irmão fora para Londres na semana anterior e arranjara um ótimo trabalho para nós dois, além de uma clínica incrível para mamãe. Não fazia ideia de por quanto tempo ficaria longe de Newark, mas eu voltaria pela .

~o~

  ~'s POV mode ON~

  Três meses inteiros se passaram desde que fora embora e, a não ser por alguns e-mails que ele me mandava narrando a melhora de sua mãe e ? certamente - perguntando como eu estava, nós praticamente não nos falávamos muito.
  Não falamos, por exemplo, daquele beijo que até hoje não me deixava dormir.
  Ele voltaria hoje.
  Com seu irmão e sua mãe, totalmente curada.
  Ele poderia terminar o ano letivo aqui e dizer adeus à escola via internet e só o seu irmão trabalharia.
  Estávamos no 3º ano de qualquer forma, eram só mais dois meses.
   chamara algumas pessoas para uma festa de boas vindas para a sua mãe, que voltava para casa depois de seie meses em clínicas e era para isso que eu me arrumava.
  Coloquei um vestido soltinho e uma rasteirinha e esperei meus pais para sairmos.

  Chegamos na casa de cerca de meia hora depois do combinado e pela primeira vez na vida eu estava ansiosa e nervosa em vê-lo. Meu estômago rodou quando cheguei na porta, que já estava aberta.
  Entrei com meus pais e fui até a sala, onde havia mais ou menos vinte pessoas.
  No centro da sala vi primeiro a Sra. , mais pálida e magra do que nunca, mas parecendo bem.
  Depois vi o irmão de , que sorriu para mim e, por fim, sentado em um banquinho com um violão na mãe, .
  Olhamos-nos ao mesmo tempo e enquanto borboletas voaram no meu estômago, ele sorriu do jeito mais fofo do mundo para mim.
  Ele estava um pouco diferente, mais maduro.
  Seus cabelos estavam um pouco mais compridos, lindos, de qualquer forma.
  Ele estava lindo.
   ainda olhava para mim - e eu para ele - quando pigarreou e olhou para o resto das visitas.
  - Gente, eu tenho trabalhado nessa música há uns três meses mais ou menos, agora queria mostrá-la para vocês.
  Olhei para a Sra. , que piscou para mim e me encostei ao batente da porta para ouvir a música de . Eu simplesmente adorava quando ele cantava.

  Tell me what's going on
  I know there's something on your mind
  Can you just open up?
  Do you feel like i'm not somebody trying to hurt you?
  Know I'd never let that happen
  Must be out of their minds

  'Cause you are the sunshine that makes my day
  And I won't let them take away, hey

  Ele olhou para mim naquele momento e eu senti minhas pernas virarem gelatina. Ele escrevera uma música para mim e eu estava corada por isso.
  Quando foi que o começou a me deixar assim?

  I'll be your hero whose standing strong
  Who protect you from any fight
  And if your battles are piling on
  I will take them on with all my might
  Cry your tears on my shoulder
  You don't know what the future holds
  So I'll be your personal soldier

  Foi exatamente nessa parte que eu percebi o quão idiota eu fora aquele tempo todo. Eu não fizera o que fiz somente pela mãe dele ou para retribuir nada.
  Eu fiz porque o amava. E não só como amigo, eu estava apaixonada por ele.
  Apaixonada por , o meu melhor amigo.
  Meu deus, como eu fora cega.

  If life is a battlefield, there's so many dangeours
  Just when you think it's ok, it blows up in you face
  And when this road gets harder
  You think you luck's run out
  I will find a reserve to take it right back
  To where your heart deserves
  Cause there's no way that I won't put you first

  ~'s POV mode ON~

  Ela me observava cantar sem nem ao menos piscar. Na verdade ela não demonstrava nada e eu só queria saber o que ela estava pensando.
  Voltei a me concentrar na música, pra não fazer merda.

  I'll be your hero whose standing strong
  Who protect you from any fight
  And if your battles are piling on
  I will take them on with all my might
  Cry your tears on my shoulder
  You don't know what the future holds
  So I'll be your personal soldier

  Passar aquele tempo longe dela só me fez ver o quanto eu a amava e como eu não queria mais estar longe dela. Eu não sabia o que ia acontecer com a gente, mas eu aceitaria qualquer coisa para estar com ela. Não conseguiria viver sem o meu raio de sol.

  I'll protect you girl, don't worry

  Todo mundo aplaudiu quando eu terminei de tocar. Sorri para todos, mas só me importava com certa garota, que naquele exato momento deixava a sala em direção ao jardim.
  Esquivei-me de um pessoal e apoiei meu violão em seu suporte, indo atrás dela.
   parecia me esperar, sentada num dos balanços no jardim.
  Sentei-me no outro em silêncio. Ela sorriu para mim levemente e começou a se balançar devagar.
  - Como estão as coisas? - Perguntei depois de um tempo.
  - Bem. - Ela disse. - O Wayne não voltou a me perturbar, se é isso o que você quer saber. - Ela riu e eu fiz o mesmo.
  - Que bom, porque eu odiaria ter que dar outra surra nele.
  - Ontem o David me chamou pra sair. - disse um pouco séria, me olhando.
  - E o que você respondeu?
  - Nada ainda. - Deu de ombros.
  - David Stranfield?
  - Esse mesmo.
  - Não, ele anda com os góticos, melhor não se meter com ele. - Disse sério e ela me olhou com uma sobrancelha arqueada.
  - E que tal o Meyer?
  - O Meyer? É a terceira vez que ele faz o terceiro ano, velho demais pra você.
  - O Richard?
  - O fofão? - Ela riu quando eu enchi as bochechas de ar para imitá-lo. - Já viu as bochechas dele? Ah, qual é, ele é um idiota!
  - John?
  - O líder do time de futebol? Qual é , o cara acha que dois mais dois são cinco! Que mau gosto, garota!
  - Hm, ok. Então minha última opção. - Ela me olhou profundamente e me senti arrepiar.
  - Fala. - Pigarreei nervoso. Havia algo de diferente nela. Não parecia mais a minha pequena. Ela relaxou e sorriu docemente para mim, me lembrando só um pouco da minha garotinha.
  - Então você é meu soldado pessoal, né? - Corei.
  - É, eu tento ser pelo menos.
  - Hm. E você não acha que se você ficasse mais tempo por perto ficaria mais fácil de cumprir sua missão?
  - Eu não vou mais embora agora , vou terminar a escola aqui e depois te levar comigo para Londres, onde você pode fazer faculdade enquanto eu trabalho com a minha banda. - Disse achando que era a isso que ela se referia, mas pela risada que ela deu, percebi que não era.
  - Fico feliz que tenha encontrado gente pra fazer sua banda, mas eu quis dizer mais perto...- Antes de terminar a frase ela se levantou do balanço e veio até mim, sentando-se no meu colo.
  Congelei, sentindo todo o meu corpo reagir com o contato.
  Ela virou o rosto para mim e eu só consegui pensar em segurá-la pela cintura, para evitar que ela caísse ou só por poder tê-la mais perto mesmo, enquanto eu me encontrava hipnotizado por aqueles lábios e olhos.
  -Assim. - Então ela me beijou.
  Não como da primeira vez, aquele beijo era ardente e apaixonado.
  Não demorei a tomar controle da situação, sorrindo sem descolar os lábios dos dela.
  Pouco depois ela se separou só o bastante para olhar nos meus olhos. Ela não disse nada, mas não era preciso, porque ali eu vi tudo que tudo o que eu sentia por ela, tudo o que eu guardara por todos esses anos, tudo aquilo era de algum modo correspondido.
  - Eu sei. - Disse para ela, sorrindo, antes de voltar a beijá-la.
  Eu era dela, isso sempre foi fato. Só que agora ela era minha também.

  Left, left, left, right left



Comentários da autora
Heeey é isso aí, nunca tinha ouvido The Wanted antes na minha vida, muito menos escrito sobre eles HEHEHE posso dizer que me apaixonei pelo Jay, vocês me permitem isso Mcguiness? HAHAHA OMG O QUE É AQUILO FALA SÉRIO Tá *hmhm* voltando, espero que tenham curtido :D Não deixem de comentar ein!
xx - Dana (@_sweetmisery_)